A questão da liberdade no jovem Hegel: O espírito do cristianismo e seu destino. Rosana de Oliveira Departamento de Filosofia – FFLCH Universidade de São Paulo a) Objetivos; No presente projeto nosso objetivo é o exame da obra O espírito do Cristianismo e seu Destino, de Hegel. Trata-se de um manuscrito fragmentado e não-publicado, de modo que à análise do mesmo apresentaramse muitas dificuldades, cuja solução foi estabelecer um ponto de articulação em torno do qual se situassem os temas mais relevantes identificados na obra: Positividade, Moralidade, Religião e Amor. Neste sentido, analisou-se tais temas a partir do horizonte da liberdade, fixando etapas, das quais a primeira é a constituição da temática da Moralidade, que apontou a influência de Kant. b) Métodos/Procedimentos; Valemo-nos da leitura da obra, à qual foi de grande ajuda a leitura dos rascunhos de tal manuscrito, além da recorrência a comentadores, sobretudo os específicos deste período de Frankfurt, dentre os quais se destaca o valioso comentário de Beckenkamp à filosofia de Hegel como “formação de um sistema pós-kantiano”. c) Resultados; Como resultado mostrou-se a necessidade de analisar mais detidamente as obras do próprio Kant com as quais Hegel dialoga nessa época, identificadas como A Fundamentação da Metafísica dos Costumes e A Religião nos limites da simples razão. Nesta análise das obras kantianas, pode-se entender melhor a perspectiva moral pela qual ambas vêm ao caso na obra de Hegel: quando este contrapõe tal moral kantiana fixada na legalidade e na submissão do homem a si mesmo, à liberdade oferecida por Cristo, baseada numa Moral do Amor. A filosofia moral kantiana, enquanto fundada na submissão do homem a si mesmo pela cisão de suas partes estética e racional, realizaria então o que Hegel diz ser a interiorização da relação entre senhor e escravo. d) Conclusões (parciais ou finais); Como conclusão parcial de nosso projeto, apresenta-se tal diálogo entre a filosofia moral de Kant e o jovem Hegel a propósito da citada obra deste último que, traçando uma espécie de percurso da Liberdade através das religiões judaico-cristã, contrapõe este desenvolvimento à pólis grega e à filosofia moral kantiana. É inserida, então, neste projeto maior de uma espécie de percurso da liberdade que a filosofia moral de Kant participa da obra hegeliana; contudo, ao fim da análise da própria obra, conclui-se que a moral kantiana é, para Hegel, uma alternativa ainda insuficiente para a realização da liberdade tal como a imagina neste período. e) Referências Bibliográficas. HEGEL, G. W. F. El Espiritu del Cristianismo y su Destino. In Escritos de Juventud. México: Fondo de Cultura Econômica, 1978. KANT, I. A Religião nos Limites da simples Razão. Lisboa: Edições 70, 1992. ______ . Fundamentação da Metafísica dos Costumes. Lisboa: Edições 70, 1960 BECKENKAMP, J. O Jovem Hegel Formação de um sistema Pós-Kantiano. São Paulo: Edições Loyola, 2009. BOURGEOIS, B. Hegel a Francfort ou Judaïsme-Christianisme-Hegelianisme. Paris: Vrin,1970.