Sem título-7 - Fundação Dom Cabral

Propaganda
CADERNO DE IDÉIAS
OUT.2007
CI0723
Argentina: Fazendo da Queda
um Passo de Dança na Busca
pela Competitividade
CARLOS ARRUDA
VANJA ABALLAH FERREIRA
MARINA ARAÚJO
Caderno de Idéias
Ano 7 – N0 23 – Outubro de 2007
Argentina: Fazendo da Queda um
Passo de Dança na Busca pela
Competitividade
Carlos Arruda
Professor e pesquisador de Competitividade e Inovação da FDC
Vanja Abdallah Ferreira
Pesquisadora sênior da FDC
Marina Araújo
Assistente de pesquisa da FDC
Projeto gráfico
Célula de Edição de Documentos
Revisão
Célula de Edição de Documentos
Assessoria editorial
Teresa Goulart
Supervisão de editoração
José Ricardo Ozólio
Impressão
Fundação Dom Cabral
2007
Este artigo foi elaborado pelo(s) autor(es). Seu conteúdo é de total responsabilidade do(s) autor(es), não tendo a
Fundação Dom Cabral qualquer responsabilidade sobre opiniões nele expressas. A publicação deste artigo no Caderno
de Idéias FDC foi realizada com autorização do(s) autore(s).
Para baixar a versão digital desta e de outras publicações de temas relacionados à Gestão Empresarial, acesse a Sala do
Conhecimento da Fundação Dom Cabral através do link http://www.fdc.org.br/pt/sala_conhecimento
Copyright© 2007, Fundação Dom Cabral. Para cópias ou permissão para reprodução, contatos pelo telefone
55 31 3589-7465 ou e-mail: [email protected]. Esta publicação não poderá ser reproduzida sem a permissão da FDC.
Campus Aloysio Faria – Centro Alfa – Av. Princesa Diana, 760 – Alphaville Lagoa dos Ingleses 34000-000
Nova Lima, MG – Brasil Tel.: 55 31 3589-7465 Fax: 55 31 3589-7402 e-mail: [email protected] – www.fdc.org.br
Sumário
A Argentina no Relatório World Competitiveness Yearbook 2007 do IMD ............... 7
A Economia Argentina, suas Potencialidades e Desenvolvimento no Pós-crise ......... 9
A Competitividade Argentina Frente a outros Países da América Latina .................. 15
6
Caderno de Idéias CI0723
A Argentina no Relatório World
Competitiveness Yearbook 2007
do IMD
Relatório de Competitividade Mundial (WCY) publicado pelo IMD vem servindo, desde
O
fins dos anos 80, como um importante indicador das principais vantagens e desvantagens
competitivas enfrentadas por 55 países. O WCY é uma ferramenta de análise da capacidade de
um país em prover um ambiente no qual as empresas possam competir (eficientemente) e
crescer. A pesquisa que dá origem aos relatórios cobre um total de 323 indicadores quantitativos
(baseados em estatísticas nacionais e internacionais) e qualitativos (baseados na opinião de
lideranças empresariais pesquisadas entre janeiro e março de cada ano).
A Argentina, que apareceu pela primeira vez no Relatório de Competitividade Mundial
em 1995, chegou, em seu período mais profundo de crise política e econômica - que se
seguiu ao governo Menem (1989-1999) -, a ocupar a última posição no ranking, que então
incluía 60 economias mundiais.
Após esse período de crise, a Argentina passa por um período otimista de sua
economia. Com um crescimento real do PIB de 8,5%, em 2006, e de 9,0% em 2005, a nação
Argentina tem boas perspectivas, se souber controlar os impulsos nacionalistas de seus
governantes e se voltar para fazer investimentos significativos em sua infra-estrutura básica.
Em termos de competitividade, segundo o WCY 2007, o país voltou a perder posições
significativas no ranking geral, passando a ocupar o 51º lugar entre os 55 países analisados
(ver TAB. 1). Em termos macroeconômicos, o país apresenta significativas melhorias.
Resultado do aumento considerável do PIB (de US$181,3 bilhões, em 2005, para US$212,9
bilhões, em 2006), da melhoria do saldo em conta corrente (de 2,5%, em 2005, para 3,8%,
em 2006) e do ainda pequeno, mas significativo, aumento da entrada de investimentos
estrangeiros (2,2% em relação ao PIB, em 2005, e 2,3%, em 2006). Entretanto, variáveis
básicas da economia ainda não apresentam um desempenho satisfatório. A inflação ainda é
alta (9,6%, em 2005, e 11,0%, em 2006) e as taxas de desemprego ainda são preocupantes
(10,1% ,em 2005, e 10,7%, em 2006).
Argentina: fazendo da queda um passo de dança na busca pela competitividade
7
Segundo o WCY 2007, a perda de competitividade geral da Argentina deve-se à queda
de posições no ranking em todos os fatores analisados: Performance Econômica, Eficiência
do Governo, Eficiência dos Negócios e Infra-estrutura . Em Performance Econômica, a queda
de quatro posições deve-se ao mau desempenho de subfatores como Preços (41º lugar) e
Emprego (39º), associados aos indicadores de inflação, custo de vida e taxas de emprego e
desemprego. Como já citado, essas são variáveis básicas do desempenho econômico de uma
nação, levando, conseqüentemente, a uma piora nas condições globais de competitividade.
Em Eficiência do Governo, a queda de quatro posições (2007: 53º, 2006: 49º) está
relacionada às ineficiências do setor público em subfatores como Finanças Públicas (53º
lugar), Estrutura Institucional (50º) e Legislação dos Negócios (52º). Esses subfatores estão
relacionados ao nível de endividamento do governo (84,04% do PIB, em 2006) e à sua
capacidade de gerir essa divida (52º posição entre os 55 países pesquisados).
Considerando Eficiência dos Negócios, a perda de competitividade no pilar (perda
de três posições, ocupando o 51º lugar - Brasil 40º e Chile 21º) deve-se a fatores como
Finanças (55º lugar) e Produtividade e eficiência dos negócios (43º). Segundo indica o
relatório, a crise bancária enfrentada pelo país ainda surte efeitos sobre o seu desempenho
competitivo. Subfatores como o risco de investimentos, o difícil acesso ao crédito ou, então,
os riscos inerentes ao setor são alguns desses indicadores da ainda frágil estrutura do sistema
financeiro. Já em termos de infra-estrutura, os argentinos ainda têm muito a melhorar.
Ocupando o 44º lugar (com perda de três posições - Brasil 49º e Chile 39º), os subfatores
de pior desempenho foram as infra-estruturas científica (52º), tecnológica e básica (ambas
ocupando o 47º lugar). Entretanto, os custos relacionados à eletricidade e à Internet foram
apontados como um fator de incentivo à produção no país. Além disso, a população argentina
foi considerada pelo estudo como bem preparada em termos de línguas (fator fundamental
para uma nação que deseja internacionalizar suas empresas e sua economia).
TABELA 1
A Argentina no WCY de 2007
2003
2004
2005
2006
2007
Performance Geral
50º
50º
49º
47º
51º
Performance Econômica
51º
40º
27º
30º
34º
Eficiência do Governo
50º
50º
50º
49º
53º
Eficiência dos Negócios
51º
50º
51º
48º
51º
Infra-estrutura
40º
41º
40º
41º
44º
Fonte: World Competitiveness Yearbook 2007 - IMD
8
Caderno de Idéias CI0723
A Economia Argentina, suas
Potencialidades e Desenvolvimento
no Pós-crise
egundo o relatório Country Assistance Strategy for the Argentine Republic (WORLD
S
BANK, 2006) o país passa por um processo de rápida reconstrução pós-crise. Entretanto,
1
a agenda de desenvolvimento aplicada ao país acarretou o convívio de duas vertentes. A
primeira trata do considerável progresso em determinados setores, como o de serviços
públicos (em especial saúde e educação). O segundo trata dos permanentes problemas
econômicos e sociais enfrentados pelo país. Entre estes, os mais graves são a pobreza
estrutural, a desigualdade e a profunda exclusão social (WORLD BANK, 2006). Ou seja, o
atual ambiente argentino tem boas oportunidades, principalmente considerando a sua
capacidade ociosa ainda não utilizada, mas também oferece riscos.
As boas oportunidades argentinas estão na sua rápida recuperação e atual estabilidade
(e credibilidade) política. Considerados como fatores básicos para a sustentabilidade do
desenvolvimento econômico e social do país, o estudo ainda apresenta outros desafios
urgentes para a nação. Assim, a continuidade de uma gestão macroeconômica prudente
requer a continuidade da disciplina fiscal, e igualmente relevante, a implantação de reformas
estruturais - entre elas reformas na infra-estrutura ofertada, no clima para investimentos, no
fortalecimento institucional e dos serviços públicos. Como já mencionado, o país focou
fortemente a sua agenda de reformas em áreas sociais (principalmente saúde e educação)
como forma de reduzir a pobreza e promover a inclusão social. Ainda é relevante apontar
que, segundo o World Bank (2006), caso o país não atue de forma coerente e vença os
desafios apresentados, os riscos de uma nova crise ou de fracassos no processo de
reconstrução podem ser altos.
Segundo o relatório (IMD, 2007)2, os executivos vêem o país com uma grande capacidade
de implementar novas políticas frente aos novos desafios impostos pelas mudanças da
economia. Esse é um resultado da atuação eficiente do governo de reestruturar a nação no
período pós-crise. Além disso, segundo o estudo do Banco Mundial (2006), a popularidade
do atual mandato do presidente Kirchner também está relacionada ao progresso das contas
públicas, às políticas domésticas que respeitam os direitos humanos e à recuperação da
credibilidade do país com os credores internacionais. Como pode ser observado no GRAF.1,
passado o período da crise (em que o governo argentino chegou a negar pagamento de
1
Country Assistance Strategy for the Argentine Republic 2006-2008. International Bank for Reconstruction and
Development and International Finance. World Bank. 2006.
2
World Competitiveness Yearbook. Institute of Management of Development. Lausanne: 2007
Argentina: fazendo da queda um passo de dança na busca pela competitividade
9
US$ 9.578 milhões), os pagamentos voltaram a ter determinada regularidade entre os anos de
2002 e 2006. Em 2007, as transferências chegaram a de US$ 11.182 milhões. Segundo esse
mesmo estudo, era de grande importância para o governo a recuperação da credibilidade dos
cidadãos.
Gráfico 1 - Pagamentos a Instituições Internacionais. 1993 a 2006 - em US$ milhões. (Adaptação)
Fonte: Ministério da economia e da produção da República Argentina
Já em relação ao atual contexto econômico e social argentino, o World Bank (2006) aponta
que as políticas macroeconômicas implementadas foram os atores principais da rápida
reestruturação observada no país. Assim, políticas voltadas para a promoção de competitividade
nacional, exportações, investimentos e consumo foram sustentadas. Como resultado disso,
segundo dados do Ministério da Economia Argentina, a confiança dos consumidores aumentou
de 34%, em 2002, para 52% no primeiro trimestre de 2007. Além desses fatores, a existência de
capacidade produtiva ociosa possibilita à economia chances muito maiores de crescimento.
Gráfico 2 - Resultado do setor público argentino, Superávit primário e Resultados Globais. 1993 a 2006. (Adaptação)
Fonte: Ministério da economia e da produção da República Argentina
10
Caderno de Idéias CI0723
Considerando um período que começa em 2003, a política macroeconômica foi focada
em arrocho fiscal e na recuperação das reservas internacionais. O superávit fiscal do governo
federal foi de 2,3% do PIB em 2003; 3,9% em 2004; 3,7% em 2005 e 3,54% em 2006. No
GRAF. 2, pode-se perceber que, passado o período de crise de 2002 em que os resultados
globais eram constantemente negativos, as finanças públicas conseguiram se reerguer,
voltando a não somente apresentar resultados primários positivos, mas, também, os globais.
Em 2006, o governo fechou com um superávit primário de $22.879 pesos e com um
resultado global de $13.986 pesos. Esses resultados, segundo balanço da CEPAL3, refletem
também a aceleração do crescimento na região em geral, e a excepcional elevação dos preços
de muitas commodities (como soja, petróleo, gás e cobre) em particular permitiu que a maioria
dos países aumentasse rápida e intensamente o superávit primário e, em ritmo ainda mais
intenso, reduzissem ou eliminassem o déficit global.
Quanto ao câmbio, o país vem fazendo valer as políticas de desvalorização como meio
de tornar mais competitiva a produção argentina, mantendo-o, em 2005, a $2,90 pesos por
dólar; e, em 2006, a $ 3,05 pesos por dólar (GRAF. 3). A importância da política cambial de
desvalorização está nos ganhos de competitividade da produção nacional, na melhoria dos
resultados da balança comercial (GRAF. 4) e no aumento dos níveis das reservas internacionais.
Em termos da balança comercial, a recuperação econômica já mostra os seus efeitos no aumento
dos níveis das importações - mais que nas importações. Essa é uma das características de
economias em processo de recuperação e aquecimento. Ou seja, com a recuperação econômica,
tanto os consumidores quanto os produtores sentem-se estimulados a produzir, gerando um
aumento na absorção total da economia. Dentro dessa absorção estão os produtos importados
que sofrem um aumento considerável se os compararmos com o volume de exportações
nesse mesmo período. Segundo dados do Ministério da Economia do país, as importações no
período da crise chegaram a ser inferiores a US$ 1 milhão. Em 2006, esses chegaram a
representam mais de US$ 3 milhões para a economia (GRAF. 4).
Gráfico 3 - Taxa de câmbio argentino, médias anuais. IFS/FMI. (Adaptação)
Fonte: IpeaData
3
Relatório CEPAL de dezembro de 2006: Balance preliminar de las economías de América Latina y el Caribe 2006 .
http://www.eclac.org/cgi-in/getProd.asp?xml=/publicaciones/xml/2/27542/P27542.xml&xsl=/de/tpl
p9f.xsl&base=/tpl/top-bottom.xsl
Argentina: fazendo da queda um passo de dança na busca pela competitividade
11
COMÉRCIO EXTERIOR
Promedios mensuales
Gráfico 4 - Balança comercial 2002 a 2007. (Adaptação)
Fonte: Ministério da economia e da produção da República Argentina
Entretanto, quando os formuladores de políticas e investidores observam o país, há
dois indicadores que os preocupam: altos índices inflacionários e de desemprego. A inflação
possui hoje uma tendência crescente (GRAF. 5), passando de 147,50, em 2004, para 161,73,
em 2005, e 172,38 em 2006 (indicadores com base nas variações inflacionárias no ano base
2000 = 100), o que corresponde a uma taxa de 9,65%, em 2005 , e de 6,59% em 2006. Para
2007, as projeções internacionais4 indicam uma taxa de inflação de 9,3%. Lembramos que a
teoria econômica tem como um de seus preceitos que os crescimentos econômico e de produção
da nação podem estar vinculados às variações inflacionárias do período. Assim, resta saber se
o crescimento do PIB anteriormente discutido está efetivamente relacionado com o crescimento
da economia ou possui alguma parcela representada pelo crescimento da inflação. Caso a
segunda opção seja verdadeira, o crescimento do país pode não ser sustentável.
Gráfico 5 - Índice de preços ao consumidor argentino. Média (2000 = 100). IFS/FMI. (Adaptação)
Fonte: IpeaData
4
Estimativa em agosto de 2007 feita pela Economist Intelligence Unit. http://www.eiu.com
12
Caderno de Idéias CI0723
Em termos do mercado de trabalho, as estatísticas não justificam uma maior
preocupação. Passada a crise, este mostra considerável recuperação. Em comparação com
o ano de 2002, observou-se um crescimento de 40,5% no ano de 2006. Já em relação ao ano
de 2005, esse crescimento foi de 9,1%. Como mencionado, a capacidade ociosa da economia
possibilita o rápido crescimento dessa variável. Socialmente, esse crescimento dos postos
de trabalho significa a recuperação da inserção social dos indivíduos, bem como a saída
destes das condições de pobreza, e o aumento da sua capacidade de consumo (que aumenta
a demanda nacional e, conseqüentemente, estimula a produção).
Gráfico 6 - Postos de trabalho assalariados no setor privado considerando os primeiros
noves meses do ano. 2002 a 2006. (Adaptação)
Fonte: Ministério da economia e da produção da República Argentina
Houve uma melhoria nos indicadores sociais da Argentina. A pobreza caiu de 54%, no
pico da crise, para 26,9% atuais, com a extrema pobreza também caindo de 27,7 % para
8,7%. Criaram-se 2,75 milhões de novos empregos de 2003 para 2006. O aumento das
oportunidades de emprego resultou em melhoria da distribuição da renda, como mostra o
coeficiente de Gini, que passou de 0,537, em 2003, para 0,485 no final de 2006 (IMF, 2007) 5
Com o aumento do emprego e conseqüente aumento do nível de renda da sociedade,
há um estímulo ao consumo e à produção. Essa linha de raciocínio é fundamental para
economias em processo de recuperação. Em relação aos salários reais pagos pelo país, após
a considerável queda sofrida pela crise, há , atualmente, uma tendência de crescimento
considerável (que pode ser observada no GRAF. 7). No segundo quadrimestre de 2002, o
salário real chegou a 77,5. No ano de 2004, praticamente estabilizou-se em 97,0 e retomou
o seu crescimento em 2005. Neste ano, os valores saltaram de 100,8 (2005 I) para 108,0
(2005 IV). Já em 2006, ele atingiu níveis de 117,6 (indicadores com base nas variações reais
dos salários no ano base 2001 IV = 100).
5
International Monetary and Financial (IMF)Commitee, Fifteen Meeting - April 14, 2007- Statement by Ms Felisa
Miceli - Minister of Economy and Production from Argentina.
Argentina: fazendo da queda um passo de dança na busca pela competitividade
13
Gráfico 7: Evolução do salário real no setor privado. Dados quadrimestrais, Base 2001 IV = 100. (Adaptação)
Fonte: Ministério da economia e da produção da República Argentina
14
Caderno de Idéias CI0723
A Competitividade Argentina frente a
outros Países da América Latina
esde 2003, a Argentina ocupa o 7º lugar na América no WCY 2007. Entre os latinoD
americanos o país ocupa a 5ª posição, estando atrás de economias como Chile, Brasil, México
e Colômbia. Em termos de Performance Econômica, a Argentina é a quarta economia mais
competitiva entre os países analisados pelo WCY de 2007. Entre os latino-americanos, o
destaque da Argentina se dá apenas no fator Infra-estrutura, segundo lugar no ranking
regional, mas apenas a 44º lugar no ranking mundial, sendo este o fator em que o bloco
latino americano mostra-se mais fraco (TAB. 2).
TABELA 2
WCY 2007 para os países latino-americanos
Performance
Geral
Chile
Colômbia
México
Brasil
Argentina
Venezuela
26
38
47
49
51
55
Performance
Econômica
Colômbia
Chile
México
Argentina
Brasil
Venezuela
Eficiência do
Governo
26
28
30
34
47
51
Chile
Colômbia
México
Argentina
Brasil
Venezuela
16
36
44
53
54
55
Eficiência dos
Negócios
Chile
Colômbia
Brasil
México
Argentina
Venezuela
21
30
40
49
51
53
Infra-estrutura
Chile
Argentina
Colômbia
Brasil
Venezuela
México
39
44
46
49
52
53
Fonte: WCY 2007, IMD
Segundo o Relatório Anual do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a
Argentina apresentou uma das maiores taxas de crescimento na região; entretanto os seus
especialistas não possuem um consenso sobre a sua sustentabilidade (BID, 2006)6. Tal relatório
ainda aponta a Argentina como o país que mais cresceu em termos de competitividade da
região - juntamente com a Colômbia. Em termos de financiamento, frente a sua melhor
imagem internacional, o país conseguiu alguns financiamentos com o BID. A seguir, estão
alguns dos projetos financiados. É interessante destacar que, entre os projetos listados, cinco
deles estariam ligados ao processo de reestruturação da economia, quatro à formação de
infra-estrutura e dois ao âmbito social.
6
Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Relatório Anual 2006. www.iadb.or
Argentina: fazendo da queda um passo de dança na busca pela competitividade
15
Argentina
Páis
Projeto
Programa de transmissão elétrica do Norte Grande
Setorial de administração financeira pública
Programa de modernização tecnológica III
Desenvolvimento social da província de Córdoba
Programa de desenvolvimento de sistema e aplicações de satélite
Programa de crédito para desenvolvimento de produção e
emprego na província de San Juan
Fundo de investimentos para pequenas e médias empresas
TGLT Ventures I
Competitividade de clusters na região central da província de Santa Fé
Gestão de recursos humanos em um novo quadro de relações de trabalho
Consolidação do turismo enológico
Fundo
Montante
CO
CO
CO
CO
CO
580,0
500,0
280,0
180,0
50,0
CO
32,6
Fumin
Fumin
Fumin
Fumin
5,1
1,9
1,4
1,0
Quadro 1 - Lista de operações aprovadas - em milhões de dólares
Fonte: Relatório anual 2006 - BID
Contudo, segundo estudo recente publicado pela McKinsey (2007)7, verificando os
sinais vitais da América Latina, "região que possui as maiores disparidades de renda do
mundo", "os altos níveis de desigualdade de renda prejudicam a economia ao exacerbar
tensões sociais, aumentar a pobreza e minimizar o impacto que o desenvolvimento
econômico tem sobre a redução dos níveis de pobreza". A Argentina, segundo esse estudo,
está no grupo de países no qual há um aumento das desigualdades de renda, juntamente
com outros como Equador, Venezuela e Paraguai. Já entre os países com diminuição das
desigualdades estão Brasil, México e Chile. Logo, se a Argentina deseja se livrar das possíveis
tensões sociais - vivenciadas fortemente no período da crise de 2001-2002 - o governo deve
ater-se a praticar políticas mais eficazes de combate à pobreza.
Em termos da educação ofertada no país, o estudo da McKinsey relata os ganhos
educacionais dos países latino-americanos nos últimos anos. Na Argentina, espera-se que
uma criança estude o mesmo número médio de anos que crianças japonesas (15 anos no
total). Os investimentos em educação continuam como prioritários na agenda dos governos
pós-crise. Observando o GRAF. 8, em 2003, a Argentina investiu 3,5% de seu PIB em
educação. Contudo, esse valor ainda é inferior ao investido por países como Brasil (4,7%) e
México (5,8%). Ainda segundo a McKinsey, o montante total de recursos financeiros ajuda,
mas não define bem a qualidade da educação ofertada. Resultados dos últimos testes da
qualidade da educação realizado pela OCDE (GRAF. 9) indicam que, apesar dos aumentos
recentes na fatia dos recursos dedicados à educação, falta aos países latino-americanos, como
um todo, utilizar formas mais eficiente de se investir em educação.
7
FANTONI, Roberto. Verificando os sinais vitais da América Latina.The McKinsey Quarterly. Edição Especial: Criando
uma nova agenda para a América Latina. 2007
16
Caderno de Idéias CI0723
Gráfico 8 - Gastos públicos totais em educação % PIB 2003. (Adaptação)
Fonte: McKinsey Quarterly, 2007.
Gráfico 9 - Qualidade da Educação segundo PISA + scores, 2000. (Adaptação)
Fonte: OECD, Education at a Glance (2004), and PISA + 2000
Para finalizar, posicionada na 51ª posição no fator "Eficiência dos Negócios", a
Argentina paga ainda um alto preço por seus problemas passados que desfiguram seu setor
financeiro e desmobilizaram seu ambiente empresarial. No World Competitiveness
Yearbook, o país ocupa a última posição no subfator "ambiente financeiro", que analisa a
qualidade das instituições e práticas adotadas no país para o acesso a crédito e financiamento
das atividades produtivas e de consumo.
Por outro lado, o ambiente empresarial da Argentina demonstra estar em pleno
processo de recuperação. Empresas nacionais e internacionais que deixaram o país, ou
reduziram significativamente sua presença e investimentos até 2002, começam a
demonstrar interesse em retomar sua presença no país, principalmente via aquisição de
empresas locais em setores promissores associados a commodities e bens de consumo.
A Petrobras, que, em 2002, comprou a segunda maior empresa petrolífera argentina, a
Perez Copanc, tem investido sistematicamente. A Ambev, que, em 2003, adquiriu a
Quilmes, do setor de alimentos e bebidas no país, e a Camargo Corrêa adquiriu, em
2006, a Cimenteira Loma Negra.
Argentina: fazendo da queda um passo de dança na busca pela competitividade
17
Em 2006, houve um aumento de 9% nos investimentos diretos, segundo o relatório de
investimentos diretos no mundo publicado pela UNCTAD, em 2007. A Argentina está atraindo
investimentos de empresas industriais, que, motivadas por taxas de câmbio competitivas, estão
expandindo sua capacidade de produzir para distribuir para mercados internacionais. Exemplos
citados no relatório da UNCTAD sugerem que a indústria automobilista, entre outras, tem
experimentado um alto nível de recuperação com sua produção triplicando, entre 2002 e 2005,
para 320.000 unidades8. Em 2006, a produção de automóveis na Argentina foi de 263.120 carros,
com destaque para as empresas Citroen, Ford, Chevrolet e Toyota, segundo a Asociácion
Argentina de Fábrica de Automotores - ADEFA. Por outro lado, empresas argentinas como
Techint (siderurgia) e Arcor (alimentos) têm se destacado pela agressiva estratégia de expansão
internacional. A Techint - que, em 2005, adquiriu a siderúrgica Mexicana Hylsamex, a maior
aquisição de uma empresa de um país em desenvolvimento em 2005 (UNCTAD 2007) - ocupa
hoje a posição de maior empresa argentina, seguida de perto pela Accor e pelo Grupo Macri.
No Quadro 2 apresentamos a lista das maiores empresas argentinas segundo relação
da Transnationale.
Alimentos: Bagley, Molinos Rio de la Plata S.A., Sancor, Arcor
Seguros: Galeno Life TIM, La Buenos Aires, La Meridionale, Qualitas Médica, Servicios de
Proteccion Médica
Bancos: Banco Alianza Rosario Coop Ltdo, Banco Argentino del Atlantico SA, Banco Baires SA,
Banco Bansud SA, Banco bi Creditanstalt SA, Banco Bisel, Banco CMF SA, Banco Comafi, Banco
Cooperativo del Este Argentino SA, Banco de Entre Rios, Banco de Formosa, Banco de Galicia y
Buenos Aires SA, Banco de la Nacion Argentina, Banco de la Pampa, Banco de la Província de
Buenos Aires, Banco de la Província de Cordoba, Banco de la Província de Neuquen
Construção: Acsa Argentina, Ausol, Dycasa, Loma Negra
Varejo: DIA, Disco SA, Libertad, Norte Supermercados, Tia Supermercados
Energia e água: Aguas Cordobebas, Aguas Cordobesas, Aguas de Aconquija, Aguas de Misiones,
Aguas de Santa Fe, Aguas Provinciales de Santa Fe, Alto Valle, Aseo SA, AUP, Aysa ex-Aguas
Argentinas, Capex/Capsa, CBA (Central Buenos Aires) SA, Central Costanera, Central Dock Sud,
Central Puerto, Cerros Colorados, Citelec, Costanera, CT Mendosa, Distrocuyo, EASA, EDEER,
EDELAP, EDEMSA, EDEN, Edenor, EDES, EDESE, EDESUR, EMDERSA.
Estado: Public institution
Metais e Mineração: Acindar SA, Siderar, Techint
Pessoas Privadas: Eduardo Eurnekian, Fortabat, Amalia, Perez Companc, Gregorio, Rocca,
Roberto
Saúde: Centro Medico Santa Fe, Omaja, Omat, Sanatorio Santa Isabel
Telecomunicação: Movicom, Telecom Argentina STET, Telefonica de Argentina
Transportes: Aerolineas Argentinas
Serviços Ambientais: Cliba, Ecol, ECS, Manliba
Esporte: Aerolineas Argentinas
Quadro 2: Principais empresas argentinas em diferentes setores
Fonte: www.transnationale.org
8
UNCTAD - World Investment Report 2007.
18
Caderno de Idéias CI0723
Mas fazer negócio na Argentina continua sendo um fator de risco considerável:
regulamentações e legislações trabalhistas restritivas e altas cargas tributárias são alguns
dos motivos que dificultam o bom funcionamento dos negócios (MCKINSEY
QUARTERLY, 2007).
A Argentina está atualmente recuperando o fortalecimento de sua economia, como
se pode observar pelo aumento da poupança bruta, superávit da balança comercial,
fortalecimento do setor financeiro, aumento das exportações, melhoria do mercado de
trabalho e dos indicadores sociais. Porém, a analise do comportamento da Argentina no
relatório de competitividade, publicado em maio de 2007 pelo IMD - The World
Competitiveness Yearbook, confirma a preocupação destacada por muitos analistas
nacionais e estrangeiros que sugerem que o país da Bacia do Prata precisa ajustar-se
rapidamente para não perder as oportunidades oferecidas pelo crescimento mundial e
pela grande demanda e altos preços das commodities. Com taxas de câmbio bastante
competitivas e uma massa de mão-de-obra disponível, o país necessita dar prioridade
para investimentos em infra-estrutura, principalmente na geração de energia. Segundo
recomendações dos especialistas do departamento de economia da Universidade Católica
da Argentina, o país precisa, ainda, com urgência, de promover a estabilização dos preços,
mantendo e reforçando políticas de prudência monetária e superávits fiscais; reduzir a
administração publica e simplificar a infra-estrutura institucional, que regulamenta as
atividades produtivas; além de promover a criação de empregos e a redução de pobreza;
e completar a reorganização do setor bancário, criando condições para a expansão do
crédito para o setor produtivo (WCY 2007). Como diz a famosa canção portenha "Bailar"
de Lucero: "bailar suave...bailar cerca.. .al ritmo del mar".
Argentina: fazendo da queda um passo de dança na busca pela competitividade
19
Caderno de Idéias FDC
CI0701
O Brasil na competitividade mundial. Análise do World Competitiveness Yearbook 2007.
Carlos Arruda, Marina Araújo. Julho 2007.
CI0702
Classification of growth opportunities for brazilian companies by sector. Haroldo Guimarães Brasil,
José Antônio de Sousa Neto, Adelaide Baêta. Julho 2007.
CI0703
Competências individuais: um estudo com mestrandos em administração de instituições mineiras
de ensino superior. Anderson de Souza Sant'anna, Maria Celeste Vasconcelos Lobo, Lúcio Flávio
Renault de Moraes, Vera L. Cançado. Agosto 2007.
CI0704
.
A América Latina no Relatório 2007 do IMD. Carlos Arruda, Marina Araújo, Vanja Abdallah Ferreira
Agosto 2007.
CI0705
Adoção de tecnologias e relacionamentos colaborativos no canal. Áurea Helena Puga Ribeiro,
Anthony K. Asare, Thomas G. Brashear, Cinthya Brito Carvalho, Plínio Rafael Monteiro, Rodrigo
Araújo Alves. Agosto 2007.
CI0706
Network learning: a methodological proposal for CEO´s, directors and executives' education.
Antonio Batista da Silva Jr., Daniel Jardim Pardini, Priscila de Jesus Papazissis Matuck. Setembro 2007.
CI0707
Competências em liderança: Um estudo com gestores do setor bancário. Cleuma Coimbra, Maria
Laetetia Corrêa. Setembro 2007.
CI0708
Estratégias de valor, capacidades e competências em mercados organizacionais: tendências e
desafios. Áurea Helena Puga Ribeiro, Plínio Rafael Monteiro, Cinthya Brito Carvalho, Rodrigo Araújo
Alves. Setembro 2007.
CI0709
O processo de internacionalização de escolas de negócios: o caso da Fundação Dom Cabral
Ricardo Dias Pimenta, Roberto Gonzalez Duarte. Setembro 2007.
CI0710
The impact of channel governance forms on the selection of channel performance measures. Áurea
Puga Ribeiro, Thomas G. Brashear, Virgínia Izabel de Oliveira, Ieda Lima Pereira. Setembro 2007.
CI0711
A análise de dados qualitativos na prática: grounded theory e o software NVivo 7. Samir Lotfi Vaz.
Setembro 2007.
CI0712
Trends in business-to-business relationships: a comparative study. Áurea Helena Puga Ribeiro,
Plínio Rafael Monteiro, Cinthya Brito Carvalho, Rodrigo Araújo Alves. Setembro 2007.
CI0713
Análise da utilidade do endividamento das empresas alimentícias em termos de rentabilidade do
capital próprio. Annévia Palhares Vieira Diniz Oliveira, José Antônio de Sousa Neto. Setembro de 2007.
CI0714
As redes interorganizacionais para inovação no Sistema Financeiro Nacional: uma discussão a
partir da literatura. Rosiléia Milagres, Hérica Morais Righi , Vanessa Parreiras Oliveira. Setembro 2007.
CI0715
As redes interorganizacionais para inovação no Sistema Financeiro Nacional: uma discussão a
partir da literatura. Alessandro Caldeira Pereira, José Antônio de Sousa Neto, Luciano de Castro
Garcia leão. Setembro 2007.
CI0716
O Papel de um Centro de Informações no Processo de Gestão do Conhecimento de uma
Escola de Negócios Um Estudo de Caso. Maria Bernadette Amâncio de Sá Alves, Jorge Tadeu de
Ramos Neves. Novembro 2007.
CI0717
Gestão do conhecimento no contexto de organizações atuantes no Brasil: uma mudança em
direção ao conceito de "Gestão de Contextos Capacitantes". Rivadávia Correa Drummond de
Alvarenga Neto. Outubro 2007.
CI0718
Commercialization of Breakthrough medical technologies: the case of structural tissue engineering.
Anna Goussevskaia, Sue Newel, Jacky Swan, Mike Bresnen, Maxine Robertson, Ademola Obembe.
October 2007.
CI0719
Longevity and performance within the Brazilian Business Context. Carlos Arruda, Haroldo Vinagre
Brazil. October 2007.
CI0720
Exploring post-acquisition knowledge integration: the mechanisms of managing the pragmatic
boundary. Anna Goussevskaia, Carlos Arruda, Samir Lotfi. October 2007.
CI0721
O projeto na FDC: Gênese, presente e futuro. Avaliação de resultados. Lúlia Queiroz, Roberto
Fachin. Outubro 2007.
Download