AVALIAÇÃO BIOINFORMÁTICA DE DNAS DE ORIGEM VIRAL EM CAPSICUM Daniel Peres de Oliveira (Bolsa: Fundação Araucária) e Andre Luís Laforga Vanzela. E-mail: [email protected] Universidade Estadual de Londrina, Departamento de Biologia Geral/CCB Área e sub-área do conhecimento Ciências Biológicas, Genética Palavras-chave Capsicum, elementos de transposição, genomas. Resumo O gênero Capsicum L. (Solanaceae) tem cerca de 30 espécies, sendo cinco domesticadas. O Brasil é um importante centro de diversidade do gênero e, dentre as espécies domesticadas, Capsicum annuum (pimentão) está entre as 10 hortaliças economicamente mais importantes. Os programas de melhoramento das pimenteiras visam o desenvolvimento de variedades mais produtivas e resistentes a doenças, como a antracnose. O conteúdo de DNA nas espécies de Capsicum varia de 3.32 a 5.77 pg, e esta diversidade envolve famílias repetitivas de DNA, que é a maior fração dos genomas vegetais. Os elementos de transposição são os principais representantes desta fração repetitiva. Neste trabalho elementos de origem viral foram rastreados do genoma sequenciado de Capsicum annuum, utilizando ferramentas de bioinformática contra um banco de dados enriquecido frações de famílias de DNA repetitivo (RepBase). Este genoma tem cerca de 80% de elementos repetitivos, e destes, 95% é retrotransposon com LTR, 2,4% é retrotransposon sem LTR, 1,4% é transposon e 1,2% é composto por elementos virais. Desses últimos, os mais comuns foram Caulimovirus (0,6%) e Pararetrovirus (0,5%). Elementos das linhagens Soymovirus, Cavemovirus e Badnavirus representaram 0,1% da fração repetitiva. Introdução O gênero Capsicum L compreende cerca de 30 espécies, sendo cinco domesticadas (C. annuum, C. baccatum, C. chinense, C. frutescens e C. pubescens), e as demais reconhecidas como semidomesticadas e silvestres (Moscone et al. 2007; Mongkolporn e Taylor 2011). Segundo Heiser (1979), a domesticação das pimentas acarretou em mudanças na morfologia dos frutos, os quais eram pequenos e decíduos e tornaram-se grandes, não-decíduos e com diferentes cores. As espécies de Capsicum são cultivadas em todo o mundo e são utilizadas de diferentes formas, como por exemplo, na culinária e como plantas medicinais e ornamentais (Mongkolporn e Taylor 2011). Estudos genéticos realizados nas espécies de Capsicum têm mostrado uma estabilidade relativa nos números cromossômicos, com 2n = 24 e 2n = 26 (Pozzobon et al. 2006), mas uma grande diferença na ocorrência e distribuição de DNAs repetitivos. A maior fração dos genomas vegetais é composta por DNAs de natureza repetitiva, que são organizados em famílias de acordo com o tamanho das sequências e com o modo de amplificação e dispersão nos genomas (Treangen e Salzberg 2012). Exemplos são os microsatélites, minisatélites e DNAs satélies, que não codificam para polipeptídeos, bem como famílias repetitivas gênicas, como os transposons, retrotransposons, e vírus inseridos, os quais se movimentam nos genomas utilizando diferentes aparatos enzimáticos. O genoma do milho é ilustrativo pois 80% deste é composto por elementos de transposição (Schnable et al. 2009). Qin et al. (2014) sequenciaram o genoma de Capsicum annuum, e observaram que mais de 80% do genoma da pimenta é composto por famílias de DNAs repetitivos. O sequenciamento de nova geração tem produzido milhares de reads de muitas espécies vegetais, criando um imenso volume de dados que permitem buscar, anotar e entender de modo comparativo a distribuição das principais sequências de DNAs repetitivos nos genomas de interesse. Assim sendo, o objetivo deste trabalho foi utilizar ferramentas de bioinformática para rastrear e quantificar as classes de vírus presentes no genoma de Capsicum annuum. Materiais e métodos O genoma sequenciado de Capsicum annunn foi acessado a partir do banco de dados do NCBI (livre), do qual foi baixado por FTP o arquivo Cannuun.fasta. Este arquivo foi contrastado contra um banco de dados compilado no LCDV UEL (All_TEs_DB.fasta), contendo regiões proteicas conservadas dos principais elementos de transposição e de vírus, presentes nos repositórios Censor-giri, Gypsy-DB e NCBI. Para tal, foi utilizada uma linha de comando para blastx local em ambiente Linux (Ubuntu 14.0). Os dados foram triados do output por linhas de comando de filtragem em linguagem SED, AWK e GREP. Os elementos repetitivos foram então organizados em Classes, Famílias e Linhagens, de acordo com o GypsyDB, e tabulados no programa Gnumeric. Resultados e discussão Foram identificados 44503 fragmentos de elementos repetitivos contendo genes, dos quais 97,4% representaram elementos de Classe I, com e sem LTR, predominando retrotransposons das superfamílias copia 26% e gypsy 69%. Retrotransposons sem LTR foram 2,4%. Elementos de Classe II e vírus inseridos apresentaram baixa ocorrência neste banco de dados, sendo transposons com 1,4% e elementos virais com 1,2% (Figura 1). Figura 1. Distribuição de elementos repetitivos no genoma de Capsicum. Os elementos virais mais comuns foram Caulimovirus (0,6%) e Pararetrovirus (0,5%). Elementos das linhagens Soymovirus, Cavemovirus e Badnavirus representaram 0,1% da fração repetitiva. Conclusão Nossos resultados mostram que, assim como ocorre na maioria dos genomas vegetais, os retrotransposons, que se utilizam de RNA intermediário para se movimentar e acumular nos genomas, são predominantes. Os vírus inseridos, embora utilizem um sistema enzimático similar, são pouco representativos ou pouco funcionais, indicando que há um provável controle genético bloqueando suas atividades, comparativamente aos retrotransposons. Agradecimentos ProPPG-UEL, Fundação Araucária e CNPq Agradecimentos HEISER, C.B.J. 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