A ECONOMIA SOLIDÁRIA E A POLÍTICA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA NO BRASIL: APONTAMENTOS HISTÓRICOS E CONTEXTUAIS Letícia Dal Picolo Dal Secco1 Maria Lúcia Teixeira Machado2 Maria Zanin3 RESUMO: A partir de uma revisão bibliográfica, contextualizou-se o surgimento da economia solidária no Brasil de acordo com o desenvolvimento da Política de Ciência e Tecnologia (PC&T) nacional, objetivando-se entender essa contextura. Infere-se que este surgimento ocorreu em meio a tendências de modelos internacionais de pesquisa e investimento que focavam tecnologias duras, com pouca consideração das necessidades sociais, e que as universidades, envolvendo-se com o tema ao final de 1990, favoreceram o desenvolvimento de tecnologias sociais, potenciais ao combate da desigualdade econômica e social, aproximando-se da população e considerando seus conhecimentos. Espera-se que os resultados possam contribuir para reflexões quanto ao direcionamento de políticas e pesquisas. PALAVRAS-CHAVE: Tecnologias Sociais. Economia solidária. Política de Ciência e Tecnologia. INTRODUÇÃO O processo de desenvolvimento do capitalismo é historicamente associado ao grande aumento no índice de desemprego em épocas de Revolução Industrial. Isso ocorreu devido ao processo de substituição de mão de obra humana pelas máquinas, decorrente do grande avanço tecnológico (ANTUNES, 2007; CASTEL, 2009). A origem da economia solidária, bem como do cooperativismo, são contemporâneos da Primeira Revolução Industrial, surgindo na Europa no século XIX. Já no contexto nacional, apareceu na década de 80, durante o século XX, em épocas de grande crise econômica e inflacionária no Brasil. A economia solidária constituiu-se como alternativa aos desempregados, possibilitando a organização destes em cooperativas e a recuperação, pelos trabalhadores, de empresas falidas, (SINGER, 1 UFSCar, e-mail: [email protected], Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciência, Tecnologia e Sociedade (PPGCTS) e Membro do Núcleo Multidisciplinar e Integrado de Estudos, Formação e Intervenção em Economia Solidária (NuMI-EcoSol) da UFSCar. 2 UFSCar, email: [email protected], Docente do PPGCTS e do NuMI-EcoSol, Doutora em Saúde Coletiva pela UNICAMP. 3 UFSCar, e-mail: [email protected], Docente do PPGCTS e do NuMI-EcoSol, Doutora em Física Aplicada pela USP. 2002), levando à manutenção dos postos de trabalho, o que resulta em diversos outros ganhos pessoais e sociais. É importante apontar que as Tecnologias Sociais (TS), por possibilitar o acesso de populações excluídas a tecnologias, bem como adequá-las criticamente à sua realidade (DAGNINO, 2004), contribuem para o desenvolvimento de empreendimentos econômico-solidários. Estes conteúdos serão apresentados, considerando-se a Política de Ciência e Tecnologia (PC&T) nacional no período, por isto ser importante para a compreensão dos movimentos atuais de economia solidária, do aumento do número de empreendimentos econômico-solidários organizados e da visão de que a sociedade é intrinsecamente ligada à produção de ciência e tecnologia e vice-versa, havendo a necessidade de que as PC&T se pautem nas necessidades sociais. Assim, objetiva-se situar historicamente a economia solidária no Brasil de acordo com a as tendências norteadoras da PC&T de cada época. Infere-se que o surgimento da economia solidária ocorreu em um período no qual as tendências de pesquisa e investimento no Brasil seguiam modelos internacionais, que focavam tecnologias duras e não tinham preocupação social, sendo o envolvimento das universidades com o tema, ocorrido no final de 1990, favorecedor ao desenvolvimento de tecnologias sociais que são potenciais ao combate da desigualdade econômica e social, pela aproximação com a população e consideração de seus conhecimentos, como defende o campo de pesquisa Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS). A economia solidária ganhou espaço no cenário político nacional na passagem do século XX para o XXI, bem como políticas públicas voltadas para a inclusão social, porém ainda apresenta desafios, como a regulamentação de políticas públicas que garantam sua efetivação através dos governos. O método escolhido para a elaboração do trabalho foi a realização de uma revisão bibliográfica sobre os temas economia solidária, cooperativismo, política de ciência e tecnologia, ciência, tecnologia e sociedade e tecnologia social, que possibilitassem situar historicamente o surgimento da economia no Brasil de acordo com a PC&T vigente e analisar o seu desenvolvimento até os dias de hoje, sendo a análise dos resultados pautada no campo de pesquisa CTS. O conteúdo teórico será apresentado em quatro partes: “PC&T no Brasil no contexto do surgimento da economia solidária”; “Economia solidária no contexto brasileiro”; “Economia solidária e tecnologia social”; e “Produção de teses e dissertações sobre economia solidária no Brasil”. Após serão apresentados os resultados e discussões, as considerações finais e as referencias bibliográficas. Espera-se com este trabalho, contribuir com reflexões para o direcionamento de políticas e pesquisas. PC&T NO BRASIL NO CONTEXTO DO SURGIMENTO DA ECONOMIA SOLIDÁRIA Segundo Dagnino (2009a), pode-se afirmar que o desenvolvimento dos processos científico-tecnológicos, produtivos e ideológicos, juntos às alianças políticas entre a comunidade científica e as elites burocráticas e econômicas, resultou na formulação da PC&T no Brasil. Grande parte do sistema atual de C&T brasileiro foi desenvolvido durante o regime militar, entre as décadas de 1960 e 1980 (SCHWARTZMAN, 1991), através da inquietação pela capacitação em ciência e tecnologia no Brasil por parte de autoridades dos âmbitos civil e militar, do apoio da comunidade científica à política, mesmo em conflito com o governo, da expansão econômica, bem como pelo surgimento de pequenas agências independentes do governo federal e uma ampla arrecadação fiscal em crescimento. Esse período deixou uma vasta desigualdade econômica e social, com um protecionismo às empresas nacionais para competir internacionalmente. Pode-se citar ainda que ocorreu nesse período uma reforma dos cursos de pós-graduação com base nas tendências norte-americanas, a vinculação da C&T à economia, o incentivo à pesquisa universitária em áreas duras e a criação de centros de P&D nas empresas estatais (KRIEGER; GALEMBECK; GUIMARÃES; BERTERO, 1993). No final da década de 70 e início da década de 80, inicia-se a expansão do neoliberalismo, quando os Estados brasileiros subordinavam-se politicamente a centros internacionais (DAGNINO, 2009a) e tinham sua capacidade de formulação de políticas públicas diminuídas (KATZ, 1987 apud DAGNINO, 2009a). O Pensamento Latino-Americano sobre Ciência, Tecnologia e Sociedade (PLACTS), que surgiu pelas contradições sobre C&T e cujas idéias foram utilizadas para análise das PC&T nacionais, apontava a necessidade de criação de políticas públicas que “tinham a PCT como centro e que buscavam instaurar, na América Latina, uma situação de maior autonomia no plano internacional, equidade econômica e justiça social.” (DAGNINO, 2009a, p. 108). Neste período, simultaneamente surge a economia solidária no Brasil. O Quadro 1 ilustra um resumo, de algumas das principais características de cada governo a partir desse período, até o início do século XXI. Observa-se que a economia Quadro 1 – Principais características da PC&T nacional por governo GOVERNO Governo Figueiredo (1979-1985) José Sarney (1985-1989) Collor de Mello (19901992) Itamar Franco (1992-1994) Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS período em que surge a economia solidária no Brasil; início do processo de privatização das estatais, seguindo modelos estrangeiros;* instabilidade econômica;* ênfase na qualidade do ensino superior e na pós-graduação, visando à qualificação de recursos humanos para o mercado não acadêmico;* consolidação da avaliação da produção por pares;* participação da coletividade científica nas políticas de pós-graduação ao mesmo tempo em que há um declínio de recursos para C&T;* criação de diversas ONGs nos anos 80 a partir de movimentos sociais e de resistência sobre o regime político;* com o processo de redemocratização, foram criados espaços públicos de atuação dentro e fora do estado;* surge o III PBDCT (Plano Básico de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), que focava mais a ciência do que a tecnologia, não sendo mais a C&T unificada com a política de desenvolvimento econômico brasileira, já que a responsabilidade da PC&T foi transferida para o CNPq, pelo Conselho Científico e Tecnológico (CCT).** criação do Ministério da Ciência e Tecnologia e realizada a primeira Conferência Nacional de C&T;* nenhum grande investimento, mesmo com o aumento da participação da coletividade científica nas decisões e formulações de uma política científica e na gestão do setor;* ênfase era no mercado concorrencial;* em contrapartida, a Constituição Federal de 1988 em seu capítulo IV, sessão III, art. 128, indica que o Estado será responsável pelo incentivo e promoção do desenvolvimento científico, da pesquisa e da capacitação tecnológica.* ocorrem privatizações, cortes no gasto público e consequente perda de qualidade dos serviços oferecidos;* diminuição dos recursos para C&T;* início do diretório de grupos de pesquisa (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq) e a criação da versão 1.0 da Plataforma Lattes;* reformulação do sistema de pós-graduação;* diretrizes para C&T pautados na excelência para a área científica e na competitividade para a área tecnológica;* busca por viabilizar a entrada de capitais estrangeiros.* problemas mercadológicos se transferiram para o espaço político;* flexibilização das relações de trabalho; controle dos órgãos públicos e da C&T por cobrança de resultados;* criação dos Fundos Setoriais por relações com o setor empresarial em busca da interação do meio acadêmico com o setor produtivo e da distribuição regional dos recursos;* criação do Projeto Diretório dos Grupos de Pesquisa do CNPq;* criação do Programa de Apoio a Núcleos de Excelência (PRONEX);* criação do Programa Institutos do Milênio pretendendo potencializar a capacidade científica e tecnológica brasileira visando o desenvolvimento do país.* Continua... GOVERNO Luiz Inácio Lula da Silva (2002-2010) PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS busca do desenvolvimento social, regional e local, com ações voltadas para a promoção e incentivo à apropriação do conhecimento técnico-científico;*** instituição do Programa de Tecnologias Sustentáveis (PTS);*** criação da Secretaria Nacional de Economia Solidaria em junho de 2003, vinculada ao MTE (SENAES/MTE), a qual vem desenvolvendo Políticas Públicas (PPs) de economia solidária com a incumbência de valorizar a cooperação e a autogestão, contribuir no combate à pobreza e à desigualdade social e promover processos de desenvolvimento mais justos e solidários;**** 1° Encontro Nacional de Empreendimentos (2004), Feira de Economia Solidária do MERCOSUL – Santa Maria/RS (2005), I Conferência Nacional de Economia Solidária (Brasília/DF - 26 a 29 de junho de 2006), II Conferência Nacional de Economia Solidária (Brasília/DF - 16 a 18 de junho de 2010); **** criação do Departamento de Difusão e Popularização da Ciência e Tecnologia (DEPDI), vinculado ao MCT; ***** criação da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia e do Sistema Brasileiro de Museus; ***** lançamento do Plano Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, com quatro prioridades: a) infra-estrutura de pesquisa, b) áreas estratégicas, c) inovação empresarial e d) desenvolvimento social, *** relacionadas com os quatro eixos estratégicos do plano: integrar, modernizar e consolidar o Sistema Nacional de Ciência e Tecnologia e Inovação (SNCTI), articulando com os governos estaduais em vista de ampliar a base científica e tecnológica nacional; acelerar o desenvolvimento de um ambiente favorável à inovação nas empresas, fortalecendo a Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior (PITCE); fortalecer as atividades de pesquisa e inovação em áreas estratégicas para a soberania do País (ênfase nas áreas: energia, aeroespacial, segurança pública, defesa nacional e Amazônia); e promover a popularização e o ensino de ciências, bem como a universalização do acesso aos bens gerados pela ciência e a difusão de tecnologias em busca de melhorar as condições de vida da população;****** ampliação do sistema universitário federal através da criação de novos campi no interior bem como novas universidades federais;****** estimular a absorção de pesquisadores em empresas;****** busca de melhorar a formação docente à dotação;****** utilização de equipamentos e tecnologias da informação e da comunicação (TICs) no ensino, visando facilitar acesso ao conhecimento, a inclusão digital e o desenvolvimento de habilidades e capacitações por parte dos jovens, buscando contribuir para a melhoria das condições e da qualidade de vida e para o desenvolvimento sustentável do País;****** ênfase em atividades que valorizem e enriqueçam os conhecimentos de populações tradicionais.****** FONTE: * BAUMGARTEN, 2008; ** SALLES-FILHO, 2003; *** MACIEL; FERNANDES, 2011; **** SENAES, 2011; ***** ALCÂNTRA, 2011; ****** MCT, 2007. Elaborado pelas autoras. solidária surge em termos de políticas publicas, no período de 2002 a 2010, nos governos Lula. Nos primórdios da década de 90, a competitividade industrial em contexto internacional era o foco dado à tentativa de tornar mais relevantes a ciência e a tecnologia (GUIMARÃES, 1992 apud KRIEGER; GALEMBECK; GUIMARÃES; BERTERO, 1993), contando com apoio da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) ao setor privado, assim como eram as orientações da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), sendo que outras agências de pesquisa passam por crise. Mantém-se projetos de grande porte do setor militar, e nas universidades, há crescentemente a aposentadoria precoce de docentes universitários e funcionários públicos, diminuindo a quantidade de pesquisadores ativos, levando à necessidade de absorver novos pesquisadores e incentivar os já aposentados a continuarem atuando. No século XXI, quando se inicia o governo Lula, a temática da inclusão social começa a ser priorizada, e cria-se relacionada ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), a Secretaria de Ciência e Tecnologia para Inclusão Social, sendo as agências executoras, o CNPq e a FINEP, cujos recursos são limitados para este campo já que outras áreas também lutam pela posse deles. Reconhece-se o limite dessas políticas, tendo em vista a baixa verba destinada ao desenvolvimento social, porém os esforços e o início dessa mudança de foco é destacado nesse período (MACIEL; FERNANDES, 2011). Também ocorre nesse período um reforço à “popularização da ciência”, com políticas públicas ainda difusas e em construção (ANCÂNTRA, 2011). Segundo Velho (2011), as características principais relativas à concepção de ciência nas décadas de 80 e 90, são de que a ciência passa a ser concebida pelos críticos como uma construção social (concepção não aceita por pesquisadores de ciências naturais), considerando-se o conhecimento como construído pela relação entre múltiplos agentes. Criam-se diversas teorias que consideram a relação entre produção de conhecimento e estrutura social como indissociável. Já sobre o final da década de 90 e início do século XXI, a autora diz de um paradigma ainda em construção e que ainda se confronta com o anterior, que crítica a prática imitativa dos modelos de políticas públicas, defendendo o enfoque nacional e local, bem como a história que o envolve, possibilitando a consideração das culturas, necessidades e recursos particulares e conhecimento de cada população na construção científica. É importante destacar que mesmo com a determinação de uma predominância de concepção sobre ciência e as direções a serem tomadas pela PC&T, diversos pensamentos convivem através da época. Lopez Cerezo (2000) aponta que pela necessidade da existência de uma regulação pública sobre as ciências e tecnologias produzidas, surgiu o campo CTS, o qual leva em conta as relações existentes entre os sujeitos envolvidos (pesquisadores, população, instituições de fomento, universidades, etc.) e não só o instituído. No Brasil, os Estudos sobre Ciência, Tecnologia e Sociedade (ECTS), ainda são escassos nas universidades (Dagnino, 2009a). Dagnino (2009a) defende que uma convergência entre os ECTS e as PC&T depende de um debate sobre os Estudos Sociais de Ciência e Tecnologia (ESCT) pela comunidade científica, bem como das concepções de ensino, pesquisa e extensão para que novos criadores de políticas sejam formados, podendo-se dizer que a proposta brasileira para o sistema C&T desconsidera que a maior parte das pesquisas são realizadas em universidades (GUIMARÃES, 2001b apud BAUMGARTEN, 2003) e que é necessário a busca por tecnologias sociais, tendo em vista o contexto social de exclusão e que a procura por tecnologias de ponta que coloquem o Brasil em uma boa posição competitiva, comprometem as condições de vida de populações menos favorecidas, já que a responsabilidade das universidades com seus pares dificulta seu relacionamento com as necessidades sociais (BAUMGARTEN, 2003). ECONOMIA SOLIDÁRIA NO CONTEXTO BRASILEIRO Até o início do século XXI, a economia brasileira não conseguiu uma estabilidade, o que dificultou a geração de novos postos de trabalho, bem como a reestruturação produtiva acabou com vários. Assim, na década de 1980, quando a economia diminui a níveis preocupantes, as relações de trabalho vão se tornando mais precárias, e neste mesmo período foi percebido que não era assegurada a redução das desigualdades sociais pelo crescimento econômico, ao contrário do que se pensava até os anos 1970, de que a industrialização traria naturalmente a distribuição de renda (AMORIM; ARAÚJO, 2004; ARAÚJO; SILVA, 2005). Como já mencionado no trabalho, no início dos anos 80 surge a economia solidária no Brasil, tendo sua origem na Europa, onde apareceu no início do século XIX, inventada por operários em resposta à situação de desemprego que gerou pobreza e exclusão social, devido à propagação desgovernada da utilização de tecnologias (SINGER, 2002). Ela tem como princípios defender a propriedade coletiva ou associada, a liberdade individual, a distribuição de renda de forma mais igualitária, a solidariedade e a autogestão e historicamente possibilita a promoção de sentido ao trabalho, favorecendo a implicação de valor ao trabalhador (GAIGER, 2004). Assim, através de cooperativas, os trabalhadores buscavam gerar trabalho e renda através de ideais de igualdade e democracia (SINGER, 2002). Este início da economia solidária no Brasil decorre então da crise econômica do período, que acarretou na falência de diversas indústrias, ocorrendo a formação de cooperativas que assumem estas indústrias. Este cenário de falências e desemprego segue pelas décadas de 80 e 90 (SINGER, 2002). Enquanto isso são desenvolvidas tecnologias buscando o arrendamento ou a aquisição do patrimônio falido por parte dos trabalhadores, oportunidade oferecida pela legislação, para manter os postos de trabalho. Para tal, há a necessidade de que os trabalhadores conheçam e entendam os princípios da economia solidária, e esta conscientização ocorre primordialmente por uma equipe da antiga Secretaria de Formação do Sindicato dos Químicos de São Paulo, porém em 1991, a diretoria do sindicado é alterada, acarretando no fechamento da Secretaria de Formação (SINGER, 2002). Neste mesmo ano surge a Associação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Autogestão e Participação Acionária (ANTEAG), pela necessidade de coordenação dos processos de transformação das empresas em cooperativas e de apropriação dos trabalhadores dos conhecimentos necessários para desempenho das funções, bem como de articulação, democratização de informações e espaços de discussão, sendo que ocorre em 1994, na cidade de São Paulo, o 1º Encontro dos Trabalhadores em Empresas de Autogestão (SINGER, 2002). Já no ano 2000, a ANTEAG passa a ser contratada por governos que priorizam a Economia solidária, sendo que em 2001, ela assessorava em torno de 160 empresas solidárias no Brasil (SINGER, 2002). Muitas outras instituições foram constituídas a partir de então, no intuito de apoiar os empreendimentos em formação, incentivar a estruturação de outros e de fomentar projetos de geração de trabalho e renda seguindo os princípios econômicosolidários, envolvendo sindicatos, igreja, incubadoras e algumas prefeituras. É importante destacar dentre todas as instituições, a primeira Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares, que surgiu em 1995 na COPPE/UFRJ, através de convênio com a FINEP e a Fundação Banco do Brasil. A ITCP passou a preencher uma lacuna importante para a consolidação de empreendimentos econômico-solidários, assessorando-os a partir de diversas áreas de conhecimentos necessários de serem apropriados pelos cooperados para desenvolverem e manterem os empreendimentos. Em 1998, foi criado o Programa Nacional de Incubadoras de Cooperativas (PRONINC), através do qual FINEP e Fundação Banco do Brasil passam a financiar a formação de novas ITCPs (SINGER, 2002). Seguiu-se uma ampla movimentação social referente à economia solidária, criando-se o Fórum Brasileiro de Economia Solidária (FBES), que recebeu essa denominação em 2003. O FBES atualmente é constituído por cerca de “160 fóruns municipais, microrregionais e estaduais; 3000 empreendimentos de economia solidária, 500 entidades de assessoria, 12 governos estaduais e 200 municípios” (FBES). Em 2003, como citado no Quadro 1, foi criada pelo Governo Federal a SENAES, visando promover a geração de trabalho e renda com inclusão social por políticas integradas (MTE, 2012; FBES), sendo reivindicada em carta enviada ao Presidente Lula pelo FBES, quando este ainda era um Grupo de Trabalho, em 2002. Marcando seu papel político e estratégico, foram organizados espaços de controle social para discutir sobre o tema, como fóruns, plenárias e conferências. Apesar dos grandes avanços, o movimento ainda luta pela criação de políticas públicas estaduais efetivas e regulamentadas de economia solidária, para garantir a estabilidade dos projetos. Assim, entende-se que as políticas públicas são: (...) a própria iniciativa do governo (ou do Estado) que se organiza em planos, programas e ações. É importante reconhecer que a “nãoação”, a negligência do Estado ou governo também integra esse conceito. No Estado moderno e seus governos democráticos, o âmbito da política pública é a cidadania, entendida como a relação entre Estado e sociedade civil mediada pelos direitos. (CHIOCHET, 2009, p. 268). E ainda que: A política pública deveria ser concebida como um conjunto de subsistemas relativamente estáveis, que se articulam como os acontecimentos externos, os quais dão os parâmetros para os constrangimentos e os recursos de cada política pública. Contrariando o modelo do garbage can, Sabatier e Jenkins-Smith defendem que crenças, valores e idéias são importantes dimensões do processo de formulação de políticas públicas, em geral ignorados nos modelos anteriores. (SOUZA, 2007, p. 75). A economia solidária realiza a conexão políticas públicas (Estado) – comunidades – mercados, propondo um equilíbrio entre ambos, dando o sentido de transformar a economia do assalariamento e geração de empregos para uma de geração de trabalho e renda. Assim, delimita-se aqui uma visão solidarista da economia solidária, referindo-se ainda não só à possibilidade de acesso aos direitos sociais e à proteção mínima tanto do Estado quanto dos mercados, mas também de uma solidariedade comunitária, o que descaracteriza uma atitude compensatória em prol de uma dinâmica que vise o bem-estar incluindo diversos atores. (ARAÚJO; SILVA, 2005). ECONOMIA SOLIDÁRIA E TECNOLOGIA SOCIAL A Tecnologia Social (TS) é similar à adaptação tecnológica ao contexto nacional, adaptando-se à realidade social, econômica e ambiental, que caracterizam a relação entre ciência, tecnologia e sociedade (DAGNINO, 2008). Ela tem como base os empreendimentos autogestionários e as micro e pequenas empresas, bem como é adaptável às realidades sociais locais, visando resoluções mais adequadas ao contexto em que se desenvolvem (DAGNINO, 2004). Por possuírem uma base democrática, permitem aos pequenos grupos adequar tecnologias capitalistas às suas necessidades produtivas, o que é determinado como adequação sociotécnica (DAGNINO; BRANDÃO; NOVAES, 2004). Ela é definida pela Rede de Tecnologia Social (RTS) como “produtos, técnicas e/ou metodologias reaplicáveis, desenvolvidas na interação com a comunidade que representem efetivas soluções de transformação social” (RTS, 2005) e pelo Instituto de Tecnologia Social (ITS) como “um conjunto de técnicas e metodologias transformadoras, desenvolvidas e/ou aplicadas na interação com a população e apropriadas por ela, que representam soluções para inclusão social e melhoria das condições de vida” (ITS, 2009, p. 13), e ainda por Dagnino como: (...) o resultado da ação de um coletivo de produtores sobre determinado processo de trabalho engendrado pela propriedade coletiva dos meios de produção, pelo controle autogestionário e pela cooperação voluntária e participativa, permitindo a redução do tempo necessário ao fabrico dos produtos e a repartição concertada dos resultados. (DAGNINO, 2009b, p. 315). É importante observar que estas concepções não se anulam, mas sim se complementam. A TS pressupõe uma crítica ao funcionamento social (RODRIGUES; BARBIERI, 2007 apud MEZZACAPPA; ZANIN, 2012), sendo que os empreendimentos econômico-solidários amparados na TS podem potencializar suas formas de organização, em prol da resistência e questionamento da organização estrutural e do avanço capitalista (DAGNINO, 2009a), sendo que a TS é construída coletivamente, considerando os conhecimentos de todos os interessados (DAGNINO, 2004). O desenvolvimento atual da economia solidária, que já mostrou historicamente sua capacidade de superação de situações de exclusão social e econômica, baseia-se então na disseminação da TS como forma de implementar a economia solidária, bem como dos saberes sobre ela (SINGER, 2002). É importante salientar, ainda segundo Dagnino (2004), que no âmbito das TS, o responsável pelo financiamento e desenvolvimento sociotécnico é o Estado, impactando assim na relação deste com a ciência e a tecnologia. PRODUÇÃO DE TESES E DISSERTAÇÕES SOBRE ECONOMIA SOLIDÁRIA NO BRASIL Oliveira e Zanin (2011) realizaram uma pesquisa no Portal de Periódicos da CAPES sobre teses e dissertações que abordam o tema economia solidária e elaboraram a tabela aqui denominada de Tabela 1. TABELA 1 - Número de teses e dissertações com a temática “economia solidária” no período de 1998 a 2010 ANO PUBLICAÇÃO TIPO DE PESQUISA TOTAL Mestrado Doutorado 1998 0 01 01 1999 0 0 0 2000 04 0 04 2001 02 02 04 2002 06 01 07 2003 21 02 23 2004 23 06 29 2005 40 06 46 2006 37 14 51 2007 43 10 53 2008 42 12 54 2009 41 14 55 2010 60 14 74 TOTAL 319 82 401 FONTE: Banco de Teses (CAPES). Elaborado por OLIVEIRA; ZANIN, 2011, p. 186. É interessante observar as produções acadêmico-científicas sobre o tema economia solidária no Brasil, principalmente em relação à PC&T nacional, que tinha por tradição financiar áreas duras de pesquisa, referentes às tecnologias de ponta vislumbradas globalmente, e nas tendências sobre as concepções de ciência, discutidas por Velho (2011), principalmente quando se reflete sobre o paradigma em construção da ciência para o bem-estar social. Isto, pois, observa-se como tendência da economia solidária, o desenvolvimento da tecnologia social, que como já foi visto, considera os contextos nacionais e locais, bem como os conhecimentos da população, o que figura sua preocupação social, ao contrário das tendências de PC&T vigentes até então, o que se remete ao papel social da universidade, que segundo Schwartzman (2011), leva à possibilidade de resolução de problemas da humanidade, pela aplicação dos princípios da investigação científica no meio social. Nesta tabela, pode-se observar que mesmo com o aumento da quantidade de publicações acadêmico-científicas em 2003, ano de criação da SENAES, conforme indicado no Quadro 1, já haviam publicações sobre o tema desde 1998, ano em que foi criado o PRONINC (SINGER, 2002), logo após o surgimento da primeira incubadora de cooperativas populares, da COPPE/UFRJ, em 1995. ANÁLISES E DISCUSSÕES Por mais que houvesse tendências no pensamento em relação ao rumo que a ciência deveria tomar, na produção de ciência e tecnologia priorizou-se setores industriais e de alta tecnologia, que possibilitassem ao país concorrer dentro de um mercado globalizado. Assim havia investimentos em pesquisas principalmente em áreas duras, sem reflexões sobre suas consequências sociais, por mais que diversas vezes este assunto estivesse explícito em políticas, e até na Constituição de 1988. Com essa omissão histórica do estado, em prol dos avanços tecnológicos sem planejamento adequado às necessidades sociais da população, os civis se viram na necessidade de se organizar em busca da garantia de seus direitos frente ao quadro apresentado, sendo que neste sentido a economia solidária apareceu como uma alternativa para gerar trabalho e renda, bem como buscar a autonomia do indivíduo, o qual, com o apoio de diversas instituições, consegue compreender o seu contexto atual, a sua história e propor novos rumos à organização social. Observa-se que a economia solidária encontra espaço junto ao Governo Federal apenas em 2003, com a criação da SENAES, como indicado no Quadro 1, havendo anteriormente aceites pontuais de governos municipais em reconhecê-la como potencial para resolver problemas sociais causados pelo sistema capitalista, como se pode inferir a partir de Singer (2002) quando diz sobre a ANTEAG ser contratada, a partir de 2000 por alguns governos municipais. Com a criação de diversos espaços de discussão, ela aproxima a população das decisões facilitando um espaço de controle popular, indicando suas necessidades para que sejam criadas políticas de bem-estar social, acima de qualquer outro interesse. Nesta época, eram criados diversos meios para a popularização da ciência e a inclusão social, conforme indicado no Quadro 1, sobre a inserção deste aspecto no Plano Nacional de CT&I. A aproximação da economia solidária com a tecnologia social permitiu potencializar a viabilidade dos empreendimentos, pois permite que eles utilizem tecnologias adequadas ao seu contexto, que de outra forma seriam inacessíveis, tanto pelo custo quanto pela complexidade. Este caminho é traçado historicamente junto a parceiros como sindicatos, igreja católica, incubadoras tecnológicas universitárias, alguns governos municipais, conforme Singer (2002), e mais recentemente e cada vez mais intensamente com os governos estaduais e federais, conforme o Quadro 1 e as descrições do MTE (2012) e do FBES sobre o assunto, os quais também demonstram o fortalecimento e a ampliação do movimento de economia solidária. É importante destacar aqui a participação de incubadoras tecnológicas universitárias, pois devido ao histórico de investimento no ensino superior, principalmente na pós-graduação, de formação de pesquisadores para trabalhar segundo necessidades mercadológicas globais ao invés de tratar de temas locais, estas incubadoras aparecem como uma oposição a esse sistema, aproximando-se da população para construir junto o conhecimento necessário. Um indicador disto é que mesmo a economia solidária tendo aparecido no Brasil nos primórdios da década de 80, somente após o surgimento da primeira ITCP vinculada à universidade, na COPPE/UFRJ, em 1996 aparece o primeiro trabalho acadêmico-científico que compõe o Banco de Teses e Dissertações da CAPES, uma tese com a temática economia solidária, datada de 1998. Entre 1998 e 2002 foram apenas 16 pesquisas no total, mas em 2003, coincidente com a criação da SENAES, este número aparece em 23 em um único ano, aumentando a cada ano, e chegando à quantidade de 74 trabalhos só no ano de 2010, num total de 401 no período. A produção acadêmica citada neste trabalho na Tabela 1, e o aumento de pesquisas sobre o tema, envolvem diversos aspectos como a produção por região, por instituição, por área, dentre outros fatores, que são importantes para serem analisados, pois envolvem o financiamento de pesquisas, a distribuição de recursos por estados e região, a quantidade de pesquisadores, dentre outros aspectos importantes, dados estes não analisados aqui por não serem o foco. De qualquer forma o contexto do aparecimento destas pesquisas é importante de ser conhecido, conforme foi apresentado, porém indica-se a necessidade e uma análise ampliada dos aspectos que envolvem estas produções. Mais dados podem ser encontrados em texto de Oliveira; Zanin, 2011. De acordo com o campo de pesquisa CTS, os avanços em relação à participação social na produção de ciência e tecnologia, estão aos poucos sendo construídos e efetivados, porém estas tendências ainda convivem com outras concepções, que historicamente provocaram a exclusão social. CONSIDERAÇÕES FINAIS Em decorrência da histórica não preocupação da PC&T com os impactos da C&T no âmbito social, a partir de reflexões e discussões de críticos desse sistema, surgiu o campo de pesquisa CTS, que mesmo com estudos escassos nas universidades, contam atualmente com direcionamentos dos Planos de Ações do MCT, que visam considerar o conhecimento popular, bem como buscar que os pesquisadores trabalhem em prol do desenvolvimento social. Os espaços de decisão coletiva e as metodologias participativas que envolvem tanto a economia solidária como a tecnologia social, estão próximas ao campo de pesquisa CTS, pois propõem uma inter-relação entre estes setores (ciência, tecnologia e sociedade), que existem intrinsecamente. A economia solidária ainda está em busca de que suas políticas de Estado sejam efetivas, para garantir a sustentabilidade de empreendimentos através dos apoios e financiamentos de responsabilidade do governo por serviços prestados pelos empreendimentos, porém este movimento se mostra cada vez mais forte inclusive em combater as tendências capitalistas de desenvolvimento econômico gerador de exclusão e pobreza, contribuindo para mudar a visão de que a ciência seja autônoma, para adotar uma visão predominante crítica. Assim, espera-se que os dados e reflexões apresentados possam contribuir para o direcionamento de políticas e pesquisas, bem como incentivar a formação acadêmica e dos cidadãos, buscando cada vez mais a consideração da questão social REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALCÂNTRA, Mariana Menezes. Popularização do conhecimento e inclusão social: uma análise das políticas de educação, ciência e tecnologia do Governo Lula e sua aplicação na Bahia. In: XI Congresso Luso Afro Brasileiro de Ciências Sociais, 2011. Anais... Bahia: Universidade Federal da Bahia (UFBA), 2011. AMORIM, Brunu Marcus Ferreira; ARAÚJO, Herton Ellery. Nota Técnica Economia solidária no Brasil: Novas Formas de Relação de Trabalho? IPEA, Mercado de Trabalho, 2004. ANTUNES, Ricardo. Adeus ao trabalho? - Ensaio sobre as Metamorfoses e a Centralidade do Mundo do Trabalho. Campinas: Cortez, 2007. ARAÚJO, Herton Ellery; SILVA, Frederico Augusto Barbosa da. Notas Técnicas Economia solidária: Um Novo Paradigma de Política Pública? IPEA, Mercado de Trabalho, 2005. BAUMGARTEN, Maíra. O Brasil na Era do Conhecimento: Políticas de ciência e tecnologia e desenvolvimento sustentado. Tese de Doutorado, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2003. ______. Políticas de ciência, tecnologia e inovação no Brasil contemporâneo. Porto Alegre: Sulina, 2008. CASTEL, Robert. As metamorfoses da questão social: uma crônica do salário. Petrópolis: Vozes, 2009. DAGNINO, Renato. A tecnologia social e seus desafios. In: Fundação Banco do Brasil. Tecnologia Social: uma estratégia para o desenvolvimento. Rio de Janeiro: Fundação Banco do Brasil, p. 187-211, 2004. ______. Neutralidade da ciência e determinismo tecnológico. Campinas: Ed. da Unicamp, 2008. ______. A construção do Espaço Ibero-americano do Conhecimento, os estudos sobre ciência, tecnologia e sociedade e a política científica e tecnológica. Revista CTS, 12, p. 93-114, 2009a. Disponível em: http://www.scielo.org.ar/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1850001320090001000108. Acesso em: 17 ago. 2012. ______. Tecnologia social. In: A. D. Cattani, J. -L. Laville, L. I. Gaiger e P. Hespanha (eds.). Dicionário Internacional da Outra Economia. Coimbra: Edições Almedina; São Paulo: Almedina Brasil, p. 315-321, 2009b. DAGNINO, Renato; BRANDÃO, Flávio Cruvinel; NOVAES, Henrique Tahan. Sobre o marco analítico-conceitual da tecnologia social. In: R. Dagnino. (ed.) Tecnologia Social: Ferramenta para construir outra sociedade. Campinas: Komedi, p. 71-111, 2010. FBES. Fórum Brasileiro de economia solidária. Disponível em: www.fbes.org.br. Acesso em: 12 jan. 2013. GAIGER, Luiz Inácio. As emancipações no presente e no futuro. In: L. I. Gaiger (Ed.), Sentidos e experiências da economia solidária no Brasil. Porto Alegre: UFRGS, p. 371402, 2004. ITS. Instituto de Tecnologia Social. Para entender a tecnologia social: uma viagem pelo Brasil. São Paulo: ITS, 2009. KRIEGER, Eduardo; GALEMBECK, Fernando; GUIMARÃES, Eduardo Augusto; BERTERO, Carlos Osmar. Ciência e Tecnologia no Brasil: Uma nova política para um mundo global. In: S. Schwartzman (ed.). Documento-síntese de "O Estado Atual e o Papel Futuro da Ciência e Tecnologia no Brasil". São Paulo: Escola de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas, 1993. MACIEL, Ana Lúcia Suárez; FERNANDES, Rosa Maria Castilho.Tecnologias sociais: interface com as políticas públicas e o Serviço Social. Serv. Soc., 105, p. 146-165, 2011 MERTON, Robert King. Sociologia: teoria e estrutura. São Paulo: Mestre Jou, 1970. MEZZACAPPA, Gabriela Gonzales.; ZANIN, Maria. Uma revisão histórico-conceitual sobre a tecnologia social. In: W. A. M. Hoffmann; V. Miotelo; W. J. A. Pedro (eds.) Tecendo a interdisciplinaridade no campo CTS. São Carlos: Pedro & João Editores, 2012. MCT. Ministério da Ciência e Tecnologia. Plano de Ação 2007-2010 (Resumo). Brasília, [2007]. Disponível em: http://www.mct.gov.br/upd_blob/0021/21432.pdf. Acesso em: 03 mai. 2013. MTE. Ministério do Trabalho e Emprego. Termo de referência da economia solidária. Plano Nacional de Qualificação, 2003 ______. As origens recentes da economia solidária. 2012. Disponível em: http://www.mte.gov.br/ecosolidaria/ecosolidaria_origem.asp. Acesso em: 20 jan. 2013. LÓPEZ CEREZO, José Antonio. Ciencia, tecnología y sociedad: el estado de la cuestión en Europa y Estados Unidos. Revista Iberoamericana de Educación, 18, 2000. OLIVEIRA, Márcia Cristina dos Santos Barbosa de; ZANIN, Maria. Economia solidária: uma temática em evolução nas dissertações e teses brasileiras. Revista Brasileira de Ciência, Tecnologia e Sociedade, 01, p. 181-193, 2011. Disponível em: http://www.revistabrasileiradects.ufscar.br/index.php/cts/article/viewFile/121/69. Acesso em: 12 jun. 2012. RTS. Rede de Tecnologia Social. Disponível em: http://www.rts.org.br. Acesso em: 10 jan. 2013. SALLES-FILHO, Sergio. Política de ciência e tecnologia no III PBDCT (1980-1985). Revista brasileira de inovação, 02, p. 407-432, 2003. SCHIOCHET, Walmor. Políticas Públicas. In: A. D. Cattani; J.-L. Laville; L. I. Gaiger; P. Hespanha (eds.). Dicionário Internacional da Outra Economia. Coimbra: Edições Almedina; São Paulo: Almedina Brasil, 2009. SINGER, Paul. A recente ressurreição da economia solidária no Brasil. In: B. de S. S. (ed.). Produzir para viver: os caminhos da produção não capitalista. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002. SCHWARTZMAN, Simon. A Space for Science: The Development of the Scientific Community in Brazil. University Park, Penn.: Pennsylvania State University Press, 1991. ______. Ciência, universidade e ideologia: a política do conhecimento. Rio de Janeiro: Centro Edelstein de Pesquisas Sociais, 2008. Disponível em: http://www.schwartzman.org.br/simon/polcon.pdf. Acesso em: 13 set. 2011. SENAES. Secretaria Nacional de Economia Solidária. Boletim informativo, 23, p. 01, 2011. Disponível em: http://portal.mte.gov.br/data/files/8A7C812D31F1A25B0131F2BB6D833D01/boletim_S ENAES_23.pdf. Acesso em: 03 mai. 2013. SOUZA, Celina. Estado da Arte da Pesquisa em Políticas Públicas. In: G. Hochman; M. Arretche; E. Marques (eds.). Políticas Públicas no Brasil. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2007. VELHO, Léa. Conceitos de ciência e a política científica, tecnológica e de inovação, Sociologias, 26, p. 128-153, 2011. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/soc/v13n26/06.pdf. Acesso em: 13 set. 2011. Agradecemos à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), bem como à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelo fomento que possibilitou a realização desta pesquisa.