1 UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO DOUTORADO ACADÊMICO EM ADMINISTRAÇÃO E TURISMO MEHRAN RAMEZANALI GESTÃO DA MARCA E DESEMPENHO DE MARKETING EM INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR DA ASSOCIAÇÃO CATARINENSE DAS FUNDAÇÕES EDUCACIONAIS – ACAFE TESE DE DOUTORADO BIGUAÇU - SC 2013 2 MEHRAN RAMEZANALI GESTÃO DA MARCA E DESEMPENHO DE MARKETING EM INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR DA ASSOCIAÇÃO CATARINENSE DAS FUNDAÇÕES EDUCACIONAIS – ACAFE Tese apresentada ao Programa de Pós-graduação em Administração, da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, como requisito a obtenção do titulo de doutor em Administração e Turismo. Orientadora: Profa. Dra. Maria José Barbosa de Souza BIGUAÇU - SC 2013 3 4 AGRADECIMENTOS Gostaria de agradecer a Deus por ter me dado força e saúde para conseguir realizar este sonho, por ter me dado oportunidade de conhecer seus ensinamentos. Durante o período do curso algumas pessoas com sua dedicação e paciência e dentro de seus conhecimentos e habilidades, fizeram contribuições para pudesse ser realizado este trabalho. A todos, registro meus especiais agradecimentos. A minha família, um agradecimento muito especial, minha esposa Adriana e minha querida filha Monireh pela sua compreensão e paciência nos momentos difíceis; Aos professores que durante o curso ministraram aulas, por sua dedicação e habilidades. Aos funcionários do Programa de Pós-Graduação em Administração e Turismo, durante a realização do curso. Ao Professor Dr. Miguel Angel Verdinelli, pelo apoio e valiosas contribuições na elaboração do trabalho. Ao coordenador do programa de doutorado em administração Professor Dr. Carlos Ricardo Rossetto pela compreensão e colaboração. A Professora Dra. Rosilene Marcon pelas suas dicas e apontamentos, essenciais na construção deste trabalho. Aos membros externos da banca avaliadora Professora Dra. Amélia Silveira e o Professor Dr. Fernando Antônio Prado Gimenez pelas valiosas contribuições. Ao Reitor da UNIDAVI Prof. Celio Simão Martignago e Vice-reitor o Prof. Alcir Texeira pelo apoio e incentivo. Aos gestores das instituições (UNIVALI, UNISUL, UNOESC, UNOCHAPECO) que possibilitaram a realização de pesquisa e concederam as entrevistas. Aos gestores das organizações (Aurora Alimentos, Intelbras S.A., Irani S.A. e Seara Alimentos) que concederam as entrevistas e permitiram as visitas à empresa. E por fim, a Professora Dra. Maria José Barbosa de Souza, que com sua paciência, dedicação e sabedoria, mesmo sabendo da minha carência na literatura portuguesa, contribuiu significativamente, para a realização deste trabalho. Além destas pessoas, cabe ainda um agradecimento destacado à UNIVALI – Universidade do Vale de Itajaí, pelo apoio e colaboração. 5 O conhecimento é como asas para a vida do homem; é como uma escada pela qual ele possa ascender. Incumbe a cada um adquiri-lo. O conhecimento deve ser adquirido, porém, de tais ciências que possam prestar benefícios aos povos da terra, e não daquelas que por meras palavras começam e assim também terminam. (Epístolas de Bahá'u'lláh, 1917-1982) 6 RESUMO As instituições de ensino superiores privadas e sem fins lucrativos despontaram no cenário educacional brasileiro, mas precisam potencializar e aprimorar habilidades para destacar seus aspectos diferenciais e singulares, através do desenvolvimento do processo de gestão das suas marcas. Esse processo, nas instituições de ensino superior que integram a Associação Catarinense das Fundações Educacionais – ACAFE, em Santa Catarina, Brasil foi o que se buscou identificar com esta pesquisa. Seu objetivo principal consiste em analisar a gestão da marca e as estratégias de marketing, no entendimento dos gestores das instituições que fazem parte dessa Associação, bem como o desempenho de marketing quanto à imagem, reputação e qualidade na percepção das organizações empregadoras desse estado. Trata-se de um estudo exploratório com abordagem predominantemente qualitativa e descritiva, para o qual se adotou o método de múltiplos casos. A coleta de dados primários ocorreu por meio de entrevistas em profundidades, realizadas com base em um roteiro semiestruturado; os dados secundários foram obtidos com pesquisa documental. Foram entrevistados 12 (doze) pessoas, sendo: 4 (quatro) reitores, 4 (quatro) responsáveis de marketing das instituições e 4 (quatro) gestores das empresas. O tratamento dos dados considerou o método de análise de conteúdo. Os entrevistados das IES demonstraram certo entendimento em relação à marca e reconhecem a sua importância no processo de gestão na atual contexto educacional brasileiro, que também se mostra competitivo. A definição da personalidade da marca dessas instituições é importante passo na formação da identidade institucional e a consolidação de um relacionamento mais próximo entre os públicos e a IES, especialmente com os alunos. Na opinião dos reitores, a responsabilidade pela gestão da marca envolve todos os que trabalham na instituição. O estudo mostrou ainda que o posicionamento da marca, o convencimento da administração superior pela sua adoção, o comprometimento do público interno pela sua operacionalização, a resistência à mudança e a real diferenciação que distingue uma IES das demais consistem em desafios a serem enfrentados pelos reitores e responsáveis pelos setores de marketing dessas instituições. Os indicadores utilizados pelas instituições de ensino para avaliar o seu desempenho na percepção dos gestores são: a empregabilidade, o relacionamento entre alunos e a IES, o retorno dos egressos e a pesquisa de mercado. A qualidade do ensino, qualificação dos docentes e a extensão comunitária são relatadas como diferenciadores da marca das IES. Percebeu-se, também, que a história, a tradição acadêmica e a herança cultural são insuficientes na sua diferenciação. Em relação à aplicação do marketing nas instituições destacou-se o foco num conceito voltado à comunicação ao invés de promover e gerir a marca. O desempenho de marketing das IES pesquisadas, na percepção das organizações, é mensurado pela qualificação e habilidades do egresso, contudo, reconhecem que a imagem e reputação influenciam nesse processo. Destaca-se ainda que a gestão da marca nas IES diferencia-se das organizações comerciais no que se refere ao comprometimento e à participação do público interno. Palavras-chave: Gestão da marca, estratégias de marketing, desempenho de marketing, instituições de ensino superior. 7 ABSTRACT Private and non-profit higher education institutions have become part of the educational scenario in Brazil, but they need to enhance and develop the ability to highlight their differences and uniqueness, through the development of brand management. This process in higher education institutions that are members of the Associação Catarinense das Fundações Educacionais (Santa Catarina Association of Educational Foundations) – ACAFE, in Santa Catarina, Brazil, was the subject of this research, which analyzes the understanding the managers of the member institutions of this association in relation to brand management and marketing, as well as the performance of marketing in relation to image, reputation and quality in the perception of employer organizations in the state of Santa Catarina. This is an exploratory study, based on qualitative and descriptive approaches using the multiple case study method. Primary data were gathered from in-depth interviews, through a semistructured guide, and secondary data were collected from document research. Twelve people were interviewed: four university rectors, four heads of marketing, and four company managers. The data were compiled using the method of content analysis. Respondents from the HEIs showed some understanding in relation to brand, and recognized its importance in the management process in the current Brazilian educational context, which is also competitive. Defining the brand personality of these institutions is an important step in their identity formation and in consolidating a closer relationship with their publics, especially with students. In the opinion of the rectors, responsibility for brand management involves everyone in the institution. The study also showed that brand positioning; convincing senior management to adopt it; commitment of employees to implementing it; resistance to change; and the real advantages that distinguish one HEI from another, are some of the challenges to be faced by the rectors and those responsible people for the marketing of these institutions. The indicators used by institutions to evaluate their performance in the managers’ perception are: employability, relationship with students and the HEI, a strong alumni, and market research. The quality of education, qualification of the teachers, and community extension programs are reported as factors that differentiate the brand of the HEI. It was also noticed that history, academic tradition and cultural heritage alone are not enough to ensure competitive advantage for an institution. Regarding the application of marketing in institutions, the focus is on the concept of targeted communication, rather than on brand promotion and management. The performance of marketing in the perception in the HEI’s studied is different from used in commercial organizations, in terms of the commitment and participation of the internal public. Keywords: brand management, marketing strategies, marketing performance, higher education institutions. 8 LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Valor da marca........................................................................................................ 45 Figura 2 – Modelo de marcas de serviço................................................................................. 46 Figura 3 – Universidade e seus publicos................................................................................. 61 Figura 4 – Modelo de Pesquisa................................................................................................ 70 Figura 5 – Estratégias de pesquisa........................................................................................... 71 Figura 6 – Sujeitos amostrais, os construtos e as categorias de pesquisa................................ 80 Figura 7 – Modelo tradicional de marketing da IES (MTM)................................................. 129 Figura 8 – Modelo proposto de gestão da marca da IES (MGM).......................................... 132 9 LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Estudos e lacunas sobre a gestão da marca para IES...................................... 55 Quadro 2 – Estudos e lacunas sobre estratégia e desempenho de marketing para IES..... 67 Quadro 3 – Relação das IES privadas do sistema ACAFE............................................... 72 Quadro 4 – IES privadas do Sistema ACAFE, amostragem............................................. 74 Quadro 5 – Amostragem das organizações localizadas nas regiões da IES...................... 74 Quadro 6 – Instrumentos de coleta de dados, sujeitos e documentos de pesquisa e local de realização de entrevista..................................................................... 76 Quadro 7 – Categorias e objetivos de pesquisa................................................................. 79 Quadro 8 – Categorias e as variáveis de pesquisa............................................................. 80 Quadro 9 – Protocolo de pesquisa.................................................................................... 82 Quadro 10 – Descrição de logomarcas das IES................................................................. 87 Quadro 11 – Presença da marca nos relatórios da gestão das IES..................................... 91 Quadro 12 – Relação dos entrevistados e siglas................................................................ 92 Quadro 13 – Caracterização dos entrevistados.................................................................. 93 Quadro 14 – Entendimento dos entrevistados sobre a gestão da marca nas IES............. 97 Quadro 15 – Percepção dos entrevistados sobre personalidade da marca......................... 99 Quadro 16 – Importância da marca da IES na percepção dos entrevistados..................... 103 Quadro 17 – Percepção dos entrevistados sobre a responsabilidade da marca na IES...... 105 Quadro 18 – Percepção dos entrevistados sobre os desafios da IES................................. 109 Quadro 19 – Percepção dos entrevistados da competividade da IES................................ 113 Quadro 20 – Percepção dos entrevistados sobre a imagem da IES................................... 117 Quadro 21 – Percepção dos entrevistados sobre a reputação da IES................................. 119 Quadro 22 – Percepção dos entrevistados em relação ao desempenho de marketing....... 122 Quadro 23 – Percepções dos entrevistados das categorias da pesquisa............................. 123 Quadro 24 – Fatores que influenciam no processo de seleção dos egressos da IES......... 128 10 LISTA DE ABREVIATURAS ACAFE – Associação Catarinenses das Fundações Educacionais ENADE – Exame Nacional de Desempenho de Estudantes FIES – Fundo de Financiamento estudantil HEI – Higher Education Institutes IES – Instituições de Ensino Superior INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa Educacionais Anísio Teixeira MTM – Modelo tradicional de marketing nas IES MGM – Modelo de gestão da marca nas IES PROUNI – Programa Universidade para Todos (Ministério de Educação) RH – Recursos humanos SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas SINAES – Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Superior 11 SUMÁRIO AGRADECIMENTOS ................................................................................................... 4 RESUMO ..................................................................................................................... 6 ABSTRACT.................................................................................................................. 7 LISTA DE FIGURAS .................................................................................................... 8 LISTA DE QUADROS .................................................................................................. 9 LISTA DE ABREVIATURAS ...................................................................................... 10 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 14 1.1 Contextualização do Tema ...................................................................................... 14 1.2 Ineditismo, relevância e contribuição teórico-empírica ............................................... 20 1.2.1 Ineditismo ........................................................................................................... 20 1.2.2 Relevância teórico-empírica .................................................................................. 21 1.2.3 Contribuição teórico-empírica ............................................................................... 23 1.3 Problema de pesquisa .............................................................................................. 25 1.4 Objetivos de trabalho .............................................................................................. 25 1.4.1 Objetivo geral ...................................................................................................... 25 1.4.2 Objetivos específicos............................................................................................ 26 1.5 Estrutura do trabalho ............................................................................................... 26 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................... 27 2.1 Marketing em IES .................................................................................................. 27 2.2 Gestão da marca ..................................................................................................... 31 2.2.1 Personalidade da Marca ........................................................................................ 36 2.2.2 Diferenciação da Marca ........................................................................................ 41 2.2.3 Valor da Marca .................................................................................................... 44 2.3 Gestão da Marca em Instituições de Ensino Superior .................................................. 48 2.4 Estratégias de Marketing ......................................................................................... 56 2.5 Desempenho de Marketing ..................................................................................... 62 3. METODOLOGIA .................................................................................................... 68 3.1 Posicionamento paradigmático ................................................................................. 68 3.2 Tipo de Pesquisa .................................................................................................... 68 3.3 Estratégias de Pesquisa............................................................................................ 70 3.3.1 População e amostra ............................................................................................. 71 12 3.4 Coleta e análise de dados ......................................................................................... 74 3.4.1 Técnicas de coleta de dados .................................................................................. 75 3.4.2 Análise dos dados ................................................................................................ 77 4. ANÁLISE DOS RESULTADOS E DISCUSSÕES ...................................................... 83 4.1 Análise dos relatórios e documentação das IES .......................................................... 83 4.1.1 Breve histórico da ACAFE e das IES ..................................................................... 83 4.1.1.1 Sistema ACAFE................................................................................................ 83 4.1.1.2 UNOESC ......................................................................................................... 84 4.1.1.3 UNOCHAPECÓ ............................................................................................... 84 4.1.1.4 UNIVALI......................................................................................................... 85 4.1.1.5 UNISUL .......................................................................................................... 85 4.1.2 Logomarca da IES ............................................................................................... 86 4.1.3 Análise do PDI e Relatórios de Gestão da IES ........................................................ 88 4.2 Percepção dos gestores da IES e das organizações empregadoras ................................. 91 4.2.1 Entendimento da gestão da marca .......................................................................... 93 4.2.1.1 Entendimento dos reitores da IES da gestão da marca ........................................... 93 4.2.1.2 Entendimento dos responsáveis de marketing da IES da gestão da marca ................ 95 4.2.2 Personalidade da marca da IES .............................................................................. 97 4.2.2.1 Personalidade da marca da IES na percepção dos reitores ...................................... 97 4.2.2.2 Personalidade da marca da IES na percepção dos responsáveis de marketing ........... 98 4.2.3 Importância da gestão da marca ........................................................................... 100 4.2.3.1 Importância da gestão da marca na percepção dos reitores ................................... 100 4.2.3.2 Importância da gestão da marca na percepção dos responsáveis de marketing ........ 101 4.2.4 Responsabilidade da gestão da marca nas IES ....................................................... 103 4.2.4.1 Responsabilidade da gestão da marca na percepção dos reitores da IES................. 103 4.2.4.2 Responsabilidade da gestão da marca na percepção dos responsáveis de marketing da IES ........................................................................................................................... 104 4.2.5 Desafios da gestão da marca nas IES .................................................................... 105 4.2.5.1 Percepção dos reitores sobre os desafios da gestão da marca na IES ..................... 106 4.2.5.2 Percepção dos responsáveis de marketing em relação aos desafios da IES ............. 107 4.2.6 Estratégias de marketing das IES ......................................................................... 109 4.2.6.1 Estratégias de marketing das IES na percepção dos reitores ................................. 110 4.2.6.2 Estratégias de marketing da IES na percepção dos responsáveis de marketing ....... 111 13 4.2.7 Imagem da IES .................................................................................................. 114 4.2.7.1 Imagem da IES na percepção dos reitores .......................................................... 114 4.2.7.2 Imagem da IES na percepção dos responsáveis de marketing ............................... 115 4.2.8 Reputação da IES............................................................................................... 117 4.2.8.1 Reputação da IES na percepção dos reitores ....................................................... 117 4.2.8.2 Reputação da IES na percepção dos responsáveis de marketing ............................ 118 4.2.9 Desempenho de marketing da IES ....................................................................... 120 4.2.9.1 Percepção dos reitores sobre o desempenho ....................................................... 120 4.2.9.2 Desempenho na percepção dos responsáveis de marketing da IES ........................ 121 4.2.10 Fatores que influenciam os empregadores na seleção dos egressos e alunos das IES 125 4.3 Proposta do modelo de gestão da marca para IES ..................................................... 129 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 138 REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 146 APÊNDICE I – Roteiro de entrevista com Reitor das IES .............................................. 157 APÊNDICE II – Roteiro de entrevista com responsáveis de marketing das IES ................ 158 APÊNDICE III – Roteiro de entrevista com responsáveis de RH .................................... 159 APÊNDICE IV – Roteiro de análise documental ........................................................... 160 14 1 INTRODUÇÃO Este capítulo introdutório apresenta o tema, o problema de estudo e sua contextualização, a questão norteadora da pesquisa, os objetivos geral e específicos, a justificativa e a relevância teórico-empírica do assunto abordado. Para mostrar a relevância empírica optou-se por uma abordagem sobre o ensino superior brasileiro na contextualização do tema. Verificou-se que existem sugestões dos pesquisadores, brasileiros e internacionais, para enriquecer a pesquisa sobre gestão da marca nas Instituições de Ensino Superior (IES), vinculadas com a estratégia de marketing e o desempenho de marketing dessas organizações, especialmente no que se refere à imagem, reputação e qualificações dos egressos. 1.1 Contextualização do Tema A necessidade da marca e a sua gestão é indispensável para qualquer tipo de organização, independentemente de sua atividade, ou seja, com ou sem fins lucrativos. A gestão da marca busca estabelecer sua identidade perante os consumidores e desenvolver a diferenciação dos produtos ou serviços de uma organização no mercado, dentre suas concorrentes (AAKER; KELLER, 1990; BERRY, 2000; KELLER; LEHMAN, 2006). A diferenciação da marca auxilia no processo competitivo da organização, no sentido de desafiar obstáculos mercadológicos (AAKER, 2003). Em instituições de ensino superior, a gestão de marketing tem sido alvo de estudos ao longo do tempo. Martins (1989); Kotler e Fox (1994); Umashankar (2001); Santos (2006); Reichelt (2007); Chapleo (2004; 2005; 2007; 2011); Waeraas e Solbakk (2009); Judson et al. (2009); Gupta e Singh (2010), dentre outros. Esses estudiosos evidenciam que a gestão da marca é importante para as IES e fator estratégico para uma organização. Por sua vez, são IES tradicionais em sua maioria, membros da Associação Catarinense das Fundações Educacionais – ACAFE, fundações e são instituições privadas na classificação pelo ministério de educação, sem fins lucrativos e com características comunitárias. Assim, possuem décadas de existência, experiência e tradição em ensino superior, atuando fortemente em um contexto sócio econômico e cultural onde estão inseridas. Considerando que as IES se auto caracterizam como organizações complexas, a gestão da marca não é tarefa fácil, neste contexto. Desta forma, a identidade da marca nesse tipo de instituição deve abranger todo este cabedal de identificação e conter em um símbolo a representatividade da organização, de 15 forma a traduzir para o mercado consumidor os significados dos produtos e/ou serviços, em termos de oferta. A marca, no formato de um sinal, design ou uma simples palavra identifica para o consumidor um conjunto de informações referente a um produto e/ ou serviço da organização (American Marketing Association (AMA, 1960). De forma geral, constitui uma identidade que é composta por elementos como personalidade, relacionamento, lealdade, imagem, atributos e outros. Serve para diferenciar produtos e serviços e facilita o processo da escolha do comprador. Há de se considerar ainda que nem sempre essa complexidade que se encerra na identidade da marca de uma IES é completamente entendida e expressa em relação aos elementos que a compõem. A marca se processa no âmbito da gestão de marketing. Da mesma forma, nem sempre os que estão envolvidos na gestão desse tipo de organização entendem o significado da adoção da filosofia de marketing como forma de orientar ações estratégicas de gestão da marca. Essa orientação pressupõe “voltar-se para o mercado” de forma sistemática e permanente, buscando concretizar a função do marketing “bem realizar trocas”, facilitando a interação da organização com o mercado, em beneficio tanto da instituição, como dos diversos públicos que deve atender (SILVEIRA, 1989). Essa interação oportuniza à administração de marketing o aprimoramento, cada vez maior, do relacionamento da IES com seus públicos em geral, na busca constante pela sua lealdade e fidelização. O termo cliente, utilizado para referir-se ao aluno, é discutido pelos autores como Antoni (2004); Chapleo (2004); Santos (2006), e a sua relação com as instituições de ensino superior é questionada. Entretanto, a gestão da marca, que acontece concomitante à gestão estratégica de marketing, ainda está longe de ser uma realidade no ambiente das instituições de ensino superior. Assim como, referir-se ao aluno como “cliente” parece não combinar com as propostas educacionais de uma IES. A causa de as instituições de ensino superior não terem delineada a gestão da marca, no Brasil, de forma específica, é antiga devido às dificuldades do contexto e do processo educacional. E pode ser explicada no bojo da evolução do ensino superior brasileiro, como ponto de partida. Isso porque, somente em 1820, depois da chegada da família real, houve a criação dos primeiros cursos superiores no país com o objetivo de formar profissionais competentes em determinada área ou especialidade. Estes cursos aconteceram nas Escolas Régias Superiores, sendo o padrão francês da universidade napoleônica adotado como modelo brasileiro (MASETTO, 1998). 16 A reforma universitária de 1968 representou um esforço no sentido de instituir um modelo organizacional único para as universidades públicas e privadas. Neste tempo, o modelo francês foi sendo substituído pelo modelo norte americano, cada vez mais presente nas universidades brasileiras (PAULA, 2009). No Estado de Santa Catarina, as fundações educacionais criadas pela lei municipal e pelo estado constituíram a ACAFE na década 70. Entidade sem fins lucrativos, com objetivo de integrar os esforços institucionais, suporte técnico-operacional e uma representação única junto aos órgãos dos governos estadual e federal. Instituída por iniciativa comunitária e com apoio dos poderes públicos municipais e estaduais, atualmente é constituído por dezesseis fundações mantenedoras de instituições isoladas - a Associação Catarinense das Fundações Educacionais – ACAFE. Esse sistema educacional, ao final de 2010, abrigava aproximadamente 110.000 alunos, matriculados em vários cursos. Os apontamentos seguintes esclarecem um pouco o crescimento do número de IES no Brasil. Segundo dados do último Censo de Educação Superior de 2010 (INEP, 2011) houve registro de 2.314 instituições de educação superior, sendo 245 públicas e 2.069 particulares. Entre 2008 e 2009 houve crescimento de 3,8% no número de instituições públicas e 2,6% no de particulares (INEP, 2008, 2009). O levantamento registrou 186 universidades, 127 centros universitários e 1.966 faculdades. Além disso, 35 instituições federais públicas de educação profissional e tecnológica oferecem cursos superiores. O Censo de 2009, divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP (INEP, 2011) apresentava, em 2009, 29.931 cursos de ensino superior, tendo crescido a uma taxa de 13% em relação ao ano anterior. Como consequência deste número crescente de instituições no país, neste mesmo ano, “pouco mais da metade das vagas oferecidas por instituições públicas e privadas continuaram vazias após as diversas seleções de candidatos” (INEP, 2011). O número de matrículas, nos cursos de graduação, segundo Censo de Educação Superior (2010) aumentou em 7,1% de 2009 a 2010 e 110,1% de 2001 a 2010. O crescimento econômico do Brasil nos últimos anos, a necessidade de mão de obra mais especializada, as políticas públicas de incentivo ao acesso e à permanência na educação superior, os programas Fies e ProUni , o aumento da oferta de vagas na rede federal, via abertura de novos campi e novas IES, bem como a interiorização de universidades já existentes são os fatores que contribuíram com essa expansão. 17 “O total de 6.379.299 matrículas em cursos de graduação no ano de 2010 representou mais que o dobro das matrículas de 2001. Apesar do caráter preponderantemente privado da expansão ao longo desse período, tais resultados, no que se refere à participação desse setor, do qual foram 74,2% das matrículas em 2010, apontam para certa estabilização. Por outro lado, nesse mesmo período, o setor público assiste a uma inédita e significativa expansão. As categorias federal e estadual apresentam crescimento no número de matrículas de 2001 a 2010 na ordem de 85,9% e 66,7%, respectivamente” (CENSO EDUCAÇÃO SUPERIOR, 2010). Neste ambiente, o mercado educacional torna-se cada vez mais disputado e “a qualidade dos serviços e a satisfação dos clientes são fundamentais para a sobrevivência das IES” (WALTER; TONTINI; DOMINGUES, 2005, p. 1). Segundo Souza et al. (2011), o número de cursos segue ainda uma trajetória de expansão. Assim, as IES privadas enfrentam desafios constantes na busca pelo preenchimento de vagas disponíveis nos diversos cursos que oferecem. Estes desafios, perante um mercado cada vez mais concorrido e globalizado, cuja complexidade da gestão organizacional dificulta o seu posicionamento no mercado de educação superior brasileiro, devem, paulatinamente, serem enfrentados, mantendo, sobretudo, a qualidade da educação superior. A importância da gestão da marca para divulgar a imagem e para realçar a reputação da IES de forma mais adequada e para comunicação de vantagens competitivas é notável nos estudos citados na fundamentação teórica. Chapleo (2007) comenta que a reputação é um grande diferenciador das IES mais tradicionais. Gupta, Singh (2010) consideram importante a gestão da marca na avaliação da imagem para os stakeholders. Santos (2006) verifica a relação da marca com a reputação das instituições e sua influência no processo da decisão dos públicos. A qualidade e a excelência percebidas também são fatores importantes na tomada de decisão e na retenção dos candidatos a alunos. Estes e outros fatores contribuem para que as IES recorram à aplicação de estratégias de marketing para melhor se posicionarem no mercado, em relação às concorrentes, e melhor conhecer seu público-alvo. A adoção de marketing serve, ainda, para descrever facetas importantes de todas as atividades da organização perante seus públicos, tornando a instituição mais visível no mercado (KOTLER, LEVY, 1969). Chapleo e Simms (2010) destacam o impacto dos stakeholders no planejamento e direcionamento das estratégias da marca das universidades e a sua influência na satisfação e a intenção dos alunos. Estas instituições, em sua maioria, dependendo do tamanho, complexidade organizacional, adoção de tecnologia, relacionamento interno e externo, entre outros fatores, 18 possuem uma série de variáveis que devem ser levadas ao conhecimento do público, ou seja, da comunidade em que a IES está inserida. Waeraas e Solbakk (2009) comentam que as Instituições de Ensino Superior são tipicamente organizações complexas e isto dificulta a definição de sua identidade e a gestão da sua marca. Os laboratórios, bibliotecas, centros de pesquisa, infraestrutura e corpo docente qualificado, bem como o número de cursos e seus níveis de abrangência são pontos de destaque da IES que representam estratégias competitivas frente aos concorrentes. São atributos de qualidade que se revestem de importância e qualificam a instituição. Devem ser tornados conhecidos publicamente no sentido de que espelham a organização e possam contribuir como elementos da gestão da marca e do marketing da IES, fatores de decisão no mercado. A adaptação ou personalização do ensino superior e dos programas de formação superior exige a existência de uma fase de análise e projeção, marcada por uma estreita integração entre o prestador do serviço e o cliente, de tal forma que as necessidades de formação e preenchimento de lacunas nos conhecimentos e habilidades sejam identificadas com precisão. Isto se faz necessário que a entrega do serviço de educação seja relevante e significativo e a IES possa obter a esperada "satisfação do cliente", e o consequente posicionamento no mercado e desenvolvimento da organização. Este conjunto estratégico pressupõe ainda que os clientes obtenham toda a informação e aconselhamento para poder visualizar, claramente, o que procuram e o que devem procurar, dadas as suas próprias circunstâncias quanto ao ensino superior desejado. Isso é fundamental para amparar a decisão no momento em que se volta para optar por um ou outro curso neste nível de ensino. A gestão da marca e o marketing da IES são, portanto, indicadores nesta fase decisória de escolha de um programa de ensino superior, dentro de um portfólio de programas de uma instituição (UMASHANKAR, 2001). Inseridas em ambiente competitivo e frente aos impactos das transformações e das mudanças sociais, econômicas, culturais e tecnológicas, as IES privadas surgiram e/ou se alicerçaram nos últimos anos, emergindo como organizações essencialmente prestadoras de serviços de educação, com finalidades lucrativas ou não, conforme pressupõe a legislação vigente no Brasil, em consequência das políticas de governo. Para as IES privadas o “nome” da instituição passou a ser tratado como uma “marca” de empresa prestadora de serviços, a ser trabalhada com técnicas de marketing para que as imagens percebidas pela sociedade, mercado consumidor e concorrência sejam aquelas 19 programadas pela mantenedora ou pelos sócios do empreendimento educacional (SANTOS, 2006). Contudo, esse tipo de IES, mantendo uma relação com a sociedade, com o mercado consumidor e com a concorrência deve preservar a ética e apresentar índices consideráveis de confiabilidade e veracidade. Isso significa que as IES devem preocupar-se em obter e manter a integridade em todo o processo de gestão da marca e de marketing, buscando sempre a satisfação dos diversos públicos, gerando os maiores índices de lealdade. Essa lealdade se manifesta, via de regra, não apenas na redução da probabilidade de evasão ao longo do curso em andamento, mas também nas indicações positivas e intenções de realizar outros cursos com a IES (REICHELT, 2007). Reforçando esse entendimento, na opinião do Reichelt (2007) os fatores que influenciam a imagem e o valor no contexto da educação superior são a qualidade percebida, o valor social (a imagem social pretendida pelo aluno) e o valor emocional (relacionada aos aspectos subjetivos e não racionais como estética), a percepção de preço e a reputação. Tudo isto, atualmente, é de vital importância para as IES privadas com características sem fins lucrativos. Isso porque, o ensino superior enfrenta um ambiente altamente competitivo, em que os recursos e as matrículas dos ingressantes não são mais considerados certos (STEVENS et al., 2008). A concorrência entre as instituições privadas é ocasionada pelo crescimento da economia, busca de mão de obra qualificada pelas empresas e demanda reprimida da população brasileira que não está inserida no sistema de educação superior. A preocupação com a qualidade dos serviços educacionais está evidenciada na legislação nacional, por meio da Lei n. 10.861 de 2004, que instituiu o Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Superior SINAES, que pretende “assegurar o processo nacional de avaliação das instituições de educação superior, dos cursos de graduação e do desempenho acadêmico de seus estudantes” (BRASIL, 2004). Desta forma, o governo brasileiro investe na regulamentação no sentido de garantir padrões de qualidade na educação superior. Cabe destacar, porém, segundo Souza et al. (2011), que o governo brasileiro regulamenta esta avaliação até certo ponto, deixando claro que é desejável e esperado “que as instituições de educação superior avancem quanto a sua própria avaliação da qualidade dos serviços de ensino, de pesquisa e de extensão”. Nesta evolução competitiva surgem, constantemente, desafios da gestão da marca para as IES brasileiras. Possuir personalidade da marca e determinar quais são as características 20 dessa personalidade é, sim, um desafio, no momento presente. Sendo esta uma abordagem recente, em função do crescimento competitivo entre este tipo de instituição, e como parte das estratégias organizacionais de posicionamento no mercado, pondera-se que nem sempre os seus dirigentes encontram-se preparados para o entendimento necessário sobre este importante foco de ação estratégico. Por vezes, nem mesmo conhecem o real significado do que seja gerir uma marca para a IES. 1.2 Ineditismo, relevância e contribuição teórico-empírica Esta seção traz a justificativa deste estudo, organizada em três tópicos, considerados essenciais para o desenvolvimento deste trabalho de tese de doutorado, a saber: ineditismo, relevância e contribuições da pesquisa. 1.2.1 Ineditismo Enquanto estudos da marca nas IES europeias e norte-americanas já apresentam avanços, no Brasil, existe uma carência desse tipo de estudo. Por essa razão, a presente pesquisa possui analogias com trabalhos realizados por Chapleo (2004; 2007) e Heyes e Liston-Heyes (2004), que apresentam similaridades em relação aos construtos de gestão da marca e estratégias de marketing. Assim, a originalidade desse trabalho se deve justamente ao preenchimento da lacuna referente à sugestão dos estudos empíricos em outras IES pela Chpaleo (2007), e aquelas identificadas em estudos mencionados anteriormente referentes a um modelo, bem como da ausência de novos estudos mais específicos sobre o tema, capazes de investigar a gestão da marca e o seu entendimento na percepção dos gestores e dos responsáveis de marketing e comunicação, no contexto das IES pesquisadas. No contexto dos estudos sobre a gestão da marca nas instituições de ensino superior, e nítida a ausência de trabalhos que buscam mostrar a personalidade da marca e sua importância no desenvolvimento de práticas para consolidar o relacionamento dos alunos e os públicos com as IES. O desempenho de marketing das IES quanto à imagem, reputação e a qualificação dos seus alunos, na percepção dos gestores ou responsáveis do departamento de recursos humanos das organizações que absorvem os egressos dessas instituições, constituem em uma nova abordagem que contribui para a originalidade desse estudo. 21 1.2.2 Relevância teórico-empírica O interesse pela pesquisa provém da necessidade de realizar em organizações voltadas para o ensino superior brasileiro um estudo que proporcione visão ampliada sobre o desenvolvimento de gestão da marca e de estratégias de marketing em IES. É consensual entre dirigentes de IES o reconhecimento das dificuldades daqueles que estão à frente da gestão da marca neste tipo de instituição e o enfrentamento de uma série de problemas e desafios no seu processo de gerenciamento, concomitante com o marketing. É imperioso, desta maneira, que o assunto seja investigado. Ou seja, que se conheça, com mais profundidade, como a gestão da marca está sendo tratada em IES privadas brasileiras. Sabendo-se que a gestão da marca nas IES implica na criação de uma identidade organizacional perante os públicos internos e externos, e que este procedimento faz parte integrante do marketing destas IES, estudos sinalizam a existência de barreiras na construção e desenvolvimento da gestão da marca nessas instituições. Trabalhos mais recentes realizados na Inglaterra por Chapleo (2004; 2005; 2007; 2011), Estados Unidos por Heyes e ListonHeyes (2004), Índia por Gupta e Singh (2010) e África do Sul por Beneke (2011), respectivamente, servem para amparar o que aqui se afirma. Chapleo (2007) destaca também que esta ausência da gestão influencia o relacionamento e as abordagens da marca da IES. A análise da estratégia de marketing das IES e o desempenho de marketing na percepção das organizações que empregam os acadêmicos destas instituições justifica a importância do desenvolvimento da gestão da marca e a sua associação com a formação das estratégias mais eficazes e, consequentemente, com um desempenho adequado. Chapleo (2011) destaca essa associação na comunicação do desempenho da universidade e melhor divulgação da imagem que reforce as diferentes facetas da IES. O sistema ACAFE, além das marcas de cada instituição membro, ainda conta com sua própria marca que é conhecida e divulgada em âmbito estadual e reconhecida nacionalmente pela sua atuação e serviços prestados. Keller e Lehmann (2006) explicam a importância da marca no desenvolvimento de atividade de marketing, isto é, associar a imagem e reputação e o seu posicionamento no mercado. Para Judson et al. (2009), a dificuldade da IES em promover a diferenciação tem implicações na gestão da marca. Gupta e Singh (2010) comentam que o interesse do públicoalvo pela marca da instituição de ensino proporciona liderança e destaque para a organização e, neste sentido, a gestão da marca tem importante desempenho. Beneke (2011), ao analisar o 22 contexto sul-africano ressalta que “as instituições enfrentam uma infinidade de questões e desafios na era atual no ensino superior”. E, que esta situação não é diferente em relação à realidade global. Aqui as instituições públicas estão enfrentando mudanças na forma de conduzir sua administração, sendo que a globalização do ensino superior trouxe o concorrente, ocasionando o declínio no número de alunos. Faz ainda alusão à síndrome em que as forças mercadológicas estão colocando pressão sobre o ensino superior e sobre as instituições tradicionais para se adaptarem às exigências do mercado. Como o número de matrículas diminuiu consideravelmente, tudo indica que há uma razão para a melhoria dos programas de marketing nestas instituições. Marketing envolve a projeção de ofertas da organização mais específicas usando preços eficazes, comunicação dirigida, distribuição e informação adequada, entre outras, no sentido de motivar e orientar para os serviços de ensino superior da IES. Beneke (2011) afirma, com base no depoimento de um diretor de marketing de uma Universidade, que estas instituições possuem uma visão estreita das opções indicadas. Muitas instituições entendem que o marketing se reduz à promoção, com o uso de folhetos, mala direta, publicidade, esforços de relações públicas etc. Marketing é, no entanto, uma maneira de pensar e de agir no mercado, compreendendo e atendendo as necessidades de ensino superior. Beneke (2011) também salienta que uma postura semipassiva das IES, para oferecer uma estratégia de marketing global, embora eficaz no primeiro momento, pode apresentar graves consequências no futuro da organização. Encerra alertando que práticas históricas que alcançaram sucesso não têm nenhuma garantia de fazê-lo no futuro frente ao atual ambiente competitivo. Kotecha (2003) também se posiciona a este respeito. Afirma que a raiz deste problema se encontra nas origens das universidades. Estas se estabeleceram como instituições conservadores, por natureza. Em suma: resistem à mudança e se adaptam lentamente a essas transformações, tendo por vezes problemas de entendimento do conceito de marketing, que permanece incompreendido e considerado inadequado para este contexto organizacional. Cetin (2003), por outro lado, comenta que as instituições estão sendo pressionadas para oferecer educação de alta qualidade, existir como uma universidade de renome, alcançar o sucesso e melhorar o posicionamento competitivo, oferecendo programas acadêmicos bem delineados e de interesse dos alunos e manter a força financeira. No entanto, não estão preparadas para tanto. Além disso, sofrem com este novo estado imperativo. 23 Como advoga Kirp (2004), a marca é sinônimo de sua reputação, sendo considerada um ativo institucional. Todavia, grande parte da marca institucional continua a ser clichê e nada original. Onde a marca não existe há uma série de construções comuns. Na definição dada por Berry (2000), para a construção da marca de serviço e para cultivar o seu valor, devem-se criar diferenças, determinar seus pontos fortes, criar uma conexão emocional e assim internalizá-la. “As marcas aumentam a utilidade percebida e a conveniência de um produto ou serviço” (KOTLER; GERTNER, 2002 p.250). 1.2.3 Contribuição teórico-empírica A partir da pesquisa dos trabalhos e estudos teóricos realizados pelos autores reunidos nesse trabalho de tese, percebe-se a existência de lacunas em relação à gestão da marca e estratégias de marketing nas Instituições de Ensino Superior, sem fins lucrativos, no contexto brasileiro. No contexto internacional foram desenvolvidos estudos em que as lacunas deixadas referem-se à gestão da marca de uma IES para abranger o seu valor, a sua personalidade e a sua relação com as atividades de marketing nela desenvolvidas. A partir disso verifica-se a importância de contribuir com um estudo dessa natureza, em nível acadêmico, tendo em vista o reduzido número de trabalhos teórico-empíricos sobre o tema proposto. Chapleo (2004; 2007), nos seus estudos, sugere a realização de trabalhos empíricos em outras IES. Assim, no que se refere ao objeto de estudo, instituições de ensino superiores, especificamente privadas e sem fins lucrativos, a contribuição do estudo vem ao encontro da necessidade de se desenvolver trabalhos que ampliem a literatura existente sobre a gestão da marca nas IES no Brasil, uma vez que se encontra escassa, como foi abordado anteriormente. A seleção das instituições do sistema ACAFE para realizar a pesquisa empírica contribui para o conhecimento do processo de gestão da marca nessas instituições ou em outras com características similares. Embora os principais estudos teóricos relacionados nesta tese apresentem lacunas em relação às estratégias de marketing e os princípios do composto mercadológico nas IES, essas já foram discutidas nos estudos realizados por Martins (1989), Froemming (2001), Antoni (2004), Santos (2006), Veludo-de-Oliveira e Ikeda (2006) e Gomes (2009) no Brasil. Assim, este trabalho diferencia-se por abordar a gestão da marca nas instituições de ensino superior, sob o aspecto da personalidade, do valor e dos diferenciadores da marca até a formação de estratégias de marketing. 24 Diante do exposto, a presente pesquisa buscou estudar o desempenho de marketing das instituições e características como personalidade e os diferenciadores da marca que não foram discutidas pelas pesquisas realizadas por Heyes & Liston Heyes (2004), Chapleo (2004; 2007; 2011), Waeraas & Solbakk (2009), Gupta e Singh (2010) e Beneke (2011). A partir do contexto e trabalhos relacionados ao tema estudado, percebeu-se a necessidade de sugestão de um modelo simples, capaz de facilitar a compreensão do processo de gestão da marca. Portanto, esta tese pretende colaborar no sentido de ampliar o conhecimento sobre a gestão da marca e de marketing nas IES e, ainda, dá uma contribuição teórica para o processo de construção da marca nessas instituições. Mostra, também, a associação do desenvolvimento de sua gestão e o desempenho de marketing dessas Instituições, a partir da análise das percepções dos gestores das organizações que empregam os egressos e as divergências entre os estudos dos autores e os resultados deste trabalho. A aplicação do método qualitativo e análise de conteúdo é outra colaboração deste trabalho aos estudos da marca. Segundo Voeth e Herbst (2008) a gestão da marca das organizações sem fins lucrativos ainda está em seu ponto de partida. Existem poucas práticas e pesquisas dedicadas a essa atividade. Isso certamente ocorre devido ao fato de que há uma clara falta de entendimento das características especiais das marcas dessas organizações e de conceitos que ajudem a construir e manter uma forte imagem de marca principalmente nesse formato no mercado educacional. Estudos sobre esse tema podem contribuir para o conhecimento dos envolvidos nesse processo, sobre os prováveis problemas e obstáculos para o seu desenvolvimento. Podem também evidenciar sua importância no contexto do ensino superior brasileiro, em IES privadas e comunitárias, como parte da estratégia organizacional. Em termos práticos, a pesquisa pretende contribuir para o melhor entendimento do processo da gestão da marca e sua importância para as instituições de ensino superior. Acredita-se que o produto deste estudo pode, ainda, enriquecer a ática pela qual as IES são observadas, para proporcionar mais aprofundamento em relação à gestão da marca. Assim, este estudo poderá oferecer subsídios às decisões dos gestores para o investimento na área de marketing educacional e à construção eficaz de sua marca, por meio de um processo abrangente, considerando as reais capacidades da instituição no contexto em que está inserida. Na atual conjuntura econômica do Brasil e de globalização da educação, as IES privadas sem fins lucrativos, por se constituírem um universo grande no contexto educacional segundo Censo de Educação Superior (2009), necessitam construir marcas robustos que 25 facilitem a tomada de decisão dos candidatos, criar senso de credibilidade, imagem forte e redução de riscos na tomada de decisões; refletir sobre os fatores de qualidade inerentes ao desempenho da instituição. Neste sentido, ao considerar os construtos de pesquisa, os seus resultados deverão contribuir para o entendimento do processo da gestão da marca com base na realidade de cada instituição. Os autores Chapleo (2004) e Beneke (2011) ao pesquisarem sobre marketing em IES, concluíram que a “gestão da marca influencia a estratégia de marketing e o desempenho de marketing”. Por conseguinte, este trabalho pretende atender às sugestões dos autores e contribuir para o avanço do conhecimento em marketing de instituições de ensino superior, em virtude de acrescentar a percepção dos empregadores na análise do desempenho de marketing, no que se refere à marca, imagem, reputação das IES e as competências dos egressos. 1.3 Problema de pesquisa O conhecimento do processo de gestão da marca, em seu desenvolvimento, bem como dos problemas e desafios que as IES podem enfrentar neste caminhar, se apresentam como parte integrante para elucidar e contribuir com abordagens mais direcionadas sobre o procedimento e marketing nas IES privadas brasileiras. A partir desta afirmativa, elabora-se as seguintes questões de pesquisa: Como ocorre o processo da gestão da marca e quais são as estratégias de marketing nas instituições de ensino superior na percepção dos gestores e ainda, como o desempenho de marketing é percebido pelas organizações empregadoras da sua região? 1.4 Objetivos de trabalho Para melhor situar o assunto e responder às questões que se impõem como perguntas de pesquisa, os seguintes objetivos foram definidos: 1.4.1 Objetivo geral Analisar a gestão da marca e o desempenho de marketing em instituições de ensino superior da Associação Catarinense das Fundações Educacionais – ACAFE, para propor um modelo de gestão da marca. 26 1.4.2 Objetivos específicos - descrever o entendimento sobre a gestão da marca nas IES no Sistema ACAFE, na percepção dos reitores e dos responsáveis pelo marketing da instituição; - relatar as estratégias de marketing desenvolvidas nestas IES na percepção dos reitores e dos responsáveis de marketing; - identificar os desafios da IES quanto à gestão da marca e as estratégias de marketing; - coletar a percepção dos dirigentes das principais organizações empregadoras da região sobre o desempenho de marketing no que se refere à imagem, reputação e às qualificações profissionais dos alunos das IES; - descrever a associação entre a gestão da marca, as estratégias de marketing e o desempenho de marketing das IES; - propor um modelo de gestão da marca para as instituições de ensino superior do sistema ACAFE. 1.5 Estrutura do trabalho Além dessa introdução, a estruturada dessa tese está pensada da seguinte forma: o segundo capítulo, de fundamentação teórica, aborda a literatura desde a década 80 até o presente referindo-se ao marketing nas instituições de ensino superior, à gestão da marca, estratégias de marketing e o desempenho de marketing, que embasam o tema proposto. O terceiro capítulo apresenta o método adotado na pesquisa e descreve o seu posicionamento paradigmático, especificando e justificando o tipo, os procedimentos de coleta e a análise dos dados. No quarto capítulo são descritos os resultados obtidos e o quinto apresenta as considerações finais do estudo, mostrando os seus principais resultados, implicações teóricas e práticas e as limitações, bem como as sugestões para estudos futuros. Integrando a estrutura do trabalho se encontram as referências do material citado e nos apêndices são apresentados os instrumentos de coleta de dados da pesquisa de campo. 27 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Neste capítulo apresenta se a fundamentação teórica e empírica para os principais conceitos que constroem a estrutura norteadora deste trabalho de tese sobre a gestão da marca e o marketing em instituições de ensino superior. A seguir, são trabalhados os conceitos referentes ao Marketing em instituições de ensino superior, buscando trazer as principais contribuições da área. A gestão da marca é dividida em subseções como personalidade, diferenciadores e o valor da marca. Em seguida é apresentada a gestão da marca nas IES, tratando especificamente os desafios e barreiras na sua construção. As estratégias de marketing concentram-se na diferenciação e o desempenho de marketing destaca as medidas que as organizações utilizam para avaliar imagem, reputação e qualidade nessas instituições. Também são apresentadas pesquisas sobre a gestão da marca nas instituições de ensino superior. Berry (2000) define que a marca desempenha um papel especial em empresas de serviços, porque marcas fortes aumentam a confiança dos clientes do invisível e a compreensão dos produtos intangíveis. Para Louro e Cunha (2001) a configuração de perspectivas existentes sobre a marca tem sido impulsionada pela interação entre fatores associados à pesquisa em evolução nas áreas de marketing e gestão estratégica, e fatores relacionados ao aumento de interesse gerencial em avaliação de marcas e sua gestão causada por transformações nos ambientes competitivos. 2.1 Marketing em IES O interesse dos gestores das instituições de ensino pelo marketing educacional, principalmente na última década, vem ao encontro da complexidade da gestão destas organizações e os desafios mercadológicos que estão enfrentando atualmente. Segundo Kotler e Murray (1975) cada organização escolhe seu estilo de marketing que é compatível com seus objetivos e o autoconceito. Com o aumento do número das Instituições de Ensino Superior aumentam proporcionalmente, os desafios dos gestores em busca de diferenciação de seus serviços, qualidade, imagem e o desenvolvimento das vantagens competitivas. Para Kotler e Murray (1975) o motivo fundamental pelo qual uma organização sem fins lucrativos deve estar interessada em princípios de marketing é que eles vão permitir que a organização seja mais eficaz na consecução dos seus objetivos. Serviço educacional, 28 conforme Lovelock (1983,) é um serviço com ações intangíveis, com foco na mente dos alunos, realizada através de uma parceria entre a organização de serviço e seu cliente. Na percepção do Martins (1989), a aplicação de marketing pelas Instituições de Ensino Superior pode eliminar a distância que existe entre as estruturas conservadoras e ultrapassadas, e o pensamento dinâmico e progressista do meio universitário. O autor ainda destaca que o problema não se encontra na aplicação das práticas de marketing nas IES, mas sim, na utilização destas ações de forma “inteligentemente”. As instituições de ensino superior precisam aplicar os princípios de marketing em suas gestões conforme aquilo que ensinam para seus acadêmicos dos cursos de administração. Em relação ao marketing educacional os autores Kotler e Fox (1994, p.24) contribuíram com a seguinte definição: “Marketing é uma atividade central das instituições modernas, crescendo em sua busca de atender eficazmente alguma área de necessidade humana. Para sobreviver e tornar-se bem sucedidas, as instituições devem conhecer seus mercados, atrair recursos suficientes, converter esses recursos em programas, serviços e ideias apropriadas e distribuí-los eficazmente aos vários públicos consumidores. Estas tarefas são conduzidas em uma estrutura de ação voluntária por todas as partes interessadas. A instituição moderna está disposta principalmente em oferecer e trocar valores com diferentes participantes para obter sua cooperação, e assim, atingir as metas organizacionais”. Umashankar (2001), em pesquisa realizada na educação superior da Índia, comentou que em relação ao gerenciamento de marketing na comercialização de programas de educação, há um entendimento tácito e aceitação que este é um exercício de 'marketing' e que, portanto, não tem pessoal a ser designado para sua gestão. Isto, obviamente, se usarmos os princípios clássicos, envolvendo o produto e processo de concepção, implantação e controle, com base na satisfação do cliente conduzido. De acordo com Tapp, Hicks e Stone (2004) os departamentos de marketing das Instituições de Ensino Superior precisam implantar mais recursos para a atração e retenção de alunos. Os dias de focar ações de marketing na qualidade da produção de prospectos e nas matrículas estão por findar. Os autores concluíram que o marketing no ensino superior está para mudar. Há uma necessidade de ser, por um lado, cada vez mais rentável e, por outro, mais socialmente responsável, em busca de novas matrículas. A maioria das universidades tem de lidar com setores muito competitivos para atrair alunos. Hammond, Webster e Harmos (2006), em pesquisa em IES, concluíram que o conhecimento sobre uso de marketing, e até mesmo a relação entre o desempenho e orientação para o mercado, anteriormente desconsiderada por muitos profissionais da 29 educação superior, pode muito bem ter aplicabilidade geral ou para certas instituições em situações específicas. Veludo-de-Oliveira e Ikeda (2006) em sua pesquisa sobre o valor em serviços educacionais na percepção dos acadêmicos descreveram que o corpo docente é um atributo concreto por ser um componente desse, e a aquisição de conhecimentos é classificada como consequência funcional por ser um benefício proporcionado diretamente pela educação. A qualificação do corpo docente da instituição é fundamental na qualidade dos resultados dos cursos e serviços prestados ao acadêmico. Para Tomio (2006) o aluno precisa buscar o julgamento de outras pessoas que já utilizaram os serviços da IES para obter informações. Neste sentido, Froemming (2001) explica a satisfação dos alunos e sua influência na formação de opinião dos outros e Antoni (2004) reforça esta colocação e sua importância na retenção e busca de novos candidatos. Neste sentido, é necessário que os gestores do ensino superior tomem medidas para familiarizar os diversos públicos com a oferta da organização. Para Santos (2006) o sistema educacional não constitui exceção no panorama das organizações sociais. Segundo Veludode-Oliveira e Ikeda (2006) quando um candidato procura uma instituição de ensino superior para se inscrever em um curso, não está somente buscando as aulas, o acesso à bibliografias e experiências práticas, a infraestrutura de apoio, ou mesmo o diploma, mas sim está buscando conhecimento, desenvolvimento pessoal, possibilidades de ascensão social e de carreira, direcionando suas escolhas, muitas vezes, em fatores como a reputação e a imagem da instituição, entre outros. Para Hammond, Webster e Harmon (2006) a adoção de marketing no ambiente das IES é uma resposta prática e estratégica para os requisitos de desempenho das universidades. Rebelo e Erdmann (2007) sugerem que as universidades devem ser entendidas em uma dimensão mais ampla e em todas as nuances que as compõem. Devem ser vistas como organizações complexas, inseridas numa sociedade multifacetada, relacionando-se com um ambiente interno e externo, numa perspectiva de rede e com relações múltiplas e simultâneas. De outro lado, também é importante ressaltar que, por meio de aplicação de marketing interno, a lealdade dos colaboradores da instituição deve ser incentivada e conseguida. Conforme Chapleo (2007), a lealdade é um ponto de partida para a aceitação interna. A atitude de trabalho "na universidade" e não "para a universidade" parece ser generalizada e abordar as questões culturais que promoveram essa atitude e, embora não ser fácil deve ser desenvolvida, em longo prazo. 30 Para Mazzarol e Soutar (2008) os administradores das instituições precisam considerar que, enquanto as mensalidades e os elementos tangíveis podem influenciar a decisão de um estudante de frequentar uma universidade particular, os elementos intangíveis, tais como a imagem da universidade também tem uma influência significativa sobre a decisão do candidato. Se existe um gap de imagem, então os esforços de marketing podem ser usados para diminuir a distância e trazer a real em linha com a desejada (STEVENS; MCCONKEY; COLE; CLOW, 2008 p.102). Bravin (2009) menciona que pesquisar como as instituições de ensino superior podem fazer uso mais aprofundado de marketing, o que possibilita um melhor conhecimento da própria IES e seu ambiente, com reflexos positivos no produto e serviço que oferece e na qualidade da instituição. Na opinião de Judson et al. (2009), como muitas organizações orientadas para os serviços, as universidades enfrentam um ambiente cada vez mais competitivo, no qual elas devem encontrar maneiras para diferenciar a sua instituição e formas de contar a sua história. Na visão de Nogueira e Las Casas (2009, p. 81), “a expansão do ensino superior privado e sua profissionalização tem levado as instituições de ensino superiores brasileiras a investirem em melhores práticas de gestão e a buscar a qualidade de seus serviços”. O crescimento e a expansão dos cursos superiores levaram os gestores das instituições a repensarem sua forma de administração, calcada na qualidade dos serviços prestados. Percebe-se que a aplicação das práticas de marketing com foco específico no marketing educacional é uma tarefa importante e ao mesmo tempo difícil para os gestores das IES. Eles devem reconhecer os desafios mercadológicos que as Instituições de Ensino Superior enfrentam e as dificuldades destas em busca dos recursos, posicionamento ideal dos seus produtos e serviços, a construção de uma marca forte, a imagem e reputação de sua instituição e a fidelização do público-alvo. Em busca de melhores resultados por meio de ações de marketing e de comunicação o gerenciamento da marca, a definição da personalidade, diferenciadores e o valor da marca da instituição são partes interligadas para um processo imprescindível para a construção da imagem que a IES pretende projetar na sociedade em que está inserida. Os autores Gatington, Weitz e Bansal (1990); Shocker, Srivastava e Reuckert (1994); Keller (1999); Kapferer (1998) e Ambler (2009), através de seus estudos, reforçam sobre a relação da marca e o desempenho de marketing e sua conclusão em torno da influência da gestão da marca da 31 organização, os pontos fortes e fracos da gestão da marca, a evolução e o gerenciamento do ambiente de marketing. No Brasil, o trabalho de Gomes (2009) pode ser identificado como de referência para esta pesquisa, quando se trata de marketing em IES. Este autor revisou a literatura brasileira sobre o tema, tendo citado os trabalhos relevantes que foram sendo realizados ao longo do tempo. Enquanto os alunos são considerados como os principais consumidores dos serviços de ensino superior, os empregadores podem ser vistos como consumidores secundários ou indiretos. Finalmente, a sociedade como um todo se beneficia do resultado do ensino superior (GUPTA; SINGH, 2010). Os desafios das IES em busca da qualidade são explicitados pela teoria de Prahalad e Ramaswamy (2004a) dentro da definição de cocriação de valor sendo que essa dimensão depende de todos os participantes do serviço, principalmente do aluno, responsável pela aquisição do conhecimento e habilidades profissionais. Na percepção de Bowden e D`Alessandro (2011), que realizaram estudo sobre cocriação do valor na educação superior, o envolvimento dos alunos no intercâmbio educacional é fundamental para o alcance de resultados tanto pedagógicos quanto dos negócios. Para Gupta e Singh (2010) no ensino superior, a promessa da marca é composta por fatores como a oferta acadêmica, experiência do aluno, prestígio da instituição, e outros "bens intangíveis". A promessa da marca baseia-se também em aspectos acadêmicos e no envolvimento emocional que emana em parte da liderança da instituição. A entrega efetiva da promessa de marca requer que os líderes de uma instituição tenham uma clara compreensão das percepções do mercado e de sua marca; que o seu pessoal de administração e corpo docente estejam coesos no entendimento e na execução da marca, e que entendam e satisfaçam os anseios dos alunos. Cada universidade necessita ter uma declaração documentada de posicionamento e estratégia de marca. Planos de marketing são fluidos e podem mudar ao longo do tempo, mas a estratégia de marca deve permanecer intacta durante um longo período de tempo. (GUPTA; SINGH, 2010). 2.2 Gestão da marca A marca é considerada como um ativo intangível da organização. Entretanto, o sucesso da marca depende de muitos fatores relacionados à gestão da organização. O dinamismo e a competitividade da empresa possuem um papel importante no 32 desenvolvimento da marca e seu relacionamento com os stakeholders. Marcas fortes e consistentes criam um domínio no mercado sobre as decisões de escolha dos interessados e conquistam a satisfação e a lealdade dos consumidores. Segundo Gatington, Weitz e Bansal (1990) muitas decisões estão envolvidas na avaliação e desenvolvimento de uma marca e sua estratégia de introdução, incluindo a decisão de introduzi-la e o tempo necessário para a entrada. Para Shocker, Srivastava e Reukert (1994) gestão da marca é desafiada a entender a dinâmica da evolução dos mercados e gerenciamento das associações de marca. Os mercados estão em permanente mudança e as inovações tecnológicas pressionam as empresas a agirem de forma mais dinâmica e rápida. Os produtos de alta tecnologia surgem e desaparecem, sem a percepção dos clientes. As empresas se mantêm no mercado por meio de lançamento de novos produtos. Pequenos melhoramentos nos produtos já não satisfazem os consumidores. Ficar acima da expectativa do consumidor não é uma tarefa simples. Uma marca forte pode comercializar qualquer coisa. Ainda na opinião de Shocker, Srivastava e Ruekert (1994) os gestores de marcas têm de compreender que a forma como eles respondem com competência depende, em parte, de como eles aproveitam os novos recursos e as opções apresentadas e que suas ações afetam as próprias forças a que eles respondem. Na percepção dos autores, os desafios dos gerentes de marca incluem primeiramente a utilização das habilidades de um mercado do produto em outro mercado diferente; em segundo lugar, montagem e gestão de competências dos vários parceiros no desenvolvimento e comercialização de novos produtos e serviços; e, finalmente, gerir promoções conjuntas e garantir que as estratégias da marca parceira não prejudiquem as suas próprias marcas. Aaker (1997; 2004) definiu que os administradores precisam considerar maneiras de aproveitar o poder da sua marca e afirma que marcas estão entre os bens mais valiosos que uma empresa possui. De acordo com Dowling e Uncles (1997) muitos clientes querem ter um relacionamento envolvente com as marcas que compram. Uma parte desses compradores é leal ao conjunto do serviço e compram apenas uma marca. Para Kapferer (1998) a marca não é simplesmente um ator do mercado, ela exerce papel de um organizador, é movida por uma visão, uma missão, uma concepção daquilo que se deve tornar a categoria. A gestão da marca é a tarefa de organizar, planejar, executar e controlar as atividades relacionadas à mesma. Para Keller (1999) um dos desafios na gestão de marca são as mudanças que ocorrem no ambiente de marketing. 33 Ao longo dos anos, estudiosos e profissionais de marketing continuam a expandir o domínio da gestão da marca e descrevem suas práticas, princípios e filosofias que as organizações devem adotar. As organizações podem adaptar suas atividades de gestão da marca às utilizadas pelas grandes organizações, concorrentes e empresas de sucesso em forma de benchmarking. Conforme Keller (1999) a gestão da marca eficaz requer uma visão das decisões de marketing de longo prazo. Este mesmo autor, no seu estudo sobre a revitalização da marca, reconhece que qualquer mudança no programa de apoio a uma marca pode afetar o sucesso de futuros programas de marketing. Keller (2000) ainda comenta que manter uma marca forte significa o justo equilíbrio entre continuidade e a mudança. Os desafios de atualidade são as mudanças que as organizações enfrentam para continuar fortemente na mente do consumidor. Louro e Cunha (2001) pesquisaram a gestão da marca e estabeleceram quatro paradigmas; produto, projetivo, adaptativo e relacional. Concluíram que cada paradigma de gestão da marca constitui uma conta holística sobre o significado das marcas, a sua importância estratégica e de como eles podem ser gerenciados para gerar valor à empresa e seus stakeholders. Para Kotler e Gertner (2002) a marca diferencia os produtos e representa uma promessa de valor. Palácio, Meneses e Perez (2002) afirmam que a imagem geral de uma instituição é formada por componentes cognitivos e afetivos. A imagem afetiva exerce maior influência na satisfação dos acadêmicos. Conforme Tavares (2003), o conceito de marca é um termo utilizado para abraçar certo número de elementos básicos diferenciados que coletivamente constroem a sua definição. A intangibilidade dos serviços é fator que dificulta a tarefa de atrair os clientes e, para essas organizações, a marca é importante na conquista do cliente. Hoeffler e Keller (2003) comentam que os consumidores quando adquirem informações sobre a marca podem interpretar e / ou avaliar as informações e esta avaliação e melhoria podem ser especialmente críticas a fim de verificar se há ambiguidades associadas com as informações relacionadas. Aaker (2004) destaca que os limites da marca afetam diretamente a sua relevância e seu potencial para se estender para novos mercados de produtos e que dependem de sua herança histórica e estratégia de negócios. Como serviços não podem ser experimentados antes de sua realização, a marca exerce um papel fundamental na tomada de decisão dos clientes e atua como a garantia de que o cliente receberá um serviço de qualidade. A marca carrega consigo a imagem, a reputação e a 34 história da organização de serviço. Para Aaker (2004), a posição ideológica está mudando a maneira artesanal da criação da marca e a estratégia de produto pelo profissional de marketing, pelas características do produto e pelas mensagens publicitárias. Keller e Lehmann (2006) afirmam que as marcas são construídas. Elas não nascem espontaneamente e o processo de sua construção é muito complexo. Essa complexidade mencionada pelos autores justifica a eficácia da sua gestão na organização e o uso eficiente dos aplicativos de marketing. Ainda para Keller e Lehmann (2006) as marcas têm várias funções importantes. Em seu nível mais básico, elas servem como marcadores para a oferta de uma empresa. Para os clientes as marcas podem simplificar a escolha do produto ou do serviço, prometer um nível de qualidade, reduzir riscos e gerar confiança. Os autores complementam as suas considerações do estudo realizado com as seguintes afirmativas: marcas têm personalidades e os tipos básicos existem em todos os produtos, em grande extensão e em diversos países e culturas; os clientes têm vários tipos de relacionamentos com marcas; a marca consiste de elementos múltiplos que podem desempenhar papéis diferentes; uma série de critérios pode ser utilizada para determinar a capacidade de construção de marca; o valor da marca é cada vez mais determinado pelas atividades fora do controle direto da empresa; o nível do valor da marca ao cliente pode ser caracterizado em termos de consciência, associações, atitudes (ou atração), apego e de atividade; abordagens de pesquisa qualitativa podem complementar a pesquisa quantitativa para fornecer informações úteis sobre marcas; ao nível do produto no mercado, o valor da marca aumenta comunicações e a eficácia do canal e diminui a sensibilidade própria do preço; marcas constituem uma fração substancial do capital de muitas empresas. Keller e Richey (2006) enfatizam que o desafio fundamental de gestão da marca é a forma de conciliar ou abordar as vantagens e desvantagens potenciais que podem existir em fazer marketing e tomar decisões em relação à marca. O esforço da construção da marca na percepção de Proença (2007) proporciona valor para o consumidor, facilita a decisão da compra, aumenta a confiabilidade da empresa e torna eficiente a estratégia de marketing. Voeth e Herbst (2008) consideram que as marcas facilitam a orientação e escolha entre determinados produtos ou serviços e tem a função de reduzir riscos. E ainda afirmam que podem servir como sinal e prova de qualidade. Os autores identificaram alguns dos trabalhos influentes nesta área, destacando o que foi aprendido a partir de uma perspectiva acadêmica sobre temas importantes, como o posicionamento, a integração, valor, o 35 crescimento e a gestão da marca. Os pesquisadores apresentam um modelo simples mostrando como a marca é criada e desenvolvida por ações da empresa. Harrison-Walker (2009) concluiu que há uma tendência de as organizações tentarem ser tudo para todas as pessoas. Tal propósito não só pode ser difícil de implementar, como também pode levar a uma percepção confusa à mente dos consumidores. Uma gestão eficaz de posicionamento requer em primeiro lugar a singularidade percebida (a marca é única associada com a base de posicionamento); depois a força (uma associação forte e clara com a base de posicionamento); e por fim a prevalência (pelo qual a maioria do público-alvo está ciente da posição da marca). De acordo com Ambler (2009) os pontos fortes da gestão da marca, hoje, pelo menos na opinião dos gerentes de marcas, muito giram em torno de poder não apenas para lidar com a complexidade do marketing moderno, mas transformar isso em sua vantagem. Esses gerentes são muito conscientes de como podem agregar valor. Aaker (2010) comenta em um editorial da área de marketing que as organizações devem criar um ponto de diferenciação que não seja facilmente copiado pela concorrência. Chapleo (2004) realizou um estudo qualitativo para verificar a compreensão dos gestores em relação à reputação e à marca da IES e suas diferenças. Em 2005, o mesmo estudioso pesquisou o papel da marca e a sua importância nas universidades inglesas. Assim, a gestão da marca é indispensável para qualquer tipo de organização que pensa em construir uma marca forte, independemente do tamanho da organização e do setor de atividade que atua, seja com ou sem fim lucrativo, pois a criação de diferenciações, estratégias de alavancagem, lealdade dos consumidores, imagem e a reputação da marca são de responsabilidade da gestão da marca. Ambler (2009) sugere que existem tantas facetas da gestão de marca moderna, que uma explicação completa seria demasiado longa e esta seleção é inevitavelmente subjetiva. Mas nós precisamos concluir como que parece ser o paradigma dominante hoje. Em suma, parece que a gestão da marca tem um papel a desempenhar na construção da relação entre a instituição e as principais partes interessadas, bem como aumentar a exposição da instituição na comunidade inserida (BENEKE, 2011 p. 37). Para Chapleo (2011), o objetivo da gestão da marca nas IES é clarear a razão da existência da instituição, bem como o seu posicionamento; comunicar as vantagens competitivas; realçar sua reputação e aumentar a sua conscientização. 36 Segundo Schee (2011) os conceitos de produto e marca, bem como satisfação e lealdade, podem ser facilmente aplicados ao contexto do ensino superior. Pode-se argumentar que a marca é toda a experiência do aluno com a instituicao, enquanto os produtos são os cursos ou programas extracurriculares concebidos para melhorar essa experiência. 2.2.1 Personalidade da Marca A personalidade da marca é uma parte da identidade da marca, o valor e a diferenciação são necessários para a sua sobrevivência. Estas variáveis e a sua relação com as estratégias e o desempenho de marketing da IES são componentes importantes do processo de gestão da marca. As organizações buscam definir a identidade da marca dos seus produtos ou serviços através de um simples nome, slogan, design ou um traço de sua personalidade como marca extrovertida ou conservadora. Essa identidade, segundo Kapferer (1998), abrange aspectos não transferíveis que definem o produto, nome e elementos distintos que podem ser reconhecidos pelos consumidores. A personalidade é um dos aspectos da identidade da marca e é explorada por diversos autores como: Plummer (1985); Brasel (1995); Aaker (1997); Kapferer (1998); berry (2000); Azoulay e Kapferer (2003); Aaker; Fournier e Brasel (2004); Voeth e Herbst (2008); Brakus, Schmitt e Zarantonello (2009). Este trabalho de tese irá adotar somente o estudo da personalidade da marca dentro do contexto da gestão da marca com foco para instituições de ensino superior e na tentativa de descobrir a existência desta personalidade, o tipo e as características, sendo que isso é uma parte complementar do processo da gestão da marca. O estudo de personalidade da marca é importante para a eficácia de sua gestão, pois auxilia na descoberta dos traços e peculiaridades da marca, comparando assim com a personalidade de seus consumidores leais. As empresas de serviços entre elas possuem características diferentes, por exemplo, serviços de turismo, serviços hospitalares e serviços educacionais. Ainda estas organizações estão divididas em sem lucrativos e os que visam lucratividade. Para Plummer (1985) existem as duas faces da personalidade da marca, a interna, isto é, o que queremos que os consumidores pensem e sintam; e a externa, o que os consumidores realmente pensam e sentem. O autor descreve que primeiro deve acontecer a afirmação da personalidade da marca que é por meio de comunicação da marca, e depois a definição do perfil da personalidade da marca que é através de percepções do cliente. 37 Aaker e Fournier (1995) constataram que os consumidores interpretam as tentativas dos anunciantes para criar a personalidade da marca e com essa perspectiva responderam uma variedade de questões, incluindo: Qual é a personalidade da marca? Como as marcas têm personalidade? Como os empresários podem criar uma personalidade da marca? Como podemos medir a personalidade da marca? Quais são as implicações de ter uma personalidade da marca? Na visão dos autores Aaker e Fournier (1995) essa personalidade é definida como o conjunto específico de significados com objetivo de descrever as características internas de uma marca. Eesses significados são construídos por consumidores com base em comportamentos exibidos por marcas personificadas ou personagens da marca. A história e a tradição da instituição têm um papel importante na construção dos significados da sua marca. Os autores concluem que criar uma personalidade da marca literalmente envolve a sua personificação. Suas atribuições exigem que ela per forma seus comportamentos intencionais. Para isso, a marca deve ser "viva" e deve ser uma figura de ação que, intencionalmente, faz as coisas. Segundo Graef (1997), a ideia de que os consumidores preferem marcas com imagens semelhantes à sua própria autoimagem é conhecida como a hipótese de congruência da imagem. Mostra que a sua personalidade como uma faceta de identidades formada pelos traços que podem ser atribuídos nela. Esta identidade mostra o DNA da marca dentro dos quais os aspectos físicos, relacionamento com o público-alvo, valores interiores e a imagem da instituição. De acordo com Aaker (1997), a personalidade da marca é definida como "o conjunto de características humanas associadas a uma marca”. A autora nesta pesquisa desenvolve um quadro teórico de construir a personalidade da marca através da determinação do número e natureza das dimensões da personalidade da marca (sinceridade, emoção, competência, sofisticação e robustez). Ela argumenta que a personalidade da marca é um conjunto de características que descrevem a marca. A aplicabilidade e a relevância dos traços da personalidade humana nas marcas dependem das características do produto ou serviço e a percepção e a preferência do cliente. A personalidade da marca é construída com base nestas características e atributos da marca. Conforme Graef (1997), os consumidores tentam se comportar de maneira que correspondem as expectativas sociais de outros dentro de uma situação particular. Para Kapferer (1998) as ferramentas clássicas de marketing não respondem as questões sobre como as marcas sabem sua identidade, porque existem e o que faz delas serem únicas. O autor 38 destaca que a marca deve ser durável, para enviar sinais coerentes e deve ser realista. Por isso que é necessário pesquisas mais extensas com aplicação dos métodos qualitativos para identificar a percepção dos clientes em relação à marca dos produtos e serviços. Fournier (1998) assevera que a alternativa do construto da lealdade é o relacionamento da marca e é a sua alma similar. A qualidade do relacionamento da marca oferece uma riqueza maior que a sua lealdade. O relacionamento da marca aborda aspectos como intimidade, comprometimento, amor e paixão, interdependência e qualidade de parceria da marca. Este relacionamento, segundo Fournier (1998), está ligado à personalidade da marca, pois os consumidores se mantêm relacionados com as marcas conforme estas características de personalidade da marca. Alguns são apaixonados pela marca, outros comprometidos e até aqueles que nem querem saber daquela marca. De acordo com Chernatony (1999), os valores essenciais da organização não só influenciam domínio funcional da marca, mas também a sua personalidade. Louro (2000, p.31), afirma que a notoriedade reflete a presença da marca “na mente dos consumidores”. Uma empresa de serviços que possui marca forte representa algo que é importante aos clientes (BERRY, 2000 p.130). Segundo Kotler e Gertner (2002), a marca possui valores sociais e emocionais para consumidores. Também possui personalidade e conversa com consumidores. Alguns estudiosos e pesquisadores exploraram a relação entre personalidade do consumidor e a personalidade da marca e outros os efeitos da personalidade sobre a lealdade dos clientes. Azoulay e Kapferer (2003) estudam as escalas de personalidade da marca e sua eficiência na medição desta personalidade da marca. Os autores argumentam que a personalidade é um construto claro, diferente do aspecto cognitivo da pessoa, ou de suas habilidades e capacidades. É descrito por traços. E, afirmaram que os consumidores percebem as marcas como tendo traços de personalidade. A marca pode ser estruturada da linguística à ciência cognitiva; pensada sociológica e antropologicamente como um sinal de comunicação entre os indivíduos na sociedade (TAVARES, 2003 p. 47). As pessoas as usam transmitindo sua maneira de viver, pensar e agir. Através delas se comunicam, os jovens expressam atitudes, seu jeito de ver o mundo, suas escolhas e muitas vezes seu futuro. Induzem outros usar a sua preferida, pois através da marca constroem sua personalidade. Estudar numa determinada instituição de ensino superior além de status expressa muitas outras características e acima de tudo mostra a personalidade do candidato. 39 Conforme Azoulay e Kapferer (2003), como a personalidade das pessoas é percebida pelos seus comportamentos, o estudo do relacionamento da marca se torna importante, pois a personalidade da marca também pode ser percebida pelos consumidores através de sua comunicação e comportamento. As marcas e os consumidores no decorrer da vida criam um relacionamento que dependem das características destas marcas e da percepção do públicoalvo. Na percepção dos autores Azoulay e Kapferer (2003), personalidade da marca é, certamente, uma faceta fundamental de uma identidade de marca. Já os autores Aaker, Fournier e Brasel (2004 p. 13) definem a personalidade da marca como uma potencial fonte de expectativas de relacionamento. Com base nestas características da personalidade da marca, os gestores podem oferecer o produto certo para o consumidor certo. Estes mesmo autores exploram as consequências do relacionamento da marca e explicam como estas transgressões ocorrem. Um fator que afeta a força de relação entre o cliente e a marca e tem recebido muita atenção são as preocupações das transgressões que se abatem sobre relacionamentos de longo prazo. Santos (2006) enfatiza que as marcas possuem personalidades que são atribuídas pelos seus usuários. A identificação do usuário se faz pela marca, na consideração das características que lhe foram atribuídas pelos profissionais de marketing. O autor completa que a marca das instituições de ensino superior também possui personalidade, pois essa busca a identificação da “personalidade” dos formandos com a marca de determinada IES e é, muitas vezes, responsável pela procura por essas instituições e pelo seu prestígio no mercado. Sagar, Singh e Agrawal (2006) destacam a personalidade da marca como um dos elementos para seu posicionamento. Os outros elementos são: identidade, imagem, comunicação e o valor da marca. Afirmam que a personalidade possui um papel importante no seu posicionamento ético. Opoku, Abratt e Pitt (2006) realizaram estudos com diversas marcas das IES africanas projetadas através de seus websites em busca do tipo de personalidade utilizando a escala de cinco dimensões de Aaker. Concluíram que essa escala é aplicável nas instituições de ensino superior e é uma forma de fortalecer a marca, seu posicionamento e diferenciação. Completando estes entendimentos, Voeth e Herbst (2008) analisaram as escalas de personalidade da marca nas instituições sem fins lucrativos na Alemanha e destacaram que a sua aplicabilidade é vinculada à adaptação conforme contexto social e cultural da organização. 40 Os pesquisadores Mulyanegra, Tsarenko e Anderson (2009) comparam o modelo “The big Five” de Goldberg (neuroticismo, extroversão, abertura para o novo, amabilidade e conscienciosidade) da personalidade humana, também conhecido como OCEAN, com o modelo sugerido por Aaker denominado “Five Dimensions of Brand Personality”. Os resultados indicam que as variáveis de personalidade não são fortes suficientes para ser um indicador confiável de preferências de marca. Ainda Mulyanegara, Tsarenko e Anderson (2009) verificaram até que ponto os consumidores demonstram preferência por marcas que são congruentes com a sua personalidade e perceberam que os consumidores que apresentam uma personalidade consciente demonstram preferências em relação às marcas de confiança e, por outro lado, aqueles que são extrovertidos são motivados por marcas sociáveis. Para Pandy (2009), uma marca forte está relacionada com a personalidade distinta da marca. De acordo com Brakus, Schmitt e Zarantonello (2009) a personalidade da marca oferece aos consumidores valor similar às experiências. Portanto, quanto mais uma marca está associada com características humanas, mais satisfeitos e leais os consumidores serão. Os autores definiram que a experiência de marca é conceituada como sensações, sentimentos, cognições e respostas comportamentais evocadas por estímulos de elementos relacionados à marca que fazem parte do design da marca e identidade, embalagem, comunicação e ambientes. Os autores distinguem várias dimensões da experiência e constroem uma escala para mensurar a experiência da marca que inclui quatro dimensões: sensorial, afetiva, intelectual e comportamental. Para atender esta pesquisa realizaram seis estudos, verificaram a validade e confiabilidade da escala e mostraram que a escala é distinta dos outros medidores, incluindo avaliações de marca, o seu envolvimento, a fixação, a satisfação do cliente, e a sua personalidade. Além disso, a experiência de marca afeta a satisfação dos consumidores e lealdade direta e indiretamente através das associações de sua personalidade. Para identificar as dimensões da experiência, os autores precisaram uma revisão pertinente em filosofia, ciência cognitiva, e os escritos aplicados em marketing experiencial e de gestão. Kuenzel e Halliday (2010) comentam que a autocongruência ideal diz respeito à adequação entre a percepção dos consumidores em relação à personalidade da marca. Os consumidores têm imagens ideais de si mesmos, e realizam essas imagens através da compra de algumas marcas para elevar sua autoestima. Desta forma, a compra de uma marca que tem uma personalidade coerente com o seu self ideal ajuda que eles se sintam bem consigo mesmos. 41 Também para Zaichkowsky (2010), a personalidade da marca é um componente importante e complementar ao modelo de brand equity, e não é o mesmo. Para Aaker e McLoughlin (2010) a marca poderia ser mais bem explicada através de três etapas: o que a marca representa (propósito da marca, criação de um conjunto de associações desejadas para a marca), os elementos do núcleo de identidade da marca (apoiada na tomada de decisão em relação às ações e programas compatíveis com a marca), e a essência da marca (comunicar a identidade da marca, e informar e inspirar os membros da organização). Neste sentido, Kuenzel e Halliday (2010) alertam que, como a maioria das marcas apresentam características funcionais semelhantes, é importante para os gestores se concentrarem mais em questões emocionais, a fim de diferenciar claramente a sua marca dos concorrentes. Este entendimento pode ser transferido para o contexto das instituições de ensino superior. 2.2.2 Diferenciação da Marca Nos estudos referentes à gestão da marca, a diferenciação da marca é associada ao posicionamento da marca no mercado. A marca precisa de diferenciadores para criar posições de liderança no mercado. A definição da personalidade e os traços da marca auxiliam na determinação dos diferenciadores da marca respeitando o relacionamento e o comportamento da marca em torno de seu público-alvo. Keller (2000) apresenta os dez atributos que as marcas mais poderosas do mundo compartilham. Estes atributos podem ser resumidos como sendo: a) A marca se destaca pela oferta de benefícios que os clientes realmente desejam; b) A marca permanece relevante; c) A estratégia do preço é baseada na percepção do valor do cliente; d) A marca é posicionada propriamente; e) A marca é consistente; f) O portfólio da marca e sua hierarquia faz sentido; g) A marca utiliza e coordena um repertório completo de atividades de marketing para construir a equidade; h) Os gerentes da marca entendem o que a marca significa para os clientes; i) A marca recebeu um apoio adequado, e o apoio é sustentado em longo prazo; j) A organização monitora os recursos de brand equity. Descobrir e explorar estes diferenciadores são objetos de vários estudos. Howard, Kerin e Gengler (2000) argumentaram que a marca é um meio fundamental pelo qual os consumidores fazem inferências relacionadas a um produto ou serviço, e que o tipo de informação usada para fazer esses julgamentos varia de acordo com o nível de envolvimento com a marca. Os autores afirmam que as marcas também podem causar confusão na mente 42 dos consumidores se partilham ou conotam o mesmo significado. Para Keller, Strendal e Tybout (2002), o posicionamento da marca começa com o estabelecimento de um quadro de referência, o que sinaliza para os consumidores o objetivo que se pretende realizar. Comunicação externa também faz parte desta estratégia. Comunicações de boca a boca e publicidade são as formas mais comuns de comunicações externas da marca. Os clientes podem obter impressões de sensibilização e forma de uma marca não só de comunicações da empresa, mas de comunicações sobre a empresa em que esta ofereceu por fontes independentes (BERRY, 2000 p.129). Na opinião de Desai e Keller (2002) os atributos de diferenciação são usados para criar uma forte percepção da diferença que a marca está em uma classe ou categoria, por si só. Para Romaniuk e Sharp (2003) a crença de que a percepção da marca influencia fortemente o comportamento de compra é generalizada. Os diferenciadores da marca devem ser construídos com base na preferência e a percepção que cliente possui em relação aos produtos e serviços da organização. Para Kotler e Gertner (2002) mesmo quando a diferenciação com base em características do produto é possível, muitas vezes os consumidores não se sentem motivados ou capazes de analisá-los em profundidade adequada. Desai e Keller (2002) comentam, em relação aos ingredientes da marca e a influência que exercem na diferenciação, que é importante ter em mente que esta diferenciação se refere aos vários clientes e aos vários produtos ou serviços. Para Keller, Strendal e Tybout (2002) os gestores da marca muitas vezes prestam pouca atenção aos dois outros aspectos do posicionamento competitivo: a) a compreensão do quadro de referência dentro do qual sua marca trabalha; b) a abordagem dos aspectos que as marcas têm em comum com os concorrentes. Aaker (2003) destaca que a diferenciação é como o motor do trem da marca e se o motor parar de funcionar, o trem também irá parar. Este trabalho de tese considerou os diferenciadores sugeridos por Aaker (2003) por apresentarem maior aplicabilidade em relação às técnicas utilizadas pelos autores pesquisados. Estes são: a) As características da marca - podem sinalizar um desempenho superior para grande variedade de produtos e serviços e também podem fornecer um caminho para a organização conquistar superioridade ao longo de tempo (inovação, compromisso); b) Os serviços da marca - a forma clássica de diferenciar uma marca numa categoria madura seria agregar serviço; c) Programas da marca – dos quais a forma mais utilizada é o programa de fidelidade; d) Ingredientes da marca - outro discurso para diferenciação é agregar ingredientes como tecnologia e inovação. 43 Convém ressaltar que um diferencial da marca pode ser uma característica, um serviço, programa ou ingrediente. Para ser digno do termo "diferencial" e para ser mais do que apenas um nome de uma característica, ela deve ser significativa para os clientes, ou seja, ela deve ser pertinente e suficientemente importante para as pessoas que estão comprando ou utilizando o produto ou serviço (AAKER, 2003, p.83). As organizações podem criar estes diferenciadores conforme sua capacidade de gestão. Investir na inovação e no uso de alta tecnologia, especialmente tecnologia de informação, cria um diferencial em relação aos concorrentes. Aaker (2003) descreve que é muito importante para o diferenciador possuir sua própria identidade inserida dentro da marca principal. O ponto fundamental em tudo isso é que a identidade do diferencial, assim como a do produto ou serviço real, pode produzir efeito de várias maneiras. O autor acrescenta que as diferenciações externas também podem ser utilizadas pelas organizações. A união de uma marca com outra marca mais forte pode ser uma diferenciação para a organização, mas este processo de união deve ser feito com planejamento e pesquisa mercadológica. Para Prahalad e Ramaswamy (2004) quando os consumidores não percebem os diferenciais que o produto ou serviço oferece então optam pelo mais barato. Quando é muito difícil introduzir diferenciações no desempenho do produto e na sua distribuição, a imagem pode constituir a única fonte de diferenciação positiva (OHMAE, 1983 p. 22). De acordo com Aaker (2004) uma marca corporativa forte é aquela que fornecerá uma proposta de valor que irá ajudar a diferenciar e apoiar um relacionamento com o cliente. Neste sentido, os autores Prahalad e Ramaswamy (2004) enfatizam que os consumidores devem construir juntamente a experiência do serviço adaptado ao seu contexto. Segundo Sagar, Singh e Agrawal (2006) um posicionamento de marca é ético se ele é sensível às várias preocupações, tais como a satisfação do consumidor, proteção do ambiente ou até mesmo a sensibilidade do preço. Para Montanã, Guzmán e Moll (2007) todos os elementos da marca (o nome, o símbolo, o produto ou serviço, a embalagem ou instalação, a comunicação, o preço e a distribuição) devem ser concebidos de forma a reforçar a diferenciação da marca. Programas de fidelização dos clientes são considerados também uma forma de diferenciação, considerando como programas da marca. Estes programas aumentam o relacionamento entre a organização e os clientes. Neste caso, um estudo de personalidade dos consumidores é muito importante. O ingrediente da marca é outra forma de diferenciação que 44 é útil para comunicação da qualidade dos produtos, especialmente quando estas qualidades não são facilmente visíveis pelo usuário. 2.2.3 Valor da Marca Para Simon e Sullivan (1993) brand equity é tratado como um ativo da empresa e sofre mudanças conforme novas informações disponibilizadas no mercado. Embora a ideia de usar um nome ou um símbolo para aumentar o valor de um produto tem sido conhecida por empresários por um longo tempo, o valor da marca vem ganhando interesse renovado. (SRINIVASAN; PARK, 1994, p.271). As marcas variam quanto ao seu poder e ao valor no mercado. De um lado estão as marcas desconhecidas pela maioria dos compradores e no outro extremo estão as marcas que têm bom nível de conscientização. Para Aaker (1997) há uma contradição inerente ao conceito de brand equity muito forte porque é construída, em grande parte, da imagem e da percepção do valor, e um movimento vertical pode facilmente distorcer essas qualidades. Na opinião do Keller (1999) uma visão de longo prazo requer estratégias pró-ativas para manter e aumentar o valor da marca. Para autor a personalidade da marca distinta pode ajudar a criar um conjunto de associações único e favorável na memória do consumidor e, assim, construir e aumentar o valor da marca. Clark (1999) explica que em primeiro lugar, uma marca forte provavelmente irá produzir expectativas bem definidas sobre produto ou serviço. Marca forte transmite confiança e credibilidade para os consumidores. Esta relação é discutida pelos autores no decorrer este estudo. O poder de uma marca reside na mente dos consumidores ou clientes, em que viveram e aprenderam sobre a marca ao longo do tempo. O conhecimento do consumidor é realmente o cerne do brand equity (KELLER, 2000 p.157). Brand equity pode ser positivo ou negativo, dependendo da vantagem e desvantagem do marketing da marca (BERRY, 2000, p.130). Brand equity pode ajudar a concentrar os profissionais de marketing, dando-lhes uma maneira de interpretar o seu desempenho de marketing do passado e projetar seus futuros programas de marketing. Tudo o que a empresa faz pode ajudar a aumentar ou reduzir o valor da marca (KELLER, 2000, p.157). Desta forma, a interiorização da marca conforme a Figura 1, é um esforço da organização para que os colaboradores e funcionários cuidem e compreendam as atividades que são vitais para o fortalecimento da marca. 45 Figura 1 – Valor da marca Interiorizar a marca Ser diferente Valor da marca Fazer uma conexão emocional Determinar sua própria fama Fonte: Berry (2000, p. 13), tradução do autor. Para Berry (2000) as empresas de serviços com forte valor da marca oferecem serviços que os clientes valorizam verdadeiramente, executam melhor do que os concorrentes, e efetivamente contam a sua história através de comunicações que sensibilizam os clientes, estimulam a experimentação, e reforça clientes a experimentar seus serviços. Assim a marca segundo o autor, a marca determina a sua própria fama, cria uma conexão emocional com a instituição e tenta internalizar a marca. Segundo autor, para cultivar o valor da marca as organizações devem ter a iniciativa de ser diferente, criar a personalidade da marca e reforçar esta diferença de forma que seja notável e algo que expressa suas características. Criar uma conexão emocional da marca com o público-alvo é outro passo importante no fortalecimento do relacionamento e mais importante ainda é a interiorização da marca, a comunicação da marca com os colaboradores. O significado da marca refere-se à percepção dominante dos seus clientes e é a impressão instantânea do cliente sobre ela e suas associações (BERRY, 2000, p.131). Para Keller (2000) manter uma marca forte significa o justo equilíbrio entre continuidade e mudança. Segundo Ehrenberg e Goodhardt (2000), uma visão comum no mercado é que as marcas possuem diferentes níveis de "equidade", ou seja, que as marcas são "fortes” ou “fracas”. 46 Para Santos (2006) grande parte das empresas de sucesso, produtoras de bens de consumo, comercializadoras ou prestadoras de serviços, o valor atribuído à marca supera, em muito, o valor do patrimônio real. Empresas especializadas no que se denomina “brand equity” avaliam marcas como um dos mais importantes componentes do ativo de uma companhia. A figura 2 apresenta que a experiência do público-alvo com a marca contribui na conscientização e compreensão dos clientes do significado dela. A sua comunicação externa e apresentação dela afetam a sua conscientização e o significado. Figura 2 – Modelo de marca de serviços Marca apresentada pela empresa Conscientização da marca Comunicação externa da marca Experiência do cliente da empresa Valor da marca Significado da marca Fonte: Berry (2000, p. 130), tradução do autor. As informações que o cliente busca no mercado em relação ao serviço e a comunicação da imagem e a identidade da organização exercem papel importante na determinação do valor da marca. A satisfação é uma medida direta da lealdade dos consumidores à marca, assumindo maior relevância nos serviços em que a lealdade é frequentemente o resultado da acumulação de experiências anteriores (LOURO, 2000, p. 32). Para Ailawadi, Lehmann e Neslin (2003) nenhuma medida pode possuir todas as características ideais que os gestores desejam na brand equity. A lealdade da marca (clientes satisfeitos que compram produtos e serviços de uma organização frequentemente e indicam estes produtos aos outros consumidores), imagem da marca (a curto prazo relacionado as ações da organização em relação a sociedade inserida), reputação da marca (processo a longo prazo construído pelo conjunto de ações da organização unido à ética e responsabilidade social) e qualidade percebida são fatores importantes na determinação do valor da marca. Chernatony (1999) comenta que ao avaliar a diferença entre a identidade da marca e sua reputação, os gerentes podem ajustar as suas estratégias para assegurar uma melhor adequação entre identidade e reputação. 47 Para Stevens et al. (2008), a lealdade do cliente em relação ao produto ou serviço apresenta três características: tem um alto nível de satisfação com o produto ou empresa em causa, é altamente provável a utilização da marca por ocasião da próxima compra, e é altamente propenso a recomendar a marca para outras pessoas. Segundo Teh, Kayo e Kimura (2008) a marca, categorizada como um ativo de relacionamento com o cliente, proporciona vantagem competitiva, quando bem gerenciada, e serve como instrumento para a empresa se diferenciar dos concorrentes ou conquistar e fidelizar o cliente. M´zungu, Merilees e Miler (2010) defendam o caminho para a criação e salvaguarda o valor da marca começa com a adoção de uma mentalidade do tipo de orientação para o mercado. De acordo com Hoefler e Keller (2003) embora os detalhes dos métodos de brand equity podem diferir, eles tendem a compartilhar um núcleo comum: todas as definições de forma implícita ou explícita confiam em estruturas de conhecimento da marca na mente dos consumidores, indivíduos ou organizações. Ailawadi, Lehmann e Neslin (2003) descrevem os objetivos de medir o valor da marca como sendo: a) para orientar a estratégia de marketing e decisões táticas; b) avaliar a capacidade de extensão de uma marca; c) para avaliar a eficácia das decisões de marketing; d) para acompanhar a saúde da marca, em comparação com o dos concorrentes e ao longo do tempo; e) para atribuir um valor financeiro para a marca nos balanços e transações financeiras. Para Ambler, Kokkinaki e Puntoni (2004) brand equity é amplamente medido, mas raramente integrados em um sistema formal de avaliação. Aaker (2004) afirma que o patrimônio do negócio associado a uma marca vai afetar o seu esforço para se adaptar e comenta que seus ativos são difíceis e caros para desenvolver e manter-se. Prahalad e Ramaswamy (2004a), dentro do conceito de cocriação do valor, explicam que o diálogo, risco-benefício, transparência e acesso são as bases para interação entre consumidores e a organização. Venable et al. (2005) comentaram que o valor da marca refere-se ao valor inerente de um nome, símbolo ou produto e serviço e pode ser examinado no contexto das organizações sem fins lucrativos. Na opinião de Sagar, Singh e Agrawal (2006), qualquer controvérsia negativa em torno da imagem de uma marca pode afetar negativamente o valor da marca, bem como o desempenho geral da empresa. Keller e Riechy (2006) destacam que a gestão de marca eficaz requer estratégias pró-ativas para pelo menos manter ou se não realmente melhorar o valor da marca, para tirar proveito de novas oportunidades no mercado. Investir na 48 imagem da marca também assume importância vital para a obtenção de vantagem competitiva, através do aumento do valor percebido pelos clientes (REICHELT, 2007, p.321). O valor de marca em empresas de prestação de serviços como bancos, serviços médicos ou mesmo educacionais, dependerá cada vez mais da experiência do consumidor com os serviços da empresa (GONÇALVES; GARRIDO; DAMACENA, 2010, p.348). Esta é uma distinção importante, pois não é suficiente para que uma organização tenha uma imagem positiva, a fim de ser bem sucedida no longo prazo, a organização deve ser percebida de forma mais favorável do que a concorrência. O conceito de reputação está intimamente relacionado com o conceito de marketing, assim conhecido como posicionamento de que ambos estão resistindo ao longo do tempo e difícil de mudar (HARRISON-WALKER, 2010, p.105). Sobre a reputação, Charnatony (1999) afirma que os tipos de mudanças necessárias podem ser apreciados quando as diferenças entre identidade e reputação são mostradas para cada público separadamente, e quando eles também são comparados com a reputação dos principais concorrentes. O que a marca realmente significa para o consumidor será o grande determinante do valor de marca em serviços numa lógica baseada em experiência (GONÇALVES; GARRIDO; DAMACENA, 2010, p.345). Para M´zungu, Merilees e Miler (2010) isto sugere três fases de gestão da marca estratégica para construir e proteger brand equity: a) adotar uma atitude de orientação da marca; b) desenvolvimento de capacidades internas da marca; e c) a entrega consistente da marca. 2.3 Gestão da Marca em Instituições de Ensino Superior A gestão da marca, de forma geral, tornou-se objeto de estudo frente à necessidade de aplicação dos conceitos, definições e consequente utilização deste tipo de gestão em organizações, ao longo do tempo. Atualmente, a marca é utilizada de forma abrangente em organizações que visam e não visam o lucro, para todos os segmentos de mercado, com o sentido de auxiliar na divulgação de produtos e serviços, e para fidelizar os clientes. Estudos que contribuem para embasar o entendimento inicial sobre a gestão de marca se encontram a seguir. Aaker e Shansby (1982) estudaram o posicionamento dos produtos ou serviços através da gestão da marca. Bonoma (1984) voltou-se para o estudo das estratégias de marketing e a forma de aumentar a eficácia de suas práticas, incluindo a marca. Gatington, Weitz e Bansal (1990) desenvolveram um modelo para descrever o impacto de estratégias para introduzir 49 uma nova marca, aspectos do ambiente competitivo e os desafios da empresa sobre o desempenho de novas marcas. Aaker e Keller (1990) se voltaram para o estudo da marca e suas estratégias de extensão. Aaker (1997) contribuiu com o estudo das dimensões da personalidade da marca e os traços desta personalidade com base na personalidade humana. Aaker e Fourneir (1995) realizaram estudos sobre a marca respondendo perguntas como: O que é a personalidade da marca?; Como pode ser mensurada a personalidade da marca?; e, quais são os desafios de ter uma marca com personalidade? Aaker (1997) realizou um estudo sobre a extensão vertical da marca e as influências e proteção da marca original. Fournier (1998) estudou os consumidores e as marcas. E, através de sua pesquisa, verificou quais os relacionamentos que os consumidores desenvolvem com as marcas, no decorrer de sua convivência. Kapferer (1995; 1998) estudou a concepção clássica da marca e sua gestão estratégica. Keller (1999; 2000) pesquisou a simbologia da marca e o valor da marca. Berry (2000) realizou estudos sobre o valor da marca nos serviços e verificou o relacionamento entre os seus componentes com o seu significado, a conscientização da marca, a experiência do consumidor e o seu valor. Kotler e Gertner (2002) verificaram que as marcas incitam crenças, evocam emoções e induzem os comportamentos. Na opinião de Haoeffler e Keller (2003) elas podem desempenhar um papel crítico quando os jovens estão fazendo as suas escolhas iniciais, em uma variedade de novos domínios. Santos (2006) comenta que em uma instituição de ensino superior, a marca é uma forma de caracterização da identidade, assim um aluno de uma IES distingue-se de um estudante da outra, como de um aluno de uma instituição federal ou estadual. Sobre a personalidade da marca e as escalas para sua mensuração, Azoulay e Kapferer (2003) verificaram se as escalas sugeridas realmente eram eficazes em identificar as características da personalidade ou as dimensões da identidade da marca. Em relação a diferenciadores, Aaker (2003) publicou um artigo que mostra como estas podem se destacar criando seus componentes diferenciadores. Em 2010, o autor comenta sobre os desafios do marketing para próxima década e enfatiza que a comunicação é cada vez mais fragmentada e sob o controle do público. Hoeffler e Keller (2003) revelam como a força da marca, operacionalizada de várias maneiras, pode criar respostas diferenciadas pelos consumidores para diferentes atividades de marketing. Em relação aos serviços e especificamente serviços de educação as ações de marketing e valor são bem específicas. Prahalad e Ramaswamy (2004) explicam as 50 peculiaridades desses tipos de serviços e que os resultados dependem da interação do cliente e a organização. Os autores definem a cocriação do valor e a sua aplicabilidade nesse tipo de organizações de serviço, onde a qualidade deste é resultado do esforço do cliente e a organização. A qualidade é medida pelo nível do conhecimento e habilidades do aluno, cujo grau depende do seu esforço junto com a IES no processo produtivo. Em concordância Schee (2011) destaca que as instituições de ensino superior oferecem valor para os estudantes, mas, dada a natureza de serviço de educação superior, isso só pode ocorrer quando os alunos participam ativamente no processo de criação de valor. Aaker, Fournier e Brasel (2004) pesquisaram os efeitos da personalidade e as respostas da organização no relacionamento do consumidor com a marca e a qualidade das inferências do cliente no gerenciamento das questões como lealdade, comprometimento e satisfação. Neste sentido, Keller e Lehman (2006) estudaram vários tópicos sobre o assunto e incluindo estudos sobre a gestão da marca, desde a criação da sua identidade até a mensuração do valor da marca. Schee (2011) estudou a relação entre a satisfação dos estudantes e a lealdade da marca. A literatura existente sobre gestão da marca nas IES é bem menor em termos numéricos. Percebe-se certa carência de estudos realizados referente à marca e sua aplicação neste contexto de estudo, sendo que este aspecto é ressaltado em estudos desta natureza. Os estudos de Chapleo (2004; 2007; 2011), Waeraas e Solbakk (2009), Judson et al.(2009), Singleton (2009), Beard (2009), Hopkins et al. (2009), Gupta e Singh (2010), Frohlich e Stensaker (2010), Gonçalves, Garrido e Damacena, (2010) apontam para este fato e mostram os desafios das instituições de ensino superior em busca de vantagem competitiva e de eficácia da sua gestão, tendo relação direta com a gestão da marca e com marketing em IES. Chapleo (2007) estudou as barreiras na construção da marca das IES na Inglaterra, sugerindo o desenvolvimento e a aplicabilidade de um modelo teórico de análise de sua gestão nas universidades estudando variáveis como entendimento da gestão da marca, responsabilidades da IES, diferenciação e os desafios na construção da marca. Ressalta que é evidente que qualquer organização enfrente alguns problemas e desafios na construção e manutenção de marcas fortes. Mas, se volta neste estudo para entender até que ponto as IES enfrentam problemas específicos em suas atividades na gestão de marca (CHAPLEO, 2007). Para tanto, levantou a compreensão de executivos de IES como vice-reitor, reitor, diretor executivo e diretor para explorar o conhecimento e a opinião acadêmica sobre as questões que afetam a marca em universidades; para explorar as percepções e barreiras reais; e para 51 aprofundar o debate e informar sobre a prática de questões em torno da marca da universidade. Os resultados deste estudo mostraram que os respondentes fizeram uma distinção entre “reputação” e “marca” na instituição. Quanto ao responsável pela gestão da marca na organização há entendimento de que todos são responsáveis. Porém, o departamento de marketing foi apontado com distinção, visto seu papel no processo de “branding”. Os entrevistados concordam que a marca diferencia a instituição. A resistência institucional à mudança deixou entrever que esta é considerada “um legado cultural”, visto se constituir em uma instituição complexa e que não tem historicamente um foco comercial. Tem certa “lentidão” para mudar. Houve, inclusive, um comentário afirmando que as universidades não são muito boas em vender a si próprias, uma vez que nunca tiveram, ao longo do tempo, necessidade em fazer isso. A falta de aceitação interna e de suporte para o conceito de marca também foi considerado um problema. Definição clara da gestão da marca e a liderança no processo interno foram considerados fatores importantes para agilizar o processo da marca em universidades. Atestou-se nos resultados desta pesquisa de Chapleo (2007), que falta um modelo claro para construir uma marca em universidades. Foi questionado, neste trabalho do autor, por um dos respondentes, se devemos construir uma marca global forte, que englobe tudo o que é realizado na universidade ou fazer uma série de sub-marcas que tem um perfil mais elevado do que o institucional, de modo geral. Há aparente aceitação da importância da gestão da marca em instituições de ensino superior na Inglaterra. A conclusão é de que há a oportunidade, assim, para compreender a percepção atual da instituição, por meio de investigação, para depois articular uma marca desejada de posicionamento, ao invés de adotar um padrão. Waeraas e Solbakk (2009) pesquisaram a marca numa instituição norueguesa e concluíram que é necessária a definição da identidade organizacional, a sua essência e os valores. Corroborando com isso Hopkins et al. (2009) comentam que quando as estratégias da marca caracterizam a marca corporativa, a imagem e a identidade corporativa tornam-se mais relevantes. Para os autores, a identidade corporativa é o conjunto de características que a instituição pretende comunicar para seu público-alvo. As IES possuem diversos produtos e serviços e por isso configuram-se no conceito de marca e identidade corporativa. Judson et al. (2009) estudaram a gestão da marca em IES, pesquisando gestores destas entidades e quatro itens utilizados para determinar a força da marca entre os administradores 52 das respectivas universidades: a) percepção do administrador (sobre o caráter distintivo da marca da sua universidade); b) a percepção do administrador da clareza da comunicação interna da marca da IES; c) o grau de envolvimento da universidade na promoção da marca, e; d) a imagem de marca da universidade quando comparada com a da percepção de futuros alunos. Os autores concluíram que a gestão da marca da universidade e o desempenho das funções têm um forte impacto sobre a imagem da IES. Singleton (2009), produziu um estudo sobre o comportamento do público alvo das IES. Para o autor as instituições de ensino superior devem criar uma marca consistente e poderosa que lhes proporcione uma vantagem competitiva. A marca da universidade deve falar quem ela é e quais as qualidades que a distinguem das demais instituições do mesmo ramo. Uma razão para este maior enfoque na gestão da marca são os inúmeros desafios que surgiram para as instituições de ensino superior (SIGLETON, 2009). Complementando este entendimento, Hopkins et al. (2009, p.23) afirmam que “enquanto os consumidores são susceptíveis de possuir memórias fortes sobre uma instituição com as quais estão familiarizados, eles são também susceptíveis de diferenciar as associações globais e específicas para produtos de marca da instituição”. Os autores pesquisaram a identidade corporativa nas instituições de ensino superior influenciada pelos produtos e serviços que recebem a marca da IES e sua influência na intenção da escolha do aluno potencial. Como consideram os autores Hopkins et al. (2009) o nome de uma instituição de ensino superior deve ser considerado como uma marca corporativa, dada a variedade de serviços educacionais por elas oferecidos. Consequentemente, a compreensão de como o nome de uma IES influencia nas decisões de escolha dos alunos é de considerável interesse destas entidades. As IES estão cada vez mais envolvidas em atividades voltadas a gestão da marca e de marketing em suas organizações. Na percepção de Bread (2009), os resultados de eficácia organizacional, incluem as principais medidas internas de desempenho operacional, baseados nos seguintes pontos: a) a capacidade de melhorar o desempenho dos alunos e o desenvolvimento dos alunos; b) o clima de ensino; c) os indicadores de capacidade de resposta às necessidades do estudante ou dos interessados; d) o desempenho de fornecedores e de parceiros; e) as principais medidas ou indicadores de realização da estratégia organizacional; f) os planos de ação. O estudo realizado por Balmer, Liao e Wang (2010) apresenta um modelo de gestão e identificação da marca corporativa. Essa pesquisa, realizada dentro das principais escolas de negócios da Inglaterra, resultou em três proposições: a gestão da marca corporativa é análoga 53 à gestão estratégica geral; os públicos e discurso dos valores provavelmente resultam em uma identificação da marca corporativa forte por parte dos alunos; uma diferente abordagem institucional e funcional para os resultados de gestão da marca. É importante destacar que a primeira proposição envolve nove atividades - adaptar, comunicar, abraçar, endossar, investir, carregar, manter, refletir e apoiar; “A marca no setor da educação serve como uma força motriz para o foco estratégico da instituição no meio de dinâmicas pressões internas e externas e oportunidades” (GUPTA; SINGH, 2010 p.47). Esses autores pesquisaram os problemas e desafios de marketing nas IES da Índia e estudaram também as várias ferramentas e técnicas utilizadas em marketing e voltadas para a gestão da marca da IES, seu alcance e seus limites. Os autores confirmam que o conceito da marca como o aplicado neste tipo de instituição é um pouco diferente do que se desenvolve quanto à marca, no setor comercial. Ainda sobre o tema definiram que a gestão da marca nas instituições de ensino pode ser um meio de unificar a IES em torno de um proposito e visão comum. A marca, nessas organizações, é baseada no entendimento de quem somos, e não no que um determinado produto oferece ao mercado. Também sua construção para a educação é muitas vezes simbólica e reflete a reputação acadêmica de uma instituição. Neste caso, os benefícios mais significativos dela são o foco que traduz a instituição. Na visão dos autores Frohlich e Stensaker (2010) a história e a identidade organizacional da instituição desempenham um papel muito importante na elaboração de estratégias da instituição e recrutamento de estudantes. Instituições com um perfil nacional, principalmente, devem adotar estratégias destinadas a promover e manter a sua posição de mercado. Instituições com outras identidades organizacionais podem encontrar maneiras de vincular seu perfil de excelência e qualidade, como, por exemplo, destacando o seu caráter distintivo ou ambições internacionais. As instituições de ensino superior utilizam todos os recursos mencionados pelos autores para enfrentar os desafios deste mercado tão competitivo. Mas, principalmente, devem dialogar com seu público-alvo em busca de informações referentes aos produtos e serviços desejados, a qualidade dos serviços educacionais e não educacionais, a infraestrutura, o comprometimento e a lealdade à marca da instituição. O candidato para tomar decisão com segurança e tranquilidade procura informações em relação às instituições. A marca da instituição, neste momento, facilita o processo decisório do candidato. A educação e o conhecimento são os pré-requisitos para o sucesso da 54 instituição, sendo importante para os gestores na alocação dos recursos e elaboração das estratégias; e para os gestores, que utilizam esses pré-requisitos dentro e fora da instituição na elaboração das táticas para a execução das estratégias e para os funcionários, que trabalham, na maior parte do tempo, na operacionalização e desenvolvimento das tarefas e execução de processos. Frohlich e Stensaker (2010) confirmam que as Instituições de Ensino Superior de todo o mundo enfrentam várias expectativas de como elas devem responder a um ambiente em rápida mutação. Ainda segundo estes autores, a promoção da excelência está enquadrada como uma estratégia central que irá ajudar as instituições de ensino superior a prosperar em um ambiente cada vez mais aberto e competitivo, devido às vantagens que essas instituições vão ganhar com a transferência de conhecimentos, as matrículas e prestígio dentro da comunidade científica e entre o público em geral. Considerando que os clientes atuais e potenciais da instituição não são homogêneos, visto que possuem diversas preferências e valorizam os atributos dos produtos ou serviços de formas diferentes, a instituição deve traduzir seus objetivos baseada na segmentação, voltada para os diversos clientes. Na realidade, o que uma universidade apresenta (em sua comunicação, do que as pessoas falam dela, sua comunicação boca a boca, e de suas ações que lhe caracterizam uma personalidade) ela criará para o consumidor como uma lembrança de marca, que terá determinado valor para o cliente (neste caso alunos, pais ou empresas) gerando uma expectativa sobre a instituição (GONÇALVES; GARRIDO; DAMACENA, 2010). Beneke (2011) em estudo realizado na África do Sul pondera que as instituições enfrentam uma infinidade de questões e desafios e indica um conjunto de fatores que constituem a marca (sinalização na instituição, a conduta de seus alunos, a investigação da produção, etc.) ressaltando que todos esses necessitam de controle. Relata o autor, com base nos resultados do estudo, que poucas são as instituições que têm um programa de marketing abrangente e amplo. Parece que o marketing é, na melhor das hipóteses, desenvolvido e implementado por meio de consultorias “ad hoc”. Este autor acredita que a tarefa de gerir uma marca acadêmica é consideravelmente mais desafiadora do que poderia inicialmente parecer. Em sua opinião, gerir ativamente a marca se aproxima diretamente de ações mercadológicas que as instituições de ensino superior evitam, deliberadamente. Santos (2006) comenta que a criação, desenvolvimento e gerenciamento de uma marca constituem-se hoje em uma técnica cientificamente elaborada, objeto de estudos, livros e 55 cursos especializados. As instituições de ensino superior possuem características de gestão e operacionalidade diferente com outras organizações comerciais de produto e serviço, neste sentido na administração do setor de marketing precisam de profissionais com conhecimento e habilidades dentro do contexto de educação. O Quadro 1 apresenta os principais estudos referente ao construto de gestão da marca nas instituições de ensino superior e as lacunas deixadas pelos trabalhos citados. Segundo Chapelo (2005) o conceito de sucesso em qualquer aspecto da organização e área de negócios é subjetivo, e ainda quando é aplicado a um conceito tão intangível como a gestão da marca. No entanto é amplamente aceito que algumas marcas tem mais sucesso do que outras. Quadro 1 – Estudos e lacunas sobre a gestão da marca para IES Tópicos de pesquisa Gestão da Marca Imagem da Marca/ satisfação Marca Reputação/ Marca/ Imagem/ Qualidade Reputação/ Marketing/ Marca Imagem da Marca Gestão da Marca/ Mídia Gestão da Marca/ Desafios Gestão da Marca Imagem/ Marketing Personalidade da Marca/ Gestão da Marca Posicionamento da Marca Gestão da Marca/ Mídia/ Comunicação Gestão da marca/ Desafios e problemas Orientação para mercado/ Marca Gestão da Marca/ Reputação Mesurar o desempenho da marca Fonte: elaborado pelo autor. Lacunas Autor Fatores que influenciam na formação da imagem da IES e satisfação dos alunos. Desenvolvimento de um modelo de gestão da marca para IES. Palácio et al (2002) Medir os serviços da IES com relação à reputação. Heyes; Liston e Heyes (2004) Tomio (2006) Santos (2006) Chapleo (2007) A evolução da disciplina de gestão de marca e modelagem posterior dos conceitos de branding para as universidades. Modelos e estudos empíricos de gestão da marca nas IES. Amostragem maior e pesquisar outras escolas de negocio. Adaptar personalidade da marca nas sem fins-lucrativos. Comparação dos sites da IES com das outras. Uso da marca para comunicação de marketing da IES. Formalizar as estratégias de marca nas IES. Kotecha (2003) Chapleo (2004; 2005) Waeraas, Solbakk (2009) Stevens et al (2008) Voeth, Herbst (2008) Bravin (2009) Judson (2009) Gupta, Singh (2010) Mulyanegara (2009) Reputação como prioridade para gestão da IES. Qualificar e quantificar a proposta e valor da marca. Beneke (2011) Chapleo (2011) 56 2.4 Estratégias de Marketing Para os gestores das organizações terem condições de competir e diferenciarem-se no mercado, independentemente do produto ou serviço que oferecem, precisam elaborar estratégias (procedimentos que facilitam a tomada de decisão para alcançar os resultados), para utilizar suas forças e a definição do seu principal foco em busca de desenvolvimento sustentável. Aaker e Shansby (1982) destacam que a identificação e a seleção das estratégias de posicionamento podem ser descobertas através de um conjunto de definições e procedimentos que levam anos para se realizar. Nas economias livres, nenhum mercado permanece homogêneo, já que cada grupo de clientes costuma desejar serviços ou produtos ligeiramente diferenciados (OHMAE, 1983). Analisando afirmações dos autores percebe se que para elaborar estratégias de marketing a instituição precisa conhecer bem o mercado e os seus públicos e aprofundar os conhecimentos de marketing para elaborar estratégias eficazes. A estratégia é fundamental para as organizações alcançarem seus objetivos dentro de um prazo definido e resultados desejados. O valor que determinado cliente atribui ao produto ou serviço que resolva comprar pode basear-se em numerosos fatores, que se estendem desde intangíveis, do tipo do fascínio, da satisfação proporcionada ao seu ego, do luxo ou da imagem da marca, até atributos tangíveis como o desempenho, a durabilidade, o custo de operação, o conforto, o valor de revenda, as condições do pagamento e a disponibilidade das peças avulsas, ou então atributos como o fácil acesso aos locais de venda e/ou assistência técnica (OHMAE, 1983). Este autor comenta ainda que as estratégias fundadas na clientela constroem a principal base para toda a atividade estratégica da organização. Na percepção de Bonoma (1984), marketing e aplicação da estratégia se afetam mutuamente na organização. Enquanto estratégia, obviamente, afeta as ações, a execução também afeta as estratégias de marketing, especialmente ao longo do tempo. Continuando Bonoma (1984) explica que, quando a estratégia é adequada, mas a execução é pobre ou viceversa, o diagnóstico torna-se complicado. Má execução de marketing pode causar até mesmo a duvidar de gestão de estratégias sólidas, porque são afetados pelas suas aplicações inadequadas. Quando a estratégia é adequada e de excelente execução, a gestão geralmente acaba com o tempo reconhecer e corrigir seus erros estratégicos. Comenta Martins (1989) que a aplicação de planos administrativos e de programas pedagógicos que significativamente melhoram o ensino-aprendizagem coloca o aluno no 57 centro de atenção da instituição. Esta atitude a posicionaria no contexto de uma política de orientação para o mercado, foco básico do marketing em IES. Segundo Kotler e Fox (1994) as instituições de ensino que querem responder ao seu mercado devem atender e satisfazer as necessidades dos seus públicos alvos. Para Kaplan e Norton (1992) o alinhamento estratégico determina o valor dos ativos intangíveis. Os ativos intangíveis podem ser classificados em três categorias: a) capital humano (habilidades, talentos e conhecimento); b) capital de informação (banco de dados, sistema de informação e infraestrutura tecnológica); c) e, capital organizacional (cultura, liderança e trabalho em equipe e gestão de conhecimento). Os fatores mais frequentes que influenciam no desempenho de uma instituição de ensino superior na percepção de Kotler e Fox (1994) são como reputação acadêmica, localização de campus, convívio social, aparência física da IES e, o mais importante, a empregabilidade. Aaker e Fournier (1995) enfatizam que em algumas estratégias de marketing a marca é feita para ser viva e orientada para ação. É relevante comentar que os atributos e os desejos dos alunos são divergentes. A gestão estratégica é um processo contínuo. Uma vez que a estratégia seja implantada, geralmente irá requerer modificações, conforme as condições ambientais ou organizacionais se modifiquem (WRIGHT; KROLL; PARNEL, 2000). Berry (2000) comenta que o objetivo de estratégia da marca é reforçar uma experiência de serviço comprovadamente diferente, com uma apresentação da marca comprovadamente diferente. A administração estratégica refere-se ao processo que se inicia com a determinação da missão e dos objetivos de uma organização dentro do contexto de seu ambiente externo e de seus pontos fortes e fracos internos (WRIGHT; KROLL; PARNEL, 2000). Para Froemming (2001) nenhuma instituição pode satisfazer a hierarquia das necessidades de todos os alunos e deve preparar-se para atender de forma segmentada. Assim, o ponto de partida para a identificação da estratégia é a investigação da abordagem da empresa para o negócio em cada uma de suas áreas-chave de operação: a) finanças; b) vendas e mercado; c) produção; d) compras; e) pesquisa e desenvolvimento; f) marketing; g) estrutura organizacional formal e informal ; e h) políticas de administração de recursos humanos (SALONER; SHEPARD; PONDOLNY, 2003, p.21). De acordo com Saloner, Shepard e Pondolny (2003) existem duas categorias de vantagem competitiva, a primeira categoria é baseada na posição da empresa (rede de relacionamento, número de concorrentes no mercado e abrangência) e a segunda nas 58 capacidades da empresa (são desenvolvidos pelos conhecimentos e habilidades da empresa). Segundo os autores, a marca da instituição é uma vantagem competitiva posicional. Complementando essa afirmação, Romaniuk e Sharp (2003) destacam que para estratégias de marca a curto prazo, os gestores precisam identificar um atributo específico ou um posicionamento para a comunicação com o mercado e a longo prazo o objetivo é construir um grupo de percepções que os consumidores têm sobre a marca considerado como share of mind. Os objetivos da administração estratégica são desenvolver e implementar uma estratégia que permita aos gerentes exercitar maior controle sobre a direção da empresa e traçar um curso que melhore o desempenho empresarial (SALONER; SHEPARD; PONDOLNY, 2003 p.1). Corroborando com a afirmação anterior, Antoni (2004) comenta que as organizações devem sentir o mercado por meio de suas aptidões e ter uma visão estratégica avançada; isso ajuda a criar estratégias vitoriosas que antecipam os riscos e possibilita visualizar melhor as oportunidades do mercado. O autor destaca que a estrutura da organização deve permitir antecipar as mudanças do mercado e esteja preparada para atendêlas. Conforme Chapleo (2005), a relação pública numa IES é a parte mais importante da estratégia da marca e interage com a reputação que por sua vez tem papel relevante na gestão da marca. Santos (2006) comenta que a imagem da IES é construída e trabalhada através das estratégias da marca. Na percepção do Reichelt (2007), o aumento da concorrência entre as IES exige a adoção das estratégias de marketing. Para Gupta e Singh (2010) a marca da IES que não esteja apoiada por suas decisões estratégicas, seria vaga e sem efeito. Beneke (2011) no seu estudo comenta que poucas instituições possuem programas de marketing que sejam compreensivos e adotados pelos próprios setores. Porter e Teisberg (2006) no seu estudo em relação aos serviços de saúde explicam a complexidade de mensurar a qualidade e imagem destas instituições. As instituições de saúde são muito similares às instituições de ensino superior, a qualidade depende do desempenho da instituição e o desempenho do cliente. O autor ainda enfatiza que um passo importante para qualquer tipo de organização no desenvolvimento de estratégias é a definição do negócio. Dado que a estratégia é fazer escolhas com base nas metas da empresa, meio ambiente e os recursos, as teorias de gestão estratégica têm que entender como uma empresa define suas metas estratégicas. Teorias tradicionais da gestão estratégica originárias da economia 59 neoclássica implicitamente colocam a maximização do lucro como único objetivo da empresa (NONAKA; TOYAMA, 2007, p. 375). Estratégia competitiva para Proença (2007) é buscar uma posição competitiva favorável dentro de campo que ocorre a competição. O atual cenário de educação brasileira impulsiona as instituições de ensino superior privada a procurarem implementar estratégias que ofereçam esta vantagem em relação às outras. Para Valos (2008) uma forma de identificar possíveis soluções para os gestores de enfrentar os desafios da implantação da estratégia é através do uso de uma tipologia estratégica. De acordo com Teh, Kayo e Kimura (2008) a inovação é um importante ativo intangível. Porter (2008) destaca o domínio tecnológico, localização geográfica, estabelecer a identidade da marca são importante na definição das estratégias. Nunes et al. (2008) destacam que as instituições de ensino superior privadas começaram a utilizar as estratégias de marketing com intuito de aumentar a participação no mercado. Para Mazzarol e Soutar (2008), os gestores das instituições, que buscam posições sustentáveis num mercado competitivo e em um ambiente dinâmico, como o de ensino superior no país atualmente, tem que adotar estratégias de negócios coerentes que levem em conta as forças da indústria que são suscetíveis de influenciar a sua instituição e a estrutura dos mercados a partir do qual eles buscam recrutar estudantes. Algumas estratégias, além das tradicionais de promoção e comunicação que podem flexibilizar a aplicação de ações de marketing nas instituições de ensino superior, na percepção de Nunes et al. (2008), são como oportunidades de flexibilização de currículos e de conteúdos, derivadas de nova regulamentação e de novas tecnologias educacionais. Para Stevens et al. (2008) avaliar e compreender a imagem de uma IES é fundamental para o desenvolvimento das estratégias de marketing. Em relação às dimensões da estratégia competitiva, Porter (2008) cita algumas opções estratégicas como: especialização, identificação da marca, qualidade do produto ou serviço, atendimento e política de preço e comenta ainda que a configuração das cinco forças varia de organização para organização. Considerando que as instituições de ensino superior são organizações de serviços, Judson et al. (2009) comentam que desenvolver a marca de dentro para fora é estrategicamente mais eficaz. Bonoma (1984) estudou as dificuldades na implementação das estratégias de marketing. Berry (2000) pesquisou estratégias de diferenciação e a interiorização da marca. Estes dois autores se encontram afinados com o que evidenciou Chapleo (2007) na sua 60 pesquisa com gestores e estudantes das IES inglesas. Este último percebeu que a gestão da marca pode diferenciar a instituição dos demais concorrentes e cita como exemplo a Harvard Business School, como uma marca forte na educação. O estudo realizado por Soegoto (2009) demonstrou que em ambientes de marketing sendo ambos os micro e macro, os recursos de vantagem competitiva e estratégias de marketing afetam significativamente a imagem da instituição de ensino. E conclui que para alcançar resultados favoráveis em relação à imagem esses fatores devem ser adaptados ao contexto da IES. De acordo com Bravin (2009) o posicionamento de marketing é vinculado a um planejamento e bom aproveitamento dos recursos. A comunicação do posicionamento é influenciada pela natureza dos serviços das instituições de ensino e sua intangibilidade. Para Judson et al. (2009) as organizações de serviços têm desenvolvido estratégias de marca que normalmente se concentram em diferenciar o serviço através estratégias promocionais, tais como publicidade e esforços promocionais para aumentar as vendas. As IES estão enquadradas no segmento serviços, possuindo características especificas diferenciando-se umas das outras, pela estrutura, qualidade de ensino, processos democráticos, e corpo docente, entre outros aspectos de igual importância. Portanto, ter bons professores e estrutura satisfatória não é mais diferencial para a clientela que tem seu perfil modificado seja por necessidades pessoais ou por imposição de forças e movimentos sociais, ou do próprio mercado de trabalho. Pode-se considerar que se a IES não tem boa estrutura e bons professores, certamente terá desvantagem competitiva séria. Mas, evidenciando e tendo estes fatores, também não leva vantagem alguma, pelo fato de que estes são considerados indispensáveis (ALÉSSIO; DOMINGUES; SCARPIN, 2010). Conforme Rossetto e Neto (2010) a estratégia serve para ajustar os processos organizacionais das instituições de ensino superior a fim de reduzir os conflitos entre seus públicos. De acordo com Chapleo e Simms (2010), considerando a afirmação anterior, os públicos promovem um impacto potencial sobre as estratégias e as políticas da organização. Os autores ainda comentam sobre o desafio de comunicar a marca da IES para diversos públicos e que possuem percepções diferentes a respeito. As estratégias de marketing devem ser adaptadas conforme cada público e seu nível de exigência e suas particularidades e os processos de questão da marca também sofrem adaptações da mesma forma. Chapleo e Simms (2010) procuram esclarecer no seu estudo os públicos que afetam as universidades e a relevância e prioridade de cada um deles. Os autores acrescentam ainda nesta lista as empresas locais que empregam os egressos, polícia e fórum de justiça, corpo de pesquisadores da IES, sociedades científicas, ONGs e entre outros. 61 Kotler e Fox (1994) definem os públicos que se relacionam e interagem com as instituições de ensino superior. Para os autores os públicos são pessoas ou organizações que têm interesses de interagir com a instituição de ensino superior. Segundo Froemming (2001) as IES precisam satisfazer diversos públicos e destaca que às vezes aumentar a satisfação de um pode reduzir a de outro. Chapleo e Simms (2010) destacam que alguns destes públicos possuem um grau maior de impacto sobre as políticas e estratégias da instituição e por isso merecem uma atenção maior dos gestores das instituições. Conforme Scaglione e Piza (2011) para a escolha de uma estratégia de marketing é necessário antes de tudo o conhecimento da concorrência, seus pontos fortes e fracos. Na opinião dos autores em relação às IES privadas, conhecer os seus concorrentes, vislumbrando até que ponto eles podem atingí-las na captação e manutenção do corpo discente é básico para a sua sobrevivência. Muitas vezes, é desse conhecimento que vão se definir as estratégias de marketing mais apropriadas para determinado tempo e local. A relação dos públicos com a instituição é apresentada na figura 3. e pode perceber o grande número do público envolvido com uma instituição. Figura 3. Universidade e seus públicos Comunidade local Fundações Comunidade Órgãos governamenta is Ex-alunos Publico geral Mídia de massa Fornecedores IES Estudantes potenciais Concorrentes Conselho universitário Docentes Fonte: Kotler e Fox (1994). Órgãos fiscalizadores Administração e funcionários Pais dos alunos Alunos matriculados 62 Em relação às estratégias para fidelização dos alunos, Schee (2011) comenta sobre a socialização entre acadêmicos com base no seu estudo numa universidade americana, onde a introdução dos acadêmicos especialmente os calouros na vida social e acadêmica da instituição provoca a satisfação dos mesmos e em consequência a sua retenção. “A vantagem competitiva, portanto, é um sistema interdependente de criação de valor, que possibilita uma compatibilização de diversos recursos e atividades, entre diversas unidades sociais, para a criação de um valor único que deve possuir uma distinção, no sentido de proteger o desempenho das forças competitivas e superar a concorrência” (ITO e GIMENEZ, 2011, p. 52). Para Morgan (2012) implementação de estratégias de marketing requer habilidades para adquirir, combinar e disponibilizar recursos necessários. A estratégia de diferenciação na instituição de ensino superior é um desafio, mas é possível de acontecer. Por isso é importante a IES conhecer bem seus públicos e seus interesses. Estar atento às contingências do mercado de educação mundial é indispensável para traçar estratégias eficazes e alcançar os objetivos. 2.5 Desempenho de Marketing As organizações precisam medir as ações de marketing para verificar o desempenho e eficácia das estratégias elaboradas na conquista de seu espaço no mercado. A utilização das métricas de marketing sendo financeiras ou não financeiras depende de cada organização e da sua área de atuação no mercado, do produto ou serviço que oferece, de seus objetivos e da sua razão de existência. Bonoma (1984) abordou questões para explicar, ajudar a diagnosticar e resolver problemas de aplicação de marketing, para catalogar os problemas comuns de traduzir as estratégias de marketing em atos de gestão e recomendar táticas para aumentar a eficácia das práticas de marketing. Na opinião dos autores Gatington, Weitz e Bansal (1990) a fatia de mercado é uma medida particularmente apropriada de desempenho quando a competição não é baseada no preço. Para Berry e Parasuraman (1992) sistemas de medição de desempenho muitas vezes se concentram exclusivamente em medidas de saída, como o tamanho ou a precisão de transações, ignorar as medidas comportamentais e a percepção do cliente da receptividade ou empatia do serviço. A maioria das organizações não tem o tipo de acesso a faculdades e universidades que lhes permita fazer comparações diretas sobre as diversas características que fazem verdadeiramente a instituições diferentes uma das outras. Afinal, a maioria das instituições de 63 ensino superior, quando separados por tipo e classificadas de acordo com grupo de pares, em geral, oferecem as mesmas coisas: estrutura semalhantes e matriz curricular dos cursos. Na percepção do Kotler e Fox (1994) o controle estratégico consiste de uma avaliação sistemática do desempenho de marketing da IES em relação a suas oportunidades de mercado. Medir o desempenho do marketing está atraindo a atenção dos acadêmicos e os gestores com uma urgência e alcance sem precedentes (CLARK, 1999). A mensuração do desempenho de marketing auxilia os gestores das organizações descobrirem sua capacidade real em relação ao mercado. Verificar suas habilidades em enfrentar os desafios mercadológicos. Clark (1999) revê a história de medir o desempenho do marketing na organização. Esta idéia é organizada em torno de três temas: a) medidas de saídas de movimentos financeiros para não financeiros; b) a expansão da medição dos resultados de marketing bem como para as entradas de marketing; e c) a evolução de medida de desempenho unidimensional para as multidimensionais. Para Clark (1999), embora várias medidas sejam claramente desejáveis para obter a imagem mais completa possível de atuação no mercado, eles levantam questões difíceis para os gestores em relação à multidimensionalidade do desempenho de marketing. As IES, assim como as demais instituições, necessitam constantemente avaliar seus desempenhos para verificar se os objetivos estão sendo atingidos, além de identificar oportunidades e ameaças. Nessa perspectiva, todas as ferramentas de gestão são relevantes (DUARTE; FREITAS, 1999, p.113). Para Clark (2001) o desempenho deve ser medido em relação ao mercado-alvo e à proposta de valor que a organização pretende exercer. Sem dúvida, a tendência mais forte de medição na década de 1990 foi um movimento através de uma variedade de indústrias de medir o sucesso dos produtos para medir a força dos relacionamentos com os clientes, principalmente através dos veículos de satisfação e fidelização dos clientes (CLARK, 2001 p.362). Na opinião do autor, um dos grandes obstáculos para a medição de desempenho de marketing bem-sucedido é a própria construção da natureza multidimensional do marketing. A medição de desempenho de marketing tem evoluído a partir de medidas de contabilidade, marketing e eficiência para complementar as medidas financeiras não orientadas em torno do valor do cliente. Um retrato abrangente do desempenho de marketing é o melhor alcançado por uma combinação dessas medidas usadas no contexto da estratégia da organização e dos clientes e referenciais concorrentes. 64 Há muitas formas possíveis de se medir o desempenho da empresa, incluindo participação de mercado, reputação, inovação, imagem da marca, rentabilidade, satisfação dos funcionários entre outros (SALONER; SHEPARD; PONDOLNY, 2003). A satisfação e a lealdade do cliente são medidas não financeiras que exercem um papel muito importante na medição do desempenho de marketing de uma organização. A lealdade do cliente demonstra sua satisfação com a marca, a frequência de buscar a marca e a indicação da marca para outros consumidores. Antoni (2003) estudou a relação entre orientação para o mercado e o desempenho organizacional. Para autor as mudanças do mercado obrigam a organizações buscarem vantagens competitivas sustentáveis, portanto exige uma maior orientação para mercado e aplicação de ações de marketing. Conforme Ambler, Kokkinaki e Puntoni (2004) há interesse crescente na avaliação de desempenho de marketing e estes autores exploram as métricas que as empresas de seleção e algumas razões para essas escolhas em duas pesquisas. Na primeira relatam as principais categorias métricas utilizadas (comportamento de consumidor, clientes comerciais, concorrente, de contabilidade e inovação). Na segunda consideram que as métricas individuais são vistas como as mais importantes e estas diferem por setor. Os autores concluíram que a contabilidade continua a ser a categoria de métricas dominante em relação ao comportamento do consumidor, concorrência e a inovação. O processo de medição de desempenho deve produzir benefícios que excedem os seus custos. Neste sentido, devemos ver uma melhoria no desempenho organizacional, devido à utilização de um determinado processo de medição de desempenho. Conforme Clark, Abela e Ambler (2006) a mensuração de desempenho de marketing é um processo dentro de qualquer negócio que fornece informações importantes sobre o desempenho da organização em relação aos resultados dos esforços de marketing. Somente por meio das informações recebidas pelas organizações parceiras ou que trabalham de forma indireta com a instituição que pode-se analisar o real situação em relação as respostas das variáveis de desempenho. Veludo-de-Oliveira e Ikeda (2006) comentam que a qualidade e o valor não são criadas em curto prazo. Sobre a reputação destacam que o crédito vem por meio de opinião dos diversos públicos e as organizações independentes e governamentais. Para Clark, Abela e Ambler (2006) o desempenho do marketing, em particular, está sujeito a muitos efeitos defasados das suas atividades. Além disso, as atividades de marketing abrangem múltiplas funções dentro da empresa e entre a empresa e seus parceiros de marketing, concorrentes e 65 clientes. Não existem formas de prever o tempo necessário para formar a reputação, mas todas as ações da instituição são envolvidas neste processo de construção da imagem e da reputação. A ligação entre a marca e a reputação é evidente nos estudos do Chapleo (2007) e a sua influencia no desempenho da IES. A fim de alcançar o sucesso no mercado, é importante compreender a relação entre as medidas de desempenho do canal e sucesso da implementação da estratégia (VALOS, 2008, p.240). Para Stevens et al. (2008) a aprovação da comunidade empresarial da qualidade dos cursos da instituição é importante na construção da imagem da IES. Medição de desempenho de marketing é um processo de negócio que fornece feedback sobre o desempenho da organização em relação aos resultados dos esforços de marketing (VALOS, 2008, p.241). Na visão do Soegoto (2009) os recursos da instituição de ensino superior são classificados em três categorias: recursos físicos, recursos humanos, e recursos organizacionais. Beard (2009) verificou se as mesmas técnicas de medição de desempenho utilizadas nas organizações de negócio podem ser utilizadas em IES. Comentou que os líderes de negócios e educação mais do que nunca estão reconhecendo a importância do foco no cliente, identificando e separando as atividades do valor agregado e valor não agregado, e na coleta de informações para avaliação do desempenho e melhoria contínua. Soegoto (2009) comenta que o ambiente de marketing, recursos de vantagem competitiva, estratégias de marketing e a imagem da instituição afetam significativamente o desempenho de marketing. Os resultados de sua pesquisa revelam que a construção da imagem de instituição consiste no nível da confiança, garantia, recordação, e impressão sobre o serviço prestado pela IES. Através da construção de uma imagem, a universidade ganha o seu benefício sob a forma do aumento dos novos alunos. Bravin (2009) destaca que não é um trabalho fácil avaliar o desempenho do aluno, do professor e da instituição. As empresas possuem instrumentos avaliativos próprios a disposição do departamento de recursos humanos para verificar o nível de conhecimento e as habilidades profissionais do egresso dessas universidades. Para avaliar o desempenho da instituição os critérios são mais complexos. Atualmente o conceito atribuído pelo ENADE para a instituição e a nota individual do acadêmico poderão ser utilizados como medidas para mensurar o desempenho da IES e do aluno. Entretanto, a vantagem do marketing é construir os ativos intangíveis da empresa em valor de marca, especialmente a lealdade do cliente e da capacidade sensorial do mercado. O progresso nessas áreas não é facilmente visível do lucro trimestral, não só porque são 66 utilizados indicadores de desempenho não financeiro (por exemplo, mede a satisfação do cliente), mas também porque os resultados financeiros podem ser bastante demorados (SRINIVASAN; HANSSENS 2009, p. 294). Essas conclusões, em conformidade com o Soegoto (2009) mostram que o nível alto e baixo da imagem da instituição de ensino superior é afetado pelo ambiente de marketing, e é fonte de vantagem competitiva na formulação da estratégia de marketing. Na percepção de Beard (2009) os resultados de aprendizagem dos alunos precisam ser baseados em uma variedade de métodos de avaliação e refletir a missão global da organização. A qualidade dos cursos e habilidades dos formandos é resultado deste esforço da instituição e influencia no desempenho da imagem e na reputação projetada pela IES. O autor ainda enfatiza que nestes resultados devem incluir a inovação e sugestões, cursos ou programas educacionais completos, empregabilidade, colaboração e trabalho em equipe, conhecimento e partilha de competências entre as funções de trabalho, unidades e locais, bemestar e satisfação dos colaboradores. Neste sentido, Navarro, Iglesias e Torres (2009) comentam que as empresas têm o melhor entendimento do perfil profissional que eles exigem de seus trabalhadores, e as empresas podem, portanto, dar informações muito úteis para as universidades para que as elas possam melhorar a empregabilidade dos seus formados. Além disso, este tipo de comportamento pode ser estendido para outros serviços prestados por universidades, como por exemplo a pesquisa. Em relação ao construto de desempenho de marketing é indispensável verificar a satisfação do público-alvo, a lealdade, a imagem e a reputação da marca na percepção dos mesmos, que possuem como base vários estudos de autores como Clark (1999; 2001); Valos (2008) e Beard (2009). Em relação às variáveis de desempenho de marketing nas IES, os autores Chapleo (2004; 2009) e Heyes e Liston-Heyes (2004) consideram a marca importante para realçar a reputação e comunicar a imagem da instituição; e os estudos de Chapleo (2011) e Beneke (2011) reforçam também a reputação e a imagem como as variáveis de desempenho. Judson et al. (2009) enfatizam a reputação como fator importante na decisão da escolha da instituição pelo candidato a aluno. De acordo com Chapleo (2009) o fator que fortemente influencia no sucesso de branding nas universidades é ter sua visão clara e as estrategias definidas em longo prazo. Na opinião de Frolich e Stensaker (2010), a história e a identidade da instituição exercem um papel importante na formação das estratégias da IES. A marca tem um papel claro a 67 desempenhar em tarefas específicas para as universidades. Antes de buscar o entendimento de melhores caminhos para avaliar a eficácia da marca, precisa-se investigar modelos e métricas para o seu desmpenho (CHAPLEO, 2011). Relacionado com isso, Morgan (2012) destaca que precisa ser equilibrado com o desenvolvimento de novas ferramentas e modelos para análise interna, se os gestores devem ser capazes de maximizar a sua capacidade de usar a estratégia de marketing para impulsionar o desempenho da instituição. O setor de marketing nas organizações é cada vez mais questionado pelos gestores em busca de mostrar resultados positivos das ações realizadas. A escolha de um conjunto de indicadores adequados permite a instituição medir o desempenho das atividades de marketing na percepção dos seus públicos. Para Judson et al. (2009) a imagem da universidade tem um impacto relativamente forte sobre a maneira pela qual os gestores executam suas funções de trabalho. No Quadro 2, apresentam-se os principais estudos referente aos construtos de estratégia de marketing e o desempenho de marketing. Quadro 2 – Estudos e lacunas sobre estratégia e desempenho de marketing para IES Estratégias de Marketing Tópicos de pesquisa Lacunas Autor Marketing Educacional/ Estratégias Marketing Educacional/ Estratégias Marketing/ Estratégias de Comunicação Marketing Educacional Ações de composto de marketing na IES. Martins (1989) Marketing de Relacionamento Estratégia/ Complexidade Estratégia/ Balanced Scorecard Planejamento de marketing Estratégia/ Sensemaking Estratégia/ Decisões Estratégicas Marketing Educacional/ Valor Desempenho de Marketing Orientação para mercado/ Desempenho. Orientação para mercado/ Desempenho. Valor percebido/ Satisfação/ lealdade Posicionamento, Desempenho BSC na IES Percepção externa Medir o desempenho da gestão da marca. Fonte: elaborado pelo autor. Kotler, Fox (1994) Umashankar (2001) Aplicação do modelo para avaliação da satisfação do aluno Ações de marketing, criatividade, inovação. Elaborar modelos para marketing na IES. Plano de marketing na IES. Pesquisar o processo de formação de estratégias em outras IES. Compreender o valor nos serviços educacionais. Razões de evasão dos alunos, conceito qualidade. As métricas para verificar o desempenho das IES, qualidade, valor percebido e etc. Percepção externa das marcas da IES Modelo ou métricas para o desempenho de marca. Froemming (2001) Tapp (2004) Rebelo, Erdmann (2007) Duarte, Freitas (2008) Gomes (2009) Frohlich (2010) Rossetto, Neto (2010) Veludo-de-Oliveira, Ikeda (2006) Antoni (2004) Hammond (2006) Reichelt (2007) Mazzaroll (2008) Beard (2009) Chapleo (2009) Chapleo (2011) 68 3. METODOLOGIA O objetivo deste capítulo é apresentar os procedimentos metodológicos utilizados para a consecução do objetivo geral do trabalho. Consideram-se nele o posicionamento paradigmático, o tipo e a estratégia da pesquisa, a população e a amostra, e os procedimentos de coleta de dados e suas análises. 3.1 Posicionamento paradigmático Para atender aos objetivos da pesquisa é necessária a definição do seu posicionamento paradigmático. Na opinião do Kuhn (1998) as regras derivam de paradigmas e os paradigmas podem dirigir a pesquisa sem presença de regras. Segundo o autor, “ao adquirir um paradigma, adquire-se igualmente um critério para a escolha de problemas”. O autor considera paradigma como uma maneira de observar a realidade, compreender não apenas a ciência, mas a própria vida na sociedade. Por outra parte, a fenomenologia, segundo Husserl (2008), consiste em examinar os diferentes sentidos e significados, tudo aquilo que aparece e se revela. Para ele “o fenômeno é tudo aquilo que podemos ter consciência de qualquer modo que seja”. Com estes entendimentos a proposta do estudo se voltou para uma abordagem qualitativa, buscando identificar problemas, obter insights, interpretar e compreender as opiniões dos pesquisados em relação ao objeto de estudo (CRESWELL, 2010). Deste modo, o paradigma que orienta este trabalho é de cunho fenomenológico e sua abordagem qualitativa, visando a interpretação e compreensão dos discursos e relatos dos entrevistados. 3.2 Tipo de Pesquisa Para responder aos objetivos da pesquisa adotou-se a pesquisa exploratória com abordagem qualitativa. Este tipo de pesquisa é indicado quando há necessidade de definir o problema com mais precisão e compreender o posicionamento dos sujeitos pesquisados. Um correto levantamento gera dados confiáveis, e a partir da sua interpretação é que podem ser tomadas as decisões gerenciais (COOPER; SCHINDLER 2003). Para Virgillito (2010) o objetivo da pesquisa qualitativa é identificar opiniões dos indivíduos sem preocupar-se com resultados em números. 69 Na opinião de Creswell (2010) a pesquisa qualitativa é um processo para explorar e entender os significados atribuídos a um problema por indivíduos ou grupos. Malhotra (2006) explica que ela proporciona melhor percepção e compreensão do contexto do problema e permite que o pesquisador participe diretamente em todo o processo da pesquisa possibilitando-lhe elaborar teorias ou aprofundar mais sobre determinado fenômeno. A pesquisa exploratória, segundo Malhotra (2006), tem com objetivo explorar ou buscar entendimentos e maior compreensão acerca de um problema ou uma situação. O autor também menciona que a pesquisa exploratória pode ser usada para formular um problema ou defini-lo com maior precisão, identificar cursos alternativos de ação, desenvolver hipóteses, isolar variáveis e obter critérios para desenvolver uma abordagem do problema. Cooper e Schindler (2003) afirmam que os estudos exploratórios são úteis quando os pesquisadores não têm uma ideia clara dos problemas. Chapleo (2007) utilizou esse tipo de pesquisa no seu estudo em relação aos desafios da construção da marca em Instituições de Ensino Superior inglesas. Para tanto, entrevistou os gestores e reitores das Instituições e utilizou a entrevista em profundidade como técnica de coleta de dados. Pesquisou o nível de conhecimento dos gestores em relação à marca, à responsabilidade, à função da gestão da marca na diferenciação da IES e aos desafios da construção da marca da IES. Assim como os estudos realizados por Chapleo (2005; 2007; 2011), esta pesquisa visou colher o entendimento dos gestores de quatro IES brasileiras em relação à gestão da marca, configurando um estudo de múltiplos casos. Segundo Lima (2005) o estudo multicaso “tem as características essenciais dos estudos de caso, mas aplicadas ao estudo de mais de um só caso”. Adicionalmente, para obter uma visão mais ampla do tema de pesquisa, foi necessário coletar ainda os relatos dos responsáveis pelo setor de marketing ou de comunicação dessas instituições. Também se levantaram dados nas organizações empregadoras dos alunos e egressos dessa IES. Os dados primários, resultados das entrevistas realizadas, corresponderam aos dados levantados com os reitores das IES, ou pró-reitores por eles indicados, com os responsáveis do setor de marketing ou comunicação dessas instituições e com os gestores das maiores organizações empregadoras de cada região da IES. De forma a complementar a pesquisa exploratória foram compilados dados secundários usando os documentos que as IES dispunham. Analisou-se também o plano de estratégias institucionais e os relatórios da gestão 70 da IES, além de outros materiais que podiam auxiliar no conhecimento sobre o processo de gestão da marca e as estratégias de marketing, como: manuais de utilização da marca. A Figura 4 apresenta a relação entre os construtos da pesquisa e as variáveis relativas a cada um deles com base nos objetivos específicos deste estudo. As estratégias de marketing escolhidas para serem analisadas na tese foram: liderança (qualidade dos cursos, ranking regional e nacional); diferenciação (cursos, serviços, laboratórios, localização); e, o posicionamento (presença no mercado, visibilidade, imagem e reputação), sendo esta última referida à marca. As variáveis do construto de gestão da marca como: personalidade, valor e diferenciadores da marca foram escolhidos com base nos estudos do Chapleo (2007) e Santos (2006). Em relação ao desempenho de marketing fatores como imagem, reputação e qualidade foram pesquisadas pelos autores citados na revisão bibliográfica e são importantes no processo da construção da marca da IES. Figura 4. Modelo de pesquisa Liderança Diferenciação Estratégias de marketing Posicionamento Gestão da Marca Desempenho de Marketing Personalidade Qualidade Valor da marca Reputação Diferenciadores Imagem Fonte: Elaborado pelo autor. 3.3 Estratégias de Pesquisa As etapas e as estratégias de pesquisa que foram realizadas nesse trabalho são apresentadas na Figura 5. Primeiro foi efetuada uma pesquisa bibliográfica abrangendo os 71 construtos considerados e as variáveis. Em seguida foi elaborado o roteiro de entrevista, composto por diversos itens que levam ao entendimento e a percepção dos gestores em relação aos objetivos específicos. O roteiro foi utilizado na coleta de dados primários e se usou como guia na análise dos relatórios de gestão, do PDI – Plano de Desenvolvimento Institucional e outros documentos. A análise dos dados é a etapa final das estratégias representadas na Figura 5 e corresponde ao uso de uma técnica escolhida, implicando no emprego das ferramentas para manuseio dos dados, desde a transcrição das entrevistas até os recortes e interpretação. Figura 5. Estratégias de pesquisa Revisão bibliográfica E Fundamentação, Tema e os objetivos. Pesquisa qualitativa Elaboração do roteiro de entrevista, validação do instrumento de coleta de dados. Coleta dos dados Dados primários: Entrevista em Profundidade Dados secundários: Pesquisa documental. Análise dos Dados Recorte e Categorização dos dados coletados. Interpretação e analise dos dados. Fonte: Elaborado pelo autor. 3.3.1 População e amostra Neste ponto se apresenta a população e os critérios da escolha da amostra. O estudo foi desenvolvido a partir da análise de dados primários qualitativos coletados numa amostra de quatro instituições de ensino superior. Para avaliar o desempenho de marketing, o critério de escolha foi subjetivo, selecionando grandes empresas com mais de 500 empregados, segundo 72 critérios do SEBRAE, na proximidade da IES, que são as que mais empregam ou oferecem oportunidades de emprego e estágio aos acadêmicos e os formados dessas instituições. Segundo Cooper e Schindler (2003) a definição da população precisa ser feita a partir da questão de pesquisa. Para Malhotra (2006) é a soma dos elementos que compartilham características em comum e que compreendem o universo considerado na questão de pesquisa. Nas abordagens qualitativas o tamanho de amostra em geral é pequeno. Os resultados que se obtém são representativos, mas não necessariamente conclusivos (CHAPLEO, 2007). A população compreende todas as Instituições de Ensino Superiores privadas, membros do sistema ACAFE - Associação Catarinense das Fundações Educacionais, considerando universidades e centros universitários. O Quadro 3 apresenta estas instituições, com o número de alunos matriculados, no ano base 2010. Quadro 3 – Relação das IES privadas do sistema ACAFE. Instituição de Ensino Superior FURB – Universidade Regional De Blumenau Cidade Blumenau UNIBAVE – Centro Universitário Barriga Verde Orleans 1.724 UNERJ – Centro Universitário Jaraguá do Sul Jaraguá do Sul 2.733 UNIVALI – Universidade do Vale do Itajaí Itajaí UNESC – Universidade do Extremo Sul Criciúma Catarinense UNOESC – Universidade do Oeste de santa Joaçaba Catarina UNIFEBE – Centro Universitário de Brusque Brusque População (alunos) 10.660 18.937 9.776 15.563 2.223 UNIDAVI – Centro Universitário para o Rio do Sul desenvolvimento do Alto Vale do Itajaí UNIPLAC – Universidade do Planalto Catarinense Lajes 3.282 UNIVILLE – Universidade da Região de Joinville Joinville 8.570 UNISUL – Universidade do Sul de Santa Catarina Tubarão 15.999 UNC – Universidade do Contestado Mafra UNOCHAPECO – Universidade Comunitária da Chapecó Região de Chapecó UNIARP – Universidade do Alto Vale do Rio do Caçador Peixe Fonte: ACAFE, 2011. 3.506 7.221 7.451 2.802 73 A definição da amostra foi intencional ou não-probabilística. Para Malhotra (2006) essa técnica amostral baseia-se no julgamento pessoal do pesquisador. Neste trabalho incluíram-se as IES com maior número de alunos, conforme entendimento respaldado na revisão de literatura. Gomes (2009), por exemplo, afirma que o marketing no sistema ACAFE, ainda não se efetiva, mas pode-se reconhecer uma tendência de que as instituições com maior número de alunos apresentam uma estrutura de marketing mais perto do que se entende como adequada. Outros estudos como os de Chapleo (2003; 2005), Reichelt (2007) e Chapleo e Simms (2010) também utilizaram amostras deste tipo, para obter as percepções dos entrevistados. Os sujeitos da pesquisa foram os reitores ou pró-reitores, por indicação deles, de instituições do sistema ACAFE. Nas IES, ainda foram entrevistados os responsáveis pelo setor de marketing e comunicação e nas empresas que absorvem alunos e graduados para trabalhar foram entrevistados os gestores ou responsáveis pelo setor de recursos humanos. A escolha de grandes empresas localizadas nas cidades onde se encontram as IES fundamenta-se nos estudos de Chapleo e Simms (2010), pois, segundo eles, essas organizações possuem parcerias e envolvimentos com as instituições de ensino superior. Para obter os dados primários na amostra de IES se fez contato com a administração das instituições escolhidas. No caso das organizações empregadoras, considerando indústrias ou empresas prestadoras de serviços, foram realizadas consultas com os gestores da IES e junto com associações comerciais das cidades onde está localizado o campus principal da IES. No total foram entrevistados gestores de quatro organizações. A delimitação do número de instituições ocorreu pelas características que elas deviam possuir para compor a amostra foi feita com base num número de alunos maior do que 15.000. Nessa condição encontram-se três IES, conforme demonstrados no Quadro 4. Duas delas possuem campi ao longo de grande parte do litoral catarinense e a terceira está localizada na região oeste do Estado. Em função dos pré-testes dos roteiros de entrevistas terem sido aplicados numa instituição da região oeste de Santa Catarina, a UNOCHAPECÓ, decidiu-se mantê-la como integrante da amostra, embora o número de discentes fosse bem menor do que o estipulado como limite mínimo (Quadro 4). Com esta decisão, de um lado, tem-se a mesma representatividade em ambas as regiões e, por outra, é interessante que essa instituição seja incluída por ter apresentado particularidades muito importantes referentes ao tema em estudo, como será explanado posteriormente. Outros critérios como a aplicação da gestão da marca e 74 a presença de um setor de marketing funcionando plenamente influenciaram na inclusão dessa instituição de ensino superior. Quadro 4 - IES privadas do Sistema ACAFE, amostragem. Instituição do Ensino Superior UNIVALI Cidade Itajaí População (Alunos) 18.937 UNOESC Joaçaba 15.563 UNISUL Tubarão 15.999 UNOCHAPECÓ Chapecó 7.451 Fonte: Elaborado pelo autor. A amostra das organizações que empregam alunos ou egressos das instituições de ensino superior do sistema ACAFE está relacionada no Quadro 5. Elas foram selecionadas conforme os seguintes critérios: localização, proximidade das IES pesquisadas; tamanho da empresa; e, sua representatividade empresarial na região. Verificou-se no levantamento de dados que estas organizações empregam grande número dos acadêmicos e egressos das IES e possuem relacionamentos com diversas áreas, como cursos de pós-graduação e a pesquisa científica. Quadro 5 – Amostragem das organizações localizadas nas regiões das IES. Organização Setor Porte Localização IES Irani SA Indústria de Celulose Grande Joaçaba - SC Unoesc Seara Alimentos Indústria alimentícia Grande Itajaí - SC Univali Aurora Alimentos Indústria alimentícia Grande Chapecó - SC Unochapecó Intelbras Indústria eletrônica Grande Palhoça - SC Unisul Fonte: Elaborado pelo autor. 3.4 Coleta e análise de dados As técnicas de coleta e análise de dados qualitativos, bem como os instrumentos de coleta são definidos nesta etapa da pesquisa. Os dados levantados foram primários, oriundos das entrevistas em profundidade, e secundários, suportados pela pesquisa documental. Segundo Creswell (2010), a análise dos dados qualitativos é conduzida concomitantemente com a coleta de dados, a realização de interpretações e a redação dos relatórios. 75 3.4.1 Técnicas de coleta de dados Quanto aos procedimentos utilizados para coletar os dados primários adotou-se a técnica de entrevista em profundidade, utilizando três roteiros semiestruturados. Eles incluíram questões abertas e assuntos específicos, com objetivo de atender as categorias de análise. Cooper e Schindler (2003) definem que este método de pesquisa encoraja os pesquisados a compartilhar maior número de informações num ambiente sem sentir-se constrangido. Virgillito (2010) comenta que os participantes, neste tipo de levantamento, discorrem sobre seus pensamentos acerca do tema de estudo e os verbalizam. As entrevistas foram realizadas no local de trabalho dos participantes, no período de setembro a outubro de 2012. No total aplicou-se doze (12) entrevistas seguindo os roteiros apresentados nos apêndices I, II e III que duraram em média 50 minutos. Previamente, foi enviada uma carta de apresentação acompanhada do roteiro de entrevista através do correio eletrônico para os chefes de gabinete ou secretarias que a IES dispunham e da mesma forma para os gestores das organizações empregadoras. As entrevistas permitiram realizar uma conversa aberta e discussão ampla acerca do assunto e promoveram a apresentação do real sentimento dos entrevistados. As conversas foram gravadas em formato digital (MP3) para facilitar a sua transmissão. Posteriormente, as gravações foram transcritas com a utilização do editor de texto Word. Segundo Godoi e Mattos (2007) a entrevista é uma técnica de pesquisa que necessita certas rotinas práticas como roteiro, gravações e transcrições. Considerou-se essa técnica a mais adequada, pois permite conduzir a discussão acerca dos problemas, buscar insights e também convidar o participante a expandir suas ideias e opiniões sobre o tema. Para Cooper e Schindler (2003), este método faz os entrevistados compartilharem informações e suas experiências sobre o assunto e promove a discussão em torno do problema de pesquisa. Para viabilizar o procedimento de coleta de dados foi necessário um agendamento com os reitores e com os responsáveis pelo departamento de marketing e comunicação de cada IES e empresas participantes. O calendário das entrevistas foi construído junto com funcionários da reitoria e os setores das instituições e organizações pesquisadas, através do correio eletrônico e telefone. Na sequência apresentam-se os roteiros de entrevistas de modo sucinto: 76 - Roteiro de entrevista com os gestores da IES: foi elaborado para buscar o entendimento e a percepção dos gestores em relação à: gestão da marca; desafios e problemas; reputação; imagem; e, estratégias de marketing utilizadas pela instituição (APÊNDICE I); - Roteiro de entrevista com os responsáveis de marketing e comunicação da IES: incluiu os assuntos que reflitem como eles se posicionam acerca dos temas do item anterior, considerando o conhecimento técnico e operacional do respondente (APÊNDICE II); - Roteiro de entrevista com os responsáveis do setor de recursos humanos das organizações: procurou-se recolher a percepção dos entrevistados sobre imagem, reputação, qualificações dos egressos e a influência da marca da instituição (APÊNDICE III). No total foram realizadas doze entrevistas em profundidade, sendo quatro com gestores das instituições de ensino, quatro entrevistas com os profissionais de marketing, e quatro com os responsáveis do setor de recursos humanos das organizações empregadoras que compuseram a amostra da pesquisa. Para Creswell (2010) o pesquisador tem que conduzir as entrevistas face a face com os participantes. Godoi e Mattos (2007) destacam o estilo aberto dessa técnica que viabiliza fornecer maior quantidade de informações, também proporciona ao pesquisador a possibilidade de interagir nas narrativas conforme o assunto se apresenta. Quadro 6 – Instrumentos de coleta de dados, sujeitos e documentos de pesquisa e local de realização de entrevista. Instrumento de coleta de dados Sujeitos/ Documentos pesquisados Localização do respondente Apêndice I: roteiro de Reitor, Pró-reitor ou Diretor Instituição entrevista aplicado aos executivo Superior gestores da IES de Ensino Apêndice II: roteiro de Responsáveis pelo setor de Instituição entrevista aplicado aos marketing e comunicação Superior responsáveis de marketing da IES de Ensino Apêndice III: roteiro de Responsáveis pelo setor de Setor de RH da empresa entrevista aplicado aos Recursos Humanos das responsáveis de RH organizações (Gerente ou Diretor de RH) Apêndice IV: roteiro de PDI, Relatório de gestão e Instituição de Ensino análise documental manual de marca Superior, setor de marketing ou comunicação e websites da IES Fonte: Sehnem (2011), adaptado pelo autor. 77 É possível verificar a partir do Quadro 6 os instrumentos de coleta de dados (roteiro de entrevista), os sujeitos e locais de realização das entrevistas. Os dados secundários foram coletados utilizando-se o método de pesquisa documental conforme roteiro apresentado no apêndice IV. Para acessar os documentos necessários solicitou-se a permissão dos responsáveis das instituições participantes, sendo que a maioria foi disponibilizada por meio de correio eletrônico, materiais impressos ou através dos respectivos websites. Segundo Creswell (2010), os pesquisadores qualitativos coletam dados pessoalmente sejam por meio de verificação dos documentos, observação ou entrevistas. O autor ainda enfatiza que durante o processo de pesquisa podem ser coletados documentos qualitativos como jornais, minutas de reuniões e relatórios oficiais. Os enfoques nas entrevistas sobre gestão da marca foram: a) desafios e o entendimento da gestão da marca nas IES (CHAPLEO, 2005; 2007; GUPTA, 2010; BENEKE, 2011); b) personalidade da marca, em termos de sinceridade, sofisticação, competência, emoção e robustez (AAKER, 1997); c) diferenciadores da marca, incluindo as características, serviços, programas e ingredientes (AAKER, 1994); d) valor da marca, levando em conta lealdade, qualidade, reputação e imagem (BERRY, 2000). Para as estratégias de marketing foram consideradas: a liderança, diferenciação e posicionamento. Em relação ao construto de desempenho de marketing e sua avaliação na percepção das organizações que empregam o maior número de alunos e egressos, a entrevista incluiu itens a respeito da imagem, da reputação da IES e da qualificação profissional dos formados. Esses temas encontram-se tratados também nos estudos de Heyes e Liston-Heyes (2004), Veludo-de-Oliveira e Ikeda (2006), Chapleo (2011) e Chapleo e Simms (2011). O roteiro da entrevista foi elaborado juntamente com uma especialista da área de Recursos Humanos de uma grande empresa da região, considerando as variáveis importantes pesquisadas pelos autores citados na fundamentação teórica. 3.4.2 Análise dos dados Neste item são assinaladas as técnicas de análise e interpretação dos dados coletados por meio das entrevistas e da pesquisa documental. Inicialmente foram analisados os dados secundários existentes nos relatórios de gestão das IES, o PDI e os manuais de logotipo. Em seguida, foram analisados e interpretados os dados primários existentes nos relatos dos respondentes. 78 Para analisar melhor os dados qualitativos nessa etapa e facilitar a visualização do problema de pesquisa, os relatos foram categorizados, conforme critérios utilizados por autores para definir o marco teórico sobre a gestão da marca e as estratégias de marketing. A técnica empregada foi a análise de conteúdo. Para tanto, foram estabelecidos os seguintes passos: organização dos dados secundários resultados da pesquisa documental; ordenação dos relatos por meio de recortes das entrevistas; classificação dos dados dentro das categorias propostas e com base nos referenciais teóricos; interpretação das informações; e, produção do relatório. Malhotra (2006) define que a análise de conteúdo é um método apropriado quando o fenômeno observado é a comunicação, assim como para Cooper e Schindler (2003) é uma forma flexível para medir o conteúdo semântico de uma comunicação, discursos e relatos nas entrevistas. A análise dos dados primários envolveu as transcrições dos relatos e de suas narrativas às questões abertas. No trabalho foi adotado o entendimento de Bardin (1977), que estabelece que essa técnica possui três fases: a) pré-análise (leitura flutuante, escolha de documentos, definição das hipóteses e objetivos e criação dos indicadores); b) exploração do material (etapa de codificação – unidade de registro ou contexto); c) tratamento dos resultados, inferência e interpretação. Para Mozzato e Grzybovski (2011) a exploração do material inicia com a definição de categorias e a identificação das unidades de registro e de contexto. Os autores destacam que embora se devam respeitar as regras e as fases na aplicação da técnica, não deve ser considerada como modelo exato e rígido. Após ter reunido os dados primários e secundários coletados estabeleceu-se como unidade de análise expressões, frases e parágrafos ou unidade de registro como define Bardin (1977). Cabe mencionar que a matéria-prima da análise de conteúdo pode constituir-se de qualquer material oriundo de comunicação verbal ou não verbal, como cartas, cartazes, jornais, revistas, informes, livros, relatos autobiográficos, discos, gravações, entrevistas, etc. (MORAES, 1999). Essa técnica permite identificar todas as ideias associadas às falas dos entrevistados, bem como semelhanças e diferenças entre suas diversas ideias (VIRGILLITO, 2010). Para a categorização foi adotado o critério semântico (BARDIN, 1977) de agrupamento por temas. A análise temática ou a investigação dos temas é eficaz e mais utilizada, como Bravin (2009) enfatiza, por ser a mais simples. Sua aplicação envolve a fragmentação dos textos oriundos de transcrição das entrevistas em categorias ou unidades. 79 Para tanto, a categorização e interpretação é indutiva, surgindo das respostas e dos relatos dos respondentes. Esta categorização possibilita realizar comparações e reconhecer semelhanças que facilitam a explicação do fenômeno estudado (CHAPLEO, 2007). Segundo Mozzato e Grzybovski (2011), a análise de conteúdo é um conjunto de técnicas de análise de comunicações, que tem como objetivo ultrapassar as incertezas e enriquecer a leitura dos dados coletados. As categorias foram derivadas das teorias e pesquisas mencionadas no marco teórico e contribuíram para a redução do material coletado, mantendo seus principais conteúdos (CHAPLEO, 2011). Neste trabalho para preservar a identidade dos respondentes e as instituições de ensino superior pesquisadas, utilizou-se a codificação das entrevistas, técnica usada geralmente nas pesquisas qualitativas (BALMER; LIAO; WANG, 2010). As IES, objetos de pesquisa, não foram analisadas separadamente invadindo sua privacidade e as ações estratégicas de cada instituição, mas sim, de forma conjunta, para mostrar o processo da gestão da marca e o seu entendimento na opinião dos tomadores da decisão dessas instituições. No Quadro 7 apresenta se as categorias de análise sugeridas conforme bibliografia pesquisada e a sua relação com os objetivos específicos deste trabalho. Percebe-se que existem objetivos que podem abranger mais que uma categoria. Quadro 7 – Categorias e objetivos de pesquisa Categoria de analise Objetivo específico - descrever o entendimento sobre gestão da marca nas IES no Entendimento Sistema ACAFE, na percepção dos gestores institucionais e os Importância responsáveis pelo marketing da instituição. Responsabilidade Desafios - identificar os desafios da IES quanto à gestão da marca e as estratégias de marketing; Competividade - relatar as estratégias de marketing desenvolvidas nestas IES na percepção dos reitores e dos responsáveis de marketing; Desempenho - descrever a associação entre a gestão da marca, as estratégias de marketing e o desempenho de marketing das IES; - propor um modelo de gestão da marca para as instituições de ensino superior do sistema ACAFE. Fonte: Elaborado pelo autor. 80 “A categorização é uma operação de classificação de elementos construtivos de um conjunto, por diferenciação e, seguidamente, por reagrupamento segundo o gênero (analogia), com os critérios previamente definidos” (BARDIN, 1977, p.117). No Quadro 8 apresentam-se os construtos de pesquisa (gestão da marca, estratégias de marketing e desempenho de marketing); as categorias de análise dos dados (importância, desafios, problemas, entendimento, competitividade e desempenho); as variáveis de pesquisa (personalidade da marca, valor da marca e os diferenciadores da marca, diferenciação, liderança de custos, enfoque, imagem, reputação, qualidade); e os itens dos roteiros de entrevista conforme os apêndices I, II e III. Quadro 8 – Categorias e as variáveis de pesquisa Construtos Categorias - Gestão da marca - Estratégias de marketing - Entendimento - Importância - Responsabilidade - Desafios - Competitividade - Desempenho de marketing - Desempenho Variáveis Perguntas - Personalidade - Valor da marca - Diferenciadores I (1,3) II (1,4,5) I (2) II (2) III (1) I (4) II (6) I (5) II (7) I (6) II (8) I (6) II (8) I (6) II (8) I (7) II (10) III (3) I (8) II (11) III (4) I (9) II (9) III (2,5) - Liderança - Diferenciação - Posicionamento - Imagem - Reputação - Qualidade Fonte: Elaborado pelo autor. A Figura 6 apresenta a relação entre os entrevistados que são os gestores e os responsáveis pelo setor de marketing e comunicação das Instituições de Ensino Superior do sistema ACAFE e pelos responsáveis do departamento de Recursos Humanos das organizações que empregam os egressos nas regiões proximidades das IES, e a relação com os construtos e categorias da análise dos dados. Figura 6: Sujeitos amostrais, os construtos e as categorias de pesquisa. Gestão da marca Gestores da IES Entendimento Importância Responsável pelo marketing da IES Estratégia de marketing Responsabilidade Desafios Responsável pelo RH (Empresa) Desempenho de marketing Fonte: Elaborado pelo autor. Competitividade Desempenho 81 A categorização, embora não seja um passo obrigatório, pode, neste trabalho, facilitar o processo de tratamento dos dados. A inferência e o tratamento informático são as etapas seguintes na análise dos dados. Em razão de que a análise de conteúdo constitui-se num método de tratamento de comunicações, que pode ser bastante amplo. Conforme os objetivos e delineamento metodológicos de uma pesquisa emerge a necessidade do emprego de técnicas computacionais, estatísticas ou não (MOZZATO; GRZYBOVSKI, 2011). Após concluir as etapas anteriores, a interpretação dos dados consistiu na fase final onde se precisou retornar ao referencial teórico, procurando embasar as análises dando sentido à interpretação, uma vez que, as interpretações pautadas em inferências buscam o que se esconde por trás dos significados dos relatos para apresentarem, em profundidade, as percepções e insights dos entrevistados. No tratamento informatizado dos dados utilizou-se um software específico para tratamento dos dados qualitativos, o sistema SPHINX LÉXICA. Para Flick (2009) e Mozzato e Grzybovski (2011) a utilização de softwares apenas serve para facilitar a análise e a interpretação dos dados. Os últimos autores reafirmam que a atuação ativa do pesquisador na adoção de um método de análise coerente e pertinente ao tema e à orientação epistemológica é indispensável. No quadro 9 apresentam-se os objetivos específicos da pesquisa, os construtos, as variáveis de análise dos dados, as categorias, técnicas de análise e os autores relacionados. 82 Quadro 9 – Protocolo de pesquisa Questão de Pesquisa Objetivo Geral Objetivos específicos - descrever o entendimento sobre a gestão da marca nas IES no Sistema ACAFE, na percepção dos reitores e dos responsáveis pelo marketing da instituição; Como ocorre o processo da gestão da marca e quais são as estratégias de marketing nas instituições de ensino superior na percepção dos gestores, e ainda, como o desempenho de marketing é percebido pelas organizações empregadoras da sua região? Analisar a gestão da marca e o desempenho de marketing em instituições de ensino superior da Associação Catarinense das Fundações Educacionais – ACAFE, para propor um modelo de gestão da marca. Construtos Variáveis de análise Categorias de Técnicas de Técnicas Perguntas Autores análise coleta de análise - Personalidade da marca Aaker (1997) - Gestão da - Importância - entrevista Analise de I (1,2,3,4) - Valor da marca Chapleo (2004; 2005; marca - Entendimento conteúdo. II(1,2,3,4,5,6) - Diferenciadores da marca 2007) - Responsabilidade III(1) Heyes e Liston-Heyes (2004) Voeth e Herbst (2008) Kotler e Fox (1994) Beard (2009) Bravin (2009) Gupta e Singh (2010) - relatar as estratégias de marketing desenvolvidas nestas IES na percepção dos reitores e dos responsáveis de marketing; - identificar os desafios da IES quanto à gestão da marca e as estratégias de marketing; - Estratégia de marketing - Liderança - Diferenciação - Posicionamento - Competitividade - entrevista - pesquisa documental Analise de conteúdo - Gestão da marca - Estratégia de marketing - Desafios - entrevista Análise de conteúdo - coletar a percepção dos dirigentes das principais organizações empregadoras da região sobre o desempenho de marketing no que se refere à imagem, reputação e às qualificações profissionais dos alunos das IES; - descrever a associação entre a gestão da marca, as estratégias de marketing e o desempenho de marketing das IES; - Desempenho de marketing - Personalidade da marca - Valor da Marca. - Diferenciadores da marca - Liderança - Diferenciação - Posicionamento - Imagem - Reputação - Qualidade - Desempenho - entrevista Análise de conteúdo I(7,8) II(10,11) III(3,4,5) Chapleo (2004, 2009) Santos (2006) Brown, Mazzarol (2008) Chapleoe Simms (2010) Beneke (2011) - Personalidade da marca - Valor da Marca - Diferenciadores da marca - Liderança - Diferenciação - Imagem - Reputação - Qualidade - Desafios - Competitividade - Desempenho - entrevista - pesquisa documental Analise de conteúdo TODAS (I, II, III e IV) Heyes Liston-heyes (2004) Opoku, Abratt e Pitt (2006) Waeraas, Solbakk (2009) Gupta e Singh (2010) Chapleo (2009ç 2011) - propor um modelo de gestão da marca para as instituições de ensino superior do sistema ACAFE. Fonte: elaborado pelo autor. - Gestão da marca - Estratégia de marketing - Desempenho de marketing I(5,6) II(8) III(1,5) IV I(1,2,3,4,5) II(2,4,5,6,7,8) III(1) Martins (1989) Umashankar (2001) Chapleo (2007) Judson et al. (2009) 83 4. ANÁLISE DOS RESULTADOS E DISCUSSÕES Neste capítulo são apresentados os resultados de análise dos dados do trabalho. A sua divisão ocorreu, conforme as categorias e os construtos de pesquisa. Em cada categoria e variável de pesquisa discute-se a percepção dos gestores institucionais, os responsáveis de marketing da IES e as organizações que empregam os alunos graduados nas instituições pesquisadas. Dentro desse esboço busca-se demonstrar os resultados da pesquisa em três partes; avaliação e análise da documentação das instituições, análise das percepções dos entrevistados em relação à gestão da marca e, por fim, a sugestão de um modelo simplificado para gestão da marca nas IES. 4.1 Análise dos relatórios e documentação das IES Nesta parte do trabalho tem-se a análise documental, na qual se verifica os planos de desenvolvimento institucional, os relatórios de gestão e os manuais de identidade visuais de cada instituição, que trazem informações referentes à marca e o seu processo de gestão na IES. Nesta primeira parte buscou-se comparar as apresentações simbólicas das marcas das IES e os slogans por elas utilizados. 4.1.1 Breve histórico da ACAFE e das IES Objetiva-se com esse tópico conhecer o perfil das instituições de ensino pesquisadas, apresentando um breve histórico do sistema ACAFE e de cada uma das universidades. 4.1.1.1 Sistema ACAFE Na década de 60 iniciou-se o processo de criação de fundações educacionais no Estado de Santa Catarina, tendo como característica a distribuição econômica e demográfica em pequenas e médias cidades. O sistema fundacional permitiu a distribuição educacional formando uma rede de universidades. Em 1974 os presidentes das fundações criaram a Associação Catarinense das Fundações Educacionais - ACAFE uma entidade sem fins lucrativos, que congrega as fundações educacionais criadas por leis municipais em diversos municípios de Santa Catarina, 84 além da fundação criada pelo Estado. Atualmente conta com 16 (dezesseis) instituições de ensino superior associadas. As IES vinculadas à ACAFE ofertaram, em 2011, em Santa Catarina, 72.489 vagas no ensino superior. Ao todo, possuem 134.626 alunos matriculados e 19.791 concluintes nesse mesmo ano. Denota-se, assim, a importância das IES vinculadas a esse sistema para o desenvolvimento do ensino superior no estado. (www.acafe.org.br) 4.1.1.2 UNOESC A Universidade de Oeste de santa Catarina – UNOESC é uma instituição multicampi que iniciou suas atividades em ensino superior no final da década de 60, com o propósito de trazer esse nível de ensino para o interior do estado. A Unoesc é, hoje, uma das maiores organizações propulsoras do desenvolvimento no Oeste de Santa Catarina. Presente em uma área geográfica que vai desde Santa Cecília, no planalto central catarinense, até a fronteira com a Argentina, atingindo o sudoeste do Paraná e o noroeste do Rio Grande do Sul. A Unoesc oferece cerca de sessenta cursos de graduação e pós-graduação, voltados ao desenvolvimento humano, social, cultural, científico e tecnológico a uma população que ultrapassa um milhão de pessoas. Constituída pela unificação de quatro fundações isoladas de ensino superior, a Unoesc tem seus campi nas cidades de Joaçaba, sua sede administrativa, Videira, Xanxerê e São Miguel do Oeste. Cada campus tem ainda sob sua jurisdição vários campi aproximados e unidades acadêmicas instaladas nos municípios circunvizinhos, levando formação humana, cidadã, científica e tecnológica a toda a região, contribuindo ao desenvolvimento regional. (www.unoesc.edu.br) 4.1.1.3 UNOCHAPECÓ A Universidade Comunitária da Região de Chapecó - UNOCHAPECÓ é uma instituição comunitária, identificada com o desenvolvimento regional e muito atenta às necessidades da população e das organizações situadas em sua região de abrangência. Fundada no final da década de 60 com o intuito de garantir a oferta de educação à população da região, há 40 anos, contribuindo ativamente com o desenvolvimento do oeste catarinense. Tal, desenvolvimento ocorre por meio da formação de profissionais qualificados, educação continuada para profissionais e lideranças, produção e publicação de novos conhecimentos, 85 desenvolvimento de ações comunitárias voltadas à promoção do desenvolvimento econômico, social, cultural, esportivo e da saúde, além de ações de assistência social. Nos últimos anos, a UNOCHAPECÓ vem priorizando investimentos na sua modernização e na sua aproximação com o setor produtivo e com as organizações sociais, aprimorando seus instrumentos de apoio ao desenvolvimento, com foco na inovação tecnológica, na agilidade, na qualidade dos serviços que presta e na transformação das pessoas como um modo privilegiado de promover o desenvolvimento. Com isso, uma gama de novos cursos e serviços foi disponibilizada e está acessível à população e às organizações econômicas e sociais de toda a região. (www.unochapeco.br) 4.1.1.4 UNIVALI A Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI é uma instituição comunitária de ensino superior com diversos campi no litoral catarinense. Seu campus central localiza-se em cidade de Itajaí. Fundada em 1964 via lei municipal tornou-se uma instituição pública não estatal. Em 1970, a Autarquia foi transformada em Fundação de Ensino do Polo Geoeducacional do Vale do Itajaí (FEPEVI). Em 1986, as Faculdades Isoladas de Ciências Jurídicas e Sociais, de Filosofia, Ciências e Letras, e de Enfermagem e Obstetrícia foram transformadas em Faculdades Integradas do Litoral Catarinense (FILCAT). No dia 16 de fevereiro de 1989, a FILCAT tornou-se Universidade do Vale do Itajaí, através da Portaria Ministerial 51/89, e em 21 de março instalou-se oficialmente. A sua transformação em entidade pública constituía a solução mais adequada para viabilizar o empreendimento educacional que tinha como objetivo inicial implantar as faculdades de Ciências Jurídicas e Sociais do Vale do Itajaí, Filosofia, Ciências e Letras do Vale do Itajaí. (www.univali.br) 4.1.1.5 UNISUL A Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL foi fundada e provada pela Lei Municipal n. 353, de 25 de novembro de 1964, a Faculdade foi vinculada ao Instituto Municipal de Ensino Superior (IMES), dando lugar à Fundação Educacional do Sul de Santa Catarina (FESSC). A UNISUL foi aprovada, sancionada e reconhecida, enquanto Universidade, pelo Parecer n. 28/89, do Conselho Federal de Educação. Ainda na década de 86 90 despontou e se consolidou como uma das maiores universidades de Santa Catarina, quadruplicando o seu portfólio e número, da Graduação à Pós-Graduação. Desde 1992 a Universidade iniciou suas atividades no extremo-sul do Estado, criando o Campus de Araranguá. Instalou o Campus Grande Florianópolis, expandindo-se em seguida com a criação da Cidade Universitária Pedra Branca, em Palhoça, e com diversas outras unidades na região da capital catarinense. Em 1998, foram criadas as unidades de Laguna, Imbituba, Içara e Braço do Norte. Unisul já conta com quase 23 mil alunos e dois mil professores e funcionários, atuando em 54 cursos. Nesse mesmo ano a Universidade foi credenciada pelo Ministério da Educação (MEC) para ofertar cursos de pós-graduação lato sensu pela modalidade de educação a distância. Um ano depois obteve o credenciamento para oferta de graduação a distância e autorização para atuar em cursos sequenciais. A universidade criou o Campus Universitário UnisulVirtual para realizar a gestão do ensino a distância da organização, com cursos de graduação e pósgraduação, os quais atendem hoje a mais de 13 mil alunos. (www.unisul.br) 4.1.2 Logomarca da IES Neste tópico apresenta-se a descrição dos logotipos das instituições pesquisadas através dos manuais de identidade visual disponíveis nos sites da instituição na internet. Essas combinações de figuras e letras destacam de forma simbólica a identidade institucional e devem aparecer em todos os documentos e apresentações gráficas da IES. O uso correto e padronizado dele é importante ação no posicionamento da marca e reforça a sua imagem e a definição de sua personalidade. Chapleo (2009) aponta o uso destes recursos nas ações de marketing. Como esse símbolo tem como objetivo tornar a marca visivelmente destacada, então, na sua criação, geralmente estão envolvidos aspectos socioculturais importantes do contexto e as significâncias da região, que envolve questões emocionais do público-alvo. Essa representação gráfica também pode ser construída com base na própria história da instituição e seu papel no desenvolvimento regional ou simplesmente por utilizar técnicas de publicidade e propaganda que ajudam a sua memorização pelo público-alvo. Para Santos (2006), as marcas passaram de meros elementos identificadores para símbolos, objeto de desejo, inserção social e de identificação e instrumentos de poder. O autor comenta também que os nomes das instituições são emblemas que representam um conjunto de percepções. As marcas, para as instituições de ensino superior, não são diferentes das 87 organizações de produtos e serviços comerciais. Para se tornarem objeto de desejo e chamar a atenção do público devem possuir aspectos gráficos que mostram a verdadeira identidade da instituição. A escolha de cores, linhas e traços, fonte de letras e a combinação de forma e letras deve apresentar a instituição adequadamente e mostrar o principal objetivo da IES que é educação superior. Esse nome ou símbolo da instituição representa para os alunos valores sociais e emocionais, conforme afirmam Kotler e Gertner (2002), e eles se relacionam com a marca, conforme Fournier (1998). Essa definição da identidade visual depende também do conjunto de traços da personalidade da marca da instituição. As pessoas, por visualizarem a marca da IES, podem lembrar o conjunto dos benefícios e atributos que oferece. Como define HarrisonWalker (2009) a marca é única, associada com base de posicionamento. No entanto, é importante criar um símbolo que abrange essas características e o principal objetivo da instituição que é o conhecimento. Os logotipos e os slogans das IES são apresentados no Quadro 10 e observou-se a predominância de diversas tonalidades da cor azul nestes símbolos. Todas as instituições oferecem manuais para a utilização de seu logo, mas somente duas IES os disponibilizam na sua página da internet. A apresentação visual da marca é o primeiro passo para o seu posicionamento. Para Chapleo (2004), muitas instituições possuem legados históricos e cultuais que influenciam o design da marca e a sua comunicação. Quadro 10 – Descrição de logomarcas das IES Manual de logotipo Sim Sim Slogan Conhecimento para cada fase da vida. Universidade de verdade. Apresentação gráfica 88 Sim Sua cabeça, nosso mundo. Sim Fazendo parte da sua vida. Fonte: elaborado pelo autor. Da mesma forma que a identidade visual é importante para o posicionamento e lembrança da marca, a slogan da instituição também exerce um papel fundamental nessa tarefa, precisa ser uma frase curta, com poucas palavras que resumem as características do produto e serviço. Importa ressaltar que deve ser de fácil memorização, gerar impacto e apresentar o real objetivo da organização. Os alunos, os egressos e o público interno e externo geralmente adotam a marca da instituição de forma a utilizarem, por meio de diversos produtos, no seu cotidiano. Esses produtos, assim como roupa, chaveiro, caneta e outros são utilizados em função dos atributos, valores e benefícios e principalmente a intensidade do relacionamento dos usuários com a marca. Essa relação pode indicar comprometimento dos membros da organização. Kuenzel e Halliday (2010) destacam a importância de concentrar esforços de marketing em fatores emocionais. 4.1.3 Análise do PDI e Relatórios de Gestão da IES Nesta etapa do trabalho observou-se o PDI - Plano de Desenvolvimento Institucional ou Relatório de Gestão de cada instituição com o intuito de analisar os recortes selecionados por identificarem expressões, frases e parágrafos relacionados às características da marca da instituição, presença de algumas ações ou estratégias de marketing que sinalizam a existência do processo da gestão da marca. Os trechos selecionados nos planos e relatórios das IES pesquisadas sinalizam a existência de algumas posturas em relação ao desenvolvimento de ações que possibilitam a consolidação da marca em instituições. Uma das frases da IES1 diz o seguinte: “Com os 89 esportes e a cultura, estabelecemos relacionamentos com algumas das empresas de maior prestígio em Santa Catarina e no Brasil e fizemos com que o nome da instituição passasse a ser conhecido nacionalmente – com impacto tangível sobre o valor da nossa marca e para a abertura de novas possibilidades”. Dessa forma, o uso de patrocínio esportivo e cultural é usado como uma das estratégias para a comunicação da marca. O envolvimento da instituição com o esporte e as atividades culturais é uma das estratégias adotadas para a inserção na sociedade de forma mais expressiva. Esse empenho da IES em promover práticas culturais e seu reflexo no posicionamento da marca, Chapleo (2009) já havia destacado em seus estudos. É importante ressaltar também, que essas atividades geralmente não são fáceis para as instituições, pois envolve tempo, pessoal qualificado e custo alto. Portanto, criar uma identidade corporativa, relacionada com a marca da instituição, exige uma gestão eficiente de comunicação e marketing. Hopkins et al. (2009) explicam que o nome da IES deve ser como uma marca corporativa e envolver diversas atividades e serviços. Nos relatórios da IES2 destaca-se a frase: “Consolidar, posicionar a imagem e a marca da IES como a de melhor qualidade e mais diversidade no mercado de atuação [...]”. A promessa da qualidade e diversificação dos produtos e serviços da instituição necessita ser consistente e verdadeira para ser utilizada no posicionamento da marca. A imagem para Kotler e Fox (1994) é a soma de crenças e impressões que o aluno tem em relação à IES. A qualidade dos serviços da instituição reflete na sua imagem que em longo prazo, juntamente com outras atitudes, podem tornar-se os diferenciadores da marca (Aaker, 2003). A influência da marca na comunicação da imagem é defendida por Reichelt (2007), e Chapleo (2011) confirma: ela reforça a imagem da instituição. A análise do relatório da IES4 ressalta a seguinte frase: “As ações desenvolvidas sob essa nova ótica proporcionaram o fortalecimento da marca na região e o reconhecimento da instituição como uma instituição que, além de oferecer ensino superior de qualidade, sempre articulado com pesquisa e extensão, se compromete com a comunidade onde está inserida, promovendo o desenvolvimento econômico, social e cultural”. Observa-se que a instituição pesquisada relaciona a construção da sua marca, por meio de um processo de gestão da marca com foco na qualidade e transformação da sociedade. Isso é convergente com algumas ideias de Chapleo (2009) que também enfatiza essa significância regional e transformacional das IES. A nova ótica que se refere é essa consolidação da marca dentro dos princípios e 90 estratégias adequados, visando a real capacidade de realização da IES com uma perspectiva em longo prazo. É relevante destacar ainda que essa instituição demonstra bom nível de conhecimento em relação a função da marca na comunicação das vantagens competitivas e as diversas facetas dela para seus públicos. Neste outro parágrafo dos relatórios da IES4 encontra-se o seguinte argumento: “A definição mais clara e coerente do posicionamento institucional é a da promessa da marca [...]”. Tal declaração aponta para um entendimento dos gestores da importância da coerência daquilo que a marca promete para seu público-alvo e o que oferece nos seus produtos e serviços. A IES conhece seu ponto de diferenciação e possui uma visão clara de suas estratégias de posicionamento da marca. A frase da IES3 enfoca que “Parte ainda de outro pressuposto, o de que a regionalidade de atuação, marca da identidade da IES, deve ser entendida como categoria que articula o local, o regional e o global, na perspectiva do desenvolvimento humano e social sustentável”. Essa frase, em especial, chama a atenção por apresentar a palavra “marca” pela primeira vez nos relatórios e planos analisados desta instituição. Observa-se, contudo, que não existem definições claras em relação às ações e estratégias da IES referente à gestão da sua marca. Há um entendimento que pode significar um esforço na direção de mostrar a atuação regional da instituição como ponto de diferenciação e seu posicionamento. Questão essa defendida nos estudos de Chapleo (2009) ao considerá-las como instituições com foco na regionalidade. Outro argumento encontrado nos relatórios da IES3 afirma que “Uma instituição de ensino que queira realizar um trabalho de marketing adequado deve começar entendendo sua real abrangência”. Essa ideia aponta para a existência de um foco na promoção e ações de marketing sobre as atividades da instituição, com o objetivo de criar um equilíbrio com sua capacidade de barganha e seu real envolvimento no contexto, o que denota um comportamento genérico nas instituições. O contexto de atuação e as exigências do mercado de educação obrigam as instituições a planejarem melhor os seus passos, de modo a oferecer maior segurança no desenvolvimento das ações e estratégias para o alcance da missão. O plano de desenvolvimento institucional é um documento norteador de todos os esforços da IES e deve conter os principais projetos concomitantes com a gestão da marca. A dificuldade de identificação clara do conceito da marca nas instituições e a busca por diferenciação foram consideradas por Chapleo (2007) como desafios e também foram percebidos nas instituições pesquisadas. A apresentação dos 91 resultados (Quadro 11) demonstrou que somente uma das instituições pesquisadas aborda a marca, ações de marketing e atitudes em relação à sua gestão nos seus documentos institucionais. A escala utilizada no Quadro abaixo demonstra o grau de representatividade de cada um dos termos nas documentações pesquisadas. A inexistência determina de certa forma a ausência; enquanto existência e raramente demonstram gradativamente a presença dos fatores. Quadro 11 – Presença da marca nos relatórios da gestão das IES IES Marca Marketing Gestão da marca 1 Raramente Raramente Inexistente 2 Raramente Raramente Inexistente 3 Inexistente Raramente Inexistente 4 Existente Existente Existente Fonte: elaborado pelo autor. 4.2 Percepção dos gestores da IES e das organizações empregadoras Esta parte do trabalho visa relatar os resultados encontrados na pesquisa exploratória realizada por meio de oito entrevistas em profundidade, com os gestores das instituições de ensino superior do sistema ACAFE. O objetivo deste procedimento foi o de conhecer a percepção dos entrevistados quanto ao entendimento acerca da gestão da marca e a sua importância na IES, além de itens como desafios, diferenciação, estratégias de marketing e o desempenho de marketing na percepção das organizações de grande destaque na região em que a IES está inserida. As entrevistas permitiram verificar em maiores detalhes e sob a perspectiva do gestor – neste caso reitores, pró-reitores e os gerentes de marketing de instituições de ensino superior. As entrevistas foram realizadas de 24 de agosto a 18 de outubro de 2012. Quanto às instituições de ensino e as organizações, os doze entrevistados dividiram-se conforme descrito a seguir: - Reitor e gerente de marketing do UNOCHAPECÓ e Gerente de recursos humanos da Aurora Alimentos da cidade de Chapecó; - Reitor e responsável de marketing da UNIVALI e Diretor de recursos humanos da Seara Alimentos da cidade de Itajaí; 92 - Reitor e responsável de marketing da UNISUL e o Gerente de recursos humanos da empresa Intelbras da cidade de Palhoça; - Diretor executivo (indicado pelo Reitor) e o responsável de marketing da UNOESC e o gerente de recursos humanos da empresa Irani da cidade de Joaçaba; Com o intuito de preservar a identidade dos gestores e as IES pesquisadas foram adotadas as siglas, conforme apresentado no Quadro 12, utilizadas para sua representação nas citações dos entrevistados. Quadro 12 – Relação dos entrevistados e siglas Gestor Sigla Reitor da instituição 1 R1 Reitor da instituição 2 R2 Reitor da instituição 3 R3 Reitor da instituição 4 R4 Responsável de setor de comunicação e marketing da instituição 1 M1 Responsável de setor de comunicação e marketing da instituição 2 M2 Responsável de setor de comunicação e marketing da instituição 3 M3 Responsável de setor de comunicação e marketing da instituição 4 M4 Gestor de recursos humanos da organização 1 E1 Gestor de recursos humanos da organização 2 E2 Gestor de recursos humanos da organização 3 E3 Gestor de recursos humanos da organização 4 E4 Fonte: elaborado pelo autor. É importante ressaltar que o anonimato exigido pelos entrevistados, sendo pessoas ou instituições de ensino superior é respeitado neste trabalho. Contudo, pode dificultar nas contribuições em algumas citações diretas. Entre os entrevistados havia duas mulheres e dez homens, com idade entre 24 a 60 anos e escolaridade de especialista a doutor. A 93 caracterização dos entrevistados (Quadro 13), dispõe sobre tempo de serviço, escolaridade e formação acadêmica. Quadro 13 – Caracterização dos entrevistados Característica Tempo de cargo Reitor Responsável de marketing da IES Responsável de RH Todos acima de 5 1 com 5 meses anos 1 com 2 anos Todos acima de 5 anos 2 acima de 5 anos Escolaridade Todos doutores 1 doutor 4 especialistas 3 especialistas Formação acadêmica 2 direito 1 administração 1 educação 3 comunicação jornalismo 1 economia 4 administração e Fonte: elaborado pelo autor. 4.2.1 Entendimento da gestão da marca O objetivo deste tópico é descrever o entendimento dos reitores e os responsáveis do setor de marketing ou comunicação das instituições pesquisadas referentes à gestão da marca. A avaliação das respostas para essa categoria de pesquisa é importante no sentido de descobrir o nível do conhecimento do respondente sobre o tema, indiferente do cargo ou função que exerce dentro da IES. 4.2.1.1 Entendimento dos reitores da IES da gestão da marca Com esta sequencia de relatos os entrevistados revelam que: “[...] para além de sua representatividade simbólica/icônica, cada aplicação de marca, necessariamente, deve refletir a missão, os valores e a visão de uma IES, consolidando, em longo prazo, a sua reputação [...]” (Entrevistado R1). “Creio que essa ideia da gestão da marca ela é uma coisa muito abrangente porque envolve não só o desempenho em si das múltiplas atividades como também a visualização que a instituição passa a ter e a identidade que ela tem sempre que está representada pela sua marca ou grife [...]” (Entrevistado R2). “Hoje pela marca você consegue 94 identificar o que a IES representa e a sua abrangência” (Entrevistado R3). “[...] uma proposta de missão e visão, como somos visto pelo público [...]” (Entrevistado R4). Os entrevistados consideram que uma das principais funções da marca é a representação da identidade da instituição no contexto inserida em relação às suas competências, imagem e especificamente sua abrangência. Quando os relatos destacam termos como missão e visão e a sua relação com a marca da instituição percebe-se claramente o envolvimento dela com o planejamento estratégico da IES o que não foi evidenciado nos documentos avaliados. Waeraas e Solbakk (2009) destacam que a gestão da marca deve desafiar os valores tradicionais e a integridade institucional da IES. A visibilidade, a comunicação da identidade e da promessa da instituição são características da gestão da marca, aparentemente aceitas por gestores entrevistados. O conceito da marca e suas atribuições, discutidas por Tavares (2003), e o entendimento e a sua aceitabilidade, pesquisada por Chapleo (2007) reforçam os relatos dos gestores. A missão é o ponto de referência da instituição. A promessa de qualidade e bom conceito institucional fazem parte deste conjunto. A marca da IES assume esse desafio, ou seja, destacá-los e dar visibilidade à instituição, local ou mundialmente, dependendo da abrangência e dos recursos que ela possui. Nesse sentido, o entrevistado R1 afirma: Por isso, gerir uma marca, significa estabelecer, implementar e avaliar, constantemente, suas políticas e estratégias de uso para que, sobretudo, a sua aplicação esteja associada à qualidade dos produtos e serviços que a IES oferece, potencializando relações recíprocas, de confiança e pertencimento com os públicosalvo (internos e/ou externos) para, naturalmente (e por fim), estimular a adesão e a construção de imagens positivas perante às comunidades onde atua. O relato do entrevistado destaca a influência que a marca exerce em comunicação da qualidade dos produtos e serviços da IES para a sociedade em sintonia com os fatores como credibilidade e imagem. A gestão da marca é clara para esses gestores como importante elo entre diversos públicos e a instituição. Chapleo (2007) explica essa divergência pela dificuldade na definição clara do papel da marca e sua aceitação interna. Por outro lado, Kotecha (2003) menciona que alguns dos gestores e colaboradores nas instituições possuem esse entendimento quase mercantilista e, de certa forma, não apropriado para as IES. Mesmo que exista esta interpretação do lado comercial da marca, a sua necessidade não é mais negada pelos gestores. O entrevistado R2 assim a percebe: “[...] creio que hoje especialmente no cenário educacional, as nossas instituições são identificadas não só regionalmente mais até numa condição macro regional normalmente o nome da instituição, o domínio que a instituição tem no conhecimento em algumas áreas quase sempre é associado especialmente para quem é da academia com a própria visualização da própria marca da instituição [...]”. 95 O relato do respondente mostra que a importância da marca na comunicação da IES e na divulgação dos seus produtos e serviços é imprescindível. Tanto o público-alvo em geral, como o pessoal interno, são envolvidos de várias formas com a marca e com as atividades da instituição. Percebe-se que os gestores têm uma percepção clara do significado da marca e seus atributos, mas demonstram um conhecimento mais amplo e estratégico da sua ligação com os objetivos da instituição. Essa constatação se confirma nas palavras de Chapleo (2009) que considera importante uma visão clara e apoio das lideranças. Os relatos dos reitores trazem considerações tais como: “Além de construir e qualificar a imagem (ou as imagens) e a reputação, desenvolver a gestão de marca significa zelar pela identidade institucional que, a cada produto e/ou serviço oferecido, reverbera o relevante valor intangível de uma IES” (Entrevistado R1). “Discutimos nosso posicionamento e como queremos ser visto. Nada vale a pena ser anunciado se não tiver base real, não entrega o que prometeu e pode cair na descrença” (Entrevistado R4). “A gestão da marca é importante para IES em razão de que representa a imagem da instituição. Deve ser gerenciada, preservada, bem utilizada [...] mostra imagem e a reputação da IES [...]” (Entrevistado R3). Essas colocações revelam o entendimento dos reitores em relação à gestão da marca. Percebe-se que os relatos confirmam a pesquisa realizada por Chapleo (2011), quando considerou importante para comunicar a imagem, clarear sua posição e as vantagens competitivas da IES. Gupta (2010) comenta que os líderes da instituição devem ter claro entendimento da sua gestão da marca. Assim, as repostas coletadas nesse estudo apresentam elementos convergentes com algumas pesquisas realizadas pelas universidades inglesas, apesar de serem feitas em contextos diferentes. A distinção entre a marca e a reputação da IES também está clara na percepção dos entrevistados. 4.2.1.2 Entendimento dos responsáveis de marketing da IES da gestão da marca Os relatos típicos dos responsáveis de marketing e comunicação apresentam ideias como: “[...] a marca nas instituições é uma marca forte até pela singularidade. Então a dificuldade não está no conceito da marca e sim está na estratégia da marca [...]” (Entrevistado M1). “Costumo dizer tudo que agente faz é em função da marca da instituição, trabalhamos a reputação da marca da instituição” (Entrevistado M2). “[...] tudo que a instituição fazer deve ter a marca na sua elaboração [...] construir a instituição a partir da marca [...]” (Entrevistado M4). “ são esforços para fortalecer a marca da instituição e para influenciar na decisão do candidato [...]” (Entrevistado M3). 96 Com exceção do relato do entrevistado M4, que destaca o envolvimento da marca em todas as atividades da instituição, os outros respondentes demonstram um entendimento genérico e não clara em relação ao assunto. A formação acadêmica dos profissionais da área também influencia nessa compreensão e percepção do tema. Os entrevistados, apesar de exercerem a função de marketing e comunicação nas IES, divergem-se nas suas percepções por considerar que eles devem possuir conhecimentos técnicos suficientes. Nesse sentido, Chapleo (2011) argumenta que enquanto as universidades consideram-se como organizações comerciais, há entendimento de englobar sua marca em todas as práticas da instituição. Os estudos de Chapleo (2007) apontam a diferença entre a reputação e a marca e que essa distinção pode ser percebida por gestores pela conotação comercial da marca. O entendimento do importante papel dela em todas as atividades da instituição e a sua participação na elaboração de cada ação, indiferente de sua origem, é destacada pelos entrevistados. A gestão da marca, segundo o autor, busca realçar as vantagens competitivas e as características únicas da IES. A análise dos relatos demonstra que o responsável de marketing tem um entendimento do amplo significado e a abrangência dela no cotidiano da instituição e não como uma simples figura da identidade visual. Nessa categoria, os relatos enfatizam o papel da marca e sua gestão nas instituições de ensino superior e as consideram como um componente indispensável para criar a identidade institucional, destacar a reputação e principalmente a sua participação nos planos estratégicos. É importante destacar o conhecimento dos reitores em torno do conceito da marca, seu valor e a necessidade de sua adoção. O primeiro passo para dar início o processo de gestão da marca é buscar o convencimento da alta administração e traduzir o seu significado, e procurar maior compreensão. Conforme Chapleo (2007) e Waeraas e Solbakk (2009), as próximas etapas consistem em criar, consolidar e gerenciar a marca. Chapleo (2007) enfatiza que a fase mais crítica para a gestão da marca e a sua sustentabilidade é ganhar a aceitação dos públicos internos, de todos os níveis na instituição. A lealdade dos funcionários e do corpo docente com a missão e os objetivos da IES é de suma importância para superar estas etapas do processo. No Quadro 14 percebe-se que a imagem e a reputação são atributos apontados com mais frequência e a singularidade (ser comunitária) pode ser interpretada como a característica específica dessas IES na educação. 97 Quadro 14 – Entendimento dos entrevistados sobre a gestão da marca nas IES IES 1 Reitor Reflexão da missão, visão Responsável de marketing Singularidade Construção da imagem positiva Qualificação da imagem e reputação 2 Imagem Reputação 3 Identidade institucional Fortalecimento da marca Abrangência regional Mostra imagem e a reputação da IES 4 Comprometido com o resultado Participação da marca Reflexão da missão e visão Construção a partir da marca Imagem Fonte: elaborado pelo autor. 4.2.2 Personalidade da marca da IES Este tópico objetiva descrever a percepção dos entrevistados em relação à personalidade da marca da instituição. Para compreender melhor o entendimento dos entrevistados sobre a gestão da marca é importante definir esse item, pois, segundo a literatura pesquisada, as dimensões da personalidade, apresentados por Aaker (1997) como: sinceridade, emoção, competência, sofisticação e robustez e o relacionamento da marca com o público-alvo, também comentado por Fournier (1998), destacam a sua influência na construção da identidade institucional, que é um dos princípios básicos na construção da marca. 4.2.2.1 Personalidade da marca da IES na percepção dos reitores Cada membro da instituição, conforme seu envolvimento e posição estratégica que ocupa, pode ter percepção diferente em relação aos traços da personalidade da marca. A maioria dos gestores já ocuparam funções como coordenador e professor na IES e possuem conhecimento e vivência suficientes para definir essa personalidade. Plummer (1985) esclarece as duas faces da personalidade da marca, interna e externa. O aluno, a sociedade e os colaboradores podem ter interpretações distintas, mas a identidade institucional deve transmitir a mesma percepção. 98 Os relatos dos reitores sobre a personalidade da marca evidenciam as seguintes percepções: “O que buscamos é criar a personalidade da nossa marca e as pessoas identificam isso” (Entrevista R4). “[...] personalidade tradicionalista, seria e realista [...]” (Entrevista R2). “[...] acredito que a marca da instituição possui uma personalidade e o aluno se identifica com ela e isso influencia na sua decisão [...]” (Entrevista R3). “A marca da IES carrega atributos intangíveis e valorativos, sobretudo oriundos de nossa missão, valores e visão que legitimam o DNA comunitário da instituição. Por isso, atuamos, com persistência, para que nossos produtos, processos e serviços, “assinados” com a nossa marca, intrinsecamente, despertem desejos (especialmente no que se refere à necessidade da educação permanente) e agreguem valor aos diferentes públicos-alvo que nos demandam” (Entrevista R1). A personalidade da marca que se constata na percepção dos reitores, exceto do entrevistado R1, possui uma definição clara e, de certa forma, eles procuram demonstrar seu interesse na sua identificação. Eles entendem que existe e é percebido pelo aluno e pela comunidade inserida. Em alguns pontos diverge com a dos profissionais de marketing da sua instituição, uma ocorrência não tão comum. Isso porque os reitores e os técnicos responsáveis deveriam ter um diálogo semelhante. Por isso, é importante que estas características que formam a personalidade da marca sejam compartilhadas entre os colaboradores das instituições. 4.2.2.2 Personalidade da marca da IES na percepção dos responsáveis de marketing A definição da personalidade da marca não parece tão simples para os profissionais de marketing e há a necessidade de amplo esclarecimento sobre o tema para todos os públicos da instituição. Kotler e Gertner (2002) definiram que a marca possui valores sociais e emocionais e Azoulay e Kapferer (2003) afirmaram que a personalidade é uma faceta fundamental da identidade da marca, e Santos (2006) enfatiza que a personalidade da marca é atribuída por seus usuários. Os responsáveis do setor de marketing trazem diversas indagações e questionamentos, a saber: “[...] a marca é forte, mas o aluno pagaria mais para estudar nessa instituição?“ (Entrevistado M1). “A marca da instituição tem sua personalidade aqui na região, mas ainda tem que unir estas particularidades da região e criar uma personalidade única” (Entrevistado M3). “A personalidade da marca é definida a partir de termos como: culto, irreverente, erudito, ecologicamente responsável e encantadores. Pesquisamos os alunos para chegar nessa personalidade” (Entrevistado M4). “Parece difícil definir a personalidade da marca da IES. 99 Pessoalmente acho uma instituição conservadora. Não me sinto seguro para definir a personalidade da marca da IES” (Entrevistado M2). “Personificação da nossa marca, apaixonada, extrovertida, reverente, determinada e motivadora” (Entrevistado M4). Exceto o relato do entrevistado M4, a análise dos demais aponta para um entendimento quase que superficial em relação à existência de um fenômeno denominado “personalidade da marca” na instituição. São ideias que se mostram distantes, por exemplo, dos estudos de Aaker (1997) e Fournier (1998) que demonstraram a importância da definição da personalidade da marca na comunicação e divulgação dos atributos e os serviços de uma organização. Mesmo que os relatos indiquem certa dificuldade dos profissionais na definição da personalidade da marca de sua instituição, ainda assim eles conseguem visualizar alguns de seus traços e características e expressam a necessidade de realizar pesquisas com seus públicos para sua definição. A definição dos traços da personalidade, segundo Azoulay e Kapferer (2003) e Fournier e Brasel (2004), é essencial na formação da identidade organizacional e na construção de um relacionamento com seus públicos. No Quadro 15 apresentam-se as percepções dos entrevistados e observa-se que há divergência entre a percepção do reitor e o responsável de marketing da IES1 em relação à definição da personalidade. Enquanto um a considera “séria”, o outro não consegue visualizar essa característica da marca na sua instituição. Em contrapartida, a IES que possui foco na gestão da marca tem o claro entendimento da sua personalidade. Quadro 15 – Percepção dos entrevistados sobre personalidade da marca IES Reitor Responsável de marketing 1 Não há definição clara. Não há definição clara. 2 Séria, Difícil a definição da personalidade. realista e tradicionalista Acho uma IES conservadora Não há definição clara. Acredita que possui personalidade. 3 A partir das particularidades da região 4 Sincera, arrojada Sincera, A sociedade identifica a personalidade da Culta, extrovertida, erudita marca da IES. Fonte: elaborado pelo autor. 100 Algumas das características da personalidade definidas como sincera, séria, culta, erudita, realista e extrovertida convergem com duas das cinco dimensões de personalidade proposta pela Aaker (1997) sendo elas: sinceridade e sofisticação. Somente uma das IES possui pesquisas que definem a personalidade de sua marca. Em geral, essas instituições são fundações educacionais estabelecidas há décadas e isso pode influenciar na percepção dos gestores pela determinação de sua identidade como sincera, séria e culta. Waeraak e Solbakk (2009) explicam que algumas instituições são complexas e bem fragmentadas para entender e expressar uma única identidade institucional. 4.2.3 Importância da gestão da marca Neste item foram analisados os relatos sobre a importância que a gestão da marca na percepção dos gestores e dos responsáveis pelo setor do marketing nas instituições pesquisadas. Os estudos de Chapleo (2004) e Heyes & Liston-Heyes (2004) explicam a importância da gestão da marca na comunicação da posição clara da IES, e argumentam que a sua principal função é aumentar a compreensão da sociedade em relação as suas atividades no desenvolvimento da região. 4.2.3.1 Importância da gestão da marca na percepção dos reitores Essa questão foi respondida pelos entrevistados com as seguintes considerações: “Além de construir e qualificar a imagem (ou as imagens) e a reputação, desenvolver a gestão de marca significa zelar pela identidade institucional que, a cada produto e/ou serviço oferecido, reverbera o relevante valor intangível de uma IES” (Entrevistado R1). “A marca da IES participa e a população e também as empresas associam a marca da instituição com a credibilidade. A marca é uma consequência do sucesso das atividades da instituição de credibilidade” (Entrevistado R2). “Hoje, pela marca, você consegue identificar o que a IES representa e a sua abrangência. Conseguimos conquistar “top of mind” e isso é fruto do gerenciamento dessa marca” (Entrevistado R3). “Hoje possuímos identidade da nossa marca e o público identifica isso. Fortemente trabalhamos com a gestão da marca e percebemos hoje que o público reconhece a marca e seu posicionamento” (Entrevistado R4). Essas falas indicam que a marca possui grande importância na construção e qualificação da imagem, na reputação e na preservação da identidade institucional. Todos concordaram que a credibilidade da IES está relacionada com essa ação direta da marca, 101 projetada perante a sociedade. Em relação à imagem e reputação há convergência com a teoria apresentada, além disso, percebe-se divergências em considerar a marca resultado do bom desempenho das atividades da IES. O entrevistado R4 demonstrou um entendimento claro sobre a importância da marca para as IES, pois adota a gestão da marca e tem consciência dos resultados no posicionamento e o reconhecimento do público. Já os relatos dos outros reitores indicaram a um conhecimento sucinto sobre o assunto, e de certa forma, um entendimento equivocado. O sucesso da marca depende do trabalho consistente e interminável dos reitores e dos técnicos da área de marketing e comunicação. Os reitores afirmaram que “Importância é desenvolver uma relação com o público muito sincera e honesta. E precisa dizer isso sempre de modo claro” (Entrevistado R4). “A marca pode despertar o interesse do aluno e chamar a atenção sem agredir outras instituições” (Entrevistado R3). “[...] Envolve uma instituição como a nossa que é comunitária com quase meio século e que tem uma inserção em várias áreas tem assim uma influência grande a identidade das atividades que ela desenvolve com a própria visualização que ela externa, através da sua marca [...]“ (Entrevistado R2). “Pensamos muito na construção da instituição a partir da marca, os tangíveis e intangíveis. Não com base nas necessidades das pessoas, mas sim nos desejos. Essa transformação deve ser óbvia a aparecer nas ações da instituição. Precisamos trabalhar na mesma linguagem” (Entrevistado R4). Alguns reitores entendem a marca da IES como consequência de sua tradição e a história que possui na sua região de atuação. Essas afirmações também são coerentes com Chapleo (2004; 2007) e Frohlich e Stensaker (2010) quando descrevem sobre os legados históricos e culturais que podem influenciar na sua construção. A tradição da IES e o foco comunitário podem agregar valores à marca e ao seu posicionamento no mercado. 4.2.3.2 Importância da gestão da marca na percepção dos responsáveis de marketing A pergunta que originou a coleta das percepções dos reitores e os responsáveis de marketing e comunicação das instituições pesquisadas refere-se à importância da gestão da marca e seu desenvolvimento para uma IES. Para Kapferer (1998) a marca não é um simples ator de mercado e abrange tudo na organização; e Keller e Lehmann (2006) enfatizam que a marca é construída. Chapleo (2011) completa que ela comunica para diferentes públicos as diversas facetas da instituição e o tipo de educação que oferece. 102 Os responsáveis pelo marketing responderam que “A marca foi criada sobre a égide do poder municipal e força comunitária e tomou um fôlego maior ainda a partir de 1972 com a criação da ACAFE [...]” (Entrevistado M1). “A marca da instituição é importante e influencia na venda de outras coisas da instituição” (Entrevistado M2). “[...] A marca não está sendo trabalhado sobre a ótica de uma importância de marketing institucional. O equívoco é trabalhar a marca como se fosse uma instituição pública ou um partido político e que as convergências de forças políticas provocariam atritos e nada se resolveste [...]” (Entrevistado M1). “A gestão da marca, os pilares da marca é fundamental no processo todo foi o credito que a gestão deu para este trabalho. Começamos a criar projetos a partir deste posicionamento da marca” (Entrevistado M4). A importância da marca nas instituições é divergente na opinião dos entrevistados. A diversidade de opinião vem ao encontro da forma como ela é desenvolvida na IES. Contudo, os gestores reconhecem o papel que a marca exerce nas suas instituições, a dificuldade está na compreensão do significado da gestão e a sua aplicabilidade. É primordial para esse grupo ter uma visão mais clara sobre sua definição e buscar o convencimento do público interno sobre a sua relevância no sucesso das atividades da instituição. Esta colocação, Chapleo (2007) já havia explicado afirmando que para ter êxito nesta tarefa é necessária uma conceituação consistente do que significa a marca na IES. “É de suma importância a influência da marca na decisão do aluno” (Entrevistado M2). “Com certeza é importante para instituição [...], a marca é muito bem divulgada na região. A marca da instituição influencia na decisão do aluno” (Entrevistado M3). Possuímos uma grife da instituição com linha de produtos bem diferenciados. A IES percebeu que a taxa de atratividade da marca era bem mais alta em relação ao share of market. Começamos criar projetos a partir deste posicionamento da marca. Temos a essência da nossa marca que é a transformação. Em relação ao posicionamento da marca uma das ações é reformular o portfólio dos cursos, eliminando os cursos de baixa demanda (Entrevistado M4). Enquanto alguns relatos levam a entender que o principal papel da marca é a divulgação dos produtos e serviços da instituição, outros destacam a influência que esta exerce em todas as atividades da instituição, quais sejam: apresentação dos cursos, criação dos produtos e serviços, posicionamento no mercado e um relacionamento a longo prazo com seu público-alvo. A definição clara do conceito de marca e a sua gestão facilita o envolvimento dos profissionais da área e gera resultados favoráveis para a instituição e seus públicos. O sucesso e permanência dos alunos são consequência de uma gestão eficiente da marca. 103 Quadro 16 – Importância da marca da IES na percepção dos entrevistados IES 1 Reitor Construir e qualificar a imagem Responsável de marketing Marketing institucional Identidade institucional 2 Mostrar a credibilidade Venda dos produtos e serviços da IES Identidade institucional 3 Dar visibilidade Influência na decisão do aluno Abrangência da instituição 4 Identidade real da instituição Vital no processo de marketing Relacionamento com público Posicionamento Atender os desejos da comunidade Fonte: elaborado pelo autor. É possível constatar a partir do Quadro 16, certa divergência de percepções entre os gestores das instituições e observa-se que os reitores têm um entendimento e envolvimento maior em relação ao tema. É pertinente destacar, ainda, a compreensão dos mesmos em buscar atender as necessidades e os desejos da comunidade e chamar atenção sem agredir o concorrente. 4.2.4 Responsabilidade da gestão da marca nas IES Nesse tópico apresenta-se a percepção dos profissionais da área de marketing e comunicação e os reitores das instituições, em relação às pessoas ou setores que podem assumir a responsabilidade do gerenciamento da marca. É importante descrever a opinião dos entrevistados sobre esse compromisso e o papel principal que possuem na implementação do processo e a sua condução. De acordo com Chapleo (2007) existem diferenças fundamentais dessa responsabilidade em relação às organizações comerciais. 4.2.4.1 Responsabilidade da gestão da marca na percepção dos reitores da IES Nessa questão, os reitores opinaram com os seguintes relatos: “No dia a dia a responsabilidade pela marca é coletiva. O setor de marketing operacionaliza a gestão da marca” (Entrevistado R2). “A responsabilidade da gestão da marca é de todos, porém alguém 104 tem a responsabilidade de gerenciar e utilizar a marca. Onde participar e inserir a marca, quais atividades e eventos. Quem avalia essa utilização é o setor de marketing [...]” (Entrevistado R3). “O processo é planejado entre áreas afins, liderado pela Assessoria de Comunicação e Marketing e implementado por todos os colaboradores desta Universidade. Do Reitor ao zelador, passando pelo terceirizado: todos são partícipes para a consolidação de uma qualificada reputação e imagem perante os nossos públicos-alvo [...]” (Entrevistado R1). “O primeiro responsável pela gestão da marca na IES é o reitor e o operador é setor de marketing e quem delibera é a gestão [...]” (Entrevistado R4). Os relatos dos reitores apontam que a responsabilidade da gestão da marca deve envolver todos os setores e colaboradores da instituição, mas enfatizam que o gerenciamento e a sua operacionalização é de responsabilidade do setor de marketing e comunicação. O sucesso depende da compreensão do significado da marca e o comprometimento de todos os níveis na IES. A opinião dos reitores encontra reciprocidade nas palavras de Chapleo (2007) quando discute o desafio dos reitores no convencimento e o apoio de todos os setores da IES na aceitabilidade da marca. 4.2.4.2 Responsabilidade da gestão da marca na percepção dos responsáveis de marketing da IES Os entrevistados apresentaram os seguintes argumentos: “Todos na instituição são responsáveis pela gestão da marca. Setor de marketing é quem dissemina quem vai criar algumas estratégias, organiza e planeja, mas todos desde o atendimento até corpo docente são responsáveis pelo desempenho da marca” (Entrevistado M3). “A responsabilidade da marca é de todos, stakeholders, a missão e visão deve estar clara para todos na instituição” (Entrevistado M4). “A responsabilidade da marca da instituição é de todos que trabalham na instituição. Possuímos um programa chamado marketing sou eu [...]” (Entrevistado M1). “A marca é de responsabilidade do setor de comunicação tanto sua operacionalização quanto sua gerência” (Entrevistado M2). A análise dos relatos aponta somente uma referência ao profissional de marketing como único responsável do processo da gestão da marca. Os demais entrevistados, de forma geral, creditam essa obrigação a todos da instituição. Apesar de que aspectos técnicos e sua operacionalização serem de incumbência dessas profissionais, o seu sucesso, contudo, depende do envolvimento de todos os membros da organização, principalmente do comprometimento com os objetivos da IES. Chapleo (2007) obteve resultados similares em 105 relação à percepção de que responsabilidade da marca é de todos e não somente de um setor especifico. Concluiu ainda que esse é um dos fatores que diferencia as instituições de ensino das organizações comerciais. Cada colaborador indiferente da função que exerce na instituição pode contribuir na divulgação e no compartilhamento da sua marca. Segundo os relatos dos gestores, a instituição, na sua totalidade, deve respirar a marca e observa-se uma harmonia nas suas percepções. O entrevistado R4 enfatiza que a primeira pessoa que deve se comprometer com a marca da sua IES é o próprio reitor. No entanto, o líder inspeciona o setor de marketing no seu processo de gerenciamento. Quadro 17 – Percepção dos entrevistados sobre a responsabilidade da marca na IES IES Reitor Responsável de marketing 1 Todos são responsáveis Todos são responsáveis 2 Setor de marketing operacionaliza Setor de marketing da IES Todos são responsáveis 3 Setor de marketing avalia o processo Todos são responsáveis Todos são responsáveis 4 Setor de marketing operacionaliza Todos são responsáveis Todos são responsáveis Fonte: elaborado pelo autor. A partir do Quadro 17 é possível constatar as percepções dos entrevistados em relação à responsabilidade da gestão da marca na instituição. Observa-se que entre os profissionais da área de marketing as opiniões divergem. Infere-se desta divergência um conhecimento superficial sobre a necessidade de todos atuarem no processo da gestão da marca. 4.2.5 Desafios da gestão da marca nas IES As percepções dos entrevistados em relação aos desafios que as instituições de ensino enfrentam na implementação da gestão da marca estão descritas nesse tópico. A identificação das possíveis barreiras pode auxiliar os reitores e os responsáveis de marketing a conhecerem melhor as forças e fraquezas da IES. 106 4.2.5.1 Percepção dos reitores sobre os desafios da gestão da marca na IES Esse item apresenta as percepções dos reitores sobre os desafios da gestão da marca nas instituições de ensino superior. Keller e Richey (2006) discutem alguns desses desafios, dentre os quais as ações de marketing e as decisões tomadas. Os reitores assim se pronunciaram: “Um dos desafios é a IES viver seu posicionamento a todos os passos. Quando pensamos ser uma instituição arrojada que busca inovação posso ter problemas na frente” (Entrevistado R4). “As pessoas saberem e entenderem o que a marca representa para a IES através daquele símbolo ou imagem. Outro desafio é a instituição se preocupar em disseminar aos seus colaboradores o que ela representa” (Entrevistado R3). “Os desafios são grandes especialmente quando nós temos atividades múltiplas, muitas vezes são atividades envolvidas com o estado” (Entrevistado R2). “[...] queremos ser uma IES que desenvolve a cultura [...] ser inovadora [...] e a comunidade acadêmica é muito diversificada e possui uma inercia muito grande e não gosta de mudança [...]” (Entrevistado R4). O desafio da IES no posicionamento eficaz da marca é uma das preocupações dos reitores pesquisados. A consolidação da identidade institucional, o cumprimento daquilo que a instituição promete perante a sociedade são outros problemas e não parecem tão fáceis de ser alcançados. Os relatos dos reitores demonstram os reais desafios que enfrentam e reconhecem a complexidade do processo da gestão da marca. A busca pela inovação e múltiplas atividades são fatores divergentes se comparados aos estudos de Chapleo (2007) em relação às barreiras e as dificuldades. O relato do entrevistado R1 demonstra algumas dessas divergências. “Cada vez mais global, veloz e intenso, o cenário educacional propõe/impõe desafios, a partir da constância de uma única variável: a mudança. Por isso, a gestão da marca de uma IES deve ser sinônimo de vanguarda, explicitando, permanentemente, os novos conteúdos, as metodologias e as novas modalidades de ensino, pesquisa e de extensão, visando estimular a captação, retenção e fidelização dos públicos-alvo com os quais atua (hoje, requerentes do aprendizado dinâmico, recíproco e permanente), além de contribuir com o bem-estar das comunidades, em qualquer tempo e local, minimizando o risco da defasagem do portfólio”. Esse depoimento destaca o desafio que as instituições enfrentam em relação à adaptação de sua forma de administrar dentro desse novo cenário educacional do Brasil. Na sua percepção, a gestão da marca não visa somente à definição da identidade institucional, mas busca ir muito além e comunicar as diferenciais, os atributos e suas principais atividades. Essa ideia, sim, é convergente com estudos de Chapleo (2011) em que comenta sobre algumas 107 funções da marca que são: comunicação das vantagens competitivas, desempenho e também aclarar a essência da IES. 4.2.5.2 Percepção dos responsáveis de marketing em relação aos desafios da IES Os relatos dos gestores de marketing estão baseados nos seguintes argumentos: “Precisa-se do apoio da gestão superior neste trabalho de gestão da marca” (Entrevistado M2). “Precisa profissionalizar a estrutura, tanto em nível de gestão, uma instituição de administração privada, mas continua com a visão de uma instituição pública. A gestão de nossas instituições é decadente” (Entrevistado M1). “As instituições da ACAFE precisam evoluir em relação ao marketing, [...] a gestão do IES foi muito receptiva em relação aos trabalhos da gestão da marca.” (Entrevistado M4). “Um dos desafios que temos é o posicionamento da marca regionalmente e outro desafio é pela entrada de novos concorrentes” (Entrevistado M3). As percepções dos entrevistados são diversificadas e sinalizam, de certa forma, alguns desafios comuns como envolvimento da gestão superior e compreensão da aplicação de marketing nas instituições de ensino superior. Apresentar uma clara visão do processo para os gestores é tarefa desses profissionais. Chapleo (2005) contribui no esclarecimento dessa questão ao afirmar que a falta de participação da alta administração depende do convencimento dos profissionais da área, da eficácia das ações de marketing, e a sua associação com o sucesso da marca em outras instituições. O entrevistado M4 relatou que “[...] outro desafio é manter uma equipe que possui o mesmo espírito em relação à marca e seu posicionamento [...]” com essa afirmação revela que a escolha de uma equipe para executar a gestão da marca e o sucesso desse processo depende das habilidades, do conhecimento abrangente do profissional e seu comprometimento. O sucesso do trabalho desse setor pode ter efeitos nos resultados das ações de marketing e no convencimento da alta administração da IES. Chapleo (2010) destaca a dificuldade dessa tarefa de gerenciamento e a sua relação com a cultura organizacional. O relato do entrevistado M1 diz que “[...] o desafio da marca é a instituição trabalhar a universidade num processo permanente de inovação. Se a instituição submeter ao seu públicoalvo um processo de crescimento com qualidade e transparência, mostrando que aluno entra e sai satisfeito, o aluno vai ter a instituição como referência da marca essa é a solução do problema [...]”. 108 A inovação, segundo Aaker (2003), é considerada um dos diferenciadores da marca de uma organização, mas é um objetivo difícil a ser alcançado devido a aplicação de pesquisa e desenvolvimento constante e o custo elevado. Quanto à qualidade de ensino, esta não depende somente dos esforços da instituição, mas envolve, sim, o desempenho do aluno neste processo, comentado em cocriação de valor na IES, por Bowden e D’Alessandro (2011). Acredita-se que a satisfação do aluno é resultado do desempenho da IES e do próprio acadêmico. As percepções dos entrevistados até então resumem em convencimento de alta administração, qualidade dos produtos e serviços, inovação e o posicionamento da marca. Outros entendimentos apontam para a relação com os novos concorrentes e a aplicação de marketing nas IES. Chapleo (2007) comenta que o convencimento do público interno é resultado de ações permanentes no sentido de uma visão clara da gestão da marca. Quando o respondente cita a decadência da gestão da IES como um dos desafios, entende-se que para essa instituição, não seria uma tarefa fácil discutir questões relacionadas à gestão da marca, pois existe uma certa dificuldade no sentido de visualizar os conceitos básicos de marketing. Dentre os desafios citados em relação ao comprometimento do público interno da instituição, nota-se, também, alguma dificuldade quanto ao convencimento do corpo docente para participar no processo de gestão da marca. Chapleo (2004) enfatizou que o não envolvimento de todos é um dos principais fatores que dificulta a construção da marca e destaca a lealdade como passo inicial para aceitação interna, o que converge com os relatos dos gestores das IES. O relato do entrevistado R4 destaca que: “[...] algumas pessoas próximas da gestão só se convenceram mesmo quando visualizaram os resultados após aparecer nas pesquisas [...]”. O Quadro 18 mostra os fatores mais relevantes comentados por entrevistados, observase que as preocupações dos reitores e dos responsáveis de marketing apresentam pontos distintos. Enquanto o reitor da IES2 considera como desafio o convencimento do público interno e as diversas atividades da instituição; por outro lado, o responsável do setor de marketing da instituição aponta a dificuldade em conseguir o apoio da administração superior na implementação dos processos e as atividades relacionadas à gestão da marca. Esse fato é percebido também na IES1 que destaca os problemas com a resistência dos colaboradores em aceitação das estratégias de marketing e o reconhecimento da reitoria, o que de certa forma demonstra a ausência de planejamento e comunicação nas duas IES. 109 Quadro 18 – Percepção dos entrevistados sobre os desafios da IES IES 1 Reitor Resistência à mudança Responsável de marketing Gestão da IES decadente Marca de referencia Satisfação do aluno 2 Múltiplas atividades da IES Apoio de administração superior 3 Convencimento do público interno Posicionamento da marca Divulgação da marca amplamente Entrada de novos concorrentes Posicionamento da marca 4 Posicionamento da marca Aplicação dos princípios de marketing Resistência à mudança Apoio do corpo docente Comprometimento da equipe Novas oportunidades Fonte: elaborado pelo autor. As múltiplas atividades das instituições e a mudança na forma de pensar e agir são mencionadas por reitores como barreiras na gestão da marca. Quanto à diversidade, as IES possuem diversos serviços que envolvem públicos diferentes e podem influenciar no desempenho da marca. A mudança no comportamento dos colaboradores interfere na cultura organizacional e exige um esforço maior por parte da administração. Os resultados dos estudos de Chapleo (2007) em relação à cultura institucional e à complexidade na aceitação do conceito da marca, por não possuir o foco comercial e também a dificuldade com relação às diversas atividades da instituição no gerenciamento de uma única marca são convergentes. 4.2.6 Estratégias de marketing das IES Neste tópico o objetivo é descrever as estratégias de marketing que as instituições pesquisadas utilizam para evidenciar seus produtos e serviços e diferenciar-se em relação a outras, dentro do contexto regional ou nacional. O conjunto dessas estratégias contribui na montagem da estrutura da competitividade da instituição e define a real capacidade e os fatores de diferenciação da marca. Heyes e Liston & Heyes (2004) destacam que a relação entre entradas e saídas identifica a eficiência das ações de marketing da IES. 110 4.2.6.1 Estratégias de marketing das IES na percepção dos reitores Os reitores, sobre essa questão, se posicionaram com os seguintes relatos: “[...] no primeiro momento buscou estratégias expansionistas porem nos últimos anos está trabalhando com estratégia da qualidade. Investimento em stricto-sensu. Esse é um diferencial a nível regional. Os cursos de mestrado e futuramente o doutorado irão fazer diferença na graduação e representam um reflexo na imagem institucional [...]” (Entrevistado R3). “Nada vale a pena ser anunciado se não tiver base real, não entregar o que prometeu pode cair na descrença e [...] temos uma diferenciação que é a qualidade, a seriedade e a credibilidade. Qualquer equívoco, reconhecemos [...]" (Entrevistado R4). “[...] as campanhas de marketing e o processo seletivo feito pela instituição podem ter bons resultados, mas o melhor resultado é na sala da aula quando professor representa a reitoria, a marca e todos os professores, pois se o professor na sala de aula dá uma mancada a culpa é do professor da instituição [...]” (Entrevistado R2). Os reitores tiveram percepções similares quanto aos responsáveis de marketing, em considerar a qualidade como estratégia de diferenciação. Eles destacaram ainda que os cursos de pós-graduação, mestrado e doutorado, são importantes para as IES. O outro fator que foi considerado relevante diz respeito ao comprometimento do corpo docente com os objetivos da instituição. Os professores, na opinião dos reitores, agregam valor, desde que tenham domínio na sua disciplina, conteúdo que lecionam, dedicação e disponibilidade para atender às exigências da instituição e dos acadêmicos. Froemming (2001) comenta sobre a dificuldade no atendimento das exigências do aluno e sugere, em alguns casos, a segmentação. De acordo com Waeraas e Solbakk (2009), num mercado em que os alunos são tratados como clientes as instituições devem utilizar bem o marketing para manusear e realçar suas competitividades. Neste contexto, a fala abaixo se mostra esclarecedora: Por intermédio da comunicação social, que lidera o relacionamento com as mídias espontâneas, focamos - por intermédio de jornal on-line, televisão, editora e comunicação interna – na consolidação da divulgação científica que publicisam a competência instalada dos nossos discentes, docentes e parceiros. No marketing, num trabalho integrado com a área de comunicação social, a partir de pesquisas de inteligência competitiva, atua-se na concepção e implementação de campanhas institucionais e programadas visando à captação, retenção e à fidelização dos públicos-alvo com os quais atuamos (Entrevista R1). O comprometimento do corpo docente e dos funcionários da instituição comentados por reitores e profissionais de marketing das instituições pesquisadas é a consequência do sucesso da gestão da marca. A busca pela estratégia de diferenciação não é tarefa fácil para os reitores e está relacionada com as competências da IES. Manter cursos de pós-graduação, mestrado e doutorado, exige da instituição recursos e profissionais qualificados. A inovação 111 permanente, novos cursos de graduação e serviços também precisam de recursos financeiros o que é um dos desafios constantes dessas instituições. A filantropia e a extensão comunitária, através de diversos cursos e programas de pesquisa e extensão das instituições, podem ser consideradas formas de diferenciar-se das outras, mas a sua continuidade e qualidade são indispensáveis para o sucesso. Outra consideração que se destaca refere-se à inexistência de qualquer relato feito pelos entrevistados a respeito do impacto dos atributos da ACAFE e sua influencia, direta ou indireta, na competitividade das instituições-membros e se esse fato pode ser considerado um diferenciador que agrega valor à marca da IES. 4.2.6.2 Estratégias de marketing da IES na percepção dos responsáveis de marketing As falas dos profissionais da área de marketing da instituição, tais como: “Os cursos de stricto-sensu (mestrado e doutorado) são diferenciais da nossa marca. O trabalho comunitário, museus e em termos de saúde temos grandes contribuições que são reconhecidas pela comunidade local. Os cursos de graduação [...] são diferenciais que buscamos oferecer para o mercado educacional” (Entrevistado M2). “A valorização, ela compreenderia primeiro por uma revolução interna em nível de conceito do professor e aluno e conceito de funcionalidade...” (Entrevistado M1). “[...] Possuímos dois projetos específicos que elevam nossa marca em nível de religiosidade. Um é o projeto cultural e o outro é a orientação profissional que são os diferenciais da nossa marca. Possuímos também a qualidade como diferenciação [...]” (Entrevistado M4). “[...] Aqui a qualidade de ensino é um dos diferenciadores, formação e qualidade de docência, bolsa de estudo, outra estratégia que se formou por ser a primeira instituição da região [...]” (Entrevistado M3). Em relação às estratégias elaboradas pelas instituições percebe-se uma divergência na opinião dos entrevistados que entendem a qualidade de ensino como um importante diferenciador; e outros, que consideram a relação com a comunidade, a extensão comunitária (orientação profissional e cultura), os cursos de graduação e a pós-graduação stricto-sensu, ações importantes na busca pela liderança e posicionamento. É importante destacar que a qualificação do corpo docente e a qualidade de ensino são consideradas como requisitos básicos para qualquer instituição de ensino superior que pretende manter-se competitiva no mercado educacional. As ações sociais e esforços realizados nas áreas de cultura e esporte na percepção dos entrevistados podem ser considerados fatores importantes para divulgar a marca da 112 instituição, embora considere complexa a sua gestão, especialmente nas atividades esportivas. Nesses casos, o fracasso numa dessas atividades pode afetar a imagem da marca da instituição e prejudicar o seu posicionamento. A complexidade da definição das características únicas da IES e a sua essência é comentado por Wareaas e Solbakk (2009) que entendem ser difícil a sua combinação com outras atividades. O pioneirismo na área de educação superior na região também foi destacado como uma diferenciação em relação às IES que possuem menos tempo de existência. Já comparando com outros membros de ACAFE onde sua maioria são fundações com perfil e características similares não se considera diferenciação. “Se a instituição submeter um processo de crescimento com qualidade e transparência, mostrando que o aluno entra e sai satisfeito, o aluno tem a instituição como referência da marca. Esse é a solução do problema” (Entrevistado M1). Esse relato destaca a qualidade de ensino como uma das estratégias que as suas instituições buscam para se diferenciar. A satisfação do aluno como diferenciação e tornar a instituição como a referência da marca são tarefas difíceis que exigem esforços de todos os membros da organização no sentido de oferecer produtos e serviços com qualidade superior. Realmente o acadêmico pode avaliar a qualidade e o desempenho da instituição na sua percepção, mas o sucesso e bom resultado dependem de ambos. O aluno e a instituição possuem papéis importantes na definição dessa qualidade, como explicam Prahalad e Ramaswamy (2004; 2004a) quando da definição de cocriação de valor nos serviços educacionais. Uma marca forte geralmente é acompanhada por produtos e serviços de qualidade onde ambos desenvolvem um efeito que influencia no processo de escolha e na tomada de decisão do público-alvo. Segundo estudos do Chapleo (2004), a qualidade e a reputação possuem uma relação mais próximo do que com a marca. Instituições que apresentam desempenho superior e buscam a satisfação dos alunos conseguem um posicionamento eficaz no mercado. O Ranking das melhores IES no mundo é determinado pela qualidade e performance dos seus produtos e serviços. O Quadro 19 traz os apontamentos dos entrevistados e observou-se a credibilidade da instituição e a lealdade do aluno como vantagens competitivas. Outras ideias são relacionadas aos serviços que também são diferenciadores da marca. A credibilidade e a seriedade nas ações refletem na reputação e pode ser um diferenciador potencial para uma instituição de ensino, é o que afirma Chapleo (2007). Em relação ao pioneirismo no ensino Waeraas e 113 Solbakk (2009) acreditam que os valores tradicionais das instituições, entre eles: história, herança cultural e acadêmica são insuficientes para sua diferenciação. A relação entre a marca e a qualidade é visível nas instituições norte-americanas. Isso ocorre devido a um desempenho superior dos produtos e serviços e seu reconhecimento mundial. O esforço contínuo da IES em melhorar a qualidade e satisfação das necessidades e desejos do aluno se reflete diretamente na imagem, reputação e, consequentemente, no processo da gestão da marca. Quando a instituição busca vantagens competitivas através de sua identidade institucional, o primeiro passo é garantir a qualidade e a credibilidade em todas as suas atividades. Quadro 19 – Percepção dos entrevistados da competividade da IES IES Reitor 1 Comunicação com o mercado Fidelização do aluno 2 Qualidade do ensino 3 Qualidade de ensino Cursos de pós-graduação 4 Qualidade de ensino Credibilidade Reconhecimento dos erros Responsável de marketing Qualidade de ensino Satisfação do aluno Transparência Cursos de pós-graduação Filantropia Cursos de graduação (nicho) Qualidade de ensino Qualificação do docente Tradição em ensino na região Atividades esportivas e culturais Orientação profissional Qualidade dos serviços Fonte: elaborado pelo autor. É importante ressaltar que dentro do conjunto das estratégias de marketing comentados pelos entrevistados nenhum deles mencionou o preço. As instituições do sistema ACAFE enfrentam diversas dificuldades para manter suas finanças equilibradas em função da estrutura física ampla, corpo docente qualificada, expressivos recursos humanos e diversidades de cursos e serviços. Assim torna-se difícil cobrar mensalidades menores que as IES privadas que possuem quadro de professores e recursos humanos reduzidos e enxutos. No entanto, o maior esforço consiste em buscar diferenciações e enfoques que justificam os valores determinadas para seus produtos e serviços. 114 4.2.7 Imagem da IES Para avaliar as percepções dos entrevistados referentes aos principais indicadores da IES utilizados na mensuração do desempenho de marketing foi necessário verificar outros tópicos como imagem e reputação. É importante a definição precisa desses termos na instituição, pois eles auxiliam os reitores e os responsáveis de comunicação e marketing no direcionamento de suas estratégias de marketing, em busca das vantagens competitivas. Com este tópico objetiva-se analisar a percepção dos reitores e os profissionais da área de marketing e comunicação, referente à imagem de sua instituição e descobrir os recursos utilizados para sua avaliação. A sua definição possui um papel importante na gestão da marca da IES. Segundo Chapleo (2011), uma das tarefas da marca é a comunicação da imagem real para os diversos públicos. 4.2.7.1 Imagem da IES na percepção dos reitores A imagem da instituição mostra à sociedade a sua verdadeira essência, englobando todas as suas atividades. A influência da imagem da marca da universidade e a percepção do aluno mereceram atenção especial nos estudos de Judson et al. (2009). A influência do sucesso profissional do egresso destaca-se no relato do reitor R2: “Temos os empresários e pessoas de destaque que são egressos da IES e projetam uma imagem positiva da instituição a nível nacional e pode se utilizar como estratégia de marketing”. O entrevistado também acrescentou enfatizando o comportamento dos colaboradores na projeção da imagem como: “Quando os funcionários e professores participam nos conselhos externos e querem atrair atenção falando em nome da instituição ou utilizando o nome da instituição e isso dificulta a avaliação da imagem da instituição como é o caso do intercambio dos acadêmicos nas outras instituições estrangeiras. Sempre associa a imagem da instituição com bons resultados. Quando alunos vão participar nos eventos estudantis ou exames nacionais precisam ter bom desempenho, pois esse resultado afeta a imagem da instituição” (Entrevistado R2). Os reitores demonstram percepções mais claras em relação às formas e reais capacidades em divulgar a imagem de sua instituição, assim mencionaram os formados que possuem sucesso profissional e os que ocupam posições de destaque na sociedade. Neste mesmo sentido, Kotler e Fox (1994) consideram a imagem, ou seja, como um dos fatores que influencia na comunicação do desempenho da IES e para Stevens et al. (2008) a aprovação da comunidade empresarial é importante na projeção da imagem da instituição. O depoimento do 115 entrevistado R2 ressalta que os funcionários possuem um papel importante na construção e na propagação da imagem. Os professores, por sua vez, podem compartilhar essa imagem positiva da IES perante os alunos, a sociedade e os diversos órgãos que participam e representam a instituição a nível regional, nacional e internacional, desde que sejam leais aos objetivos de sua instituição. As falas dos reitores, ainda sobre a imagem são: “A marca influencia nas estratégias de marketing, mostra a reputação e imagem da IES [...] Enquanto identificação regional e comunitária possui uma responsabilidade muito grande [...]” (Entrevistado R3). “Imagem e reputação não são factuais; são construídas, diariamente. Por exemplo, atuamos, por intermédio da constante melhoria de produtos, serviços e dos relacionamentos da Universidade para potencializar a consolidação de ambas. Para tanto, pesquisas são realizadas e estratégias implementadas. Atualmente, procuramos consolidar a excelente colocação (quantitativa e qualitativa) no ranking das IES Catarinenses, no que tange à percepção e escolha pública” (Entrevistado R1). Esses últimos relatos mostraram que na percepção dos reitores a marca exerce um importante papel na divulgação da imagem e a sua construção depende das ações contínuas da instituição perante a sociedade. As IES aplicam pesquisas para verificar a imagem, mas não de forma habitual e sistemática. Judson et al. (2009) acreditam que a imagem da instituição está relacionada também com o estilo de administração dos reitores. 4.2.7.2 Imagem da IES na percepção dos responsáveis de marketing A imagem que a instituição busca transmitir para sua comunidade interna e externa depende do conjunto das ações realizadas e a transparência em suas atividades por meio de um processo de gestão da marca. Stevens et al. (2008) destaca a importância da avaliação da imagem no desenvolvimento das estratégias de marketing e Soegoto (2009) comenta sobre o ambiente de marketing e seu efeito na imagem da IES. Outros relatos merecem destaque: “[...] também avaliamos a imagem pelo fechamento dos cursos e índice de candidato por vaga [...]” (Entrevistado M3). “Temos o PDI da instituição, e a comissão própria de avaliação que verificam a imagem da instituição” (Entrevistado M2). “Essa imagem deve ser percebida pela comunidade. A imagem que constrói é a imagem que se passa para fora. A instituição começou trabalhar a imagem da 116 marca a partir de dentro” (Entrevistado M1). “Temos a essência da nossa marca que é transformação... não queremos ser simples patrocinador [...]” (Entrevistado M4). A percepção dos entrevistados é divergente em relação ao entendimento da definição da imagem da instituição. Gupta e Singh (2010) enfatizam que as expectativas geradas pelas atividades promocionais devem estar em conformidade com a realidade da IES, caso contrário podem afetar a imagem. Os depoimentos dos responsáveis de setor de marketing ou comunicação não transmitem clareza referente aos métodos utilizados. A comissão de avaliação e sua menção nos documentos oficiais da instituição é uma formalidade exigida pelos órgãos governamentais. A imagem reflete a situação da instituição naquele exato momento, dependendo dos resultados de uma série de acontecimentos. É pertinente destacar que, apesar da alta demanda referente às vagas nos cursos servir como um indicador de desempenho, mas não mostra a real percepção do público-alvo, pois isso também depende da localização geográfica da IES e o contexto mercadológico (fato observado pelo pesquisador). O relato do entrevistado M4 destacou a transformação como a essência de sua marca e apontou ainda que a instituição não pretende ser uma simples patrocinadora de eventos. Essa afirmação mostra o real entendimento da função da marca e a compreensão da imagem que a IES pretende projetar na sociedade. Esse foco regional e transformacional converge com estudo do Chapleo (2009) nas instituições inglesas, e que demonstra que possuem comportamentos similares mesmo nos contextos diferentes. Conforme Bravin (2006), a qualidade de uma instituição é afetada por uma imagem negativa e isso deixa seu público em dúvida nas suas escolhas pelos produtos e serviços. Kotler e Fox (1994) comentam sobre a associação da marca e o prestígio da IES. Demonstrou-se, por meio do Quadro 20, a sua importância na percepção dos entrevistados, bem como as dificuldades na projeção dessa imagem por intermédio de ações do marketing e a sua conexão com a marca. A imagem da instituição surge em trabalho executado por Palácio, Meneses e Pérez (2002), e destacam a influência da marca no comportamento de quem vai comprar o serviço educacional. A imagem é considerada por eles como um forte fator de decisão, atraindo os mais diversos públicos, sendo de grande relevância para as instituições que querem permanecer competitivas no mercado. 117 Quadro 20 – Percepção dos entrevistados sobre a imagem da IES IES 1 Reitor Responsável de marketing Ranking dos cursos da IES Constante melhoria dos serviços da instituição Aceitação do publico interno produtos e Imagem é construída diariamente 2 Desempenho da instituição Não definiu com clareza a sua posição. Desempenho do aluno Egressos com sucesso profissional 3 Identificação regional e comunitária Fechamento dos cursos Numero de candidato por vaga 4 Não comentou sobre o tema. Transformação da sociedade Fonte: elaborado pelo autor. 4.2.8 Reputação da IES Outro tópico importante diz respeito à percepção dos reitores e profissionais de marketing em relação a esta variável que, na opinião de alguns gestores, é equivocada com a marca. A reputação e imagem se diferenciam em alguns aspectos, embora caminhem juntas e influenciam nas estratégias da instituição. Kotler e Fox (1994) destacam a reputação acadêmica como um dos influenciadores na construção de vantagens competitivas para as universidades. A conquista de uma reputação reconhecida pela sociedade é muito complexa e trabalhosa, e a sua recuperação mais difícil ainda. 4.2.8.1 Reputação da IES na percepção dos reitores A reputação é construída pelas pessoas e as atividades exercidas por elas respeitando princípios éticos da sociedade de forma geral. O ambiente organizacional, o desempenho financeiro, responsabilidade social e principalmente a qualidade dos produtos e serviços são elementos importantes na sua consolidação. Judson et al. (2009) consideram que a reputação é percebida pelo público-alvo e influencia na sua decisão de escolha. Os relatos dos gestores das instituições pesquisadas são: “A reputação que nós sempre pretendemos dar para que a nossa marca possa ser não só bem conceituada bem aceita e 118 lembrada muitas vezes não decorre tanto de observar a marca, mas observar o fazer com qualidade” (Entrevistado R2). “Reputação requer identidade, tradição, qualidade e prazo (longo prazo). Consolidá-la e reverberá-la, por intermédio da gestão da marca, significa aliar direcionadores estratégicos institucionais (missão, valores e visão) ao oferecimento de produtos, processos e serviços críveis e qualificados, garantindo o estímulo e a fidelização das atuais e futuras demandas” (Entrevistado R1). “As pessoas devem entender que essa IES não é uma instituição fácil e isso é a reputação” (Entrevistado R4). “A marca influencia nas estratégias de marketing, mostra a reputação e a imagem da IES” (Entrevistado R3). Embora os entrevistados mencionem a qualidade como importante fator na definição de reputação da instituição, outras percepções como a credibilidade, seriedade e gestão eficiente merecem destaque. Este é o depoimento do entrevistado em relação à importância da gestão da marca na comunicação da reputação, convergindo com Chapleo (2011) que considera essencial em divulgar a imagem e realçar a reputação da IES. A reputação é importante na percepção dos entrevistados e é compreendido o seu significado. O entrevistado R1 menciona a relação que existe entre a reputação e as características como identidade, tradição, qualidade e prazo. Percebe-se que são os elementos essenciais para a sua construção. A qualidade e a tradição em longo prazo, e a identidade da instituição são refletidas pela sua marca. O caráter difícil da IES é uma das facetas da personalidade que representa a sua identidade, e com passar de tempo torna-se parte de sua reputação. Os reitores demonstram de certa forma um bom nível de entendimento em relação a este tópico. O entrevistado R2 acrescentou enfatizando o desempenho das atividades da IES na projeção da reputação como: “Eu não sei se as atividades institucionais quando são desenvolvidas elas não são pensadas no sentido de serem associadas à marca, quer dizer se desenvolve uma atividade e o desempenho e bom resultado da atividade se acopla ou se considera pelo fato de tradição institucional pelo fato de que há um respaldo de toda instituição no desempenho daquela atividade, [...] há atividades que às vezes de certa forma podem criar respingos a marca”. 4.2.8.2 Reputação da IES na percepção dos responsáveis de marketing A reputação é conquistada por uma organização durante um longo período de tempo e a sociedade acompanha este desenvolvimento por intermédio da avaliação das imagens projetadas. As atividades, a qualidade dos produtos e serviços, as respostas da instituição em relação às diversas situações perante a sociedade, as ações de marketing e outros participam na definição da sua reputação. Seu importante papel na gestão da marca foi destacado por 119 Chapleo (2004) e Heyes e Liston Heyes (2004), que enfatizam a dificuldade da IES em sua definição e comunicação. Os relatos dos entrevistados trazem ideias como: “A reputação da IES é excelente e temos muitos projetos filantrópicos, atendemos a comunidade de várias maneiras” (Entrevistado M3). “Em relação à reputação pode-se considerar uma universidade séria, o único problema é que ainda não está definida se é pública ou privada” (Entrevistado M1). “A reputação é definida pelo planejamento estratégico” (Entrevistado M2). “Queremos ser uma IES [...] atuante como promotora e como incentivadora, envolvendo diversas atividades da instituição [...]” (Entrevistado M4). A opinião dos entrevistados não possui a mesma linha de pensamento na conceituação da reputação de suas instituições. Percebe-se que não existe uma definição clara a respeito de seu significado. Na opinião do profissional de marketing, definir a seriedade como um dos indicadores na definição da reputação da IES não é suficiente. A extensão comunitária e filantropia envolvem diversas atividades que em conjunto com outros atributos podem comunicar a imagem e o papel comunitário. Sendo pública ou privada, independente de sua natureza jurídica, não influenciaria na sua projeção para público externo. Chapleo (2004) destaca que a reputação é a percepção do público sobre a qualidade geral da instituição. No Quadro 21, de forma resumida, têm-se os resultados deste tópico, nos quais se observou outras percepções como: tradição da IES, filantropia e o envolvimento com a comunidade local, considerados à reputação. A qualidade e seriedade nos serviços da instituição foram os mais destacados. Todas as ações da instituição devem ser aliadas com a sua essência, singularidade e o foco regional. Quadro 21 – Percepção dos entrevistados sobre a reputação da IES IES 1 Reitor Identidade institucional Responsável de marketing Seriedade Tradição Qualidade dos serviços 2 Qualidade dos serviços Definida pelo planejamento estratégico 3 Não definiu com clareza a sua posição. Filantropia Extensão comunitária 4 Seriedade nos processos da IES Promoção de cultura e esporte Extensão comunitária Fonte: elaborado pelo autor. 120 O entrevistado M2 relata que a reputação é definida pelo planejamento estratégico da instituição. É pertinente ressaltar que este profissional, de certa forma, não possui conhecimento suficiente em relação ao tema, pois essa é construída e conquistada por meio da soma das ações e imagens desde o início das atividades da IES. Charnatony (1999) destaca a comparação entre identidade da marca e a sua reputação na percepção dos stakeholders, e o Chapleo (2004) cita o envolvimento do público interno na sua conquista. 4.2.9 Desempenho de marketing da IES O objetivo deste tópico é descrever a percepção dos reitores e responsáveis de marketing das IES em relação ao desempenho de marketing referente à eficácia das ações realizadas e o que consideram como indicadores não financeiros. Para Beard (2009) as instituições de ensino podem utilizar as mesmas técnicas das organizações comerciais para medir seu desempenho. 4.2.9.1 Percepção dos reitores sobre o desempenho As técnicas de mensurar o desempenho de marketing auxiliam a instituição a visualizar o sucesso das ações de marketing e os objetivos alcançados. As instituições, mediante essas informações, podem definir estratégias mais eficientes e tomar decisões melhores. Clark (2001) deixa clara a importância da medição de desempenho em relação às exigências da instituição e o público-alvo. Os relatos dos gestores pesquisados, tais como: “As manifestações e projeções do egresso, a empregabilidade são formas de medir o desempenho de marketing da instituição. O guia do estudante também serve para classificar as instituições e projeta isso a nível nacional” (Entrevistado R2). “Para medir o desempenho de marketing da IES devemos analisar o retorno do nosso público, não somente graduação, mas também quando a IES é chamada para participar nos projetos regionais e estaduais. É possível mensurar desempenho com participação do nosso público-alvo através da participação nos serviços da IES. Qualidade e imagem da IES também são importantes para medir desempenho de marca da instituição” (Entrevistado R3). “Temos pesquisas que fazem monitoramento periódico da marca e indicadores de vestibular [...] para medir o desempenho” (Entrevistado R4). “A mensuração do desempenho de comunicação e marketing (na IES, integrados) é realizada por intermédio da área de Inteligência Competitiva que avalia os dados e as informações remetidos aos 121 públicos-alvo com os quais atuamos, dos discentes aos parceiros externos (o que inclui o mercado – suas ameaças e oportunidades)” (Entrevistado R1). Os entrevistados demonstram sua concordância em relação à importância de ter indicadores de desempenho de marketing da instituição. Os entrevistados R4 e R1 mencionam a inteligência de marketing e pesquisa permanente para mensurar o desempenho, mas é pertinente ressaltar o relato do entrevistado R4, que é categórico em relação ao monitoramento periódico da marca. A opinião desse último converge com o que diz Gupta e Singh (2010) quando explicam que a marca na IES é definida com base da sua essência e com Chapleo (2011) que reforça essa ideia da marca explicando que se deve comunicar aos seus públicos o real desempenho da instituição. 4.2.9.2 Desempenho na percepção dos responsáveis de marketing da IES As instituições de ensino superior utilizam a avaliação institucional recomendada pelo Ministério da Educação para definir o desempenho dos alunos e professores, e o MEC também aplica o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE para verificar o desempenho da IES de forma geral. Essas modalidades servem para identificar as medidas de qualidade, mas a instituição precisa de outros indicadores para medir o desempenho de marketing. Clark, Abela e Ambler (2006) consideram a sua mensuração importante no fornecimento de informações estratégicas. Os responsáveis de marketing das instituições relataram também que o “Setor de marketing é quem determina quem vai criar algumas estratégias, organiza e planeja, mas todos desde o atendimento até corpo docente são responsáveis pelo desempenho de marketing” (Entrevistado M3). “Temos atributos da marca como empregabilidade, conectividade, conveniência, vanguarda e inovação” (Entrevistado M4). “Para verificar o desempenho de marketing não temos pesquisas há muito tempo. Utilizamos indicadores de imprensa para medir nosso desempenho. Em pós-graduação obtivemos bom desempenho. Não temos ferramentas de aferição próprias” (Entrevistado M2). “Trabalhar bem o comportamento da linguagem. Não é sorriso cosmético, deve sentir satisfeita e disposta...” (Entrevistado M1). O entrevistado M4 considera fatores como empregabilidade, relacionamento e conveniência importantes na medição do desempenho de marketing da IES. Os autores Berry e Parasuraman (1992) e Clark (2001) indicam as medidas de saída e o mercado-alvo como importantes indicadores para mensurar o desempenho. Poucos são as instituições que aplicam 122 pesquisas periodicamente para avaliar seu desempenho, na opinião do público interno e externo. Duarte e Freitas (1999) citam a importância de medir desempenho nas IES para verificar a efetividade de alcançar os objetivos da instituição. Utilizar os indicadores externos é uma forma de se obter informações em relação ao desempenho da instituição, mas o que interessa neste tópico é descobrir o desempenho das atividades de marketing na divulgação e comunicação das vantagens competitivas e fatores de diferenciação da IES para sua comunidade. Somente pesquisas podem relatar a satisfação real dos alunos, a qualidade percebida e a imagem da instituição. Chapleo (2004) destaca que os profissionais de marketing possuem papel fundamental no gerenciamento dessas informações. O relato do entrevistado M4 dia que: “ [...] começamos trabalhar com a lógica de planejamento estratégico construir diagnóstico, fazendo pesquisas em relação à marca, a geração y, a comunidade e o ensino superior com objetivo de construir um posicionamento eficaz da marca em relação ao público-alvo [...]”. Quanto à percepção dos reitores em relação ao desempenho de marketing nota-se (Quadro 22) diferentes pesquisas em relação ao mercado, imagem e marca. Também é importante destacar comentários como: a empregabilidade e o relacionamento do público-alvo com a instituição. Retorno de egresso e indicadores de vestibular que são medidas relativas utilizadas para verificar o sucesso das ações de marketing. Quadro 22 – Percepção dos entrevistados em relação ao desempenho de marketing IES 1 Reitor Pesquisa com alunos e público externo Responsável de marketing Satisfação dos alunos Bom atendimento 2 3 Empregabilidade Indicadores de imprensa Retorno de egresso para IES Não realizamos pesquisa há muito tempo Imprensa especifica e geral Desempenho nos cursos de pós-graduação Retorno do egresso para IES Comprometimento dos funcionários Imagem institucional Setor de marketing que determina Qualidade dos serviços 4 Pesquisa de mercado Empregabilidade Indicadores de vestibular Relacionamento Conveniência Fonte: elaborado pelo autor. 123 Já em relação à importância da gestão da marca nas instituições de ensino superior os resultados demonstraram que os entrevistados possuem consciência de sua influência na imagem, identidade e posicionamento para destacar os diferenciadores da marca e é vital no processo de marketing. Segundo Martins (1989), a aplicação de marketing pode eliminar a distância que existe entre as IES com diferentes pensamentos. Para Kapferer (1998), as ferramentas clássicas de marketing não respondem as questões sobre a marca. Chapleo (2007) destaca que é difícil construir uma marca que convença globalmente todas as diversidades nas instituições. Com o objetivo de visualizar melhor as percepções dos entrevistados em relação às categorias da pesquisa elaborou-se o Quadro 23, que revela, resumidamente, as informações a respeito da gestão da marca nas instituições pesquisadas. Referente ao entendimento da marca, existem compreensões similares à reputação da instituição, o que converge com os estudos de Chapleo (2004) e Heyes e Liston-Heyes (2004) referente às instituições inglesas, mesmo que estejam em contextos diferentes. Quadro 23 – Percepções dos entrevistados das categorias da pesquisa Categoria Entendimento sobre a marca Reitor Responsável de marketing Reflexão de missão e visão Singularidade Construção da imagem positiva Reputação Qualificação da imagem Fortalecimento da marca Identidade institucional Participação da marca Abrangência regional Construção a partir da marca Imagem Comprometido com o resultado Importância marca da Construir e qualificar a imagem Marketing institucional Identidade institucional Venda dos produtos e serviços Mostrar a credibilidade Influenciar na decisão do aluno Abrangência da instituição Vital no processo de marketing Dar visibilidade Relacionamento com público Posicionamento Atender os desejos da comunidade 124 Categoria Reitor Responsável de marketing Responsabilidade Todos na IES são responsáveis Todos na IES são responsáveis pela gestão da Setor de marketing operacionaliza Setor de marketing é responsável marca e gerencia o processo por todo processo Desafios da Resistência a mudança gestão da marca Múltiplas atividades Gestão da IES decadente Satisfação do aluno Convencimento do público interno Apoio da gestão superior Divulgação da marca amplamente Posicionamento da marca Posicionamento da marca Entrada de novos concorrentes Comprometimento do equipe Aplicação de marketing na IES Apoio do corpo docente Novas oportunidades Competividade da IES Fidelização dos alunos Qualidade de ensino Qualidade de ensino Satisfação do aluno Cursos de pós-graduação Cursos de pós-graduação Credibilidade Aceitação do público interno Reconhecimento dos erros Qualificação do docente Ranking dos cursos Cursos de graduação (nicho) Resultados da instituição Orientação profissional Desempenho do aluno Fechamento dos cursos Egressos com sucesso Candidato por vaga Transformar a comunidade Filantropia Tradição da instituição Seriedade A marca da IES Definida pela gestão Seriedade da IES Extensão comunitária Promoção de esporte e cultura Desempenho de Pesquisa com alunos e o público marketing da IES Identidade institucional Bom atendimento Melhoria constante Retorno do egresso Desempenho dos cursos Imprensa especifica e geral Definida pelo setor de marketing Imagem institucional Conveniência Empregabilidade Indicadores da imprensa Qualidade de serviços Satisfação do aluno Indicadores de vestibular Relacionamento Fonte: elaborado pelo autor. 125 Em relação à responsabilidade da gestão da marca, os entrevistados concordam que deve existir o envolvimento e o comprometimento de todos na instituição. Observa-se, ainda, que os desafios da gestão da marca estão relacionados à resistência a mudança pelo público interno, apoio da alta administração, compreensão interno dos objetivos da marca, inovação e novos concorrentes. Já em relação à competitividade, os entrevistados procuraram evidenciar a qualidade como diferenciador, mas outros destaques apontam para a credibilidade, orientação profissional, cursos de pós-graduação, inovação, transformação da sociedade e inserção social. A inovação é um fator de diferenciação que, segundo Antoni (2004), necessita ter uma visão estratégica avançada. As instituições pesquisadas possuem características semelhantes e podem desenvolver metodologias ou cursos que visam abranger esse ponto, desde que se tornem perceptíveis e relevantes para acadêmicos. Em relação aos desafios e dificuldades, Chapleo (2004) destacou ainda a construção da real diferenciação e ausência de um modelo de gestão da marca, adaptado com a realidade da IES. O desempenho de marketing, na percepção dos pesquisados, pode ser considerado como a qualidade percebida, identidade institucional, reconhecimento da marca, empregabilidade, extensão comunitária (relacionamento com a comunidade em geral através dos programas de extensão), retorno do egresso, demanda pelos cursos, egressos que ocupam posições de sucesso e destaque na sociedade, indicadores de imprensa e a satisfação dos alunos. Chapleo (2011) destaca que objetivo da marca é comunicar aos seus públicos o desempenho da instituição em todos os aspectos. O que é pertinente destacar é que existem poucas semelhanças nas percepções dos entrevistados em todas as categorias. Percebe-se que há instituições que possuem um entendimento relativamente avançada sobre o tema, e outras, que ainda estão envolvidos com ações básicas e promocionais de marketing. 4.2.10 Fatores que influenciam os empregadores na seleção dos egressos e alunos das IES Neste tópico, reuniram-se as percepções dos gestores, mais especificamente as dos responsáveis pelo setor de recursos humanos das grandes empresas que oferecem oportunidades de emprego e estágio, ou empregam os egressos das instituições pesquisadas. A percepção externa é importante para verificar o desempenho real da IES quanto à imagem, reputação e qualificações dos candidatos com o intuito de utilizar essas informações na elaboração das estratégias de marketing e no processo da gestão da marca na instituição. 126 Os relatos dos gestores das empresas são: “Nós não avaliamos a instituição, mas avaliamos pelo desempenho dos formandos e o ENADE” (Entrevistado E4). “Não conseguimos avaliar, precisamente, mas acreditamos que as entregas dos profissionais que aqui trabalham são importantes referências para nós. Alguns exemplos nas áreas estratégicas: a contribuição nas melhorias dos processos atuais, a inovação, espírito inovadora, busca atualização na sua área de atuação e o pensamento crítico” (Entrevistado E1). “Verificamos o perfil pessoal e qualidade de ensino. Não avaliamos quadro de professores. Não conheço empresa que avalia quadro de professores” (Entrevistado E3). “Não utilizamos indicadores para medir desempenho da instituição, observamos a qualidade do próprio formando” (Entrevistado E2). “[...] Procuramos instituições que possuam uma boa avaliação no ENADE, ou que seja referencia no nosso estado [...]“ (Entrevistado E1) Os depoimentos dos entrevistados destacaram que as empresas não avaliam as instituições de ensino, mas sim seus egressos e acadêmicos, por meio de técnicas e procedimentos próprios para verificar seus conhecimentos e habilidades profissionais. É importante destacar o uso dos indicadores oficiais do ENADE, por duas empresas, que avaliam o conceito da instituição e a nota individual do candidato. Gupta e Singh (2010) destacam que as organizações empregadoras são como segundo consumidor para as IES. Essas organizações recebem os alunos que representam a instituição e, de forma indireta, avaliam o seu desempenho. “Os estagiários são futuros profissionais que são escolhidos principalmente pelo desempenho da instituição com base no resultado obtido no ENADE e no nível de conhecimento dos candidatos que recebemos” (Entrevistado E4). “Temos várias instituições e nenhuma tem marca nacionalmente projetada... mas não pode fechar olhos de um formando que vem de uma instituição que não possui a marca conhecida [...]” (Entrevistado E3). “Avaliamos a imagem da instituição pelos modelos positivos que temos dentro da empresa [...]” (Entrevistado E1). “[...] tem instituição que possui boa imagem, agente dá atenção e, mas a imagem não é garantia [...]” (Entrevistado E3). As empresas pesquisadas revelam que não costumam avaliar o corpo docente das instituições de ensino, devido ao acesso e a complexidade do processo. A avaliação do perfil e o desempenho profissional do aluno são indicadores suficientes para atender suas exigências. O relato do entrevistado E3 enfatiza que as instituições de sua região não possuem marcas conhecidas em nível nacional, o que dificulta a comparação com outras IES da região. No entanto, a avaliação, neste caso, continua sendo pelas características do próprio candidato. 127 As falas dos responsáveis pelos setores de recursos humanos são: “Na realidade quem vai medir o desempenho é através do profissional contratado e um pouco no período de estágio na empresa” (Entrevistado E4). “A reputação da instituição pesa na hora da contratação e parceria, tudo dependendo da formação que buscamos” (Entrevistado E2). “A gente leva em consideração a marca da instituição, mas não é algo determinante na escolha da instituição” (Entrevistado E3). “A reputação da Instituição é avaliada também pelos critérios da empresa, pessoas que são consideradas ótimos profissionais ou talentos” (Entrevista E1). “A imagem e a reputação da instituição influenciam na decisão de escolha” (Entrevistado E4). “É complexo avaliar o corpo docente [...] A avaliação do ENADE não é utilizada pela empresa” (Entrevistado E3). Em relação à imagem e à reputação da instituição de ensino, os entrevistados relataram a sua importância no processo da sua avaliação dos fatores de desempenho, mas destacaram que não influencia em relação à seleção do candidato, mas sim na dimensão das parcerias com a empresa em outros serviços. A qualidade dos produtos e serviços da IES possui uma ligação direta com a sua reputação o que justifica a sua utilização. A marca é citada por duas das empresas pesquisadas como importante no processo de tomada de decisão de escolha. Observa-se no Quadro 24 que há empresa que somente avalia as qualificações e as habilidades do aluno e não consideram relevante a imagem e reputação e a marca da IES. Já a análise da percepção dos gestores demonstra que o desempenho de marketing é associado às estratégias de marketing utilizadas pela instituição na comunicação dos fatores diferenciadores, impulsionado por um processo de marca abrangente e elaborada. As instituições que consideraram importantes fatores como: imagem, reputação e qualidade, demonstraram também que a falta de ações e resultados eficientes na comunicação se refletem na percepção desses fatores. A ausência do processo de gestão da marca influencia na assimilação das competências da IES e os indicadores avaliativos. O relato do Entrevistado E3 diz que: “Para cargos mais elaborados e específicos da empresa observamos a instituição como em todo”. A escala utilizada no quadro 24 demonstra a ênfase que cada um dos fatores possui no processo decisório das organizações empregadoras, na percepção dos entrevistados. A inexistência determina de certa forma a não relevância; enquanto as dimensões pouco e muito demostram maior destaque na decisão dos gestores das organizações. O entrevistado E4 relatou a importância de todas as variáveis e demonstrou bom nível de conhecimento da marca e das características da instituição em sua região (fato observado pelo pesquisador). 128 Esse reconhecimento é resultado de um trabalho eficiente de marketing e ações da IES dentro de um processo de gestão da marca. Quadro 24 – Fatores que influenciam no processo de seleção dos egressos da IES Qualidade Desempenho X X X X X X X X X X Muito X Pouco Inexistente Muito Pouco Inexistente X X X Muito X Pouco E3 Inexistente X Reputação Muito Pouco X E2 E4 Inexistente E1 Imagem Muito Pouco Inexistente Organização Marca X X X Fonte: elaborado pelo autor. As organizações empregadoras não possuem meios para avaliar o desempenho de marketing das IES, conforme mencionado por seus gestores. No entanto, podem julgar esse desempenho através de qualificações dos egressos, acompanhamento dos eventos relacionados à imagem e à reputação da instituição, visibilidade da marca no cenário regional e indicadores divulgados pelo MEC e órgãos competentes do contexto educacional. Na percepção dos entrevistados, a marca é um dos fatores que influencia na escolha da instituição e seus egressos. Mostra se há distinção em relação às outras instituições. Os estudos do Chapleo (2007; 2009) demonstram o importante papel da gestão da marca na comunicação eficaz e abrangente destes fatores. Observa-se a relevância desses no processo decisório das organizações e sua participação direta na formação das estratégias da IES. A marca, neste contexto, possibilita a comunicação dessas diferenciações e particularidades para diversos públicos e centralizar os esforços na aquisição das habilidades em busca de atendimento eficiente das necessidades e desejos do público-alvo. É importante destacar que as instituições que utilizaram de forma eficiente a aplicação de marketing para divulgar sua imagem, reputação e seus diferenciadores possuem esse reconhecimento pelas organizações empregadoras. A ausência de ações mercadológicas ou de comunicação reflete diretamente na visibilidade dos fatores de diferenciação de cada IES. A associação desses fatores se manifesta na comunicação da marca e na apresentação da real capacidade da instituição para a comunidade empresarial. 129 4.3 Proposta do modelo de gestão da marca para IES O objetivo deste tópico é apresentar um modelo de gestão da marca para as instituições de ensino superior que possuem características similares às das IES do sistema ACAFE. A sua elaboração pautou-se nos estudos teóricos e empíricos dos autores abordados na revisão da literatura e nos resultados da análise das percepções dos gestores nesse trabalho. Morgan (2012) destaca que para os gestores, a utilização de um modelo tem importantes implicações para a forma como eles devem pensar sobre o desenvolvimento e a execução da estratégia de marketing. A figura 7 apresenta o modelo tradicional de marketing (MTM) utilizado e adaptado pela maioria das instituições de ensino superior para elaborar estratégias de marketing. Em geral, a administração da IES designa um grupo de pessoas, composto de profissionais da área de comunicação ou marketing para realizar essas atividades concomitantes com as de publicidade, relações públicas e imprensa, dentro de uma estrutura denominada setor de marketing. Nesse formato, a pesquisa é realizada eventualmente para verificar a imagem da IES, qualidade de seus serviços e as informações sobre a demanda pelos novos cursos. Figura 7: Modelo tradicional de marketing da IES (MTM) Público interno Administração superior Público externo IES Setor de marketing Pesquisa de marketing Estratégia de Marketing Produto, Preço, Promoção e Distribuição Fonte: elaborado pelo autor. 130 A gestão da IES é composta pelo reitor, pró-reitores e os cargos estratégicos são eleitos e nomeados pela reitoria. Nos dois modelos, esses participantes são comuns e exercem as mesmas influências e poderes sobre o processo. Esse fato é convergente com estudos de Kotler e Fox (1994) e Chapleo e Simms (2010) que destacam a importância dessas pessoas na implementação dos projetos de marketing. A pesquisa de marketing é um dos componentes que é adotado pelas instituições de forma não usual e esporádica. A sua realização depende das necessidades e urgências da instituição em determinadas épocas. Os resultados e o desempenho são limitados à intensidade dessas ações e o profissionalismo da equipe. Os relatos dos profissionais de marketing da IES indicaram a ausência de uma definição clara das estratégias utilizadas. Embora o modelo tradicional possa ter sua aplicação nas instituições de ensino superior de modo principiante, mesmo assim, a sua execução com eficácia não gera efeitos relevantes sobre a marca. O público interno é composto por funcionários técnico-administrativos, professores, alunos e a estrutura organizacional da IES. O público externo compõe-se de fornecedores, concorrentes, governo federal, estadual e municipal, imprensa externa, comunidade em geral, associações de classe e outras entidades da sociedade que se relacionam com a instituição de alguma forma. A análise das percepções dos gestores das IES demostrou que somente a IES4 possui um entendimento claro em relação à marca e sua importância na elaboração das estratégias de marketing da instituição. Heyes e Liston-Heyes (2004) sugerem a busca de modelos de instituições que obtiveram sucesso na aplicação da gestão da marca para serem utilizados como benchmarking nas outras instituições de ensino. Para Waeraas e Solbakk (2009) há uma carência de estudos empíricos na área de gestão de marca nas instituições de ensino superior. Chapleo (2007; 2009) sugere, para futuras pesquisas, a elaboração de um modelo de gestão da marca com adaptação para IES. A sua construção deve se basear na imagem, reputação, responsabilidade e desafios especificos dessas instituições. Nesta perspectiva, Santos (2006) enfatiza que a criação e o desenvolvimento da marca precisam de técnicas cientificamente elaboradas. Um dos relatos dos gestores destaca essa sugestão “[...] Podemos construir um modelo de padrão de gestão de marca ou podemos importar este modelo dos outros países [...]” (Entrevistado M1). Outro relato do R2 destaca também essa necessidade “[...] a marca ACAFE e as instituições vão precisar de um apoio [...]” e o Entrevistado M4 relata que “As instituições da ACAFE precisam evoluir em relação a marketing”. 131 Se analisarmos as propostas de autores como Aaker (1997) que destaca a imagem da organização e sua relação com as associações da marca; Kapferer (1998) que discute a influência da imagem e a construção da identidade institucional; Chapleo (2004; 2007) que ressalta a importância da reputação e os desafios da instituição de ensino para gestão da marca e sua contribuição na elaboração de um modelo, podemos concluir que nas IES pesquisadas ainda há muito para se fazer em relação a essas questões, embora os esforços sejam notáveis. Aaker (1997) contribui por esclarecer o foco nas dimensões de personalidade e a identidade da marca da organização; Keller (1999) discute a proeminência da marca; Aaker (2003) ressalta as estratégias de posicionamento e a definição coerente dos diferenciadores que, por sua vez, oferecem subsídios para a sugestão do modelo MGM que abrange as variáveis da gestão da marca, da estratégia de marketing e de seu desempenho quanto à imagem, reputação e qualidade dos egressos. Essas contribuições teóricas muito contribuíram para elucidar possíveis entraves na implantação de um modelo de MGM nas instituições pesquisadas. Nesse contexto, o modelo proposto neste trabalho demonstra que o desempenho de marketing é resultado das ações elaboradas de modo sistemático e precisa, por via de estratégias, adotar uma gestão da marca capaz de abranger os recursos e também cada particularidade da instituição. O formato tradicional, segundo os relatos dos entrevistados da IES, é praticado por elas com foco especifico na comunicação e nas ações promocionais direcionadas para divulgar a instituição e seus produtos e serviços, conforme apresentado na Figura 7. Segundo Chapleo (2005) e Gupta e Singh (2010), essas práticas mercadológicas não causam efeitos significativos, por serem praticadas de forma não tão profissional. Berry (2000) destaca a experiência do cliente com relação à marca e sua influência na adoção de um modelo de marca de serviço. Esse tipo de experiência é valido para as instituições de ensino, pois envolve membros da família e várias gerações. No referencial teórico, autores como Chapleo (2005); Gupta e Singh (2010) e Beneke (2011) consideram possível perceber que o desempenho de marketing da instituição é avaliado e reconhecido pelas organizações quando existem ações de marketing planejadas e sincronizadas com os atributos e características da marca da instituição. A Figura 8 ilustra que os componentes do modelo sugerido buscam aliar as estratégias de marketing (liderança, diferenciação e posicionamento) em busca de vantagens competitivas ou as de composto de marketing (produto, preço, promoção e praça) com as informações precisas do mercado e os recursos da instituição na determinação e construção de uma marca 132 forte. Esse processo tem início com o compartilhamento de sua visão em busca de conscientização e a fidelização do público interno e finaliza na determinação dos fatores de diferenciação. Cada etapa do processo exerce um papel fundamental na consolidação da marca com o envolvimento de todos os setores da instituição, gerenciado pelos profissionais competentes e com conhecimentos específicos e experiência na área de atuação. Figura 8: Modelo proposto de gestão da marca da IES (MGM) Politico Administração superior Setor de marketing Estratégia de Marketing Gestão da marca Pesquisa de marketing Econômico Inteligência de marketing Público externo IES Feedback Social Público interno Desempenho de marketing Liderança Diferenciação Posicionamento Composto de marketing Compartilhamento da visão Identidade da marca Foco regional Singularidade Fatores de diferenciação Imagem Reputação Qualidade Fonte: elaborado pelo autor. No modelo sugerido, o envolvimento do processo de gestão da marca, em todas as áreas da organização, busca criar resultados que são perceptíveis pelo público em geral, em promover ações que evidenciam as características e a essência dessas instituições. A qualidade dos produtos e serviços da IES e o seu compromisso no contexto educacional e no desenvolvimento regional constituem o passo inicial na sua consolidação. Sobre essa questão, o entrevistado M4 se posiciona por demonstrar essa necessidade: “Os gestores da instituição 133 entendem que a marca é importante e apostam nisso como diferencial. Qualquer projeto da instituição deve ter os atributos da marca na sua elaboração”. Outra etapa importante é a definição coerente da identidade da marca, por meio do legado histórico, tradição, cultura local e sua personalidade na percepção dos diversos públicos da instituição. Em seguida identificar aspectos de sua singularidade como: ser uma instituição comunitária, filantrópica e com qualidade. Também se faz importante definir o foco regional como: desenvolvimento da sociedade em geral, a inserção social e a transformação da sociedade pela motivação em esporte e programas culturais. Já os fatores de diferenciação, como os cursos de pós-graduação, laboratórios modernos, inovação tecnológica e parcerias com a comunidade empresarial são passos que destacam a marca da IES. É pertinente ressaltar que, antes de tudo, os gestores devem compartilhar uma visão clara da gestão da marca com o público interno, pois deve haver a compreensão de sua importância e o entendimento de que o processo da marca é de responsabilidade de todos na instituição. Este trabalho de tese considera o modelo MGM melhor, no sentido de possibilitar que a instituição alcance o desempenho desejável na percepção das organizações e dos públicos de modo geral. Por isso, a pesquisa de mercado, por meio de inteligência de marketing, disponibiliza informações precisas sobre o mercado educacional, o contexto regional e nacional, a concorrência, a legislação e as tendências mundiais na área de educação superior. O setor de marketing abrange as atividades de marketing e comunicação como relações públicas, imprensa, publicidade e propaganda. Esse departamento gerencia a marca da IES com o intuito de criar estratégias eficazes que resultam em excelentes desempenhos. A gestão eficiente da marca exige a dedicação e o envolvimento de todos os setores da instituição, especialmente da administração superior. É um processo que começa no planejamento estratégico da instituição pelos gestores e perpassa os setores. O departamento de marketing e comunicação assume a operacionalização e elaboração das ações e envolve todos os membros da organização. É importante ressaltar que o feedback recebido dessas organizações empregadoras e do público externo auxilia os profissionais de marketing das instituições a melhorar continuamente suas ações e estratégias e aperfeiçoar passo a passo o processo de gestão da marca. As instituições pesquisadas costumam utilizar as estratégias de composto de marketing na sua rotina, entre elas a busca por um preço competitivo em relação aos concorrentes utilizando, para isso, práticas de concessão de bolsas de estudo de diversas modalidades e até 134 um desconto maior nas suas mensalidades. As estratégias de marketing procuram construir vantagens competitivas como diferenciar-se em oferecer produtos e serviços inovadores, apelo pelo legado histórico, sua tradição e a qualidade dos cursos por meio dos indicadores internos e externos. Pode-se perceber que essas IES possuem estruturas e características similares, adaptadas ao contexto sócio cultural de sua região e, em sua maioria, com ênfase na expansão regional. A gestão da marca canaliza os recursos da IES para construir uma identidade única que destaca claramente suas características e valores em relação aos demais concorrentes. Flexibiliza as estratégias de marketing e desenvolve diversas possibilidades que aumentam a sua robustez e sua manutenção a partir de uma comunicação mais eficaz. Determina o valor dos produtos e serviços da instituição, conforme sua capacidade real de envolvimento e compatível com as necessidades do público-alvo. Facilita a tomada de decisão do candidato por ser uma assinatura de todas as características da instituição. O modelo MGM não é uma forma fácil, porém é eficaz na flexibilização das estratégias da IES na direção de sintonizar a comunicação conforme as necessidades e desejos da sociedade, respeitar fatores sociais, políticos e econômicos, além de viabilizar o uso dos instrumentos de marketing para divulgar coerente e efetivamente suas singularidades. A qualidade e outros atributos da instituição tornam-se perceptíveis perante stakeholders e os indicadores do desempenho de marketing fornecem informações claras e significativas. A resistência à mudança tende a reduzir, conforme a alcance do sucesso de cada etapa do processo. Uma das complexidades do sistema ACAFE é em relação aos seus membros e sua interação no contexto regional. Observa-se que as instituições, embora sejam membros da mesma associação e possuam características e focos similares, da certa forma, são consideradas concorrentes diretas e indiretas em alguns produtos e serviços. O relato do entrevistado M1 destaca que: “um governo que tem dezesseis universidades na mão, pode contribuir para o desenvolvimento regional. Devemos trabalhar em conjunto, cada uma com suas competências”. Entende-se isto como um dos desafios que essas IES enfrentam e, por este motivo, a adoção da gestão da marca se torna importante, pois permite transformar as competências da IES em vantagens competitivas, e, consequentemente, projetar a imagem da marca e respeitar seu limite de abrangência. Assim, o posicionamento ocorre com base nos benefícios únicos e nos fatores de diferenciação de cada instituição. Keller (1999), nesse sentido, comenta que a 135 gestão da marca é o conjunto de ações adotadas pela organização para tornar a marca como única. Os resultados de pesquisa com os gestores e os responsáveis de marketing apontaram a necessidade de um processo mais planejado em relação à construção da marca da instituição. Os entrevistados demonstraram suas preocupações referentes ao ambiente interno e sua resistência à mudança. Por outro lado, a falta de comprometimento e a ausência de posturas consistentes sugerem a utilização de estratégias mais eficientes em busca da construção e consolidação da marca. As percepções dos entrevistados conduzem a entender a importância da gestão da marca no contexto educacional regional com o intuito de construir uma relação profunda, capaz de garantir o seu posicionamento com diversos públicos. O setor de marketing possui como responsabilidade harmonizar as atividades de marketing e as perspectivas estratégicas da alta administração. Para tanto, necessita traduzi-las para uma linguagem operacional e compreensível pelo público interno, embora essa responsabilidade seja de todos na instituição. O reitor R1 relata que: “[...] gerir uma marca, significa estabelecer, implementar e avaliar, constantemente, suas políticas e estratégias de uso para que, sobretudo, a sua aplicação esteja associada à qualidade dos produtos e serviços que a IES oferece, potencializando relações recíprocas, de confiança e pertencimento com os públicos-alvo (internos e/ou externos) para, naturalmente (e por fim), estimular a adesão e a construção de imagens positivas perante às comunidades onde atua [...]”. O reitor da IES4, em seus relatos, afirma que a aplicação das ações e estratégias, baseada numa gestão da marca eficiente, promove resultados que satisfazem a administração da instituição e estimulam o interesse dos seus colaboradores. Isso instiga ao envolvimento e ao comprometimento de todos com os objetivos da IES. Nas palavras do reitor R4, “[...] possuímos identidade da nossa marca e o público é que identifica isso. Fortemente trabalhamos com a gestão da marca e percebemos hoje que o público reconhece a marca e seu posicionamento [...]”. Por outro lado, o entrevistado E2 destaca que “a instituição deve divulgar melhor sua marca e seus produtos e serviços”. As instituições pesquisadas possuem marcas constituídas tradicionalmente, no entanto, a sua divulgação deu início nas últimas duas décadas, devido a pressões mercadológicas. Os departamentos de marketing surgiram para atender a essa necessidade, e foram assumidos por docentes da área de comunicação e marketing. Embora sejam instituições educacionais e sem fins lucrativos, precisam adotar atitudes das organizações comerciais, buscar profissionais 136 preparados e, às vezes, serem agressivas para sua consolidação. As pesquisas de Chapleo (2004; 2005; 2007) enfatizam o processo da gestão da marca, e os autores Heyes e ListonHeyes (2004) evidenciam o sucesso dessa aplicação com exemplificação das instituições norte americanas. Em síntese, os modelos de gestão da marca adotadas pelas organizações comerciais se diferem em diversos pontos com aqueles aplicados nas instituições de ensino. O desenvolvimento da marca nessas organizações comerciais não depende da aceitação do público interno, nem do envolvimento e seu comprometimento, ao contrário das IES em que esse público influencia no processo e no resultado final. As estratégias de marketing e os critérios de avaliação do desempenho também apresentam formas distintas e singulares com a finalidade e os objetivos comerciais. A sugestão do novo modelo para as IES, que acrescenta as variáveis de gestão da marca ao modelo tradicional de marketing baseia-se em dois argumentos principais: o primeiro tem com base a recomendação de autores como Heyes e Liston-Heyes (2004) e Chapleo (2007) que sugerem que essas variáveis conduzem a um melhor desempenho da IES; o segundo argumento apoia-se nas respostas dos gestores da IES4, que adota a gestão da marca por meio da aplicação sistemática das variáveis especificas propostas no novo modelo (Figura 8) e obtém melhor desempenho, conforme é descrito a seguir. O compartilhamento da visão da marca e a sua relação com a missão e a visão da IES, criação de identidade institucional, busca em evidenciar o foco regional da instituição e destaque da singularidade e posicionamento dos fatores diferenciadores foram mencionados pelo reitor e o responsável de setor de marketing. Estes depoimentos reforçaram a elaboração do modelo sugerido e corroboraram com os estudos dos autores citados. Conforme análise dos comentários dos gestores da IES4 percebeu-se que os responsáveis pela gestão da marca buscam implementar estratégias de marketing que consolida a liderança da instituição no contexto educacional regional em termos de qualidade dos cursos, qualificação docente e transformação da sociedade local. Utilizaram-se das suas singularidades, legado histórico e extensão comunitária para criar a sua diferenciação em relação às outras. O posicionamento da marca foi um passo importante com o qual a IES deu inicio, através de atividades com foco no esporte e na cultura e está em evolução para complementar os esforços anteriores. O setor de marketing da IES4, conforme comentado por seu gerente possui uma equipe de aproximadamente 40 funcionários responsáveis pelo desenvolvimento 137 das atividades mercadológicas, comunicação e jornalismo, bem como, realização de pesquisa para verificar sua imagem e o desempenho junto à comunidade empresarial e em geral. 138 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS A evolução de educação superior no Brasil nas últimas duas décadas, impulsionou o surgimento do grande número de instituições de ensino superior, públicas e privadas, para atender a demanda reprimida e criou um ambiente altamente competitivo. Neste contexto educacional, permeado de instituições de ensino públicas e privadas, divididas entre municipais, estaduais e federais, incluindo as com e sem fins lucrativos faz-se necessário desenvolver estratégias mercadológicas que as diferenciem entre si e possam mantê-las competitivas no setor. A marca de uma instituição de ensino, como a das organizações comerciais, por exemplo, possui características similares (porém complexas) e forças que podem influenciar a decisão do aluno, servir para realçar as suas particularidades e comunicar seus diferenciais e vantagens competitivas. Por essa razão, a gestão da marca torna-se importante para as instituições de ensino, porque permitem construir, consolidar e gerenciar sua marca, além de otimizar seus esforços de marketing na divulgação de seus produtos e serviços, os seus diferenciadores e destacar também suas diversas facetas. As instituições-membros do sistema ACAFE, com exceção das públicas, são fundações educacionais sem fins lucrativos. Há outras associações similares como a COMUNG, do Rio Grade do Sul, que possui as mesmas características da ACAFE e ainda fazem parte da Associação Brasileira das Universidades Comunitárias - ABRUC. No que se refere às comunitárias, são as instituições consideradas públicas, não estatais, mas que precisam da mensalidade dos alunos para sua sobrevivência financeira. Grande número dessas IES possuem décadas de tradição em ensino superior no estado, inclusive em nível nacional, e já possuem uma marca conhecida regionalmente. O sistema ACAFE, por meio dos diversos serviços, concursos e vestibulares possui parcerias com órgãos públicos e privados destacando-se, desta forma, no cenário educacional do estado de Santa Catarina. Os estudos de Chapleo (2004; 2005; 2007; 2011) abordaram as barreiras da gestão da marca, os fatores que influenciam o seu sucesso da marca e a percepção externa sobre a marca das IES inglesas. Constatou também que as abordagens comerciais da marca são inadequadas para as instituições de ensino e não existe ligação entre sucesso da marca, o tamanho da instituição e seu departamento de marketing. Este trabalho de tese aborda tópicos como 139 entendimento, responsabilidade e os desafios da gestão da marca nas IES que apresentam similaridades com estudos realizados por esse autor. A relação entre as características da IES e sua reputação foi alvo dos estudos de Heyes e Liston-Heyes (2004), em que pesquisaram a marca das instituições norte-americanas. Essas instituições adotam os princípios de marketing e a marca desde a década de setenta e buscaram aperfeiçoar a sua aplicabilidade, conforme a evolução e tendências do contexto educacional internacional. São exemplos que possibilitam visualizar a viabilidade do processo da gestão de marca. Para Santos (2006) a imagem da IES é influenciada pelas estratégias de marca e os alunos criam seus costumes, hábitos e estilo de vida com base nessa identidade convergindo com os estudos anteriores. A qualidade e o bom desempenho da instituição dependem da intensidade do relacionamento que existe entre aluno e a escola impulsionada por comprometimento de ambos os lados. Gupta e Singh (2007) realizaram pesquisa semelhante na índia buscando demonstrar a função da marca na comunicação da essência da IES, sua missão e visão. A personalidade nas organizações sem fins lucrativas foi objeto de estudo de Voeth e Herbst (2008), destacando a diferenciação e o relacionamento entre organização e seus diversos públicos. No contexto brasileiro, Bravin (2009) enfatizou que a marca precisa estar na cabeça dos futuros alunos e ressaltou que a comunicação exerce um papel importante no posicionamento de marketing. A utilização da marca como meio eficaz na comunicação de marketing e a sua promoção interna foi resultado dos estudos do Judson (2009). Waeraas e Solbakk (2009) pesquisaram a gestão da marca nas IES norueguesas destacando capacidades reais e singularidades. Nas instituições sul africanas, Beneke (2011) constatou que o mercantilismo representado pela natureza da marca é a causa de sua rejeição pelas IES. Chapleo (2011) enfatiza que a gestão da marca influencia nas estratégia de marketing e no seu desempenho nas IES. Com relação à investigação sobre a identificação de alguma forma de representação por palavras, frases ou textos nos documentos como PDI, Relatórios de gestão das instituições e manuais de marca, observou se que somente a IES4 possui ênfase nas suas ações referente à gestão da marca nos referidos documentos. As instituições possuem manual para utilização da marca e utilizam slogan na divulgação de seus produtos e serviços. As frases geralmente são elaboradas, dependendo da equipe de administração que assume e durante um período especifico ou ações promocionais de marketing. 140 Portanto, os resultados desta pesquisa, feita com reitores e responsáveis pelo marketing ou comunicação das IES, e com os administradores das organizações empregadoras que teve como objetivo geral analisar a percepção desses gestores acerca da gestão da marca e os fatores que influenciam seu processo seletivo foram destacadas a seguir segundo os objetivos específicos do trabalho. Com relação ao entendimento da gestão da marca, na percepção dos gestores e responsáveis de marketing, primeiro objetivo específico desta pesquisa, observou-se que, de certa forma, há um conhecimento básico e limitado em relação à gestão da marca e sua aplicabilidade nas IES. Exceto na instituição IES4 em que os gestores demonstraram um bom nível de compreensão do processo, em virtude da sua adoção. A construção da identidade institucional, ou seja, qualificar a imagem e a reputação, refletir a missão e a visão e fortalecer a marca da instituição são destaques nas percepções dos entrevistados. Ainda em relação ao entendimento das características da marca constatou-se que os gestores possuem conhecimento da personalidade de sua marca, mas precisam realizar pesquisas para defini-la. Embora houvesse instituição que definiu sua personalidade como sincera e realista, e outra, como culta e extrovertida, as dimensões de personalidade dessas IES resumem-se em sinceridade, em virtude de suas características históricas e tradicionais. O ponto positivo consiste em destacar o reconhecimento da importância da gestão da marca pelos gestores pesquisados. Essa compreensão foi enfatizada nos estudos de Chapleo (2004; 2007) que confirmam a necessidade da gestão da marca. Os entrevistados destacaram também que a gestão da marca é importante para as instituições de ensino, pois serve para construir e qualificar a imagem, mostrar a credibilidade, criar a identidade institucional, dar visibilidade, melhorar o relacionamento com público e o posicionamento da marca da instituição. Na percepção dos reitores e responsáveis de marketing a responsabilidade da marca abrange todos os níveis dentro da instituição. A lealdade e o comprometimento dos funcionários e corpo docente são fundamentais no sucesso do processo da gestão da marca na IES. No que se refere aos desafios da gestão da marca, na percepção dos pesquisados, observou-se que a resistência à mudança, até mesmo por serem tradicionais e a dificuldade na busca do comprometimento do público interno são as preocupações dos reitores das instituições. Tais argumentos são alinhados com os de Chapleo (2007) quando estudou o contexto educacional de instituições inglesas. Percebeu-se, também, que existem IES que possuem dificuldades na aplicação dos princípios básicos de marketing e destacam como 141 causa a gestão conservadora de sua instituição. Identificou-se, ainda, que essas enfrentam um desafio singular em relação ao sistema ACAFE. Isso porque, de um lado são parceiros e membros da associação e, de outro, são concorrentes regionais. Com relação à competitividade, na percepção dos gestores, nota-se que a qualidade de ensino e a qualificação dos professores são mencionadas como fatores de diferenciação para as instituições, embora essas sejam primordiais para uma IES que pretende construir e consolidar a sua marca. Outros fatores como tradição em ensino e a credibilidade são considerados como diferenciadores da marca pelos entrevistados. Entretanto, os valores tradicionais são insuficientes para a diferenciação, conforme afirmaram Waeraas e Solbakk (2009); a credibilidade, por sua vez, se reflete na reputação que é importante na compreensão do público-alvo, na opinião do Chapleo (2007). Além desses fatores, a imagem e a reputação foram avaliadas na percepção dos entrevistados e constatou-se que a qualidade dos serviços, sucesso profissional dos egressos, aceitação do público interno e o foco na transformação da sociedade local são importantes componentes na projeção da imagem da instituição. Já a reputação foi percebida e relacionada à tradição e a seriedade das instituições nas suas atividades. Essa forma de perceber esses fatores aponta para a ausência de uma definição clara desse variável pelos gestores. Algumas falas demonstram o equivoco com a marca e outras a relacionam com a qualidade. Chpaleo (2007) destaca essa distinção pela conotação comercial da marca. Na tentativa de identificar os indicadores que as instituições utilizam para mensurar o seu desempenho de marketing observou-se que a empregabilidade, o relacionamento do público com a IES e a satisfação dos alunos são comentados pelos gestores. O sucesso profissional de egressos e as pesquisas divulgadas pela imprensa também foram citados por eles. Esses são fatores utilizados para acompanhar a performance das ações realizadas mas não demonstram eficiência para obter resultados precisos que facilitam a tomada de decisão. Referente ao desempenho do marketing da IES, na percepção dos gestores das grandes empresas da região de atuação, que empregam os egressos e estagiam os alunos, notou-se que a marca possui influência na decisão da escolha do candidato. Contudo, na visão dos entrevistados, as instituições ainda não possuem essa vantagem competitiva. Percebeu-se também que a imagem e a reputação são importantes no processo de seleção, mas o que realmente influencia na escolha dos alunos ainda é a qualidade profissional e as habilidades adquiridas durante sua formação na IES. 142 A imersão nos estudos teóricos e empíricos, necessária para a elaboração deste trabalho de tese, indicou uma similaridade com as organizações comerciais no quesito da marca, mesmo que as IES possuam características filantrópicas e sem fins lucrativos. Observou-se que no atual cenário educacional, essas instituições de ensino superior, independente do contexto sociocultural, mesmo em países diferentes, precisam desenvolver a gestão da marca para poder atender as necessidades e os desejos do público-alvo. Devem, ainda, realçar a sua reputação e tradição, comunicar sua identidade e evidenciar seus pontos de diferenciação, alinhados com os estudos do Heyes e Liston-Heyes (2004), Chapleo (2004; 2005; 2007; 2011) e Waeraas e Solbakk (2009) que abordam o entendimento, a responsabilidade e os desafios das instituições na sua construção e consolidação. As contribuições desse trabalho, em termos práticos, são oportunas para os reitores e os responsáveis de marketing visualizar a necessidade do processo de gestão da marca e conhecer outros estudos científicos sobre o tema em contextos educacionais diferentes. Além disso, poderá servir como referencial para elaboração de ações eficazes e direcionadas para construção e a consolidação da marca. A contribuição que se obteve com essa pesquisa pode significar, principalmente para as IES pesquisadas, uma aproximação teórica e prática a uma imagem menos mercantilista, porém capaz de reposicionar essas instituições de forma coerente, com seus focos regionais e suas singularidades. Este estudo demonstra, sobretudo, o processo de gestão da marca, na percepção dos seus próprios gestores, mas também procura uma abordagem comum que pode ajudar no gerenciamento da marca. A aproximação com as teorias dos autores internacionais ao contexto brasileiro representa outra contribuição desse trabalho ao tema estudado, particularmente, a aplicabilidade da marca nas instituições de ensino superior. Com relação à teoria também é possível retirar contribuições para novos estudos. A sua natureza exploratória, pode suscitar questionamentos para futuras pesquisas, fortalecendo a literatura sobre marketing educacional, especificamente sobre a marca, em IES situadas no contexto brasileiro. É importante destacar que o processo da gestão da marca nas IES, em relação a comprometimento e a participação do público interno diferencia-se das organizações comerciais. A entidade ACAFE possui uma marca de destaque no cenário educacional brasileiro, mais precisamente, no estado de Santa Catarina. A sua tradição e envolvimento com diversos setores da sociedade e o papel que exerce no desenvolvimento da região são pontos de diferenciação que possui e pode agregar na sua marca e, consequentemente, nas suas 143 instituições membros. A associação e as IES devem trabalhar em conjunto e aproveitar o potencial que possuem no posicionamento da marca tanto de modo individual como corporativa. Nesse sentido um relato do seu Presidente merece destaque: “[...] hoje utilizamos a compra de insumos em conjunto... em algumas campanhas estamos participando de forma conjunta... creio que a marca ACAFE precisa de um apoio [...]”. Fica, portanto, clara essa necessidade. De modo geral, os resultados da análise das percepções dos entrevistados demonstram que o processo de gestão da marca nas instituições pesquisadas não acontece de forma que proporcione resultados eficazes e efeitos perceptíveis. Os estudos referenciados nesse trabalho ressaltam que a marca é construída e consolidada através de técnicas cientificas e as singularidades da IES não são suficientes para sua construção. Neste sentido, este estudo considera que a adoção de gestão da marca é necessária e inevitável para forte permanência dessas IES neste cenário intensamente competitivo. O processo da gestão da marca envolve todas as atividades e os públicos da instituição e direciona as estratégias de marketing em buscar e comunicar suas vantagens competitivas, bem como suas características singulares, em sintonia com as informações recebidas por intermédio dos indicadores de desempenho de marketing. Essa associação dos construtos, de certa forma, demonstra a importância do desenvolvimento da marca e seu papel na flexibilização das atividades. Dessa forma, uma marca forte, com qualidade superior, pode justificar um preço alto. Diante do exposto, a sugestão de um modelo vem ao encontro das necessidades observadas nas percepções dos entrevistados e das lacunas encontradas nos estudos do Chapleo (2004; 2007) realizados com outras instituições de ensino superior. O modelo que se propõe pode servir como guia para as instituições que possuem características semelhantes as do sistema ACAFE. Buscou-se mostrar, de forma simples, os passos necessários à construção do modelo e também ampliar o conhecimento dos gestores para iniciar um processo da gestão da marca nas IES com mais segurança e melhores resultados. As IES pesquisadas, além da tradição em atividades relacionadas ao ensino superior na região, e por força do seu legado histórico e cultural, possuem aptidões para a comunicação clara da sua identidade e da sua marca. A definição dos traços de personalidade da marca, atribuída pelos alunos, auxilia na projeção da marca e a sua adoção pelos futuros candidatos. Para conquistar a lealdade dos alunos e diminuir as taxas de evasão, as instituições precisam oferecer condições que aumente o convívio e o relacionamento com a instituição. 144 A marca da IES deve ser desejada pelos futuros alunos, ainda que estejam estudando nos primeiros anos no ensino médio nas instituições de ensino local e colégios da região. O sucesso desse processo depende das ações que a instituição realiza na comunicação eficaz de seus diferenciadores e singularidades, junto com a comunidade em geral e com foco especifico nas escolas. As instituições de ensino do sistema ACAFE precisam construir um intercâmbio maior no que se refere aos professores e pesquisadores e também a respeito de conhecimento e experiências de gestão. Essa troca de conhecimento possibilita a aproximação e a formação de um grupo educacional com marcas fortes e presença relevante no estado de Santa Catarina. Uma breve análise mostrou que as IES1, IES2 e IES3 possuem setor de marketing gerenciado por um profissional da área de comunicação e jornalismo e estes demonstraram realizar ações com foco nas atividades voltadas para divulgar e noticiar os principais acontecimentos e realizações das suas instituições. Enquanto a IES4 desfruta de um departamento de marketing e tem as atividades mencionadas como parte complementar de sua estrutura. Nesta, a ênfase está sobre a aplicação de marketing e a gestão da marca de forma planejada e inter-relacionada com os seus objetivos e a sua missão. A utilização da marca pelas universidades norte americanas é utilizada como instrumento forte para atrair alunos e obter recursos financeiros. Embora sejam contextos diferentes, a realidade educacional brasileira apresenta um cenário que se assemelha àquele no qual se encontram as IES norte americanas. As principais limitações deste estudo estão relacionadas ao tamanho da amostra dos entrevistados, tanto de IES, quanto das organizações empregadoras, apesar do número de elementos serem considerados satisfatórios para este estudo. A percepção de uma única organização que emprega limitado número de egressos não é suficiente para afirmar conclusões em relação aos fatores que influenciam o desempenho da instituição. É importante ressaltar que o conhecimento limitado dos entrevistados em relação ao tema não proporcionou a obtenção de informações profundas e extensas, o que tornou alguns tópicos pouco discutidos. Outra limitação refere-se às páginas (websites) das IES que são incompletas e não fornecem informações necessárias. Além disso, nem todas as IES disponibilizam os planos e documentos institucionais. A percepção dos acadêmicos ou dos egressos dessas instituições pode fornecer informações relevantes a respeito da marca e os fatores diferenciadores. No sentido de entender o real comprometimento do público interno a marca e os objetivos da IES é 145 necessário estender a pesquisa a um grupo de formadores de opinião como chefes de setores e coordenadores dos cursos. As sugestões para pesquisas futuras consistem na realização de novas pesquisas com todos os membros do sistema ACAFE, com o intuito de identificar as instituições que possuem melhor prática de gestão da marca, bem como a realização de um estudo de caso em uma IES que utiliza essa prática adequadamente, com a possibilidade de oferecer-lhe oportunidade de benchmarking. A aplicação do modelo sugerido nesta tese em uma das instituições do sistema ACAFE possibilita também o desdobramento de diversos trabalhos com o objetivo de verificar sua aplicabilidade, identificar os desafios na sua implementação e aceitação interna. E também, a realização de estudos que visam apontar entendimentos dos diversos públicos das IES, referente à comparação entre a marca e a reputação nas instituições de ensino superior. Recomenda-se a mesma estrutura e a mesma metodologia de pesquisa para avaliar o processo da gestão da marca em outras IES, públicas ou privadas, (com fins lucrativos). Estudos futuros poderiam utilizar uma amostra maior das organizações que oferecem oportunidades de empregos com relação ao desempenho de marketing e através de uma pesquisa descritiva e conclusiva com abordagem quantitativa. Sugere-se ainda, pesquisas com mesma natureza exploratória para investigar a personalidade da marca das IES, com base nas dimensões sugeridas pelos autores pesquisados, em busca de facetas e características que reflitam sua real identidade e também realização de estudos sobre aspectos visuais da marca da instituição que, em conjunto, influenciam no posicionamento da marca. 146 REFERÊNCIAS AAKER, David A., SHANSBY, G. J. Positioning your product. Business Horizons, p. 5662, Mai./jun. 1982. AAKER, David A. KELLER, K. L. Costumer evaluations of brand extensions. Journal of Marketing, v. 54, p. 27-41, jan. 1990. AAKER, David A. Should You Take Your Brand to Where the Action Is? Harvard Business Review, p. 135-143, set./out. 1997. AAKER, David A. The power of branded differentiator. MIT Sloan Management Review, p. 83-87, abr./jun. 2003. AAKER, David A. Leveraging the Corporate Brand. California Management Review, v.46, n.3, p. 6-18, out./dez. 2004. AAKER, David A. Improve your brand I.D. 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Em sua opinião a marca de sua Instituição de Ensino Superior possui uma personalidade e a definição da personalidade da marca de Instituição de Ensino Superior pode influenciar na decisão de escolha do aluno? 3 – Qual é a importância para uma Instituição de Ensino Superior desenvolver sua gestão da marca? 4 – Quem seria o responsável pela gestão da marca da Instituição de Ensino Superior? 5 – Quais são os desafios (barreiras) para a gestão da marca de uma Instituição de Ensino Superior? 6 – Em busca de se manter competitiva quais as estratégias de marketing que a instituição utiliza para atender as expectativas de seus públicos? 7 – Na sua percepção como avalia a imagem da Instituição de Ensino Superior? 8 – De que forma a reputação de uma Instituição de Ensino Superior pode ser resaltada por meio de um processo conhecido como Gestão da Marca? 9 – Como a Instituição de Ensino Superior mensura o seu desempenho de marketing? Dados do Respondente 10 – Tempo de Cargo: [ ] 1 ano [ ] 2 anos [ ] 3 anos [ ] 4 anos [ ] 5 anos ou mais 11 – Escolaridade: [ ] Graduação [ ] Especialista [ ] Mestrado [ ] Doutorado [ ] Pós - Doutorado 12 – Formação acadêmica /Curso: Data de entrevista: .../.../2012 IES:.............................................................................................................................. 158 APÊNDICE II – Roteiro de entrevista com responsáveis de marketing das IES Este roteiro de entrevista é parte integrante de uma pesquisa de tese de doutorado em Administração e Turismo pela UNIVALI. Em busca de manter maior sigilo no processo de análise dos dados, informamos que os dados da pesquisa serão tratados de forma agregada a fim de preservar a identidade dos respondentes. Agradeço imensamente a sua contribuição. 1 – Qual é o seu entendimento sobre a MARCA nas Instituições de Ensino Superior? 2 – Qual é a importância para uma Instituição de Ensino Superior desenvolver uma gestão da marca? 3 – Qual é a influência da marca de uma Instituição de Ensino Superior para atrair e manter alunos interessados? 4 – De acordo com Aaker (1997) personalidade da marca é definida como "o conjunto de características humanas associadas a uma marca”. Em sua opinião a marca de sua Instituição de Ensino Superior possui uma personalidade? 5 – A definição da personalidade da marca de Instituição de Ensino Superior pode influenciar na decisão de escolha do aluno? 6 – Com quem seria a responsabilidade da gestão da marca na Instituição de Ensino Superior? 7 – Quais são os desafios para a gestão da marca de uma Instituição de Ensino Superior? 8 – Quais são estratégias que a Instituição de Ensino Superior utiliza para criar diferenciação em relação a outras? 9 – Quais são as medidas que sua Instituição de Ensino Superior utiliza para verificar o desempenho de marketing? 10 – Como avalia a imagem da Instituição de Ensino Superior? 11 – Em relação à reputação da Instituição de Ensino Superior, como é definida? Dados do Respondente 12 – Tempo de Cargo: [ ] 1 ano [ ] 2 anos [ ] 3 anos [ ] 4 anos [ ] 5 anos ou mais 13 – Escolaridade: [ ] Graduação [ ] Especialista [ ] Mestrado [ ] Doutorado [ ] Pós - Doutorado 14 – Formação acadêmica /Curso: Data de entrevista: .../.../2012 IES:.............................................................................................................................. 159 APÊNDICE III – Roteiro de entrevista com responsáveis de RH Este roteiro de entrevista é parte integrante de uma pesquisa de tese de doutorado em Administração e Turismo pela UNIVALI. Em busca de manter maior sigilo no processo de análise dos dados, informamos que os dados da pesquisa serão tratados de forma agregada a fim de preservar a identidade dos respondentes. Agradeço imensamente a sua contribuição. 1 – Qual é a influência da marca de uma Instituição de Ensino Superior no processo seletivo dos profissionais? 2 – Como você avalia a qualidade dos profissionais formados pela Instituição de Ensino Superior? 3 – Como avalia a imagem da marca da Instituição de Ensino Superior? 4 – Como avalia a reputação da Instituição de Ensino Superior? 5 – De que forma a sua organização avalia o desempenho da Instituição de Ensino Superior? Dados do Respondente 6 – Tempo de Cargo: [ ] 1 ano [ ] 2 anos [ ] 3 anos [ ] 4 anos [ ] 5 anos ou mais 7 – Escolaridade: [ ] Graduação [ ] Especialista [ ] Mestrado [ ] Doutorado [ ] Pós - Doutorado 8 – Formação acadêmica /Curso: Data de entrevista: .../.../2012 IES:.............................................................................................................................. 160 APÊNDICE IV – Roteiro de análise documental IES:______________________________________________________________________ - Documentos a serem solicitados PDI – Plano de desenvolvimento institucional Relatório de gestão Manual de logotipo da IES ou manual de utilização da marca - Análise de PDI Existência de palavra de marketing Existência de ações propostas para marketing Existência de ações propostas para marca - Análise de relatório de gestão Existência de palavra marca Existência de ações propostas para marketing Existência de ações propostas para marca Existência de ações propostas para marca - Análise de manual de logotipo da marca Histórico da criação da marca Desenho da marca Slogan da instituição