O Cerrado como berço de cura: plantas medicinais sob a ótica do

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
CURSO DE BACHARELADO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
ANA CAROLINA MORENO MAZINI
O CERRADO COMO BERÇO DE CURA: PLANTAS MEDICINAIS SOB A ÓTICA
DO CONHECIMENTO E DA TRADIÇÃO DE ERVEIROS NO CAMPUS DA
UFSCAR – SÃO CARLOS
São Carlos
2016
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
CURSO DE BACHARELADO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
ANA CAROLINA MORENO MAZINI
O CERRADO COMO BERÇO DE CURA: PLANTAS MEDICINAIS SOB A ÓTICA
DO CONHECIMENTO E DA TRADIÇÃO DE ERVEIROS NO CAMPUS DA
UFSCAR – SÃO CARLOS
Monografia apresentada junto ao curso de Ciências Biológicas
da Universidade Federal de São Carlos como requisito parcial
à obtenção do título de Bacharel em Ciências Biológicas.
Orientadora: Profa. Dra. Maria Waldenez de Oliveira
Coorientadora: Profa. Dra. Cristina Paiva de Sousa
São Carlos
2016
FICHA CATALOGRÁFICA
Mazini, Ana Carolina Moreno
O Cerrado como berço de cura: plantas medicinais sob a ótica do conhecimento e da tradição
de erveiros no campus da UFSCar – São Carlos. / Ana Carolina Moreno Mazini. -- São Carlos,
2016.
xiii, 107 p.
Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação) - Universidade Federal de São
Carlos. Curso de Bacharelado em Ciências Biológicas.
Título em inglês: The Cerrado as a curing cradle: medicinal plants from the perspective of healer´s
knowledge and tradition in the campus of UFSCar – São Carlos.
1. Cerrado. 2. Plantas medicinais. 3. Conhecimento popular. 4. Práticas Integrativas.
FOLHA DE APROVAÇÃO
ANA CAROLINA MORENO MAZINI
O CERRADO COMO BERÇO DE CURA: PLANTAS MEDICINAIS SOB A ÓTICA
DO CONHECIMENTO E DA TRADIÇÃO DE ERVEIROS NO CAMPUS DA
UFSCAR – SÃO CARLOS
Monografia apresentada junto ao curso de Ciências Biológicas para obtenção do título de
Bacharel em Ciências Biológicas. Universidade Federal de São Carlos.
São Carlos, 04 de abril de 2016.
________________________________________
Orientadora:
Profa. Dra. Maria Waldenez de Oliveira
Universidade Federal de São Carlos
________________________________________
Coorientadora:
Profa. Dra. Cristina Paiva de Sousa
Universidade Federal de São Carlos
________________________________________
Examinador:
Prof. Dr. Ricardo Monezi Julião Oliveira
Universidade Federal de São Paulo
As nuvens de lá não são as mesmas da cidade. Acho que o céu só abre seu sorriso mais largo
e sincero quando avista a mata que resiste, e então se enlaçam num vermelho ancestral...
Dedico...
Aos sábios curadores populares, livres docentes das matas, águas e caminhos.
Ao Cerrado da UFSCar, por me reconectar com a terra.
AGRADECIMENTOS
Aos meus guias e mentores, pela paciência, presença e força nos momentos
dolorosos da vida.
Aos meus queridos avós, em especial à minha avó Aida, por tanto amor que
recebi durante a sua existência aqui na Terra. Amor eterno, vó! Sempre comigo!
À querida Índia e Sr. Antônio, erveiros detentores de um conhecimento lindo e
gigantesco, que com todo amor disponibilizaram tempo e paciência para compartilhar seus
saberes. Muito, muito grata, este trabalho não sairia sem vocês!
Aos meus pais, Stella e Gervasio, pela oportunidade estudar e realizar a
graduação em outra cidade, o que ampliou minha visão em diversos aspectos da existência.
À Luna, Júlia, Branca e Zoé, meus anjos de quatro patas, pelo amor
incondicional e por me receberem com tantos pulos, latidos e lambeijos todas as vezes que
retornava para casa!
À Vanessa, minha irmã de alma e coração, uma das poucas pessoas que me
entende verdadeiramente e me acolheu em todos os momentos mais difíceis em São Carlos,
sempre com o maior amor do mundo. Gratidão também aos seus avós, irmãs e pais, que se
tornaram minha família também.
À Nani, Nini, Rosa e Seu Albino, minha segunda família amada mariliense que
mesmo de longe sempre torceu muito pela minha caminhada.
Ao Bat, por ter me puxado de uma fila de certificados e me ensinar o que
verdadeiramente significa esta passagem de O Pequeno Príncipe: “O verdadeiro amor: uma
rede de relações que lhe permite ser você mesmo”. Gratidão por não soltar minha mão nos
100 metros finais dessa Guerra nas Estrelas, Hans!
À Cida, por tantos benzimentos “à la italiana” com vidros e mais vidros de
azeite...grazie per tanto affetto e riguardo.
Ao Bob, Dory e Catarina, pela presença tão reconfortante quanto pelos de
pelúcia, companheiros fiéis de todos os dias.
Ao Léo, por ter me ensinado a enxergar e amar a beleza do Cerrado, por todo o
apoio e cuidado durante os anos da graduação, pela ajuda imensa em campo.
À Gleydis, amada amiga que conheci em um retiro de silêncio, apenas com o
olhar, e que hoje ocupa um lugar muito especial em minha vida e coração. Obrigada por
dividir seus sonhos comigo e encorajar os meus, te admiro muito!
À Réa, por ter me ajudado imensamente em todos os meus processos nesses
últimos meses. Você não é apenas uma terapeuta, é uma irmã, uma alma curadora que me
abraçou quando eu já não tinha forças. Gratidão, bela flor!
À Marta, amada amiga, por tantos almoços, pela escuta paciente, por me
ensinar a ver o cinza como um início em cor! Obrigada pelo abraço acolhedor e carinhoso de
sempre!
À Sandra, querida amiga, vizinha e guerreira que me ensinou tanto sobre a vida
nesses últimos meses. Obrigada pelos cafés, risadas, sessões de terapia e trocas musicais, você
é um daqueles anjos que aparecem no caminho!
Ao Carlitos, meu brother mais novo, e à dona Eva pelos chocolates na véspera
de entrega do TCC!
Aos meus alunos de Yoga, que me ensinaram tanto no ano passado e foram
indispensáveis para que eu não perdesse a fé no caminho. Agradeço a Ju e ao Victor pela
oportunidade.
À Vani e Seu Edson, pela escuta, orações, por tantos bolos, chás e brigadeiros
compartilhados no pátio da Bio.
À Tenda de Oxossi e do Pai Joaquim, que tantas vezes me acolheram com
carinho, atenção e ervas medicinais.
Ao Coletivo do Cerrado e seus amados membros, que mantêm o Cerrado da
UFSCar de pé. Juntos compartilhamos a luta e o amor pelos ideais.
À Sueli, secretária da Bio que hoje está no céu, por ter resolvido vários dos
nossos pepinos acadêmicos!
deste trabalho.
Às Professoras Waldenez e Cristina, que foram um canal para a realização
A tantas outras pessoas que cruzaram meu caminho e participaram de alguma
maneira do meu crescimento ao longo desses anos.
Por fim, ao Cerrado da UFSCar, lugar que aprendi a amar e respeitar, por me
ensinar tanto sobre resistência, resiliência e transmutação.
O cerrado é entortado.
Assim meio fora de esquadro
Parece que cresce num rumo
E resolve mudar de lado
E tem um jeito, um cheiro,
Um som que é do cerrado
De um barulhinho comprido,
Dos bichinhos falando de lado antes de dormir.
Do vento mexendo com as folhas,
Do rio, que vem fininho, de repente fica alargado.
O cerrado é entortado.
E tem o povo que beira,
Que beira de todo o lado, um povo do pé rachado
Dos pensamento nascente que nem árvore do cerrado
Parece que cresce num rumo
E resolve mudar de lado
Um povo meio entortado
Que sabe o de cumê, o de curar e o de benzer
Que sabe o da viola, sem nunca ter ido pra escola
É um povo que faz questão de fincar o pé no chão,
E olhar bem pro cerrado,
Que é pra ninguém esquecer
Como é bom ser entortado.
Velha do Cerrado, Brasília, 02 de abril de 2005.
RESUMO
O Cerrado é um dos hotspots mundiais, considerado a savana tropical com a maior
diversidade do planeta. Sua heterogeneidade vegetal única abriga aproximadamente
sete mil espécies vegetais, grande parte desconhecida. Apesar disso, 55% de sua área
já foi desmatada. No estado de São Paulo, resta apenas 0.8% da vegetação,
responsável pela recarga do Aquífero Guarani. No município de São Carlos, o
domínio também é bastante fragmentado, sendo que uma área importante está
localizada no campus da Universidade Federal de São Carlos. Graças à sua
heterogeneidade vegetal e a características morfológicas específicas, a flora do
Cerrado apresenta grande potencial medicinal, amplamente disseminado na cultura
popular. Com o objetivo de conhecer as plantas medicinais do Cerrado da UFSCar
sobre a ótica do conhecimento popular de erveiros da região, foi realizada uma turnêguiada na área e uma entrevista semiestruturada (abordando, entre outras questões,
aspectos da cultura e conservação), a fim de contribuir para a valorização do saber e
da vegetação local num momento onde a Política Nacional de Práticas Integrativas e o
movimento de Educação Popular (intensamente ligados à fitoterapia e às tradições)
ganham espaço no município. Os resultados obtidos revelaram o profundo
conhecimento dos erveiros e a importância de se conservar a área de Cerrado da
UFSCar como fonte de estudos sobre plantas medicinais no estado e no país.
Palavras-chave: Cerrado; plantas medicinais; conhecimento popular; práticas
integrativas
ABSTRACT
The Cerrado is one of the world's hotspots, considered the tropical savanna with the greatest
diversity of the planet. Your plant heterogeneity houses approximately 7000 plant species,
largely unknown. Despite this, 55 % of your area has already been deforested. In São Paulo
State, there´s only 0.8 of vegetation, responsible for the Guarani aquifer recharge. In the
municipality of San Carlos, the domain is also fairly fragmented, with an important area is
located on the campus of the Federal University of São Carlos. Because of the heterogeneity
and the specific morphological features, the Cerrado flora presents great medicinal potential,
widely disseminated in popular culture. In order to get to know medicinal plants of the
Cerrado of UFSCar on the optics of the popular healers knowledge in the region, a tour
guided in the area and a semi-structured interview (discussing, among other issues, aspects of
culture and conservation) in order to contribute to the enhancement of knowledge and local
vegetation at a time where the national Integrative Practices Policy and the movement of
Popular Education (intensely connected to the traditions and herbs) gain space in the city. The
results obtained revealed the deep knowledge of the healers and the importance of conserving
the Cerrado area of UFSCar as a source of studies on medicinal plants in the State and in the
Country.
Keywords: Cerrado; medicinal plants; popular knowledge; integrative practices.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Ilustração 1 Área de Cerrado dentro dos limites da UFSCar.................................
Ilustração 2 Percurso Portão Cerrado UFSCar - Quiosque....................................
Ilustração 3 Percurso Quiosque - Portão Cerrado UFSCar....................................
26
28
29
LISTA DE TABELAS
Tabela 1
Tabela 2
Nome popular da planta medicinal citado pelos erveiros, nome
científico da espécie, família da espécie e usos prescritos pelos
informantes-chaves e por três literaturas específicas sobre plantas
medicinais de Cerrado.......................................................................
Nome popular da planta medicinal, nome científico da espécie e
sistemas do organismo humano que apresentam envolvimento com
as ações terapêuticas das plantas medicinais relatadas pelos
informantes-chaves............................................................................
34
55
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1
Gráfico 2
Indicação (em porcentagem) dos procedimentos utilizados para a
administração das plantas medicinais segundo os informanteschaves..................................................................................................
Indicação (em porcentagem) dos sistemas do organismo humano
que apresentam envolvimento com as ações terapêuticas das plantas
medicinais relatadas pelos informantes-chaves...................................
53
57
SUMÁRIO
1.
2.
2.1.
2.2.
3.
4.
4.1.
4.2.
4.2.1.
4.2.2.
4.2.3.
4.2.4.
5.
5.1.
5.2.
5.3.
5.4.
5.5.
6.
7.
DEDICATÓRIA
AGRADECIMENTO
EPÍGRAFE
RESUMO
ABSTRACT
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
LISTA DE TABELAS
LISTA DE GRÁFICOS
INTRODUÇÃO............................................................................................................
REVISÃO DE LITERATURA
O Cerrado: importância ecológica e medicinal
Relações da medicina popular e da fitoterapia com as Políticas Públicas Nacionais..
OBJETIVOS.................................................................................................................
METODOLOGIA.........................................................................................................
Área de estudo..............................................................................................................
Coleta de dados.............................................................................................................
Identificação dos Informantes-Chaves.........................................................................
Identificação das plantas medicinais pelo método turnê-guiada ou walk-in-thewoods............................................................................................................................
Entrevista com os informantes-chaves.........................................................................
Compartilhamento de saberes.......................................................................................
RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................................................
Sobre a turnê-guiada ou “walk-in-the-woods”.............................................................
Sistematização das plantas medicinais identificadas e seus usos segundo os
informantes-chaves e as literaturas...............................................................................
Procedimentos utilizados para a administração das plantas medicinais segundo os
informantes-chaves.......................................................................................................
Sistemas do organismo humano que apresentam envolvimento com as ações
terapêuticas das plantas medicinais relatadas pelos informantes-chaves.....................
Sobre a entrevista realizada com os informantes-chaves.............................................
CONCLUSÕES............................................................................................................
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................................
ANEXOS......................................................................................................................
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65
66
70
13
1. INTRODUÇÃO
Tudo que os livros me ensinassem
os espinheiros já me ensinaram.
Tudo que nos livros
eu aprendesse
nas fontes eu aprendera.
O saber não vem das fontes?
Manoel de Barros
O conhecimento, sem conhecimento do conhecimento, sem a integração
daquele que conhece, é um conhecimento mutilado.
Edgar Morin
Como são longos, tortos, cheios de meandros os caminhos da vida. Assim foi a
jornada da graduação. Depois de passar por muitas experiências, departamentos, laboratórios,
estágios, ainda existia um vazio. A especificidade dos trabalhos em Ciências Biológicas
simbolizava um grande obstáculo para mim, que sempre fui empática a outros campos de
saber, como as áreas de humanas e da saúde.
Certo dia de semana, recebi de última hora a informação sobre uma palestra.
Um seringueiro viria do Acre e iria transitar por algumas universidades do estado, relatando
os problemas que os trabalhadores estão enfrentando na região com desmatamento
descontrolado da Floresta Amazônica. As palavras que ouvi naquela tarde me marcaram
profundamente, expressavam a relação amorosa e harmoniosa que os povos tradicionais
estabeleceram com terra, o respeito por aquilo lhes dava sustento e cura. Osmarino Amânncio
narrou a riqueza dos conhecimentos populares e como eles estavam se perdendo ao longo do
tempo junto com a floresta, cada vez mais devastada, para dar lugar a grandes
empreendimentos agropecuários. E pediu ajuda às Universidades, para que elas atuassem em
conjunto com a comunidade na conservação das áreas e do conhecimento ancestral gerado ali
na mata.
14
O que se tem observado é a prática da supervalorização dos conhecimentos
acadêmicos, muitas vezes respaldados em estudos de casos ocorridos foram da
região de sua aplicação, ou ainda fora da nossa própria extensão territorial, onde as
condições econômicas, sociais e culturais são, como os recursos naturais, diversos.
O que tem se observado é a prática da teoria, desenvolvida de forma a manter as
mãos limpas de terra, os pés altos do chão, a pele longe dos insetos tropicais, o
coração distante dos saberes locais. (MALTY, 2007, p.40)
O assunto que antes já me agradava, passou a ter uma dimensão ainda mais
significativa. O conhecimento, a vivência de quem atua e luta longe dos muros acadêmicos,
são extremamente grandiosos e valiosos, e deveriam dialogar mais com o mundo científico.
Como dizia o sábio escritor e educador Rubem Alves:
A ciência é muito boa - dentro dos seus precisos limites. Quando
transformada na única linguagem para se conhecer o mundo, entretanto, ela pode
produzir dogmatismo, cegueira e, eventualmente, emburrecimento. (ALVES, 1999,
p.115)
Há tanto a compartilhar, tanto a aprender com as vozes dos antigos e sábios,
com os ensinamentos de pessoas que não perderam a afeição, reverência e gratidão pela mata
e seus elementos. Cuidam da terra para que a terra também possa cuidar delas, numa relação
harmoniosa e livre de exploração. O resgate dessa mutualidade frente ao parasitismo
escancarado que observamos há décadas é imprescindível para que o cenário atual seja
transformado. A fala do pagé Ikamuru Agostinho, do povo Huni Kui, que habita a região do
Rio Jordão no Acre, traz essa ideia com clareza:
[...] nós temos sociedade com a natureza. Natureza cuida de nós e nós cuidamos
dela. Por quê? Se nós destruíssemos tudo aqui, não tinha essa sombra, não tinha esse
espaço de preservar nossas culturas, a nossa riqueza, a nossa biodiversidade que
temos nessa floresta [...]. (MURU; QUINET, 2014, p.7)
Depois desta palestra, comecei a pesquisar mais sobre a Etnobiologia, área
transdisciplinar que estuda a relação do homem com a natureza segundo aspectos biológicos,
conservacionistas, culturais, antropológicos, psicológicos, econômicos, entre outros. Um de
seus recortes, a etnobotânica, tem profunda relação com o conhecimento popular sobre
plantas medicinais.
Em 2013, conheci o projeto de “Mapeamento de Práticas Populares de
Educação e Saúde” (MAPEPS) na UFSCar, que desde 2006 tem como objetivo promover
processos de Educação Popular e Saúde através do diálogo e da troca entre os saberes das
15
práticas populares e técnico-científicas no âmbito da universidade e do Sistema único de
Saúde (SUS), procurando aproximar e integrar os agentes dos serviços de saúde, da gestão,
dos movimentos sociais populares, das práticas populares de cuidado e das instituições de
ensino. Em 2014, me inscrevi como aluna em uma Aciepe (Atividade Curricular de
Integração de Ensino, Pesquisa e Extensão) promovida pelo grupo, e tive a oportunidade de
participar de vivências muito agregadoras. A identificação com o propósito do projeto foi
grande, principalmente porque muitas das práticas abordadas faziam parte da minha história
de vida há alguns anos.
Durante as minhas pesquisas, deparei-me com a Farmacopéia Popular do
Cerrado, publicação riquíssima apoiada pelo Ministério do Meio Ambiente e organizada pela
Articulação Pacari, responsável por reunir pessoas e organizações comunitárias que trabalham
com medicina popular e biodiversidade nas várias regiões de Cerrado do país.
Depois de todas essas passagens, vislumbrei a possibilidade de unir as áreas de
conhecimento com as quais tinha afinidade. E o local de estudo estava muito próximo, dentro
da universidade. A UFSCar tem o privilégio de abrigar uma das poucas áreas de Cerrado da
cidade em seus limites, constituindo um local importantíssimo para as atividades de ensino,
pesquisa e extensão da própria instituição e também de outras universidades. Infelizmente, a
área se encontra ameaçada pelos projetos de expansão do campus.
Foi então que surgiu a ideia deste projeto de pesquisa, com o propósito de
conhecer algumas das plantas medicinais da área de Cerrado da UFSCar sob a ótica do
conhecimento popular de erveiros da nossa região, valorizar seus saberes e a flora local,
resgatar a relação amorosa com a terra e promover a conservação da área como importante
fonte de estudos sobre o tema no estado de São Paulo e no país, contribuindo também para
aumentar a lista de plantas medicinais no SUS através de políticas nacionais (como as
PNPICs, PNPMF) e do movimento de EPS.
16
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1 . O Cerrado: importância ecológica e medicinal
Apesar do termo enraizado até mesmo no meio acadêmico, o Cerrado não é um
bioma, e sim um mosaico de biomas. Devido às suas várias fitofisionomias e tipos de solo,
nos referimos ao Cerrado como um domínio biogeográfico (MACHADO et al., 2008). De
acordo com Batalha (2011), devemos considerar o cerrado sensu lato como um conjunto de
três biomas: o campo tropical (campo limpo), a savana (campo sujo, campo cerrado e cerrado
sensu stricto) e a floresta estacional (cerradão). Para Proença et al. (2000), ele é o mais
brasileiro dos ecossistemas sul-americanos, pois, com exceção de algumas pequenas áreas no
Paraguai e na Bolívia, ele está totalmente inserido no território nacional.
Cerrado, por definição, quer dizer fechado, denso, e se origina de “campos
cerrados”, um tipo de campo que não é formado apenas por capins, mas também por arbustos,
pequenas e médias árvores com galhos tortuosos, cascas grossas, troncos resistentes e folhas
duras (DIAS; LAUREANO, 2010). Também encontramos dentro do Cerrado as matas
galerias, com uma vegetação característica das áreas úmidas (semelhante à Mata Atlântica).
Certas literaturas associam a aparência mais “robusta” da vegetação aos seus solos pouco
férteis, ácidos e com alta concentração de ferro e alumínio, enquanto outras afirmam que os
traços marcantes das plantas do Cerrado são decorrentes da falta de água no ambiente; é
contemplado por uma estação seca, que ocorre geralmente de abril a setembro, e um período
chuvoso de outubro a março (DIAS; LAUREANO, 2010).
No tempo da seca, as queimadas naturais e os incêndios provocados pelo
homem são comuns. Após as queimadas, o Cerrado renasce das cinzas e os ramos das plantas
incendiadas rebrotam e crescem tortos. Por isso é comum, quando caminhamos por essa
vegetação savânica, nos depararmos com cascas de árvores pretas, aparentemente sem vida,
mas que em breve exibirão centenas de brotos.
O Cerrado ocupa a região central do Brasil, o que lhe confere características
ainda mais peculiares. É uma vegetação de contato, ou seja, conecta-se com todos os outros
ecossistemas brasileiros: Floresta Amazônica, Mata Atlântica, Caatinga e Pantanal, formando
diversas áreas de transição (ou ecótonos) em suas fronteiras; também é considerado o berço
das águas do país, pois nele se formam três (3) das maiores bacias hidrográficas brasileiras e
17
sul-americanas: bacia do rio São Francisco, bacia dos rios Tocantins/Araguaia, e bacia
Platina, formada pelos rios Paraná/Paraguai (SILVA, 2009).
O Cerrado tem importância indiscutível no Brasil. Sua heterogeneidade vegetal
única abriga aproximadamente sete mil espécies vegetais, entre plantas herbáceas, arbustivas,
arbóreas e cipós, grande parte desconhecida (RIGORATO, 2003). É considerado um
dos“hotsposts” para a conservação da biodiversidade mundial (KLINK; MACHADO, 2005).
Myers, em 1988, conceituou “Hostsposts” como uma área rica em biodiversidade,
principalmente em espécies endêmicas, que possui alto grau de degradação ambiental
(OLIVEIRA et al., 2008).
Quarenta e quatro por cento da flora é endêmica e, nesse sentido, o Cerrado é a mais
diversificada savana tropical do mundo.
As fitofisionomias diversas fazem com o que o cerrado apresente uma diversidade
de espécies muito expressiva. Segundo dados de um inventário florístico, das 914
espécies de árvores e arbustos registrados em 315 localidades de Cerrado, somente
300 espécies ocorrem em mais de oito localidades, e 614 espécies foram encontradas
em apenas uma localidade. (RATTER et al., 1977 apud NETO; MORAIS, 2003,
p.562)
A degradação do Cerrado e a consequente perda de biodiversidade são
alarmantes. Segundo Klink e Machado (2005), “Cerca de metade dos 2 milhões de km²
originais do Cerrado foram transformados em pastagens plantadas, culturas anuais e outros
tipos de uso. As pastagens plantadas com gramíneas de origem africana cobrem atualmente
uma área de 500.000km², ou seja, o equivalente à área da Espanha. Monoculturas são
cultivadas em outros 100.000km², principalmente a soja. A área total para conservação é de
cerca de 33.000km², claramente insuficiente quando comparada com os principais usos da
terra no Cerrado. A destruição dos ecossistemas que constituem o Cerrado continua de forma
acelerada. Um estudo recente, que utilizou imagens do satélite MODIS do ano de 2002,
concluiu que 55% dos Cerrados já foram desmatados ou transformados pela ação humana, o
que equivale a uma área de 880.000km², ou seja, quase três vezes a área desmatada na
Amazônia brasileira. [...] Estas diferenças se devem em parte ao modo que o Código
Florestal trata os diferentes biomas e domínios brasileiros: enquanto é exigido que apenas
20% da área dos estabelecimentos agrícolas sejam preservadas como reserva legal no
Cerrado, nas áreas de floresta tropical na Amazônia esse percentual sobe para 80%”. Os
mesmos autores afirmam ainda que apenas 2,2 % da área total do Cerrado encontra-se
protegida por lei, sendo que aproximadamente 20% das espécies endêmicas ou ameaçadas não
ocorrem nas áreas protegidas, e por isso é a vegetação em maior risco no país.
18
De acordo com Klink e Moreira (2002), o Cerrado foi amplamente modificado, e essas
transformações trouxeram grandes perdas ambientais, como a fragmentação de hábitats,
extinção da biodiversidade, invasão de espécies exóticas, erosão dos solos, poluição de
aquíferos, degradação de ecossistemas, alterações nos regimes de queimadas, desequilíbrios
no ciclo do carbono e possivelmente até mesmo modificações climáticas regionais. Os autores
afirmam ainda que as queimadas feitas para o rebrotamento das pastagens e para abrir novas
áreas agropecuárias provoca a perda de nutrientes, compactação e erosão dos solos e
degradação permanente da biota nativa, pois, apesar do Cerrado ser um ecossistema adaptado
ao fogo e ter grande capacidade de regeneração, o acúmulo de material combustível
(biomassa vegetal seca) somado à baixa umidade do período de estiagem (período em que as
queimadas antrópicas são intensas), tende a gerar temperaturas extremamente altas no solo,
prejudicando permanentemente o rebrotamento da flora.
No estado de São Paulo, o Cerrado está localizado sobre o Aquífero Guarani,
constituindo um solo de recarga para os lençóis freáticos graças às raízes profundas de sua
formação vegetal, um motivo a mais não só para preservar o que resta, mas também para
promover sua recuperação (BITENCOURT, 2004). As áreas remanescentes concentram-se
principalmente nas regiões de Ribeirão Preto, Bauru, São José do Rio Preto e Presidente
Prudente (KLEIN, 2000). Infelizmente, a redução do Cerrado no estado de São Paulo ao
longo das últimas quatro décadas foi de 88,5%, restando atualmente apenas 0,8% da extensão
original (KRONKA, 2005).
O município de São Carlos, localizado na região central do Estado de São
Paulo, tem o Cerrado como vegetação dominante. Atualmente, as áreas verdes estão bem
fragmentadas e empobrecidas, predominando cerrado com diferentes fisionomias, floresta
estacional semidecídua, mata ripária e capoeira (SOARES, 2003). Através dos cálculos das
áreas estimadas para os diferentes tipos vegetacionais, foi possível constatar que o município
era ocupado por 27% de cerrados (cerrado sensu stricto, campo sujo e brejos), 16% de
cerradão, 55% de floresta semidecídua e mata ripária, sendo que, atualmente, há 2% de
cerrados, 2,5% de cerradão, 1% de floresta semidecídua e ripária, e 1,5% de capoeiras
(SOARES, 2003). Parte dessa vegetação de Cerrado remanescente está localizada no campus
da UFSCar.
A flora do Cerrado tem um imenso potencial medicinal não só pela sua
diversidade, mas também por questões morfológicas de sua vegetação.
19
O cerrado é bastante rico em espécies utilizadas na medicina popular, em função de
características morfológicas, como xilopódios e cascas, que acumulam reservas e,
com frequência, possuem substâncias farmacologicamente ativas. Além disso,
apresenta grande diversidade de como ordem, famílias e gêneros, e quanto maior for
a diversidade taxonômica em níveis superiores, maior é o distanciamento
filogenético entre as espécies e maior é a diferença e diversidade química entre elas,
demonstrando, assim, sua importância para pesquisas com plantas medicinais.
(PEREIRA et al., 2007, p. 249)
Sendo assim, considerando a diversidade taxonômica do Cerrado em níveis
superiores, os compostos bioativos produzidos pelas espécies do Cerrado seriam maiores que
os da Floresta Amazônica (NETO; MORAIS, 2003). Em uma pesquisa utilizando o mesmo
método de extração fitoquímica, constatou-se que há diferenças contrastantes também entre
compostos de plantas de Mata Atlântica e compostos de plantas de Cerrado, visto que as
espécies de Mata Atlântica apresentam um pequeno número em grandes quantidades,
enquanto as de Cerrado, um grande número de compostos estreitamente relacionados, mas em
quantidades tão pequenas que só poderiam ser identificados através de análise espectral; por
essas características, o Cerrado deveria ser considerado área prioritária de pesquisas com
plantas medicinais e conservação de recursos naturais. (KAPLAN et al., 1994 apud NETO;
MORAIS, 2003)
Atualmente, os olhos do Brasil e do mundo começam a se voltar para a riqueza
desse bioma de tanta variedade de vida e de tanta diversidade de recursos naturais
para o uso humano. E com isso, redescobre-se como índios e sertanejos faziam para
dele se utilizar, mantendo, ao mesmo tempo, sua vida e vitalidade. Projetos de uso
sustentável do Cerrado se multiplicam, através do diálogo entre o saber popular e o
conhecimento dos técnicos, envolvendo comunidades camponesas, indígenas,
quilombolas, ribeirinhas, assentamentos de reforma agrária, grupos de artesãos,
mulheres, jovens e tantas outras diversificadas formas de organização popular. O
coração do Brasil não pode morrer, pois, assim, ele deixará de bombear água e vida
para todos os outros biomas: o Cerrado possui muitas plantas medicinais para
combater diversas doenças, mas quem tem que cuidar da saúde do Cerrado somos
nós, que acreditamos em sua força e dependemos dela para viver! Usar as suas
riquezas, com a sabedoria dos antigos, é a melhor maneira de mantê-lo vivo e forte
e, ninguém sabe melhor disso do que este nosso povo que vive nos seus grotões.
(DIAS; LAUREANO, 2010, p. 31)
2.2 . Relações da medicina popular e da fitoterapia com as Políticas Públicas
Nacionais
De acordo com Dias e Laureano (2010), questões que abordam a medicina
popular estão fragmentadas em diversas políticas públicas e programas de governo, tais como:
Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável de Povos e Comunidades Tradicionais
(Decreto nº 6.040/07); Sistemas de Produção de Orgânicos (Decreto 6.323/07); Programa de
20
Bens Culturais de Natureza Imaterial (Decreto IPHAN/MinC 3551); Política Nacional de
Agricultura Familiar (Lei 11.326/06); Política Nacional de Biodiversidade (Decreto
4.339/02); PNPIC – Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS
(Portaria MS 971/06); Legislação de Acesso a Recursos Genéticos, Conhecimentos
Tradicionais e Repartição de Benefícios (Medida Provisória 2186/16-01); Política Nacional
de Assistência Farmacêutica (Resolução CNS/MS 338/04); Política Nacional de Plantas
Medicinais e Fitoterápicos (Decreto MS 5.813/06); entre outros.
Atualmente, a Política de Práticas Integrativas e Complementares vem
ganhando espaço no Sistema Único de Saúde (SUS). Em setembro de 2015, um fórum foi
realizado na cidade de São Carlos, com a participação de representantes do Ministério da
Saúde, Prefeitura Municipal, ONGs, UFSCar, Conselho Municipal da Saúde, servidores da
saúde, entre outros interessados, visando à implantação de duas políticas nacionais: a das
PICs, de 2006, e a da Educação Popular em Saúde (EPS), de 2013. Esta experiência de
integrar ambas as políticas foi considerada inédita no Brasil por representantes do Ministério
da Saúde. No encerramento, o fórum elegeu uma comissão responsável por elaborar um
plano municipal, integrando as duas políticas nacionais. Em novembro o documento foi
concluído e repassado para análise do Conselho Municipal da Saúde, onde foi aprovado. O
próximo passo será provação do projeto pela prefeitura, para que enfim ele se torne lei no
município.
Segundo
Oliveira
(2013),
o
campo
das
Práticas
Integrativas
e
Complementares em Saúde (PICS), que atualmente estão inseridas no universo da chamada
“Medicina
Alternativa”,
“Medicina
Alternativa
e
Complementar”
ou
“Medicina
Integrativa”, vem apresentando um crescente interesse por parte dos órgãos de saúde dos
governos de vários países e também de grandes centros médicos, que atualmente vem
adotando tais práticas em suas rotinas.
No Brasil, o uso de PICS está relacionado às diferentes raízes culturais das
populações que aqui residiram. Durante os três primeiros séculos de colonização, as pessoas
recorriam às formas de cura trazidas da Europa ou àquelas utilizadas por etnias diversas, com
as quais mantiveram contato. Os missionários jesuítas aproveitaram muito da medicina
indígena (a primeira aqui existente), sendo a eles imputada a iniciativa de intercâmbio entre os
universos da medicina e do cuidado ao próximo. Com a chegada dos escravos africanos, a
sociedade também aderiu a certas práticas de cura relacionadas à magia (EDLER; FONSECA,
2006).
21
Desde a década de 90, pesquisadores apontam diversos motivos para o
crescimento da procura pelas PICS, entre eles: maior atenção dada pelo terapeuta ao paciente,
que o convida e estimula a participar do seu tratamento, enfatizando a responsabilidade sobre
a sua própria saúde; o custo da medicina alopática-científica muito maior que o de práticas
terapêuticas atualmente reconhecidas como PICS; o reconhecimento e a ênfase na importância
de um estilo de vida saudável, com a preocupação de uma boa alimentação, exercícios físicos
e a manutenção do equilíbrio emocional e espiritual; o caráter humano e integrativo, uma vez
que o tratamento é administrado ao indivíduo como um todo e não apenas de uma
determinada parte doente; respeito e atenção a fatores relacionados à espiritualidade e sua
ação na promoção da saúde; a ênfase na prevenção das doenças e na manutenção da saúde
(ASTIN, 1998; OLIVEIRA, 2013).
No ano de 2006 foi estabelecida a Política Nacional de Práticas Integrativas e
Complementares (PNPIC), através da lei 917/06 do Ministério da Saúde do Brasil. Segundo a
publicação “Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS - PNPIC-
SUS”, de 2006, o campo da PNPIC contempla sistemas médicos complexos e recursos
terapêuticos, os quais são também denominados pela Organização Mundial de Saúde (OMS)
de medicina tradicional e complementar/alternativa (MT/MCA) (WHO, 2002). Tais sistemas
e recursos envolvem abordagens que buscam estimular os mecanismos naturais de prevenção
de agravos e recuperação da saúde por meio de tecnologias eficazes e seguras, com ênfase
na escuta acolhedora, no desenvolvimento do vínculo terapêutico e na integração do ser
humano com o meio ambiente e a sociedade. Outros pontos compartilhados pelas diversas
abordagens abrangidas nesse campo são a visão ampliada do processo saúde-doença e a
promoção global do cuidado humano, especialmente do autocuidado (BRASIL, 2006).
Ainda, segundo este documento, O Ministério da Saúde, atendendo à
necessidade de conhecer experiências que já vêm sendo desenvolvidas na rede pública de
muitos municípios e estados, adotou como estratégia a realização de um Diagnóstico Nacional
que envolvesse as racionalidades já contempladas no Sistema Único de Saúde, entre as quais
se destacam aquelas no âmbito da Medicina Tradicional Chinesa, Acupuntura, Homeopatia,
Fitoterapia e da Medicina Antroposófica, além das práticas complementares de saúde.
Barros e colaboradores (2007) descrevem que no período entre março a junho
de 2004 o DAB/SAS/MS enviou um questionário de mapeamento de utilização de PICS aos
5.560 gestores municipais e estaduais de saúde brasileiros. Retornaram 1.340 questionários,
22
levando à conclusão de que em 232 municípios, dentre estes 19 capitais, em 26 estados,
disponibilizam algum tipo de práticas complementares em seus serviços públicos de saúde,
destacando-se que (i) que as práticas complementares mais frequentes no SUS são Reiki, Lian
Gong, Fitoterapia, Homeopatia e Acupuntura; (ii) que as práticas complementares são
ofertadas preferencialmente na Atenção Básica – Saúde da Família; (iii) que a capacitação dos
profissionais é desenvolvida principalmente nos próprios serviços de saúde; (iv) que apenas
9,6% dos medicamentos homeopáticos e 35,5% dos fitoterápicos são distribuídos por
farmácias públicas; e (v) que apenas 6% do total de municípios e estados dispõem de Lei ou
Ato Institucional criando serviços de práticas complementares (BARROS et al., 2007).
Contemplada pela PNPIC e de consagrada utilização pela população, a
Fitoterapia vem ganhando, a cada ano, destaque no cenário das PICS no Brasil, devido
especialmente ao vasto conhecimento popular sobre o assunto e a sua grande disponibilidade
no território brasileiro. A Fitoterapia é uma terapêutica caracterizada pelo uso de plantas
medicinais em suas diferentes formas farmacêuticas, sem a utilização de substâncias ativas
isoladas, ainda que de origem vegetal. O uso de plantas medicinais na arte de curar é uma
forma de tratamento de origem muito antiga, relacionada aos primórdios da medicina e
fundamentada no acúmulo de informações por sucessivas gerações. Ao longo dos séculos,
produtos de origem vegetal constituíram a base para tratamento de diferentes doenças.
O Ministério da saúde destaca que desde a Declaração de Alma-Ata, em 1978,
a OMS tem expressado a sua posição a respeito da necessidade de valorizar a utilização de
plantas medicinais no âmbito sanitário, tendo em conta que 80% da população mundial utiliza
estas plantas ou preparações destas no que se refere à atenção primária de saúde. Ao lado
disso, destaca-se a participação dos países em desenvolvimento nesse processo, já que
possuem 67% das espécies vegetais do mundo. O Brasil possui grande potencial para o
desenvolvimento dessa terapêutica, já que concentra a maior diversidade vegetal do mundo,
ampla sociodiversidade, uso de plantas medicinais vinculado ao conhecimento tradicional e
tecnologia para validar cientificamente este conhecimento (BRASIL, 2006).
Corroborando estes pressupostos, foi aprovado, por meio da Portaria
Interministerial Nº 2.960/08, o Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos
(PNPMF). São objetivos desse programa, entre outras atribuições, a criação de
regulamentações direcionadas a salvaguardar, preservar e apoiar conhecimentos, práticas,
saberes e fazeres tradicionais e populares relacionados às plantas medicinais, remédios
23
caseiros e demais produtos para a saúde que se estruturam em princípios ancestrais e
imaterial (DIAS; LAUREANO, 2010).
Ainda conforme a portaria, o PNPMF visa garantir à população brasileira o
acesso seguro e o uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos, promovendo o uso
sustentável da biodiversidade, o desenvolvimento da cadeia produtiva e da indústria nacional
(BRASIL, 2007).
O PNPMF, segundo Dias e Laureano (2010), estabelece que a validação e
garantias de uso, eficácia e qualidade desses produtos deverão ser referendadas pela
tradição. Define, ainda, que o incentivo, apoio e fomento ao aprimoramento técnico e
sanitário de seus agentes, processos e equipamentos, deverão propiciar a inserção dos
detentores desses saberes e de seus produtos no Serviço Único de Saúde – SUS e nos demais
mercados. No momento em que o Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos
propõe identificar experiências e definir instrumentos de validação/reconhecimento dos
conhecimentos tradicionais para o uso seguro e sustentável de plantas medicinais, nasce a
Farmacopéia Popular do Cerrado: um sistema de registro de conhecimentos tradicionais
elaborado pelas próprias comunidades (BRASIL, 2009).
Esta publicação exemplifica nitidamente a importância do saber popular e de
sua aplicação direta no movimento de Educação Popular em Saúde (EPS), onde os chamados
e reconhecidos “erveiros” ou “raizeiros”, membros da comunidade que adquirem e
transmitem um tipo de saber aplicado à cura dos males do corpo e da alma dentro do que se
entende como medicina popular (DANTAS; FERREIRA, 2013), desempenham um
protagonismo essencial no cuidado que brota da terra.
Autores como Albuquerque e Stotz (2004), ressaltam que a educação popular,
além de permitir a inclusão de novos atores no campo da saúde, fortalecendo a organização
popular, permite também que as equipes de saúde ampliem suas práticas, dialogando com o
saber popular.
Atualmente o movimento da EPS é legitimado pela Política Nacional de
Educação Popular em Saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde (PNEPS-SUS) (BRASIL,
2012).
Através da Portaria nº 2.761, de 19 de novembro de 2013, foi instituída a
PNEPS-SUS, com o objetivo geral de implementar a Educação Popular em Saúde no âmbito
24
do SUS, contribuindo com a participação popular, com a gestão participativa, com o controle
social, o cuidado, a formação e as práticas educativas em saúde. Para tanto, a PNEPS-SUS
estabeleceu como seus princípios norteadores: I) Diálogo, como o encontro de conhecimentos
construídos histórica e culturalmente por sujeitos, ou seja, o encontro desses sujeitos na
intersubjetividade, que acontece quando cada um, de forma respeitosa, coloca o que sabe à
disposição para ampliar o conhecimento crítico de ambos acerca da realidade, contribuindo
com os processos de transformação e de humanização; II) Amorosidade, como a ampliação
do diálogo nas relações de cuidado e na ação educativa pela incorporação das trocas
emocionais e da sensibilidade, propiciando ir além do diálogo baseado apenas em
conhecimentos e argumentações logicamente organizadas; III) A problematização, que
implica na existência de relações dialógicas e propõe a construção de práticas em saúde
alicerçadas na leitura e na análise crítica da realidade; IV) Na construção compartilhada do
conhecimento, consistindo em processos comunicacionais e pedagógicos entre pessoas e
grupos de saberes, culturas e inserções sociais diferentes, na perspectiva de compreender e
transformar de modo coletivo as ações de saúde desde suas dimensões teóricas, políticas e
práticas; V) Na emancipação como um processo coletivo e compartilhado no qual pessoas e
grupos conquistam a superação e a libertação de todas as formas de opressão, exploração,
discriminação e violência ainda vigentes na sociedade e que produzem a desumanização e a
determinação social do adoecimento; VI) No compromisso com a construção do projeto
democrático e popular é a reafirmação do compromisso com a construção de uma sociedade
justa, solidária, democrática, igualitária, soberana e culturalmente diversa que somente será
construída por meio da contribuição das lutas sociais e da garantia do direito universal à
saúde no Brasil, tendo como protagonistas os sujeitos populares, seus grupos e movimentos,
que historicamente foram silenciados e marginalizados (BRASIL, 2013).
25
3. OBJETIVOS
Objetivo geral
Realizar o levantamento de plantas medicinais presentes na área de Cerrado do
campus da UFSCar - São Carlos, suas formas de uso e indicações segundo o conhecimento de
Maria do Socorro, mais conhecida como Índia, erveira praticante de São Carlos e atuante nos
processos que visam à implantação das PNPICs e EPS no município, e de Sr. Antônio, erveiro
praticante do município de Ibaté.
Objetivos específicos
1) Estabelecer um diálogo entre o conhecimento popular compartilhado e o
conhecimento compilado em três literaturas conceituadas no meio científico sobre
plantas medicinais do Cerrado, a fim de agregar e trocar saberes.
2) Contribuir para as Políticas de Práticas Integrativas e de Educação Popular em Saúde
do município de São Carlos no âmbito da fitoterapia, a fim de evidenciar a
potencialidade dos saberes regionais e da vegetação local, fornecendo subsídios para
que novas plantas medicinais sejam incorporadas aos programas.
3) Valorizar e ressaltar a importância da conservação do Cerrado presente no campus
como uma área relevante para o estudo de plantas medicinais no estado de São Paulo e
no país.
26
4. METODOLOGIA
4.1. Área de Estudo
O estudo foi realizado em uma área de Cerrado de aproximadamente 200 ha
(MOTTA-JUNIOR; VASCONCELOS, 1996) localizado no campus da UFSCar, situado na
área rural do município, fazendo limite ao sul com a Rodovia Washington Luís (SP-310), que
o separa da área urbana, a oeste com a Rodovia São-Carlos – Ribeirão Preto (SP-318) e a leste
com a estrada municipal Guilherme Scatena.
Seguindo a Ilustração 1, temos o Córrego do Espraiado à direita, cuja nascente
está localizada na área de Cerrado da UFSCar. É responsável pela água superficial destinada a
15% do abastecimento público feito pelo Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de
São Carlos (SANTIAGO, 2014), e faz confluência com o Córrego do Monjolinho na área sul
da universidade. À esquerda, temos o córrego do Fazarri, que também tem sua nascente
localizada dentro do campus.
O fragmento de Cerrado é uma região importantíssima para a conexão e
manutenção das Áreas de Preservação Permanentes (APPs), onde estão as nascentes e seus
córregos.
Ilustração 1. Área de Cerrado localizada dentro dos limites da UFSCar
FONTE: Google Earth
27
4.2. Coleta de dados
4.2.1. Identificação dos Informantes-Chaves
O primeiro passo para a coleta de dados foi a escolha dos informantes-chaves,
pessoas selecionadas para contribuir ativamente com a pesquisa segundo critérios
estabelecidos pelo pesquisador (ALBUQUERQUE et al., 2010).
No presente trabalho, Maria do Socorro, mais conhecida como Índia, erveira do
município de São Carlos e Sr. Antônio, erveiro do município de Ibaté (localizado a
aproximadamente 15 km de São Carlos) foram selecionados por serem reconhecidos e
indicados pelas comunidades locais e da região como grandes conhecedores das plantas
medicinais, especialistas locais que ainda realizam atendimentos e tratamentos utilizando as
ervas. Por praticidade nas discussões, os informantes-chaves foram denominados IC1
(informante-chave um) e IC2 (informante-chave dois), respectivamente.
4.2.2. Identificação das plantas medicinais pelo método turnê-guiada ou walk-inthe-woods
Utilizando uma metodologia etnobotânica proposta por Albuquerque et al.
(2010) e Amorozo e Viertler (2010), conhecida como turnê-guiada ou “walk-in-the-woods”,
os informantes chave foram, juntos, conduzidos à área de vegetação de Cerrado do campus da
UFSCar, a fim de percorrer um caminho pré-determinado para a identificação das plantas
medicinais conhecidas. Apesar de ser demorada e, algumas vezes, de difícil realização devido
às condições ambientais e à disponibilidade dos informantes (BORGES, 2009), essa
metodologia mostra aspectos relevantes, pois através dela é possível identificar o potencial
medicinal da área de estudo.
Priorizou-se um trajeto que não estivesse tão impactado por ações antrópicas e
que ao mesmo tempo fosse de fácil acesso (trilhas mais abertas), com local para descanso e
café antes do retorno.
Considerando esses aspectos, caminhamos por um trajeto de aproximadamente
900 metros, começando pelo portão do Cerrado na área norte do campus até um quiosque,
lugar coberto com alguns bancos e mesas dentro da vegetação. O percurso é mostrado em
vermelho na imagem de satélite:
28
Ilustração 2. Percurso Portão Cerrado UFSCar - Quiosque
FONTE: Google Earth
Sempre que uma planta era reconhecida, os erveiros paravam e discorriam
sobre seu uso, guiados por algumas perguntas que constam no Anexo 1. Os dados obtidos
foram sistematizados na Tabela 1.
O retorno, mostrado em laranja na Ilustração 3, foi realizado praticamente
pelo mesmo trajeto, saindo do quiosque, passando por uma trilha mais fechada, de poucos
metros, e culminado no caminho percorrido anteriormente.
29
Ilustração 3. Percurso Quiosque-Portão Cerrado UFSCar
FONTE: Google Earth
4.2.3. Entrevista com os informantes-chaves
No quiosque, a fim de obter informações relevantes a respeito da relação dos
informantes-chaves com as plantas medicinais e a terra, sua cultura, tradição e história, foi
realizada uma entrevista semiestruturada, que consta no Anexo 2. A entrevista é um
instrumento importante, pois possibilita a obtenção de dados relacionados a vários aspectos da
vida social, além de ser um método eficiente para captar diversos pontos de vista do
comportamento humano (GIL, 2008).
Os objetivos devem ser muito bem definidos e o pesquisador deve conhecer,
com certa profundidade, o contexto em que pretende realizar a investigação (DUARTE,
2004). A interação face a face permite observar também a expressão corporal, entonação de
voz, e a ênfase nas respostas, garantindo certa liberdade para que o entrevistado expresse sua
opinião, sem que o mesmo fique preocupado em responder questionamentos formulados com
maior rigidez. É interessante que o entrevistado seja parceiro de conversação (RUBIN, 1995
apud ZANELLI, 2002). Muitos trabalhos utilizam entrevistas semiestruturadas justamente
porque elas proporcionam certa abertura para que o informante possa discorrer, dentro dos
30
interesses da pesquisa, da maneira que lhe parecer melhor, proporcionando liberdade e certa
espontaneidade ao entrevistado (ZANELLI, 2002; GIL, 2008).
A filmagem do percurso, fotos e gravação da entrevista foram realizadas com a
autorização dos informantes-chaves e assinatura do Termo de Consentimento (Anexo 3).
Estes recursos foram imprescindíveis para a transcrição na íntegra da entrevista e preservação
detalhada dos dados; alguns registros fotográficos da turnê-guiada constam no Anexo 5.
4.2.4. Compartilhamento de saberes
Três livros conceituados sobre plantas medicinais de Cerrado foram incluídos
na Tabela 1, para que fosse possível realizar um intercâmbio entre o conhecimento
compartilhado pelos informantes-chaves e literaturas do meio científico a respeito do tema.
A primeira delas, “Plantas medicinais do Cerrado de Botucatu” (MARONI et
al., 2006), apresenta um valioso conjunto de informações sobre plantas medicinais de áreas de
cerrado do município de Botucatu (SP), obtidas em um extenso trabalho de levantamento
realizado por pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) entre 2004 e 2005.
Neste livro estão registradas 72 espécies medicinais e suas indicações segundo trabalhos
publicados, uma literatura importante para fins comparativos, pois considera especificamente
a vegetação de Cerrado do estado de São Paulo, já que as espécies de Cerrado podem variar
de uma região do Brasil para outra.
A segunda literatura, “Plantas Medicinais no Domínio dos Cerrados”
(CARVALHO; RODRIGUES, 2001), publicada pela Universidade Federal de Lavras, reúne
plantas medicinais da região do Alto do Rio Grande (MG) indicadas por raizeiros
reconhecidos pela população da área urbana e rural.
O terceiro livro, “Cerrado: espécies vegetais úteis” (ALMEIDA et al., 1998),
publicado pela Embrapa, traz informações sobre o uso de plantas do Cerrado para fins
variados, entre eles o medicinal. Os dados foram obtidos através de entrevistas com a
população rural tradicional em feiras, margens de rodovias, fazendas e associações de
moradores, enriquecidas com extensa revisão de literatura, pesquisas em herbários e trabalhos
desenvolvidos na própria Embrapa Cerrados.
31
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1. Sobre a turnê-guiada ou “walk-in-the-woods”
A visita ao Cerrado da UFSCar foi realizada em janeiro de 2016, no período da
manhã, com a presença dos dois informantes-chaves.
Assim que entramos pelo portão do Cerrado, algo que logo me chamou a
atenção foi o respeito que nos erveiros demostraram pela mata. Iniciamos a caminhada com
um instante de silêncio e uma oração. Pisar naquele chão com reverência simbolizava honrar a
terra, demonstrar gratidão pelo acolhimento que ela estava nos proporcionando para a
realização dos estudos:
“Vamos pedir a Deus, Nossa Senhora, aos Caboclos da mata, licença pra nós
entrarmos, fazermos o estudo do que vem da parte de deus e de nossa senhora
também, essa mãe natureza que tudo nos dá.” (Relato de IC1)
“Eu entro descalça. Eu bato na terra, peço licença pra mãe natureza três vezes (...).
A gente agacha e pega a primeira erva que está do nosso lado (...). Pra simpatia
ficar completa, nós anexamos aqui (No cabelo, atrás da orelha).” (Relato de IC1)
Logo no início da caminhada fomos agraciados por uma sagui com seu filhote
nas costas, nos observando com ar de curiosidade. Ao longo do percurso, além das
informações a respeito das indicações terapêuticas das plantas medicinais e modos de preparo,
outras colocações pertinentes feitas pelos informantes-chave foram destacadas. Algumas delas
referem-se ao cuidado e à consciência na administração das ervas:
“O que é sempre bom nós falarmos: teve qualquer tipo de problema, descobriu
qualquer sintoma que já está te incomodando, que está tendo uma repetição dos
sintomas, procure o seu médico, faça sua consulta. Vá realizar os exames
necessários, pra você ter uma certeza do realmente está acontecendo com você. E
aí, nós temos graças a deus o livre-arbítrio de procurar o natural, o alopático, o
homeopático, fitoterápico. Temos as escolhas.” (Relato de IC1)
“Você tem que ter uma responsabilidade do que você está tomando e do que você
orientando, você está lidando com vidas. Então, toda causa tem um efeito, como
administrar as dosagens que é o segredo, cada caso é um caso.” (Relato de IC1)
“É de fundamental importância a orientação de quem conhece. Ah, ‘eu ouvi a
fulana de tal...’ Mas será que essa informação que você ouviu da fulana de tal vai
32
ter benefício pra você ou vai te trazer uma complicação? Então tudo isso é
importante nós avaliarmos.” (Relato de IC1)
“Só que tem um porém. O barbatimão, quando é uma ferida brava, não deve usar
muito ele, porque ele vai cicatrizar, vai formar aquela casca em cima. Então a cura
tem que vir daqui pra lá e não de lá pra cá (de dentro pra fora, não de fora pra
dentro). Então ele tampa, já forma a casca. O cara fala que o barbatimão é bom,
mas dali uns dias que vai aparecer o problema, porque começa a minar em volta
daquela casca. Você tira aquela casca, tá cheio daquela água, aquela coisa. A
inflamação fica atrás da casca. Quando tira, a ferida tá até maior do que era. Então
tem que lavar antes, lavar bem, de preferência com sabão virgem, lavar sem medo
mesmo, com a buchinha, enxugar, aí aplica o barbatimão, que aí ele vai pegar de lá
pra cá (de dentro pra fora).” (Relato de IC2)
Também é interessante notar que as indicações das plantas medicinais não
preconizam apenas o alívio dos sintomas. O reestabelecimento da saúde é um processo muito
mais profundo, e pode passar por várias fazes de tratamento, com ervas variadas. Assim,
observamos que o cuidado não é realizado de maneira superficial, ele vêm do âmago para a
superfície visando à cura integral do indivíduo:
“Cada caso é um caso, se a pessoa chega com uma ferida que já está com um grau
de intoxicação no organismo, está bem inflamada, está com febre no local, que o
local fica vermelho, quente, com muitas ferradas, aí você rapidamente vai fazer a
limpeza, desintoxicação, desinflamação interna tomando um chá já apropriado de
alguma ervas, como por exemplo chapéu de couro, a caroba do campo, a
salsaparrilha, que é de fundamental importância, trabalha muito o fígado, a
desintoxicação do fígado, eu uso muito o fedegoso também, um pouquinho da
carqueja e a água do limão preparada , Isso aproximadamente sete dias direito, um
litro por dia. Mas também, durante esses sete dias, já vou passando ervas
específicas pra ir tirando a quentura, a febre, o grau crítico do sofrimento da
ferida”. (Relato de IC1)
Outro fato curioso relatado por ambos os erveiros foi a associação das cores,
formas das ervas, sementes e frutos, com as enfermidades a serem tratadas, como se as plantas
já trouxessem informações intrínsecas sobre onde devem agir no organismo:
“Você vê, a cicatrização dela é tão instantânea que a própria semente dela já dá
uma aparência que tá fechando, é só acompanhar a semente.” (Relato de IC2 sobre
o Açoita-cavalo)
“Vocês estão vendo aqui a miniatura da flor dela: tem roxo e branco, olha que
coisa mais linda do mundo! E também essa lança que ela traz aqui, uma varinha
(...). Então quando se fala do gervão, se fala da circulação (...), para eliminar
sofrimentos, inflamações internas femininas e masculinas, principalmente das
partes íntimas, genitais. As folhinhas aqui no começo são roxas, então você já vai
olhando a característica das ervas, a característica da flor. A característica dessa
flor roxa é da dor, do sofrimento, da angústia, da tristeza. Deus já caracteriza, já
simboliza bem essa erva, pra que serve”.
33
“Dentro é tipo uma estrela de cinco pontas, essa pétala branca, dentro amarela e
dentro pretinho também. Então, a cor da paz, o sol da esperança. E também tem
tristeza, angústia e morte , preto né, luto (...) Eu sempre gosto de associar as coisas,
o porquê, as cores.“ (Relato de IC1 sobre o Gervão)
“Dentro é tipo uma estrela de cinco pontas, essa pétala branca, dentro amarela e
dentro pretinho também. Então, a cor da paz, o sol da esperança. E também tem
tristeza, angústia e morte , preto né, luto (...) Eu sempre gosto de associar as coisas,
o porquê, as cores. (Relato de IC1 sobre a Chanana)
“O fruto dele, quando ele fica maduro, quando ele cai, fica desidratado, ele fica
marrom, com a característica totalmente de fígado, o fígado tá ali, a cor do fígado
associadamente.” (Relato de IC1 sobre o Marolo-do-campo)
A preocupação com o modo de coletar, a fim de não agredir a planta, pode ser
verificada na fala de um dos informantes-chaves a respeito do barbatimão:
“O barbatimão é de fundamental importância em todas as praças, para disseminar
muito mais. Porque nós temos aí a eliminação pelas pessoas que conhecem, sabem
do poder, mas fazem a retirada e muitas vezes matam a árvore, não tem a
preservação e o amor pela árvore, por essa vida.” (Relato de IC1)
erveira:
Os relatos obtidos na pesquisa de Guido et al. (2014) corroboram a fala da
A conservação das plantas foi uma preocupação relatada quando afirmaram ter o
cuidado em se utilizar somente pequenos ramos das ervas no preparo de chás e
infusões. Quando fazem uso da casca e entrecasca do barbatimão (Stryphnodendron
obovatum Benth.) e da aroeira (Myracrodruon urundeuva Allem), por exemplo,
retiram apenas poucas quantidades, evitando sempre a destruição dessas espécies
nativas. Uma motivação para isto foi muito bem apresentada por uma moradora
quando afirmou que isso é necessário porque demonstra o respeito às coisas da
natureza, a manutenção de um bem que pode durar por gerações. (GUIDO et al.,
2014, p. 88)
5.2. Sistematização das plantas medicinais identificadas e seus usos segundo os
informantes-chaves e as literaturas
As plantas medicinais apontadas foram sistematizadas na Tabela 1, que
contém o nome popular citado pelos erveiros, nome científico da espécie, família e os usos
prescritos pelos informantes-chaves e por três literaturas conceituadas sobre plantas
medicinais de Cerrado:
34
Tabela 1. Nome popular da planta medicinal citado pelos erveiros, nome científico da espécie, família da espécie e usos prescritos pelos
informantes-chaves e por três literaturas específicas sobre plantas medicinais de Cerrado.
Nome popular
Nome científico
Família
Usos descritos
pelos
informanteschaves
Usos descritos no
livro “Plantas
Medicinais do
Cerrado de
Botucatu”
(MARONI et al.,
2006)
Abacaxi-docerrado
Ananas ananassoides (Baker)
L.B. Smith.
Bromeliaceae
Suco (com casca):
rico em vitaminas,
fibras, ajuda a
limpar as vias
digestivas.
Xarope: contra
problemas no
aparelho
respiratório,
expectorante.
Fruto: males
estomacais
(carminativo,
estomáquico e
contra neurastenia).
Suco do fruto com
levedura de cerveja:
afecções de pele
(acne, espinhas,
cravos)
Fruto picado e
misturado com
farinha de arroz:
pasta
“rejuvenescedora”.
A mesma pasta com
farinha de trigo:
tratar feridas,
úlceras, chagas e
psoríases.
Macerado do fruto
Usos descritos
no livro
“Plantas
Medicinais no
Domínio dos
Cerrados”
(CARVALHO;
RODRIGUES,
2001)
Decocto, infuso
ou suco do
fruto: diurético e
digestivo.
Usos descritos
no livro
"Cerrado:
espécies
vegetais úteis”
(ALMEIDA
et al., 1998)
NC*
34
35
Açoita-cavalo
Luehea paniculata Mart.
Malvaceae
Alecrim-docampo
Baccharis dracunculifolia DC.
Asteraceae
Chá das folhas:
dores reumáticas,
inchaço nos pés,
nervos, dores
articulares e
também para
fortalecer
imunidade.
Casca e raiz: para
fazer escalda pés,
cura feridas,
frieira, eczema.
Chá das folhas,
casca e raiz: usada
para lavagem,
cicatrização,
secagem de
feridas.
Própolis do
alecrim: para
autoimunidade.
Banho: tira
inflamações,
energiza o corpo,
usado contra mau
olhado.
misturado com mel
e própolis: afecções
das vias
respiratórias
(bronquite, tosse
catarral).
NC*
Decocto dos ramos
picados: antifebril.
Banho ou
clisteres com a
casca do caule:
antidesentérica e
hemorrágica,
para
reumatismo.
Infuso da casca
do caule e do
caule: contra
úlceras, feridas
gangrenosas e
queimaduras.
Folhas:
disenteria,
leucorréia,
reumatismo,
blenorragia,
hemorragia e
tumores.
Infusão das
flores:
bronquite.
Raiz:
depurativa.
Decocto dos
ramos com
folhas: antifebril
NC*
35
36
Angico preto
Anadenanthera falcata
(Benth.) Speg.
Fabaceae
Araçá,
goiabinha do
campo
Psidium firmum Berg.
Myrtaceae
Assa-peixe
Vernonia sp
Asteraceae
Avoadinha,
buva
Conyza
bonariensis (L.) Cronquist
Asteraceae
Barbatimão
Stryphnodendron
adstringens (Mart.) Coville
Fabaceae
Chá da casca:
Inflamações no
nervo ciático,
bursite, tendinite,
broncodilatador,
cicatrizante de
feridas Chá do
líquen presente na
casca: eliminar
problemas de
pulmão, limpar os
alvéolos.
Chá com folhas:
cicatrizante,
adstringente,
antidiarreica (fruto
também é utilizado
para este fim).
Xarope da raiz:
expectorante, para
asma, bronquite,
pneumonia,
sinusite, rinite.
Chá das folhas:
infecção urinária,
prevenção anemia,
câncer, diurética.
Chá da casca
(fazer a fervura):
utilizada para lavar
NC*
NC*
Folhas:
propriedades
analgésica,
antifúngica,
antibiótica e
imunossupressora.
NC*
Cascas do caule em
decocto: ação
adstringente e
NC*
sca:
adstringente,
para curar
feridas e para
curtumes.
Gomo-resina:
moléstias
pulmonares.
Decocto ou
infuso da raiz e
casca do caule:
diurética,
antidiarreica.
Chá: combate
diarreia.
Infuso da raiz:
depurativa,
diurética.
Decocto ou
infuso da planta
toda: antifebril,
bronquites,
pneumonias,
gripes, tosses.
Folhas:
depurativas e
diuréticas.
NC*
Decocto da
casca do caule:
adstringente,
NC*
Casca:
afecções
escorbúticas,
36
37
Cambará
Lantana câmara L.
Verbenaceae
feridas, limpar e
fechar feridas,
poderoso
cicatrizante. O
chá bem diluído
pode ser ingerido
para cicatrização
de úlcera gástrica
(muitas vezes
associado com a
espinheira-santa) e
para emagrecer.
Usado também
para o
estreitamento da
vagina, coceira,
corrimento vaginal
(elimina fungos e
bactérias, também
usado em
sabonetes,
shampoos,
cremes).
antisséptica, casos
de blenorreia,
diarreia,
hemorragias, úlceras
e uretrites,
conhecida como
“casca da
virgindade” pela sua
propriedade
estíptica e
adstringente (uso
oral). Externamente,
em feridas ulcerosas
e pele oleosa.
Extrato alcoólico da
casca do caule:
inflamações de
garganta, diarreias,
corrimento vaginal.
Macerado de folhas
em água com cascas
e raízes picadas:
calvície.
Propriedades
cicatrizantes,
hemostáticas, contra
hemorroida e para
“limpar o útero"
(após o parto).
cicatrizante, na
blenorragia,
diarreia,
hemorragias,
nas úlceras e
uretrites.
Infuso das
folhas
maceradas,
casca do caule e
raiz picados
(depois de
deixar em
repouso por 24
horas e fazer
aplicação
cutânea direta):
contra calvície.
Xarope: tosse,
ação expectorante.
Chá das folhas
(infusão ou
decocção): tônico,
sudorífico,
Infuso das
folhas:
sudorífera,
antifebril,
gonorreia,
hérnia, feridas
hemorrágicas,
diarreias. É
cicatrizante,
adstringente,
conhecida
como “casca
da
virgindade”,
hemostática,
paralisante das
hemoptises e
hemorragias
uterinas. A
casca em
decocção é
antisséptica,
usada para
combater
gastrites e
dores de
garganta. A
garrafada da
casca do caule
(macerada)
combate
úlcera,
inflamações e
hemorroidas.
37
38
Canela-develho, planta da
Miconia albicans (Sw)
Melastomataceae
Chá das folhas:
reumatismo,
febrífugo,
expectorante,
infecções das vias
respiratórias,
bronquite,
rouquidão (uso
interno), sarnas,
dermatites, eczema
(banhos),
reumatismo,
contusões, dores
musculares e
articulares
(compressas).
Pasta com folhas e
flores frescas:
colocar sobre o local
em caso de dores
reumáticas.
Chá e xarope das
folhas e flores:
febre, tosse,
bronquite, resfriado,
catarro, rouquidão,
asma, coqueluche e
dores no estômago.
Pó das raízes (raiz
pulverizada):
mistura-se no leite
para tratar dores
estomacais de
crianças.
infecções das
vias
respiratórias,
bronquite,
rouquidão e
expectorante.
NC*
38
39
cotia,
Carobinha
Chanana, flordo- guarujá
Jacaranda decurrens Cham.
Turnera ulmifolia L.
Bignoniaceae
Turneraceae
artrite, artrose,
tendinite, bursite
(inflamações das
articulações).
Chá das folhas:
estômago,
depurativa,
purifica o sangue,
cicatrizante, contra
afecções de pele.
Chá, xarope e
tintura das folhas:
ameniza o
sofrimento de
pessoas que
realizam
tratamentos
quimioterápicos e
radioterápicos,
NC*
NC*
Infuso ou decocto
da casca do caule e
folhas em água:
depurativo, para
afecções cutâneas.
Chá das folhas secas
trituradas em água:
aplicar o cataplasma
diretamente no local
afetado em caso de
úlceras externas.
Infuso, decocto ou
garrafada das raízes:
propriedades
antissifilíticas,
antirreumáticas,
anti-inflamatórias,
contra doenças de
pele.
Infuso do caule:
trata coceiras.
Decocto ou
infuso da casca
do caule e
folhas:
depurativo,
afecções
cutâneas.
Cataplasma das
folhas secas:
úlceras externas.
NC*
NC*
NC*
NC*
NC*
39
40
Cipó-de-sãojoão
Cipó-prata
Embaúba,
Pyrostegia venusta Miers.
Banisteriopsis campestres (A.
Juss.) Little.
Cecropia pachystachya
Bignoniaceae
Malpighiaceae
Cecropiaceae
para sintomas
como enjoos, dor
no corpo, baixa
imunidade.
Folhas e flores são
usadas em chá,
pomada,
cataplasma, banho,
para o tratamento
de vitiligo.
Tintura das raízes:
dores no nervo
ciático, dores
lombares, bico de
papagaio, hérnia
de disco.
Xarope (associado
Chá (decocto ou
infuso) dos ramos
com as folhas ou
flores: antidiarreico,
tônico, contra dores
no ventre e
bronquite.
Flores e folhas
(decocto ou infuso):
reumatismo,
bronquites, doenças
dos rins, vitiligo e
toxoplasmose.
Infuso ou decocto
em águas dos ramos
com folhas e flores:
diurético, contra
problemas renais.
Chá das raízes: antiinflamatório,
hemorragias
ovarianas,
blenorreia e nefrites.
Decocto ou
infuso dos
ramos com
folhas ou flores:
antidiarreico,
dores de ventre,
tônico e para
bronquites.
Decocto ou
infuso das
raízes: antiinflamatório,
hemorragias
ovarianas,
nefrites e
blenorreia.
Decocto ou
infuso dos
ramos com
folhas e flores:
diurético,
problemas
renais, cálculos
nos rins.
Decocto ou
NC*
NC*
40
41
umbaúba
Gabiroba
Gervão-azul
Trécul.
com assa-peixe
roxo, quinacruzeiro e
própolis):
broncodilatador,
para expelir
catarro.
Campomanesia pubescens O.
Berg.
Myrtaceae
Stachytarpheta cayennensis
(Rich.) Vahl.
Verbenaceae
Banho preparado
com as folhas:
usadas para
“quebrar
macumba”,
energizar o corpo,
associadas às folha
da mangaba e
arnicão.
Chá com a planta
inteira e banho de
assento:
inflamação nos
testículos,
irregularidades no
aparelho
urogenital de
homens e
mulheres
(varicocele, má
NC*
Chá das folhas e
cascas do caule
(infuso ou decocto):
diarreia e infecções
do aparelho
urinário.
Chá com planta
inteira: ação
béquica, febrífuga,
vermífuga, trata
sarampo e espinhas.
Chá com folhas (uso
interno): tônico
estomacal,
estimulante
digestivo, diurético,
emoliente,
infuso da raiz:
afecções das
vias
respiratórias,
asma, bronquite,
tosses e
coqueluche.
Decocto ou
infuso das
folhas frescas:
diurética.
Infuso dos
brotos:
antiblenorrágica.
Decocto ou
infuso das
folhas e cascas
do caule:
afecções do
aparelho
urinário e na
diarreia.
NC*
NC*
Decocto ou
infuso de toda a
planta:
febrífuga,
béquica,
vermífuga.
41
42
circulação das vias
urinárias,
inflamações),
tratamento de
Doenças
Sexualmente
Transmissíveis
(DSTs).
Girassol
mexicano,
cinco-quinas,
mão de deus *
Tithonia diversifolia (Hemsl.)
A. Gray
Asteraceae
Folhas batidas
com água e cebola:
controla a
diabetes.
Tintura: elimina o
vício da bebida
alcoólica. Tintura
da mão-de-deus
associada com a
tanchagem ajuda a
eliminar o vício do
sudorífico,
problemas hepáticos
crônicos, disenteria,
febres e inflamações
reumáticas.
Chá das folhas (uso
externo): na forma
de cataplasma ou
banhos, para feridas,
contusões, afecções
de pele e úlceras
purulentas.
Raízes: ação
antirreumática,
cicatrizante, dor nas
costas.
Propriedade antiinflamatória,
antidiarreica,
laxante, antiácido,
cicatrizante de
úlceras estomacais,
ação analgésica.
NC*
NC*
NC*
NC*
42
43
Gravatá
Guaçatonga
Bromelia antiacantha Bertol.
Casearia sylvestris Sw.
Bromeliaceae
Flacourtiaceae
cigarro.
Xarope do fruto:
expectorante
poderoso, contra
gripes, resfriados.
Chá das folhas:
cura e ameniza
dores no corpo, é
diurético, auxilia
no emagrecimento,
anti-inflamatório,
desintoxica
gradativamente o
organismo.
Xarope dos frutos:
doenças
respiratórias
(bronquite e asma),
pedra nos rins,
edemas (hidropisia)
e casos de icterícia.
Chá das folhas com
própolis: tratamento
de aftas e feridas da
mucosa oral.
Propriedades
diuréticas,
purgativas,
vermífugas e
abortivas.
Decocto ou infuso
com folhas ou
cascas picadas:
diarreia, febre,
reumatismo,
mordeduras de
cobra, afecções de
pele e como
depurativo.
Suco das folhas:
fazer compressas no
local da picada de
cobra.
Folhas: analgésico,
antirreumático,
tônico, para tratar
queimaduras,
NC*
NC*
Decocto ou
infuso das
folhas e casca
do caule:
antidiarreica,
antifebril,
depurativa,
antirreumática,
afecções de pele
e mordeduras de
cobras.
Folhas, casca e
raiz:
características
antissépticas e
febrífugas.
Suco ou
decocção:
tratamento de
sífilis, febres
inflamatórias,
depurativo do
sangue e
cicatrizante.
Chá das folhas
e raízes:
bronquite
asmática.
43
44
ferimentos e
afecções cutâneas.
Infuso das folhas
frescas e picadas:
ação contra gastrite,
úlceras internas,
mau hálito. Infuso
também usado para
herpes labial e
genital, gengivites,
estomatite, aftas e
feridas na boca
(compressa direto
no local).
Indaiá
Attalea exígua Drude
Palmae (Arecaceae)
Japecanga
Smilax brasiliensis Spreng.
Smilacaceae
(Liliaceae)
Chá das folhas:
auxilia no
emagrecimento.
Tintura: contra
picadas de insetos
(repelente),
irritações da pele,
cicatrizante.
Chá das folhas:
dores reumáticas e
inflamações
(tintura também é
utilizada para o
mesmo fim).
NC*
Chá da raiz (decocto
ou infuso):
antissifilítica,
antirreumática,
depurativa,
diurética, sudorífica,
para tratar gota e
afecções de pele.
Ação tônica,
purificadora do
sangue, contra
impotência sexual ,
fortificante, contra
artrite, febre, tosse,
hipertensão
Casca:
antidiarreica,
combate de
moléstias
herpéticas,
picadas de
cobra.
Decocto da
raiz: dores do
peito e do
corpo.
NC*
Decocto ou
infuso da raiz:
afecções de
pele,
antissifilítica,
antirreumática,
depurativa,
diurética,
sudorífera,
contra gota.
NC*
Depurativa.
Raiz: afecções
dérmicas e
reumatismos.
Chá das folhas,
raiz e rizomas:
diurético,
problemas
hepáticos.
44
45
Jatobá
Hymenaea stigonocarpa Mart.
Ex Hayne
Leguminosae
(Caesalpinoideae)
Chá da casca:
utilizado para
tratamento de
tuberculose,
problemas de
próstata.
problemas
digestivos, psoríase,
DSTs.
Decocto, infuso,
xarope da casca
e ramos mais
velhos:
bronquites,
tosse,
coqueluche.
NC*
Jurubeba
Solanum paniculatum L.
Solanaceae
Fruto curtido no
vinho branco:
retira impurezas
no fígado, limpeza
dos órgãos
digestivos
(estômago,
esôfago, intestino).
Chá da raiz: dores
profundas abaixo
das costelas,
diurético.
Raízes em infusão:
Diabetes, afecções
do fígado, febres.
Pomada, compressas
ou gargarejos feitos
com decocto das
folhas: ação
cicatrizante contra
úlceras, pruridos e
contusões.
Chá das folhas:
ressacas após
Infuso da raiz:
diabetes,
icterícia,
hepatite, febres,
ação sudorífica.
Líquido
viscoso
extraído do
tronco:
propriedades
reconstituintes
e tônicas para
o organismo,
tratamento de
úlcera
estomacal.
Resina em
forma de
melado:
peitoral,
tônica,
vermífuga.
Casca: cistites
e prostatites.
NC*
45
46
Lobeira
Solanum Lycocarpum A. St. Hil.
Solanaceae
Fruto: consumir
maduro,
gradativamente
(fruta toda pode
causar desarranjos
intestinais fortes)
para fazer uma
limpeza do
intestino. Auxilia
no emagrecimento
consumo excessivo
de álcool ou comida.
Suco: tônico,
problemas do fígado
e estômago,
inflamações do baço
e bexiga.
Planta inteira (raiz,
folha e frutos):
gastrite crônica,
anemia, hidropsia e
tumores internos
(abdômen e útero)
Sementes:
tuberculose
Infusão de frutos:
prisão de ventre e
má digestão.
Frutos em álcool ou
cachaça: alivia
picadas de insetos e
escorpiões.
Diminuição da
secreção gástrica.
Raízes na forma de
infuso: hepatite.
Folhas em decocto:
afecções das vias
urinárias, cólicas
abdominais e renais,
espasmos e
epilepsia.
Banhos e
compressas das
Banho ou
compressa com
as folhas:
emoliente,
antirreumática.
Infuso das flores
e frutos: tônico,
contra asma,
gripes e
resfriados.
Infusão da
raiz: contra
hepatite.
Xarope dos
frutos: contra
asma.
Pó branco
extraído do
fruto: combate
diabetes.
46
47
(reduz apetite).
folhas: emoliente e
antirreumática.
Xarope com rodelas
dos frutos, flores e
açúcar cristal: asma,
gripes, resfriados.
Infuso de flores e
fruto em água:
tônico.
Flores em decocto:
hemorroidas.
Frutos assados e
quentes:
reconstituição de
órgãos atrofiados
Suco dos frutos:
elimina verrugas.
Amido (pó branco)
extraído do fruto:
tratamento de
diabetes.
Propriedades
sedativas, diuréticas,
agente
hipoglicêmico,
diminuidor de
colesterol e contra
obesidade.
Anti-inflamatório.
Frutos verdes
contém solasodina,
pode ser usada na
fabricação de
anticoncepcionais,
anabolizantes, anti-
Frutos verdes
contém
solasodina,
substância
percursora de
esteroides.
47
48
Marcelinha,
erva- dossoldados
Marolo-docampo
Achyrocline satureioides
(Lam.) DC.
Annona coriacea Mart.
Asteraceae
Annonaceae
Chá das folhas
(decocção ou
fervura): para
cólicas intestinais,
menstruais, dores
nas articulações
(artrite, artrose,
reumatismo)
relaxante,
calmante (folhas
também são
colocadas nos
travesseiros).
Chá das folhas
secas: chá
concentrado
diluído em argila
para fazer
cataplasma no
fígado.
Uso interno do chá
das folhas: para
fígado infartado,
cheio de gordura
inflamatórios.
Decocto ou
infuso das
folhas e flores
frescas ou secas:
antiemética,
estomática e
calmante.
NC*
Sementes trituradas:
eliminação de
piolhos e
ectoparasitas.
Folhas umedecidas
ou amassadas:
colocar na testa para
enxaquecas.
Propriedades
sudorifica,
carminativa,
Decocto ou
infuso das
sementes:
diarreia crônica.
Problemas
digestivos.
Infusão das
flores:
sudorífera.
Chá das
sementes:
prisão de
ventre, má
digestão,
calmante e
problemas no
fígado.
Infusão da
planta inteira:
distúrbios
intestinais e
uterinos,
hipotensivo e
espasmolítico
do extrato
aquoso.
Infusão das
folhas e das
sementes
pulverizadas:
combater
diarreia e
induzir a
menstruação.
Infusão das
sementes com
óleo: afecções
48
49
(desintoxicante),
elimina boca
amarga, dor de
cabeça, acelera o
metabolismo.
Murici, muruci
Pequi
Byrsonima intermediata A.
Juss.
Caryocar brasiliense Camb.
Malpighiaceae
Caryocaraceae
Fruto:
adstringente,
cicatrizante, usado
para cortar
diarreia, elimina
inflamação da
mucosa do
estômago.
Óleo do fruto:
casos de
inflamações, é
cicatrizante,
utilizado em
pomadas para
desinflamar
nervos, bursite,
estomáquica,
antirreumática e
anti-helmíntica (via
oral), para tratar
estomatites,
nevralgias, cefaleias
(bochechos e
compressas).
Flores, frutos e
cascas: diarreia, dor
generalizada e
desordens
intestinais.
Chá das folhas:
contra diarreias,
infecções intestinais,
protege a mucosa
intestinal.
Chá das raízes em
compressas: feridas
crônicas, chagas,
afecções da boca e
garganta.
Banho de assento:
casos de corrimento
vaginal.
Óleo da castanha:
expectorante
(misturado com
banha de capivara e
aplicado no peito),
asma, bronquite,
resfriados e
coqueluche.
parasitárias do
couro
cabeludo.
NC*
NC*
Óleo da
castanha: asma,
bronquite,
coqueluche.
Óleo dos
caroços: asma,
bronquite,
coqueluche,
Óleo da polpa:
tonificante,
contra
bronquites,
gripes,
resfriados,
controle de
tumores.
49
50
tendinite.
Fruto: intestino
preso, rico em
vitamina C,
tratamento de
anemia. .
Quaresmeira
Tibouchina granulosa (Desr.)
Cogn
Melastomataceae
Ucuúba
Virola sebifera Aubl.
Myristicaceae
Chá da casca:
usada para
cicatrização (o uso
não é tão comum).
Chá das folhas:
ajuda a recuperar a
memória, ativa os
neurônios. Para
circulação,
oxigenação do
sangue.
Caroços de molho
na aguardente:
Tônico e
afrodisíaco.
Folhas: regular o
fluxo menstrual.
NC*
NC*
resfriados.
Caroço em
repouso na
cachaça:
afrodisíaco e
tônico.
Óleo
misturado com
mel ou banha
de capivara:
expectorante.
Chá das
folhas: regula
fluxo
menstrual.
NC*
NC*
NC*
Suco da
incisão da
casca:
reumatismo,
inflamação da
faringe e perda
de memória.
Sementes:
resolutivas em
tumores.
Afrodisíaca,
contém
alcaloides.
*Não contém.
**Espécie Exótica
50
51
No total, foram identificadas 31 espécies pelos informantes-chaves durante o
trajeto. Destas, apenas uma é exótica (Tithonia diversifolia, o girassol-mexicano), o que
demonstra que a área, apesar de sofrer alguns impactos por ações antrópicas, ainda se
encontra em bom estado de conservação, com suas características de Cerrado preservadas. O
número de espécies medicinais encontradas foi surpreendente considerando a distância
percorrida. Vale destacar que a ideia inicial era percorrer um trecho maior, abrangendo outros
pontos da área; todavia, devido à quantidade de informações que surgiram pelo caminho e às
limitações de tempo, foi necessário reduzir a extensão do percurso.
Apenas para fins complementares, um levantamento de literatura foi realizado
em fevereiro de 2016 na PUBMED, uma das maiores bases de dados eletrônicas relacionadas
à área da saúde, vinculada ao Instituto Norte Americano de Saúde (National Institutes of
Health). Ao se colocar como descritor/palavra chave o termo “Brasilian Cerrado”, foram
apontados 445 artigos, um número bastante significativo e que revela o grande potencial
medicinal da flora do Cerrado.
mesma
base
Usando como descritor/palavra chave o nome científico de cada espécie na
de
dados,
Baccharis dracunculifolia;
15
foram
sobre
encontrados:
Acryrocline
30
trabalhos
satureioides;
12
publicados
sobre
sobre
Cecropia
pachystachya; 12 sobre Solanum Lycocarpum; 10 sobre Lantana câmara; 10 sobre Tithonia
diversifolia; 9 sobre Stryphnodendron adstringens; 8 sobre Turnera ulmifolia; 7 sobre
Caryocar brasiliense; 7 sobre Pyrostegia venusta; 7 sobre Solanum paniculatum; 7 sobre
Stachytarpheta cayennensis; 6 sobre Miconia albicans; 5 sobre Byrsonima intermediate; 5
sobre Vernonia scorpioides; 4 sobre Casearia sylvestris; 4 sobre Hymenaea stigonocarpa; 3
sobre Annona coriácea; 3 sobre Conyza bonariensis; 3 sobre Jacaranda decurrens; 2 sobre
Ananas ananassoides; 2 sobre Virola sebifera; 1 sobre Campomanesia pubescens; 1 sobre
Luehea paniculata e 1 sobre Smilax brasiliensis, todos listados no Anexo 6. Nenhum dos
trabalhos mencionou questões sobre o conhecimento popular ou conservação do Cerrado no
Brasil; todos discorreram apenas sobre os aspectos farmacológicos, bioquímicos de
substâncias presentes nas plantas medicinais.
Das 31 espécies, seis delas não constam em nenhuma das três literaturas
referidas na Tabela 1: Conyza bonariensis (avoadinha), Miconia albicans (canela-de-velho),
Turnera ulmifolia (chanana), Tithonia diversifolia (girassol-mexicano), Attalea exígua
(Indaiá) e Tibouchina granulosa (quaresmeira). Isso não quer dizer que elas sejam menos
eficientes que as demais ou tenham um poder terapêutico menor, pelo contrário, são sugestões
52
para pesquisas, pois suas propriedades talvez ainda sejam pouco conhecidas; devemos
considerar também que as espécies vegetais podem variar de uma região de Cerrado para
outra.
Em relação às outras 25 espécies, podemos afirmar que as indicações de uso
relatadas pelos informantes-chaves se relacionam intimamente com as indicações descritas
pelas literaturas, o que agrega maior fidelidade ao uso das mesmas como fitoterápicos, pois,
apesar das fontes serem variadas, com relatos de diferentes pessoas, o conhecimento é comum
e leva às mesmas enfermidades (BORGES, 2009). Isso reafirma a riqueza do conhecimento
popular dos erveiros de nossa região e a preciosidade da flora da área de estudo.
Uma das recomendações do gervão-azul, que diz respeito às doenças do
aparelho genital masculino e feminino, não está presente em nenhuma das três bibliografias,
porém foi algo muito enfatizado pelos informantes-chaves. O pequi também teve uma de suas
prescrições não relatadas publicações, que foi a indicação de pomadas para desinflamar
nervos, bursite e tendinite.
É pertinente fazer uma ressalva a respeito da gabiroba, indicada para “quebrar
macumba” com benzimentos, de acordo com os informantes-chaves. Segundo o
conhecimento popular, muitas doenças ditas “espirituais” são somatizadas, ou seja,
manifestadas no corpo físico através de dores variadas, inflamações. De acordo com Polak et
al. (1996), analisar a doença apenas com um olhar fisiopatológico é um risco, sendo que os
sentidos psico-emocional e espiritual devem ser considerados. Estes aspectos são muitos
observados na medicina indígena, onde as doenças do corpo e da alma estão intimamente
conectadas (FROÉS; ROCHA, 1977).
5.3. Procedimentos utilizados para a administração das plantas medicinais
segundo os informantes-chaves
O uso de chás foi o mais citado, abrangendo praticamente 40% dos casos dos
procedimentos indicados.
A Resolução RDC Anvisa nº 277/2005, aprovou o “Regulamento técnico para
Café, Cevada, Chá, Erva-Mate, e Produtos Solúveis” na área de alimentos que não possuem
indicações terapêuticas (BRASIL, 2005). Logo, segundo as descrições, chá é um produto que
não pode ter finalidade medicamentosa, apenas alimentícia.
53
A resolução proferida pelo governo federal não considerou e/ou valorizou a
cultura popular, colocando à margem de suas leis, pois sabe-se pela literatura científica
farmacológica e etnobotânica que os chás têm uso medicinal efetivo e comum em várias
comunidades (BORGES, 2009).
É imprescindível ressaltar a importância deste modo de preparo para fins
medicinais e não apenas alimentícios, já que muitas espécies requerem extrema cautela na
dosagem e administração, como relata o IC2 a respeito do barbatimão:
“Se for tomar ele é bem pouco porque ele é complicado. Ele pode dar estreitamento
do esôfago. Tem que ser bem pouquinho mesmo, fazer fraco.” (Relato de IC2 sobre
o barbatimão)
Indicação (em porcentagem) dos procedimentos utilizados para a administração das
plantas medicinais segundo os informantes-chave
45,00%
40,00%
35,00%
38,77%
30,00%
25,00%
20,00%
15,00%
10,00%
5,00%
0,00%
12,24%
8,16%
6,12% 6,12%
4,08% 4,08% 4,08%
2,04% 2,04% 2,04% 2,04% 2,04% 2,04% 2,04% 2,04%
Gráfico 1. Indicação (em porcentagem) dos procedimentos utilizados para a administração das plantas
medicinais segundo os informantes-chave.
Em seguida, temos o xarope como o segundo mais citado, com cerca de 12 %
das indicações. Segundo os dados da tabela, observamos que o uso do xarope está
intimamente ligado às doenças do sistema respiratório.
O fruto consumido “in natura” vem em terceiro, mostrando que os alguns
frutos do cerrado são alimentos com grande poder medicinal.
54
Logo após, temos a tintura e o banho. Cabe apontar que os banhos com ervas
estão muito relacionados às questões de energização do corpo, a fim de curar as doenças “da
alma” (MACIEL; NETO, 2006). Também é muito comum nas práticas ritualísticas da cultura
afro-brasileira:
O banho de descarrego é feito com ervas próprias de cada orixá. Em cada banho são
usadas entre uma e sete ervas. As de uso mais comum são as folhas de alecrim,
arruda e guiné. Para o preparo do banho as ervas são colocadas em um recipiente
com água, de preferência água de poço ou mineral, e maceradas com uma colher de
pau. Depois de bem esmagadas as ervas são coadas e colocadas em descanso por
alguns minutos. Depois do banho de higiene a pessoa derrama a água do descarrego
sobre o corpo, do pescoço para baixo. Esse banho tem a função de eliminar as
energias negativas que circulam em torno da pessoa ou que ocupam o seu corpo
físico. (GOMES, 2012, p.85)
Cataplasma, suco e pomada abrangeram cerca de 4% dos tratamentos. Os
demais modos de uso, como banho de assento, creme, escalda-pés, óleo, própolis, sabonete,
shampoo e vinho medicinal foram citados em aproximadamente 2% dos casos.
Uma breve explicação sobre os procedimentos utilizados para a administração
das plantas medicinais pode ser encontrada no Anexo 4.
5.4. Sistemas do organismo humano que apresentam envolvimento com as ações
terapêuticas das plantas medicinais relatadas pelos informantes-chaves
Os tratamentos indicados pelos informantes –chaves têm ação sobre os mais
diversos sistemas do organismo humano, sendo que, em todos os casos, uma planta medicinal
envolve mais de um sistema, como mostra a Tabela 2. A classificação dos sistemas foi
realizada segundo Agur et al. (2014) e Porth et al. (2015), de acordo com as enfermidades
descritas pelos erveiros.
55
Tabela 2. Nome popular da planta medicinal, nome científico da espécie e sistemas do organismo humano que apresentam
envolvimento com as ações terapêuticas das plantas medicinais relatadas pelos informantes-chaves
Nome popular
Nome científico
Sistemas do organismo humano que apresentam envolvimento com as ações
terapêuticas das plantas medicinais relatadas pelos informantes-chaves
Abacaxi-do-cerrado
Ananas ananassoides (Baker) L.B. Smith.
Sistema Digestório, Sistema Respiratório, Sistema Imune
Açoita cavalo
Luehea paniculata Mart.
Sistema Imune, Sistema Nervoso, Sistema Articular, Sistema Tegumentar
Alecrim-do-campo
Baccharis dracunculifolia DC.
Sistema Imune, Sistema Nervoso
Angico preto
Araçá, goiabinha
do campo
Anadenanthera falcata (Benth.) Speg.
Sistema Imune, Sistema Nervoso, Sistema Articular, Sistema Muscular, Sistema
Tegumentar, Sistema Respiratório
Psidium firmum Berg.
Sistema Imune, Sistema Digestório, Sistema Tegumentar
Assa-peixe
Vernonia sp
Sistema respiratório, Sistema Imune
Avoadinha, buva
Conyza bonariensis (L.) Cronquist
Sistema Imune, Sistema Renal, Sistema Circulatório
Barbatimão
Stryphnodendron adstringens (Mart.) Coville
Sistema Imune, Sistema Digestório, Sistema Reprodutor, Sistema Tegumentar
Cambará
Canela de velho,
planta da cotia
Lantana câmara L.
Sistema Imune, Sistema Respiratório
Miconia albicans (Sw.)
Sistemas Imune, Sistema Nervoso, Sistema Articular, Sistema Muscular
Carobinha
Jacaranda decurrens Cham.
Sistema Imune, Sistema Digestório, Sistema Tegumentar, Sistema Circulatório
Chanana
Turnera ulmifolia L.
Sisstema Imune, Sistema Nervoso, Sistema Digestório
Cipó-de-são-joão
Pyrostegia venusta Miers.
Sistemas Imune, Sistema Nervoso, Sistema Tegumentar
Cipó-prata
Banisteriopsis campestres (A. Juss.) Little.
Sistema Nervoso, Sistema Ósseo, Sistema Articular, Sistema Imune
Embaúba, umbaúba
Cecropia pachystachya Trécul.
Sistema Imune, Sistema Respiratório
55
56
Gabiroba
Campomanesia pubescens O. Berg.
Sistema Imune, Sistema Nervoso
Gervão-azul
Stachytarpheta cayennensis (Rich.) Vahl.
Sistema Imune, Sistema Nervoso, Sistema Reprodutor
Girassol-mexicano
Tithonia diversifolia (Hemsl) A. Gray
Sistema Nervoso, Sistema Endócrino
Gravatá
Bromelia antiacantha Bertol.
Sistema Respiratório, Sistema Imune
Guaçatonga
Casearia sylvestris Sw.
Sistema Imune, Sistema Nervoso, Sistema Renal, Sistema Circulatório
Indaiá
Attalea exígua Drude
Sistema Nervoso, Sistema Digestório
Japecanga
Smilax brasiliensis Spreng.
Jatobá
Hymenaea stigonocarpa Mart. Ex Hayne
Sistema Imune, Sistema Nervoso, Sistema Tegumentar
.
Sistema Imune, Sistema Respiratório, Sistema Reprodutor
Jurubeba
Solanum paniculatum L.
Sistema Imune, Sistema Nervoso, Sistema Muscular, Sistema Digestório, Sistema Renal
Lobeira
Solanum Lycocarpum A. St. -Hil.
Sistema Nervoso, Sistema Digestório
Marcelinha, ervados-soldados
Achyrocline satureioides (Lam.) DC.
Sistema Imune, Sistema Nervoso, Sistema Digestório, Sistema Articular, Sistema
Muscular, Sistema Reprodutor
Marolo-do-campo
Annona coriacea Mart.
Sistema Nervoso, Sistema Digestório
Murici, muruci
Byrsonima intermediata A. Juss.
Sistema Imune, Sistema Nervoso, Sistema Digestório
Pequi
Caryocar brasiliense Camb.
Sistema Imune, Sistema Nervoso, Sistema Articular, Sistema Muscular, Sistema
Digestório, Sistema Circulatório
Quaresmeira
Tibouchina granulosa (Desr.) Cogn
Sistema Imune, Sistema Tegumentar
Ucuúba
Virola sebifera Aubl.
Sistema Nervoso, Sistema Respiratório, Sistema Circulatório
56
57
Indicação (em porcentagem) dos sistemas do organismo humano que apresentam
envolvimento com as ações terapêuticas das plantas medicinais relatadas pelos
informantes-chaves
30,00%
25,00%
20,00%
15,00%
10,00%
5,00%
26,26%
20,20%
12,12%
8,08% 8,08%
6,06% 5,05% 5,05%
4,04% 3,03%
0,00%
1,01% 1,01%
Gráfico 2. Indicação (em porcentagem) dos sistemas do organismo humano que apresentam envolvimento com
as ações terapêuticas das plantas medicinais relatadas pelos informantes-chaves.
5.5. Sobre a entrevista realizada com os informantes-chaves
A entrevista com os informantes-chave se deu no quiosque, antes do retorno,
enquanto tomávamos um café. A primeira pergunta, visando conhecer a raiz do conhecimento
dos erveiros, foi a seguinte: “Com quem aprendeu o conhecimento das plantas medicinais?
Transmite para alguém?” E as respostas foram:
“A gente foi nascido no sítio, é do mato mesmo, a gente já conhecia uma infinidade
mesmo.
A gente já tem um pouco dali e depois pra aumentar mais o conhecimento, a gente
fez uns cursos em São Carlos para aumentar o conhecimento da gente. Hoje o
conhecimento graças a deus tá bastante adiantado.
A gente fez também aquele curso pra escapar de laboratórios, medicina, essas
coisas, para de fitoterapeuta, né? A gente mesmo sem poder teve que fazer pra
escapar, porque é melhor você gastar um pouco do que levar uma multa muito
grande ou um processo, como a gente vai responder um processo depois?
E o conhecimento da gente, cada dia que passa, a gente vai adquirindo mais. Na
natureza, nada como fazer na prática. Você vê aqui, o que ela não sabe, se eu
souber eu falo.
A gente vai formando uma corrente, que isso aí já chama uma corrente, né?
Quanto mais levar o conhecimento pro próximo, aquele expande pra outro, pra
outro e vai alastrando. Vê que todos canais de televisão hoje: plantas medicinais,
ninguém pode barrar.” (Relato de IC2)
58
“Tenho uma origem indígena, minha mãe é filha de índia, somos da tribo dos
Tupinambás, uma nativa lá da baixada do Rio Amazonas. Nasci no meio do mato.
Quando nós falamos da ilha tubinambarana, nós estamos falando da nossa família,
da nossa origem das nossas raízes. E quando se se fala a linguagem indígena, nós
vivemos o dia a dia, nós vivemos a nossa vida, dentro fora, no olhar, nas
lembranças indígenas, também do nosso conhecimento.
E quando se fala das ervas medicinais, nós já nascemos com esse conhecimento, nós
nascemos no meio do mato. No meio do mato, você fica doente, a mãe
automaticamente vai no jardim, vai no quintal, vai ali no meio do mato mesmo, e já
conhece a planta, pega a folha, já faz o chá, ou já faz um banho também, nós somos
muito de banho, e já realiza ali aquela prevenção, aquela cura, automaticamente,
naturalmente , isso é importante. Então já vem de uma descendência indígena, da
minha origem, graças a Deus e Nossa Senhora (...). Com passar do tempo, que nós
vamos crescendo, ganhando experiência, educação, convívio com outras pessoas
também, com outras culturas diferentes, e vamos sentindo o amor no coração, a
necessidade de ajudar, de transmitir, de fazer o bem sem ver a quem, não tem preço.
É automaticamente, sabe? Nós vamos sim passando o conhecimento. Perseguições,
nós temos sim, muitas. Tem o ciúme, tem a inveja, mas eu falo assim, que cada um
está em cima dessa mãe natureza, desse espaço sagrado que se chama Terra, pra
aprimorar o seu conhecimento, pra diversificar, pra doar também. É o que nós
estamos fazendo aqui (...). É muito bom quando nós podemos estar do lado de
pessoas que querem fazer a diferença, levar o conhecimento gratuitamente, doando
o que recebeu também (...). Na realidade, nós temos jatobá, nós temos faveiro
também. Quando se fala das plantas da Amazônia, muitas pessoas de outras
cidades, de outros continentes, já habitaram aquela região e já plantaram também.
E, quando eu vim - eu saí da ilha com sete anos de idade - fui pra Manaus e de
repente me deparei aqui. Me deparei com um homem muito especial, sagrado, que
eu amo de paixão pelo conhecimento, pelo amor, pelo carinho (...). Ele nos passou
muita coisa, esse homem levava muitas pessoas pro meio do mato pra conhecer,
doando o amor dele. E olha que ele não é índio, mas ele conviveu com índios no
mato grosso e conheceu muitas coisas.” (Relato de IC1)
Através dos depoimentos, podemos observar que a relação que os erveiros têm
com a terra é muito íntima, e foi construída desde cedo, com informações passadas de geração
a geração. Porém, ambos sempre buscaram conhecer mais a respeito, estudar, trocar e
compartilhar saberes. Este é um dos propósitos do Programa Nacional de Plantas Medicinais e
Fitoterápicos, para que os detentores do conhecimento possam também atuar no Sistema
Único de Saúde:
O Programa estabelece que a validação e garantias de uso, eficácia e qualidade
desses produtos deverão ser referendadas pela tradição. Define, ainda, que o
incentivo, apoio e fomento ao aprimoramento técnico e sanitário de seus agentes,
processos e equipamentos, deverão propiciar a inserção dos detentores desses
saberes e de seus produtos no Serviço Único de Saúde – SUS e nos demais
mercados. (DIAS; LAUREANO, 2010, pág. 16)
Perguntei ao IC2 se os jovens têm interesse em aprender esse conhecimento
transmitido, e a resposta:
59
“Poucos viu, poucos. Tem aqueles uns que você fala, e não adianta. O negócio deles
é outro, não é planta não.” (Relato de IC2)
Com a diversidade de tecnologias inovadoras disponíveis, os jovens passaram a
ter outras formas de adquirir informação e desenvolveram outros interesses, fato que os
distanciou da sabedoria popular e dos tratamentos com ervas medicinais transmitidos pelos
mais velhos (GUIDO, 2014). Estreitar novamente esta relação e realizar registros é
indispensável para que o conhecimento precioso das gerações antigas não seja perdido.
Através das respostas da pergunta “Qual a importância de transmitir esse conhecimento?”
podemos reiterar essa importância:
“É muito importante passar o conhecimento adiante. Porque realmente a saúde é
muito simples de ser recuperada quando você tem o conhecimento, quando você tem
o discernimento e a responsabilidade, porque pra cada planta existe uma função, e
cada órgão muitas vezes necessita de algumas ervas diferenciadas pra trazer a
recuperação da saúde.” (Relato de IC1)
“É importante porque, primeiro passo, é que a gente tá servindo o próximo né. Às
vezes uma pessoa tá com uma enfermidade, e tá naquele desespero. Então você
entra lá, já faz o que tem que fazer, passa um chazinho pra ela, que não custa nada
fazer, e dá resultado. Quer dizer, aquela lá depois passa pra outra...a gente vai
alastrando devagar.” (Relato de IC2)
A preocupação e o cuidado com seus semelhantes são nítidos nas falas, e
ambos destacam a importância do compartilhamento desses saberes para que a cura através
das plantas medicinais seja disseminada. É interessante notar que o saber popular não
aprisiona o conhecimento, pelo contrário, quanto mais pessoas forem beneficiadas, maior é a
satisfação. Isso demonstra a humanidade com que os erveiros acolhem aqueles que buscam
soluções para suas dores; o altruísmo, sem dúvida alguma, é uma característica marcante
desses curadores.
O respeito pela terra demonstra que o zelo não se restringe ao cuidado com as
pessoas. Seguem as respostas da pergunta “Existe um cuidado ao coletar a planta para não
danificá-la?”:
“Na verdade, eu vou falar uma coisa pra você, todo lugar onde existe mato, terra,
árvore, é um lugar sagrado. Aqui, é um lugar maravilhoso, de se viver essa vida, de
saber se viver, nós viemos aqui pra aperfeiçoar. Deus nos dá totalmente,
gratuitamente Se nos começarmos a avaliar, a fazer a preservação, a ter
consciência que nós devemos preservar pra passar pra nossa futura geração, nós
vamos ter sim qualidade de vida, nós vamos ter saúde, nós vamos ter muitas
pesquisas ainda a serem desenvolvidas.“ (Relato de IC1)
60
“É importante (coletar com cuidado) pra que isso não aconteça, né” (Relato de
IC2)
A fala de IC1 demonstra que existe uma relação harmoniosa com a natureza, e
não a exploratória. Mostra, também, a plena consciência de que conservação é essencial para
a qualidade de vida das gerações e para que novas pesquisas sobre plantas medicinais sejam
desenvolvidas. É evidente que s aspectos socioculturais e ambientais estão extremamente
conectados, como afirma Santos (2014):
A prática de uso das plantas medicinais tanto na cura física quanto espiritual faz
parte das relações que a comunidade desenvolveu ao longo de séculos com a
natureza, consigo mesma e com o mundo que a cerca. Os saberes e práticas de
cuidado com a saúde, atrelados ao uso das plantas medicinais, dizem respeito à
estreita relação existente entre aspectos socioculturais e ambientais. (SANTOS,
2014, pág. 245)
Na pergunta “Onde coleta as ervas medicinais para realizar os tratamentos?”,
os informantes-chaves destacaram que o local deve ser livre de contaminações. Ambos têm
plantas medicinais em casa e também coletam em áreas verdes:
“Na realidade, quando nós vamos colher planta pra um determinado tratamento de
saúde, nós temos que avaliar muito o local. Porque existem aí várias
contaminações. Você vai pegar aí uma planta da calçada, onde cai a chuva, lixo,
tudo mais, tem córrego, esgoto, entulho? Não. Você vai pra um lugar distante, um
lugar adequado que não tem nada de contaminação e principalmente num lugar
desse, o Cerrado. Agora o bom, sempre, é você ter uma fonte segura e eficaz, ou
seja, aquisição é importante. Ou você planta num terreno onde você toma conta ou
você colhe também de um lugar que você acha que é seguro e eficaz para fazer a
complementação ou até mesmo a recuperação dessa saúde da pessoa. Compro
diretamente do distribuidor, plantador, agricultor, coleto também. Quando eu vejo
que tem um lugar seguro, tranquilo, que não existe contaminação, eu colho.”
(Relato de IC1)
“Estou mais no mato de Ibaté que em casa (risos). Tenho várias (plantas) em casa.
Vou nos dois, onde eu souber. Na cidade não dá, tem que ir lá (no mato), porque
tem muita impureza.” (Relato de IC2)
Sobre os aspectos da conservação, perguntei: “Como o conhecimento das ervas
medicinais pode contribuir para a conservação da área?”
61
“Nós temos que, em primeiro lugar, educar, reeducar, contar a história do passado,
do que nós vivemos pros nossos filhos atuais. Esse conhecimento tem que ser
contato dentro da escola, tem que participar as crianças sim, tem que contar essa
história pra eles, pra eles irem tomando gosto, tomando respeito, tomando a
consciência, se conscientizando que é necessário nos fazermos a preservação do
planeta. Porque se nós não fizermos a preservação do meio ambiente em que nós
vivemos, e ir passando essa cultura com das ervas medicinais, fauna e flora, nós
não temos longevidade, nós não temos qualidade de vida também. Nós estamos
plantando o amor para colher a flor também, isso é fundamental. Eu penso muito
nessa parte da educação de casa, em primeiro lugar, e depois sendo levada pras
escolas também, isso é importante.” (Relato de IC1)
Mais uma vez, notamos que biodiversidade não adquire prestígio apenas nos
laboratórios, através de pesquisas em engenharia genética e biotecnologia, há um grande valor
intrínseco às comunidades, sendo que a maioria dos saberes populares é baseada na
capacidade que o ambiente tem de manter a vida, e não em seu valor comercial (SHIVA,
2003), o que os transforma também em instrumentos para a conservação. Vários programas
conservacionistas têm fracassado por não incorporarem padrões locais de usos de plantas e
paisagem, atribuindo somente um valor mercadológico à área e deixando de lado valores
locais como as crenças, espiritualidade e processos de subsistência (ROCHA, 2004).
A erveira fala também sobre a importância de inserir as tradições e os saberes
populares nas escolas e, acrescento, nas universidades. Nesse contexto, a Educação Popular se
faz presente; é preciso agregar os detentores desse vasto conhecimento aos espaços escolares,
acadêmicos e ampliar as discussões sobre o assunto dentro das próprias comunidades.
[...] quando se realiza estudos pedagógicos sobre plantas medicinais, tanto se
trabalha a temática do meio ambiente, quanto à orientação sobre economia, saúde e
qualidade de vida criando-se um elo entre Educação Ambiental e Saúde Pública, e a
escola deve aproveitar essa ferramenta e orientar os alunos a respeito das riquezas
dos recursos naturais despertando neles o fascínio pela pesquisa das propriedades
medicinais das plantas e sua correta aplicação terapêutica, pois as plantas medicinais
surgem como uma das alternativas para o trabalho preventivo da saúde das pessoas
(SILVEIRA, 2005 apud SILVA, 2012, p.1355).
Referente à questão “Qual o significado das plantas medicinais para você, o
que elas representam?”, ambos relataram que elas são como uma “farmácia”:
“Ela representa assim, como a gente vai dizer, uma farmácia né? Porque você fica
doente, você corre na farmácia, a gente corre pra natureza. Quer dizer, nós vamos
em busca, nós estamos no caminho mais certo, porque nada é como uma coisa pura.
E aquela lá é contaminada né, tem químicos, tem isso e aquilo. Então pra nós
62
representa um lugar onde fica guardado medicamento e que a gente vai lá buscar, e
é a natureza.” (Relato de IC2)
“É a farmácia de deus, ali não tem contaminação, tem o amor mais puro da mãe
natureza, conciliando ali a necessidade do filho em busca da sua recuperação, do
seu bem estar físico, emocional, social, principalmente o espiritual. A índia não
entra nessa terra sagrada, nesse solo, calçada, porque sou uma consagrada. E eu
vejo meus irmãos mortos, sendo esfaqueados, roubados, sendo expulsos da casa
deles e ninguém fala muita coisa. E eles vão morrendo, sendo eliminados, mas a o
ciclo da vida continua. E isso aqui é sagrado demais, aqui a gente esquece todos os
problemas, esquece que é mãe, que tem gente passando mal, e estamos aqui dando
nossa contribuição, é pequena, é muito pequena, mas é de coração e eu estou feliz
de estar com ele (IC2) também.” (Relato de IC1)
Nota-se que ambos fazem uso das plantas para tratar também os seus
problemas pessoais. Essa é uma das maiores riquezas do conhecimento popular, pois seus
detentores utilizam de maneira prática em suas vidas aquilo que indicam para outras pessoas,
o que lhes confere uma propriedade de fala ainda maior. Como disse Freire (2000), “(...) devo
usar toda possibilidade que tenha para não apenas falar de minha utopia, mas participar de
práticas com ela coerentes.”. Ainda, nas palavras de Jung (1998):
[...] aquilo que atua não é o que o educador ensina mediante palavras, mas aquilo
que ele “verdadeiramente é”. Todo o educador, ao sentido mais amplo do termo,
deveria propor-se de novo à pergunta essencial: ele procura realizar em si mesmo e
em sua vida, do modo melhor possível e de acordo com sua consciência, tudo aquilo
que ensina. Na psicoterapia tivemos que reconhecer que em última instância não é a
ciência nem a técnica que tem efeito curativo, mas somente a personalidade; o
mesmo acontece na educação: ela pressupõe a “educação de si mesmo”. (JUNG,
1998, p. 145)
As respostas da pergunta “Qual a particularidade do tratamento com as
ervas?” revelam que as plantas medicinais tratam o ser humano de maneira integral,
resolvendo as raízes das enfermidades, desintoxicando o organismo, e não apenas tratando os
sintomas:
“Aí vem aquele problema...Eu vou lá porque aquele remédio tira a dor, aquele lá
presta, né? Não são todos iguais, uns gostam dos olhos, outros da ramela (risos).
Então, se pra nós aqui tá bom, e pra quem tá procurando a gente tá bom, pra gente
tá melhor ainda. Porque o intuito da gente é levar conhecimento e dar as plantas já
63
adequadas pra ele. Se ele acha que ele melhorou, pra nós tá mais que bom. Agora
aquele lá (remédio alopático), eu não posso sem discutir. Eu francamente não tomo
uma gota de nada.” (Relato de IC2)
“Elas conseguem energizar, tocar fundo, isso que é diferenciado, entendeu? Você
sente o poder, a energia, é impressionante como você, descalça, descarrega tudo, eu
estou livre...livre, livre, livre (...), não estou com dor nenhuma (...). Limpa,
harmoniza, equilibra, traz a paz e o equilíbrio, não tem pagamento, não tem preço.
Não tem que ter medo. Agora, quando estava diante de um juiz, a cor dos olhos dele
era azul, ele era branco. Aí eu falei assim: ‘Excelência! (ele estava intimando uma
pessoa muito querida, fazendo assinar um TAC ) Por gentileza, uma pergunta: ‘Eu,
que nasci no meio do mato, sou filha de índia, conheço as ervas!’. Aí ele levantou,
parabenizou, apertou minha mão: ‘Você tem algum estudo, algum certificado, que
comprove que você estudou as ervas?’ Eu falei: ‘Não senhor.’ Aí ele disse assim:
‘Então vai estudar.’
Aí eu parti e só parei na especialização com três casos de cura apresentados.
Quando nós falamos desses dois lados, o natural e o alopático, existe o benefício de
ambos os lados, eu já atuei dez anos na área de enfermagem como técnica em
enfermagem. Eu falo que existe a necessidade. Se existe a necessidade dos dois, nós
temos que amar, respeitar e usar quando necessário, cada caso é um caso. Por isso
que eu falo: já foi ao médico? Já fez teus exames pra você ter uma certeza absoluta
do que é que você tem, o que é que você está sentindo? Aí depois, qual o tratamento
adequado que você vai usar e será encaminhado pra você, quem vai demandar,
quem vai autorizar, é teu coração. Medicamentos da farmácia, é ótimo, é muito
bom, tira com a mão. Mas você não tratou a raiz do problema, você tirou os
sintomas, acalmou o fogo, baixou o fogo na hora do problema. Depois, daqui a dez,
quinze dias, ele retorna mais forte ainda. Por quê? Porque você tomou um
medicamento alopático, sanou o problema, remediou o problema, acalmou. Mas
você tem que ter a noção que você tem que tratar a raiz do problema, e você só vai
tratar, curar, eliminar a raiz do problema com tratamento natural, pra não
intoxicar mais ainda esse corpo que já está intoxicado (...). É importante fazer a
desintoxicação dos medicamentos, de uma cirurgia grande ou pequena. Quando nós
tomamos também uma quantidade de anestesia no corpo, tudo causa efeito
colateral. Você fica com baixa imunidade, você fica com uma baixa resistência, e de
repente vem uma anemia, vem uma fraqueza. Uma coisinha que você não preste
bastante atenção, você nunca mais recupera. E você só vai se intoxicando, se
intoxicando, e não trata a raiz do problema.” (Relato de IC1)
Uma passagem do trabalho de Santos et al. (2011), também revela a
integralidade dos tratamentos feitos com as ervas medicinais:
[...] a fitoterapia faz com que o ser humano volte a se conectar com a natureza e
assim buscar na vegetação uma forma de ajudar o organismo em vários sentidos,
como a restaurar a imunidade enfraquecida, normalizar funções fisiológicas,
desintoxicar órgãos e até mesmo para rejuvenescer. (FRANÇA et al., 2008 apud
SANTOS, 2011, p. 487)
Em Muru e Quinet (2014), o pajé tem uma passagem interessante sobre esta
questão: afirma que o remédio químico mata a doença ao invés de mandá-la embora, como
fazem as plantas medicinais. Ou seja, a cura pode até vir, mas algo ficará impregnado no
organismo, ao contrário do tratamento com as ervas, que leva a doença sem deixar impurezas
no corpo.
64
Por fim, pergunto sobre a área de Cerrado do campus: “Conhecia área de
Cerrado no campus da UFSCar? Qual sua impressão sobre ela?”
“Não, essa aqui eu nunca entrei. Sagrada, abençoada, muito especial.
Principalmente pra estudo, nós estamos vendo aqui que os ciclistas estão passando,
pai e mãe trazendo os filhos nesse local sagrado, e com o passar do tempo eles vão
ver que aqui é uma preservação sagrada, que eles também vão trazer a geração dos
filhos deles.” (Relato de IC1)
“Não conhecia. Que é muito bom demais. É um lugar propício pra fazer esse tipo de
coisa e adquirir novos conhecimentos do que tem, o que existe aqui. Ali tá a prova,
os macaquinhos (sobre a sagui com filhote que avistamos no início da caminhada).
Foi um prazer imenso conhecer isso daqui.” (Relato de IC2)
O relato dos informantes-chave reitera a importância da área de cerrado do
campus como um rico local para a realização de mais estudos sobre plantas medicinais, e que
deve ser conservado inclusive para que as futuras gerações possam conhecê-lo.
65
6. CONCLUSÕES
Os resultados demonstram que os erveiros identificaram com facilidade um
número muito significativo de plantas medicinais no local de estudo, mesmo sem o
conhecimento prévio da área. Isso revela uma sabedoria preciosa sobre as ervas, que extrapola
as questões fitoterápicas em si e se expande para aspectos culturais e ambientais.
As indicações terapêuticas relatadas pelos informantes-chaves visam o cuidado
integral do ser humano, e relacionaram-se intimamente àquelas descritas nas literaturas
específicas.
Os dados coletados na turnê-guiada e os relatos dos informantes-chaves
apontam a importância da conservação da área de Cerrado da UFSCar, por sua relevância
ecológica e por ser uma área riquíssima para o estudo sobre plantas medicinais de Cerrado no
estado de São Paulo e no Brasil.
A valorização do saber popular regional e da flora local são aspectos
fundamentais para o fortalecimento dos movimentos de Educação Popular em Saúde e das
Práticas Integrativas, pois fornecem subsídios valiosos para a incorporação de novas plantas
medicinais aos programas de fitoterapia dos municípios.
66
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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70
ANEXOS
Anexo 1
Roteiro de perguntas durante a turnê-guiada
1) Qual o nome ou os nomes populares da planta?
2) Para que a planta é indicada?
3) Qual a parte da planta é utilizada?
4) Qual o procedimento utilizado para preparar a planta para o uso?
71
Anexo 2
Roteiro de entrevista com os informantes-chaves
1) Com quem aprendeu o conhecimento sobre as plantas medicinais? Transmite para
alguém?
2) Qual a importância de transmitir esse conhecimento?
3) Existe um cuidado ao coletar a planta para não danificá-la?
4) Onde coleta as ervas medicinais para realizar os tratamentos?
5) Como o conhecimento das ervas medicinais pode contribuir para a conservação da
área?
6) Qual o significado das plantas para você, o que elas representam?
7) Qual a particularidade do tratamento com as ervas?
8) Conhecia área de Cerrado no campus da UFSCar? Qual sua impressão sobre ela?
72
Anexo 3
Termo de Consentimento
Nome:____________________________________________________________________
Nacionalidade:_____________________________________________________________
Estado Civil:________________________________________________________________
Ocupação:__________________________________________________________________
Data de nascimento: _____/______/________________
Endereço:__________________________________________________________________
Cidade: ________________ Estado: ______
RG:___________________________
Tel. Res. (
CPF:____________________________
) _____________________ Tel. Cel. (
)_________________________
Aceito participar da pesquisa de monografia do curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal
de São Carlos sobre plantas do Cerrado no campus da UFSCar, no município de São Carlos, SP, sob a
responsabilidade da aluna Ana Carolina Moreno Mazini e orientação da Profa. Dra. Maria Waldenez
de Oliveira e Profa. Dra. Cristina Paiva de Sousa. Minha participação será inteiramente livre e por
minha vontade. Autorizo expressamente a utilização da minha imagem e voz, em caráter definitivo e
gratuito, constante em fotos, filmagens e gravações de áudio decorrentes da minha participação. As
imagens e a voz poderão ser exibidas: nos relatórios parcial e final do referido projeto de pesquisa, na
apresentação audiovisual do mesmo, em publicações e divulgações acadêmicas, em eventos nacionais
e internacionais relacionados ao tema, bem como disponibilizadas no banco de imagens resultante da
pesquisa e na Internet, fazendo-se constar os devidos créditos. Por ser esta a expressão de minha
vontade, nada terei a reclamar a título de direitos conexos à minha imagem e voz ou qualquer outro.
Fui esclarecido que responderei a perguntas semiestruturadas durante o trajeto proposto e ao final do
percurso. Minha identidade será preservada, isto é, meu nome e demais dados não serão divulgados e,
caso seja necessário, poderei interromper a entrevista a qualquer momento.
São Carlos, ________ de ________________________, de_________________.
Assinatura do entrevistado___________________________________________
Assinatura do entrevistador___________________________________________
73
Anexo 4
Procedimentos utilizados para a administração das plantas medicinais segundo o livro
“Folhas de Chá: Remédios Caseiros e Comercialização de Plantas Medicinais,
Aromáticas e Condimentares” (SILVA et al. – Viçosa, MG: UFV, 2008)
 Chás
Esta preparação é, sem dúvida, a mais tradicional e conhecida forma de
utilização das plantas medicinais. Existem três maneiras de preparação dos chás, conforme
detalhado nos tópicos subsequentes.
Infusão
Usa-se esse tipo de preparação com as partes tenras de algumas plantas, como
flores e folhas. Tais partes são normalmente ricas em componentes voláteis e princípios ativos
que se degradam pela ação conjunta da água e do calor prolongado. A infusão é obtida
colocando-se a quantidade de planta suficiente ao preparo, em recipiente de vidro ou louça.
Em seguida, derrama-se água fervente sobre a erva num desses recipientes e tampa-o,
aguardando de 5 a 10 minutos para, após esse tempo, coar-se o infuso, que deve ser utilizado
no mesmo dia da preparação. É recomendável que o s chás sejam preparados em quantidades
suficientes para o consumo imediato.
refrigeração, deve ser evitado.
O armazenamento dos chás, mesmo que sob
Decocção
Deve ser empregada quando se utilizam os órgãos menos tenros das plantas,
como raízes, cascas, rizomas e sementes e outras partes de maior resistência à ação da água
quente. Lavam-se as partes das ervas colocando-as em uma panela (é melhor que esta não seja
de alumínio) com água fria. Leva-se ao fogo e deixe-se ferver por tempo relacionado ao
volume final da decocção desejada, sendo recomendado, em geral, um mínimo de 10 e um
máximo de 20 minutos. A seguir, deixa-se o decoto em repouso por 5 a 10 minutos em
recipiente bem tampado, coando após decorrido esse tempo e consumindo de imediato,
preferencialmente.
 Maceração
74
É uma preparação realizada a frio. Coloca-se parte da planta medicinal
rasurada a ser utilizada em água fria por até 12 horas. O recipiente deve permanecer em lugar
fresco, ao abrigo da luz direta. Findo o tempo previsto, coa-se o preparado.
 Suco ou Sumo
Obtém-se o suco espremendo o fruto ou outra parte da planta, podendo ser
diluído em água e ingerido logo após o seu preparo. O sumo, por sua vez, é obtido triturando-
se a planta medicinal fresca num pilão, liquidificador ou em uma centrífuga. Durante o
processo de extração do sumo, pode-se adicionar pequena quantidade de água, caso a planta
possua pouco líquido. Essas preparações devem ser feitas imediatamente antes do uso.
 Tintura
Grande parte das substâncias que conferem propriedades terapêuticas a
diversas plantas medicinais é solúvel em água, por isso, a elaboração de tinturas é a forma
mais simples de conservar os seus princípios ativos por longo período. A tintura consiste em
deixar as partes picadas das plantas já secas imersas em álcool por 8 a 15 dias, em local ao
abrigo da luz e à temperatura ambiente. O álcool utilizado preferencialmente utilizado é o de
cereais, que deve estar a 60°GL. A proporção de plantas em relação à quantidade de álcool é
de uma parte de plantas secas para cinco partes de álcool. Exemplo: duzentos gramas de
folhas secas para 1 litro de álcool de cereais a 60 °GL.
Escolhidas as plantas e o álcool de cereais após a maceração as tinturas devem
ser colocadas em vidros âmbares, devidamente rotulados e armazenados em local escuro. Em
geral, podem ser usadas por até dois anos na forma de gotas dissolvidas em água para uso
interno e no preparo de pomadas, cataplasmas e fricções (uso externo).
 Alcoolaturas
As alcoolaturas são obtidas pela ação do álcool sobre as plantas frescas, sem
secagem, uma vez que esse procedimento estabiliza seus princípios ativos. Na alcoolatura, são
empregadas partes iguais em peso de planta fresca e de álcool (de cereais, preferencialmente).
Por exemplo: 100 g de folhas frescas picadas para 100 ml de álcool de cereais 60 °GL. O
modo de preparação é muito simples, basta deixar as partes da planta fresca em maceração
por oito dias em recipiente fechado com álcool. Após esse período, o preparado deve ser
filtrado.
75
Depois da maceração, as alcoolaturas, assim como as tinturas, também devem
ser colocadas em vidros âmbares devidamente rotulados, que devem ser armazenados em
local escuro. Em geral, elas podem ser utilizadas por até um ano na forma de gotas dissolvidas
em água, para uso interno, e no preparo de pomadas, cataplasmas e fricções, para uso externo.
 Xarope
Os xaropes são preparações simples, baratas. Existem diversas maneiras de
prepará-los. Uma delas é a seguinte: utilizam-se como ingredientes água, açúcar mascavo ou
rapadura ralada e as plantas medicinais, por exemplo alho, cebola, gengibre, gergelim,
manjericão. A forma de preparo consiste em colocar-se o açúcar mascavo ou a rapadura
ralada numa panela com água, deixando-os derreter até atingir a fervura, formando uma calda.
Logo após, juntam-se as plantas em fogo mínimo, por apenas dois minutos. Apaga-se o fogo e
deixa-se o xarope descansando por cerca de 15 minutos em panela tampada. Depois, coa-se,
colocando-o em vidros preferencialmente escuros, que devem ser rotulados.
Sugere-se a seguinte proporção dos ingredientes: 3 partes de açúcar mascavo
ou rapadura ralada, 1 parte de água e 1 parte da planta fresca picada e lavada, ou ½ parte da
planta seca picada.
O xarope pode ser guardado até por 15 dias em geladeira, mas, se observarmos
sinais de fermentação, deve ser descartado. Recomenda-se adicionar gotas de tintura de
própolis ao xarope, como conservante, além de ser também um auxílio terapêutico. Devido à
grande quantidade de açúcar mascavo ou mesmo rapadura, os xaropes não devem ser usados
por diabéticos.
 Vinho medicinal
Nesta preparação, pode-se utilizar o vinho branco ou o tinto, com graduação
alcoólica de aproximadamente 11° GL. Macerando-se cerca de 5 g da planta seca (10 g da
planta fresca) em cada 100 ml de vinho (ex. em uma garrafa de 750 ml de vinho, acrescentamse cerca de 35 g de plantas secas). O vinho deve ser mantido em maceração por um período de
10 a 15 dias, sendo agitado uma vez ao dia. Deve ser adicionado em uma garrafa tampada,
armazenada em local escuro. Após a maceração, filtra-se o preparado. Recomenda-se tomar
com moderação.
 Cataplasma
76
É um preparado de princípio terapêutico, em forma de pasta produzida a partir
da mistura de pós de origem vegetal (como farinhas) ou mineral (como argila) com o sumo de
plantas medicinais e água quente.
A pasta formada deve ser aplicada diretamente sobre a pele ou envolvida em
tecido fino ou gaze. A finalidade desde preparado é fornecer calor e umidade e agir como
estímulo local, por meio dos princípios ativos que contém. O calor úmido permite a ação mais
prolongada desses princípios, pois penetra mais facilmente no organismo que o calor seco.
 Compressa
Preparação de uso tópico, geralmente feita com pequenos pedaços de tecido,
gazes ou chumaços de algodão embebidos em infuso, decocto, sumo, tintura ou alcoolatura da
planta diluída em água. A compressa é colocada sobre a parte afetada e mantida levemente
apertada; pode ser aplicada quente ou fria.
 Pomada
Pode ser preparada de diversas formas. Serão descritas a seguir duas maneiras
de preparação de pomada caseira de plantas medicinais, com os ingredientes: óleo vegetal,
tintura de planta, cera de abelha e lanolina:
- Misturar, em panela esmaltada, 2 partes de lanolina em 1 parte de cera de
abelha. Levar a panela ao banho-maria até que a mistura se torne líquida e homogênea. Aos
poucos, adicionar 10 partes de óleo de girassol ou canola, mexendo sem parar até a
uniformização da mistura. Retirar a panela do banho-maria e acrescentar 3 partes de tintura da
planta medicinal. Mexer até que a pomada adquira consistência pastosa.
- Fritar 50g da planta fresca em 250 g de gordura vegetal hidrogenada já
derretida, durante cerca de 3 minutos (não se deve torrar as plantas). Após esse processo, coar
e deixar em repouso ou resfriamento. Antes do completo endurecimento, colocar a pomada
em potes, que devem ser rotulados com a data do preparo. As pomadas têm durabilidade de
cerca de 3 meses, podendo ampliar esse prazo se forem armazenadas em geladeira.
 Banho de imersão
relaxamento.
Esses banhos sempre auxiliam os processos de restabelecimento, purificação e
77
A temperatura da água, a duração dos banhos e a sua frequência devem ser
cuidadosamente observadas, levando-se em conta a necessidade de cada indivíduo. A
temperatura não deve ser alta, uma vez que pode causar choque térmico no corpo, e nem tão
baixa, porque diminui o efeito das ervas ou das essências no meio líquido.
A frequência deve ser determinada individualmente, podendo dar-se em dias
alternados ou uma vez por semana.
As plantas são preparadas sob forma de chá, por decocção: 7 a 10 colheres
(sopa) da planta medicinal seca em 2 litros de água fria; levar ao fogo e, após a fervura,
abaixá-lo e deixar mais 5 minutos; apagar o fogo, abafar a panela por 10 minutos e coar o chá,
que é, então, acrescentado à água do banho.
Como parte do processo do banho de imersão, é recomendável que no dia se
tenha uma alimentação mais leve.
 Banho de ervas
Os banhos de ervas têm efeitos muito positivos sobre o organismo. Pode-se
usufruir desses efeitos benéficos em banheiras ou mesmo em chuveiro.
Forma de preparo: cortar um círculo de 30 cm de diâmetro em tecido de
algodão cru. Escolher ervas desidratadas, aproximadamente 30 g, e arrumá-las no centro do
círculo. Esse é o “refil”, que pode ser usado em banhos consecutivos, porém deve-se coloca-lo
ao sol após o uso.
Em outro tecido de sua preferência, cortar um círculo de 40 cm de diâmetro, no
qual deve ser feito o suporte que irá encaixar no chuveiro. Acomodar o “refil” dentro desse
saquinho e amarrar com barbante ou fita. Essa fita deverá ficar presa no bocal do chuveiro ou
pendurada na banheira.
 Banho de assento
É utilizado na eliminação de toxinas do organismo, especialmente no
descongestionamento do abdômen (barriga) e no combate à prisão de ventre, na normalização
da digestão e no combate ao nervosismo.
Este banho é feito dentro de uma bacia ou banheira contendo chá de plantas
revigorantes. O chá deve estar frio, entre 8 e 15 °C. A pessoa senta-se dentro do recipiente
78
contendo o infuso, que deve ultrapassar a altura do umbigo. A duração do banho pode variar
de acordo com o tratamento.
 Banho genital
O banho genital é simples e fácil de aplicar, mas seus efeitos são dos melhores:
tonifica os nervos, elimina matérias estranhas, normaliza a digestão; refresca o interior do
corpo, eliminando a febre; combate prisão de ventre; é calmante, estimula os rins e o fígado; e
revigora a força vital.
Esse banho é semelhante ao de assento, porém abrange apenas a parte genital.
Neste caso, a pessoa deve colocar a vasilha com o chá diluído em água sobre um banco e
banhar-se pelo menos por uns 15 ou 20 minutos. Podem-se tomar vários banhos por dia, mas
sempre meia hora antes das refeições e, no mínimo, duas horas depois.
 Pedilúvio
O pedilúvio ou escalda-pés é uma forma de aplicação externa, em que os pés
são mergulhados em recipiente contendo preparação terapêutica específica (chás e tinturas),
na temperatura adequada e por tempo determinado. Em geral, essa preparação é empregada
quente, não devendo exceder 40 °C.
É feito colocando-se água na temperatura adequada em bacia ou balde que
possam conter os pés de modo confortável e cobrir por completo os tornozelos. A duração
varia de 5 a 20 minutos. Em geral, é realizado à noite, antes que a pessoa se recolha, pois
provoca sonolência.
79
Anexo 5
Alguns registros fotográficos da turnê-guiada
80
81
82
83
84
85
86
87
Anexo 6
Levantamento de literatura realizado em fevereiro de 2016 na base de dados eletrônica
PUBMED sobre as espécies identificadas pelos informantes-chaves
 Baccharis dracunculifolia
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 Campomanesia pubescens
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