o ensino do atletismo no curso de licenciatura em

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XVI ENDIPE - Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino - UNICAMP - Campinas - 2012
O ENSINO DO ATLETISMO NO CURSO DE LICENCIATURA EM
EDUCAÇÃO FÍSICA À DISTÂNCIA: DESAFIOS E POSSIBILIDADES
Sara Quenzer Matthiesen
Flórence Rosana Faganello Gemente
Resumo
Com o desenvolvimento das tecnologias de comunicação e informação a Educação à
distância vem sendo desenvolvida com mais qualidade, sendo que diversos recursos
podem ser utilizados para melhorar o ensino na modalidade à distância. Porém, apenas o
desenvolvimento tecnológico não é suficiente se os conteúdos e métodos utilizados na
educação à distância forem cópias do modelo presencial. Se faz necessário que o
material didático e o ambiente pedagógico virtual sejam organizados atendendo as
características dessa modalidade de ensino e que a comunicação entre professores e
alunos seja efetiva. No entanto, mesmo atendendo as inúmeras especificidades da
Educação à distância, a possibilidade e qualidade de cursos que possuem disciplinas
com carga horária predominantemente prática, como é o caso do atletismo, ainda é
muito questionável. O objetivo desse trabalho é divulgar a experiência com o ensino do
atletismo no curso de Licenciatura em Educação Física da Universidade Federal de
Goiás/Goiânia na modalidade à distância. Para a realização do curso, utilizamos a
plataforma Moodle, elaboramos e organizamos um material pedagógico utilizando
diferentes recursos disponíveis na plataforma, buscamos explorar diferentes tipos de
linguagens e apostamos na efetiva interação entre professores e alunos. Aproveitamos
os encontros presenciais programados durante o curso para a realização das vivências
corporais das diferentes provas do atletismo e para a confecção de materiais alternativos
direcionados para o ensino do atletismo. Os resultados do trabalho nos mostram que
diversos desafios precisam ser superados para a realização da educação à distância de
qualidade, mas, com seriedade e dedicação de professores e alunos podemos superar
inúmeras dificuldades e proporcionar o ensino do atletismo com eficiência na educação
à distância.
Palavras chaves: Atletismo, Ensino, Educação à Distância.
INTRODUÇÃO
A Educação à distância, segundo Borba, Malheiros e Amaral (2011) poder ser
entendida como uma modalidade de educação que acontece principalmente mediada
pela internet e as demais tecnologias. Se encaixam nessa categoria os cursos e
disciplinas que acontecem por meio da interação das salas de bate-papo, fóruns,
videoconferência, etc.
Mas, Educação à distância (EaD) não é algo recente. De acordo com Valente
(2003), o desenvolvimento da ação institucionalizada do ensino à distância iniciou no
século XIX. Primeiramente, essa forma de ensino era realizada por correspondências,
sendo que com o passar do tempo e com o desenvolvimento tecnológico também passou
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a ser realizada por áudio, vídeos, transmissões via rádio e televisão, videotexto,
videodisco, computador e, recentemente, com tecnologias de multimeios que combinam
textos, som e imagens (SARAIVA 1996).
Atualmente, o desenvolvimento acelerado de novas tecnologias vem trazendo
constantes transformações nas formas de ensinar e aprender e, devido a esses avanços a
Educação à Distância, está sendo desenvolvida com mais qualidade, superando os
desafios da distância física, de modo que “a comunicação interativa já pode ocorrer em
tempo quase real” (FREITAS e MAGALHÃES, 2001, p.11).
A superação dos desafios geográficos para atender a população situada em locais
distantes das instituições de ensino e o avanço tecnológico, embora sejam justificativas
para a realização da Educação à Distância, não são garantias de qualidade de ensino e
aprendizagem. Como destaca Almeida (2003), o ensino à distância não pode ser
realizado pela simples transposição dos conteúdos e métodos do ensino presencial para
o meio virtual. As situações pedagógicas devem ser organizadas, as atividades devem
ser planejadas para essa modalidade de ensino, o material de estudo e apoio precisam
explorar múltiplas mídias e linguagem e, principalmente, deve existir a efetiva
mediação pedagógica, promovendo a “relação dialógica” entre professor e aluno
(VALENTE, 2006, p.53).
Embora exista uma organização do ambiente pedagógico virtual e uma efetiva
comunicação entre professores e alunos, a possibilidade e qualidade da Educação à
Distância, quando se trata de cursos que possuem disciplinas predominantemente
práticas, ainda são muito questionáveis, como é o caso do curso de Educação Física.
Tradicionalmente, a Educação Física é vista como uma área do conhecimento
prático, do “saber fazer” e da experimentação corporal dos conhecimentos
desenvolvidos historicamente. Assim, de acordo com Pimentel, Lazzarotti e Silva
(2011, p.1), podemos dizer, que a formação de professores de Educação Física
“mediada por computadores”, em ambiente virtual apresenta desafios e características
bem diferentes das de cursos tradicionais, o que, muitas vezes, leva a incerteza acerca
da eficácia e qualidade dessa modalidade de ensino.
Cientes dos questionamentos e desafios de um curso de formação inicial à
distância com extensa carga horária prática, enaltecemos a importância de divulgar o
trabalho realizado na disciplina de “Pesquisa e Ensino em Atletismo” desenvolvido no
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curso de Licenciatura em Educação Física na modalidade à distância oferecido pela
Faculdade de Educação Física da Universidade Federal de Goiás, no ano de 2011.
O CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA NA MODALIDADE À
DISTÂNCIA DA UFG
A Faculdade de Educação Física da Universidade Federal de Goiás iniciou, no
ano de 2009, o curso de Licenciatura em Educação Física na modalidade à distância,
com o ingresso de 350 alunos, distribuídos em 9 cidades pólos, localizadas no interior
do Estado de Goiás, sendo elas: Alexania, Uruana, Iporá, Formosa, Inhumas, São
Simão, Goianésia, Goiás e Mineiros.
O curso de Licenciatura em Educação Física na modalidade à distância da
Universidade Federal de Goiás faz parte do projeto “Universidade Aberta do Brasil”
(UAB), que tem como meta a implantação de cursos de nível superior na modalidade à
distância para camadas da população que têm dificuldade de acesso à formação
universitária.
De acordo como Projeto Político Pedagógico do Curso de Licenciatura em
Educação Física da UFG, na modalidade de Ensino à distância, a criação do curso se
justifica:
[...] pela grande demanda por professores de Educação Física que atuem na
Educação Básica da rede pública no interior do Estado de Goiás. Há uma
deficiência de professores de Educação Física na rede pública de ensino
estimada em 400 vagas, ao mesmo tempo em que a demanda por
profissionais formados para os campos de atuação no esporte e no lazer nos
pólos atendidos amplia (p.3).
O Curso de Licenciatura em Educação Física na modalidade à distância possui a
mesma duração do curso presencial e tem como finalidade a implantação de uma
“proposta progressista na formação de professores, com inserção qualitativa na escola e
nas demais práticas educativas, pedagógicas e sociais que envolvem as práticas
corporais na sociedade” (PPPEADEF, 2009, p.1).
Na proposta pedagógica do curso é previsto encontros presenciais para a
apresentação de conteúdos, atividades práticas, avaliação de alunos e demais atividades
que se fizerem necessárias, de acordo com a especificidade do conteúdo desenvolvido.
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Os encontros presenciais, quando necessários, são realizados nas cidades pólo, no
período noturno, em finais de semana predeterminados, sendo utilizado 30% da carga
horária do curso, centrada nas disciplinas do núcleo específico.
Desse modo, de acordo com o Projeto Político Pedagógico do curso
(PPPEADEF) acontecem três momentos presenciais específicos, sendo o primeiro para
a introdução do semestre; o segundo para as atividades do núcleo específico e o terceiro
para as avaliações das disciplinas e atividades de encerramento do semestre. No entanto,
nas disciplinas de natureza teórico-práticas, como no caso da disciplina de atletismo, o
segundo momento pode ser dividido em dois encontros presenciais, enquanto que nas
disciplinas eminentemente teóricas os encontros presenciais podem ser realizados no
início do curso e na avaliação.
De acordo com o Projeto Político Pedagógico, para o desenvolvimento de todas
as disciplinas do curso de Licenciatura em Educação Física na modalidade à distância
da FEF/UFG, as funções dos professores seguem a seguinte estrutura: 1- Professor
Autor: sendo o responsável pela produção do material didático da disciplina, pela
organização dos conteúdos, da sequência pedagógica e pela elaboração das atividades.
2- Professor Formador: este professor deve pertencer ao quadro da UFG e é o
responsável pelo desenvolvimento e acompanhamento de todas as atividades da
disciplina, bem como, pela formação continuada dos orientadores acadêmicos e tutores
de pólo. 3- Orientadores Acadêmicos: são professores de Educação Física, com vínculo
na Educação Básica ou Superior. Esses professores atendem uma cidade pólo e uma
única disciplina por eixo temático, sendo que suas funções estão relacionadas às
atividades de aprendizagem à distância, ao acompanhamento do desempenho acadêmico
no ambiente virtual, como também, ao planejamento das atividades presenciais em
consonância ao professor formador e ao tutor presencial. 4- Tutor presencial: trata-se do
professor de Educação Física responsável pelos plantões no pólo, de duas a três vezes
por semana, com horários definidos para esclarecimento de dúvidas dos alunos e para
dar suporte aos aspectos acadêmico-administrativos e tecnológicos.
Para o desenvolvimento do curso de Licenciatura em Educação Física na
modalidade à distância da UFG, utilizamos a plataforma de aprendizagem baseada em
software livre Moodle, também conhecido como Ambiente Virtual de Aprendizagem
(SABATINI, 2007). Assim, para o desenvolvimento de cada uma das disciplinas e
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interação entre coordenação do curso, professor orientador, orientadores acadêmicos,
tutor de pólo e alunos é construída uma “sala virtual” dentro da plataforma Moodle.
O ENSINO DO ATLETISMO À DISTÂNCIA
O ensino do atletismo no curso de Licenciatura em Educação Física na
modalidade à distância foi realizado na disciplina intitulada “Pesquisa e Ensino em
Atletismo”, com a carga horária de 64 horas, que ocorreu no Módulo Temático III, entre
os meses de fevereiro e maio de 2011.
A elaboração do texto base do curso e organização do material didático utilizado
foi realizada pela professora autora, que no caso da disciplina de atletismo, também teve
a função de professora formadora, ou seja, a mesma profissional que elaborou o
material didático e atividades do curso também acompanhou todo o desenvolvimento do
curso. Para a efetivação da disciplina também contamos com o trabalho de 9
orientadores acadêmicos, sendo um para cada cidade pólo e também de um tutor
presencial de cada pólo.
Ciente da necessidade de uma boa organização do ambiente pedagógico virtual
foi realizada uma reunião, antes do início da disciplina, entre professora formadora e os
orientadores acadêmicos, na qual entregamos aos orientadores o material didático da
disciplina, estabelecemos a cidade pólo de responsabilidade de cada orientador
acadêmico, discutimos sobre o uso e possibilidades de utilização das diversas
ferramentas disponíveis na plataforma Moodle, acertamos a estrutura do curso,
estabelecemos os acordos do acompanhamento e comunicação diária ou, no máximo, a
cada dois dias, com os alunos via plataforma e passamos as datas dos encontros
presenciais da disciplina, agendados de acordo com o calendário proposto pela
coordenação do curso.
A disciplina “Pesquisa e Ensino em Atletismo” na modalidade à distância, teve
início no dia 21 de fevereiro de 2011 como 217 acadêmicos e finalizou no dia 01 de
maio com 185 acadêmicos.
Os conteúdos da disciplina foram organizados semanalmente. Desse modo, no
início de cada semana os alunos recebiam via plataforma Moodle, a agenda da semana,
que continha a sequência didática, ou seja, o resumo de tudo que deveria ser realizado e
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a sugestão de como se realizar o processo. Inicialmente, sugeríamos a leitura do texto
básico da disciplina e de um texto complementar, que geralmente era uma reportagem
ou uma notícia sobre o assunto. Em seguida, indicávamos o acesso a sites e softwares,
além de solicitar que os vídeos postados na plataforma fossem vistos, pois, assim como
Da Nova (2003), consideramos que a combinação de diversos recursos possibilita aos
alunos maior compreensão e aprendizagem.
Durante e após a realização dessas atividades, sugeríamos a participação no
fórum de discussão para a realização do debate do conteúdo estudado e aprofundamento
do conhecimento. Ao final, solicitávamos a realização de uma atividade avaliativa
como: a produção de um texto, a elaboração de atividades sobre o atletismo para serem
aplicados na escola, a preparação de planos de aulas ou relatórios de aprendizagem.
No decorrer da semana, os alunos realizavam os estudos e as atividades
propostas, mediados à distância pelos orientadores acadêmicos e, também, pela
professora formadora, via plataforma Moodle. Assim como ressalta Almeida (2003),
apostamos na importância da efetiva interação entre professora formadora, orientadores
acadêmicos e alunos. Desse modo, diariamente acessávamos as salas de aula virtual e
acompanhávamos o desenvolvimento das atividades dos alunos, buscando sempre
auxiliá-los e incentivá-los nos estudos, na realização das atividades e. também, a refletir
sobre suas produções.
Pelo fato do atletismo ser uma disciplina teórico-prática, consideramos que além
de uma boa utilização dos recursos disponíveis na plataforma Moodle e da efetiva
interação entre professores e alunos, a experiência corporal do conteúdo do atletismo é
de extrema importância para uma boa formação de professores. Desse modo, para que
pudéssemos aproveitar ao máximo os encontros presenciais para realização das
atividades práticas das diferentes provas do atletismo, os conteúdos foram organizados
nas semanas tendo como base as datas dos encontros presenciais, já estabelecidas pela
coordenação do curso.
Buscando oferecer uma boa formação a todos os alunos dos diferentes pólos, na
semana que antecedia os encontros presenciais, reuníamos professora formadora e os
orientadores acadêmicos, para discussão e elaboração conjunta das atividades que
seriam realizadas nas cidades pólos. Após os encontros presenciais, por meio da
plataforma Moodle, fazíamos a avaliação do encontro em um dos pólos. Vale lembrar
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que a comunicação entre a professora e os orientadores acadêmicos, acontecia
constantemente via plataforma Moodle.
Com o primeiro encontro presencial, agendado para o final da terceira semana
do curso, trabalhamos nas três primeiras semanas os seguintes conteúdos: levantamento
dos conhecimentos prévios dos acadêmicos sobre o atletismo, história do atletismo,
definição e organização do atletismo, marcha atlética e as corridas. Ao final da terceira
semana, nos dias 11 e 12 de março de 2011, realizamos o primeiro encontro presencial.
Num primeiro momento, revisamos os conteúdos trabalhados à distância e, em seguida,
trabalhamos de forma prática, por meio de jogos e brincadeiras, os educativos de
corrida, as corridas e a marcha atlética.
Como os pólos de formação não possuem os materiais oficiais do atletismo,
nem uma pista de atletismo, todas as atividades foram realizadas de forma adaptada. Ou
seja, adaptamos o espaço e os materiais utilizados, e assim, iniciamos a discussão sobre
a importância da adaptação e construção de materiais alternativos para o
desenvolvimento do trabalho com o atletismo na escola, pois como os pólos de
formação a grande maioria das escolas brasileiras não possuem pista de atletismo e
materiais oficiais.
Durante a quarta e quinta semana trabalhamos, via plataforma Moodle, as provas
de campo do atletismo, ou seja, os saltos, os lançamentos e o arremesso, como também
as provas combinadas: o pentatlo, heptatlo e decatlo, de forma que pudéssemos realizar,
na prática, esses conteúdos no próximo encontro presencial.
O segundo encontro presencial aconteceu no final da quinta semana do curso e,
como no primeiro encontro, realizamos uma retomada dos conteúdos e trabalhamos na
prática todas as provas de campo, também por meio de jogos e brincadeiras. Para a
realização das atividades confeccionamos e adaptamos a vara com cabos de madeira, os
dardos com jornal, cano de PVC e barbante, o disco com pratos de papelão e areia, o
martelo e o peso com meias, sacolas plásticas e areia e, mais uma vez, vivenciamos e
discutimos a importância e eficácia da realização do ensino do atletismo com materiais
e espaços adaptados.
É importante lembrar que após os encontros presenciais, por meio da plataforma
Moodle, utilizando a ferramenta “Fórum”, pedíamos aos alunos uma avaliação do
encontro presencial e também discutíamos sobre as atividades, o ensino e a
aprendizagem dos conteúdos, e assim, avaliávamos o andamento do curso, das
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atividades que foram propostas e das que ainda seriam realizadas nas próximas semanas
e, também, o envolvimento e desenvolvimento dos alunos.
Após estudar o atletismo, sua história, organização e as diferentes provas,
passamos a estudar, a partir da sexta semana do curso, o ensino do atletismo nas aulas
de Educação Física escolar. Para isso, fizemos leituras e discussão de textos e vídeos,
via plataforma Moodle e os alunos elaboraram diferentes atividades e planos de aulas
direcionadas ao ensino do atletismo na escola.
O terceiro encontro presencial aconteceu na oitava semana do curso e, mais uma
vez, buscando a melhor forma para a realização de um ensino à distância de qualidade,
que valoriza a experiência corporal e que acredita na importância do conhecimento
concreto do atletismo para a formação profissional, esse encontro, diferente dos
anteriores, aconteceu na faculdade de Educação Física da UFG em Goiânia, e foi
ministrado pela professora formadora juntamente com os orientadores acadêmicos de
cada pólo. Assim, os alunos de todos os pólos viajaram até Goiânia para conhecer e
vivenciar o atletismo na pista de atletismo com os materiais oficiais das diferentes
provas, além de entrarem em contato com os alunos dos diferentes pólos de formação.
Nesse encontro, inicialmente, realizamos uma volta na pista para conhecermos
os setores de realização das provas de campo, as marcações das provas de corrida, como
linha de saída, linha de chegada, zona de aceleração, zona de passagem do bastão,
posicionamento das barreiras e obstáculos etc. Em seguida, para otimizar o tempo,
realizamos as atividades em forma de circuito. No período matutino foram feitas as
corridas, o salto em altura, o arremesso do peso e lançamento do dardo. No período
vespertino, realizamos o salto em distância, o salto triplo, o salto com vara, a marcha
atlética, e os lançamentos do disco e do dardo, assim possibilitamos o conhecimento e a
vivência das diferentes provas do atletismo com os materiais oficiais, fato inédito para a
grande maioria dos acadêmicos presentes.
Nas duas últimas semanas do curso fizemos uma revisão dos conteúdos
estudados, discutimos via plataforma Moodle, as dificuldades e possibilidades de
ensinar o atletismo na escola e, dessa forma, os alunos tiveram a possibilidade de
aprofundar seus estudos e aprendizagem.
Ao final do curso, os acadêmicos, divididos em grupos, elaboraram planos de
aulas sobre as diferentes provas do atletismo e o colocaram em prática para a avaliação
final, que aconteceu no último encontro presencial nos pólos de formação. Nessa
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avaliação, buscamos que os alunos organizassem os conteúdos estudados e também
vivenciassem a experiência de planejar e ministrar uma aula de atletismo direcionada
para a Educação Física escolar.
Além a avaliação prática realizada ao final do curso, os alunos foram avaliados
durante todo o processo, por meio das atividades e pesquisas solicitadas semanalmente,
pela participação e nível de discussão nos fóruns de discussão e, também, pela
realização de duas avaliações teóricas realizadas no decorrer da disciplina.
Ao término de todas as atividades da disciplina solicitamos aos alunos que nos
enviassem via e-mail uma avaliação do curso, que fizessem um levantamento dos
pontos positivos e negativos do curso. Os pontos negativos levantados foram: falta de
infra-estrutura em alguns pólos de formação, poucos encontros presenciais, o encontro
presencial em Goiânia, pouco tempo para o desenvolvimento dos conteúdos, pouco
contato pessoal.
Os pontos positivos foram: material didático utilizado, adaptação do atletismo
para a realidade escolar, dedicação e seriedade dos professores que trabalharam na
disciplina, a realização dos encontros presenciais nos pólos de formação, o encontro
presencial em Goiânia, o ensino do atletismo por meio de jogos e brincadeiras, a
confecção dos materiais para alternativos, a efetiva interação entre professores e alunos,
o sentimento de estar habilitado para trabalhar com o atletismo e saber que o atletismo é
possível de ser aplicado na escola.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A experiência com o ensino do atletismo na modalidade à distância, certamente,
foi um desafio e uma aprendizagem enriquecedora. A forma de trabalho pedagógico
elaborada buscou superar os desafios da distância física, como também, almejou
preservar, da melhor forma, as características de uma disciplina teórico-prática. Durante
o curso, nos empenhamos para garantir a efetiva interação entre professores e alunos,
para oferecer materiais didáticos que explorassem diferentes recursos e linguagens e
para desenvolver os encontros presenciais que garantissem a experiência corporal de
aprender e ensinar as diferentes provas do atletismo.
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Por meio do trabalho desenvolvido pudemos comprovar a importância da
interatividade, do “estar junto virtual” (ALMEIDA, 2003, p.331), para garantir o
envolvimento com o curso e aprendizagem do aluno. Muitos alunos ao avaliarem o
curso levantaram como ponto positivo da disciplina a seriedade e dedicação dos
professores, como também o bom atendimento para sanar as dúvidas.
É importante lembrar que a estrutura do Ensino à distância do curso de
Licenciatura em Educação Física da UFG/Goiânia, de um orientador por pólo de
formação, trabalhando apenas com uma disciplina por eixo temático, foi fundamental
para oportunizar uma maior interatividade entre professores e alunos. Com essa
organização estrutural, o número de alunos para cada orientador acadêmico acompanhar
não é tão grande, sendo em média 30 alunos por pólo, e pelo fato de trabalhar apenas
com uma disciplina por eixo temático, o tempo disponível para o orientador acadêmico
se dedicar aos estudos da disciplina é maior, o que resulta em um ensino de melhor
qualidade.
Pudemos comprovar que trabalhar com diferentes recursos oferecidos pela
plataforma Moodle, além de oportunizar a aprendizagem, incentivou os acadêmicos a
estudar e pesquisar o atletismo. O material didático disponível também foi um dos
pontos positivos levantado pelos alunos.
Os encontros presenciais foram fundamentais para a realização de um processo
de ensino e aprendizagem à distância com qualidade. Além dos relatos dos acadêmicos
como ponto positivo do curso, pudemos identificar que os encontros presenciais
possibilitaram a experiência corporal e a aplicação de tudo àquilo que estudaram no
ambiente virtual, ademais, proporcionou o contato pessoal entre alunos e professores.
O pouco tempo para o contato pessoal e para o desenvolvimento das atividades,
devido ao número reduzidos dos encontros presenciais, também se revelaram como
queixas de alguns alunos que cursam essa modalidade de ensino. Assim como os
alunos, consideramos que um maior número de encontros presenciais seria ideal para as
disciplinas teórico-práticas, pois julgamos que apenas três encontros nos forçam a
desenvolver o conteúdo de forma muito rápida, dificultando a aprendizagem dos alunos.
Embora tenhamos buscado explorar ao máximo nossos encontros presenciais,
consideramos que a vivência corporal de forma mais ampliada ainda é um desafio a ser
superado na Educação à distância.
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Outro desafio a ser superado nessa modalidade de ensino é a estrutura física de
alguns dos pólos de formação e a qualidade da internet que chega até os pólos de
formação e aos estudantes. Uma vez que a Educação à distância é direcionada para
atender alunos que moram distante das instituições de ensino, se faz necessário que a
estrutura do pólo e o sinal da internet sejam suficientes para o desenvolvimento de um
trabalho com qualidade.
A evasão foi de 15% dos alunos que iniciaram a disciplina, por motivos que
ainda não conhecemos, mas que devemos investigar, para que, então, possamos
diminuir o número de alunos que normalmente desistem logo no início de sua formação
profissional.
Mesmo com diversas dificuldades, o trabalho desenvolvido contribuiu de forma
significativa para a formação de professores. Alguns acadêmicos que cursaram o Ensino
à distância no pólo de Inhumas, cidade mais próxima de Goiânia, começaram a
participar dos projetos de extensão realizados na Faculdade de Educação Física em
Goiânia e, também, apresentaram trabalhos em congresso direcionados ao atletismo. E
ainda, alunos que finalizaram o curso conhecendo um esporte totalmente novo para eles,
pois a maioria dos alunos nunca tinha vivenciado o atletismo antes, com o sentimento
de estarem habilitados a trabalhar com o atletismo na Educação Física escolar.
Certamente, o trabalho desenvolvido foi um grande passo em busca de um
Ensino à distância de qualidade tanto para o atletismo como para a Educação Física, o
qual foi resultado da boa comunicação entre coordenação do curso, professora
formadora, orientadores acadêmicos e tutores dos pólos. Assim, ressaltamos a
necessidade do comprometimento de todos os profissionais que estejam envolvidos com
essa modalidade de ensino.
A partir dessa experiência verificamos a necessidade de estudar e aprofundar
nossos conhecimentos em Educação à distância para oferecer aos nossos alunos, cursos
cada vez melhores. Embora muitos desafios ainda precisem ser superados, podemos
dizer que estamos construindo conhecimentos em torno da Educação à distância e, que o
ensino de atletismo nessa modalidade pode ser realizado com qualidade e eficiência.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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