Atualidades - Estuda Que Passa

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Atualidades
Conflitos na África e no Oriente Médio
Professor Thiago Scott
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Atualidades
CONFLITOS NA ÁFRICA E NO ORIENTE MÉDIO
África
Um dos desdobramentos mais trágicos das lutas desencadeadas a partir do processo de independência são as guerras civis. Trata-se da consequência mais visivel e sangrenta da criação de
fronteiras artificiais responsáveis pela divisão política do continente africano. Conflitos ancestrais tornaram-se guerras que desencadearam elevado índice de mortes, muitas vezes acompanhadas de golpes de Estado e instauração de ditaduras corruptas, interessadas em assegurar
privilégios de minorias. A seguir, serão apresentados alguns exemplos dessas guerras.
1. RUANDA E BURUNDI:
Um dos maiores exemplos dessa luta mortal entre tribos é a que envolve hútus e tútsis nos
territórios hoje divididos em Ruanda e Burundi. Originalmente denominada Ruanda-Burundi,
até a primeira guerra mundial essa região pertencia à África Oriental Alemã. Em 1919, após a
derrota dos alemães na guerra, os belgas assumiram o controle do território em questão.
Os conflitos na região, porém, remontam aos séculos XII e XV, quando chegaram ao local grupos hútus e tútsis, que conviveram ali durante muito tempo. Em termos de língua ou de aspecto físico, os dois grupos não apresentam grandes diferenças; já do ponto de vista econômico,
enquanto os tútsis criavam gado, os hútus eram agricultores.
Sob o domínio Belga, os tútsis, que correspondiam a cerca de 15% da população foram escolhidos pelo poder colonial para "governar" o país. A maioria hútu (cerca de 85%) ficou excluída do
processo social e econômico. Como não poderia deixar de ser, os hútus passaram a defender
um governo que representasse os seus interesses. Em 1959, os agricultores hútus rebelaram-se
contra a monarquia tútsi apoiada pelos Belgas e abriram caminho para separar Ruanda e Burundi. Em 1961, sob a liderança hútu, Ruanda ganharia status de República, e,no ano seguinte,
a Bélgica reconheceria sua independência. Perseguidos os tútsis procuraram abrigo nos países
vizinhos. Por sua vez, Burundi também se tornou independente nesse ano, sob monarquia tútsis.
Entretanto a paz não foi alcançada. Em 1963, tútsis exilados no Burundi organizaram um exército e voltaram para Ruanda, sendo massacrados pelos hútus. Outros massacres sucederam-se
até que, em 1973, um golpe de Estado levou ao poder, em Ruanda, o coronel Juvénal Habyarimana, de etnia hútu. Apesar dos conflitos persistirem, pode-se afirmar que houve uma trégua
nas duas décadas seguintes.
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Em 1993, o governo de Ruanda, liderado pelos hútus, assinou um acordo de paz com a liderança
tútsi, pelo qual os refugiados poderiam voltar ao país e participar do governo. Em abril do
ano seguinte, retornando de uma conferência na Tanzânia, os presidentes hútus de Ruanda e
Burundi foram vítimas de um acidente aéreo. A morte desses líderes desencadeou a volta dos
massacres. No Burundi apesar da condição de minoria étnica, os tútsis detinham o controle do
exército e deram um golpe de Estado em 1996, quando nomearam para presidente um major
dessa etnia. Além disso obrigaram grande massa de hútus a viverem na condição de refugiados
nos chamados "campos de reagrupamento", que reúnem cerca de 10% da população (cerca
de 800 mil pessoas), segundo dados da organização não governamental Anistia Internacional.
Outros 700 mil refugiados vivem fora das fronteiras do país, mais precisamente em países
limítrofes, como Tanzânia e Uganda, criando sérios problemas para os dois governos, que não
tem condições de garantir ajuda humanitária a essa população. Em Ruanda, onde a violência
não tem sido menor, calcula-se que 13% da população tenha morrido na guerra desencadeada
em 1994 pelos hútus, sendo 90% desse total integrante da minoria tútsi, segundo dados da
ONU.
MAPA DE RUANDA E BURUNDI - PAÍSES AFRICANOS
(Fonte: www.googleimagens.com.br)
2. BIAFRA:
Outro exemplo dos terríveis efeitos das fronteiras artificiais foi a guerra de Biafra no final dos
anos 1960 e início da década seguinte. Província da Nígéria, Biafra é uma ex-colônia britânica
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que possui mais de 250 etnias. Em 1966, os Ibos, uma dessas tribos, tomaram o poder, provocando o aumento das rivalidades contra os Iorubas e os hauçás. Em consequência de um contragolpe, os Ibos foram massacrados no norte do país, onde são minoria. Eles deslocaram-se
então para o leste da Nigéria, mais precisamente para a província de Biafra. No ano sequinte,
os Ibos da pronvíncia de Biafra declararam sua independência, aprofundando a guerra civil, que
se prolongou até 1970. Um boicote econômico por parte das empresas petroliferas (a Nigéria
é membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo, a OPEP)impediu o desenvolvimento do novo país e pôs fim ao projeto de separação dos Ibos, já que tal divisão poderia trazer
problemas para essas empresas. Ao final do conflito, cerca de 1 milhão de biafrenses, quase
todos Ibos, haviam morridos, vitimados pela fome ou por doenças. A Nigéria contudo, continuou como palco de golpes de Estado, liderados por chefes militares, o que tem tornado difícil
a superação dos seus graves problemas internos.
PROVÍNCIA DE BIAFRA (NIGÉRIA)
(Fonte: www.googleimagens.com.br)
CRIANÇAS SUBNUTRIDAS DURANTE A GUERRA OCORRIDA NA PROVÍNCIA DE BIAFRA - NIGÉRIA.
(Fonte: www.googleimagens.com.br)
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3. ANGOLA E MOÇAMBIQUE:
Também na chamada África Portuguesa (Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde e São
Tomé e Principe), as lutas pela independência revelaram-se sangrentas. Moçambique e Angola,
por exemplo, libertaram-se após violentas guerras contra Portugal, em 1975.
Em Angola, o movimento anticolonial assumiu contornos especiais em razão do contexto da
Guerra Fria. Os grupos angolenses de orientação Marxista procuraram apoio junto a países
como Cuba e União Soviética, enquanto grupos liberais buscaram ajuda norte-americana. Proporcionado a independência de Angola, o acordo de Alvor, assinado em janeiro de 1975, não
foi capaz de propiciar um entendimento entre esses grupos políticos, que passaram a lutar pelo
poder no país. A Guerra Civil ganhou força, especialmente porque os Estados Unidos não timha interesse na instalação de regimes socialistas na África. Por outro lado, o bloco socialista
também via no conflito uma oportunidade de fortalecer o seu bloco, caso Angola passasse a
integrá-lo.
Foi só com o fim da Guerra Fria que se ampliaram as condições para um tratado de paz e um
acordo entre as duas organizações, abrindo oportunidade para a realização das primeiras
eleições pluripartidárias do país, em 1992. O Movimento Popular Pela Libertação de Angola (MPLA, de esquerda, foi alçado ao poder, com José Eduardo dos Santos. Entretanto Jonas
Savimbi, seu opositor de direita (apoiado pelos Estados Unidos), não reconheceu o resultado,
e a Guerra Civel recomeçou. Com a morte de Jonas Savimbi durante um combate em abril de
2002,seu grupo foi finalmente desarticulado, abrindo caminho para um processo de paz mais
duradouro. O trágico saldo da Guerra Civil de mais de duas décadas é um país arrasado em
toda a sua infra-estrutura, afetado por doenças que matam centenas de pessoas por dia e que
se tornou o detentor do maior percentual mundial de pessoas mutiladas por minas terrestres.
Além de mutilar as minas dificultam a prática da agricultura. Consequentemente, Angola é um
dos países mais pobres do mundo, em que cerca de 60% da população é analfabeta e somente
40% fala o português, língua oficial do país.
O caso de Moçambique, outra ex-colônia portuguesa, não difere muito do angolano. Em 1975,
Moçambique conseguiu a independência, a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO),
de orientação Marxista, chegou ao poder com um sistema de partido único, e o seu lider, Samora Machel, tornou-se presidente do país. Moçambique enfretaria problemas parecidos com
os de Angola, ou seja, ali também os conflitos girariam em torno da divisão entre socialistas e
capitalistas. A FRELIMO apoiada pelos governos socialistas, enfrentaria a Resistência Nacional
Moçambicana (RENAMO), que tinha como principais aliados os Estados Unidos e a África do
Sul. Em 1992 a FRELIMO e a RENAMO assinaram o acordo de paz, dando esperança de dias
melhores para os Moçambicanos. Em 1994, foram realizadas eleições pluripartidárias, e a FRELIMO saiu vitoriosa por meio da eleição de Joaquim Alberto Chissano. a RENAMO permaneceu
como a segunda força política do país, optando pelo caminho das armas. Em 1999 Chissano foi
reeleito, apesar das denúncias de fraudes, feitas pela oposição, que não foram comprovadas.
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Oriente Médio
O Oriente Médio, região situada ao lado do Ocidente tendo como referência o Mar Mediterrâneo, inclui os países costeiros do Mediterrâneo Oriental (da Turquia ao Egito), a Jordânia, Mesopotâmia (Iraque), península Arábica, Pérsia (Irã) e geralmente o Afeganistão.
A condição de área de passagem entre a Eurásia e a África, de um lado, e entre o Mar Mediterrâneo e o Oceano Índico de outro, favoreceu o comércio de caravanas que enfraqueceu-se
posteriormente em proveito das rotas marítimas, renovadas pela abertura do canal de Suez em
1869. Logo antes da Primeira Guerra Mundial, a região já era a maior produtora petrolífera do
mundo e, por isso, despertava o interesse das grandes potências, tornando-se objeto de rivalidades e conflitos internacionais. Além da economia baseada no petróleo e das fortes desigualdades sociais, a região também apresenta problemas nas uniões tribais e étnicas, na fragilidade
das estruturas de governo e, sobretudo na centralização islâmica da vida política.
A maioria dos Estados do Oriente Médio surgiram sob influencia do imperialismo franco-britânico, com a queda do Império Turco-Otomano após a I Guerra Mundial, assim a maior parte da
região seria dividida em protetorados. A Palestina, a Transjordânia (atual Jordânia), o Egito, o
Iraque (antiga Mesopotâmia) e a Pérsia (atual Irã) ficaram sob domínio da Inglaterra e a Síria e
o Líbano tornaram-se protetorados franceses. Essa divisão obedeceu aos interesses das potências, que não levaram em conta os problemas específicos da região como as minorias étnicas e
religiosas.
Após a Segunda Guerra Mundial, os países do Oriente Médio tentaram relegar a religião somente à esfera privada, através do nacionalismo pan-arabista, cujo maior líder foi o presidente
egípcio Gamal Abdel Nasser. Na década de 1970, as massas urbanas e a classe média se afastaram do nacionalismo, adotando o fundamentalismo islâmico, que consolidou-se como ideologia dominante nas últimas décadas do século XX, principalmente após a Revolução Iraniana de
1979 e a ascensão do Talibã ao poder no Afeganistão.
O Oriente Médio permanece uma das áreas mais instáveis do mundo, devido a uma série de
motivos que vão desde a contestação das fronteiras traçadas pelo colonialismo franco-britânico, a posição geográfica, no contato entre três continentes; suas condições naturais, pois a
maior parte dos países ali localizados são dependentes de água de países vizinhos; a presença
de recursos estratégicos no subsolo, caso específico do petróleo; posição no contexto geopolítico mundial; até a proclamação do Estado de Israel na Palestina em 1948, o que de imediato
provocou uma série de conflitos conhecidos como as guerras árabes-israelenses, entre eles a
guerra de independência de Israel, a Guerra dos Seis Dias, a Guerra de Suez e a Guerra do Yom
Kippur.
Guerra do Golfo
Durante as décadas de 80 e 90, o Iraque passava por uma crise devido ao baixo valor do petróleo. O país achava que a culpa era do Kuwait, porque os iraquianos acreditavam que eles haviam vendido suas cotas de petróleo por um preço acima do estipulado pela OPEP (Organização
dos Países Produtores e Exportadores de Petróleo). Por causa disso, o Iraque invadiu o Kuwait.
Como muitos países compravam esse produto do daquele país, todos temeram que os conflitos
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pudessem aumentar o seu valor. A ONU estabeleceu um prazo para que Saddam Hussein retirasse suas tropas da região.
Em 1991, após o não cumprimento de retirada pelo Iraque, os EUA deram início à operação
denominada Tempestade no Deserto. Essa operação durou seis semanas, tendo como consequências a desocupação do Kuwait e o país recebeu sanções da ONU.
Guerra do Afeganistão
Durante o século XX, o país sofreu com diversas ditaduras e após problemas como o Paquistão,
ele se aproximou da União Soviética, que lhe deu apoio. Posteriormente, o país se aproximou
dos EUA e teve como resposta um ataque soviético para ocupá-lo. Com a eleição de Mikhail
Gorbatchev, em 1985, a Rússia passou a ter menos gastos com os militares e favoreceu o avanço de grupos como o Taleban, formado por estudantes.
O Taleban conquistou o poder em 1996 com a eleição de Mohammad Omar, que tinha o objetivo de retirar qualquer modernidade do país. Nesse governo, o terrorista Osama Bin Laden passou a viver no Afeganistão. Ele criou o grupo da Al Qaeda que, com o intuito de proteger os povos muçulmanos das tentações ocidentais, determinou que os EUA seriam seus inimigos. Esse
grupo atacou os Estados Unidos diversas vezes; porém, o maior ataque ocorreu do dia 11 de
setembro de 2001. Terroristas sequestraram aviões comerciais nos EUA, que bateram nas Torres Gêmeas do World Trade Center, no edifício do Pentágono e outro avião que caiu na mata.
Osama Bin Laden foi executado pelo Exército americano, no dia 02 de Maio de 2011, em uma
ação militar aliada ao governo do Paquistão. O líder da Al Qaeda se encontrava em uma casa
totalmente protegida, na cidade de Abbotabad, próxima à capital do Paquistão, Islamabad. Foram utilizados, na operação, cerca de quatro helicópteros e um pequeno contingente com apenas soldados dos Estados Unidos.
Além de Osama, morreram uma mulher e mais três homens, sendo que, um deles, era filho
do terrorista mais procurado do mundo. Um exame de DNA foi realizado para comprovar que
o corpo era realmente dele. Segundo as autoridades americanas, o corpo foi jogado ao mar,
respeitando-se as tradições islâmicas.
Pela primeira vez, o país mais poderoso do mundo havia sido atacado daquela forma em solo
americano. Milhares de pessoas morreram, o que levou a uma reação americana que exigia a
entrega de Osama Bin Laden. Não tendo nenhum posicionamento, o Afeganistão foi atacado
e várias regiões do país foram completamente destruídas. O governo Taleban foi deposto e a
Aliança do Norte (grupo formado pelos tadjiques, uzbeques e hazaras) assumiu o comando.
Ainda em 2001, foi realizada uma conferência, conhecida como Acordo de Bonn, que visava estabelecer os rumos da reconstrução do país. Com o acordo, também foi estabelecida a criação
da Força de Assistência e Segurança Internacional. Milhares de civis e soldados de vários países
já morreram nessa guerra que ainda não tem previsão para terminar.
Invasão do Iraque
A invasão do Iraque foi justificada com a alegação de que Saddam Hussein possuía armas de
destruição em massa. O conflito teve início em 2003, com a invasão do país feita pelos EUA.
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Obteve o apoio da Espanha, Itália, Austrália, Inglaterra e Polônia. Os EUA também obtiveram o
apoio da população, que acreditava que atacar preventivamente seria melhor. Porém, quando
os militares chegaram à capital iraquiana, não encontraram Saddam Hussein.
O ex-líder do Iraque foi encontrado naquele mesmo ano, escondido em uma passagem subterrânea. Ele foi julgado por crimes à humanidade e por tentativa de assassinato. Foi condenado e
enforcado posteriormente. Os Estados Unidos pretendiam atacar o país de forma rápida, mas
com os ataques constantes de rebeldes, a guerra continua a causar mortes e baixas no exército
americano. Além disso, o confronto já gastou milhares de dólares e ainda não acabou.
Árabe-Israelense
O conflito que ocorre entre os israelenses e palestinos é um dos mais importantes do Oriente
Médio. Os principais motivos para tantos problemas são as diferenças culturais e a disputa de
terras entre essas duas nações. Além disso, devem ser levados em conta os interesses econômicos e políticos nessas regiões.
Guerra dos Seis Dias
Em 1967, Israel invadiu a Faixa de Gaza, a península do Sinai, a Cisjordânia e as colinas de Golã,
na Síria. Essa guerra, que teve duração de seis dias, mudou a relação do país com seus vizinhos
e deu um novo caminho para o problema da palestina. Antes do conflito, o Egito interrompeu o
Estreito de Tiran. Essa decisão fez com que Israel não pudesse ser abastecido pelo Mar Vermelho.
No dia 05 junho daquele ano, o exército israelense começou a guerra em direção à fronteira
com o Egito e a Síria. A Jordânia atacou cidades israelenses, como Jerusalém e Tel Aviv e, por
isso, o Estado de Israel invadiu a Cisjordânia. A guerra acabou no dia 10 daquele mês e o país
passou a ter como território a Cisjordânia,o leste de Jerusalém, as Colinas de Golã, monte Hermón (que fazia parte do território da Líbia e da Síria), a Faixa de Gaza e o Sinai.
Guerra do Líbano
O Líbano conseguiu se libertar da França em 1945 e sofre diversos problemas com conflitos e
guerras civis. De um lado, se encontram os muçulmanos (xiitas e sunitas) e, do outro, estão os
diversos grupos cristãos (formado por maronitas armênios católicos, etc.). Em 1975, esse país
era democrático e tinha em sua capital, Beirute, um grande centro econômico e bancário no
Oriente Médio. O problema do Líbano era os vários grupos étnicos que habitavam a região e o
poder que os cristãos obtinham em detrimento dos muçulmanos.
Esse país recebeu vários refugiados do Líbano. Sendo assim, os cristãos buscavam a expulsão
dos palestinos e a continuação deles no poder. A guerra civil começou dividindo a região em
druso-muçulmana, com o apoio da OLP e a Aliança Maronita de Direita. O exército do Líbano
ficou fragmentado, deixando o governo enfraquecido. A violência passou a ser mais recorrente
e, em 1976, a Síria invadiu o país. Os sírios começaram a conquistar vários territórios, devido a
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suas alianças com vários grupos libaneses. Com a Síria no país, tropas de diversos países foram
para essa região.
Ainda naquele ano, foi realizado Encontro de Riad que fez com que a Síria restabelecesse contatos com a PLP e saísse do Líbano. Foi designada uma comissão para que se avaliasse a paz
naquela região. Porém, a situação foi alterada quando o líder druso, Kamal Jumblatt foi assassinado. Devido ao fato, os combates voltaram a ocorrer na região. Em 1982, Israel conseguiu
invadir o país e consegue chegar à capital. Depois de dois meses de conflitos, a OLP se retirou
da capital e depois ela saiu do país.
Em setembro de 1982, Israel autorizou que cristãos libaneses invadissem campos de refugiados
palestinos e matassem a população civil. Essa ação ocorreu em resposta à morte do presidente
Bachir Gemayel. Após a chacina, os EUA mandaram tropas para o local e se retiraram em 1984.
Um ano depois, as facções militares libanesas (milícia drusa, milícia Amal e a Falange) assinaram um cessar-fogo. Esse acordo não foi assinado pelo Hezbollah, um grupo radical xiita, pela
Murabitun e algumas partes cristãs.
Em 1989, foi assinada, na Arábia Saudita, uma carta de reconciliação nacional, que havia sido
aprovada por países árabes, EUA e França. A carta estabelecia um governo com muçulmanos e
cristãos e as milícias desarmadas. Mas, Michel Aoun, um general da base cristã, não aceitou a
decisão e se proclamou como presidente da República. No ano seguinte, ele acabou exilado na
França com a ajuda da Síria. O país passou a manter seu exército no Líbano e as milícias começaram a ser desarmadas.
Na região sul, os conflitos ainda continuaram com a atuação dos guerrilheiros do Hezbollah que
atacaram Israel. Os israelenses realizaram ataques aéreos e, em 1998, pretendiam atender determinações da ONU para se retirar da faixa no sul do Líbano.
Conflito Irã-Iraque
O conflito entre Irã e Iraque começou em 1980 e o principal motivo para essa guerra foram as
diferenças religiosas e a presença dos Estados Unidos na região do Oriente Médio. Até o ano de
1979, o Irã era um importante aliado dos EUA no Oriente Médio. Foi nesse período que ocorreu a Revolução Islâmica, no Irã, com a retirada do Xá Reza Pahlevi. Após a revolução, o país se
tornou uma ditadura fundamentalista islâmica, com a defesa da revolução e críticas aos antigos
aliados americanos.
Com a perda de sua aliança e das reservas de petróleo que havia no Irã, os Estados Unidos
decidiram se aproximar do Iraque e de seu novo líder, Saddam Hussein. O conflito teve início
por causa da passagem Chatt-el-Arab, que levou o Iraque ao Golfo Pérsico para que o petróleo
fosse levado do país. Esse canal era controlado pelo Irã, mas podia ser utilizado pelo Iraque sem
maiores problemas. Porém, o líder iraquiano queria o total controle do local e após a recusa do
Irã, as tropas iraquianas invadiram o país destruíram a refinaria de Abadã, a maior da época.
A partir do que aconteceu, os dois países passaram a se atacar, matando milhares de soldados
e população civil. O Iraque recebeu o apoio dos Estados Unidos e de países pertencentes ao
Oriente Médio, que temiam o crescimento do fundamentalismo islâmico, o qual crescia em
solo iraniano. O fim da guerra aconteceu em 1988, pois eles aceitaram uma sugestão das Organizações das Nações Unidas. O Irã deixou de ser uma ameaça e o Iraque passou a não ter mais
o apoio americano.
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A GUERRA CIVIL NA SÍRIA
A ONU considera que a guerra civil na Síria é a maior crise humanitária do século XXI. Hoje,
estima-se que o conflito vitimou ao menos 250 mil pessoas, que mais de 4,5 milhões tenham
saído do país como refugiadas e que outros 6,5 milhões foram obrigadas a se deslocar dentro
da Síria. Com a economia em frangalhos, quase 70% dos sírios que permaneceram agora vivem
abaixo da linha de pobreza. Como começou tudo isso?
Março de 2011 na Síria. Um grupo de crianças em Daraa, no sul da Síria, pichou frases com críticas ao governo, e foi preso. Inconformadas, centenas de pessoas saem às ruas da cidade para
protestar contra as restrições à liberdade promovidas pelo governo do ditador Bashar Al-Assad.
Num primeiro momento, simpatizantes dos que se rebelaram contra o governo começaram a
pegar em armas – primeiro para se defender e depois para expulsar as forças de segurança de
suas regiões. Esse levante de pessoas nas ruas, lutando por democracia, faz parte de um movimento chamado Primavera Árabe e podemos dizer que esse processo culminou no início da
guerra civil na Síria.
O que foi a Primavera Árabe?
A chamada primavera árabe foi um fenômeno que aconteceu em países do Oriente Médio e do
norte da África, em que pessoas – principalmente os jovens – tomaram as ruas pedindo liberdade de expressão, democracia e justiça social. Essas revoltas foram esperançosas para grande
parte desses países, que eram ditaduras longevas – e, de fato, presidentes do Egito, da Tunísia,
da Líbia caíram.
Porém, cinco anos depois do início dessa primavera, pode-se dizer que o único caso de “sucesso” foi o da Tunísia, onde ocorreram eleições diretas, foi aprovada a Constituição mais progressista do mundo árabe e se elegeu um novo governo. No resto dos países, esse clima de tensão
acirrou as disputas de poder entre milícias e favoreceu a expansão de grupos terroristas. Isso
deu espaço a governos ainda mais autoritários que os anteriores.
Como a guerra civil se intensificou?
Após a represália do governo de Assad contra os jovens que estavam se rebelando contra o
regime, alguns grupos foram formados a fim de combater, de fato, as forças governamentais e
tomar o controle de cidades e vilas. A batalha chegou à capital, Damasco, e depois a Aleppo em
2012. Mas desde que começou, a guerra civil na Síria mudou muito.
O Estado Islâmico aproveitou o vácuo de representação por parte do governo, a revolta da
sociedade civil e a guerra brutal que acontece Síria para fazer seu espaço. Foi conquistando territórios tão abrangentes, tanto na Síria como no Iraque, que proclamou seu ‘califado’ em 2014.
Para isso, tiveram de lutar contra todos: rebeldes, governistas, outros grupos terroristas – como
se tivessem feito uma guerra dentro da guerra.
Há evidências de que todas as partes cometeram crimes de guerra – como assassinato, tortura,
estupro e desaparecimentos forçados. Também foram acusadas de causar sofrimento civil, em
bloqueios que impedem fluxo de alimentos e serviços de saúde, como tática de confronto.
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Agentes externos: EUA x Rússia
Pelo avanço do Estado Islâmico no ganho de territórios, os Estados Unidos fizeram ataques aéreos na Síria em tentativa de enfraquecê-lo, evitando ataques que pudessem beneficiar as forças de Assad – isso em 2014. Em 2015, a Rússia fez o mesmo contra terroristas na Síria, mas ativistas da oposição dizem que os ataques têm matado civis e rebeldes apoiados pelo Ocidente.
O resumo da obra em termos de apoio é esse: a Rússia e os Estados Unidos querem o fim do
Estado Islâmico. Porém, os Estados Unidos querem a queda do governo de Bashar Al-Assad –
por considerarem que seu regime não-democrático é prejudicial à Síria – e, por isso apoia os rebeldes; por outro lado, a Rússia acredita na força de Assad e está apoiando seu regime. A Síria,
então, é o território do fogo cruzado dessa guerra fria.
GRUPOS ENVOLVIDOS NO CONFLITO DA SÍRIA
Governo Sírio e Aliados
O governo sírio é liderado pelo ditador Bashar Al-Assad. Ele é sucessor de uma família que está
no poder desde 1970. O regime no país era brutal com a população, de partido único e laico –
apesar de a família Assad ser xiita. Apesar de não apoiarem o ditador, cristãos, xiitas e até parte
da elite sunita preferem ver Assad no poder diante da possibilidade de ter um país tomado
pelos extremistas.
Quanto às alianças externas, Assad conta com o apoio do Irã e do grupo libanês Hezbollah.
Juntos eles formam um “eixo xiita” – ou seja, seguem essa interpretação da religião islâmica –
no Oriente Médio. O grupo se opõe a Israel e disputa a hegemonia no Oriente Médio com as
monarquias sunitas, lideradas pela Arábia Saudita. O principal aliado de fora é a Rússia, que
mantém uma antiga parceria com a Síria. Tanto o apoio do Hezbollah e das milícias iranianas,
quanto os bombardeios mais recentes realizados pelas forças russas têm sido fundamentais
para a sobrevivência do regime de Assad.
Grupos rebeldes
Uma das primeiras forças internas que se rebelou contra o governo sírio, praticamente começando a guerra civil na Síria, foram os grupos sunitas – Assad é xiita. São chamados de “rebeldes moderados”, por não serem adeptos do radicalismo islâmico. A organização está envolvida
com países da Europa e com os Estados Unidos com o objetivo de derrubar o governo de Assad.
Três grandes potências no Oriente Médio também colaboram com os rebeldes: Turquia, Arábia
Saudita e Catar, relevando os interesses dos países próximos à Síria, também.
Extremistas islâmicos
Entre os grupos que querem derrubar Assad, há também facções extremistas islâmicas, que estão fragmentadas em diversos grupos. Uma das organizações que mais conquistaram terreno,
principalmente nos primeiros anos do conflito, foi a Frente Al-Nusra, um braço da rede extre-
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mista Al Qaeda na Síria. Posteriormente, a partir de 2013, o grupo terrorista Estado Islâmico
(EI) aproveitou-se da situação de caos criada pela guerra civil e, vindo do Iraque, avançou de
forma avassaladora e brutal, ocupando metade do território sírio.
Curdos
Os curdos também fazem parte da guerra civil na Síria. São uma etnia de 27 a 36 milhões de
pessoas no mundo que vivem em diversos países, inclusive na Síria e em países vizinhos. Eles
reivindicam a criação de um Estado próprio para o seu povo – o Curdistão. Desde o início do
conflito na Síria uma milícia formada para defender as regiões habitadas pelos curdos no norte
do país, se fortaleceu. Para o regime de Assad, tornaram-se bastante úteis, porque a milícia se
opõe aos rebeldes moderados e também ao Estado Islâmico.
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