DEMANDA DO MINÉRIO DE FERRO EM MEIO À CRISE CHINESA

Propaganda
Anais do V Simpósio de Engenharia de Produção - SIMEP 2017 - ISSN: 2318-9258
DEMANDA DO MINÉRIO DE FERRO EM MEIO À CRISE CHINESA
Natália dos Santos Silva (FATEC RUBENS LARA) [email protected]
Pedro Gonçalves Farinhas (FATEC RUBENS LARA SANTOS) [email protected]
Resumo
O objetivo deste trabalho, é mostrar como a transição econômica na China afeta a exportação
de minério de ferro no Brasil, quais as causas e consequências disto para os dois países,
mostrando a força da China na economia mundial. É importante analisar como as reservas
brasileiras estão se comportando neste período, mostrando a evolução da produção de minério
de ferro no País. Deve ser analisada também as causas da transição econômica da China e
como isso influenciou a queda do fornecimento do minério de ferro brasileiro para a China.
Palavras-Chaves: Minério de ferro. Crise econômica. Demanda.
1. Introdução
O ferro é um dos elementos mais abundantes da crosta terrestre, onde entra na proporção de
4,2%. Entre todos os metais o ferro é o mais produzido e o que está mais presente em nossa
vida (DNPM, 2009). A indústria da mineração do ferro tem grande importância econômica na
economia mineral brasileira. O Brasil se destaca no mercado mundial de minério de ferro com
reservas abundantes e de ótima qualidade (QUARESMA, 2009). Para Freitas (2012),
“tratando-se do minério de ferro, a China produz uma grande quantidade (600 milhões de
toneladas em 2007) mas esta produção não é o suficiente para atender à alta demanda”. O país
consome cerca de 50% do minério de ferro demandado do mundo, mas só produz 22% do
minério no mundo.
Entretanto, segundo a Revista Conjuntura (2011), “A China está mudando o seu modelo de
crescimento, reduzindo sua dependência nas exportações e estimulando o consumo
doméstico. Sendo assim, o presente trabalho tem como objetivo analisar a demanda do
minério brasileiro no contexto das relações sino-brasileiras para assim poder criar novas
perspectivas”.
- 2458 -
Anais do V Simpósio de Engenharia de Produção - SIMEP 2017 - ISSN: 2318-9258
2. Metodologia
Segundo Andrade (2010), a pesquisa bibliográfica é habilidade fundamental nos cursos de
graduação, uma vez que constitui o primeiro passo para todas as atividades acadêmicas.
Ainda segundo Andrade (2010) a pesquisa bibliográfica tanto pode ser um trabalho
independente como constituir-se no passo inicial de outra pesquisa, ou seja, todo trabalho
científico pressupõe uma pesquisa bibliográfica preliminar. A pesquisa utilizada para este
trabalho é a pesquisa Bibliográfica, na qual é feita através de material já elaborado, como
livros e artigos científicos. Este tipo de pesquisa é o início de uma investigação, ou seja, após
ser escolhido o tema do projeto inicia – se uma procura de dados existentes que possam
comprovar e comparar a ideia do autor com a ideia dos pesquisadores.
O presente trabalho iniciou suas pesquisas através de livros interligados ao assunto do projeto
que continham definições e explicações de como ocorre o processo do Minério de Ferro e das
Crises Econômicas ocorridas na China. A partir disto, criou – se um tema unindo os dois
assuntos, apresentando suas correlações entre o número de exportação do minério brasileiro
em meio à crise financeira chinesa.
3. Objetivo
Mostrar as causas e consequências da mudança na demanda da exportação do minério de ferro
brasileiro associado á crise econômica chinesa.
3.1. Objetivo Específico
O objetivo deste trabalho é analisar a relação da queda da demanda nas exportações do
minério de ferro brasileiro com a transição econômica chinesa, e criar uma perspectiva sobre
o
futuro
das
exportações
do
minério
de
ferro
brasileiro,
com
esta
relação.
4. Minério de ferro
O minério de ferro é uma rocha, que depois de retirada da natureza passa por diversos
processos industriais no qual é beneficiado e vendido para as indústrias siderúrgicas como
matéria-prima do aço, utilizado para a fabricação de ferramentas, máquinas, veículos de
- 2459 -
Anais do V Simpósio de Engenharia de Produção - SIMEP 2017 - ISSN: 2318-9258
transporte, linhas de transmissão de energia elétrica, elemento básico para a infraestrutura,
além de possuir uma infinidade de outras aplicações.
A produção de minério de ferro no Brasil se desenvolve em minas a céu aberto. A lavra é em
bancadas com desmonte por explosivos, escavadeiras, carregamento em pás carregadeiras,
transporte em caminhões fora-de-estrada. O beneficiamento consiste de britagem,
peneiramento, lavagem, classificação, concentração e pelotização (DNPM, 2009).
Em razão do minério de ferro ser um produto de baixo valor agregado, a eficiência da
logística de escoamento da produção é de importância fundamental para a competitividade da
mineradora. Por essa razão o minério destinado à exportação é, em sua maioria, transportado
por ferrovia, as únicas exceções são o minério produzido pela Samarco que utiliza
minerioduto e o da Rio Tinto que é transportado por caminhões.
4.1. Reservas mundiais e brasileiras
O setor da mineração no Brasil, movimenta grandes quantidades de recursos na economia,
sendo um pilar de sustentação e expansão econômica. As reservas de minério de ferro
mundiais alcançam cerca de 370 bilhões de toneladas, que estão concentradas em poucos
países, sendo que cinco deles detêm 70% do potencial de extração do produto. A Austrália é
detentora da maior reserva mundial de minério de ferro com cerca de 20,6% das reservas
totais, o Brasil tem a segunda maior com 18,2% das reservas totais e a Rússia tem a terceira
maior com 14,7%.
Brasil e Austrália, que dominam maior parte do comércio internacional do minério, competem
para manter as suas participações no mercado internacional, dado que o teor e a qualidade dos
seus minérios são parecidos, assim como competitividade das suas empresas, que operam em
grande escala, porém o Brasil apresenta vantagens comparativas devido à oferta de pelotas, já
que a Austrália não produz pelotas devido às características de seu minério. As reservas
brasileiras têm sua maioria concentrada em Minas Gerais (72,7%), Mato Grosso do Sul
(13,1%) e Pará (10,7%).
4.2. Produção brasileira
Segundo o Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM, 2011) o Brasil é o segundo maior
produtor e exportador de minério do mundo e a China é o principal país destino da exportação
- 2460 -
Anais do V Simpósio de Engenharia de Produção - SIMEP 2017 - ISSN: 2318-9258
do minério de ferro brasileiro, cerca de 65,5% das exportações de minério são destinadas a
China, as empresas que produzem e exportam o minério é a Vale S.A. (89,9%) e Samarco
(7,4%). Os diferentes minérios de ferro explorados comercialmente no Brasil têm teores
elevados de ferro e quantidades pequenas de elementos indesejados nos processos
siderúrgicos, como o enxofre, o alumínio, o fósforo e os carbonatos o que o torna atrativo. O
gráfico a seguir representa o total de empresas produtoras de minério no Brasil.
Gráfico 1 – Empresas produtoras de minério de ferro no Brasil.
Fonte: Ibram (2011)
4.3. Exportação
O método de lavra do minério se inicia em minas geralmente a céu aberto, com grandes
tratores e caminhões a matéria bruta é retirada do solo e segue por caminhões fora-de-estrada
ou esteiras para o beneficiamento. No beneficiamento, é retirado outros minerais indesejáveis
e a matéria ainda em estado bruto é fragmentada até atingir o tamanho ideal, como o processo
utiliza perfuratrizes, esteiras e outros equipamentos elétricos, é um grande consumidor de
energia elétrica. Como as minas não se localizam próximas do litoral, as vias de transporte
assumem um papel fundamental na exportação do minério. Nesse sentido, são as ferrovias são
o meio mais utilizado para o transporte do minério de ferro até os portos, porém o
minerioduto também é outra via importante de transporte pois de certa forma alivia as linhas
ferroviárias.
- 2461 -
Anais do V Simpósio de Engenharia de Produção - SIMEP 2017 - ISSN: 2318-9258
Fluxograma 1 – Trajeto do minério da extração a exportação
Mina de
minério
Beneficiamento
Ferrovia ou
mineroduto
Porto destino
Navio
graneleiro
Porto
Fonte: Vale (2016)
4.4. Navios
Os navios graneleiros foram desenvolvidos na década de 1950 para transportar grandes
quantidades de carga não-embalada, como o minério de ferro. Até os anos 50, os graneis
sólidos eram transportados em navios de carga geral, em condições muito deficientes na
descarga. Atualmente, os navios graneleiros geralmente possuem casco simples e fundo
duplo, o convés por sua vez, é enorme e possui vários porões com portas largas e corrediças,
possui também escotilha não muito grande por onde é feito o carregamento. Estes navios têm
grandes dimensões, sendo muito comuns terem capacidade para mais de 200.000 toneladas de
carga.
Os navios graneleiros são os mais utilizados para o transporte de minério de ferro, porém
existe também os navios mineraleiros (ore ship), projetados especificadamente para o
transporte de minério.
5. Economia
A economia pode ser entendida como o estudo de como as pessoas e a sociedade empregam
suas escolhas e necessidades a partir de produtos e recursos escassos, e a produção,
distribuição e intercâmbio ou troca dos bens e serviços.
De acordo com Michael Parkin (2008), a economia nada mais é do que uma ciência social que
depende das escolhas que governos, sociedades e empresas fazem quando se deparam com a
escassez. Para Parkin (2008), ao se deparar com a escassez, o ser humano deve escolher entre
- 2462 -
Anais do V Simpósio de Engenharia de Produção - SIMEP 2017 - ISSN: 2318-9258
suas alternativas e necessidades. Toda escolha vem de um incentivo, que é estímulo para
conquistar as escolhas a partir de outras situações ou opções. Dentro da economia, existe duas
partes principais:
 Microeconomia: estuda o comportamento das pessoas e empresas e como funciona o
mercado ao seu redor;
 Macroeconomia: estuda a economia como um todo, o resultado do comportamento e
decisões das pessoas ou empresas.
A economia não pode ser definida com exatidão, pois depende de quem a está estudando e
para quais finalidades são tais resultados, no entanto, o conceito mais básico são o de oferta e
demanda. A oferta são os produtos e a capacidade de quem pode produzi-los em quantidades
satisfatórias, e a demanda está relacionada com o interesse das pessoas que querem tais
produtos e quanto estão interessadas e quanto querem pagar por este produto dentro dos
padrões definidos no mercado. A quantidade de interessados no produto irá depender do
preço. A união de oferta e demanda é definida como equilíbrio de mercado da economia. Este
equilíbrio varia de acordo com os interesses das pessoas e na maioria das vezes de decisões
sociais como religião, educação, política, saúde, guerra, instituições sociais entre outros
fatores.
5.1. Crise econômica
A crise econômica é uma situação na qual ocorre um agravante na produção, comercialização,
exportação dos bens/serviços e produtos. Ela ocorre quando há uma escassez destes no qual o
governo tem que se estabilizar para controlar e poder ajudar a população em um período
crítico.
A economia é um combinado de altos e baixos, esta flutuação é chamada de ciclo econômico.
Ele indica os melhores momentos e os piores, são quatro fases deste ciclo:
 Boom: onde aumenta a atividade econômica até ao seu auge;
 Depressão: no qual caem os indicadores;
 Recessão: quando a depressão se estende por mais de dois trimestres consecutivos;
 Recuperação ou estagnação: os índices voltam a subir e começa e o boom do ciclo
seguinte inicia. Economia pode ser entendida como o estudo de como as pessoas e a
sociedade empregam suas escolhas e necessidades a partir de produtos e recursos
escassos, e a produção, distribuição e intercâmbio ou troca dos bens e serviços.
- 2463 -
Anais do V Simpósio de Engenharia de Produção - SIMEP 2017 - ISSN: 2318-9258
5.2. Crise econômica chinesa
Segundo Alvarenga e Laporta (2015), em 2007, a China chegou a crescer 13% em 2010,
mantendo o ritmo em patamares elevados até o ano de 2014. No ano de 2015, ocorreu um
pequeno crescimento de 7% do PIB chinês, bem abaixo do esperado. O professor de finanças
Alexandre Cabral analisou e afirmou que: "A bolha da economia chinesa começou a estourar
depois de vários anos de crescimento robusto, está virando uma bola de neve".
Nos últimos anos, o PIB chinês teve um grande avanço, baseado em alguns fatores que não
durariam para sempre, então a China tentou fazer uma mudança em sua economia, de um
modelo predominantemente exportador para uma economia de consumo interno para assim
escoar sua enorme produção.
É surpreendente que a China necessite de um novo modelo de crescimento, considerando o
grande sucesso econômico do país, a economia chinesa tem crescido em ritmo acelerado nos
últimos 30 anos e ainda manteve o pique em 2009 e 2010, enquanto a crise financeira
comprometeu o crescimento de boa parte das economias ocidentais.
Mas num passado recente, começou a ficar evidente que a China estava se tornando
excessivamente dependente do crescimento das suas exportações que não poderia continuar
sem provocar uma reação política negativa. Além disso, o país passou a depender de elevadas
taxas de investimento que alcançaram níveis perigosamente altos.
O objetivo da mudança de um novo modelo econômico é planejar um profundo reequilíbrio
da economia chinesa, não apenas entre o país e as demais nações, mas também no terreno
doméstico, entre o setor de manufaturados e serviços e as áreas urbanas e rurais. Se o governo
for bem-sucedido em implementar essas mudanças, um dos resultados será o alívio das
tensões internacionais que cercam a economia chinesa, independentemente do que ocorrerá
com a taxa de câmbio.
Entretanto, de início os resultados desta mudança não tem trazido resultados positivos, as
exportações que apoiavam a economia chinesa, passaram a cair e
o governo precisou
desvalorizar o Iuan (moeda da China), a China teve uma queda brusca de 8,5% na bolsa que
afetou o mercado mundial, um dos motivos que ajudaram a agravar essas situação foi o fato
de que milhares de pessoas investiram em empresas fracas de segunda linha, o governo até
tentou remediar a situação, porém a queda fugiu um pouco controle dos chineses.
- 2464 -
Anais do V Simpósio de Engenharia de Produção - SIMEP 2017 - ISSN: 2318-9258
6. Queda da demanda chinesa
O Segundo Castro e Alencar (2015) a economia chinesa vive um período de desaceleração
nos índices de crescimento econômico desde 2014. Isso afeta a economia e as bolsas de
valores do mundo todo de diferentes formas. No caso do Brasil, houve uma queda
significativa no faturamento com exportações de commodities, como o minério de ferro, o que
acaba dificultando a sobrevivência de pequenos e médios produtores, provocando diminuição
na arrecadação de impostos com o fechamento dessas empresas. Além disso, gera cortes mais
intensos nos custos por parte das grandes empresas como demissões em massa de
trabalhadores e diminui a arrecadação de impostos e investimentos agravando o cenário da
crise econômica que o Brasil passa, de modo geral.
A desaceleração no crescimento é causada pela tentativa do país de ter uma economia voltada
para o mercado interno, o que causa uma diminuição das exportações, desvalorização do Iuan
(moeda chinesa), queda na bolsa de valores da China e afastamento dos seus investidores.
Toda essa conjugação de fatores provoca diminuição da demanda chinesa por alguns produtos
estratégicos, dentre eles o minério de ferro.
Conforme os índices da Exportaminas, empresa unidade central de comércio exterior e ligada
à Secretaria do Estado de Desenvolvimento Econômico em Minas Gerais, apurados pelo
sistema de análise de comércio exterior da empresa, empresas chinesas compram 60,4% do
minério ferro exportado por Minas. E com a atual desaceleração da economia chinesa, após
crescer de U$$ 2,3 bilhões para U$$10,1 bilhões entre 2005 e 2013, em 2014, houve uma
queda para U$$ 7.3 bilhões no faturamento com a venda do produto de Minas para a China.
- 2465 -
Anais do V Simpósio de Engenharia de Produção - SIMEP 2017 - ISSN: 2318-9258
Gráfico 2 – Exportação de minério de ferro
Exportação de minério de ferro: Exportminas
12.000.000.000
10.000.000.000
8.000.000.000
6.000.000.000
4.000.000.000
2.000.000.000
0
2013
2014
Fonte: Exportminas (2014)
A diminuição no faturamento se deve à queda nos preços internacionais e não no volume
comercializado, conforme explica a gerente de pesquisa do Ibram (Instituto Brasileiro de
Mineração), Cynthia Rodrigues “Com a desaceleração na China o preço da tonelada do
minério de ferro caiu de 80 para 50 dólares, quase 50%, entre 2013 e 2014. E foi uma
diminuição necessária, para que não afetasse o volume exportado, que se mantém
relativamente estável, evitando uma diminuição ainda mais brusca no faturamento”.
O economista da Fiemg (Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais), Sérgio Guerra,
explica o impacto da queda das exportações do minério de ferro para a economia mineira “O
principal impacto é sobre o faturamento dos exportadores de minério e sobre o seu resultado
econômico, ou seja, redução nas margens. Contudo, redução de margens impacta os planos
presentes e futuros das empresas que se vêm obrigadas a fazerem ajustes como, por exemplo,
redução de mão de obra.”.
Cynthia Rodrigues ainda complementa as consequências: “Isso afeta principalmente os
pequenos e médios produtores, sendo que dezenas fecharam as suas operações no Brasil e em
Minas. As grandes empresas ainda conseguem ajustes e manter os seus preços competitivos”.
Os dados da Exportaminas condizem com as afirmações de Sérgio Guerra e Cynthia
Rodrigues, apontando que, desde 2011, Minas exporta cerca de 120 bilhões de toneladas
anualmente para a China, mas o faturamento caiu de 80 para 60 bilhões de dólares de 2013
- 2466 -
Anais do V Simpósio de Engenharia de Produção - SIMEP 2017 - ISSN: 2318-9258
para 2014. Já o secretário adjunto de Desenvolvimento Econômico do estado de Minas
Gerais, Rogério Bellini, enxerga a desaceleração e queda nas exportações no mercado do
minério de ferro para a China como algo natural “A China vinha em uma crescente econômica
muito intensa e voltada para o consumo interno. O próprio FMI (Fundo Monetário
Internacional) previu que em determinado momento esse crescimento iria frear de forma
natural”. O índice atual de crescimento da economia chinesa está em torno de 6,5%, e Bellini
vê como natural a queda nas exportações em Minas pelo fato delas serem muito concentradas
em termos de produto e mercado consumidor. “Mas é importantíssimo ressaltar a estabilidade
no volume exportado e a valorização do dólar, que ameniza significativamente a situação”,
pondera. Além do minério de ferro, outros produtos tiveram o faturamento bruscamente
afetado pela desaceleração na China, conforme o gráfico abaixo. Houve ainda, uma queda no
faturamento geral das exportações de Minas Gerais para a China, de 11,7 bilhões de dólares
para 8,8 bilhões de dólares de 2013 para 2014, de acordo com outros dados da Exportaminas.
Gráfico 3 – Exportação Minas Gerais - China
Fonte: Exportminas (2014)
Todo esse contexto de queda nos índices de crescimento econômico chinês e do faturamento
da exportação de minério de ferro e demais commodities, como açúcar de cana e semi
faturados de aço, agrava a queda na arrecadação de impostos por parte do estado de Minas
Gerais. O que gera diminuição dos investimentos no bem-estar social dos cidadãos mineiros.
Como recursos disponíveis para a educação, saúde e infraestrutura. Afinal, deve-se levar em
- 2467 -
Anais do V Simpósio de Engenharia de Produção - SIMEP 2017 - ISSN: 2318-9258
conta a atual conjuntura econômica de retirada de subsídios em setores estratégicos, aumento
de impostos e desvalorização do real, e elevados índices de desemprego que afeta o Brasil e o
estado de forma mais intensa neste ano.
Rogério Bellini não se arrisca a identificar qual crise está afetando mais a queda na
arrecadação de impostos e investimentos “Com certeza Minas Gerais sofreu uma queda
significativa na arrecadação de impostos e nas verbas disponíveis para o desenvolvimento do
estado”. Mas ele ressalta que o governo federal e todos os estados brasileiros vivem um
momento de crise no contexto econômico atual e afirma que a queda na arrecadação e nos
investimentos do estado estão acontecendo por uma conjugação de fatores. “É inviável em
meio a tantas situações econômicas desfavoráveis no Brasil e no mundo, como um todo,
determinar o tanto, em dados exatos, que somente a crise na China, por exemplo, afetou a
nossa economia aqui em Minas. Seria uma engenharia intransitável”.
Ainda sobre as consequências da atual crise econômica, Sérgio Guerra diz: “A queda no
faturamento das empresas exportadoras reduz a receita tributária do estado, o pagamento de
royalties e, consequentemente, a capacidade do poder público de arcar com os custos da
prestação de serviços”. De acordo com Guerra, isso ocorre principalmente naqueles
municípios nos quais ocorre a exploração mineral e que contam com receitas de royalties para
fazer face a grande parte de suas despesas. Nesses municípios, houve redução mais veemente
na prestação de serviços”, completa.
Em relação à desaceleração do crescimento econômico chinês, a previsão é de queda nos
preços internacionais das commodities permaneça até 2017 e se recupere a partir de 2018.
Porém, provavelmente, sem atingir os mesmos índices elevados que se alcançou entre 2005
2013 nas exportações de Minas para a China.
Cynthia Rodrigues cita o exemplo do minério de ferro: “Até 2016, 2017 a tonelada do minério
de ferro deve se manter na faixa de 50 dólares. Há expectativa que em 2018 possa atingir uns
60 dólares e a partir daí cresça gradativamente até uns 70 dólares. Dificilmente se alcançará
80 dólares novamente”.
Já Rogério Bellini enxerga competitividade de novos produtos em meio à desaceleração
chinesa “Com essa freada da China e a produção focada no mercado consumidor do próprio
país, novos produtos, principalmente de alimentos e agronegócios, como carne bovina e o
frango, produzidos no Brasil e em Minas, devem se tornar mais competitivos no mercado
internacional”, destaca.
Sérgio Guerra também prevê crescimento nas exportações de alimentos de Minas para a
China, mas a enfatiza a necessidade de adaptação por parte da indústria mineira, em meio à
- 2468 -
Anais do V Simpósio de Engenharia de Produção - SIMEP 2017 - ISSN: 2318-9258
crise econômica nacional e chinesa, para a própria sobrevivência: “Empresas mineiras que
exportem alimentos para a China tendem a se beneficiar nos próximos anos.
Por outro lado, as empresas chinesas têm desenvolvido competitividade em setores produtores
de bens tecnologicamente mais sofisticados, aumentando a competição para empresas
mineiras que atuam nestes setores”. Assim, conforme Guerra nos explica, aquelas empresas
que conseguirem produzir com custos competitivos, prosperarão no comércio internacional.
As demais, devem ter dificuldades para vender produtos até mesmo no mercado interno.
Considerações finais
Conclui-se que o minério de ferro é o principal commoditie utilizado na indústria siderúrgica,
por ser a matéria-prima do aço é um elemento básico na fabricação de produtos para a
infraestrutura. O Brasil domina junto com a Austrália, maior parte do comércio internacional
do minério, dado que o teor e a qualidade de seus minérios são excelentes.
Além de ser o segundo maior produtor o Brasil é também o segundo maior exportador de
minério de ferro, sendo a China o principal destino, por sua vez a China importa cerca de 65%
de todo o minério de ferro comercializado no mundo, tudo isso devido a sua crescente
expansão, que em 2014 obteve uma queda em relação aos anos anteriores ocasionada pela
mudança de seu modelo econômico, que deixou de ser predominantemente exportador para
ser uma economia de consumo interno a fim de buscar um reequilíbrio, sem depender
excessivamente de suas exportações.
Com a China cortando investimentos em infraestrutura o volume de exportação de minério de
ferro brasileiro, caiu gerando um impacto na economia brasileira e nas empresas de extração
do minério.
Referências
ALVARENGA, Darlan; LAPORTA, Taís. Entenda o que está acontecendo na China e os
reflexos
nos
mercados.
2015.
Disponível
em:
<http://g1.globo.com/economia/mercados/noticia/2015/08/entenda-o-que-esta-acontecendona-china-e-os-reflexos-nos-mercados.html>. Acesso em: 27 jun. 2015.
BRASIL. Departamento Nacional de Produção Mineral. Distrito Regional, 6. Encontro
nacional sobre minérios de metais não ferrosos. Goiânia: DNPM, jun. 1975. [s.p.].
- 2469 -
Anais do V Simpósio de Engenharia de Produção - SIMEP 2017 - ISSN: 2318-9258
BRASIL. Departamento Nacional de Produção Mineral. Economia mineral do Brasil.
Brasília (DF): Cidade Gráfica e Editora, 2009. 763 p., il. ISBN 9788562258046. Disponível
em: <http://www.dnpm.gov.br/conteudo.asp?IDSecao=68&IDPagina=1461>. Acesso em: 25
abr. 2016.
CASTRO, André; ALENCAR, Karoline de. Desaceleração da economia chinesa reduz
bruscamente o faturamento de Minas nas exportações do minério de ferro e outras
commodities. 2015. Disponível em: <http://www.fca.pucminas.br/omundo/desaceleracao-daeconomia-chinesa-reduz-bruscamente-o-faturamento-de-minas-nas-exportacoes-do-mineriode-ferro-e-outras-commodities/>. Acesso em: 07 out. 2015.
DNPM – Departamento Nacional de Produção Mineral. Economia mineral do Brasil – 2009.
Disponível
em:
<https://sistemas.dnpm.gov.br/publicacao/mostra_imagem.asp?IDBancoArquivoArquivo=397
4>. Acessado em 26/04/2016.
DNPM – Departamento Nacional de Produção Mineral. Sumário Mineral 2011 – 2011.
Disponível
em:
<https://sistemas.dnpm.gov.br/publicacao/mostra_imagem.asp?IDBancoArquivoArquivo=637
4>. Acessado em 26/04/2016.
FREITAS, Giuliani Silva Barbosa de. A demanda por minério de ferro no contexto das
relações entre Brasil e China. 2012. 23 f. Monografia (Especialização) - Curso de Relações
Internacionais, Universidade de Brasília, Brasília, 2012.
PARKIN, Michael. Economia. 8ª Ed. Pearson Prentice Hall, São Paulo, 2008.
PEREIRA, Suzana de Ávila Cortes. O Mercado de Minério de Ferro. 2012. 37 f.
Monografia (Especialização) - Curso de Engenharia de Recursos Minerais, Departamento de
Engenharia de Minas, Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais, Minas
Gerais, 2012.
QUARESMA, L.F. – Relatório Técnico 18 – Perfil da Mineração de Ferro – 2009. MME,
Ministério de Minas e Energia, Brasília, DF.
REVISTA CONJUNTURA ECONÔMICA: China: a hora de mudar o mantra do
desenvolvimento. Rio de Janeiro: Fgv, v. 65, n. 5, maio 2011. Disponível em:
<http://portalibre.fgv.br/main.jsp?lumPageId=4028809A203E1B74012048F081154692&cont
entId=8A7C82332F7148B3012FFA39A94F533B>. Acesso em: 02 jun. 2016.
- 2470 -
Anais do V Simpósio de Engenharia de Produção - SIMEP 2017 - ISSN: 2318-9258
ROZOWYKWIAT, Joana. China vive transição em modelo de desenvolvimento. 2016.
Disponível em: <http://www.vermelho.org.br/noticia/274753-2>. Acesso em: 05 jun. 2016.
ROCHETA, João Farrejota. Navios de Carga e a sua evolução futura. 1997. Centro de
Estudos da Marinha.
- 2471 -
Download