92 Prevalência dos agentes etiológicos das vulvovaginites através de resultados de exames citopatológicos Prevalence of etiological agents of vulvovaginitis through results of cytopathology Paloma Miranda Milhomens1,Márcia Cristina Aguiar Mendes Machado2,Francyelle Costa Moraes2, Kátia Regina Assunção Borges2,Marinete Rodrigues de Farias Diniz2 Resumo: O artigo científico tem por objetivo avaliar os agentes etiológicos das vulvovaginites nos resultados de exames citopatológicos de mulheres atendidas em uma Unidade de Saúde da Família em São Luís-MA. As vulvovaginites estão presentes em cerca de 70% das queixas ginecológicas. Essa patologia caracteriza-se por uma manifestação inflamatória do trato genital inferior. As formas mais comuns são tricomoníase e candidíase. As vulvovaginites podem ser originadas por bactérias (vaginose bacteriana - VB), por fungos (vulvovaginite fúngica), por protozoários (tricomoníase) e por associações de micro-organismos (vulvovaginites mistas), sendo encontrados com maior frequência, os três primeiros processos infecciosos vaginais. Com base na pesquisa, obteve-se os seguintes resultados: houve predominância de 50% entre as entrevistadas na faixa etária de 30 a 34 anos. Em relação à escolaridade, um percentual de 66,6% informaram ter concluído o 1º grau. Um total de 53,3% das entrevistadas eram casadas. Identificou-se que 73,4% das pacientes possuem renda familiar de 1 salário mínimo. Um percentual de 86,7% dos casos da amostra apresentaram agentes etiológicos da doença vulvoganite, havendo predominância de Mobiluncus sp (93,8%). Dentre os sintomas apresentados, o corrimento obteve maior índice com 92%. Palavras-chave: Agentes etiológicos. Vulvovaginites. Exames citopatológicos. Abstract: The paper aims at assessing the etiologic agents of vulvovaginitis in the results of cervical screening of women attending a Family Health Unit in São Luís, MA. The vulvovaginitis are present in about 70% of gynecological complaints. This pathology is characterized by a manifestation of inflammatory lower genital tract. The most common is trichomoniasis and candidiasis. The vulvovaginitis can be caused by bacteria (bacterial vaginosis - VB), yeast (fungal vulvovaginitis), protozoa (trichomoniasis) and associations of micro-organisms (mixed vulvovaginitis), being found more frequently, the first three vaginal infection processes. Based on the survey, we obtained the following results: there was a prevalence of 50% among women aged 30-34 years. Regarding education, a percentage of 66.6% reported having completed the 1st degree. A total of 53.3% of respondents were married. It was identified that 73.4% of patients have a family income of 1 minimum wage. A percentage of 86.7% of the sample cases presented etiologic agents of vulvoganite disease, with predominance of Mobiluncus sp (93.8%). Among the symptoms, the discharge had a higher rate of 92%. Keywords: Etiologic agents. Vulvovaginitis. Cytopathology ____________________ 1 - Graduada do curso de enfermagem da Universidade Ceuma 2 - Docente do curso de enfermagem da Universidade Ceuma Rev. Investig. Bioméd., São Luís,6: 92-102, 2014 93 1 Introdução As vulvovaginites estão presentes em cerca de 70% das queixas ginecológicas. Essa patologia caracteriza-se por uma manifestação inflamatória do trato genital inferior. As formas mais comuns são tricomoníase e candidíase. As vulvovaginites podem ser originadas por bactérias (vaginose bacteriana VB), via fungos (vulvovaginite fúngica), por meio de protozoários (tricomoníase) e pela junção de micro-organismos (vulvovaginites mistas), e são encontradas com maior incidência, nos três primeiros processos infecciosos vaginais1,2 . Além do desconforto da usuária, os autores apontam a importância do estudo das vulvovaginites em razão das repercussões ligadas à infecção, como a ascensão dos agentes para o trato genital superior, que ocasionam a doença inflamatória pélvica; esterilidade e infertilidade; complicações no pós-operatório e aumento da morbidade perinatal. Outro ponto importante descrito em estudos refere-se à taxa de recidiva, apresentada pelas vulvovaginites, gerando problema para a mulher e para o profissional 3 . Hoje, a VB tem sido a infecção vaginal mais freqüente em mulheres em idade reprodutiva e sexualmente ativas. Caracteriza-se por um desequilíbrio da microbiota vaginal, com a evolução anormal de bactérias anaeróbias além de uma ausência ou diminuição acentuada dos lactobacilos acidófilos, que são os agentes predominantes no canal vaginal normal4 . Os micro-organismos presentes nesse processo incluem Gardnerella vaginalis, Mycoplasma hominis, Ureaplasma ureolyticum, Bacteróides sp, Mobiluncus sp, Peptostreptococcus, espécies de Rev. Investig. Bioméd., São Luís,6: 92-102, 2014 Prevotella e outros anaeróbios. A G. vaginalis é um minúsculo bacilo ou microbacilo gram-negativo que encontrado no trato urogenital normal de mulheres saudáveis, entre 20% a 40% desse segmento5,6. A VB não é concebida como uma doença sexualmente transmissível, visto que o tratamento do parceiro, apesar de ser recomendado, indica não trazer benfeitoria para a usuária. Por outro lado, outros autores enfatizam que a freqüência da infecção pode ser decorrente do número de parceiros sexuais e história pregressa de doença sexualmente transmissível7,2. Aproximadamente 50% das pacientes portadoras de VB não expressam manifestações clínicas, mas quando elas se apresentam por um corrimento vaginal delgado, homogêneo, branco-acinzentado, em algumas situações bolhoso, com odor fétido, mais presente após as relações sexuais e no decorre do período da menstruação 8 . Prurido, disúria e dispareunia são encontrados com menor freqüência, salvo quando relacionados com a candidíase. O diagnóstico da VB está respaldado na presença de, pelos menos, três dos quatro critérios clínicos apontados por Amsel, a saber: leucorréia homogênea, fluida, cinza ou branca e de quantidade variável; pH vaginal maior que 4,5; teste de Whiff1 (teste do KOH 10%) positivo; presença no mínimo de 20% de “clue cells” ou células-alvo na bacterioscopia (exame 1 Também conhecido como teste das aminas ou do “cheiro” – consiste na adição de uma ou duas gotas de solução de hidróxido de potássio (KOH) a 10% na secreção vaginal coletada, sendo positivo se houver o aparecimento imediato de um odor desagradável causado pela volatilização das 9 bases aminadas . 94 a fresco ou esfregaço corado pelo Gram)2 . Além desses critérios, exigese a quase ausência de lactobacilos e de leucócitos. A exacerbada microbiota bacteriana se faz presente por cocos e microbacilos 9 . O tratamento da doença objetiva eliminar os sintomas, recompor a microbiota vaginal fisiológica e erradicar ou reduzir o número das bactérias patogênicas. O tratamento farmacológico implica no uso de derivados imidazólicos, que possuem satisfatória atividade contra as bactérias anaeróbias sem prejudicar os lactobacilos, propiciando, então, a posterior recolonização da vagina através da microbiota endógena3 . A candidíase vulvovaginal (CVV) constitui-se uma das infecções mais comuns na prática diária em ginecologia. Sua incidência aumentou nos últimos anos, passando a ser a segunda infecção genital com maios frequência nos Estados Unidos e no Brasil, precedida somente pela vaginose bacteriana, encontrada entre 20 a 25% dos corrimentos genitais de caráter infeccioso2 . Essa doença decorre de uma infecção causada por um fungo comensal, dimórfico, que vive na mucosa vaginal e digestiva, que evolui quando o ambiente apresenta-se favorável para o seu desenvolvimento, tornando-se patogênico6 . Um percentual de 80 a 90% dos casos são causados pela Candida albicans e de 10 a 20% são atribuídos a outras espécies denominadas nãoalbicans: C. tropicalis, C. glabrata, C. parapsilosis, C. krusei, C. guilliermondi 8 . Apesar da C. albicans ser a espécie de maior importância na etiologia da candidíase, a incidência de leveduras não-albicans tem mostrado considerável aumento nos últimos anos10, 11. O problema diz respeito ao fato de as outras espécies comumente, tendem a se apresentar Rev. Investig. Bioméd., São Luís,6: 92-102, 2014 mais resistentes aos antifúngicos e de se apresentarem crônicas ou recorrentes. A CVV é vista como uma infecção endógena. Entretanto, alguns autores ressaltam que a CVV é frequentemente encontrada em mulheres com outras DST’s, nas quais se faz presente corrimento vaginal 8. As estatísticas apontam que 75% das mulheres em geral, no mínimo, um episódio de vaginite fúngica. Um total de 40 a 50% delas vivenciam outras crises e em 5% surgem casos recorrentes. Os sinais e sintomas da CVV incluem: prurido vulvar intenso (principal sintoma); corrimento branco, grumoso, inodoro e com aspecto caseoso; disúria, ardor à micção; dispareunia; edema e eritema vulvar e placas esbranquiçadas ou amareladas aderidas à mucosa12, 2. De acordo com OMS a prevalência mundial anual da tricomoníase é de 170 milhões, cuja maioria (92%) é encontrada em mulheres. Esse parasito naturalmente o sistema geniturinário do homem e da mulher. A transmissão dele ocorre por meio da relação sexual. A incidência maior foi encontrada entre os grupos de nível socioeconômico baixo, entre as pacientes de clínicas ginecológicas, pré-natais e em serviços de DST13, 14. Os achados no mundo e no Brasil apontam para valores entre 20 a 40% das mulheres examinadas e aquelas que apresentam corrimento vaginal, cuja frequência pode chegar a 70%. A prevalência da infecção está relacionada a vários fatores, como “idade, atividade sexual, número de parceiros, outras DST’s, fase do ciclo menstrual, técnicas de diagnóstico, padrão educacional, higiene pessoal e condição socioeconômica e cultural” 6. Embora a tricomoníase (T) geralmente, seja assintomática no homem, na mulher pode ser variada envolvendo uma discreta à severa 95 vaginite. Como características clínicas são apontadas: “corrimento abundante, amarelado ou amareloesverdeado, bolhoso, com odor fétido; prurido e/ou irritação vulvar; disúria; polaciúria; dispareunia; colpite difusa e/ou local com aspecto de framboesa” 15, 16 . O diagnóstico final baseia-se na presença do parasito no exame a fresco com solução fisiológica, através da qual se identifica sua motilidade. A investigação laboratorial é indispensável, visto ser essencial no diagnóstico dessa infecção, tendo em vista que leva ao tratamento adequado e facilita o controle da infecção 14. Diante da importância da realização de exames citopatológicos a fim de combater os agentes etiológicos das vulvovaginites, realizase a presente pesquisa. O artigo científico tem por objetivo avaliar os agentes etiológicos das vulvovaginites nos resultados de exames citopatológicos de mulheres atendidas em uma Unidade de Saúde da Família em São Luís-MA. 2 Metodologia Trata-se de um estudo descritivo, de campo, com caráter quantitativo, no qual foram incluídas mulheres atendidas em uma Unidade de Saúde da Família em São Luís-MA. A pesquisa abrangeu ainda pesquisa bibliográfica, utilizando-se de livros, artigos, busca em sites de enfermagem e áreas afins, revistas e outros periódicos. O período do estudo foi compreendido entre abril a junho de 2012. A pesquisa foi realizada em uma Unidade de Saúde da Família em São Luís-MA. Rev. Investig. Bioméd., São Luís,6: 92-102, 2014 A amostra foi constituída por mulheres com diagnóstico de vulvovaginite, atendidas em uma Unidade de Saúde da Família em São Luís-MA. Foi utilizado um formulário para a coleta de dados, contemplando: idade, escolaridade, estado civil, renda familiar e tipo de tratamento, dentre outras. Após esclarecimento do objetivo da pesquisa e permissão através de Termo de Compromisso entre a pesquisadora e a Unidade de Saúde da Família, os dados foram coletados. A coleta de dados foi realizada, no mês de abril e maio de 2012, em dias úteis, e desenvolvida a partir dos dados descritos nos prontuários, o qual foi assinado pela pesquisadora e representante legal da Unidade de Saúde da Família; em seguida foi realizado o levantamento de dados com aplicação do instrumento de pesquisa. De posse dos dados de interesse para o estudo, foram realizadas a análise e a estatística, cujos resultados serão apresentados em forma de tabelas ou gráficos no Microsoft Excel 2010. Foram obedecidos os preceitos éticos da pesquisa em seres humanos, de acordo com a Resolução 196/96. 3 Resultados e Discussão De um total de 100 prontuários de mulheres com diagnóstico de vulvovaginite, foram relacionados 30 desses prontuários, que constituíram a amostra deste estudo. A amostra representou 30% da população-alvo atendida em uma Unidade de Saúde da Família em São Luís (MA). 96 50% 45% 40% 35% 50% 30% 25% 20% 26,6% 23,4% 25 a 29 anos 45 a 49 anos 15% 10% 5% 0% 30 a 34 anos Gráfico 1 – Distribuição da amostra quanto à faixa etária Dentre as pacientes da amostra, verificou-se predominância das faixas etárias 30 a 34 anos (50%), 25 a 29 anos (26,6%) e 45 a 49 anos (23,4%). Tanaka e colaboradores17 comentam que a incidência de corrimento vaginal acontece nas mulheres em menacme, sendo as idades inferiores a 20 anos que tem, mais importância. Sugere-se que esse fato seja durante a adolescência, devido aos níveis hormonais mais elevados, que possam estar relacionados à etiopatogenia da doença. De acordo com Fonseca e colaboradores18 o corrimento vaginal é uma das queixas mais constantes no período de gestação, principalmente aquelas mulheres que apresentam faixa etária inferior a 20 anos (25 anos em certos locais). Rev. Investig. Bioméd., São Luís,6: 92-102, 2014 Em relação à escolaridade, 66,6% concluíram o 1º grau e 33,4% possuem 2º grau. Segundo Travassos e colaboradores19 a proporção de ir em busca de serviços de saúde é mais intensa em pessoas com um certo nível de escolaridade, pois têm melhor percepção dos benefícios que um tratamento efetuado de maneira adequada trará a sua saúde. O grau de escolaridade está relacionado não somente no fazer ou no controle pré-natal, mas também ao início prematuro do pré-natal e ao total de consultas realizadas, dessa forma, as mulheres com maior grau de escolaridade possuem melhores 20 oportunidades de informação . 97 70% 60% 50% 66,6% 40% 30% 20% 33,4% 10% 0% 1º grau 2º grau Gráfico 2 – Distribuição da amostra quanto à escolaridade 54% 53% 52% 51% 50% 49% 48% 47% 46% 45% 44% 43% 53,3% 46,7% Casadas Solteiras Gráfico 3 – Distribuição da amostra quanto ao estado civil Rev. Investig. Bioméd., São Luís,6: 92-102, 2014 98 Quanto ao estado civil 53,3% são casadas e 46,7% são solteiras. Para Leite21, se tratando do estado civil, há concordância de alguns autores, que o maior risco de aquisição de vulvovaginites refere-se à mulher solteira, ocorrendo assim uma maior troca de parceiros sexuais, em relação as mulheres que são comprometidas e que mantêm relacionamentos sérios e duradouros. Para Forsum, Hallen e Larsson22 outro fator de risco é o fato de a mulher ser solteira, assim como o maior risco está em mulheres solteiras seria devido o maior número de parceiros sexuais, é possível que nas viúvas o comportamento sexual seja semelhante. No tocante à renda familiar, 73,4% recebe 1 (um) salário mínimo e 26,6% dois a três salários mínimos. Dois estudos realizados no Rio Grande do Sul nos anos de 2004 e 2005. O estudo realizado em 2004 revelou prevalência de 47% de corrimento vaginal, e, em 2005 o estudo foi conduzido por gestante de baixa renda, do qual obteve presença de corrimento com menos prurido, disúria, dispareunia ou odor fétido e cor não branca, fora encontrado com prevalência de 52% 23. Portanto, neste estudo foram incluídas somente mulheres de baixo poder aquisitivo (renda familiar mensal inferior a dois salários mínimos mensais) residentes na periferia da cidade, grupo este que sabidamente apresenta maior prevalência deste tipo de patologia 23. 80% 70% 60% 73,4% 50% 40% 30% 20% 26,6% 10% 0% 1 salário 2 a 3 salários Gráfico 4 – Distribuição da amostra quanto à renda familiar Rev. Investig. Bioméd., São Luís,6: 92-102, 2014 99 90% 80% 70% 60% 50% 86,7% 40% 30% 20% 13,3% 10% 0% Agentes etiológicos Ausência Gráfico 5 – Distribuição da amostra quanto aos exames disponíveis A pesquisa nos resultados de exames disponíveis nos prontuários da amostra (n = 30) contatou-se agentes etiológicos em 26 dos casos analisados, correspondente a 86,7% das pacientes da amostra, com ausência em 13,3% (n = 4). Com base em Mitchel24, a maioria das mulheres com vaginose bacteriana são assintomáticas, fato este que mostra ser importante para o acompanhamento no pré-natal, a realização do exame de Papanicolau, do qual esse exame irá detectar e prevenir complicações na gestação causada por essa vulvovaginite. Segundo Feuerschuette e 25 colaboradores grande parte das mulheres com sintomas vaginais pode ser atendida e diagnosticada com rapidez, com a avaliação da secreção vaginal por microscopia. Deve ser realizado exame de rotina para buscar a presença de micélios ou esporos, característicos da candidíase, além de lactobacilos e polimorfonucleares (PMN), e também para manter afastado clue cells e Trichomonas vaginalis. Tabela 1. Distribuição dos agentes etiológicos das vulvovaginites Faixa etária 14-19 20-24 25-29 30-34 35-39 40-44 45-49 Total G. Vaginalis % 18,4 13,7 21,2 19 10,1 8,5 2,6 93,5 T. Vaginalis % 29,6 8,4 20,5 10,6 5,3 10,6 5,4 90,4 Rev. Investig. Bioméd., São Luís,6: 92-102, 2014 Candida sp % 9,5 12,8 24 15,6 13,2 12,4 2,1 89,6 Mobiluncus sp % 12 16,3 13 14 16,4 20,8 1,3 93,8 100 A Tabela 1 mostra a distribuição dos agentes etiológicos das vulvovaginites nas pacientes com resultados positivos da doença. Os dados expressos nessa tabela indicam maior prevalência de Mobiluncus sp (93,8%), e G. vaginalis (93,5%), havendo menor incidência de Candida sp (89,6%). Uma pesquisa com 124 mulheres realizada por Gomes (2003) encontrou maior incidência de casos de vulvovaginites relacionadas à Candida albicans, e à Gardnerella vaginalis, sem mencionar percentual, apresentando semelhança com o atual estudo. Freitas25, também realizou um estudo onde o mesmo diz que a candidíase vulvovaginal ocupa o 2° lugar da vulvovaginites em gestantes, sendo precedida pela vaginose bacteriana. A tricomoníase tem apresentado menor presença, ocupando, portanto, o terceiro lugar. Os sinais e sintomas foram apontados com a seguinte frequência: prurido vulvar (38,4%), corrimento (92,3%), ardor a micção (76,9%), dispauremia (64,7%). De acordo com Ferracin e Oliveira5, a candidíase vulvovaginal é caracterizada por corrimento vaginal branco, fluído, que se exterioriza pela fúrcula vulvar ou por secreção branca, espessa, com semelhança à nata de leite, que se adere à parede vaginal e a microscopia a fresco. Para Geber, Martins e Viana26, as vulvovaginites têm manifestações através do corrimento vaginal, cujas características podem ocorrer de várias maneiras, tais como: à cor (branco, amarelado, esverdeado), a consistência (leitoso pastoso). Além disso, o corrimento pode apresentarse ligado a um ou mais sintomas, como a presença ou não do odor fétido. 100% 90% 80% 92,3% 70% 60% 76,9% 50% 40% 64,7% 30% 20% 10% 38,4% 0% Purido vulvar Corrimento Ardor a micção Dispauremia Gráfico 6. Distribuição da amostra quanto os sinais e sintomas Rev. Investig. Bioméd., São Luís,6: 92-102, 2014 101 4 Conclusão Diante do exposto no presente estudo, constatou-se prevalência dos agentes etiológicos das vulvovaginites em 86,7% da amostra analisada, tendo em vista os resultados de exames citopatológicos realizados nas pacientes. Com base na pesquisa, obtiveram-se os seguintes resultados: houve predominância de 50% entre as entrevistadas na faixa etária de 30 a 34 anos. Em relação à escolaridade, um percentual de 66,6% informou ter concluído o 1º grau. Um total de 53,3% das entrevistadas são casadas. Identificou-se que 73,4% das pacientes possuem renda familiar de 1 salário mínimo. Um percentual de 86,7% dos casos da amostra apresentaram agentes etiológicos da doença vulvoganite, havendo predominância de Mobiluncus sp (93,8%). Dentre os sintomas apresentados, o corrimento obteve maior índice com 92%. Assim, aponta-se a importância da realização de exames preventivos e com segurança para se detectar a presença dessa doença nas mulheres, que buscam assistência médica adequada para tratá-la ainda em seu início. Referências 1. Brasil. Ministério da Saúde. Indicadores e dados básicos para saúde 2006. Rede Intergerencial de Informações para a Saúde. Rio de Janeiro: RIPSA, 2006a. 2. Strohl WA, Rouse H, Fisher BD. Microbiologia ilustrada. Porto Alegre: Artmed, 2004. 3. HalbeALBE, H. W. Corrimento vaginal. 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