APRENDER ANTROPOLOGIA François Laplantine 1. A pré-história da Antropologia: a descoberta da alteridade pelos viajantes XVI Duas respostas ideológicas descoberta da alteridade: dadas à A recusa do estranho – apreendido a partir da falta, e cujo corolário é a boa consciência que se tem sobre si e sua sociedade (= condescendência e proteção paternalista do outro); A fascinação pelo estranho cujo corolário é a má consciência que se tem sobre si e sua sociedade (=sua exclusão). Essas ideologias podem ser encontradas até hoje nos discursos sociais e inclusive legais. A figura do mau selvagem e do bom civilizado Na antiguidade grega: bárbaro todo aquele que não participava do helenismo; O Renascimento: Selvagens opondo animalidade à humanidade; Século XIX: primitivo; Nos dias atuais: subdesenvolvido. Critérios de humanidade utilizados pelos europeus: A aparência física; Os comportamentos alimentares; A inteligência através da linguagem. O “outro” é apreendido pelo viés da falta: falta-lhes moral, religião, lei, escrita, Estado, consciência, razão, objetivo, arte, passado, futuro [...] Falta-lhes elementos que o torne humano. Hegel (1830) Introdução a filosofia da História escreve: A América do sul é mais estúpida que a do norte. A Ásia não está muito melhor. Mas é a África a forma mais nitidamente inferior entre todas nessa infra-humanidade. O negro nem mesmo se vê atribuir o estatuto de vegetal. Ele cai para o nível de uma coisa, de um objeto sem valor. A figura do bom selvagem e do mau civilizado A figura do bom selvagem do mau civilizado A natureza é boa dispensa suas benfeitorias à um selvagem; O caráter privativo das sociedades não constitui uma falta; A base de julgamento do “outro” permanece a mesma, embora haja uma inversão nos discursos. Movimentos de alternância caracterizaram o “outro” – p. 52.