Manta Térmica

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Parecer do
Grupo Técnico de
Auditoria em Saúde
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Tema: Manta Térmica
I – Data: 14/01/2005
II – Grupo de Estudo:
Dra. Silvana Márcia Bruschi Kelles
Dr. Adolfo Orsi Parenzi
Dra. Lélia Maria de Almeida Carvalho
III – Tema: Manta de Aquecimento
IV – Especialidade(s) envolvida(s): Anestesiologia, Medicina intensiva.
V – Questão Clínica / Mérito: Houve solicitação por parte dos hospitais
Semper e Felício Rocho para inclusão da Manta Térmica com insuflação de ar
aquecido na lista de materiais da Unimed-BH, para evitar complicações de
hipotermia.
VI – Enfoque:
Tratamento
Prognóstico
VII – Introdução:
A hipotermia é um problema importante e frequente durante e após atos
anestésico-cirúrgicos e em pacientes com choque em geral. Tem também
demonstrado produzir graves efeitos fisiológicos:
-
redução da função plaquetária e diminuição da ativação da coagulação, o
que leva a um aumento de sangramento (coagulopatia), acarretando maior
consumo de sangue e de derivados.
-
distúrbios hidroeletrolíticos.
-
prolongamento da ação de drogas anestésicas e dos bloqueadores
neuromusculares, retardando o período de recuperação anestésica.
-
isquemia miocárdica.
-
tremores no pós-operatório causando grande desconforto e ativação
adrenérgica aumentando o consumo de oxigênio e isquemia miocárdica.
O risco de hipotermia é maior em neonatos, pacientes geriátricos em cirurgias
de alta complexidade e de grande porte (ortopédicas, neurológicas e
cardiovascular), com tempo cirúrgico prolongado e com grande perda
sanguínea, politraumatizados e grandes queimados.
Existem algumas maneiras de aquecer o paciente como cobertores de algodão,
colchões térmicos de água e sistemas de aquecimento que envolvem o
paciente com ar aquecido e ativamente transferem calor através da pele,
usando um equipamento que aquece o ar que flui para uma manta leve que
está sobre o paciente.
O fluxo ativo de moléculas aquecidas age como um meio altamente efetivo e
seguro de transferência de calor.
O aquecimento consta de um dispositivo para gerar e insuflar o ar aquecido
pelas mantas.
Tipos de mantas:
Para corpo inteiro adulto e infantil;
Para membros superiores e membros inferiores.
Material:
Misto ( polietileno e celulose).
É impermeável.
O equipamento é fornecido ao hospital através do sistema de comodato.
VIII – Metodologia:
1. Bases de dados pesquisadas : Bireme, Cochrane, Google,
Literatura primária.
2. Palavras-chave utilizadas: Hipotermia, Manta Térmica, Manta
de aquecimento, Hypothermia.
3. Desenhos dos estudos : Artigo de Revisão, Caso Controle,
Coorte.
4. População incluída e excluída : pacientes em pré e pós
operatórios de cirurgias de grande porte e em CTI.
5. Resultados ( referências selecionadas por tipo ): artigos de
revisão, Caso-controle.
IX – Revisão Bibliográfica:
Existem vários trabalhos na literatura médica sobre hipotermia e seus efeitos
indesejáveis.
1- Artigo de Revisão: dez artigos avaliando diversas consequências da
hipotermia em pacientes submetidos a procedimentos cirúrgicos (1).
Conclui que existe diferença estatisticamente significativa considerando a
hipotermia no pós-operatório nos seguintes aspectos:
-
Maior permanência hospitalar ( p < 0,01 )
-
Maior necessidade de transfusão sanguínea ( p < 0,001 )
-
Maior índice de complicações cardíacas ( p < 0,05 )
-
Maior duração da ação das drogas anestésicas ( p < 0,001 )
-
Aumento dos tremores no pós-operatório ( p < 0,005 )
-
Aumento do tempo de recuperação pós-operatória ( p < 0,001 )
-
Aumento da ativação adrenérgica ( p < 0,05 )
-
Desconto térmico ( p < 0,001 )
2- Estudo comparativo randomizado com 300 pacientes submetidos a cirurgia
de Artroplastia Total de Joelho.(2)
Os pacientes desse estudo foram divididos em 3 grupos para avaliação de
recuperação de temperatura normal ( 36,5°c ) no pós-operatório.
1.º grupo usou 2 cobertores.
2.º grupo usou 1 cobertor e 1 manta de isolamento térmico.
3.º grupo usou 1 manta térmica com insuflação de ar quente.
Resultado do estudo:
Os pacientes que usaram a manta térmica necessitaram de 18,75 minutos para
recobrar a temperatura de 36,5ºc no pós-operatório, enquanto os que usaram 2
cobertores necessitaram de 36,43 minutos,
e aqueles com 1 cobertor e 1
manta de isolamento necessitaram de 41,78 minutos ( p < 0,001 ).
A conclusão do trabalho é favorável à utilização da manta térmica com
insuflação de ar quente como melhor opção para recuperar a temperatura.
3- Discussão sobre os efeitos deletérios da hipotermia peri-operatória
relacionada com aumento de perda sanguínea e maior necessidade de
hemotransfusão. O autor discute o aspecto de que a transfusão traz consigo
o maior risco de transmissão de doenças infecto-contagiosas. Avalia ainda
a maior incidência de isquemia cardíaca para pacientes com hipotermia
perioperatória e a maior dificuldade de fechamento da ferida cirúrgica por
má perfusão da pele. (3)
4- Ensaio clínico randomizado comparando os resultados de 300 pacientes
submetidos a cirurgia abdominal, torácica ou vascular que apresentavam
doença coronariana documentada ou em risco de doença coronariana. Os
resultados apontam para maior morbidade para eventos cardíacos naqueles
pacientes que apresentaram hipotermia no per-operatório. A conclusão
mostra que a manutenção da normotermia no per-operatório, pode reduzir a
incidência de morbidade cardíaca e taquicardia ventricular.(5)
X – Análise de Impacto Financeiro:
O valor da Manta Térmica segundo o distribuidor é R$ 84,84 a R$ 105,04.
Pode ser reutilizada em torno de 10 vezes.
Espera-se, com a incorporação, uma redução na utilização de vasodilatadores
durante a cirurgia, do uso de hemoderivados, antibióticos, oxigênio, e da
permanência do paciente.
XI – Parecer do GTAS:
Após análise de literatura nosso parecer é favorável a inclusão da Manta de
Aquecimento para cirurgias de grande porte (porte 6 e 7 ) em idosos, neonatos,
politraumatizados e grandes queimados.
Sugerimos o pagamento de 1/10 do valor.
XII – Referências Bibliográficas:
1-Sessler DI, Mild perioperative hypothermia, NEJM 1997; 336 (24): 173037.
Siew-Fong NG el al, A comparative Study of Three Warning Interventions to
determine the effective in maintaining Perioperative Normothermia, Anesth
Analog 2003; 96: 171-6.
2- Nortcliffe A, Buggy DJ. Implication of Anesthesia for Infection and Wound
Healing. Int. Anaesthesiol. Clin., Vol. 41, No. 1, Winter 2003: 31-64.
3- Macario A et al. What are the most Important Risk Factors for a Patient’s
Developing Intraoperative Hypothermia? Anest Analg 2002; 94: 215-20.
4- Frank SM et al. Perioperative maintenance of normothermia reduces the
incidence of morbid cardiac events. A randomized clinical trial. JAMA 1997;
vol 277(14): 1127-34.
XIII – Anexos:
Bibliografia
Processo original de solicitação de inclusão
Outros
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