Elementos do Grupo 17 - Halogênios Do Grego: Formador de sal Configuração Eletrônica F [He] 2s2 2p5 Cl [Ne] 3s2 3p5 Br [Ar] 3d10 4s2 4p5 I [Kr] 4d10 5s2 5p5 At [Xe] 4f14 5d10 6s2 6p5 Propriedades Atômicas Configuração Eletrônica Estados Oxidação F [He] 2s2 2p5 -1, 0 Cl [Ne] 3s2 3p5 3d0 -1,0,+1,+3,+4,+5,+6, +7 Br [Ar] 3d10 4s2 4p54d0 -1,0,+1,+3,+4,+5,+6 I [Kr] 4d10 5s2 5p55d0 -1,0,+1,+3,+5,+7 At [Xe] 4f14 5d10 6s2 6p5 ns np nd Heptóxido de dicloro Dióxido de cloro Propriedades Atômicas Propriedades Atômicas Os elementos desse grupo são muito semelhantes: • possuem sete elétrons no nível mais externo • eletronegatividade decresce para baixo no grupo •Formam ligação iônica quando adquirem um elétron formando íon X- ou formam ligação covalente e completam seu octeto. • O flúor é sempre monovalente negativo • Os demais elementos do grupo podem possuir números de oxidação que podem variar entre -1 até +7 (desemparelhamento de elétrons) Propriedades Gerais • PF e PE aumentam com o aumento do número atômico flúor e cloro gases bromo líquido iodo sólido • todos formam moléculas diatômicas • as moléculas X2 são coloridas devido a absorção de luz visível e conseqüente promoção de elétrons mais externos, que passam para níveis mais energéticos. •quanto mais pesado o átomo, menor a quantidade de energia necessária para promover os elétrons (Br2 e I2: cores região do vermelho (absorve a luz verde – 490-560 nm) e roxo (absorve luz amarela 560 – 580 nm)) • F2: quase incolor (absorve radiação UV) •Cl2: verde-amarelo. Energia de dissociação das moléculas diatômicas • A energia de dissociação do F2 é muito baixa devido a repulsão dos pares de elétrons não ligantes, o que é responsável pela sua grande reatividade. • Esta repulsão é maior no F pelo seu tamanho reduzido, o que aumenta a repulsão entre elétrons por estarem mais próximos devido à atração elétron-núcleo Entalpias de dissociação das ligações: - carbono-halogênio - hidrogênio-halogênio - halogênio-halogênio A força da ligação H-X muda em função do comprimento de C-X ligação (que depende do tamanho dos átomos envolvidos). Note a força das ligações H-F e F-F X-X Poder oxidante Relacionado com a afinidade eletrônica do elemento (capacidade de receber elétrons = poder oxidante de um elemento) F Cl Br I Todos os halogênios são agentes oxidantes. O poder oxidante decresce do flúor para o iodo. Reatividade dos Halogênios Relacionada com a força de ligação X-X e com a eletronegatividade do elemento Reatividade dos halogênios diminui com a aumento do número atômico O flúor é o mais reativo dos halogênios, reage com todos os elementos exceto He, Ne e Ar. Sua grande reatividade é devida: - a baixa energia da ligação F – F - ao seu extremo poder oxidante - ao pequeno tamanho de seus átomo ou íons - a sua alta eletronegatividade A alta eletronegatividade leva a formação de ligações fortes com outros elementos. Ocorrência, Obtenção e Uso dos halogênios Como são muito reativos, na natureza são encontrados como compostos Abundância (mg/kg) (crosta) F 900 Cl 314 Br 1,6 I 0,3 Ocorrência, Obtenção e Uso dos halogênios • Latim - Fluir • Fluorita – CaF2 • Apatita – Ca3(PO4)2(OH, F, Cl) • Grego - Esverdeado • Halita – NaCl • Sodalita – Na4Al3(SiO4)3Cl • Água do mar 15000 mg/kg Porque o flúor está presente principalmente em minérios e o cloro na água do mar? O fluoreto (F-) é um ânion pequeno seus compostos iônicos tem uma alta entalpia de rede baixa solubilidade Solubilidade Energia em processos de dissolução: Entalpia de Rede + Entalpia Hidratação CaF2 (s) Ca+ (aq) + 2 F- (aq) 2709 + (-2623) = +86 KJ.mol-1 endotérmica NaCl (s) Na+ (aq) + Cl- (aq) 787 + (-784) = +3 KJ.mol-1 endotérmica KCl (s) K+ (aq) + Cl- (aq) 717 + (-701) = +16 KJ.mol-1 endotérmica Ocorrência, Obtenção e Uso dos halogênios • Grego - Fétido Br • Água do mar • Difuso em outros minerais I • Água do mar • Difuso em salitre (NaIO3 e NaIO4) Ocorrência, Obtenção e Uso dos halogênios • O Astato ocorre em traços nos minerais Uranita e Torita (Th, U)SiO4 UO2 • Tempo de meia-vida de 8,1 h • Estima-se cerca de ± 31g de Astato na Crosta Terrestre Métodos de Obtenção Esquema de uma célula eletrolítica para produção de flúor a partir de fluoreto de potássio dissolvido em fluoreto de hidrogênio líquido (1:2) fluorita CaF2 + H2SO4 CaSO4 + 2HF KF + HF K[HF2] HF + K[HF2] H2 + F2 ELETRÓLISE Aplicações • adicionado à água para prevenir perda dos dentes Ca5(PO4)3OH (s) + 4 H3O+ (aq) 5 Ca2+ (aq) + 3HPO42-(aq) + 5 H2O (l) Tratamento com Flúor forma uma cobertura mais resistente ao ataque: Ca5(PO4)3OH (s) + F- (aq) Ca5(PO4)3F (s) + OH-(aq) •O Flúor é usado na separação dos isótopos do urânio (processamento de combustível nuclear). U 235O2 4 HF U 235F4 H 2O U 235F4 F2 U 235F6 ( gás) U 238O2 4 HF U 238F4 H 2O U 238F4 F2 U 238F6 ( gás) Aplicações • usado na produção de compostos orgânicos fluorados (Teflon) São compostos inertes a oxidação do ar, de ácido nítrico, sulfúrico e outros agentes oxidantes. Métodos de Obtenção Eletrólise NaCl fundido 2 NaCl( fund) eletrólise 2 Na(0s ) no cátodo Cl2 (g) no ânodo Eletrólise NaCl aquoso 2 NaCl( aq) 2H 2O(l ) eletrólise 2 NaOH( aq) H 2 (g) Cl2 (g) Métodos de Obtenção Em laboratório: • Oxidação do NaCl a partir do (K2Cr2O7) • Cl2 é borbulhado na água 6Cl- + Cr2O72- + 14H+ 3Cl2 + 2Cr3+ + 7H2O Aplicações • O cloro é empregado na fabricação de plásticos, canos, solventes e pesticidas. • Usado como alvejante de papel e tecido e para tratamento de água. Métodos de Obtenção É obtido pelo borbulhamento de Cl2 na água do mar (7 toneladas de água do mar fornece 0,5 kg de bromo) Cl2( g ) 2 Br( aq) 2 Cl( aq) Br2( dispersoem água) a - O bromo é adsorvido em solução de Na2CO3 formando NaBr e NaBrO3. b – a mistura é acidificada e destilada evaporando o Br2 • O bromo é usado na fabricação de 1,2-dibromoetano para remoção do chumbo na gasolina, produção de AgBr para filme fotográfico Métodos de Obtenção • Ocorre como impureza no salitre do Chile na forma de iodato e de periodato. • Ocorre como íon iodeto na água do mar (pode ser obtido de plantas marinhas que contém grande quantidade de água do mar: 2000 Kg de plantas fornecem 1 Kg de iodo). A oxidação do I- com gás cloro produz iodo elementar: Cl2( g ) 2 I ( aq) 2 Cl( aq) I 2( dispersoem água) • Empregado como anti-séptico de ação oxidante moderada • É adicionado ao sal de cozinha para evitar o bócio Preparação do iodo no laboratório: 2 I- + 4 H+ + MnO2 Mn2+ + I2 + 2 H2O NaI + MnO2 Adição de H2SO4; produz I2. 209 4 211 1 Não ocorre na natureza Bi At 2 83 2 85 0N Existem 20 isótopos todos radioativos Propriedades Químicas Principais Compostos Haletos de Hidrogênio (HX) • Todos os halogênios reagem com hidrogênio formando haletos • A reatividade entre halogênios e hidrogênio diminui com o aumento do número atômico. • O HF e HCl são preparados por reação dos sais com ácido sulfúrico CaF2( s ) H 2 SO4(l ) 2 HF( aq) CaSO4 ( s ) CaCl2( s ) H 2 SO4 (l ) 2 HCl( aq) CaSO4( s ) Haletos de Hidrogênio (HX) • O HBr é obtido pelas reações a seguir: H 3 PO4( aq) 3 NaBr( s ) Na3 PO4( s ) 3 HBr( aq) ou P4( s ) 6 Br2(g) 4 PBr3(s) PBr3( s ) 3 H 2O(l ) H 3 PO4 ( aq) 3 HBr( g ) • O HI pode ser obtido de forma semelhante adicionando-se água a uma mistura de fósforo e iodo. Para produção de HBr e HI não pode ser utilizado H2SO4, pois ele provoca a oxidação dos produtos Haletos de Hidrogênio (HX) • HCl, HI e HBr são gases • HF é liquido com ponto de ebulição de 19 C. Esse ponto de ebulição elevado é devido a presença de ligações de hidrogênio no HF • no estado gasoso todos os hidretos são covalentes • quando dissolvidos em água o HCl, HI e HBr dissociam-se comportando-se como ácidos fortes: HX ( g ) H 2O( l ) H 3O ( aq) X ( aq) X Cl , Br ou I • força dos ácidos HI HBr HCl HF Por que o HF não é o mais forte ? Força dos ácidos HX (hidrat) H+ (hidrat) + X- (hidrat) Força ácida H(desidrat.) H ( dissoc.) E(ioniz.) AE H ( hidrat.) Força dos ácidos Força ácida H(desidrat.) H ( dissoc.) E(ioniz.) AE H ( hidrat.) G H TS (Todos os valores estão em kJ/mol) Logo, o HF é o ácido mais fraco Principais Compostos Óxidos de Halogênio • Flúor e oxigênio forma-se fluoretos de oxigênio e não óxidos de flúor (flúor = ânion e oxigênio = cátion) devido a maior eletronegatividade do flúor •Quase todos são instáveis e explodem quando submetidos a choques ou a luz •A estabilidade decresce na seguinte ordem: I > Cl > Br •Óxidos nos quais o halogênio possui número de oxidação mais altos são mais estáveis •As ligações são sempre covalentes devido as pequenas diferenças entre as eletronegatividades dos halogênios e do oxigênio. OF2 – Não é um óxido • é um gás incolor • já foi usado na propulsão de foguetes • é um agente oxidante forte que reage violentamente com metais, S, P e halogênios formando fluoretos e óxidos Obtenção: 2 F2(g) 2 NaOH(aq) 2 NaF(aq) H 2O2(aq) OF2( s ) Cl2O e Br2O Cl2O – é um gás Br2O – é um líquido 2 Cl2( g ) 2 HgO( s ) 300 o HgCl2 .HgO( s ) Cl 2 O( g ) C Obtenção: 2 Br2( g ) 2 HgO( s ) 300 o HgBr2 .HgO( s ) Br2 O( l ) C Ambos são coloridos e explodem na presença de agentes redutores Principais Compostos Oxiácidos de Halogênio Cloro, bromo e iodo formam oxiácidos do tipo: Quanto mais átomos de oxigênio, maior é a tendência dos elétrons da ligação OH serem atraídos para longe da mesma e mais fraca será essa ligação Ácidos hipohalosos (HOX) •Todos são fracos somente existindo em solução aquosa. •Podem ser preparados pela adição do gás de halogênio a água: X 2(g) H 2O(l) HXO(aq) HX(aq) Quando reagem com NaOH formam os hipohalitos: NaClO, NaBrO, NaIO • Os hipocloritos são usados como alvejantes e como desinfetantes pois são capazes de oxidar matérias orgânicas: 2 HClO (aq) 2 H+ (aq) + 2 Cl- (aq) + O2 (g) • O hipoclorito de sódio é usados em piscinas: NaClO (aq) + Cl- (aq) + H2O (l) 2 OH- (aq) Na ++ Cl2 (g) • O hipoclorito de sódio é obtido industrialmente pela eletrólise de uma solução esfriada de NaCl, sob vigorosa agitação Cl2 (g) 2Cl- (aq) Cl2 (g) + 2e + 2OH- (aq) + ClO- (aq) + Cl- (aq) + H2O No ânodo Ácidos hálicos (HXO3) HClO3 e HBrO3 – somente existem em solução HIO3 – existe na forma sólida • Quando neutralizados formam cloratos, bromatos e iodatos • Os cloratos liberam O2 quando aquecidos, e são usados como fonte de oxigênio em fogos de artifício 2 KClO3 (s) 2 KCl (s) + 3 O2 (g) • usados na preparação do dióxido de cloro ClO2, que é usado para branquear papel, já que oxida os pigmentos presentes sem degradar as fibras da madeira. 2 NaClO3 (s) + SO2 (g) + H2SO4 (l) 2 NaHSO4 (aq) + 2 ClO2 (g) Ácidos perhálicos (HXO4) • Existem ácidos perclórico, perbrômico e periódico. • O ácido perclórico (HClO4) explode na presença de uma pequena quantidade de material orgânico. • São agentes oxidantes muito fortes (estado de oxidação do Cl é +7) •O perclorato de amônio é empregado em um combustível sólido usado na propulsão de foguetes. A mistura é composta por alumínio em pó (combustível), perclorato de amônio (oxidante) e óxido de ferro(III), que é empregado como catalisador. Uma das reações que pode ser formada na combustão é: Fe2O3 3 NH4ClO4 (s) + 3 Al (s) Al2O3 (s) + AlCl3 (s) + 6 H2O (l) + 3 NO (g) Principais Compostos Compostos de Halogênios Os halogênio formam compostos entre eles mesmos, conhecidos como interhalogênios. • são preparados pela reação direta entre os halogênios • possuem propriedades físicas intermediárias aos halogênios que os formam. • fluoretos de halogênio, quanto mais pesado o halogênio, menor a energia de dissociação entre os átomos e mais reativo o composto Principais Compostos Poli-Haletos Íons haletos podem reagir com moléculas de halogênio formando íons polihaletos. São estabilizados por cátions grandes. São compostos tipicamente iônicos: cristalinos, solúveis em água, conduzem eletricidade quando em solução. Se decompõem quando aquecidos. •Iodo: pouco solúvel em água (0,34 g.L-1), mas a solubilidade é aumentada na presença de íons iodeto em solução: Formação de poli-haleto: I2 + I- I3• Bromo: Br3- é muito menos estável do que I3-. • Poucos compostos estáveis contendo Cl3- e nenhum F3- é conhecido. Aplicações Industriais Bibliografia • Atkins, P., Jones, L., Princípios de Química - Questionando a Vida Moderna e o Meio Ambiente, 3 ed., Porto Alegre: Bookman, 2006. •Shriver, D. F., Atkins, P., Química Inorgânica, Ed Artmed, 2003 . • Lee, J. D., Química Inorgânica Não Tão Concisa. Edgard Blucher Ltda, 3’ ed., São Paulo, 1980