O deputado Wasny de Roure (PT-DF) pronuncia o seguinte discurso: A todo instante me pego encabulado com a perfeição torta das árvores do cerrado. Como morador de Brasília, portanto, morador do cerrado, não é difícil encher os olhos das cores amarelas, roxas dos seus ipês. São flores que podem ser apreciadas o ano inteiro junto com outras que podem ser vistas minúsculas, com cerca de um milímetro ou dois milímetros ou flores que podem passar de cem milímetros. Mas ainda há a beleza exuberante e imponente do buriti, que também se tornou um dos símbolos da capital do país. Do buriti extrai-se muito da vida do cerrado, principalmente para as comunidades quilombolas. A árvore, que gosta de terras mais molhadas, é usada na culinária, na confecção de artesanatos, para cobrir com palha as casas do homem cerrado e muito mais. E é bonito ver como o habitante do cerrado cuida do seu bem maior que é natureza. Se precisam da palha do buriti, por exemplo, tiram no máximo duas por árvore para que não falte nunca. E assim faz com tudo que permite a vida no cerrado. Eles têm consciência ecológica. São comunidades de etnias indígenas e comunidades quilombolas, que exploram os recursos naturais do cerrado com consciência ecológica com um conhecimento tradicional da biodiversidade. No entanto, o cerrado precisa de proteção e proteção do Estado. E é oportuno lembrar disso especialmente no Dia Internacional do Cerrado que se comemora no dia 11 de Setembro. Por isso, a Rede Cerrado, que reúne organizações não-governamentais em defesa desse ecossistema está promovendo manifestações na Esplanada dos Ministérios em favor do cerrado, considerado o segundo maior bioma - que é o conjunto de seres vivos de uma área - do Brasil. O grupo pede principalmente, a aprovação de duas Propostas de Emenda Constitucional, que tramitam no Congresso, cujos textos transformam o cerrado e a caatinga em Patrimônios Nacionais, assim como a Amazônia, a Mata Atlântica, o Pantanal e a Zona Costeira. A reivindicação é correta e justa. E o fórum não poderia ser outro, senão o poder Legislativo. De acordo com pesquisas o cerrado já foi devastado em, pelo menos, 53% do bioma, que abrange quase 2 milhões de km² (22% do território brasileiro), nos Estados da Bahia, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Mato Groso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Piauí, São Paulo e Tocantins. Especialistas são unânimes em dizer que se persistirem os atuais índices de degradação, a região deixará de existir em apenas 30 anos. Imaginem o desaparecimento da mais rica savana do mundo que abriga córregos e rios formadores das principais bacias hidrográficas da América do Sul desaparecer em três décadas. Dos 12 rios que mais correm perigo no mundo, três recebem águas desse ecossistema: Tocantins, Amazonas e Prata, por isso é também chamado de Caixa d’água do Brasil. Além disso, o cerrado tem ilustres habitantes, cujo conhecimento medicinal e culinário das plantas, representa um valioso acervo cultural para o Brasil. Fora isso, há ainda os rituais, músicas, teatro e outras manifestações artísticas dos povos típicos do cerrado. Mas o desmatamento e as crescentes queimadas para aumentar a produção agrícola desse ou daquele fazendeiro são ameaças reais à vida no cerrado. Assim como a construção de hidrelétricas, barragens e estradas, que não respeitam as prerrogativas de preservação ambiental. Então Senhores para preservar as flores, os buritis, as águas e o meio de vida da gente do cerrado é preciso olhar com mais urgência e sensibilidade para este rico ecossistema. Muito obrigado,