UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA - UNESP CÂMPUS DE JABOTICABAL EFEITO DAS CONCENTRAÇÕES DE NITROGÊNIO E SILÍCIO EM PLANTAS DE MILHO E DE TRIGO SOB CULTIVO HIDROPÔNICO Edson Santos da Silva Engenheiro Agrônomo Janeiro 2013 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA - UNESP CÂMPUS DE JABOTICABAL EFEITO DAS CONCENTRAÇÕES DE NITROGÊNIO E SILÍCIO EM PLANTAS DE MILHO E DE TRIGO SOB CULTIVO HIDROPÔNICO Edson Santos da Silva Orientador: Prof. Dr. Renato de Mello Prado Coorientadora: Profa. Dra. Durvalina Maria Mathias dos Santos Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias - Unesp, Câmpus de Jaboticabal, como parte das exigências para a obtenção do Título de Mestre em Agronomia (Produção Vegetal). 2013 S586e Silva, Edson Santos da, Efeito das concentrações de nitrogênio e silício em plantas de milho e de trigo sob cultivo hidropônico/ Edson Santos da Silva. – – Jaboticabal, 2013 xvii, 68 f. il.; 28 cm Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, 2013 Orientador: Renato de Mello Prado Banca examinadora: Dr. José Carlos Barbosa, Dra. Anelisa de Aquino Vidal Bibliografia 1. Zea mays L., 2. Triticum aestivum L., 3. Silicato, 4. Fertilizante nitrogenado, 5. Nutrição de plantas. I. Título. II. Jaboticabal Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias. CDU 631.84:633.1 Ficha catalográfica elaborada pela Seção Técnica de Aquisição e Tratamento da Informação – Serviço Técnico de Biblioteca e Documentação - UNESP, Câmpus de Jaboticabal. DADOS CURRICULARES DO AUTOR EDSON SANTOS DA SILVA – nascido em Ipameri, GO., aos 4 dias do mês de novembro de 1972, filho de Jason Pereira da Silva e Orlandina Santos da Silva. Formado em Engenharia Agronômica pela Universidade Estadual de Goiás-UEG, no ano de 2005, em Ipameri-GO. Na graduação, foi bolsista de iniciação científica (PIBIC/UEG) durante 24 meses, vinculado em projetos de frutíferas nativas do cerrado; foi monitor da disciplina Agrostologia e Forragicultura; participou na organização de eventos científicos e execução de projetos de pesquisa e extensão; realizou Estágios Curriculares Supervisionados, junto à EMBRAPA Arroz e Feijão, na área de Integração Lavoura e Pecuária (ILP); trabalhou como coordenador das atividades agronômicas na Fazenda Santa Brígida, Ipameri-GO., no período de dezembro/2006 a abril/2007 e outubro/2008 a maio/2009, atuando junto à EMBRAPA e parceiros na instalação, acompanhamento, condução e avaliação de ensaios de caráter demonstrativo, na divulgação do sistema ILP a produtores e também na produção comercial da referida propriedade. Atuou de dezembro/2007 a março/2009 como membro titular do COMMAM (Conselho Municipal do Meio Ambiente), representando o Sindicato Rural de Ipameri, junto à Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Recursos Hídricos de Ipameri-GO; participou, em 2008, do curso de extensão em Georreferenciamento de Imóveis Rurais pela Universidade Católica de Goiás, obtendo o título de Geomensor credenciado ao INCRA; Em 2010 realizou curso de especialização em Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente, pela UEG; atuou como professor contratado na UEG, nas disciplinas: “Agrostologia e Forragicultura” e “Biologia e Controle de Plantas Daninhas”, no período de agosto/2009 a março/2010; orientou e coorientou alunos do curso de Agronomia da UEG/UnU Ipameri, e de Tecnologia em Gestão Ambiental do Instituto Federal Goiano - Câmpus Urutaí-GO.; participou de bancas de conclusão de curso de graduação em agronomia e tecnólogo em gestão ambiental; Em agosto de 2010, ingressou no Programa de Pós-Graduação em Agronomia (Produção Vegetal), nível Mestrado, na Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Unesp, Câmpus de Jaboticabal, sendo bolsista do CNPq e membro do Grupo de Pesquisa GENPLANT da UNESP, atuando como colaborador em projetos de pesquisa. Quanto maior for o autoconhecimento, mais fácil será seguir a trilha do sucesso; mas, reconheça que o conhecimento é um tesouro que se multiplica ao ser dividido. Assim, compartilhe o conhecimento. Sérgio Lins AGRADECIMENTOS A Deus, que me deu o dom da vida e as oportunidade das conquistas; Aos meus pais, pela luta, sacrifício e crenças em minha potencialidade; À minha esposa pelo afeto e interminável apoio; À FCAV/Unesp e ao Programa de Pós-Graduação em Agronomia, área de Produção Vegetal, pelo suporte à realização dos trabalhos; Aos familiares e amigos que sempre me apoiaram e pelo abraço nos momentos difíceis; Ao Prof. Dr. Renato de Mello Prado, pela orientação segura, amizade, paciência, oportunidade de aprendizado, conversas e conselhos, momentos importantes para o meu crescimento pessoal e profissional. Exemplo de profissionalismo, competência e dedicação; À Profa. Dra. Durvalina Maria Mathias dos Santos, pela coorientação, disposição e ensinamentos importantes no desenvolvimento do trabalho; Aos professores da FCAV/Unesp, com os quais tive a oportunidade de aprender e conviver, pela garra, incentivo e por acreditar que, pelo conhecimento, conseguiremos traçar novos caminhos rumo ao desenvolvimento. Em especial ao Prof. Dr. José Carlos Barbosa, pela disponibilidade e ensinamentos de estatística que tanto me foram úteis na elaboração deste trabalho; Aos amigos e colegas de pós-graduação, em especial aos colegas do grupo GENPLANT, pela colaboração no trabalho, pela amizade, ensinamentos, e por crerem que um dia faremos a diferença, aos quais agradeço hoje e sempre; Aos funcionários do Departamento de Biologia Aplicada à Agropecuária da FCAV/Unesp, em especial à técnica de laboratório Sônia Maria Raymundo Carregari, pela disposição em ajudar, sempre da melhor maneira. E aos demais departamentos de Tecnologia, Solos e Adubo, Ciências Exatas e seus funcionários, sem os quais seria impossível realizar este trabalho; Ao CNPq, pelo apoio financeiro na realização do projeto de pesquisa; Enfim, a todos que participaram direta ou indiretamente deste trabalho e tornaram possível essa conquista, seja trabalhando junto ou torcendo, orando por mim, embora não mencionados, meus sinceros agradecimentos e disponibilidade eterna. Muito obrigado! xiii SUMÁRIO RESUMO................................................................................................................... xv ABSTRACT.............................................................................................................. xvi I. Introdução ............................................................................................................... 1 II. REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................. 3 2.1. Importância das culturas do milho e de trigo .................................................. 3 2.2. Adubação nitrogenada ................................................................................... 4 2.3. O silício na nutrição das plantas .................................................................... 6 2.4. Interação entre elementos.............................................................................. 9 III. MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................... 11 3.1. Material Botânico......................................................................................... 11 3.1.1. Milho cultivar AG 1051 ........................................................................... 11 3.1.2. Trigo cultivar IAC 375 ............................................................................. 12 3.2. Instalação e condução experimental ............................................................ 12 3.3. Avaliações .................................................................................................... 13 3.4. Variáveis de crescimento da parte aérea e da raiz ................................ 14 3.5. Índice de cor verde ................................................................................. 15 3.6. Nitrogênio e silício .................................................................................. 15 3.7. Atividade da redutase do nitrato ............................................................. 16 3.8. Teor de prolina ....................................................................................... 17 3.9. Fotossíntese e transpiração foliar .......................................................... 18 3.10. Tratamento estatístico ............................................................................ 18 IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................... 19 4.1. EFEITO DO NITROGÊNIO E DO SILÍCIO NA CULTURA DO MILHO .. 19 4.1.1. Área foliar ............................................................................................... 19 4.1.2. Matéria seca ........................................................................................... 20 4.1.3. Comprimento, diâmetro e densidade das raízes .................................... 24 4.1.4. Índice de cor verde ................................................................................. 26 4.1.5. Acúmulo de nitrogênio ............................................................................ 29 4.1.6. Atividade da redutase do nitrato ............................................................. 31 4.1.7. Acúmulo de silício .................................................................................. 32 4.1.8. Teores de prolina ................................................................................... 33 4.2. EFEITO DO NITROGÊNIO E DO SILÍCIO NA CULTURA DE TRIGO .. 34 4.2.1. Área foliar .............................................................................................. 34 4.2.2. Matéria seca .......................................................................................... 35 4.2.3. Comprimento, diâmetro e densidade das raízes ................................... 38 4.2.4. Índice de cor verde ................................................................................ 39 4.2.5. Acúmulo de nitrogênio ........................................................................... 41 4.2.6. Atividade da redutase do nitrato ............................................................ 43 4.2.7. Acúmulo de silício .................................................................................. 44 4.2.8. Teor de prolina ....................................................................................... 47 4.2.9. Fotossíntese e transpiração................................................................... 48 4.3. Conclusões ............................................................................................ 51 V. Referências ......................................................................................................... 52 xv EFEITO DAS CONCENTRAÇÕES DE NITROGÊNIO E SILÍCIO EM PLANTAS DE MILHO E DE TRIGO SOB CULTIVO HIDROPÔNICO RESUMO – O estudo foi desenvolvido com o objetivo de verificar a influência do nitrogênio na ausência e na presença do silício em variáveis de crescimento, fisiologia e na produção de matéria seca de plantas jovens de milho e de trigo cultivadas hidroponicamente. Foram realizados dois experimentos, um com milho híbrido AG 1051 e outro com trigo cv. IAC 375. Em ambos experimentos, utilizou-se tratamentos dispostos em delineamento inteiramente casualizado em esquema fatorial 5x2 e quatro repetições, constituídos por cinco concentrações de nitrogênio (1,4; 3,6; 7,1; 14,3; 28,6 mmol L-1), na ausência e na presença de silício (1,8 mmol L1 ). Os experimentos foram realizados em ambiente controlado (iluminação, temperatura e umidade). Foram avaliados nas culturas o índice de cor verde, a atividade da redutase do nitrato, área foliar, comprimento, diâmetro e densidade de raiz, matéria seca (parte aérea, raiz e planta inteira), acúmulo de nitrogênio e silício (parte aérea, raiz e planta inteira), teor de prolina, e ainda a fotossíntese e transpiração apenas na cultura do trigo. O efeito do nitrogênio no crescimento das plantas poderá ser potencializado com a adição de silício em relação à sua ausência na nutrição de plantas, especialmente em plantas de milho, fato que pode ser observado entre os elementos em estudo. Palavras-chave: Zea mays L., Triticum aestivum L., silicato, fertilizante nitrogenado, nutrição de plantas. xvii EFFECTS OF NITROGEN AND SILICON CONCENTRATIONS IN CORN AND WHEAT PLANTS UNDER HYDROPONIC CULTIVATION ABSTRACT – The objective of this research work was to verify the influence of nitrogen in the presence and absence of silicon on growth variables, physiology, and dry matter production of hydroponically cultivated young plants of corn and wheat. Two experiments were carried out – one with the AG 1051 corn hybrid and other with the IAC 13 wheat cultivar. In both experiments the experimental units were arranged in the field in accordance with a completely random design with four repetitions. The treatments consisted of five concentrations of N (1.4, 3.6, 7.1, 14.3, 28.6 mmol L -1) in the absence and presence of silicon (1.8 mmol L-1). The experiments were carried out under controlled environmental conditions (luminosity, temperature, and humidity). In both crops the green color index, the nitrate reductase activity, leaf area, root length, diameter, and density, plant aerial part, root and the whole plant dry matter, accumulation of nitrogen and silicon in the plant aerial part, in the root, and in the whole plant, proline content and, in wheat plants only, photosynthesis and transpiration. Nitrogen effect on plant growth may be potentiated by silicon, specially in corn plants as indicated by results found in this study. Keywords : Zea mays L., Triticum aestivum L., silicate, nitrogenous fertilizer, plant nutrition h may be enhanced with the addition of silicon relative to the absence. I. INTRODUÇÃO O mundo está consciente da importância dos cereais em dietas saudáveis. Entre estes cereais, o milho (Zea mays L.) e o trigo (Triticum aestivum L.), merece papel de destaque por ser um dos constituintes da base alimentar de humanos e animais. Entretanto, as produtividades não são suficientes para suprir a demanda da população mundial. Para alcançar a auto-suficiência, é necessário gerar estratégias e incorporação de novas tecnologias ao processo de produção. Assim, há um interesse socioeconômico em aumentar a produção destes cereais, pois é cada vez maior a sua demanda. Porém, o aumento da produtividade destas culturas podem ser influenciadas por diversos fatores. Dos mais relevantes, a adubação nitrogenada é um dos principais, pois o nutriente controla o crescimento e o desenvolvimento das plantas, podendo afetar negativamente os aspectos fisiológicos e bioquímicos e ser a principal causa de reduções de produtividade. A fim de alcançar um crescimento eficiente, desenvolvimento e reprodução, das plantas necessitam de adequadas quantidades de nitrogênio. O uso de altas concentrações de nitrogênio aumenta o ciclo vegetativo das plantas proporcionando menor armazenamento carboidratos, deixando os tecidos das plantas mais tenros, aumenta o autossombreamento e a incidência de acamamento, e, em alguns casos, pode atrasar a floração, ocorrendo maior consumo de energia nos processos de absorção e de assimilação de nitrato (SCHRADER, 1984; MALAVOLTA, 2006). O excesso de nitrogênio pode ser tóxico as planta e induzir a deficiência ou reduzir a absorção de outro nutriente (SALVADOR et al., 1999). Assim, para otimizar o uso do nitrogênio, devem-se levar em consideração práticas de manejo apropriadas, que possibilitem o melhor aproveitamento do nutriente fornecido às plantas, revertendo em aumento da produtividade e minimizando prejuízos nos aspectos ambientais. Neste contexto, há relatos que a utilização conjunta do nitrogênio com elementos benéficos, como o silício, possibilita melhores respostas das plantas, principalmente as acumuladoras deste elemento, ao uso de fertilizantes 2 nitrogenados, resultando em melhor desenvolvimento e no aumento de produtividade. O silício é caracterizado como elemento benéfico ou útil, este vem demonstrando que na nutrição de plantas poderá contribuir de forma significativa para a agricultura por possibilitar inúmeros benefícios como: aumento da resistência de plantas a pragas, doenças e ao acamamento, redução de estresses bióticos, abióticos e deficiência hídrica, dentre outros, possibilitando um incremento na produtividade de diversas culturas agrícolas, que sendo suplementada com silício, pode apresentar efeitos benéficos no crescimento, desenvolvimento e produtividade da cultura (LIMA FILHO e TSAI, 2007). O silício tem sido estudado pelo fato de minimizar os estresses de diferentes naturezas, e pelo melhor aproveitamento de alguns nutrientes pelas plantas, especialmente o nitrogênio (MALAVOLTA, 2006). Além disso, o silício possibilita melhoria na arquitetura foliar das plantas promovendo maior taxa fotossintética diminuindo o autossombreamento, sobretudo em condições de altas densidades populacionais e altas doses de nitrogênio, (KORNDÖRFER et al., 2002), o que pode justificar a necessidade de complementar a adubação nitrogenada com a adubação silicatada. Pouco se conhece sobre a associação do nitrogênio ao silício no desenvolvimento de plantas de milho e de trigo, surgindo à necessidade de uma melhor compreensão da ação conjunta destes elementos para as culturas. Portanto, foi testada a hipótese de que o nitrogênio na presença de silício em relação a sua ausência afetaria positivamente os processos fisiológicos e bioquímicos das plantas de milho e trigo. Este estudo foi, portanto, desenvolvido com o objetivo de verificar a influência do nitrogênio na ausência e na presença do silício em variáveis de crescimento, fisiologia e na produção de matéria seca de plantas jovens de milho e de trigo cultivadas hidroponicamente. 3 II. REVISÃO DE LITERATURA 2.1. Importância das culturas do milho e do trigo O milho e o trigo constituem importantes fontes de alimentos para homens e animais há centenas de anos. A produção destas culturas, a estocagem e o uso contribuíram de maneira significativa para o desenvolvimento da civilização moderna. Estes cereais são utilizados principalmente na forma de farinhas, empregadas como matérias-primas para diversos tipos de alimentos, como produtos panificados, biscoitos, macarrão, confeitos e em farelos, na fabricação de rações para animais (CREDIDIO, 2008). A situação da produção mundial e nacional desses cereais, normalmente oscilante, provoca grandes alterações no balanço de oferta e demanda. Este fato ocorre devido a fatores como: condições edafoclimáticas, sistema de cultivo, época de semeadura, responsividade do material genético, rotação de culturas, época e modo de aplicação, fontes de nitrogênio, aspectos econômicos e operacionais, à redução da área cultivada, menor valorização em relação a outras commodities e outros (BOBATO, 2006). Mesmo com diversos fatores que podem desfavorecer o incremento na produtividade do milho e do trigo, há também um grande interesse socioeconômico em aumentar a produtividade mundial e nacional. Por ser economicamente mais atrativa, a produção de soja pode estar contribuindo para a redução da área de plantio de milho e de trigo, principalmente na safra de verão. Portanto, grande parte da produção destes cereais, principalmente do milho, é proveniente da safrinha tendo esta um papel importante para manter os estoques mundial e nacional deste grão. Na safra de 2011/2012, as produções mundiais de milho e de trigo atingiram 867 e 695 milhões de toneladas, respectivamente. No Brasil, na mesma safra, a produção total de milho foi de 61 milhões de toneladas e, para o trigo, a produção foi de 5,8 milhões de toneladas (USDA, 2012). Nota-se que, apesar da importância socioeconômica das culturas de milho e de trigo, a produtividade no Brasil é considerada baixa. Entre os diversos fatores que 4 contribuem para isso, tem-se destacado o manejo incorreto de fertilizantes, principalmente o manejo de fertilizantes nitrogenados (BROCH et al., 2010). Deste modo são importantes os estudos e a adoção de técnicas agronômicas e adequadas que contribuam para aumentar a produtividade destas culturas. 2.2. Adubação nitrogenada O nitrogênio é o nutriente absorvido em maior quantidade pelas plantas (MARSCHNER, 1995). A disponibilidade de nitrogênio é um dos fatores mais importantes nos processos de crescimento e de desenvolvimento da planta, pois apresenta-se como o nutriente de maior impacto na produção e na qualidade de cereais (Viana, 2007) é, frequentemente, um dos nutrientes que mais limita o desenvolvimento e a produtividade das culturas (Maçãs, 2008). Vários são os processos dependentes do nitrogênio na formação das culturas, pelo fato que este nutriente participa dos compostos, como proteínas e ativação e composição de todas as enzimas. A alta exigência nutricional das culturas, em nitrogênio, implica no uso de adubação nitrogenada para complementar a quantidade fornecida pelo solo às plantas, visando à obtenção de produtividades elevadas, mesmo sendo um dos elementos mais abundantes na natureza, porém não prontamente disponível às plantas (ARTUR, 2010). Os fertilizantes nitrogenados aplicados ao solo passam por várias transformações químicas e microbianas que podem resultar em perdas. Neste contexto, considerando o custo dos adubos nitrogenados, é fundamental o desenvolvimento de manejos adequados da adubação nitrogenada que visem o melhor aproveitamento do nitrogênio pela cultura (VITTI et al., 2007). O manejo correto da adubação nitrogenada visa suprir a demanda deste nutriente nas plantas durante o seu desenvolvimento. Portanto, a concentração, a época e o método de aplicação de fertilizantes nitrogenados têm efeito importante, sobre a produtividade das culturas, o uso eficiente de fertilizantes pode também reduzir o impacto ambiental. (HOEFT, 2003; FERNANDES; LIBARDI, 2007). Pois, o 5 nitrogênio não recuperado pela cultura, pode perder-se no sistema solo-planta por erosão, lixiviação, desnitrificação ou volatilização (SILVA et al., 2007). O aumento relativo na produção, em função da aplicação de fertilizantes nitrogenados, demonstra que o suprimento de nitrogênio do solo normalmente não atende ao potencial de crescimento das gramíneas anuais de verão, as quais têm altas taxas de crescimento e grande demanda por nitrogênio (SIMPSON; STOBBS, 1981). De maneira geral, a adubação nitrogenada destaca-se entre outros nutrientes por afetar o crescimento e o aumento da produtividade das culturas, havendo, portanto, forte correlação entre o teor de nitrogênio na planta e a biomassa vegetal e a capacidade fotossintética da planta, proporcionando maior produção de grãos (WOLFE et al., 1988; LAWLOR, 2002). Na planta, o nitrogênio é um dos elementos mais abundantes, cerca de 90% do elemento da planta encontra-se em forma orgânica e é assim que desempenha as suas funções, como componente estrutural de macromoléculas e constituinte de enzimas sendo parte de moléculas essenciais para os vegetais (FAQUIN, 2005). Quando há deficiência, o principal sintoma observado nas plantas é o amarelecimento e a clorose das folhas, devido à inibição da síntese de clorofila, a taxa de fotossíntese também é prejudicada, consequentemente, interferindo na produção de massa seca (EPSTEIN; BLOOM, 2005; MEIRA; BUZETTI, 2006). Nas plantas de milho, a deficiência de nitrogênio pode afetar o crescimento do sistema radicular e da parte aérea, a produtividade, o número de células endospermáticas e de grânulos, que podem reduzir a fonte de fotoassimilados, devido à diminuição do índice e a duração de área foliar, nos grãos pode reduzir a massa, a densidade, a sanidade, e também outros componentes da produtividade (MELGAR et al., 1991; NHEMI et al., 2004). No trigo, o nitrogênio pode incrementar o número de espiguetas por espiga, de grãos por espigueta e o tamanho dos grãos, ainda que seu efeito sobre este último componente seja pouco consistente, pois é dependente das condições ambientais durante sua formação. Embora possa incrementar cada um dos componentes, individualmente, fenômenos compensatórios fazem com que, frequentemente, os componentes se relacionem de forma negativa, propiciando 6 incremento ou decréscimo; assim, a mesma produtividade pode ser obtida por diferentes caminhos, sendo difícil estabelecer-se uma combinação ótima dos componentes de produção (LAMOTHE, 1998). Portanto, todos os componentes de produção podem ser influenciados pela nutrição nitrogenada (ZAGONEL et al., 2002). Conforme comentado, o nitrogênio é essencial para um crescimento vigoroso das plantas, e em níveis adequados exerce papel importante para a sanidade vegetal (LOPES et al., 2006), entretanto, altas concentrações do nutriente promove excesso no desenvolvimento vegetativo, causando maior autosombreamento das plantas com queda na taxa de fotossíntese, aumenta a suscetibilidade a desordens fisiológicas, a suculência das plantas, atrasa a maturidade, reduz a espessura da parede celular e leva ao acúmulo de compostos aminados, tornando as plantas mais atrativas e vulneráveis à penetração pelos fungos, prejudicando também, o desenvolvimento do sistema radicular e diminuindo a capacidade de resistência das plantas a períodos secos, bem como o acamamento das plantas podendo levar a morte da planta (KOMMEDAHL, 1984; MARSCHNER, 1995; MALAVOLTA, 2006; PRADO, 2008). Após atingir determinado nível do nutriente, em que ocorre crescimento máximo das plantas, o excesso de nitrogênio pode provocar desequilíbrio entre os nutrientes e causar toxicidade na planta (DOUGHERTY; RHYKERD, 1985). Portanto, pode-se observar que tanto o excesso quanto a deficiência podem predispor as plantas à ação de fatores internos e externos prejudiciais ao seu desenvolvimento, demonstrando a necessidade do equilíbrio da adubação das culturas. 2.3. O silício na nutrição das plantas O silício não é considerado elemento essencial às plantas. Um elemento essencial é aquele cuja ausência impede uma planta de completar seu ciclo de vida. Por isso, o silício é classificado como elemento benéfico ou útil, ou seja, sem ele é possível à sobrevivência das plantas (MARSCHNER, 1995). 7 Na maioria dos solos tropicais têm-se quantidades consideráveis de silício, entretanto, a quantidade pode ser reduzida devido a plantios consecutivos, sendo necessária à suplementação com esse elemento para aumentar a produtividade (DATNOFF et al., 2001). O silício como elemento benéfico, vem contribuindo para o crescimento e a produção, melhorando as condições físicas, físico-químicas e químicas desfavoráveis ao ambiente de cultivo (MALAVOLTA, 2006). Os benefícios do silício na fisiologia das plantas podem ser incrementados com aumento dos níveis desse elemento (TAKAHASHI, 1995). Os efeitos do silício têm beneficiado muitas espécies vegetais, conferindo resistência às plantas pela sua deposição e formando uma barreira mecânica (GOUSSAIN et al., 2002; YOSHIDA et al., 1962), e/ou pela sua ação como elicitor1 do processo de resistência induzida (FAWE et al., 2001; GOMES et al., 2005), além de propiciar proteção contra efeitos abióticos e bióticos (EPSTEIN, 1994). A adubação silicatada vem demonstrando efeitos importantes no combate a estresses causados em plantas por fatores físicos, climáticos e biológicos, este fato ocorre devido a sua atuação na formação de complexos protetores e reguladores da fotossíntese e de outras atividades enzimáticas, assim, diminuindo a perda de água por evapotranspiração, elevando a eficiência fotossintética; consequentemente, os benefícios proporcionados podem resultar no aumento do crescimento vegetal, em ganhos de produtividade e de qualidade (MARSCHNER, 1995; SAVANT et al., 1997; EPSTEIN, 1999; RODRIGUES, 2002; NOJOSA et al., 2006; LIMA FILHO, 2010). De acordo com Raij e Camargo (1973), resultados positivos com a aplicação de silício no aumento da produtividade são observados em plantas acumuladoras desse elemento, como ocorre com a maioria das gramíneas (arroz, cana-de-açúcar, milho, trigo, sorgo, aveia, milheto, forrageiras) e em muitas não gramíneas, como feijão, tomate, brássicas e alface (KORNDÖRFER; DATNOFF, 1995). Segundo Okuda e Takahashi (1965), a aplicação de silício, na cultura do arroz apresenta aumento na produtividade de grãos, comparado ao tratamento sem silício, ao contrário de Borba et al., (2008) e Marchezan et al., (2002), que não verificaram 1 Molécula presente em um organismo ou mesmo moléculas produzidas pela própria planta que têm como função gerar respostas de defesa. 8 efeito do silício na produtividade de grãos. Por sua vez, pesquisadores têm comprovado a ausência de resposta do silício no aumento da produtividade em certas culturas como tomateiro (Pereira et al., 2003; Lana et al., 2003) feijoeiro (Franzot et al., 2005). Os resultados ainda são divergentes, nessa situação, as alterações de metodologia de colocação desse elemento à disposição da planta, como aumento de dose, forma de aplicação (sulco, cobertura e adubação foliar), poderiam constituir-se em uma nova alternativa de fornecimento desse elemento às plantas, no sentido de se obter resultados positivos com essa aplicação (PEREIRA JÚNIOR et al., 2010). Reis et al. (2007) salienta que a adubação com silício propicia incremento no crescimento e na produção vegetal por meio de várias ações diretas e indiretas, podendo, também, apresentar efeitos sinergéticos com alguns produtos, potencializando ou mesmo reduzindo as dosagens recomendadas. Segundo Malavolta (2006), o silício proporciona maior possibilidade de resposta das plantas à adubação, principalmente a nitrogenada. Existem poucas pesquisas em plantas como as forrageiras sobre a relação entre o silício e outros nutrientes, como o nitrogênio (FORTES, 2006). De acordo com Bastos (2008), a aplicação de silício pode garantir a máxima expressão do nitrogênio, sustentando o potencial das plantas em sistemas altamente produtivos. Os efeitos benéficos da interação silício e nitrogênio em gramíneas, foram verificados por Fonseca et al. (2009), em um estudo pioneiro, que o aumento da absorção de silício promove incrementos na absorção dos macronutrientes pela Brachiaria brizantha, em especial para o nitrogênio, aumentando consequentemente a produção de massa seca dessa forrageira. Em nutrição de plantas, existem poucos estudos relacionados com a interação entre o nitrogênio e o silício. Frente ao exposto, nota-se, necessidade de um maior conhecimento sobre a interação do silício com outros elementos, especialmente com o nitrogênio. 9 2.4. Interação entre elementos Para atingir a produção máxima das culturas, são importantes as concentrações adequadas dos macronutrientes e micronutrientes isoladamente, e esses em conjunto; bem como, o equilíbrio entre os nutrientes, os elementos uteis ou benéficos, o sistema solo-planta e suas interações. Considerando que as interações modificam a nutrição das plantas, e que essa pode afetar os processos que ocorrem no solo como dentro da planta, é necessário que seja entendida a fim de se fornecer um suprimento adequado de nutrientes às plantas (Coopercitrus, 2012). Entende-se por interação o efeito, a influência ou a ação recíproca de um nutriente na concentração de outro, variando em função da proporção dos mesmos, das espécies, das cultivares e do estádio de desenvolvimento do vegetal com consequência no crescimento ou na qualidade ou na produção da cultura (LOPES et al., 2006; PRADO, 2009). A interação também indica a resposta diferencial de um nutriente em combinação com vários níveis de um segundo nutriente aplicado simultaneamente (OLSEN, 1972). Na nutrição de plantas, as interações de nutrientes são comuns, podendo ocorrer tanto na solução do solo como nas plantas (ROBSON; PITMAN, 1983). Por outro lado, existem interações entre os nutrientes, o que limita sua aplicabilidade. Esta seria a Lei das interações, ou seja, cada fator de produção é mais eficaz quando os outros estão mais perto do seu ótimo. É válido mencionar que a insuficiência de um nutriente reduz a eficiência de outros e a produtividade é comprometida. Cada fator deve ser considerado como parte de um conjunto que exprimirá a nutrição equilibrada e a sustentabilidade do sistema produtivo (VASCONCELLOS, 2000). Neste aspecto são necessárias técnicas que possibilitem a melhoria na eficiência da fertilização com nitrogênio. Assim, com o conhecimento das interações entre os nutrientes, é possível fazer ajustes na adubação e, consequentemente, obter incremento na produtividade das culturas. Os trabalhos com o uso do nitrogênio na presença de silício em plantas de milho (KOMATSU, 2009), de trigo (GONG et al., 2003), capim-marandu (FONSECA, 10 et al., 2009), indicaram interação dos dois elementos, entretanto, há resultados divergentes em plantas de arroz, onde, não houve essa interação (MAUAD et al., 2003; ÁVILA et al., 2010). Portanto, mais estudos são necessários e importantes, pois observa-se que o nutriente ou o elemento, quando associados, caso haja interação, podem potencializar os efeitos na produtividade e qualidade das culturas. Uma ferramenta importante em estudos de interação entre nutrientes seria a hidroponia. A hidroponia é uma ferramenta utilizada na área de nutrição de plantas na qual se pode submeter às plantas a deficiência, ao excesso, bem como, a concentração adequada dos elementos e, com isto, verificar as funções dos mesmos e suas sintomatologias (PRADO, 2008). O sistema hidropônico é uma técnica de cultivo de plantas em solução nutritiva e tem permitido avanços no conhecimento da nutrição das plantas, pois controla mais adequadamente a composição da solução e elimina a heterogeneidade e complexidade presente no solo. 11 III. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi desenvolvido no laboratório de Fisiologia Vegetal (DBAA) Unesp, Campus de Jaboticabal (SP). Foram instalados dois ensaios, utilizando as culturas de milho e de trigo, no período de maio a novembro de 2011. 3.1. Material Botânico 3.1.1. Milho cultivar AG 1051 A cultura de milho cultivar AG 1051 são híbridos2 duplo da Agroceres recomendado para todos os estados brasileiros (SOARES et al., 2000). É indicado para silagem por apresentar grande quantidade de massa verde de alta digestibilidade. Além disso, é um híbrido diferenciado porque também é indicado para a produção de milhos verdes utilizados como matéria-prima em conservas e fabricação de subprodutos, como a pamonha. Um híbrido capaz de atender às exigências do agricultor e do mercado consumidor (ALVES et al., 2004). Possui boas características agronômicas como: excelente sistema radicular e empalhamento, porte da planta e inserção de espiga altos, grãos dentados amarelos, ciclo semiprecoce e amplitude de época de plantio (ARCHANGELO et al., 2007; SEMENTES AGROCERES, 2012). 2 Plantas proveniente do cruzamento entre duas linhagens puras de uma mesma espécie que produz descendentes normalmente férteis. 12 3.1.2. Trigo cultivar IAC 375 A cultura de trigo cv. IAC 375, apresenta plantas eretas, porte baixo, ciclo precoce, lançada em 2004 pelo Instituto Agronômico de Campinas, sendo indicado seu cultivo em solos com média fertilidade, sendo moderadamente tolerante a solos ácidos. A presente cultivar, destaca-se pela rusticidade e resistência moderada a acamamento. A produtividade média é de 3 a 5 t/ha, os grãos são de cor clara na maturação, apresentando qualidade industrial trigo pão (IAC, 2012). 3.2. Instalação e condução experimental Os experimentos foram conduzidos no laboratório de Fisiologia Vegetal da Unesp, Campus de Jaboticabal (SP). Para isto, foi preparado um ambiente controlado, com luminária com irradiância média de 190 Pmol m-2 s-1, fotoperíodo de 12 horas, temperatura média de 25qC r 2qC e umidade relativa média de 40r5%. As sementes foram semeadas em bandejas de plástico, contendo vermiculita, sendo irrigadas com água deionizada quando necessário e, após a germinação, as plântulas foram transferidas para bandejas de polietileno contendo 38 L de solução nutritiva de Hoagland e Arnon (1950), na concentração de 30% por três dias e 60% por mais três dias para adaptação sendo, divididas em dois grupos: um para a aplicação de silício e outro para a ausência do elemento. Decorrido o período de adaptação, as plantas foram acondicionadas e mantidas em recipientes de plástico com capacidade de 800 mL, em solução nutritiva de Hoagland e Arnon (1950), na ausência de nitrogênio, que teve suas doses ajustadas de acordo com os tratamentos, constituídas por cinco concentrações de nitrogênio (1,4; 3,6; 7,1; 14,3 e 28,6 mmol L -1), na ausência e na presença de silício (1,8 mmol L-1) por 21 dias. Para o fornecimento do nitrogênio nos respectivos tratamentos e, os demais nutrientes, foram utilizadas as seguintes fontes: KH2PO4; NH4H2PO4; KNO3; 13 MgSO4.7H2O; Ca(NO3)2.5H2O; KCl; NH4NO3; CaCl2.2H2O; MnCl2.4H2O; CuCl2; H2MoO4H2O; H3BO3; ZnCl2, Fe-EDDHMA. Sendo estas combinadas diferencialmente para cada tratamento, de tal modo que a proporção N-NO3- e N-NH4+ variou entre 2 a 2,5. Os demais nutrientes foram aplicados na solução nutritiva, juntos com o nitrogênio, de forma uniforme em todos os tratamentos. Como fonte de silício foi usado o ácido silícico (P.A.) com 28,7g kg-1 SiO2. O delineamento utilizado foi inteiramente casualizado em esquema fatorial 5 x 2 com quatro repetições e duas plantas por parcela. A solução nutritiva foi substituída a cada três dias e o pH ajustado diariamente em 5,7 ± 0,2 unidades, pela adição de NaOH ou HCl, a 0,5 mol L -1, e o volume dos recipientes eram, se necessário, completado com a solução nutritiva correspondente aos tratamentos, mantendo-se a solução nutritiva sob oxigenação durante 24 horas, utilizando compressor de ar. 3.3. Avaliações As avaliações fisiológicas iniciaram-se no 10º dia de tratamento quando mediu-se o índice de cor verde, determinado com base em leituras efetuadas no clorofilômetro, sendo novamente realizado no 20º dia para as plantas jovens de milho. Para o trigo, a avaliação do índice de cor verde foi realizada no 20º dia, devido ao fato de que o limbo foliar não apresentava dimensões para avaliação em períodos anteriores, quando também foi realizada a avaliação de fotossíntese e transpiração para esta cultura, utilizando para isto um analisador de gás por sensor infravermelho – IRGA. Após 21 dias sob efeito associado do nitrogênio e do silício em solução nutritiva (31 DAP)3, as plantas de milho e do trigo, foram cortadas na altura do colo, para realização das avaliações fisiológicas e bioquímicas na parte aérea e nas raízes das cultivares de milho e de trigo. 3 Dias após plantio. 14 3.4. Variáveis de crescimento da parte aérea e da raiz das culturas do milho e do trigo Na parte aérea, foi avaliada a área foliar (dm2) que foi determinada por meio do sistema de análise de imagens Delta-T Devices LTD., pelo software Delta-T Image Analysis System. Das folhas, foram colhidas amostras de 0,5 g para a extração da prolina. O restante do material (folhas e caule) foi colocado em saco de papel e levado a estufa de circulação forçada de ar a 65ºC durante 72 horas, após efetuou a determinação de massa seca da parte aérea (g), utilizando-se de uma balança analítica Denver Instrument Company AA-200, com precisão de 1x10-8 g. Imediatamente após o corte da parte aérea, o conteúdo de cada vaso foi colocado sobre peneira de 16 mm para a lavagem do sistema radicular com água destilada. Foram retiradas amostras de 0,5 g de massa fresca do sistema radicular das plantas para a avaliação do teor de prolina. Em seguida para as avaliações do comprimento (mm), da densidade (mm cm-3) e do diâmetro médio (mm) das raízes, foram retiradas amostras de 1g de raiz da massa fresca, acondicionadas em um recipiente contendo álcool a 20% (v/v) e conservadas sob refrigeração para posterior avaliação. Para a determinação do comprimento e do diâmetro médio das raízes, foi utilizado o sistema de análise de imagens Delta-T Devices LTD. Para tanto, as raízes de cada planta foram submetidas à coloração com azul de metileno por aproximadamente dois minutos e, em seguida, dispostas sobre uma bandeja com água, onde foi realizada a leitura da imagem por um scanner Hewlett Packard modelo 5C. A imagem de cada sistema radicular foi analisada pelo software Delta-T Scan Root Analysis System, que determina o comprimento (mm) e o diâmetro médio (mm) pelo método de Harris & Campbell (1989). A densidade das raízes foi calculada, dividindo-se o comprimento encontrado pelo volume da solução nutritiva (mm de raiz/mL solução nutritiva). Após a mensuração da densidade e do diâmetro médio, as raízes foram colocadas em sacos de papel e levadas para secar em estufa de circulação forçada de ar, em temperatura de 65ºC, até a obtenção da massa constante. Para a 15 determinação da massa seca foi utilizada uma balança analítica Denver Instrument Company AA-200, com precisão de 1x10-8 g. 3.5. Índice de cor verde O índice de cor verde foi avaliado com o auxílio do clorofilômetro manual Chlorophyll Content Meter (CCM 200) da marca Opti-sciences. O instrumento usa diodos calibrados, emissores de luz (LED) e receptores para calcular o índice de cor verde (medida indireta da clorofila). As leituras efetuadas por esse equipamento indicam valores proporcionais do índice de cor verde na folha e são calculadas com base na quantidade de luz transmitida pela folha em comprimentos de ondas com distintas absorbâncias (RICHARDSON et al., 2002; APOGEE INSTRUMENTS, 2006). As leituras que expressam o índice de cor verde foram efetuadas no 10º e 20º dias para a cultura do milho e no 20º dia para o trigo, após aplicação dos tratamentos, padronizando a região central da primeira folha completamente expandida das plantas. 3.6. Nitrogênio e silício Para as avaliações do nitrogênio da parte aérea e das raízes das culturas, realizou-se a análise química determinando o teor de nitrogênio conforme indicações de Bataglia et al. (1983). Com os dados do teor de nitrogênio e da matéria seca da parte aérea e da raiz realizou-se o cálculo do acúmulo deste nutriente. Calculou-se também, a eficiência do uso do nitrogênio pela planta seguindo as indicações de Siddiqi e Glass (1981). Para avaliar de silício, as análises foram feitas seguindo a metodologia de Kraska e Breitenbeck (2010), a qual consiste no método da digestão úmida, pela adição de peróxido de hidrogênio (H2O2) e hidróxidos de sódio (NaOH), com a 16 reação induzida em estufa a 95°C, pelo período de quatro horas, quando é adicionado o fluoreto de amônio (NH4F) para facilitar a formação de ácido monossilícico. A determinação da concentração de silício foi realizada por espectrofotômetro a 630nm, pelo método de colorimetria azul de molibdênio, descrito por Hallmark et al. (1982). 3.7. Atividade da redutase do nitrato No 21° dia após o início da aplicação dos tratamentos foram retiradas amostras de 1g de matéria fresca das folhas coletadas na parte medianas das plantas de milho e de trigo para avaliar a atividade da enzima redutase do nitrato utilizando-se o método descrito por Cazetta e Villela (2004). Imediatamente após a coleta dos respectivos tratamentos, as amostras foram colocadas em frascos escuros com 10 mL do meio de incubação, contendo 6,0 mL de tampão fosfato 400 mM; 6,0 mL de KNO3 200 mM; 6,0 mL de n-propanol 4% (v/v); 2,4 mL de triton X-100 a 0,1% (v/v), e 3,6 mL de H2O deionizada com pH 7,2. Os frascos foram colocados em dessecador, submetidos a vácuo com uma pressão de 60 cm Hg por um minuto, com posterior reintrodução do ar, repetindo-se este procedimento por três vezes. Em seguida, os frascos foram transferidos para incubação em banho-maria a 30ºC, no escuro, durante 90 minutos. A reação foi interrompida com adição de 1 mL da solução de sulfanilamida a 1%. Devido à formação de nitrito, pela reação com redutase do nitrato, 0,5 mL do meio de incubação foi retirado para a determinação do nitrito (NICHOLAS et al., 1976). Posteriormente, a esta alíquota, adicionou-se 0,5 mL de solução de sulfanilamida a 1% e 0,5 mL de solução de cloridrato de N-1naftil-etilendiamina a 0,02 %. Essa solução final permaneceu em repouso por 20 minutos, quando, então, adicionou-se água deionizada até completar o volume final para 4,0 mL. A leitura de absorbância das amostras foi realizada em espectrofotômetro Beckman DU 640, no comprimento de onda de 540 nm (JAWORSKI, 1971). A curva de padronização foi realizada para a determinação da concentração de NO 2-, utilizando-se de solução-padrão (1 mg de N-NO2 mL-1), 500 μL de sulfanilamida a 17 1% e 500 μL de cloridrato N-naftil a 0,02%. A atividade da enzima redutase do nitrato foi calculada com base na equação da curva de padronização, na quantidade e no tempo do meio de incubação, bem como na massa fresca do tecido vegetal, sendo a atividade da enzima expressa em mg g-1 h-1 N-NO2 de massa fresca. 3.8. Teor de prolina Os teores de prolina da parte aérea e das raízes de milho e de trigo foram determinados de acordo com o método descrito por Bates et al. (1973), que consiste na homogeneização de 0,5 g de massa fresca das alíquotas de cada tratamento, com 10 mL de ácido sulfossalicílico a 3%. A solução homogeneizada foi submetida a duas filtragens para a eliminação parcial dos interferentes e diluída com ácido ninhidrina. Primeiramente, procedeu-se ao preparo do ácido ninhidrina, para tanto, foi necessária a diluição sob aquecimento (60ºC) de 1,25 g de ninhidrina (C9H4O3.H2O) em 30 mL de ácido acético glacial PA (CH3COOH) e 20 mL de ácido fosfórico (H3PO4) 6 M. Em um tubo de ensaio foram colocados 2 mL do filtrado que reagiram com 2 mL de ácido ninhidrina e 2 mL de ácido acético glacial por 60 minutos, em banho-maria, à temperatura de 100ºC. Decorrido este tempo, o tubo de ensaio foi colocado em um recipiente com gelo para finalizar a reação. Em seguida foram adicionados 4 mL de tolueno (C6H5CH3), e a solução foi homogeneizada agitando-se por 15 a 20 segundos. A leitura de absorbância das amostras foi realizada em espectrofotômetro Beckman DU 640, no comprimento de onda de 520 nm (BATES et al., 1973). A curva de padronização foi realizada para quantificar a prolina, utilizando-se de solução-estoque na concentração de 1mM de prolina PA e diluições em água destilada, segundo metodologia descrita. Os teores de prolina livre nas folhas foram calculados com base na massa fresca, segundo a fórmula: [(Pg prolina/mL tolueno)/115,5 Pg/Pmol] / [(g amostra)/5] = Pmol de prolina/g massa fresca. x mL 18 3.9. Fotossíntese e transpiração foliar As avaliações da fotossíntese e transpiração foram realizadas apenas na cultura do trigo no 20º dia após o início do tratamento, na primeira folha completamente expandida de trigo. Para isto, utilizou-se um aparelho o composto de um analisador de gás por sensor infravermelho – IRGA (Li-Cor, LI6400, EUA), empregando-se a taxa de radiação fotossinteticamente ativa de 1.000 μmol m-2 s-1, concentração de CO2 de referência que variava entre 360 e 380 μmol CO2 m-2 e padronização da temperatura da folha no aparelho a 25ºC. 3.10. Tratamento estatístico Os resultados obtidos foram submetidos à análise de variância pelo teste F e para comparação das medias dos tratamentos na ausência e na presença de silício, utilizou-se o teste de Tukey a 5% de probabilidade. Para estudos do efeito das concentrações de nitrogênio utilizou-se análise de regressão polinominais. As análises estatísticas foram realizadas utilizando o software AgroEstat (BARBOSA; MALDONADO JR., 2012). 19 IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1. EFEITO DO NITROGÊNIO E DO SILÍCIO NA CULTURA DO MILHO 4.1.1. Área foliar A presença de silício não afetou a área foliar das plantas jovens de milho. Entretanto, esse parâmetro foi influenciado pela concentração de nitrogênio, não ocorrendo interação entre os fatores estudados (Tabela 1). O incremento da área foliar das plantas de milho com o aumento das concentrações de nitrogênio ocorrem, pois este nutriente desempenha papel importante na nutrição, contribuindo no processo de crescimento e desenvolvimento das plantas (SOLANGE FRANÇA et al., 2011). Tabela 1 - Resultados médios e resumo da análise de variância dos efeitos das concentrações de nitrogênio e silício para área foliar, matéria seca (parte aérea, raiz e planta inteira), comprimento, diâmetro e densidade de raiz de plantas de milho cultivadas hidroponicamente. Matéria seca (mg kg-1) Área Comprimento Diâmetro Densidade Concentrações foliar da raiz da raiz da raiz Parte Planta Nitrogênio (N) Raiz (cm2) (mm) (mm) (mm cm-3) aérea inteira 1,4 2,98 0,65 0,21 0,86 38389,10 4,20 47,99 3,6 3,31 0,71 0,30 1,06 49131,09 5,40 61,42 7,1 3,86 3,6 0,30 1,08 47406,04 5,43 59,24 14,3 3,83 0,96 0,28 1,23 57071,09 6,18 71,34 28,6 4,18 0,84 0,25 1,09 49578,41 5,43 61,98 4,01* 5,90** 5,97** 5,09** 6,45** 5,09** 6,45** 0,0 3,58 a(1) 0,73 b 0,27 a 1,00 a 42938,13 b 5,07 a 53,67 b 1,8 3,68 a 0,85 a 0,26 a 1,10 a 53692,13 a 5,58 a 67,11 a Teste F 0,21NS 7,16* 1,39NS 3,55NS 20,91** 3,30NS 20,90** Interação NxSi 0,54NS 2,25NS 0,59NS 1,88NS 0,82NS 1,85NS 0,82NS 18,9 17,5 17,3 15,9 15,4 16,7 15,4 Teste F Silício (Si) C.V.(%) (1) Médias seguidas de mesma letra na vertical não diferem entre si pelo teste de Tukey (P > 0,05); NS *, ** e - Significativo a 5 e 1% de probabilidade e não significativo, respectivamente, pelo teste F. 20 Observou-se que, com o aumento da concentração de nitrogênio, promoveu um incremento na área foliar das plantas de milho com ajuste linear apenas na presença de silício, atingindo o máximo valor, na concentração de nitrogênio igual a 28,6 mmol L-1 (Figura 1). Figura 1. Área foliar da cultura do milho, em função das concentrações de nitrogênio na ausência e NS na presença de silício em solução nutritiva. ** e - Significativo a 1% de probabilidade e não significativo, respectivamente, pelo teste F. De acordo com Lima Filho (2007) a presença de silício, possibilita o aumento da produção de fotoassimilados pelas plantas, devido ao incremento na taxa fotossintética, com isto, há um aumento de substrato para a incorporação do nitrogênio nos esqueletos carbônicos das plantas que, com níveis mais elevados de silício tendem a conter mais nitrogênio em seus tecidos e, pelo fato deste nutriente ser constituinte da molécula de clorofila e, atuando nos processos de divisão e expansão celular, consequentemente, aumentando área foliar e matéria seca das plantas de milho (Figura 2). 4.1.2. Matéria seca A produção de matéria seca da parte aérea da cultura de milho foi influenciada pelas concentrações de nitrogênio, na ausência e na presença de silício. Enquanto nas raízes, houve efeito apenas para as concentrações de 21 nitrogênio, entretanto, não houve interação do nitrogênio e do silício para este parâmetro (Tabela 1). A ausência da interação do nitrogênio e do silício na matéria seca, também foi verificada por outros autores em estudos com a cultura do arroz (MAUAD et al., 2003; ÁVILA et al., 2010). Entretanto, Komatsu (2009), com o objetivo de analisar a influência de doses de nitrogênio e silício sobre a produção de milho, relatam que o silício apresentou aumentos na produção de matéria seca para esta cultura. Notou-se que, produção de matéria seca da parte aérea foi influenciada pelo aumento da concentração de nitrogênio, com ajuste linear na ausência e quadrático na presença do silício, atingindo o valor máximo na concentração de nitrogênio igual a 28,6 e 17,3 mmol L-1, respectivamente (Figura 2a). Assim, o incremento da produção de matéria seca das plantas de milho, com o aumento das concentrações de nitrogênio na solução nutritiva é resultado da influência do nitrogênio nas funções fisiológicas na planta, como a divisão celular, participando de diversos componentes orgânicos das plantas, como aminoácidos, proteínas e enzimas vitais para o crescimento vegetal (MALAVOLTA et al., 1997; TAIZ; ZEIGER, 2004). Analisando a produção de matéria seca das plantas de milho (Figuras 2a) nota-se que a tendência é um acréscimo dessas variáveis na maior concentração de nitrogênio quando não foi adicionado silício na solução de cultivo. Entretanto, o efeito do nitrogênio na matéria seca da parte aérea foi potencializado com adição de silício, pois notou-se que na ausência de silício a concentração de nitrogênio de 28,6 mmol L-1 resultou no maior volume de matéria seca (0,87 g por vaso), por sua vez, com silício na solução nutritiva esse mesmo valor de matéria seca ocorrer na concentração de nitrogênio de apenas 6 mmol L -1 (Figura 2a). Dessa forma, o crescimento vegetativo das plantas de milho em detrimento a matéria seca da parte aérea, parece ter sido favorecido na presença de silício. Houve também, o incremento na produção de matéria seca da raiz em função dos tratamentos, com ajuste quadrático na presença do silício, atingindo o valor máximo na concentração de nitrogênio igual a 16,6 mmol L -1 (Figura 2b). O aumento na produção de matéria seca em raízes, com o uso do silício, também foi observado por Al-Aghabary et al. (2005) em plantas de tomate. 22 (a) (b) (c) Figura 2. Matéria seca da parte aérea (a), das raízes (b) e da planta inteira (c) da cultura do milho em função das concentrações de nitrogênio na ausência e na presença de silício em solução NS nutritiva. *, ** e - Significativo a 5 e 1% de probabilidade e não significativo, respectivamente, pelo teste F. 23 Pela análise de regressão, o efeito das concentrações de nitrogênio para a matéria seca da raiz de planta de milho, foi não significativo na ausência do silício, isto pode ter ocorrido devido ao fato de que com inanição temporária de nitrogênio no meio da raiz, as plantas apresentam uma taxa de alongamento foliar reduzido sem afetar a fotossíntese (ANANDACOOMARASWAMY et al., 2002). O crescimento da raiz é mantida ou até mesmo estimulada pelo transporte de carbono assimilado para as raízes, o que resulta em uma proporção menor biomassa aérea em relação à raiz (RICHARD-MOLARD et al., 2008). Nota-se que a concentração de 1,4 mmol L1 de nitrogênio (Figura 2b), foi suficiente para as plantas de milho, especialmente devido ao fato que o estudo foi conduzido com plantas jovens. Observa-se que a presença do silício na solução nutritiva, em relação à ausência, promoveu maior produção de matéria seca das plantas de milho (Figura 2c). O efeito benéfico do uso do silício no incremento da matéria seca das plantas de milho pode ter sido favorecida pela melhoria na arquitetura da planta, o que favorece a menor abertura do ângulo foliar, permitindo, então, maior captação da energia luminosa, favorecendo o aumento da taxa fotossintética e a produção de biomassa (TAKAHASHI, 1995; CARVALHO-PUPATTO et al., 2003). Os resultados da maior produção de matéria seca da parte aérea das plantas com o emprego do silício são evidenciados em outras culturas, como arroz (VIDAL, 2008; ÁVILA et al., 2010), em forrageiras (KORNDÖRFER et al., 2001; FONSECA et al., 2009; SÁVIO et al., 2011), em morangueiro (WANG; GALLETTA, 1998), e em girassol (GUNES et al., 2008). Porém, outros autores verificam que o emprego do silício não influencia na produção de matéria seca em plantas de arroz (TANAKA; PARK, 1966; LIANG et al., 1994; CARVALHO, 2000; MAUAD et al., 2003; ÁVILA et al., 2010; MAUAD et al., 2011) e de Panicum e Brachiaria (MELO et al., 2003; KORNDÖRFER et al., 2010). Com o uso de concentrações moderadas de nitrogênio (7,1 e 14,3 mmol L-1) na presença de silício, foi possível atingir maior produção de matéria seca nas plantas de milho (Figura 2c), podendo inferir que os efeitos benéfico silício aumenta a eficiência da nutrição nitrogenada. 24 Para eficiência nota-se que esta atingiu o máximo valor na presença do silício na concentração de nitrogênio igual a 17 mmol L -1, não sendo observado efeito significativo na ausência do silício (Figura 3). Figura 3. Eficiência da nutrição nitrogenada da cultura do milho em função das concentrações de NS nitrogênio na ausência e na presença de silício em solução nutritiva. ** e - Significativo a 1% de probabilidade e não significativo, respectivamente, pelo teste F. 4.1.3. Comprimento, diâmetro e densidade das raízes Para o comprimento, o diâmetro e a densidade de raízes observou-se a influencia dos tratamentos, entretanto a presença de silício não exerceu efeito significativo no diâmetro das raízes das plantas de milho, não ocorrendo a interação do nitrogênio e do silício para as variáveis estudadas (Tabela 1). O aumento da concentração de nitrogênio na solução nutritiva incrementou o comprimento, o diâmetro e a densidade das raízes das plantas de milho, seguindo ajuste quadrático na presença e na ausência do silício, atingindo o ponto de máximo na concentração de nitrogênio igual a 18,2 e 16,7; 19,8 e 15,2; 18,2 e 16,7 mmol L -1, respectivamente (Figuras 4a, 4b e 4c). Observa-se que esse efeito favorável do nitrogênio nas variáveis analisadas na raiz da planta, possivelmente, contribuiu para maior produção de matéria seca da raiz e da parte aérea (Figura 2a e 2b). 25 O fornecimento de nitrogênio propiciou as plantas forrageiras (Olhos lanatus e Deschampsia flexuosa), maior comprimento e densidade de raízes (ROBINSON; RORISON, 1985). (a) (b) (c) Figura 4. Comprimento (a), diâmetro (b) e densidade (c) das raízes da cultura do milho em função das concentrações de nitrogênio na ausência e na presença de silício em solução nutritiva. *, ** - Significativo a 5 e 1% de probabilidade, respectivamente, pelo teste F. 26 4.1.4. Índice de cor verde O aumento da concentração de nitrogênio na solução nutritiva afetou a índice de cor verde, no décimo e no vigésimo dia de cultivo em solução nutritiva. Houve efeito significativo da presença do silício nas leituras, com o uso das maiores concentrações de nitrogênio (Tabela 2). A correlações positivas entre a intensidade de cor verde medida pelo clorofilômetro e a concentração do nitrogênio na lâmina foliar da grama esmeralda adubada com concentrações crescentes de nitrogênio também foram observadas por Lima et al. (2008). Observa-se que, com o aumento da concentração de nitrogênio, houve um incremento no índice de cor verde, nas folhas de milho, com ajuste quadrático na ausência e na presença de silício, no décimo dia após o transplantio para a solução nutritiva, atingindo o valor máximo na concentração de nitrogênio igual a 21,9 e 21,1 mmol L-1, respectivamente (Figura 5a), enquanto no vigésimo dia, o aumento da concentração de nitrogênio promoveu incremento com ajuste linear na ausência de silício e quadrático na presença, atingindo máximo valor na concentração de nitrogênio de 28,6 e 23,4 mmol L-1, respectivamente (Figura 5b). O efeito do nitrogênio no índice de cor verde foi potencializado com adição de silício nas duas avaliações realizadas (Figuras 5a; 5b), nota-se que no 10º dia, na ausência de silício a concentração de nitrogênio de 21,9 mmol L -1 resultou no maior índice de cor verde (16,5 Spad), entretanto, com silício na solução nutritiva esse mesmo valor do índice de cor verde ocorrer na concentração de nitrogênio de apenas 5,7 mmol L-1 (Figura 5a). No 20º dia, na ausência de silício a concentração de nitrogênio de 28,6 mmol L-1 resultou no maior índice de cor verde (19,6 Spad), entretanto, com silício na solução nutritiva esse mesmo valor do índice de cor verde ocorrer na concentração de nitrogênio de apenas 9,4 mmol L -1 (Figura 5b). O maior valor do índice de cor verde com uso do silício também foi observado em plantas de tomateiro (Al-aghabary et al., 2005) e em plantas de arroz (Ávila et. al., 2010), podendo inferir em um indicativo de que a adubação suplementar com silício, especialmente nos cultivos que estão sujeitos às altas concentrações de nitrogênio, pode levar a uma maximização do potencial produtivo da cultura. 17,36 17,52 14,3 28,6 4,00* 5,7 Interação NxSi C.V.(%) 7,3 9,77** 21,35** 17,75 a 15,96 b 58,01** 20,96 19,50 16,35 14,04 23,3 1,17 NS 13,30** 47,37 a 36,14 b 7,45** 49,37 51,67 40,79 38,86 25,6 22,1 1,04 NS 8,43** 0,50 NS 57,46 a 0,65 NS 46,86 b 7,45** 60,42 64,02 51,87 48,96 10,09 b 10,77 a 3,86* 11,19 12,35 11,08 10,09 14,5 0,70NS 7,97** 13,93 a 12,23 b 4,56** 14,69 13,92 12,85 13,06 Médias seguidas de mesma letra na vertical não diferem entre si pelo teste de Tukey (P > 0,05); NS *, ** e - Significativo a 5 e 1% de probabilidade e não significativo, respectivamente, pelo teste F. (1) 38,46** 16,96 a 1,8 Teste F 15,17 b(1) 0,0 24,63** 16,77 7,1 Silício (Si) Teste F 14,09 3,6 37,4 1,18 NS 27,75** 76,33 a 40,06 b 0,29 NS 62,90 51,61 58,44 58,12 33,0 0,74 NS 1,12 NS 29,63 a 26,52 a 2,14 NS 28,62 33,01 29,21 29,46 33,9 0,88 NS 14,97** 10,41 a 6,83 b 0,91 NS 87,72 83,40 87,66 99,79 20,6 0,94 NS 0,06 NS 4,93 a 5,01 a 0,60 NS 5,18 4,61 4,83 5,31 20,7 1,13 NS 49,83** 3,76 a 2,35 b 1,13 NS 3,13 3,34 3,06 3,07 Resultados médios e resumo da análise de variância dos efeitos das concentrações de nitrogênio e silício para o índice de cor verde, acúmulo de nitrogênio (parte aérea, raiz e planta inteira), atividade da redutase do nitrato e acúmulo de silício (parte aérea, raiz e planta inteira) e teor de prolina (folha e raiz), de plantas de milho cultivadas hidroponicamente. Índice de cor verde Acúmulo de nitrogênio Atividade da Acúmulo de silício Teor de prolina Concentrações redutase do Nitrogênio (N) 10º dia 20º dia Parte aérea Raiz Planta inteira Parte aérea Raiz Planta inteira Folha Raiz nitrato 1,4 14,60 13,43 28,07 7,43 35,51 10,86 59,88 20,06 72,37 4,90 2,68 Tabela 2 - 27 28 Índice de cor verde (Spad) Índice de cor verde (Spad) (a) (b) Figura 5. Índice de cor verde, em folhas de plantas de milho, no 10º (a) e no 20º dia (b) de cultivo, em função das concentrações de nitrogênio na ausência e na presença de silício em solução nutritiva. *, ** - Significativo a 5 e 1% de probabilidade, respectivamente, pelo teste OsF.resultados corroboram com vários autores que observaram efeitos A clorofila da folha também se correlaciona positivamente com o teor de nitrogênio na planta (SCHADCHINA; DMITRIEVA, 1995). Esta relação é atribuída, principalmente, ao fato de que 50 a 70% do nitrogênio total das folhas ser integrante de enzimas que estão associadas aos cloroplastos (STOCKING; ONGUN, 1962; CHAPMAN; BARRETO, 1997). Oliveira et al. (2007), observou que independentemente da forma de nitrogênio utilizada (NO3-, NH4+) na cultura de arroz, a aplicação de silício confere maior valor SPAD, quando comparado aos tratamentos que não receberam aplicação de silício. Possivelmente, este comportamento esteja associado ao fato do silício ser acumulado nas células epidérmicas da parte aérea, melhorando o ângulo de abertura das folhas tornando-as mais eretas, diminuindo o auto-sombreamento e favorecendo um melhor aproveitamento da luz na realização da fotossíntese (KORNDORFER et al., 1999). Através da fotossíntese as plantas clorofiladas 29 convertem a energia luminosa em energia química utilizada na síntese de compostos orgânicos essenciais para a estrutura das plantas (COSTA, 2008). A interação nitrogênio e silício, no índice de cor verde foram significativas no décimo e no vigésimo dia (Tabela 2). Este efeito da maior leitura do clorofilômetro na presença do silício também foi constatado por outros autores em plantas de milho (SOUSA et al., 2010) e de arroz (ÁVILA et al., 2010). 4.1.5. Acúmulo de nitrogênio A concentração de nitrogênio na solução nutritiva, na ausência e na presença de silício, afetou o acúmulo de nitrogênio na parte aérea e raízes das plantas de milho; entretanto, não houve interação (Tabela 2). O aumento da concentração de nitrogênio incrementou o acúmulo do nutriente na parte aérea, com ajuste linear na ausência de silício e quadrático na presença, atingindo o máximo valor na concentração de nitrogênio igual a 28,6 e 18,4 mmol L-1, respectivamente (Figura 6a). Nas raízes, o aumento da concentração de nitrogênio incrementou o acúmulo de nutriente, com ajuste quadrático na presença de silício, atingindo o valor máximo na concentração de nitrogênio igual a 18,3 mmol L-1; entretanto, na ausência não foi verificado efeito significativo (Figura 6b). O aumento da concentração de nitrogênio incrementou o acúmulo deste nutriente na planta inteira, com ajuste linear na ausência e quadrático na presença do silício, atingindo máximo o valor na concentração de nitrogênio igual a 28,6 e 18,4 mmol L-1, respectivamente (Figura 6c). Os trabalhos científicos têm demonstrado que produtividade elevada na cultura do milho relaciona-se positivamente com o aumento da concentração de nitrogênio do fertilizante aplicado, isto devido ao acréscimo na produção de fitomassa que consequentemente proporciona maior acúmulo de nitrogênio na planta. (ROZAS et al., 1999; SILVA et al., 2003). Porém, existem estudos em plantas de milho, que o efeito de doses de nitrogênio do fertilizante não foi constatado (TIMMONS; BAKER, 1992; LIANG; MACKENZIE, 1994). 30 (a) Acúmulo de N na planta inteira (mg por vaso) (b) (c) Figura 6. Acúmulo de nitrogênio na parte aérea (a), na raiz (b) e na planta inteira (c) na cultura do milho em função das concentrações de nitrogênio na ausência e na presença de silício em NS solução nutritiva. *, ** e - Significativo a 5 e 1% de probabilidade e não significativo, respectivamente, pelo teste F. Observou-se que o acúmulo do nitrogênio das planta de milho foi potencializado com adição de silício, nota-se para a parte aérea, que na ausência de silício a concentração de nitrogênio de 28,6 mmol L-1 resultou no maior acúmulo de nitrogênio (47,2 mg por vaso), entretanto, com silício na solução nutritiva esse 31 mesmo valor do acúmulo de nitrogênio ocorrer na concentração de nitrogênio de apenas 6 mmol L-1 (Figura 6a). 4.1.6. Atividade da redutase do nitrato A atividade da redutase do nitrato nas folhas de milho foi influenciada pelas concentrações de nitrogênio, entretanto não foi significativa a interação entre o nitrogênio e o silício (Tabela 2). Observa-se que na presença e na ausência de silício na solução nutritiva, o ajuste foi linear, atingindo máximor valor na concentração de nitrogênio igual a 28,6 mmol L-1 (Figura 7). Figura 7. Atividade da redutase do nitrato em folhas da cultura do milho em função das concentrações de nitrogênio na ausência e na presença de silício em solução nutritiva. ** - Significativo a 1% de probabilidade pelo teste F. Cazetta e Villela (2004) também observaram incremento da atividade da redutase do nitrato com o aumento do nitrogênio na planta. O aumento na absorção de nitrogênio pelas plantas (Figuras 6a, 6b, 6c) foi um fator importante na indução e na manutenção da atividade da enzima nitrato redutase nos tecidos vegetais (VINCENTZ et al., 1993), pois a síntese dessa enzima é afetada por variações no suprimento de nitrogênio (SAGI; LIPS, 1998), sendo induzida por NO3- (TAIZ; ZEIGER, 2004; EPSTEIN; BLOOM, 2006). 32 Nota-se que, para o milho, o uso do silício promoveu aumento na atividade da enzima redutase do nitrato (Tabela 2), fato não observado por Moura, (2009) em plantas de pimentão. Os resultados permitiram inferir que o aumento da concentração de nitrogênio na solução nutritiva promoveu maior absorção do nutriente na planta (Figura 6c) e induziu a atividade da redutase do nitrato (Figura 7), favorecendo sua ação no metabolismo da planta e resultando em incremento na produção de matéria seca, nas plantas de milho na presença do silício na solução nutritiva (Figura 2a). 4.1.7. Acúmulo de silício Houve efeito significativo no acúmulo de silício, na parte aérea e na planta inteira da cultura do milho, apenas para os tratamentos na presença de silício em relação à ausência, exceto para a maior concentração de nitrogênio na solução nutritiva, indicando que na concentração de nitrogênio igual a 28,6 mmol L -1, houve menor acúmulo de silício na parte aérea na presença deste elemento (Tabela 2). O maior acúmulo de silício na parte aérea de plantas de arroz é observado quando se aumenta a disponibilidade do silício no solo (RAMOS et al., 2008). Os tratamentos não afetaram o acúmulo de silício nas raízes da cultura do milho. Na planta inteira, houve efeito significativo para a presença de silício, nota-se que, na concentração de nitrogênio igual a 3,6 mmol L -1, houve o maior acúmulo de silício nas plantas de milho (Tabela 2). O acúmulo do silício pode ser regulado por processos ativo que é desencadeado pelo estímulo de proteção da planta contra as condições de estresse, sugerindo que o acúmulo de silício depende das exigências das plantas para resistirem a essa condição (BÉLANGER; BENHAMOU; MENZIES, 2003; CURRIE; PERRY, 2007). 33 4.1.8. Teores de prolina Os tratamentos e sua interação não influenciaram o teor de prolina na folha das plantas de milho. Entretanto, nas raízes, houve efeito no teor de prolina apenas nos tratamentos com silício (Tabela 2). Observou-se que o aumento da concentração de nitrogênio promoveu um incremento no teor de prolina das raízes de milho, com ajuste quadrático na presença de silício, atingindo o valor de máximo na concentração de nitrogênio igual a 16,4 mmol L-1; entretanto, na ausência, não foi significativo (Figura 8). Figura 8. Teor de prolina livre das raízes da cultura do milho em função das concentrações de NS nitrogênio na ausência e na presença de silício em solução nutritiva. *, ** e Significativo a 5 e 1% de probabilidade e não significativo, respectivamente, pelo teste F. Esse aumento no teor de prolina nas raízes pode ser mecanismo desta espécie para precaver a possível ocorrência de estresse, pois é conhecido que o silício é um elemento benéfico que pode atenuar o estresse em plantas de milho, como o excesso de Al, sais e metais pesados (GIONGO; BOHNEN, 2011; LIMA et al., 2011; LIMA FILHO, 2011). A hipótese do aumento do teor de prolina em função do estresse devido à alta concentração de 28,6 mmol L-1 de nitrogênio, não ocorreu na ausência e nem na presença do silício. O acúmulo de prolina nas plantas depende do tempo de duração do estresse, do estádio vegetativo, do tipo de órgão ou tecido e, principalmente das espécies das plantas (HEUER, 1994; KAVI KISHOR et al., 2005). 34 4.2. EFEITO DO NITROGÊNIO E DO SILÍCIO NA CULTURA DE TRIGO 4.2.1. Área foliar Observou-se que a área foliar, nas plantas de trigo foi influenciada apenas para as concentrações de nitrogênio utilizadas nos tratamentos, não ocorrendo à interação dos elementos (Tabela 3). O nitrogênio atua diretamente no processo de divisão e expansão celular, além de fazer parte da molécula de clorofila (MALAVOLTA et al., 1997). Tabela 3 - Resultados médios e resumo da análise de variância dos efeitos das concentrações de nitrogênio e silício para área foliar, matéria seca (parte aérea, raiz e planta inteira), comprimento, diâmetro e densidade de raiz de plantas do trigo cultivadas hidroponicamente. Matéria seca (mg kg-1) Área Comprimento Diâmetro Densidade Concentrações foliar da raiz da raiz da raiz Parte Planta Nitrogênio (N) Raiz (cm2) (mm) (mm) (mm cm-3) aérea inteira 1,4 93,47 0,25 0,13 0,38 15060,14 0,94 7,79 3,6 98,08 0,28 0,15 0,43 18618,20 1,81 8,05 7,1 106,04 0,28 0,15 0,43 19562,59 1,10 8,37 14,3 101,94 0,28 0,15 0,43 17531,02 1,11 8,01 28,6 91,59 0,24 0,14 0,38 15619,21 0,96 7,32 6,41** 10,87** 1,73 NS 7,83** 6,66** 24,69** 0,82 NS 0,0 96,62 a(1) 0,26 a 0,15 a 0,41 a 16935,79 a 1,00 b 7,79 a 1,8 99,82 a 0,26 a 0,14 a 0,41 a 17620,67 a 1,11 a 8,01 a Teste F 2,32 NS 0,04 NS 0,43 NS 0,14 NS 1,06 NS 32,84** 0,34 NS Interação NxSi 0,58 NS 0,41 NS 2,30 NS 0,92 NS 2,23 NS 1,82 NS 1,25 NS 6,8 5,7 11,6 6,3 12,2 5,6 15,3 Teste F Silício (Si) C.V.(%) (1) Médias seguidas de mesma letra na vertical não diferem entre si pelo teste de Tukey (P > 0,05); NS *, ** e - Significativo a 5 e 1% de probabilidade e não significativo, respectivamente, pelo teste F. Observou-se que o aumento das concentrações de nitrogênio na solução nutritiva promoveu um incremento na área foliar, com ajuste quadrático na ausência e presença de silício, atingindo o maior valor na concentração de nitrogênio igual a 12,9 e 14,7 mmol L-1, respectivamente (Figura 9). O maior teor de nitrogênio foliar proporciona maior crescimento e desenvolvimento da planta, contribuindo para um 35 maior índice de área foliar em função da fotossíntese (MALAVOLTA et al., 2006; SILVA et al., 2005; SILVA et al., 2006). O efeito do nitrogênio na área foliar foi potencializado com adição de silício, pois notou-se que na ausência de silício a concentração de nitrogênio de 13 mmol L-1 resultou na maior área foliar (100,9 cm 2), entretanto, com silício na solução nutritiva esse mesmo valor da área foliar ocorrer na concentração de nitrogênio de apenas 4,6 mmol L-1 (Figura 9). O efeito benéfico do silício na área foliar de plantas de trigo é evidenciado por Gong et al. (2003), Matichenkov et al. (2005) e Lima Filho (2011). Figura 9. Área foliar da cultura do trigo em função das concentrações de nitrogênio na ausência e na presença de silício em solução nutritiva. *, ** - Significativo a 5 e 1% de probabilidade, respectivamente, pelo teste F. 4.2.2. Matéria seca A produção de matéria seca da parte aérea das plantas de trigo foi influenciada pelas concentrações de nitrogênio, na presença e ausência de silício, entretanto não houve a interação (Tabela 3). Observou-se que o aumento da concentração de nitrogênio incrementou a matéria seca da parte aérea das plantas de trigo, com ajuste quadrático na ausência e na presença do silício, atingindo o maior valor na concentração de nitrogênio igual a 15,0 e 17,5 mmol L-1, respectivamente (Figura 10a). Resultados semelhantes foram relatados por outros autores obtendo respostas das plantas ao uso do silício no meio de cultivo, a exemplos em culturas forrageiras (Korndörfer et al., 2001; Melo 36 et al., 2003; Sávio et al., 2011; Fonseca et al., 2009), em plantas de arroz (Silva e Bohnen, 2001; Mauad et al., 2003; Ávila et al., 2010) em plantas de milho (Lima et al., 2011). Entretanto, os resultados discorda com os de Gong et al. (2003), que verificaram em plantas de trigo que a massa seca é relativamente maior quando suplementada com silício. Notou-se a interação do nitrogênio e do silício na produção de matéria seca de raiz das plantas de trigo (Tabela 3). Observou-se que o aumento da concentração de nitrogênio afetou a produção de matéria seca das raízes das plantas de trigo na presença de silício, seguindo tendência linear decrescente até a maior concentração (28,6 mmol L-1). Na ausência do silício, não houve efeito das concentrações de nitrogênio na matéria seca das raízes (Figura 10b). Observou-se que a presença do silício na solução nutritiva atuou negativamente na produção de matéria seca da raiz da cultura do trigo (Figura 10b), entretanto Mauad et al. (2003), Guo et al. (2005), Buzetti et al. (2006), Baliza et al. (2007), Ávila et al. (2010) e Gomes et al. (2011), verificaram que a aplicação do silício não exerce efeito significativo na produção de matéria seca de raízes de plantas de arroz. O efeito benéfico do silício na produção de matéria seca de raízes de trigo foi evidenciado por Lima Filho et al. (2007). Estes autores verificaram que o mesmo efeito não ocorreu em plantas de aveia, onde a adição de silício não influenciou o crescimento vegetativo. Nota-se que a matéria seca das plantas inteira de trigo foi influenciado apenas para as concentrações de nitrogênio (Tabela 3). Observou-se, ainda, que o aumento da concentração de nitrogênio afetou a matéria seca das plantas de trigo na presença e na ausência de silício, seguindo tendência quadrática e atingindo o maior valor na concentração de nitrogênio igual a 11,5 e 14,7 mmol L-1, respectivamente (Figura 10c). De acordo com Lima Filho (2010), a adubação silicatada propicia efeitos benéficos na fisiologia das plantas e, consequentemente a melhoria da eficiência do uso do nitrogênio, entretanto, neste estudo, pode-se inferir que o efeito do silício na produção de biomassa vegetal, relaciona-se positivamente com a eficiência da adubação nitrogenada (Figura 11). Nota-se, assim, que a adubação nitrogenada é menos eficiente na presença de silício, interferindo diretamente na produção de matéria seca nas plantas de trigo (Figuras 10a, 10b e 10c). 37 (a) (b) (c) Figura 10. Matéria seca da parte aérea (a), raízes (b) e planta inteira (c) da cultura do trigo cultivada em função das concentrações de nitrogênio na ausência e na presença de silício em solução nutritiva. *, ** e NS - Significativo a 5 e 1% de probabilidade e não significativo, respectivamente, pelo teste F. Segundo Gava et al. (2010), em maiores concentrações de adubação nitrogenada, há uma redução na eficiência de utilização deste fertilizante. Fato que pode ser observado neste estudo. Nota-se que, em plantas de trigo, a eficiencia do uso da nutrição nitrogenada foi maior na concentração de 7,5 mmol L -1, na presença de silício, e na ausência do elemento foi de 17,5 mmol L -1 (Figura 11). 38 Figura 11. Eficiência da nutrição nitrogenada da cultura do trigo, cultivado em função das concentrações de nitrogênio na ausência e na presença de silício em solução nutritiva. NS *, ** e - Significativo a 5 e 1% de probabilidade e não significativo, respectivamente, pelo teste F 4.2.3. Comprimento, diâmetro e densidade das raízes Observou-se que houve incremento no comprimento e diâmetro das raízes das plantas de trigo com o aumento das concentrações de nitrogênio na solução nutritiva. Efeito significativo foi observado na presença de silício apenas para o diâmetro médio das raízes (Tabela 3). Para a densidade das raízes, não foi observado efeito significativo. A interação do nitrogênio e do silício não influenciou no comprimento, no diâmetro e na densidade das raízes das plantas de trigo (Tabela 3). No comprimento, houve incremento apenas na presença de silício seguindo o ajuste quadrático e atingindo o valor de máximo na concentração de nitrogênio igual a 13,4 mmol L-1. Observou-se que o aumento da concentração de nitrogênio incrementou o diâmetro das raízes das plantas de trigo na presença e ausência de silício com ajuste quadrático, atingindo o valor de máximo na concentração de nitrogênio igual a 15,5 e 14,08 mmol L-1, respectivamente (Figura, 12a, e 12b). 39 (a) (b) Figura 12. Comprimento (a) e diâmetro (b) das raízes da cultura do trigo em função das concentrações de nitrogênio na ausência e na presença de silício em solução nutritiva. NS ** e - Significativo a 1% de probabilidade e não significativo, respectivamente, pelo teste F. 4.2.4. Índice de cor verde Houve interação e efeito significativo das concentrações de nitrogênio na presença e ausência de silício na índice de cor verde (Tabela 4). Observou-se que o uso do silício promoveu maior valor do índice de cor verde, especialmente na concentração de nitrogênio igual a 7,1 mmol L-1. O aumento da concentração de nitrogênio incrementou a índice de cor verde das plantas de trigo, na ausência e presença de silício, com ajuste quadrático atingindo o valor máximo na concentração de nitrogênio igual a 23,9 e 19,1 mmol L -1, no 20º dia respectivamente (Figura 13). 6,31 6,38 14,3 28,6 3,20* 8,6 Interação NxSi C.V.(%) 5,6 1,92 NS 10,38** 12,25 b 12,96 a 10,38** 12,29 13,26 13,15 12,98 10,9 1,53 NS 5,92* 5,85 b 6,37 a 4,91** 6,28 6,68 6,24 6,09 7,2 0,63 NS 8,53** 18,10 b 19,35 a 7,09** 18,85 19,71 19,07 19,47 29,8 6,84** 22,83** 7,04 a 4,46 b 8,84** 6,57 7,12 7,18 4,90 6,6 1,50 NS 308,55** 5,24 a 3,62 b 9,48** 4,29 4,84 4,65 4,33 11,5 3,31** 126,25** 29,00 a 19,16 b 4,04* 23,72 25,16 25,57 25,15 Médias seguidas de mesma letra na vertical não diferem entre si pelo teste de Tukey (P > 0,05); NS *, ** e - Significativo a 5 e 1% de probabilidade e não significativo, respectivamente, pelo teste F. (1) 1,07 NS 5,52 a 1,8 Teste F 5,68 a(1) 0,0 Silício (Si) 25,22** 5,89 7,1 Teste F 5,00 3,6 8,5 2,63 NS 239,61** 8,39 a 5,50 b 9,64** 6,76 7,27 7,21 7,59 14,7 2,04 NS 2,51 NS 6,27 a 6,75 a 6,78** 7,39 7,06 6,98 5,63 24,5 0,90 NS 3,74 NS 4,28 a 3,68 a 6,84** 5,36 3,95 2,82 3,95 19,2 7,87** 42,51** 10,15 a 6,81 b 26,18** 8,71 11,67 10,33 7,71 17,7 17,19** 194,28** 2,89 b 6,58 a 13,57** 4,66 6,19 5,09 4,56 Resultados médios e resumo da análise de variância dos efeitos das concentrações de nitrogênio e silício para o índice de cor verde, acúmulo de nitrogênio (parte aérea, raiz e planta inteira), atividade da redutase do nitrato e acúmulo de silício (parte aérea, raiz e planta inteira), teor de prolina (folha e raiz), fotossíntese e transpiração de plantas de trigo cultivadas hidroponicamente. Acúmulo de nitrogênio Acúmulo de silício Teor de prolina Atividade da Concentrações Índice de redutase do Fotossíntese Transpiração Parte Planta Parte Nitrogênio (N) cor verde Raiz Raiz Planta inteira Folha Raiz nitrato aérea inteira aérea 1,4 4,42 11,35 5,26 16,52 3,00 4,03 20,78 5,91 5,50 3,83 3,97 3,16 Tabela 4 - 40 Índice de cor verde (Spad) 41 Figura 13. Índice de cor verde, em folhas de plantas de trigo em função das concentrações de nitrogênio na ausência e na presença de silício em solução nutritiva. *, ** - Significativo a 5 e 1% de probabilidade, respectivamente, pelo teste F. Ainda são poucos os trabalhos que estudaram essa relação: o aumento do teor de clorofila pelo fornecimento de silício às plantas tem sido observado em outras pesquisas por Savant et al. (1999), em cana-de-açúcar; Lu e Cao (2001), em melão; Al-Aghabary et al. (2005) e Ávila et al. (2010). 4.2.5. Acúmulo de nitrogênio A concentração de nitrogênio na solução nutritiva, na ausência e presença de silício, afetou o acúmulo de nitrogênio nas folhas e raízes das plantas de trigo, entretanto não houve interação entre os fatores estudados (Tabela 4). Nota-se que, na presença de silício, o acúmulo de nitrogênio na parte aérea e nas raízes, foi menor que a ausência deste elemento (Figura 14). Porém, pesquisas indicam que o silício pode aumentar a absorção de nitrogênio em arroz trigo e soja induzindo, assim, aumento na massa vegetativa (TAKAHASHI, 1995; GU et al., 1999; LIMA FILHO et al., 2003). Observou-se que o aumento da concentração de nitrogênio na solução nutritiva promoveu o incremento no acúmulo de nitrogênio da parte aérea, com ajuste quadrático, na ausência e na presença do Si, atingindo o valor máximo na concentração de nitrogênio igual a 14,9 e 17,6 mmol L-1, respectivamente (Figura 14a). Este efeito é amplamente relatado na literatura, de acordo com Gava et al. 42 (2010), a elevação da dose de N-fertilizante promove aumento da massa de matéria seca e acúmulo de nitrogênio nas plantas de milho. Verificou-se, também, que a concentração de nitrogênio afetou o acúmulo de nitrogênio nas raízes, apresentando um ajuste quadrático na presença e ausência de silício, atingindo o valor de máximo na concentração de nitrogênio igual a 21,0 e 14,7 mmol L-1 (Figura 14b). Os resultados estão de acordo com os obtidos por Malavolta (2006), pois segundo o autor, o silício proporciona às plantas maior possibilidade de resposta à adubação, principalmente, a nitrogenada, entretanto, o incremento da adubação nitrogenada pode provocar redução de Si nas plantas (WALLACE, 1989) (Figura 16). (a) (b) Figura 14. Acúmulo de nitrogênio na parte aérea (a) e nas raízes (b) na cultura do trigo em função das concentrações de nitrogênio na ausência e na presença de silício em solução NS nutritiva. *, ** e - Significativo a 5 e 1% de probabilidade e não significativo, respectivamente, pelo teste F. Assim, o incremento na produção de massa seca da parte aérea (Figura 10a), em virtude do aumento das concentrações de nitrogênio, não foi acompanhado da 43 absorção de silício, ocorrendo o aumento do acumulo deste elemento nas plantas de trigo, nas concentrações intermediárias de nitrogênio (7,1 e 14,3 mmol L -1) (Figura 16c). MAUAD et al. (2003), verificaram que os teores de silício são mais pronunciados quando a adubação nitrogenada for baixa, sendo esses resultados explicados pela competição que existe entre o H3SiO4- e o NO3- pelos sítios de absorção da planta (WALLACE, 1989). 4.2.6. Atividade da redutase do nitrato Observa-se que a atividade da redutase do nitrato foi afetada pela concentração de nitrogênio na presença e ausência de silício, e na interação entre os elementos em estudo (Tabela 4). A atividade da redutase do nitrato das folhas, na cultura de trigo, foi influenciada pelas concentrações de nitrogênio, na presença e ausência de silício na solução nutritiva, apresentando um ajuste quadrático, atingindo valor de máximo, na concentração de nitrogênio igual a 14,2 e 24,4 mmol L-1, respectivamente (Figura 15). Nestas concentrações, os maiores valores apresentados pela atividade da enzima redutase do nitrato, na ausência e presença de silício, foram 6,5 e 10,5 μmoles g-1h-1, respectivamente. A partir dessas concentrações, o aumento no fornecimento de nitrogênio promoveu o decréscimo da atividade da enzima especialmente na ausência do silício (Figura 15). Nota-se que, para o trigo, o uso do silício elevou a atividade da enzima redutase do nitrato (Tabela 4), fato observado em plântulas de pepineiro, onde Li e Ma (2002) constataram que o silício pode modificar o metabolismo do crescimento, favorecendo também a atividade da redutase de nitrato, o que não ocorreu em plantas de pimentão (MOURA, 2009). Contudo, a alteração da nutrição da planta promovida pela suplementação silicatada a observação do aumento da atividade da enzima redutase do nitrato, principalmente nas maiores concentrações de nitrogênio (Figura 15), levantam também a hipótese de que o silício pode propiciar melhor aproveitamento do nitrato pela enzima. Segundo Viana (2007), o nitrogênio aumenta a atividade da enzima redutase do nitrato até doses intermediárias, diminuindo nas concentrações 44 elevadas. A maior atividade da redutase do nitrato com o aumento do nitrogênio na planta foi também observada por Cazetta e Villela (2004). O aumento na absorção de nitrogênio pelas plantas foi um fator importante na indução e manutenção da atividade da enzima nitrato redutase nos tecidos vegetais (VINCENTZ et al., 1993), pois a síntese desta enzima é afetada por variações no suprimento de nitrogênio (SAGI; LIPS, 1998), sendo induzida por NO3- (TAIZ; ZEIGER, 2004; EPSTEIN; BLOOM, 2006). Figura 15. Atividade da redutase do nitrato em folhas da cultura do trigo em função das concentrações de nitrogênio na ausência e na presença de silício em solução nutritiva. *, ** - Significativo a 5 e 1% de probabilidade, respectivamente, pelo teste F. 4.2.7. Acúmulo de silício O acúmulo de silício na parte aérea, raízes e planta inteira foi influenciado pela concentração de nitrogênio na solução nutritiva, na presença e ausência de silício, ocorrendo à interação do nitrogênio e silício apenas nas raízes (Tabela 4). Observou-se que, em função dos tratamentos, o incremento no acúmulo de silício na parte aérea seguiu um ajuste quadrático na presença e ausência do silício, atingindo o valor de máximo na concentração de nitrogênio igual a 17,1 e 14,6 mmol L-1, respectivamente (Figura 16a). Nas raízes, ocorreu o incremento no acúmulo de silício, observando-se (Figura 16b) que na presença de silício, o ajuste foi quadrático, e na ausência linear atingindo o valor de máximo na concentração de 12,3 e 28,6 mmol L-1, respectivamente. 45 Notou-se que, em função dos tratamentos, o incremento no acúmulo de silício na planta seguiu um ajuste quadrático na presença e ausência do silício, atingindo o valor de máximo na concentração de nitrogênio igual a 15,6 e 16,5 mmol L -1, respectivamente (Figura 16c). Ramos et al. (2008) e Faria Júnior et al.(2009), em estudos de aplicação de silício em plantas de arroz, verificaram que há um acúmulo maior de silício nestas plantas devido ao aumento da disponibilidade de silício no solo. Em plantas de trigo, o acúmulo de silício nas folhas novas de trigo ocorre predominantemente na epiderme abaxial, por outro lado, em folhas velhas, esta deposição é verificada em ambas as epidermes (ANDRADE et al., 2012). De maneira geral, o silício pode ser encontrado em boas quantidades, quase sempre na forma de sílica gel, em locais como vacúolos, citoplasma e sobre o tonoplasto. Além do mais, na cultura do trigo a absorção deste é mais rápida do que a da água, mostrando desta forma que há um mecanismo ativo de transporte, por meio das membranas das células das raízes. Aliás, tal elemento concentra-se dentro da célula, no xilema na sua forma solúvel (CASEY et al., 2004). Nota-se que o acúmulo de silício nas plantas de trigo possibilitou menor transpiração (Figura 18b). De acordo com Takahashi, (1995); Korndörfer et al. (1999); Faria, (2000) e Oliveira e Castro (2002), a acumulação de silício nos órgãos de transpiração provoca a formação de uma dupla camada de sílica, o que causa redução da transpiração por diminuir a abertura dos estômatos, limitando a perda de água. Segundo Sávio et al. (2011) avaliando a utilização de três diferentes fontes de silício sobre as características agronômicas e conteúdos foliares de Si em Brachiaria. decumbens cv. Basilisk e Panicum maximum cv. Mombaça observaram que as duas espécies forrageiras testadas, diferiram quanto ao acúmulo de silício na parte aérea, tendo B. decumbens apresentando maiores valores, quando comparado com P. maximum. 46 (a) (b) (c) Figura 16. Acúmulo de silício na parte aérea (a), nas raízes (b) e planta inteira (c) na cultura do trigo, em folhas da cultura do trigo em função das concentrações de nitrogênio na ausência e na presença de silício em solução nutritiva. *, ** - Significativo a 5 e 1% de probabilidade, respectivamente, pelo teste F. 47 4.2.8. Teor de prolina Observa-se que há influência no acúmulo de prolina nas folhas e raízes das plantas de trigo, especialmente na presença do nitrogênio. Entretanto, a presença de silício e a interação não foram significativos para este acúmulo (Tabela 4). Nota-se que o acúmulo de prolina nas folhas seguiu a tendência de ajuste quadrático na presença de silício, atingindo o ponto de máximo na concentração de nitrogênio igual a 22,3 mmol L-1, enquanto na ausência de silício não houve efeito significativo (Figuras 17a). Notou-se que, com o aumento da concentração de nitrogênio, houve um incremento no acúmulo de prolina nas raízes com ajuste linear na ausência de silício, atingindo o ponto de máximo na concentração de nitrogênio igual a 28,6 mmol L-1, enquanto na ausência de silício ocorreu ajuste quadrático decrescente até o valor de 11,5 mmol L-1 atingindo o máximo na concentração de 28,6 mmol L-1 (Figura 17b). De acordo com Stewart e Lee (1974) e Shevyakova (1984), o acúmulo de prolina nas plantas sob estresse poderia ser decorrente da regulação osmótica e proteção da integridade celular. Tal acúmulo teria também a função de proteger as células dos processos de desnaturação sob estresse salino (SHEVYAKOVA, 1984), ou ainda participar na constituição de um estoque de N e C, que poderia ser utilizado depois do período de estresse (TAYLOR, 1996). Diante dos resultados, pode-se inferir que, com o aumento da concentração de nitrogênio as plantas de trigo acumularam mais prolina. Efeito contrário foi observado na presença de silício, principalmente na parte aérea em que este acúmulo não foi significativo (Figura 17a). Segundo Hanson (1980), os níveis de prolina nas plantas, antes de sofrerem estresse, são sempre baixos. De acordo Heuer (1994), o acúmulo e o aumento desse aminoácido na plantas dependem do tempo de duração do estresse e da concentração dos sais e variando conforme o tipo de órgão ou tecido, o estádio vegetativo e, principalmente entre espécies (KAVI KISHOR et al., 2005). Nas raízes, observa-se que há maior acúmulo deste aminoácido, principalmente na maior concentração de nitrogênio; possivelmente, este fato possa ter ocorrido devido o contato das raízes com os elementos em solução nutritiva. 48 (a) (b) Figura 17. Acúmulo de prolina na folha (a) e nas raízes (b) na cultura do trigo em folhas da cultura do trigo em função das concentrações de nitrogênio na ausência e na presença de silício em NS solução nutritiva. *, ** e - Significativo a 5 e 1% de probabilidade e não significativo, respectivamente, pelo teste F. 4.2.9. Fotossíntese e transpiração A fotossíntese e a transpiração foram influenciadas pela interação das concentrações de nitrogênio na presença e ausência de silício, ocorrendo à interação dos elementos (Tabela 4). Observou-se que o aumento da concentração de nitrogênio promoveu um incremento na fotossíntese, com ajuste quadrático na presença e na ausência de silício, atingindo o ponto máximo, na concentração de N igual a 17,7 e 15,8 mmol L -1, respectivamente (Figura 18a). O efeito do nitrogênio na fotossíntese foi potencializado com adição de silício, pois notou-se que na ausência de silício a concentração de nitrogênio de 15,8 mmol L-1 resultou na maior taxa de fotossíntese (8,8 μmol Co 2 m-2 s-1), entretanto, com 49 silício na solução nutritiva esse mesmo valor da fotossíntese ocorrer na concentração de nitrogênio de apenas 4,6 mmol L -1 (Figura 18a). Nota-se que, na ausência do silício, a taxa de fotossíntese foi menor que na presença (Figura 18a), inferindo-se que o efeito positivo do silício na estrutura da plantas promove assim melhor penetração de luz e, consequentemente, maior fotossíntese. Segundo Yoshida et al. (1969), a combinação de altas doses de nitrogênio e a ausência e/ou baixas doses de silício tendem a deixar as folhas mais decumbentes. O uso de silício pode promover melhoria na arquitetura da planta e aumento na fotossíntese, devido à melhor abertura do ângulo foliar, o que mantém as folhas mais eretas, reduzindo o autossombreamento, consequentemente, melhorando a penetração da luz no dossel da planta (DEREN et al., 1994; SHI et al., 2001). Os efeitos benéficos do silício em relação à fotossíntese foram observados por Malavolta (2006) em plantas forrageiras e Hattori et al. (2005) em sorgo. O efeito do silício tem sido associado ao aumento da taxa fotossintética da planta, mesmo com estresse hídrico (HATTORI et al., 2005), devido à redução da transpiração através da cutícula (MA; YAMAJI, 2006). Este efeito foi evidenciado em plantas de arroz, de trigo e em cana-de-açúcar (MATOH et al., 1991; GONG et al., 2003; SILVEIRA JUNIOR et al., 2003). Segundo Epstein (1999), plantas adubadas com silício, devido à deposição e polimerização do silício sobre a parede celular, reduzem a transpiração e, com isso, aumentam a resistência das plantas a condições de estresse hídrico. Este fato ocorre porque, a acumulação de silício nos órgãos de transpiração provoca a formação de uma dupla camada de sílica, o que causa redução da transpiração por diminuir a abertura dos estômatos, limitando a perda de água (TAKAHASHI, 1995; KORNDÖRFER et al., 1999; FARIA, 2000). 50 (a) (b) Figura 18. Fotossíntese (a), transpiração (b) na cultura do trigo, em função das concentrações de NS nitrogênio, na presença e na ausência de silício cultivado em solução nutritiva. *, ** e Significativo a 5 e 1% de probabilidade e não significativo, respectivamente, pelo teste F. De modo geral, os resultados encontrados mostra que o efeito do nitrogênio no crescimento das plantas poderá ser potencializado com a adição de silício em relação à sua ausência na nutrição de plantas, especialmente em plantas de milho, fato que pode ser observado entre os elementos em estudo. Este fato é um indicativo de que a adubação suplementar com silício, especialmente nos cultivos que estão sujeitos às altas concentrações de nitrogênio, pode levar a uma maximização do potencial produtivo das culturas, contudo são necessários mais trabalhos para sustentar tal generalização. 51 4.3. Conclusões Houve apenas a interação do nitrogênio e silício no índice de cor verde tendo maior índice na presença do silício com uso de maiores concentrações de nitrogênio aplicado, especialmente, na cultura do milho. O uso de nitrogênio na presença de silício em relação a sua ausência promoveu maior incremento no acúmulo de nitrogênio e de silício da parte aérea, na atividade da redutade de nitrato, com reflexo na produção de matéria seca da parte aérea do milho. A presença do silício não influenciou o teor de prolina foliar das plantas de milho e de trigo. A presença de silício na solução nutritiva pouco influenciou no crescimento, na produção de massa seca e no acúmulo de nitrogênio em plantas de trigo. No entanto, houve um incremento no acúmulo de silício para esta cultura. O silício influenciou positivamente na atividade da redutase de nitrato, no aumento da fotossíntese e redução da transpiração independente das concentrações de nitrogênio aplicadas para a cultura do trigo. O nitrogênio influenciou o crescimento das plantas sendo seu efeito potencializado pela presença do silício, especialmente na cultura do milho. 52 V. Referências AL-AGHABARY, K.; ZHUJUN, Z.; QINHUA, S. 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