1 IGREJA METODISTA DE VILA ISABEL CADERNO Nº 5 ESTUDOS PARA A ESCOLA DOMINICAL Janeiro e fevereiro de 2011 2 Escola Dominical, o coração da Igreja! ÍNDICE DAS LIÇÕES – CADERNO 5 LIÇÃO 1 – Página 3 – A 1ª Viagem Missionária de Paulo LIÇÃO 2 – Página 7 – O 1º Concílio da Igreja (Atos 15:1-35) – pareceu bem ao Espírito Santo e a nós LIÇÃO 3 – Página 11 – A 2ª Viagem Missionária de Paulo LIÇÃO 4 – Página 16 – A 3ª Viagem Missionária de Paulo LIÇÃO 5 – Página 20 – A Igreja é de Jesus, e para realizar a sua tarefa precisa do poder do Espírito Santo LIÇÃO 6 – Página 23 – Os Metodistas – um povo na luta de Deus LIÇÃO 7 – Página 26 – Os Dons são dados aos cristãos para um fim proveitoso LIÇÃO 8 – Página 30 – O Desafio que Deus tem dado à Igreja Metodista de Vila Isabel: Uma Nova Vila LIÇÃO 9 – Página 34 – Dons & Ministérios em nossa Igreja local LIÇÃO 10 – Página 41 – Características das pessoas que Deus usa para fazer vir o Espírito Santo (lição especial para o domingo de carnaval) LIÇÃO 11 – Página 43 – Uma graça que poucos desejam (parte 1) – Lição especial sobre contribuição cristã (ofertas e dízimos) OBS: As ilustrações desse Caderno foram retiradas da internet. Os mapas das viagens missionárias de Paulo da Bíblia RA da SBB. Os comentários bíblicos das (por exemplo, “ At 14:8-18 – Da idolatria ao Deus vivo – O anúncio...”, na página 6) são notas de rodapé da Bíblia Edição Pastoral, Edição Paulinas, que foram adaptadas para este Caderno. LEMBRETE: As lições foram escritas para serem estudadas em casa e não lidas durante a 1h de encontro da classe da Escola Dominical. O aluno(a) deve ler a lição em casa, preparando-se para a aula da Escola Dominical, lugar de reflexão, aprendizados, ensinamentos, partilha, aprofundamento, discipulado. A gente lê “sozinho e Deus”, e reflete com o grupo na presença de Deus. Assim nossa reflexão, conhecimentos e experiências são enriquecidos com outras visões. O CADERNO Nº 6 PARA A ESCOLA DOMINICAL SERÁ DISTRIBUIDO, SE DEUS QUISER, NO 2º DOMINGO DE MARÇO, PARA COMEÇAR A SER ESTUDADO NO 3º DOMINGO. DEVIDO AO FERIADO DE CARNAVAL NO 1º DOMINGO DE MARÇO, AS DUAS PRIMEIRAS LIÇÕES DO CADERNO 6 JÁ ESTÃO PUBLICADAS TAMBÉM NESSE CADERNO. 3 Lição nº 1 Para 02 de Janeiro de 2011 A 1ª VIAGEM MISSIONÁRIA DE PAULO I - Introdução: A importância do discipulado. Como já estudamos em Cadernos anteriores, o hoje conhecido e amado apóstolo Paulo era originalmente um líder judeu conhecido pela versão romana de seu nome, a saber, Saulo. Era um feroz e temido perseguidor da Igreja, ou seja, dos discípulos(as) de Jesus. Participou, inclusive, da execução do primeiro mártir cristão, Estêvão (Atos 7:588:1). A caminho de Damasco para localizar e prender mais cristãos (cf. At 9), Paulo teve uma experiência com Deus: encontrou-se com o Senhor e se converteu à fé que ele perseguia. Depois disso, ele tentou convencer os judeus e cristãos sobre a sua conversão. Muitos duvidaram, imaginando que fosse apenas uma estratégia e armadilha para atrair, prender e aniquilar os cristãos e se afastarem dele. Foi Barnabé quem se aproximou de Paulo, o acolheu e o discipulou. Depois de alguns anos (estudiosos calculam uns 10) de convertido e “sentado no banco da igreja e da Escola Dominical” aprendendo de Jesus e do Evangelho, Barnabé vai aonde Paulo morava e o convida para trabalhar com ele na Igreja de Antioquia, da Síria. Isso é importante destacar: Paulo não se converteu num dia e no outro já estava ministrando e liderando. Ele foi discipulado. É verdade que ele chegou a pregar na Igreja de Damasco (At 9:20) e mais tarde em Jerusalém (At 9:28), embora seja bem mais possível que ali ele tenha dado basicamente o testemunho de sua experiência com Deus, de sua conversão. Os judeus não-cristão irritados com sua conversão e seu testemunho tentam matá-lo (At 9:23-25 e At 9:29). Mas os “seus discípulos” (os cristãos que o ouviram e creram na veracidade de sua conversão) o salvaram e o levaram para Jerusalém (At 9:25-26) e finalmente para sua cidade natal, Tarso (At 9:30). OBS: Gente famosa, rica, culta e que exerce liderança secular também precisa passar tempo no “banco” aprendendo e sendo discipulado. É preciso aprender de Cristo para ensinar, receber para repartir. Paulo realizou três viagens missionárias para proclamar a mensagem de Cristo na Ásia Menor e na Europa, cada uma com vários anos de duração, compartilhando as boas novas de Jesus em muitas cidades costeiras e cidades na rota comercial. Aqui está uma breve crônica da sua primeira viagem missionária: II – O ROTEIRO DA 1ª VIAGEM MISSIONÁRIA (ATOS 13-14) Ao atender o chamado de Deus para proclamar a Cristo, Barnabé e Paulo deixaram a igreja em Antioquia, levando consigo o jovem João Marcos (At 13:5). De primeira, o método de evangelismo era pregar nas sinagogas das cidades e aldeias (At 13:5) onde passavam. Mas quando muitos judeus rejeitaram a Cristo e os perseguiam com violência, os missionários reconheceram Deus abrindo outras portas para a Missão: testemunhar aos gentios, ou seja, aos não-judeus. 4 VEJAMOS NO LIVRO BÍBLICO DE ATOS O ROTEIRO DESSA PRIMEIRA VIAGEM: 1 – Paulo e Barnabé saíram de Antioquia, da Síria. At 13:1-3 – Comunidade e Missão – Começa uma nova etapa na história da Igreja: a difusão do Evangelho em ambiente pagão. A Igreja da Antioquia da Síria já se apresenta organizada: funções partilhadas e decisões tomadas em assembléias (concílios), em clima de oração e discernimento, clima referendado pelo Espírito Santo. A missão não nasce por iniciativa de indivíduos ou da preocupação de conquista de “mercados religiosos”, mas a partir de uma comunidade de fé cheia de vida, que tocada pelo Espírito Santo, escolhe e designa indivíduos para a Missão. Não qualquer um, mas criteriosamente os mais capacitados e mais experientes. 2 – Navegaram até a cidade de Salamina, na Ilha de Chipre. 3 – Atravessaram toda a ilha de Chipre até chegarem na cidade de Pafos, onde encontram o falso profeta Elimas, o mágico, que se apresentava como Barjesus (filho de Jesus ou filho de Josué), que estava acompanhado do procônsul Sérgio Paulo (At 13:6-7). Por atrapalhar o testemunho, Paulo diz a Elimas Barjesus: “você na verdade é filho do diabo!” (At 13:8-10). O procônsul creu maravilhado no Evangelho de Jesus (At 13:12) At 13:4-12 – O Evangelho vence a magia – A magia é um artifício que o homem usa para tentar manipular espiritualmente a realidade. Elimas é chamado filho do diabo (“aquele que divide”), porque ele quer impedir a força do Evangelho e cria obstáculos para a conversão do procônsul. Mas o Evangelho é a força de Deus: vence a magia alienadora e liberta o homem, para este viver o caminho de Jesus Cristo. 4 – Navegaram até a cidade de Perge, na Panfília, onde João Marcos abandona a viagem e volta para Jerusalém. 5 – Viajaram então para a cidade de Antioquia, não a da Síria de onde saíram, mas uma cidade de mesmo nome na região da Pisídia. Na sinagoga de Antioquia, da Pisídia, Paulo 5 dá seu testemunho, onde são bem recebidos, vêem conversões e fazem discípulos para Jesus (At 13:42-43). No sábado seguinte quase toda a população da cidade se reuniu para ouvir o testemunho de Paulo (At 13:44). Alguns judeus vendo as multidões, tomaram-se de inveja, opunham-se a Paulo (At 13:45) e o expulsam da cidade (At 13:51). Muitos gentios creram em Jesus e divulgavam o Evangelho por toda aquela região (At 13:48-49). At 13:13-43 – A essência do ensino e pregação de Paulo – O primeiro discurso de Paulo reflete a estrutura do seu ensino e pregação: A idéia-chave é a salvação, fruto da ressurreição de Cristo. Embora, mesmo conhecendo as promessas de Deus, as autoridades de Israel rejeitaram Jesus e o mataram. Deus, porém, o ressuscitou, tornando-o Salvador de todos os homens. É o que as Escrituras anunciam e os apóstolos testemunham. At 13:44-52 – Palavra e conversão – Os missionários cristãos estão entre dois grupos: os pagãos, que acolhem com entusiasmo e alegria ao Evangelho e os missionários, e os judeus, que têm ciúmes, recusam sua mensagem e reagem com intolerância e violência. É um momento histórico para o cristianismo: a travessia da fronteira do mundo judaico para o mundo dos pagãos, e consequentemente a sua universalização. O cristianismo não é apenas um movimento de reforma do judaísmo, mas um instrumento missionário do Espírito Santo para que o mundo conheça o amor e o Evangelho de Jesus. 6 – Paulo e Barnabé vão para a cidade de Icônio, onde grande multidão de judeus e gregos creram no Evangelho (At 14:1), e embora fossem perseguidos pelos judeus que não creram no Evangelho e por praticamente metade do povo da cidade, ficaram ali “muito tempo falando ousadamente de Jesus” e operando “sinais e prodígios” (At 14:3), até que tiveram de fugir para não serem “ultrajados e apedrejados” (At 14:4-5). At 14:1-7 – Evangelização e perseguição –Os missionários Paulo e Barnabé estão agora entre outros dois grupos: os que acreditam na mensagem do Evangelho e os que não acreditam, tanto judeus quanto pagãos. Acolhimento e recusa da Palavra acontecem tanto com judeus quanto com os gentios. A proposta cristã para confiança e seguimento de Jesus como Senhor e Salvador é feita em termos claros e acompanhada de uma prática (sinais e prodígios) provoca situações de crise, confrontos e divisão, pois o anúncio do Evangelho não suporta nem permite neutralidade e exige decisão semelhante à dos apóstolos que não cedem, mesmo sob risco de serem mortos. Eles continuam anunciando corajosamente, com franqueza, amor, interesse pela salvação dos perdidos e liberdade que provém do Espírito Santo. Por isso, são perseguidos por aqueles que recusam a mensagem cristã e a vida de reconciliação, justiça, paz e misericórdia que o Evangelho propõe. Se para quem crê essas coisas são bênção e salvação, para quem não crê, significam perdas e ameaças. 7 – Na cidade de Listra, foram instrumentos de Deus para a cura de um paralítico (At 14:8-9). Diante disso o povo da cidade louvava a Paulo e Barnabé, dizendo que eram os deuses romanos Júpiter e Mercúrio que tinham vindo visitar a terra (At 14:11-12). E mesmo afirmando que eram homens, discípulos de Jesus, foi com dificuldade que impediram que as multidões lhes oferecessem sacrifícios (At 14:15 e 18). Mas alguns judeus vindo de Antioquia, da Pisídia, e de Icônio, instigaram um grupo contra Paulo, apedrejando-o. Pensando que ele estivesse morto “arrastaram-no para fora da cidade” (At 14:19). Amparado por outros cristãos, Paulo levanta-se, sacode a poeira, entra 6 novamente na cidade de Listra, para dali sair com os próprios pés e na força do Espírito Santo para seu novo destino missionário, a cidade de Derbe. At 14:8-18 – Da idolatria ao Deus vivo – O anúncio do Evangelho tem como finalidade fazer com que o homem (a pessoa humana) se levante e caminhe (cura da paralisia). A cura do coxo, portanto, é emblemática: é sinal de um evangelho integral que não apenas salva a alma ou apenas cura o corpo. O Evangelho cura a vida como um todo, a pessoa e também seus relacionamentos. Mas os gentios de Listra não entendem a cura como um sinal e tomam a Paulo e Barnabé como se fossem divindades. O episódio é ocasião para o anúncio fundamental do Evangelho em meio a uma sociedade pagã, a saber, deixar a idolatria, a absolutização de coisas e pessoas, e conhecer o Deus vivo e criador que, embora único absoluto, está próximo e beneficia e abençoa a todos. 8 – Em Derbe, “tendo anunciado o evangelho e feito muitos discípulos”, resolveram terminar a esta primeira viagem missionária e retornar à Antioquia, da Síria. 9 – Retornaram de Derbe, passando pelas cidades já visitadas de Listra, Icônio e Antioquia, “fortalecendo a alma dos discípulos” e organizando ali igrejas (comunidades cristãs) com a eleição de presbíteros (At 14:23). 10 – Retornaram também as cidades já visitadas de Perge e Atália, e dali navegaram diretamente para a Antioquia da Síria, de onde haviam saído, sem passar pelas cidades da Ilha de Chipre. 11 – Em Antioquia,Paulo e Barnabé reuniram a igreja e relataram “quantas coisas fizera Deus com eles e como abrira aos gentios a porta da fé” (At 14:27-28). E ficaram um bom tempo com os cristãos da Antioquia. III – ALGUNS LUGARES DA PRIMEIRA VIAGEM HOJE EM DIA Para fins de localização e identificação desses lugares em nossos dias, vejamos um mapa atual dessa região por onde Paulo e Barnabé passaram: Como podemos ver no mapa ao lado, as regiões da Pisídia, Panfília, Licaônica e Cilícia, que no tempo do apóstolo Paulo formavam a província romana da Galácia, hoje fazem parte de um país chamado Turquia. 7 Lição nº 2 Para 09 de Janeiro de 2011 Texto de Fabiana Marie K. S. C. de Brito Mello O 1º Concílio da Igreja – pareceu bem ao Espírito Santo e a nós Texto base: Atos 15.1-35 O capítulo 15 do livro de Atos é o ponto crucial de toda narrativa e da própria história da Igreja cristã como a conhecemos. A discussão iniciada em Antioquia e que posteriormente se desloca para Jerusalém e suas conclusões irão definir o futuro do cristianismo – por um lado, permanecendo atrelado ao judaísmo corre o risco de desaparecer, por outro, emancipando-se estará por conta própria, podendo alcançar as fronteiras do mundo. Paulo e Barnabé retornam da primeira viagem missionária com relatórios exuberantes da aceitação por parte dos gentios da mensagem evangélica. Muitas comunidades cristãs foram estabelecidas em diversas cidades, incluindo alguns grandes centros cosmopolitas. Com o fluxo rápido de gentios para dentro da igreja, tanto em Antioquia como nas cidades do sul da Galácia, levantou-se a questão da sua admissão, ou com mais precisão, as condições mediante as quais deviam ser admitidos. Aceitar os “devotos” ocasionais na igreja, pessoas que sentiam simpatia pelas doutrinas judaicas, era uma coisa. Mas era outra coisa bem diferente dar as boas-vindas a grande número de gentios que não tinham a menor consideração pela lei, e nenhuma intenção de guardá-la. Há aqui duas reações conflitantes: por um lado os crentes de Antioquia vibraram com entrada de um número cada vez maior de gentios na Igreja; por outro lado, alguns dos judeus convertidos vindos da Judéia e que, segundo Lucas, originalmente haviam pertencido ao grupo dos fariseus (At 15:1-5) sentiram-se grandemente incomodados e começaram a ensinar que os convertidos gentios deveriam se submeter à circuncisão e aos ritos judaicos prescritos na Lei de Moisés. 8 O ponto de vista dos judeus cristãos merece nossa compreensão. No que concernia à maioria, a lei continuava a ser elemento determinativo na vida deles. Não tinham um ensino claro do Senhor que fosse contrário a essa doutrina (Mt 5:18; Lc 2:21; Gl 4:4). Sabemos agora que a igreja (no todo) chegou à conclusão de que Jesus abriu para nós um "novo e vivo caminho... pelo véu", isto é, pelo sacrifício de si próprio pelos nossos pecados, para que pudéssemos aproximar-nos de Deus (Hb 10:20ss). Isto, todavia, não foi entendido de súbito, nem por todos, havendo muitos nessa época que continuaram a viver pela lei, e nenhuma razão viam para mudar de opinião (At 21:20). A questão em ebulição para eles era a seguinte: De que maneira os judeus cristãos que ainda se julgavam sob a lei podiam ter algum tipo de relacionamento com os que se julgavam livres da lei? A única resposta que tinham era que os gentios deviam aceitar o "jugo" da lei (v. 10), a saber, precisavam tornar-se judeus antes de receber o "status" de cristão integral. O relato bíblico diz que alguns indivíduos desceram da Judéia e começaram a ensinar aos gentios que a circuncisão era necessária para a salvação (v. 1). Levantou-se grande contenda entre o grupo judaizante e Paulo e Barnabé, que em resultado dessa contenda decidiram ir a Jerusalém para participar da discussão dessa questão. Essa atitude numa igreja jovem mostra os princípios de unidade e organização que devem guiar o corpo de Cristo em suas atitudes. Pode-se dizer que a igreja cristã estava aqui enfrentando sua primeira crise doutrinária. Os argumentos dos judaizantes eram fortemente baseados na Lei de Moisés, porém era falho ao tornar a circuncisão um teste de comunhão, uma forma de entrada na igreja e um meio de salvação. Paulo e Barnabé reagem imediatamente e uma grande celeuma se forma. O que está em pauta não é uma questão secundária, mas o ponto nevrálgico do próprio cristianismo: para ser cristão é preciso antes se converter ao judaísmo? A salvação provida por Cristo está subordinada aos ritos judaicos? 1- Início dos Debates A liderança da Igreja em Antioquia entende ser melhor levar essa discussão para Jerusalém. Isto não está vinculado a falta de autonomia ou uma subordinação eclesiástica, mas unicamente ao fato de que vários apóstolos permaneciam naquela comunidade e poderiam dar maior embasamento à resolução deste debate – o que realmente veio acontecer. Paulo e Barnabé e alguns outros delegados de Antioquia chegam à Jerusalém e foram recepcionados pelos apóstolos e presbíteros e/ou anciãos daquela igreja. Os dois missionários não discutem, apenas relatam tudo quanto o Espírito Santo realizou por meio deles e o número grande de gentios que se converteram mediante a pregação do Evangelho. Mas, o grupo de ascendência farisaica insiste com veemência de que os gentios convertidos devem ser tratados como prosélitos judeus e se submeter à circuncisão e ritos judaicos e suas reivindicações estão relacionadas à interpretação que dão ao que Deus disse a Abraão em Gn 17:10-14 (cf. Js 5:2-9) e a Moisés em Dt 5:28-33. 2- O Testemunho de Pedro (At 15:6-12) Após ouvir o relatório dos missionários e as reivindicações dos judeus-cristãos, o apóstolo Pedro levanta-se e descreve sua própria experiência, colocando-se como o precursor da missão entre os gentios; relembrando os acontecimentos da casa do romano Cornélio (Atos 10). A conclusão de Pedro é enfática, uma vez que os gentios receberam o mesmo Espírito Santo que os judeus convertidos, e declara que Deus “não fez nenhuma distinção entre nós e eles, purificando-lhes o coração, mediante a fé”. Portanto, a questão central dos convertidos, tanto dos judeus como dos gentios, não é a Lei ou a circuncisão, mas a fé em Jesus e o compromisso de vivenciar as verdades do Evangelho ensinado por Ele. Uma vez mais Paulo e Barnabé, contando agora com o silêncio da multidão 9 relataram quantos sinais e prodígios Deus tinha feito no meio deles para a salvação dos gentios (15.12). 3- O Posicionamento de Tiago (At 15:13-21) Este Tiago é o meio irmão de Jesus, uma vez que seu homônimo havia sido martirizado por Herodes alguns anos antes. A posição de Tiago era aguardada com muita expectativa, pois além de ocupar um lugar de liderança inquestionável, ele também era considerado o baluarte do ponto de vista judaico conservador. Partindo do testemunho de Pedro ele faz mais um reforço, citando “as palavras dos profetas” uma vez que eles anunciaram que Deus haveria de adquirir para si um povo dentre os gentios. O texto principal é o do profeta Amós 9:11-12 e Isaías 45:2, e mostrou que o plano de Deus era salvar judeus e gentios. A idéia aqui é que tanto a fiel Israel como os convertidos das demais nações haveriam de formar um único povo de Deus. O que se cumpre no surgimento da Igreja. As palavras enfáticas de Tiago - “Eu sou de parecer que não devemos importunar os pagãos que se convertem a Deus” - ratificam a decisão final que será promulgada. A interpretação de Tiago parecer ser que a profecia não trás qualquer exigência sobre os gentios que entram no reino, de maneira que nada se deve exigir deles. 3.1- Recomendações (At 15:20) As quatro recomendações feitas por Tiago visam os crentes gentios que compartilham da mesma comunidade com os convertidos judeus, de maneira que possam conviver harmoniosamente e em plena comunhão. O raciocínio dele é bem coerente, pois uma vez que os judeus cristãos estavam dispostos a colocar de lado seu preconceito de séculos contra os gentios, estes deveriam demonstrar a mesma disposição ao fazerem concessões frente aos escrúpulos judaicos. E sua argumentação é lógica, pois a lei vinha sendo lida (ensinada) “desde os tempos antigos... nas sinagogas” (15:21), ou seja, ela fazia parte da vida judaica durante séculos e seria muito difícil pô-la de lado facilmente. As quatro recomendações estão inseridas em uma parte da lei de santidade em Levítico 17-18, que proíbe certas coisas não apenas a “todo homem da casa de Israel”, mas também, a todos “os estrangeiros que residem no meio deles” (Lv 17:8): A) Que vos abstenhais das coisas sacrificadas aos ídolos – literalmente “que se abstenham da poluição dos ídolos”. A palavra ídolos pode ter uma conotação mais ampla, e que a proibição aqui não seja simplesmente alimentar, mas ser contra participar de qualquer ato associado aos ídolos. E os crentes de Corinto são provas de que o risco naqueles dias era muito grande (1Co 8:1-13; 1Co 10:19-30). B) Que se guardassem contra a prostituição – é possível haver uma conexão entre estas duas primeiras recomendações, pois a idolatria com freqüência envolvia a imoralidade. A palavra “pornéia” (fornicação, prostituição) também é usada em sentido mais amplo, referindo-se a toda sorte de desvios sexuais e freqüentemente é traduzida simplesmente por “impureza”. Os judeus incluíam aqui o casamento de parentes próximos. C) Não comessem da carne sufocada – era proibido principalmente porque o sangue não era retirado da carne. Este mandamento vem desde o tempo de Noé, quando os homens tiveram a primeira permissão de comer os animais (Gn 9:4) e repetido na lei mosaica. A idéia original é de que a vida humana está no sangue e visava à valorização e preservação da vida. D) E que não comessem do sangue – provavelmente esta relacionada ao item anterior. Entretanto, alguns manuscritos antigos omitem “animais sufocados” e interpreta sangue 10 como derramamento de sangue ou assassinato. Mas as evidências textuais favorecem o texto comum dado acima. 3.2 - Circular às Igrejas (At 15:22-29) Uma vez resolvido as questões os apóstolos e demais lideranças entenderam ser oportuno emitirem uma circular esclarecendo oficialmente a questão dos gentios e enviaram através de dois representantes: Judas, chamado Barsabás e Silas às igrejas em Antioquia, Síria e Cilícia. O documento desautoriza quaisquer vozes dissonantes (15:1); elogiam e reafirmam o ministério missionário gentílico de Paulo e Barnabé; transcreve a decisão tomada em Jerusalém: “Decidimos, o Espírito Santo e nós, não impor sobre vocês (gentios) nenhum fardo” e por fim, as quatro restrições que foram solicitadas. 3.3 - A Alegria da Liberdade (At 15:30-35) As comunidades gentílicas se alegram sobremaneira (15:31), pois agora não paira mais nenhuma barreira quanto à missão entre os gentios. A presença de Judas (judeu) e Silas (gentio) trouxe aquela atmosfera de fraternidade entre Antioquia e Jerusalém. Ao final de um tempo, Judas retorna a Jerusalém, mas Silas opta por permanecer em Antioquia e vai se tornar o novo companheiro de Paulo na segunda viagem missionária, em lugar de Barnabé que prefere investir no jovem Marcos e vai para sua cidade de origem Chipre. 4- Para pensar e agir: A) O grupo de fariseus que se converteu a Cristo tinha uma intolerância religiosa que julgava ser correta. Cada um deles pensava assim: eu sou muito santo e não tenho que me relacionar com os que são menos santos do que eu. B) A igreja atual deve refletir com muita seriedade sobre o fato dos riscos de alimentar preconceitos e dogmatismos. Não adianta “vestir” a intolerância com uma “roupagem religiosa”. A intolerância, causada pela falta de amor, é a mesma em qualquer ocasião. C) O principal ensino do Concílio de Jerusalém é que devemos desenvolver em nossas igrejas um espírito de amor e comunhão que se oponha a todo legalismo. Os “judeus” modernos precisam aprender a aceitar os que são como os gentios, que, por sua vez, devem respeitar a consciência sensível dos demais. 5 – Conclusão: Este primeiro concílio foi de importância fundamental porque teve como principal decisão libertar a Igreja nascente das regras antigas da Sinagoga, marcou definitivamente o desligamento do cristianismo do judaísmo e confirmou para sempre o ingresso dos gentios (não-judeus) na cristandade. O concílio de Jerusalém é, portanto um capítulo importante da história da igreja em que se precisou pesar dois princípios, o da liberdade e o da obediência; vemos a poderosa ação de um grupo de cristãos organizados e guiados pelo Espírito Santo (At 15:28) e o resultado foi o triunfo do amor, o maior dos dons do Espírito. 6 – Referências Bibliográficas: SEMBLANO, Martinho Lutero. História da Igreja em ordem cronológica. Vol. 2: do ano 31 ao ano 49 d.C. Rio de Janeiro: Martinho Lutero Semblano, 2010. LADD, George Eldon. Teologia do Novo Testamento. 3ª edição. São Paulo: Exodus, 1997. WILLIAMS, David J. Novo Comentário Bíblico – Atos. 2ª edição. São Paulo: Editora Vida,1997. Bíblia Anotada e expandida – Mundo Cristão e SBB – 1ª Edição – 2007. Bíblia Vida Nova – Vida Nova e SBB – 17ª Edição – 1993. Bíblia do Pregador – Esperança e SBB – 1ª Edição – 2009. 11 Lição nº 3 Para 16 de Janeiro de 2011 A 2ª VIAGEM MISSIONÁRIA DE PAULO I - INTRODUÇÃO: Vimos na lição anterior que na 1ª viagem missionária, Paulo acompanhado de Barnabé, passaram pelas cidades de: - Salamina - Pafos - Atália - Perge - Antioquia, da região da Pisídia - Listra - Derbe As duas primeiras ficavam na Ilha de Cipre e as demais na Galácia, uma província do Império Romano na chamada Ásia Menor. Como tivessem feito discípulos(as) em todas essas cidades, tanto de origem judaica quanto gentílica (pagãos), formando comunidades cristãs, não demorou para que os cristãos que tinham vindo do judaísmo tentassem impor seus ritos e leis judaicas sobre os cristãos de origem pagã. Como vimos, foi necessário acontecer um Concílio da Igreja em Jerusalém para que o povo de Deus pudesse avaliar e pedir orientações a Deus sobre a ação pastoral e doutrinária a ser seguida. Logo após a decisão do Concílio de Jerusalém ter sido lida na Igreja de Antioquia da Síria (At 15:30-35), onde estavam Paulo e Barnabé, o 1º convida o 2º para uma segunda viagem missionária (At 15:36) É dessa segunda viagem missionária de Paulo que vamos falar em seguida. II – A SEGUNDA VIAGEM MISSIONÁRIA DE PAULO (ATOS 15:36-18:22) Depois de outra estadia em Antioquia, Paulo estava pronto para participar de uma segunda viagem missionária. Ele pediu a Barnabé que se juntasse a ele para visitar as igrejas de sua primeira viagem missionária. Barnabé, o mais excelente discipulador do Novo Testamento depois de Jesus Cristo, estava pronto para acompanhar Paulo. Mas um desacordo, no entanto, causou a separação dos dois missionários. Barnabé queria levar João Marcos, dando-lhe uma nova chance depois que ele abandonara os dois na primeira viagem missionária (At 13:13). Paulo não concordou e essa desavença separou os dois amigos. Barnabé foi numa viagem missionária com João Marcos para a ilha de Chipre (At 15:39). Paulo escolheu Silas para ser o seu novo companheiro nessa segunda viagem missionária (At 15:30). 12 VEJAMOS NO LIVRO BÍBLICO DE ATOS O ROTEIRO DESSA SEGUNDA VIAGEM MISSIONÁRIA DE PAULO: 1 – Paulo e Silas saíram de Antioquia, da Síria. 2 – Foram por terra até chegar na cidade de Derbe, a última cidade a ser visitada por Paulo na sua 1ª viagem missionária. E depois foram para Listra, a penúltima cidade a ser visitada na viagem anterior. Ali Paulo convida um jovem cristão chamado Timóteo para juntar-se a eles (At 16:1-3). At 16:1-5 – Sem a circuncisão, que Paulo bem sabia desnecessária para a salvação e para a vida de santidade, Timóteo não poderia exercer o ministério entre os judeus, pois os primeiros contatos e estratégias missionários ainda se prendiam às sinagogas. 3 – Ao passar pelas cidades (de Derbe, Listra, Icônio e Antioquia da Pisídia) os 3 missionários além de pregar o Evangelho, anunciam a decisão do Concílio de Jerusalém (cf. At 15:18-19). “Assim as igrejas eram fortalecidas na fé e, dia a dia, aumentavam em número” (At 16:5). 4 – Paulo queria avançar o trabalho missionário na Ásia, indo agora para a região da Betínia (At 16:7). Impelido, no entanto, pelo Espírito Santo, atravessou a região da Mísia, indo para na cidade de Trôade, onde tem uma visão: o grupo deveria ir para a Macedônia (At 16:9-10), ou seja, adentrar em território do continente europeu. A Macedônia nesse tempo era uma província do gigantesco Império Romano, que abarcava o norte da Grécia, chamada então de Acaia. 5 – Foram de Trôade para a Macedônia de navio. O navio fez uma escala na Samotrácia (At 16:11), uma pequena ilha situada a nordeste do mar Egeu. O Mar Egeu divide a Europa da Ásia. 6 – Desceram do navio na cidade macedônica de Neápolis e dali foram por terra até a cidade de Filipos, onde Paulo, Silas e Timóteo permanecem alguns dias (At 16:12). Como 13 aparentemente não havia uma sinagoga na cidade de Filipos, eles saíram da cidade num sábado para um lugar às margens de um rio, onde havia água para os ritos judaicos da purificação. Ali havia muitas mulheres para as quais Paulo pregou o Evangelho. Uma mulher vendedora de púrpura, de nome Lídia, aceitou a Jesus como seu Senhor e Salvador e foi batizada juntamente com todas as pessoas da sua casa (At 16:14-15). Filipos, foi assim, a primeira cidade da Europa a receber o Evangelho. At 16:16-40 – O testemunho desmascara a opressão – Quando Paulo, Silas e Timóteo iam para o tal lugar de oração, veio ao encontro deles uma jovem escrava adivinhadora que era usada pelos seus senhores (proprietários). Ela era grande fonte de lucro para eles. Depois de muitos dias com a jovem seguindo-os e dizendo “são homens do Deus Altíssimo e anunciam a salvação!”, Paulo indignou-se (ficou incomodado com o assédio!) e curou a jovem daquele espírito de opressão (At 16:18). Os donos da escrava enfureceram-se por causa do prejuízo que tiveram, prenderam Paulo e Silas e os “arrastaram” até a praça, acusando-os diante das autoridades romanas de serem judeus que estavam perturbando a cidade, “propagando costumes” contrários aos costumes e à religiosidade romana. A multidão enfurecida acabou por fazer com que os pretores (magistrados, juízes responsáveis pela justiça romana) mandassem acoitá-los e lançá-los no cárcere. Paulo e Silas oravam por volta da meia noite quando aconteceu um terremoto que abriu as portas da cadeia. O carcereiro pensando que ambos tivessem fugido ia se matar, mas acabou ouvindo o evangelho dos 2 prisioneiros, converteu-se e foi batizado. Ele e toda a sua casa. O terremoto é sinal da intervenção de Deus que liberta os oprimidos (presos) e também aqueles que estão a serviço do opressor, no caso, carcereiro. Depois de soltos encontram-se com a Igreja que passou a se reunir na casa de Lídia (At 16:40). 7 – De Filipos, Paulo, Silas e Timóteo vão para Anfípolis e Apolônia e depois para Tessalônica (At 17:1). 8 – Em Tessalônica, “como era o seu costume” (At 17:2), Paulo vai procurar uma sinagoga, onde testemunha e prega (At 17:2-3). Alguns dos judeus de Tessalônica se convertem, “bem como numerosa multidão de gregos piedosos e muitas distintas mulheres” (At 17:4). Mas alguns judeus, ofendidos pelo que estava acontecendo, contratam alguns malfeitores para atacarem Paulo. Eles invadem a casa do judeu Jason, um simpatizante do evangelho que hospedava Paulo e Silas, mas não encontrando estes, arrastaram Jason e alguns outros discípulos até as autoridades romanas dizendo que Jason, seus amigos e a dupla que ele hospedava cometiam crimes contra as leis romanas ao dizerem que “Jesus é Senhor e rei” e não o imperador César. Foram presos e soltos após pagarem fiança. Vemos que em Tessalônica os judeus além de exercer considerável influência sobre o povo da cidade, gozavam de ampla tolerância por parte do poder romano, que eu outras regiões os perseguiam duramente. 9 – Em Beréia, Paulo, Silas e Timóteo vão à sinagoga e os judeus dali recebem o Evangelho com avidez (At 17:10-11). Muitos deles creram. Creram também mulheres gregas de alta posição social e não poucos homens gentios (At 17:12). Mas os judeus que rejeitaram o Evangelho em Tessalônica, sabendo o que estava acontecendo na Beréia, foram para lá excitar e amotinar o povo contra Paulo, Silas e Timóteo. Timóteo que não era mencionado no texto desde que fora incorporado ao grupo, 14 finalmente tem seu nome mencionado, mostrando que de fato fez parte da viagem até então: Paulo foi de navio para Atenas e “Silas e Timóteo continuaram ali” em Beréia (At 17:14), viajando um pouco depois (At 17:15-16). 10 – Em Atenas, Paulo fica muito entristecido com a idolatria reinante naquela cidade (At 17:16). Ele pregava na sinagoga e diariamente na praça pública. Alguns dos filósofos que debatiam com Paulo acabaram por levá-lo ao Aerópago, onde os conselheiros de Atenas se reuniam, e ali Paulo tem a oportunidade de expor sua fé e pregar o Evangelho. Vendo que os gregos, cuja fé era politeísta (adorava muitos deuses), edificaram um altar a um suposto “Deus desconhecido”, Paulo sabiamente fala: “É desse Deus que vocês adoram sem conhecer que eu vim lhes falar” (At 17:22-23). Ao final de sua pregação uns zombam outros crêem no Evangelho, entre os quais Dionísio, o aeropagita, e uma mulher chamada Damáris (At 17:32-34). Em Atenas Paulo primeiro observa o ambiente e a cultura da cidade, entrando em contato com o povo judeu (sinagoga), com o povo simples e pobre da cidade (praça) e por fim com as pessoas mais influentes (filósofos) e conselheiros do Aerópago. 11 – Em Corinto, Paulo fica hospedado na casa do cristão Áquila e sua esposa Priscila, que haviam sido expulsos da cidade de Roma pelo Imperador Romano Cláudio, juntamente com todos os demais judeus que lá residiam (At 18:2-3). Paulo se reencontra finalmente com Silas e Timóteo (At 18:5). Novamente teve a pregação do Evangelho rejeitada pela maioria dos judeus de Corinto, muito embora Crispo, o principal da sinagoga, tenha se convertido (At 18:7-8). Em Corinto o apóstolo rompe com os judeus e se dirige aos gentios. Diferentemente dos outros lugares, a igreja nasce não na casa de um judeu que aceita o Evangelho, mas na casa de um gentio, Tício Justo, homem temente a Deus e cuja casa era contígua (“colada”) à sinagoga. De Corinto, Paulo escreveu as duas cartas aos Tessalonicenses, que são os escritos mais antigos do Novo Testamento. Paulo tem em Corinto uma visão para não se calar (At 18:10). Ele fica naquela cidade durante 18 meses (At 18:11). No final desse tempo os judeus acusaram Paulo de crime contra as leis romanas. No tribunal o procônsul romano Gálio não aceita as acusações e disse que não interfere nas questões religiosas dos judeus. Pede que eles se entendam: “não quero ser juiz dessas coisas” (At 18:15). E os expulsa do tribunal. 12 – A 2ª viagem missionária chegava ao fim. Paulo decide voltar para a Síria, levando consigo Priscila e Áquila. No retorno, ao passarem pela cidade de Éfeso, prega na sinagoga, e como não quis atender aos pedidos para permanecer ali por mais algum tempo, deixa Áquila e Priscila em Éfeso. O casal missionário forma em Éfeso o núcleo da futura igreja de Éfeso. Paulo partiu de navio para Cesaréia, localizada bem longe da Síria e bem perto de Jerusalém. 13 – Chegando a Cesaréia, desembarcou, subindo a Jerusalém; e tendo saudado a igreja, desceu para Antioquia, da Síria, onde estava sua casa e sua igreja local (At 18:23). Havendo passado ali algum tempo, saiu para sua terceira e última viagem missionária, visitando as igrejas da Galácia, da Frígia, da Macedônia, da Acaia (Grécia) e nunca mais voltou à sua Antioquia, da Síria. Mas isso é o que veremos na lição seguinte, na 3ª viagem missionária de Paulo. 15 III – ALGUNS LUGARES DA SEGUNDA VIAGEM HOJE EM DIA Para fins de localização e identificação desses lugares em nossos dias, vejamos um mapa atual dessa região por onde Paulo, Silas e Timóteo passaram: A Macedônia ainda existe hoje em dia, tendo se tornado um país autônomo somente em 1991, depois de ter ficado dominada por outros países por muito tempo, sendo o último a Iugoslávia. Não tem mais o tamanho que teve na antiguidade, sobretudo com o império macedônio de Alexandre, o Grande. Como sabemos, é um país europeu. Ao proclamar sua independência da Iuguslávia em 1991, a Macedônia enfrentou forte oposição da Grécia, que considera o nome Macedônia parte de seu passado cultural e possui uma região com o nome Macedônia. Desta forma, a Grécia só reconheceu a independência da Macedônia “iuguslava” e aceitou a sua admissão na ONU sob o nome provisório de "Antiga República Iugoslava da Macedônia". Metadade do antigo Império está dentro da Grécia e a outra metade está dividida entre a República da Macedônia e a Bulgária. Mas até nisso não há consenso. Os gregos discordam. 16 Lição nº 4 Para 23 de Janeiro de 2011 A 3ª VIAGEM MISSIONÁRIA DE PAULO I - INTRODUÇÃO: Vimos na lição anterior que na 2ª viagem missionária, Paulo acompanhado de Silas e Timóteo, passaram pelas cidades de: - Derbe - Listra, onde Paulo conhece o jovem Timóteo e o integra à sua 2ª viagem missionária - Icônio - Antioquia, da região da Pisídia - Trôade - Samotrácia - Neápolis - Filipos, a 1ª cidade européia a acolher o Evangelho - Apolônia - Tessalônica - Cesaréia - Jerusalém - Antioquia, da Síria Vamos estudar a 3ª e última viagem missionária de Paulo. II – A TERCEIRA VIAGEM MISSIONÁRIA DE PAULO (ATOS 15:36-18:22) 17 VEJAMOS NO LIVRO BÍBLICO DE ATOS O ROTEIRO DESSA TERCEIRA VIAGEM MISSIONÁRIA DE PAULO: 1 – Paulo sai de Antioquia, da Síria, em direção à região da Galácia e Frígia (At 18:23). Possivelmente acompanhado por Timóteo e Erasto. 2 – Tendo passado pelas regiões mais altas da Galácia e Frígia chega a Éfeso (At 19:1) 3 – Em Éfeso, Paulo ministra a alguns discípulos, ensinando-os a diferença do batismo de Jesus (o batismo cristão) para o batismo de João Batista (At 19:3-5). Também em Éfeso testemunha e prega na sinagoga por 3 meses (At 19:8). Mas percebendo a dureza de coração dos judeus, aparta-se deles (At 19:9) e reúne-se em separado com quem havia aceitado o Evangelho de Jesus, discipulando-os por quase dois anos (At 19:10). Ali prega o Evangelho a tempo e fora de tempo, o que possibilitou que os habitantes da Ásia ouvissem a pregação do Evangelho de Jesus. At 19:1-10 – O Espírito Santo está no controle da atividade missionária – A cidade de Éfeso é o 3º centro de difusão do cristianismo, depois de Jerusalém e Antioquia. Ao apartar-se da sinagoga At 9:10), a sinagoga deixa de ser doravante o espaço da pregação; essa independência é necessária para maior liberdde e amplitude do anúncio do Reino. Parafraseando João Wesley, o fundador do movimento metodista, o mundo passa ser a paróquia e o campo missionário de Paulo e de sua equipe missionária. At 19:11-20 – A fé liberta e faz viver – Lucas, o redator do livro de Atos dos Apóstolos, registra que a força salvífica que liberta os homens não é a magia. Ao contrário, o Evangelho desmascara a arte mágica, que faz justamente o inverso: aliena (tira o discernimento, a sabedoria, a consciência) o homem, inclusive aqueles que a praticam (At 19:15-16). O que provoca a verdadeira libertação é a fé, e não atos mágicos, a tentativa de manipulação do sobrenatural. Ao final desse tempo em Éfeso, Paulo decidiu ir a Jerusalém. Mas ia passar antes pela Macedônia e Acaia (Grécia). Uma visita à cidade de Roma também estava nos planos (At 19:21). Paulo envia Timóteo e Erasto, dois de seus ajudantes (At 19:22) para a Macedônia. E permanece por mais algum tempo na Ásia. Aconteceu nesse tempo uma grande confusão promovida por um ourives chamado Demétrio, que trabalhava para o templo e o culto da deusa romana Diana, principal divindade adorada em Éfeso. “A cidade foi tomada de confusão” (At 19:20). Os que temiam perder o emprego e os ganhos a serviço do culto idólatra se a fé cristã crescesse em Éfeso e a multidão que nem sabia porque estava reunida no teatro de Éfeso (At 19:32) gritavam por mais de 2 horas: “Grande é a deusa Diana dos efésios!” (At 19:34). Foi um escrivão da cidade (At 19:35) que conseguiu controlar os ânimos dizendo que os cristãos não “blasfemavam contra a deusa Diana” e se Demétrio e alguém mais tivesse alguma coisa contra eles, deveriam procurar o fórum adequado, ou seja, a justiça dos procônsules. “Do contrário podemos todos nós sermos acusados de sedição (revolta, rebelião), pois não temos motivos reais para justificar esse ajuntamento, essa reunião” (At 19:40). Depois disso a multidão se dispersou. 4 – Paulo foi para a Macedônia (Filipos, Tessalônica, Beréia) onde confortou os discípulos e dirigiu-se para a Grécia (Acaia). 18 5 – Ficou na Grécia (Atenas e Corinto) por 3 meses. Foi ali que Paulo escreveu a carta aos romanos (Rm 15:25-28). 6 – Na hora de embarcar da Grécia para Síria e Jerusalém, Paulo descobre que há uma conspiração de judeus contra ele. Resolve voltar pela Macedônia. Há um grupo de cristãos que seguem na frente de Paulo e o esperam em Trôade. 7 – Ao chegar em Trôade, vindo da Macedônia, Paulo encontra o grupo de amigos que o esperava, a saber: - Sópatro, da Beréia; - Aristarco e Secundo, de Tessalônica; - Gaio, de Derbe; - Timóteo; - Tíquico e Trófimo, da Ásia Foi em Trôade que Paulo durante a celebração da Ceia do Senhor se empolgou na pregação e ministração. Falou até à meia-noite (At 20:7). Um jovem chamado Êutico que estava sentado na janela adormeceu e caiu durante o prolongado discurso de Paulo (At 20:9). Ele morreu com a queda, mas Paulo o ressuscita. Depois disso sobe novamente ao cenáculo para continuar a “partir o pão”, ou seja, a celebração da Ceia do Senhor. OBS: Durante essa viagem missionária Paulo recolheu ofertas nas igrejas da Ásia, Macedônia e Grécia para os cristãos necessitados de Jerusalém (cf. At 24:17; Rm 15:25-26; 1Co 16:1-4; 2Co 8:1 a 9:15). Ao que parece, os que acompanham Paulo eram representantes das igrejas que enviavam as suas ofertas a Jerusalém (At 19:21). 8 – De Trôade, Paulo vai por terra até Assôs (At 20:13), uma cidade da região asiática da Mísia, não muito longe de Trôade, onde tomaria o barco no qual os seus companheiros de viagem já estavam: “Nós, porém, prosseguindo, embarcamos e navegamos para Assôs, onde deveríamos receber Paulo a bordo, porque assim nos fora determinado” (At 20:1314). 9 – De Assôs foram até Mileto, onde Paulo mandou emissários a Éfeso solicitando a presença em Mileto dos presbíteros (anciãos) com ele. Ele se despede dizendo que iria para Jerusalém sem saber o que lá aconteceria com ele (At 20:22), mas certamente não se veriam mais. Depois de dar instruções pastorais, Paulo ajoelha-se e ora com todos eles (At 20:36). Houve grande emoção e todos se abraçaram, choraram e se entristeceram com a despedida (At 20:36-38). Os pastores da igreja de Éfeso acompanham Paulo até o navio que o levaria a Jerusalém. 10 – De Mileto a embarcação fez paradas em Cós, Rodes e Pátara. 11 – Em Pátara tomaram um outro navio que ia para a cidade de Tiro, na Fenícia. 12 – Em Tiro, Paulo e os discípulos que viajaram com ele, encontram-se com discípulos daquela cidade e ficam ali durante 7 dias. O texto bíblico diz que os discípulos movidos pelo Espírito Santo, recomendavam a Paulo que não fosse para Jerusalém (At 21:4). Os discípulos, acompanhados por suas respectivas mulheres e filhos acompanharam Paulo até fora da cidade. Todos se ajoelharam e oraram ali na praia onde Paulo e o grupo que viajava com ele tomariam o navio (At 21:5-6). 19 Paulo e seus companheiros embarcaram num navio para Ptolemaida. Ali passaram um dia com os discípulos dessa cidade. Depois viajaram para Cesaréia, ficando hospedados na casa do evangelista Filipe, onde permaneceram por alguns dias (At 21:810). Diante da profecia de Ágabo, de que Paulo seria entregue pelos judeus nas mãos dos gentios (romanos), “rogamos a Paulo que não subisse a Jerusalém” (At 21:12). Como Paulo não atendia aos pedidos, disseram: “Faça-se a vontade do Senhor!” (At 21:14). As mesmas palavras ditas anteriormente por Jesus no Monte das Oliveiras. 13 – Paulo chega a Jerusalém com seus companheiros de viagem (Mt 13:55, Jo 7:3-5; At 1:14) e mais alguns discípulos que se juntaram ao grupo na cidade de Cesaréia, inclusive Mnason, com quem o grupo deveria se hospedar (At 21:16). Em Jerusalém Paulo e os demais discípulos são recebidos com alegria pelos cristãos de Jerusalém e reunemse com Tiago, não o apóstolo que já havia morrido (cf. At 12:2), mas o irmão do Senhor Jesus, que era então um dos principais dirigentes da Igreja de Jerusalém. Paulo conta aos cristãos de Jerusalém minuciosamente o que Deus fizera entre os gentios através de seu ministério (At 21:19). Todos então deram glórias a Deus (At 21:20). III – A CONTINUAÇÃO DESSA HISTÓRIA Paulo é preso quando estava no templo. Ele é identificado por judeus vindos da Ásia para as atividades religiosas no Templo de Jerusalém. Ao verem Paulo o acusam de profanar a lei e até de trazer pagãos para dentro do templo de Jerusalém. At 21:27-40 – A prisão de Paulo – A acusação dos judeus contra Paulo esclarece mais uma vez as implicações práticas da doutrina cristã: substitui o Templo pela fé em Cristo, a observância da Lei judaica por uma vida guiada pelo Espírito Santo e o nacionalismo judaico (que excluía os demais povos) por uma fraternidade universal. Mas sobre a prisão de Paulo, e o julgamento a que é submetido, falaremos noutra oportunidade. Nessas lições nosso louvor pela vida desse homem excepcional, cujo sentido de vida e cuja alegria foi testemunhar sobre o amor de Jesus e pregar o Evangelho do Reino de Deus. Graças a ele, que foi instrumento do Espírito Santo, o Evangelho rompeu as fronteiras étnicas e religiosas do mundo judaico e derramou-se sobre todos os povos, para que todo o que crê em Cristo possa ser salvo e ter a vida abundante que vai para além da morte. Nos meses de fevereiro e março faremos uma interrupção em nossos estudos bíblicos do livro de Atos para uma série de estudos bíblicos sobre Dons e Ministérios e também sobre Mordomia Cristã 20 Lição nº 5 Para 30 de Janeiro de 2011 A IGREJA É DE JESUS, E PARA REALIZAR SUA TAREFA PRECISA DO PODER DO ESPÍRITO SANTO 1 – A Igreja é a comunidade dos discípulos(as) que fazem discípulos(as) A Igreja é a comunidade dos discípulos(as) de Jesus. Embora creiamos que a salvação seja pessoal (cada um prestará contas a Deus da própria vida e dos próprios atos), ela é vivida naturalmente em comunidade. “Onde houver dois ou três reunidos no meu nome, estarei ali com eles” (Mt 18:19-20), garante-nos Jesus. No Evangelho está o convite de Jesus para que as pessoas possam aceitá-lo como Senhor e Salvador e segui-lo na condição de discípulo(a), fazendo parte do seu Corpo, de sua família, de seu povo, da comunidade dos discípulos(as), ou seja, em Igreja. O texto bíblico de Mt 28:19-20, pode ser lido a partir de duas vertentes: há uma orientação para quem está chegando à igreja e uma tarefa imperativa (ordem) para quem já está na Igreja. A quem vai aceitando o Evangelho, e com ele a salvação e o senhorio de Jesus Cristo sobre sua vida, Mt 28:19-20 apresenta o seguinte plano de capacitação espiritual e missionária: a) ser batizado em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo; b) ser ensinado (buscar capacitação, desejar e exigir ser discipulado) a guardar todas as coisas que Jesus ensinou à igreja, seja para viver de modo digno do evangelho de Cristo seja para – como membro de Cristo – cumprir o IDE de Jesus; c) ter a certeza de que Jesus está conosco, individualmente e também como comunidade da fé, a Igreja. Para quem já é batizado e já está no processo do discipulado, Mt:19-20 apresenta-se como uma ordem imperativa de Jesus, não apenas ao pastor, à liderança da Igreja, aos membros do Ministério de Missões e Evangelismo, MAS a todos os discípulos(as) de Jesus, ou seja, a toda a IGREJA. A cada um de seus membros. A tarefa a cumprir é: a) Ir pelo mundo (por toda parte, a todas as pessoas, a cada pessoa individualmente!) e fazer discípulos (testemunhar e compartilhar a fé, o Evangelho); b) Ensinar e discipular os que estão chegando (educação cristã e discipulado contínuo) Assim, a Igreja faz discípulos(as) como Jesus desejou e fez: discípulos que fazem discípulos que por sua vez fazem discípulos capazes de fazer discípulos que discipulam 21 outros, etc... Discípulos(as) que repartem a fé e mantém o “círculo virtuoso” do discipulado. 2 – Como a Igreja não é auto-suficiente, tem necessidade de poder do Alto Como a Igreja não é apenas uma organização humana, há a necessidade de revestimento e unção divinos e há a promessa divina da ação e do poder do Espírito Santo: “Não vos deixarei órfãos, sozinhos, desamparados, sem direção, sem poder espiritual e sobrenatural (Jo 14:8). Recebereis poder ao descer sobre vós o Espírito Santo para que possam ser minhas testemunhas em todo tempo, lugar e situação (At 1:8). Para manterem-se fortalecidos e inabaláveis na fé e edificados sobre a rocha eterna que jamais se abala (Sl 19:14; Mt 7:24)”, garantiu-nos Jesus. Está explícito na Palavra de Deus: a Igreja não tem em si mesma o poder, a energia, a sabedoria, etc, para fazer a vontade de Deus. Conversão, transformação e santificação do caráter, crescimento na fé e no amor, autoridade espiritual, vitória sobre o pecado, vitória sobre a morte, vitória sobre o diabo e o mal, santificação, dons espirituais, são obras que só Deus através do Espírito Santo pode fazer. A Igreja, por mais que deseje e tente e trabalhe, não pode operar realmente e satisfatoriamente essas ações. São ações e revestimentos espirituais que só o Espírito Santo pode fazer na vida da Igreja, de cada discípulo(a), de cada crente. A Igreja é pecadora (1Jo 1:8) e carece da graça de Deus (Rm 3:23). Segundo 1Co 1:26-29 a Igreja é fraca, humilde, simples, desprezada e pobre. “Para que ninguém se glorie” ou vanglorie (1Co 1:29). Ela não é auto-suficiente. Ela depende de Deus. Pois tudo pode naquele que a fortalece (Fp 4:13), sobretudo viver como Deus quer e executar as tarefas missionárias determinadas pelo Senhor. Segundo as Escrituras, é na pobreza e fraqueza da Igreja que Deus manifesta sua força, poder, revestimento, unção, etc (1Co 12:9). Não são a pobreza e fraqueza em si que dão à igreja um revestimento automático do poder de Deus. O revestimento acontece quando a Igreja se reconhece pecadora, pobre e fraca e totalmente dependente de Deus (cf. Sl 40: 17), quando ela se abre para Deus (Ap 3:20) e depende totalmente dele (2Co 3:5). Sem Deus, nada podemos fazer (João 15:5). 3 – Precisamos do poder do Espírito Santo Quando aceitamos Jesus, recebemos o Espírito Santo também em nossas vidas. Aceitar a Jesus significa obrigatoriamente aceitar o Deus Trino: Pai, Filho e Espírito Santo. É o Espírito quem opera em nosso coração e caráter a conversão e também a santificação. Mas é também o Espírito quem fortalece e capacita a Igreja com os chamados dons espirituais. Num breve levantamento, podemos dizer do Espírito Santo: - É Consumador da Obra de Jesus (Jo 16:8-13). - É Pessoa Divina (Rm 8:27; At 16:6-7). - É Deus em nós (Jo 14:17; Rm 8:9-11). - É Consolador (Jo 144:16-17 22 - Ensina-nos (Jo 14:26) - Faz-nos lembrar de tudo que Jesus nos ensinou (Jo 14:26) - Convence-nos do pecado (Jo 16:7 e 8) - Guia-nos à verdade (16:13-15) - Justifica-nos e Santifica-nos (1Co 6:11; Tito 3:5) - Intercede por nós (Rm 8:26 -27) - Transforma a vida (Gl 5:22) - Lliberta-nos da Lei e consequentemente do legalismo e do ritualismo (Gl 5:18; Rm 8:2) - Capacita-nos a fazer a vontade de Deus (Gl 5:16; Rm 8:13) - Dá-nos o testemunho de que realmente somos filhos e filhas de Deus (Rm 8:16) - Distribui dons (1Co 12:11) Segundo Jesus e toda a Palavra de Deus precisamos do poder do espírito Santo. Não se trata, portanto, de uma opção, mas de uma necessidade fundamental. Precisamos do poder do Espírito Santo para sermos realmente cristãos, para podermos testemunhar com autoridade e amor o Evangelho de Jesus em todos os lugares do mundo e em todas as situações. Vejamos o que o Espírito Santo fez pela Igreja e com os discípulos(as) no Pentecostes descrito em At 2:1-4: a) Tirou-os da vida a reboque do pecado e os levantou à espiritualidade cristã. b) Romperam-se as concepções egoístas e medrosas sobre o Reino. c) Seus olhos se abriram para perceber as Escrituras. d) Acendeu o ardor de um afeto inextinguível a Cristo. e) Transformou-os em reflexos brilhantes da pureza de Cristo. f) Incentivou e alimentou a sede e a fome sagradas da devoção. g) Converteu almas das trevas para a vida abundante e frutífera. h) Converteu gente indiferente e omissa em pessoas solidárias, irmãos e irmãs uns dos outros, em cidadãos preocupados e participativos do destino do seu mundo e pais e do seu povo. i) Reestruturou vidas, curando mágoas, desejo de vingança, preguiça, medo. j) Animou todas as afeições, aumentando o amor entre a família e entre amigos, por exemplo. l) Vitalizou (deu vida) para o serviço missionário (seja pela evangelização, seja pela ação social). Da mesma forma hoje, precisamos do poder do Espírito Santo de Deus. As palavras de Jesus continuam vivas e atuais: sem mim nada podeis fazer! Precisamos da unção do Espírito Santo para lutarmos em prol da vida. Pela questão da reforma agrária, de melhor distribuição da renda, das causas ambientais, das grandes causas humanas. Então teremos experimentado plenamente Atos 1:8, pois seremos testemunhas vivas e concretas do Senhor Jesus, falando de suas grandezas e amando e cuidado das pessoas no poder e amor do Seu Santo nome. A igreja é de Jesus, e para realizar sua tarefa precisa do poder do Espírito Santo 23 Lição nº 6 Para 06 de Fevereiro de 2011 OS METODISTAS - UM POVO NA LUTA DE DEUS 1 - Textos Bíblicos chaves: 1 Coríntios 12:1-13 - Acerca dos Dons Espirituais e da Unidade Amós 5:21-27 - Deus exige justiça e não sacrifícios 2 – Nós metodistas, um povo levantado pelo Espírito Santo para a Missão O povo chamado METODISTA nasceu no século XVIII, na Inglaterra, levantado pelo Espírito Santo, como uma voz de Deus no combate à idolatria, aos vícios, ao secularismo e ao racionalismo de um mundo que se esquece ou nega Deus, ao pecado, entre os quais a violência contra a mulher e a criança, ao trabalho infantil, à escravidão e exploração dos trabalhadores e à todas as demais injustiças sociais. A injustiça social é fruto de um mundo sem amor e sem misericórdia, ou seja, de uma sociedade que está longe de Deus e de sua vontade de Vida. Há, portanto, ausência de companheirismo. Há ausência de fraternidade. Há ausência de Humanidade. Há impedimento da atuação de Deus. E o povo chamado METODISTA cumpre sua missão testemunhando o amor, a esperança e a Nova Vida possível somente em Jesus Cristo. Temos, sob o poder e a direção de Deus, a tarefa de amar as pessoas. Mereçam elas serem amadas ou não. Mesmo que não queiram ser amadas. Na verdade nos sentimos "mordomos" de Deus neste mundo. Ao invés de dizermos como Caim: "Que tenho eu com meu irmão? Acaso sou tutor dele?" (ver Gn 4:9), preferimos agir como Jesus e assim amarmos as pessoas como elas estão, onde estão, mas com um desejo íntimo e contínuo (uma oração!) de que elas conheçam o Evangelho e aceitem a Jesus como Senhor e Salvador de suas vidas. O povo que freqüenta a Igreja METODISTA é uma comunidade de adoração a Deus, de estudo da Bíblia e de serviço ao próximo. Tanto que no meio de uma sociedade egoísta, corrupta e dominada pelas forças demoníacas da miséria, violência e pecado, temos nos submetido a um longo e difícil aprendizado. Estamos aprendendo de Jesus e uns com os outros como ser solidários, companheiros, ou simplesmente como nos tratamos no dia a dia, "irmãs e irmãos". Por isso o METODISTA, homem ou mulher, branco ou negro, idoso ou criança, escolarizado ou não, tem de ser alguém que creia em Deus, na Sua Palavra de Vida. Que creia que o anúncio dessa Palavra pode levar pessoas, famílias e comunidades inteiras a 24 experimentarem o amor libertador de Deus e a Sua salvação. Assim, porque o Metodista se consagra e entrega a Deus procura viver e praticar sua vontade de Vida. O Metodista confia que Deus o chama para participar da Sua Missão de salvar o mundo, ou seja, de reconstruí-lo em amor e fraternidade, a partir da Sua vontade. E por isso Deus o METODISTA é alguém que trabalha para o seu Senhor e Deus. Seu trabalho consiste numa vida que, onde quer que esteja e em qualquer tempo, "aponte" para o amor de Deus, testemunhe da beleza e da fidelidade de Deus. Não sabendo as alegrias, desafios e perseguições que terá pela frente por causa do seu trabalho (o duro exemplo vivido por Jesus mostra que é preciso enfrentar a cruz, ou seja, a perseguição) é alguém que confia somente no poder e orientações de Deus para exercer o seu ministério (serviço). Na condição de "servo" e também "parceiro" de Deus no anúncio das Boas Novas de salvação, tem de fazer a parte que lhe cabe: preparar-se espiritualmente no aprendizado da Palavra, na prática da oração e na busca da perfeição cristã (= santidade) e ser disciplinado, capacitado (com os Dons espirituais) e ungido pelo Espírito Santo de Deus. 3 – A Missão exige ferramentas e capacitação A Missão de Deus no mundo é estabelecer o seu Reino, seu governo. A igreja participa dessa missão através do seu serviço de evangelização. A Palavra de Deus, no entanto, nos alerta para uma coisa: Sem estarmos no espírito (poder) e no nome (autoridade) de Cristo nada (do que Deus nos pede) poderemos fazer (Jo 15:5). Primeiro, porque Deus nos convida não é para um "passeio", para uma "torcida organizada", nem para uma brincadeira. É para luta! Uma luta para nos mantermos fiéis e santos diante das ciladas de Satanás (= inimigo) que procura confundir o povo de Deus. Uma luta para, sem usarmos as armas do diabo (mentira, violência, opressão, egoísmo, e todos os demais frutos da carne), MAS OS DONS (PODERES DADOS POR DEUS), libertemos o mundo que está sob o poder ou simplesmente sob a influência do maligno. Segundo, porque a nossa luta não é contra a “carne e sangue”, ou seja, pessoas, países ou poderes humanos. Não é apenas contra a injustiça social. É maior: é uma luta contra o pecado e o mal que geram as divisões, opressões, injustiças, violências e a morte. O Apóstolo Paulo nos diz que a nossa luta é contra Satanás, fonte e promotor do mal e morte. Lutamos contra um poder espiritual do reino das trevas e da morte (ler Ef. 6:10-18). Terceiro, tudo que fizermos sem nos alicerçarmos no Amor e na Palavra de Deus é "construção sobre a areia" (cf. Mt 7:26). É frágil e passageiro. Por isso há necessidade constante da oração (busca, entrega, comunhão) para mantermos nossa parceria com Deus. Orar e vigiar (discernir) para não cair em tentação (Mt 26:41). Aproximar-se de Deus para resistir ao diabo e fazê-lo fugir de nós (Tg 4:7). 25 E finalmente, porque diante disso tudo somos fracos (1Co 1:27). Nossa força é o Senhor (Sl 27 :1). Nosso poder está no Senhor (At 1:8; Mt 22:29). Precisamos que Ele nos vista com a armadura da salvação e nos capacite com a sabedoria , habilidades e poderes dos Céus. Precisamos buscar os Dons espirituais. Dons são poderes de Deus. Que são dados para serem usados no serviço da Missão (1Co 12:7). Que são dados a cada pessoa quando e como apraz ao Espírito (1Co 12 :11). Usar esses Dons na missão é exercer um ministério cristão. Os Dons são para a manutenção e a expansão da Missão. Não existe Dom só para a manutenção da Obra. Paulo fala que Deus (através dos Dons distribuídos pelo Espírito Santo) dá os Dons necessários a missão, ao trabalho de Deus a ser realizado. Como os lugares são diferentes, as pessoas são diferentes e os desafios (problemas) são diferentes, há diversos dons. E os dons não são os mesmos nas diferentes comunidades. Os dons são diversos, mas o Espírito é o mesmo (1Co 12:5). Além do mais, Deus é Deus zeloso e não de confusão (1Co 14:33). Apertem o cinto e abram o coração. Intercedam pela nossa Escola Dominical. Que as pessoas deixem a partir destes estudos de serem "testemunhas teóricas" (que só falam!) e passem a ser realmente testemunhas vivas, cheias do poder e do amor de Deus no trabalho da evangelização. Que coloquem suas mãos no arado e sigam a orientação do Espírito ao invés de quererem "desenhar mapas" com presunções. Uma pessoa que não trabalha tem a mente ociosa missionariamente falando. Uma mente ociosa é oficina do diabo. Uma pessoa de mente ociosa é instrumento do diabo. Não trabalha, dá trabalho. Ao invés de utilizarmos nosso tempo e energias na evangelização, precisamos ficar apartando brigas, contendas e mal humor desses crentes... Ou simplesmente administrando vaidades. 26 Lição nº 7 Para 13 de Fevereiro de 2011 OS DONS SÃO DADOS PELO ESPÍRITO AOS CRISTÃOS PARA UM FIM PROVEITOSO: A MISSÃO 1 – O Espírito nos capacita para a Missão. A Igreja vive um momento novo sob o impulso do Espírito Santo. Muitas comunidades estão experimentando uma renovação na liturgia (culto), na evangelização e no serviço comunitário. Aos poucos nossa Igreja também tem experimentado isso, glórias a Deus. A presença do Espírito gera os Dons (carismas) que devem ser usados para a edificação da Igreja e para a evangelização do mundo. Na Pastoral sobre a Doutrina do Espírito Santo e o Movimento Carismático, publicada pelo Colégio Episcopal da Igreja Metodista, foram abordados vários aspectos do uso dos Dons na Igreja. Recomendamos a leitura desta Pastoral a todos os Metodistas. Todo movimento de renovação, ao lado das muitas coisas boas, evidentemente, pode trazer também alguns equívocos, exageros e mal-entendidos. Isso acontece em decorrência da própria limitação humana, da falta de melhor formação bíblico-doutrinária, da ênfase no emocional, na busca desmedida pelo espetacular, etc. Muitas pessoas reduzem a ação do Espírito Santo a determinados fenômenos, muitas vezes de caráter emocional. Dizem que só tem a unção do Espírito quem tem obrigatoriamente o dom de línguas. Uma teologia/doutrina com a qual certamente discordamos. Pois o grande sinal da ação do Espírito é o amor. É possível e devemos nos emocionar em nossa relação e experiências com o Espírito Santo, sobretudo chorando os nossos pecados e alegrando-nos por sermos filhos e filhas de Deus. Mas cabe-nos dizer que aquilo que é próprio na vida do crente e da comunidade, não é a "euforia" presente na experiência de caráter emocional. Mas a "CAPACITAÇÃO" decorrente dos Dons espirituais, distribuídos conforme apraz ao Espírito, visando a um fim proveitoso. Para a edificação, evangelização, socorro aos necessitados e outros serviços. Para o cumprimento da Missão que Jesus nos confiou. A ação do Espírito na vida das pessoas é a mesma sempre: a ação salvadora, fortalecedora, vivificadora. A experiência e reações de quem recebe geralmente são as mais diversas. Uns se alegram, outros ficam profundamente contritos, mas o ideal deve ser o sentimento da urgência da Missão: colocar-se imediatamente a serviço do Evangelho, outros usam os dons indevidamente. 27 Não há um padrão, um mesmo comportamento e emoção, para quem recebe a ação do Espírito no momento da conversão pessoal ou nas outras diversas vezes em que o Espírito vai capacitando a pessoa para que possa executar tarefas por Ele ordenadas. É um erro querermos e exigirmos que as pessoas tenham uma mesma experiência padronizada e única. E mais, não existe uma experiência com "E" maiúsculo que deva ser encarada como única e final. Ou seja, por se tratar de uma relação com o Espírito, as experiências têm de ser renovadas, acrescidas de novas experiências, realimentadas pela graça de Deus a cada dia. Foi assim com João Wesley: a experiência do Coração Aquecida do 24 de maio de 1738 foi marcante, mas foi a primeira de muitas. João Wesley não “endeusou” aquela experiência. Quanto mais o tempo passava, menos ele falava dela. Havias outras para ele falar e viver. A nossa experiência de capacitação (unção, revestimento, etc) não deve nos levar a nos considerarmos privilegiados ou melhores que as outras pessoas (lembremo-nos: Jesus é o nosso padrão, é com Ele que devemos nos medir!). Esta unção é sempre para "um fim proveitoso". E biblicamente fim proveitoso é a edificação, a evangelização, o socorro aos necessitados e outros serviços, a participação ativa na Missão que Deus nos confiou. É o serviço misericordioso e abnegado na Missão de Deus é o que nos engrandece no Reino: “O maior é o que cuida dos demais” (Mc 10:42-45). Além do mais, essa experiência muda nossa visão. O enfoque não sou mais eu (o individualismo), mas o coletivo, a comunidade, eu e todos os outros. O enfoque não é ser amado primeiro, mas amar e socorrer meu próximo por mais que ele não mereça (amar, inclusive, os inimigos). Nunca devemos buscar a experiência de capacitação do Espírito apenas pela experiência, pelo status que as vezes isso supostamente dá ao crente dentro de sua comunidade de fé, para o seu bel-prazer e vaidade. Isso é brincar com Deus. E a Palavra Divina nos alerta: "cuidado, com Deus não se brinca, de Deus não se zomba" (Gl 6:7). É como na parábola dos talentos (Mt 25:14-30): Deus vai nos cobrar o emprego, o uso, do poder que hoje Ele nos dá. O trabalho missionário que devemos fazer, o testemunho que deveria ter sido dado, a salvação das demais pessoas ao nosso redor... Digo isso, não para que tenhamos medo, mas que tenhamos seriedade, temor e a urgência missionária. É impossível ser cristão, ser Igreja de Jesus sem a presença e a ação do Espírito Santo. Por isso é fundamental buscarmos essa experiência. Mas devemos buscar essa experiência porque desejamos ardentemente sermos capacitados para o serviço da missão e do Reino. Como diz o Bispo Lockmann: "Se você não quer trabalho, não precisa da plenitude do Espírito". 2 – A imaturidade e a manipulação podem aparecer, mas não devem nos impedir de desejar e de buscar o revestimento do Espírito Santo Não podemos colocar dúvidas sobre a experiência das demais pessoas, mas temos como avaliar os resultados dessa experiência. A Experiência do Espírito é "para um fim proveitoso". Portanto o critério para avaliar a legitimidade da ação do Espírito Santo são os frutos do Espírito descritos em Gl 5:22-23 (caráter) e seu trabalho missionário (testemunho). 28 O Pr Miquéias Ferreira Dias, que em anos passados foi Secretário Regional de Missões de nossa Igreja no Estado do Rio contou que foi pregar numa determinada Igreja, e lá lhe avisaram: "Aqui nós somos tão cheios do Espírito Santo que nem ouvimos a pregação!" Ele estranhou, como podia a ação do Espírito atrapalhar a ação do anúncio de Jesus? Como esse povo se alimenta espiritualmente? No louvor era um barulho insuportável. Era impossível de se acompanhar uma oração. Na hora do louvor as pessoas subiam sobre os bancos e saltavam, outras rolavam pelo chão "no Espírito". Uma pessoa saltou tanto sobre um dos bancos que, ao saltar imprudentemente sobre uma das pontas do banco, esse se levantou e foi atirado contra a janela de vidro. Foi um susto geral em todos. Pr Miquéias contou também que realmente acredita que hoje em dia confunde-se barulho com a presença, ação, fervor e capacitação (unção) do Espírito Santo. Há muitas Igrejas e pessoas que hoje continuam fazendo barulho, mas já perderam o revestimento, não têm mais esse poder e essa unção (se é que algum dia o tiveram!). Talvez façam barulho para "invocar" e "chamar" o Espírito Santo de volta. Disse mais, que acreditava que aquelas pessoas da referida Igreja supra-citada realmente podiam ter o Espírito, mas que ele acreditava que todo aquele barulho, o rolar pelo chão, toda aquela euforia desmedida era a reação da carne, era a reação de um crente que não é maduro, e que precisa ser orientado, disciplinado e amadurecido na Palavra do Senhor. "Somos contra a alegria? Não! Somos contra o bom ânimo e o fervor que o Espírito provoca? Não! Desejamos isso ardentemente. Mas temos de manter o zelo e o discernimento, pois se onde há o Espírito do Senhor aí há liberdade, tem de haver domínio próprio, discernimento, sabedoria e capacidade de ouvir também. O Espírito Santo gera alegria, não anarquia e balbúrdia. O Espírito Santo gera santificação, que é disciplina cristã. Por isso em 1Co 14 Paulo pede ordem e decência no culto e na vida das pessoas: “O espírito do profeta estão sujeitos aos profetas” (1Co 14:32). Os crentes devem agir sempre com sabedoria, discernimento e domínio próprio" ele conclui. Não temos e nem podemos ter medo de ser guiados pelo Espírito Santo. Nem deixarmos que maus exemplos de imaturidade e manipulação nos impeçam de sermos pessoas e uma igreja cheia do Espírito Santo. Deus que é Pai, Filho e Espírito Santo é o SENHOR DA IGREJA. Ele com seu poder há de nos orientar. Em 2Tm 1:7 o apóstolo Paulo nos lembra: "Deus não nos tem dado espírito de covardia, mas de poder, de amor e de equilíbrio". Precisamos saber que biblicamente não é possível entender a Vida e a Missão da Igreja sem que esta tenha uma ação preponderante do Espírito Santo. Quer na vida pessoal dos seus membros, quer na vida familiar, quer na vida comunitária de todo o Corpo. A Igreja é chamada a servir neste mundo em nome de Deus. A Igreja tem de agir e ser reconhecida como sinal da presença de Deus e sinal do Reino de Deus neste mundo. O Espírito Santo é quem "cria" a Igreja como comunidade Missionária, segundo Atos 2, e quem também reforça a caminhada missionária dos Apóstolos, segundo Atos 13:2. Sem o Espírito Santo nada podemos fazer a não ser nos trancar dentro das quatro paredes do nosso mundinho religioso e fazer de conta que isso é fazer a Missão de Deus, indiferentes a um mundo que perece sem salvação. 29 3 – O Espírito Santo instrumentaliza e capacita a Igreja com os dons espirituais A Igreja Metodista reconhece a ação do Espírito Santo, na vida das pessoas e comunidades, como fundamental e insubstituível para a vida de obediência e restauração, tanto do mundo (Jo 16:8), como dos indivíduos (Jo 16:3). O Espírito atua na vida de cada um para realizar os propósitos de Deus. Ninguém é premiado com o dom do Espírito Santo para demonstrar que alcançou um estágio mais elevado da vida espiritual. Ninguém recebe este dom para montar um "circo eclesiástico", para impressionar o público e ganhar ofertas e contribuições financeiras. O Espírito Santo age em todos os fiéis e não em grupinhos separados ou isolados. O dom do Espírito sempre visa a edificação da comunidade dos fiéis (o Corpo de Cristo) e a comunicação do Evangelho para que o mundo seja salvo (1Co 12:4-11; 2Tm 1:6-14; Ef 4:1-6) Embora nossas capacidades devam ser aperfeiçoadas e colocadas a serviço do Reino de Deus, no entanto, é o Espírito Santo quem capacita a Igreja, isto é, o povo de Deus, a desempenhar seu serviço (ministério) na própria Igreja e sobretudo no mundo (Jo 15:5b, At 1:8, 1Co 15:58). Em nossa Jerusalém (na Igreja local), em nossa Judéia e Samaria (bairro, bairros próximos, cidade, estado) e também nos confins do mundo. Os Dons do Espírito, como capacidades e recursos para a Missão, são dados diferentemente a cada crente segundo a lógica do Espírito. Há diversos dons e, conseqüentemente diversos ministérios. Essa diversidade não causa confusão, ao contrário, sob o senhorio de Jesus concorre (conduz, produz) para a Unidade do Corpo de Cristo (cf. Ef. 4:3-13) e para sua edificação (Ef. 4:12-16), isto é, sua nutrição e crescimento. Nós podemos, portanto, ter este ou aquele dom. Podemos ter um ou mais dons, ter dons que outros não têm; e não termos dons que outros têm. Nem por isso ninguém é mais ou menos que ninguém (cf. 1Co 12:12-27). É possível termos dons diferentes dos que estão na Bíblia, afinal aqueles são os dons necessários às igrejas daquela época, para atender aos desafios e oportunidades do contexto em que aquelas igrejas estavam. Hoje há muitos novos desafios: a questão ambiental, a questão da moradia, das crianças que vivem na rua, etc... Sim, os dons são diversos (cf. 1Co 12:28ss). Mas o DOM DO AMOR é para todos, porque é a marca do verdadeiro cidadão do Reino (cf. I Jo 3:23, I Jo 4:7ss). 30 Lição nº 8 Para 20 de Fevereiro de 2011 O DESAFIO QUE DEUS TEM DADO À IGREJA METODISTA DE VILA ISABEL: UMA NOVA VILA PLANO MISSIONÁRIO UMA NOVA VILA (2000 a 2011) 1 – APRESENTAÇÃO: Do Plano para a Vida e Missão da Igreja (PVM), um importante documento orientador para o Metodismo brasileiro, podemos tomar como referência a afirmação da característica básica do Metodismo Histórico, nos seguintes termos: “O Metodismo caracteriza-se por sua paixão evangelística, procurando proclamar as boas-novas de salvação a todas as pessoas, de tal sorte que o amor e a misericórdia de Deus, revelados em Jesus Cristo, sejam proclamados e aceitos por todos os homens e mulheres (1Co 1:22-24). No poder do Espírito Santo, através do testemunho e do serviço prestados pela Igreja ao mundo em nome de Deus, da maneira mais abrangente e persuasiva possíveis, os metodistas procuram anunciar a Cristo como Senhor e Salvador (1Co 9:16; Fp 1:12-14; At 7:55-58)”. Por isso o Plano Missionário UMA NOVA VILA é um desafio. Cabe colocarmo-nos à disposição do Senhor da Igreja e fazer a parte que cabe a cada um de nós. Se todos nos esforçarmos e sentirmos que o bom resultado (o alcance dos objetivos e metas que Deus coloca diante de nós) de uma pessoa, de um ministério, de uma área pastoral e de toda nossa Igreja, depende da nossa confiança no poder de Deus e da participação de cada um e de todos, com certeza nosso Plano Missionário UMA NOVA VILA e nossas metas sairão do papel e serão realizados, alcançados e ultrapassados. Que a graça do Senhor nosso Deus esteja conosco nos despertando, nos avivando, nos capacitando, nos enviando, nos suprindo e confirmando sobre nós as obras de nossas mãos. 2 – OBJETIVOS DO NOSSO PLANO MISSIONÁRIO: Com este Plano Missionário UMA NOVA VILA estamos estabelecendo Objetivos, Alvos, Linhas de Ação para serem alcançados. 31 É bom que se ressalte aqui que a Igreja Metodista de Vila Isabel tem por objetivo maior desenvolver esforços que garantam a UNIDADE, a IDENTIDADE e a URGÊNCIA DA AÇÃO MISSIONÁRIA, particularmente caracterizadas pela paixão pelas almas, pelo ardor evangelístico, pelo genuíno avivamento e por uma vida marcada pela santificação que implica em amor a Deus sobre todas as coisas e amor solidário e serviços de solidariedade ao próximo. 3 – AS DIRETRIZES E ALVOS DO PROJETO MISSIONÁRIO UMA NOVA VILA 3.1) NOSSO MODELO DE COMUNIDADE DE FÉ E NOSSO MODELO DE CRISTÃOS O nosso modelo concreto de comunidade de fé está na chamada Igreja Primitiva descrita particularmente em Atos 2:42-47 e At 4:32-37, onde percebemos que, sob o poder de Deus, os cristãos: · perseveravam na “doutrina dos apóstolos”: fidelidade à Palavra de Deus; . buscavam comunhão com Deus e com o próximo; · mantinham-se em oração · partilhavam recursos, dons e serviço. 3.2) CONVICÇÕES QUE NOS MOTIVAM A TRABALHAR: a) objetivo de nossa vida cristã é nos sentirmos sob a graça salvadora de Cristo. Nosso amadurecimento espiritual nos leva a sermos discípulos de Jesus consequentemente nosso amor por Deus e pelo próximo também crescem. b) todos, sem exceção, necessitamos de uma experiência interna e direta com Deus: só há plenamente igreja onde há renovação constante. Renovação deve ser entendida como o relacionamento com Cristo, a verdade, a fonte de vida autêntica. c) processo de renovação constante é ininterrupto e o metodista deve estar envolvido em se alimentar espiritualmente, sabedor de que sua atuação está não somente entre os companheiros da fé como também fora do templo. d) que nutre nossa vida espiritual é a leitura da Bíblia, a oração, a catequese (educação cristã) e a conseqüente a solidariedade humana: a expressão legítima do amor de Deus. 3.3) QUEM SOMOS? QUAL NOSSA IDENTIDADE COMO METODISTAS DA IGREJA DE VILA ISABEL? (A) Devemos estar interessados num avivamento genuíno. (B) Devemos ter paixão pelas almas e ardor missionário. (C) Devemos ter amor ao próximo: a atitude solidária fomenta nossa conduta cristã. A) O que entendemos por um avivamento genuíno? a) cada metodista vilaisabelino deve ser um evangelista: procuramos falar com palavras e com nosso exemplo sobre o amor de Deus e seu processo de salvação através do Cristo ressurreto; b) cada evangelista é um missionário: sabemos que nossos atos de piedade estão intimamente ligados aos de misericórdia; c) acreditamos que a escola dominical, cursos de capacitação, ampliação de encontros para estudo bíblico e oração nos alimentam permanentemente; d) somos parte de uma comunidade missionária que está a serviço do povo. ALVO: Desenvolver uma igreja amorosa e participativa em todos os seus aspectos e atividades, ou seja, uma comunidade missionária. B) O que entendemos por paixão pelas almas e ardor missionário? 32 a) nosso objetivo é viver e propagar uma nova vida em Cristo: pela graça, somos criados, justificados e santificados; b) nosso amadurecimento cristão nos leva a amar a Deus e ao próximo: atos de piedade e misericórdia são indispensáveis ao amadurecimento espiritual e ao nosso processo de santificação; c) nossa santificação não pode ser vivida solitariamente pois ela só existe de fato quando há o amor ao próximo; d) entendemos a ação Missionária, responsabilidade de todos os crentes, não apenas como abertura de pontos de pregação, mas, também como qualquer outra forma de serviço de solidariedade, neste plano, colocados em separado apenas por questões didáticas do planejamento. ALVOS: 1. com vistas a formação de congregações e igrejas criar: grupos familiares, congregações, escolas dominicais; 2. manutenção de serviços missionários já existentes e criação de novos; pastorais especiais; 3. a cada ano realizar uma consulta missionária visando definir áreas de prioridade missionária, a começar a partir da aprovação deste plano. C) O que entendemos por atitude de solidariedade? a) cooperar com a pessoa e a comunidade a se libertar de tudo quanto a escraviza. b) a assistência a meninos e meninas, adolescentes do bairro, principalmente vindas do Morro dos macacos, é de boa qualidade, mas esperamos ampliar nossa ação missionária descobrindo com eles e entre nós como oferecer outras maneiras de colaborar para melhoria de qualidade de suas vidas; c) sabemos que temos nos esforçado para viver em comunidade entre nós, mas precisamos abrir portas para integração das pessoas e motivá-las a atuar conosco; d) devemos encontrar parceiros de prestação de serviço junto a nossos vizinhos através de uma visão ecumênica. Alvos: 1. encontrar parcerias para prestação de serviços comunitários com ênfase nos trabalhos com crianças, adolescentes, jovens, idosos e família; 2. promoção e participação em campanhas sociais. 4 – LINHAS DE AÇÃO PARA A EXECUÇÃO DO TRABALHO O Plano Missionário UMA NOVA VILA obedece a um encadeamento de providências, separadas logicamente em 4 linhas de ação. Essas providências ou linhas de ação se agrupam da seguinte maneira: 1ª linha de ação: Despertamento dos pastores, lideranças leigas e todo crente da Igreja, adultos e crianças. 2ª linha de ação: Identificação das oportunidades missionárias pelos ministérios, grupos societários, Escola Dominical, etc... 3ª linha de ação: capacitação das pessoas e ministérios para a participação nos projetos escolhidos pela Igreja. 4ª linha de ação: acompanhamento e suporte adicional por parte dos pastores e da Coordenação Local de Ação Missionária. OBS: Esse processo é cíclico e ininterrupto. 33 5 – SÍNTESE DO PLANO MISSIONÁRIO DE VILA ISABEL PARA 2000 A 2011 NOME DO PLANO MISSIONÁRIO: UMA NOVA VILA OBJETIVOS: UNIDADE, IDENTIDADE e AÇÃO MISSIONÁRIA, particularmente caracterizadas pelo ardor evangelístico, pelo genuíno avivamento e por uma vida marcada pela santificação que implica em amor a Deus sobre todas as coisas e amor e serviços de solidariedade ao próximo. PALAVRA SÍNTESE DOS OBJETIVOS: AVIVAMENTO CARACTERÍSTICAS DO AVIVAMENTO METODISTA: · participação total de todos · ardor missionário e evangelizante · amor ao próximo (em forma de serviços de solidariedade) RECURSOS PARA UM GENUÍNO AVIVAMENTO: . oração . estudos bíblicos . capacitação ALVOS: 1 - Participação total: (a) nos ministérios (b) nas atividades de culto (c) nas atividades missionárias (d) no amor ao próximo: atos de solidariedade 2) Ardor missionário: (a) cinturão missionário (b) nas congregações, igreja (c) escolas dominicais (d) cultos nas casas 3) Amor ao próximo: atos de solidariedade (a) serviço de ação social e parcerias (b) campanhas sociais (c) ênfase em crianças, adolescentes, jovens, idosos, família LINHAS DE AÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO E EXECUÇÃO DO PLANO MISSIONÁRIO a) Despertamento da Igreja b) Identificação das oportunidades c) Capacitação de pessoas e ministérios para participação nos projetos da Igreja d) Acompanhamento e suporte adicional 34 Lição nº 9 Para 27 de Fevereiro de 2011 1) Dons & Ministérios em nossa igreja local Os Dons Espirituais são as "ferramentas" que o Espírito Santo distribui aos "operários" do Reino, que seguem a Jesus, que aprendem de sua Palavra, que testificam seu amor salvador e que trabalham em prol da construção do Reino de Deus (o governo justo e misericordioso de Deus sobre toda criatura, sobre todas as pessoas, sobre todo o universo). Já imaginaram uma fábrica onde os "operários" não tenham ferramentas para trabalhar? Como se poderia produzir um automóvel sem as ferramentas necessárias? Pois é impossível para a Igreja também realizar o seu serviço (a evangelização) sem as "ferramentas" adequadas. Nosso trabalho seria enfadonho e certamente em vão. Jesus nos diz em Jo 15:5: "Sem mim (e conseqüentemente sem os dons espirituais) nada podeis fazer." Visto que nosso trabalho (nossa luta) não é contra "carne e sangue", mas contra poderes espirituais do mal que desafiam o próprio Deus" (cf. Ef 6:12). Podemos dizer que no dia de Pentecostes a "ferramenta" necessária que o Senhor da Obra distribuiu aos obreiros (discípulos) iletrados (leia At 4:13) foi a capacidade deles falarem a linguagem dos povos ali presentes (At 2:7-11). Já em Corinto haviam muitos filósofos ligados a Sócrates e Platão. Esses filósofos davam ênfase à sabedoria humana (1Co 1:22 e At 17:16-18). Paulo reconheceu nesta igreja o Dom da Sabedoria que fora dada pelo Espírito como uma "ferramenta" adequada e necessária ali (1Co 12:8). Os dons são dados pelo Espírito Santo, como lhe apraz (1Co 12:8-9, 1Co 12:11 e Hb 2:4), para um fim proveitoso. E que fim mais proveitoso pode haver do que o atendimento das necessidades da Missão da Igreja? Podemos afirmar que o "fim proveitoso" é suprir a necessidade que a Missão desenvolvida pela Igreja tem. E as necessidades da Missão são diferentes nos diversos lugares do mundo e mesmo nos diversos bairros de nossa cidade. É muito comum que duas Igrejas lado a lado tenham necessidades diferentes, e em decorrência disto os dons espirituais ("as ferramentas") distribuídos pelo Espírito não sejam os mesmos. Aqui estão como exemplo algumas igrejas e alguns ministérios delas: Corinto (1Co 12:28-30) Apóstolo Profeta Mestre Operadores de milagres Operadores de curas Os que socorrem Os que governam Os que falam em línguas Roma (Rm 12:6-8) Éfeso (Ef 4:11) Profeta Apóstolo Diácono Profeta Mestre Pastor Exortador Mestre Administrador Evangelista Obras de misericórdia Filipos (Fl 1:1) Bispos Diáconos Outros mais Antioquia (At 13:1 e 11:29-30) Profetas Mestres Obras de misericórdia 35 Percebemos com essas diferentes listas de dons e ministérios (os ministérios são os dons colocados em prática, a serviço!) que a organização das Igrejas eram diferentes umas das outras. 2) Como nos organizamos em Vila Isabel O nosso Concílio Local, a assembléia composta por todos os membros da Igreja, reconheceu dos dons que Deus tem dado à nossa Igreja e organizou, por enquanto, os ministérios abaixo indicados, como consta no Regimento Interno de nossa Igreja. Mas antes vejamos como eles se organizam e funcionam. 2.a) O funcionamento dos ministérios locais Art. 29º - O trabalho desenvolvido na Igreja Metodista de Vila Isabel é realizado por meio dos Ministérios por ela reconhecidos, segundo os dons concedidos pelo Espírito Santo e as necessidades de serviço da comunidade. Art. 30º Os Ministérios reconhecidos pela IMVI são: da Ação Administrativa, da Ação Social, da Ação Docente, da Comunicação, de Trabalho com Crianças, de Esportes, da Família, da Memória da Igreja, de Missões e Evangelização, da Música, da Oração, do Reforço Escolar, do Santuário, da Sociabilidade, da Terceira Idade e da Visitação. § 1º- A pedido de pelo menos 7 (sete) membros da Igreja poderão ser criados ministérios transitórios, pelo prazo máximo de 6 (seis) meses, para trabalhar em atividade não contemplada nos ministérios acima relacionados. § 2º - Findo o prazo acima, havendo interesse, poderá ser proposto à CLAM a transformação do ministério transitório em ministério permanente, mediante aprovação final do Concílio Local. § 3º - O mandato para Coordenadores de Ministérios da Igreja de Vila Isabel e de suas congregações é de 1 (um) ano, com início e posse dos eleitos no primeiro domingo do mês de outubro do ano em que foram eleitos. § 4º - As eleições anuais para as Coordenações dos Ministérios serão feitas no mês de setembro. Art. 31º A qualquer tempo o Concílio Local pode criar, fundir ou extinguir ministérios, por proposta da CLAM. Art. 32º O funcionamento dos ministérios, que é coordenado pelos pastores em conjunto com os guias-leigos, é disciplinado neste Regimento. Art. 33º Todos os integrantes do Rol de Membros da IMVI devem participar de um ou mais ministérios, de acordo com os dons recebidos e por escolha voluntária. § Único - Podem ainda, fazer parte dos ministérios as pessoas inscritas no Cadastro de Metodistas Não Arrolados, observado o artigo 142, § 8º, dos Cânones. Art. 34º Logo após as eleições realizadas pelo Concílio Local, os integrantes de cada ministério que sejam inscritos no Rol de Membros da IMVI se reúnem, mediante convocação e direção de um dos pastores, ou de pessoas por eles indicadas, para escolherem e indicarem à CLAM, um coordenador e um vice-coordenador. Art. 35º Uma mesma pessoa só pode exercer a coordenação de um mesmo ministério por, no máximo, dois exercícios eclesiásticos consecutivos (4 anos), sendo vedado, no período imediatamente posterior, sua escolha, como Vice-Coordenador deste ministério. § Único - Excepcionalmente, a CLAM, a seu critério, poderá decidir pela permanência de uma mesma pessoa que não atenda ao estabelecido neste artigo, desde que haja solicitação e 36 justificativa do ministério correspondente e presença mínima de 50% dos membros da CLAM, na reunião, devendo ainda, receber a homologação do Concílio Local. Art. 36º - Compete ao Coordenador(a) de Ministério: 1. Representar o seu ministério na Coordenação Local de Ação Missionária. 2. Coordenar as reuniões e atividades do seu ministério. 3. Encaminhar a programação anual à Coordenação Local de Ação Missionária para incorporação ao projeto do Plano de Ação da IMVI. 4. Apresentar relatório das atividades desenvolvidas pelo ministério, quando solicitado pelo Pastor. 5. Zelar pela conservação do material e instalações em uso pelo seu ministério; 6. Reunir-se com seu ministério, pelo menos, uma vez a cada bimestre, registrando os assuntos tratados na reunião, conforme o art. 37, item 2. 7. Divulgar, em reunião da CLAM, semestralmente, as atividades cumpridas, as que deixaram de cumprir e as programações futuras. Art. 37º Compete ao Vice-Coordenador: 1. Substituir o Coordenador quando de sua ausência. 2. Registrar em livro ou documento apropriado as deliberações tomadas nas reuniões do ministério. Art. 38º Os ministérios, bem como os grupo societários e os demais órgãos locais, só podem executar projetos de trabalho que tenham sido aprovados pela CLAM e incluídos no Plano de Ação da IMVI (Cânones, Art. 136 § 6º ) . Art. 39º Os ministérios têm atribuições básicas mencionadas neste Regimento. A Coordenação Local de Ação Missionária pode, a qualquer tempo, atribuir tarefas específicas a cada ministério, desde que relacionadas às suas atividades. Art. 40º Todos os ministérios têm como primeiro objetivo a obra de evangelização, missão principal dada por Jesus Cristo a todos os seus seguidores. 2.b) São Ministérios reconhecidos atualmente por nossa Igreja (ordem alfabética) Art. 41º - MINISTÉRIO DA AÇÃO ADMINISTRATIVA, ao qual compete, além das normas dos Cânones, art. 186 a 200: 1. Elaborar planos de trabalho para as atividades patrimoniais e financeiras da Igreja Local. 2. Coordenar e zelar pela ordem nas dependências da Igreja, bem como pelo uso adequado de suas instalações. 3. Zelar pelos bens da Igreja Local, procedendo os trabalhos de conservação e manutenção necessários a sua preservação. 4. Inventariar todos os bens da Igreja Local, mantendo sua atualização. 5. dar parecer à Coordenação Local de Ação Missionária e ao Concílio Local sobre assuntos de administração patrimonial e econômico-financeiros, tomando as providências executivas que couberem. 6. Acompanhar a execução do orçamento aprovado pelo Concílio Local. 7. Fazer cumprir o Regulamento de Uso das Dependências e Bens Móveis da Igreja Local, aprovado pelo Concílio Local. § Único - Os Tesoureiros da Igreja participam do Ministério da Ação Administrativa como membro ex-ofício. 37 Art. 42º - MINISTÉRIO DE AÇÃO DOCENTE, ao qual compete: 1. Preparar obreiros para a evangelização. 2. Promover atividades que visem ao aperfeiçoamento dos membros da igreja para o desempenho de seu testemunho perante a comunidade externa. 3. Promover cursos, painéis, seminários para a preparação de obreiros para o trabalho da Igreja, principalmente os relacionados ao ensino (Escola Dominical e Escola Bíblica de Férias) e à pregação. 4. Orientar o estudo das bases doutrinárias da Igreja Metodista. 5. Orientar o estudo dos documentos básicos da Igreja metodista, especialmente o Plano para Vida e Missão da Igreja e o Credo Social. 6. Incentivar a participação em cursos e encontros distritais, regionais ou gerais que visem à formação ou aperfeiçoamento de líderes, inclusive com vistas à atualização de sues conhecimentos. 7. Divulgar livros e outras produções que ajudem na capacitação e treinamento dos membros leigos. Art. 43º - MINISTÉRIO DA AÇÃO SOCIAL, ao qual compete: 1. Promover trabalhos de atendimento à criança e ao adolescente, tanto os da Igreja como os da comunidade, visando suprir suas necessidades e o seu perfeito desenvolvimento físico, espiritual e social. 2. Participar das iniciativas da comunidade que tenham a mesma finalidade constante do item anterior. 3. Promover estudos dos problemas da criança e do adolescente na comunidade, com objetivo de levar os membros da Igreja à compreensão dos mesmos e ao reconhecimento da responsabilidade de participar de sua solução. 4. Apoiar o trabalho realizado pelo Instituto Metodista Ana Gonzaga e pelo Instituto Metodista de Ação Social. 5. Dar atendimento aos necessitados, por meio próprios ou em colaboração com instituições existentes na comunidade. 6. Promover estudos de problemas sociais da comunidade, procurando levar, aos membros da Igreja, a compreensão e o reconhecimento da responsabilidade de participar das soluções dos mesmos. 7. Promover a criação de ambulatório, creches, centros comunitários e cursos de alfabetização de adultos. 8. Promover campanhas de esclarecimento sanitário, de combate aos vícios e outros males sociais. Art. 44º - MINISTÉRIO DA COMUNICAÇÃO, ao qual compete: 1. Divulgar e angariar assinaturas para os periódicos da Igreja. 2. Promover o uso da literatura metodista. 3. Manter a Igreja informada dos atos internos e externos de interesse geral da Igreja. 4. Executar o trabalho de relações públicas da Igreja Local, relacionando-a com instituições existentes no âmbito da comunidade e, participando de suas programações. 5. Divulgar junto à comunidade, todas as atividades da Igreja Local e da Igreja Metodista em geral. 6. Controlar os serviços e distribuição de cartazes, murais e propaganda no âmbito da Igreja Metodista de Vila Isabel. 7. Controlar a presença e circulação de publicações e folhetos no âmbito da Igreja Metodista de Vila Isabel, submetendo à apreciação do Pastor aqueles julgados estranhos às orientações da Igreja Metodista do Brasil. 38 Art. 45 - MINISTÉRIO DE ESPORTES, ao qual compete: 1. Coordenar e supervisionar as atividades esportivas da Igreja, internas e externas, zelando por sua ordem e disciplina. Art. 46 - DOMINISTÉRIO DA FAMÍLIA, ao qual compete: 1. Promover estudos sobre namoro, noivado, casamento, planejamento familiar e educação de filhos. 2. Promover em, conjunto com o Ministério da Sociabilidade e Esporte, atividades que visem ao entrosamento da família da igreja e ao fortalecimento dos vínculos familiares. 3. Incentivar a prática do culto doméstico. 4. Acompanhar os novos membros em sua vida espiritual, objetivando-se arraigá-lo mais à igreja e atrair também seus familiares. 5. Acompanhar os membros novos e os recebidos por transferência, objetivando-se promover sua rápida integração a nossa comunidade. Art. 47 - MINISTÉRIO DA MEMÓRIA DA IGREJA, ao qual compete: 1. Promover a divulgação dos fatos relevantes da história da Igreja Local e da Igreja Metodista de um modo geral, através de estudos e palestras. 2. Organizar e conservar em local visível a galeria de ex-pastores e leigos ilustres, os quais deve estar disponível resumo bibliográfico. 3. Promover, em conjunto com outros ministérios, a comemoração festiva de datas especiais relativas à história da Igreja Metodista de Vila Isabel. 4. Organizar e manter o Museu da IMVI. 5 . Manter registros da história da IMVI, guardando e catalogando documentos e tudo mais que for importante, para que as futuras gerações possam conhecer o passado da igreja, suas atividades e as pessoas envolvidas. Art. 48 - MINISTÉRIO DE MISSÕES E EVANGELIZAÇÃO, ao qual compete: 1. Elaborar o projeto do Plano de Missões e Evangelização da Igreja Local. 2. Coordenar, junto com os demais ministérios, a programação evangelística da igreja. 3. Promover estudos bíblicos, teológicos, históricos e estratégicos para o cultivo do espírito missionário dos membros da igreja. 4. Planejar o trabalho de desenvolvimento missionário da igreja, buscando a organização de escolas dominicais, pontos de pregação e congregação. 5. Promover os objetivos missionários fixados pela Igreja Local, pela Região e pela Igreja em geral, procurando obter para eles apoio financeiro, pessoal, apoio logístico e promocional. Art. 49 - MINISTÉRIO DA MÚSICA, ao qual compete: 1. Promover atividades musicais da Igreja, visando levar os membros aos reconhecimento do seu valor como instrumento de louvor a Deus, através do cântico congregacional, corais ou conjuntos musicais. 2. Coordenar e zelar pelo bom uso dos instrumentos musicais de propriedade da Igreja e, em conjunto com o Ministério da Ação Administrativa, mantê-los em perfeitas condições de funcionamento. 3. Cooperar em todas as atividades da Igreja com apoio musical. 4. Promover o programa de capacitação musical que abranja todas as áreas e faixas etárias da Igreja. 5. coordenar e operar o serviço de som da igreja e, em conjunto com o Ministério da Ação Administrativa, mantê-lo em perfeitas condições de funcionamento; 39 Art; 50 - MINISTÉRIO DA ORAÇÃO, ao qual compete: 1. Promover, sob a supervisão dos Pastores, reuniões de oração, na igreja ou nas casas. 2. Promover estudos bíblicos sobre a oração, procurando aumentar e aperfeiçoar sua prática. 3. Procurar novas formas para intensificar a prática da oração. Art. 51- MINISTÉRIO DOREFORÇO ESCOLAR, ao qual compete: 1. proporcionar gratuitamente, a crianças e adolescentes, educação e instrução complementares aos cursos regulares de 1º e 2º graus. 2. dirigir o Projeto de Reforço Escolar, parte da rede nacional do Projeto Sombra e Água Fresca da Igreja Metodista, responsabilizando-se pelo seu planejamento, administração e execução; 3. criar programas profissionalizantes para adolescentes, seus pais ou familiares; 4. recrutar os recursos humanos, voluntários ou profissionais, para suas atividades; 5. estimular a obtenção, de membros da Igreja ou não, bem como de empresas ou instituições, dos recursos financeiros e materiais necessários para o desenvolvimento de seus projetos; 6. colaborar com o Ministério de Ação Social em todas as atividades relacionadas nos itens 1, 2, 3, 6 e 8 do artigo 43 deste Regimento. Art. 52 - MINISTÉRIO DO SANTUÁRIO, ao qual compete: 1. preparar os elementos para o batismo e a eucaristia; 2. promover o levantamento de contribuições e ofertas nos cultos públicos; 3. zelar pela ordem das reuniões de culto e pela condução dos membros para a Santa Ceia; 4. responsabilizar-se pela decoração do templo, seguindo o Calendário Litúrgico da Igreja; 5. receber e cadastrar os visitantes às diversas reuniões da Igreja, especialmente aos cultos, inteirando-se dos motivos da visita e, tudo fazendo para que o visitante se sinta bem em nosso meio; 6. agradecer pelo correio às visitas recebidas; 7. baseado na entrevista de recepção, informar aos Pastores e ao Ministério da Oração e Visitação, os nomes das pessoas que precisam ser visitadas; 8. fazer distribuição de folhetos e boletins. Art. 53 - MINISTÉRIO DA SOCIABILIDADE, ao qual compete: 1. Promover trabalhos destinados a desenvolver atividades de sociabilidade e lazer dos membros da Igreja Local e de seus familiares, a fim de estimular sua integração. Art. 54 - MINISTÉRIO DATERCEIRA IDADE, ao qual compete: 1. Promover atividades de atendimento aos idosos em suas necessidades, tanto os da Igreja como os da comunidade, objetivando-se condições para uma vida plena e alegre. 2. Promover estudos de problemas dos idosos na comunidade, a fim de levar, aos membros da Igreja, a compreensão e o reconhecimento da responsabilidade de participar de suas soluções. 3. Participar de iniciativas da comunidade que visem ao mesmo objetivo constante do item anterior. 4. Promover, em conjunto com o Ministério de Sociabilidade e Esportes, atividades de recreação para os idosos. 40 5. Apoiar o trabalho realizado pelo Lar Metodista Ana Gonzaga e pelo Instituto Metodista Carlota Pereira Louro. Art. 55 - MINISTÉRIO DE TRABALHO COM CRIANÇAS, ao qual compete: 1. Programar e coordenar atividades de caráter cristão-metodista, visando o desenvolvimento físico, sociocultural e espiritual das crianças. 2. Mobilizar pais, educadores e líderes da comunidade metodista local a se conscientizarem do compromisso de oferecerem às crianças uma participação cúltica compatível com as suas faixas etárias 3. Conscientizar e incentivar as crianças, seus familiares e educadores da importância da vida cristã, da prática da oração, da leitura bíblica e da contribuição regular e oferta, e da sua participação na vida da Igreja. 4. Promover eventos de caráter social, esportivo e religioso estabelecidos em calendário, que possibilitem a convivência cristã. 5. Buscar junto à liderança da comunidade religiosa local estratégias que visem amadurecer o processo de integração das crianças que freqüentam as atividades regulares da Igreja com aquelas que são assistidas em projetos que se desenvolvem durante a semana. Art. 56 - MINISTÉRIO DA VISITAÇÃO, ao qual compete: 1. Organizar grupos de visitação a membros da igreja, a visitantes e interessados, com ênfase na consolação dos enfermos, dos que tiverem perdido pessoas queridas e na recuperação dos afastados dos trabalhos da Igreja. 2. Organizar grupos de visitação aos enfermos nos hospitais, aos internados em orfanatos e asilos de idosos, distribuindo material de motivação e atendendo, em conjunto com os Ministérios da Ação Comunitária e da 3º Idade, suas necessidades. 3. Identificar oportunidades para o estabelecimento de trabalhos regulares nas instituições visitadas, dando ciência aos Pastores e ao Ministério de Missões e Evangelização. 4. Identificar pessoas que possam vir a ser recebidas como membros da igreja, entregando seus endereços aos pastores para que seja feito acompanhamento pessoal. NOTAS SOBRE OS MINISTÉRIOS DA IGREJA DE VILA ISABEL: O Ministério de Trabalho com Crianças está sendo executado pela Escola Dominical. O Ministério da Visitação está sendo executado pelo Ministério de Missões e Evangelismo O Ministério da Sociabilidade está sendo executado pelo Ministério da Família. O Ministério da Comunicação está sendo executado pelo Ministério da Ação Docente. O Ministério do Esporte não está funcionando. Por que isso? Porque numa igreja de quase 800 membros não havia inscrições para esses ministérios. 4 - Questões finais? a) Depois dessas 5 lições sobre Igreja, Missões, Dons e Ministérios, qual a sua posição? b) Deus falou alguma coisa ao seu coração sobre um maior envolvimento seu com a vida missionária de nossa Igreja ou será que Ele está satisfeito com a nossa Igreja diante de tantos desafios missionários a serem respondidos? c) Você participa de um ministério da Igreja? Por que? 41 Lição nº 10 Para 06 de Março de 2011 Bispo Josué Adam Lazier CARACTERÍSTICAS DAS PESSOAS QUE DEUS USA PARA FAZER VIR O ESPÍRITO SANTO Atos 1.6-26 Os Metodistas enfatizam a obra do Espírito Santo na vida do cristão, mais do que a doutrina propriamente dita. Mas o foco não está nos dons espirituais, mas sim na santidade de vida à qual é chamado o cristão. A força para a vivência da Santidade Bíblica vem justamente da presença do Espírito Santo na vida da pessoa. Esta experiência é reputada como expressão direta da soberana vontade e graça de Deus. O foco da crença de João Wesley “na soberana presença do poder do Espírito Santo estava na santidade de vida à qual todo o cristão é chamado. A grande paixão de Wesley era a santidade interior e exterior. Todos os cristãos deveriam lutar por este estado com a confiante expectativa de que aquilo que jamais alcançariam por sua própria força, lhes seria concedido pela graça de Deus - isto é, pela infusão sobrenatural do Espírito Santo. Pois esta é uma expressão direta da soberana iniciativa e graça de Deus”.1 Poderíamos perguntar, a título de reflexão, sobre as características das pessoas através das quais o Espírito Santo veio? O Texto de Atos dos Apóstolos orienta nossa reflexão. Vejamos: 1. Viver no Kairós de Deus – 1.6-7 No verso 6 os discípulos perguntam sobre o tempo e usam a expressão grega xronos, que tem o sentido de tempo cronológico, época de acontecimento, período de vida, etc., indicando algo que pode ser determinado. Jesus responde usando a expressão kairós, que tem o sentido de oportunidade, tempo favorável, período apropriado, indicando um momento significativo. O Espírito Santo age no Kairós de Deus e não no xronos do homem. 2. Comprometer-se com o testemunho – 1.8 O compromisso com o testemunho do Evangelho de Jesus Cristo e a proclamação das boas novas do Reino de Deus era imperativo para a descida do Espírito Santo, bem como o envolvimento com a vocação missionária da Igreja. O eixo principal da Igreja é o missionário, pois sem esta perspectiva não há razão de ser igreja. Para o Bispo Richard Santos Canfield a presença do Espírito Santo nos dá a “força para realizar a tarefa missionária da Igreja”.2 3. Ser obediente – 1.12 Não saíram de Jerusalém conforme Jesus havia mandado. A obediência os colocou no lugar onde Deus daria o Espírito Santo. Fazer a vontade de Deus é crucial para o culto, para a vida e para o testemunho. Também o é para a vinda do Espírito Santo, pois Ele age para realizar a vontade de Deus e não para atender as expectativas do cristão. 1 2 Stokes, M. B., O Espírito Santo na Herança Wesleyana, Imprensa Metodista, pg. 80. Canfield, Richard Santos, Sermão pregado na Igreja Metodista Central de Curitiba, 1996. 42 4. Estar em comunhão como discípulos – 1.14 Os discípulos estavam unidos sob o impacto da ascensão de Jesus. A ascensão de Jesus criou a necessidade para a unidade e comunhão. Uns dependiam dos outros para sustentar a fé naqueles dias. Isto foi importante para a vinda do Espírito Santo, pois onde Deus está há comunhão, fraternidade e solidariedade. 5. Orar junto – 1.14 A oração era prioridade, pois ela capacita o cristão a fazer a vontade de Deus. Era uma atividade em que os cristãos primitivos se doavam por inteiro. Orar sempre foi prazeroso e uma atitude de quem crê no Reino de Deus e no Poder de Deus. 6. Conservar a tradição – 1.24-26 Os discípulos escolhem Matias para o lugar de Judas. Eles estão preocupados com os 12, pois a tradição e o simbolismo são importantes. Nossa Igreja fundamenta sua Doutrina e sua Missão na Tradição que chamamos de Bíblica e Wesleyana. Alguns têm medo de ouvir isto. Vamos explicar. Estamos nos referindo a tradição e não de tradicionalismo. Tradição: “refere-se aos atos salvíficos de Deus conforme entendido e registrado pelo seu povo, formando parâmetros para conhecer a Deus e entender seus propósitos para a vida humana”.3 Tradicionalismo: “fecha-se em um destes atos de Deus, ou mesmo em um momento da história da Igreja, e o exclui do resto... O Tradicionalismo é uma forma de reducionismo histórico”.4 Ao abordarmos o tema doutrinário do Espírito Santo, não o fazemos por questões de tradicionalismo, mas sim porque somos cristãos cujas ênfases bíblicas chamadas metodistas nos ajudam na fundamentação da nossa fé e do nosso ministério e porque cremos na ação soberana e poderosa do Espírito de Deus. Uma notável lição para os metodistas: “Preguem a nossa doutrina, inculquem a experiência, estimulem a prática, reforcem a disciplina. Se vocês só pregarem a doutrina o povo será antinomiano; se pregarem somente a experiência o povo será entusiasta; se pregarem somente a prática o povo será fariseu; e se pregarem tudo isto e não reforçarem a disciplina, o Metodismo será com um jardim cultivado, porém sem cercas, exposto à destruição de porcos selvagens”.5 Concluindo Somos desafiados a perguntar: 1) Sou do tipo de pessoa que possibilita a vinda do Espírito Santo? 2) Sou do tipo de pessoa que evidencia os seis pontos destacados acima? 3) Sou disciplinado na obediência e na mordomia? 4) Busco aprofundar minha experiência com Deus em direção à santificação? 5) Estou disposto a viver a santidade bíblica? 3 Colégio Episcopal, As Marcas Básicas da Identidade Metodista, Pastoral do Bennett, 1993, pg. 7. Colégio Episcopal, As Marcas Básicas da Identidade Metodista, Pastoral do Bennett, 1993, pg. 7. 5 Texto encontrado abaixo de um antigo retrato de João Wesley, exposto na Nicolson Square Church, em Edimburgo, Escócia. É a resposta de Wesley a respeito de como o Metodismo seria mantido vivo, após a sua morte. Citado em Colégio Episcopal, As Marcas Básicas da Identidade Metodista, Pastoral do Bennett, 1993, pg. 16. 4 43 Lição nº 11 Para 13 de Março de 2011 UMA GRAÇA QUE POUCOS DESEJAM (texto baseado/extraído de um livro homônimo de Caio Fábio) Nós, evangélicos, aprendemos desde cedo que graça é favor imerecido. É algo que está para além das posses das nossas virtudes. Justamente por essa razão a graça é de graça. No entanto, nossa idéia do que seja graça, enquadram-se apenas as felizes, fáceis e saborosas e carismáticas manifestações das bênçãos de Deus sobre nós (Ef 1:3). Nunca pensamos em graça como privilégio de sofrer. Todavia, também esta dimensão está presente na teologia do conceito de graça: “Porque vos foi concedida a graça de padecerdes por Cristo, e não somente de crerdes nele...” (Fp 1:29). Sem dúvida, tal conceito não tem nada de convidativo e empolgante em si mesmo. Nosso mundo é a cada dia mais patrocinador da idéia do não-sofrimento. Somos a sociedade do analgésico. A anestesia psicológica, existencial e social é a nossa maior medicina. Especialmente para aqueles que apesar de viverem no terceiro mundo, mantém o status e o padrão do primeiro. Além da graça de sofrer, há ainda uma outra graça indesejável (aliás, bem poucos a vêm como graça, privilégio, como favor imerecido). Trata-se da graça de contribuir. Percebe-se a contribuição como graça, mais do que em qualquer outra ocasião, quando Paulo faz conhecer à Igreja de Corinto a atitude generosa e pródiga de amor que permeara o gesto da Igreja da Macedônia, quando se solidarizou com a comunidade cristã da Judéia (que passava um gravíssimo período de pobreza e fome) enviando-lhe, ainda que sem condições ideais para tal, sua oferta de amor. Os irmãos da Macedônia não se sentiam dignos de contribuir, de participar da obra de Deus. Por isso, pediam que essa possibilidade lhes fosse criada, ainda que numa expressão de graça, de favor imerecido. Paulo diz aos coríntios: “Também irmãos, vos fazemos conhecer a graça de Deus, concedida às igrejas da Macedônia; porque no meio de muita prova de tribulação, manifestaram abundância de alegria, e a profunda pobreza deles superabundou em grande riqueza da sua generosidade” (2 Co 8:1-2). O apóstolo prossegue dizendo que era tão grande a consciência que tomava os irmãos macedônios de que contribuir era um favor imerecido, que eles suplicaram com “muitos rogos a graça de participarem da assistência aos santos” (2Co 8:4). O gesto macedônio inspirou Paulo a enviar Tito a Corinto a fim de promover a mesma compreensão, desencadeadora da mesma atitude: “O que nos levou a 44 recomendar a Tito que, como começou, assim também complete esta graça entre vós”. (1Co 8:6). Aliás, nada se podia esperar de uma igreja que se julgava madura como a de Corinto (crendo que estava superabundando em fé, teologia, sabedoria e serviço social) senão algo, no mínimo, smelhante à consciência dos irmãos macedônios. Por essa razão Paulo lhes diz: “assim também abundeis nesta graça” (2Co 8:7). De fato, o que se define de modo irrefutável neste intróito do apóstolo à questão da contribuição, é que ofertar para a obra de Deus é um favor que nenhum de nós merece. É graça. Eu não mereço contribuir. Você também não. Nenhum dinheiro, ganho com ambíguas motivações, é santo. Nosso dinheiro não é em si mesmo puro, tão somente pelo fato de que não estamos na lista dos sonegadores (ou estamos?), ou por termos nossos compromissos pagos em dia. Os tesouros desse mundo são metafísica e motivacionalmente tesouros da injustiça (Lc 16:9). E as motivações que na grande maioria das vezes determinam nossa relação com o lucro não são de todas santas (1Tm 6:10a). Por isso, nossa contribuição é uma concessão de Deus. A santidade absoluta de Deus, se praticada sobre nós, não nos permitiria “nem contribuir”; mas na sua graça, Ele santifica nosso dinheiro, quando a grande motivação que nos leva a adquiri-lo é poder viver com dignidade e promover a causa do Reino de Deus. Se não for essa a propulsão secreta de nossos corações, a nossa contribuição não passará de abominação. De uma atitude semelhante àquela que norteou a oferta de Caim (Gn 4:1-7; Jd 11). Nossa oferta ao Senhor não é de fato uma oferta a Deus. É, antes de tudo, uma oferta de Deus a nós. Quem oferta a Deus, oferta a si mesmo, na medida em que dar, antes de ser uma graça de nós a outros, é uma graça de Deus a nós. Se alguém se comove a dar, humilde e alegremente, é porque já foi tocado pela graça de Deus (Rm 7:18; Fp 2:13). Mas quantos querem esta graça? Você a quer? Você deseja a bênção de contribuir? De devolver o que é de Deus na direção da causa de Deus? A maioria das pessoas que eu conheço contribui com medo de Deus. Ou então o faz na estreita medida do dízimo. Porque Malaquias chama de ladrão àquele que não contribui, então resolve quitar o seu “carnê do Reino” (Ml 3:8-9). Todavia, essas pessoas fazem isso com o mesmo sentido de obrigatoriedade com o qual pagam a conta de luz, a água ou o aluguel do apartamento. Não lhes move o coração o temor do Senhor. Não se sentem comovidos pela graça. Não percebem que não teriam direito a meter a mão no bolso para dar a tão santa causa. VOCÊ DESEJA A GRAÇA DE CONTRIBUIR? Quem apenas dá o dízimo ou se deixa motivar a contribuir pelos mesmos sentimentos daqueles que liquidam uma conta para não terem o nome no S.P.C (Serviço de Proteção ao Crédito), ainda não passou da Velha aliança para a Nova, ainda não pensa como cristão, mas raciocina como legalista judeu. O Novo Testamento vai além do Antigo Testamento também na questão de dar. Em Cristo, o dízimo não é a mensalidade dos crentes na sociedade religiosa da Igreja ou no filantropo clube da fé. No Novo Testamento, o dízimo é uma quantia de referência mínima para estabelecer o piso das nossas contribuições, entendidas não como cobrança, mas como graça, como privilégio. 45 Depois que eu entendi isso, resolvi só agradecer as ofertas que alguns amigos endereçam a mim como pessoa. Mesmo assim, eu sei que antes de estarem dando a mim e para o meu sustento pessoal, eles estão dando ao Senhor. Faço isso somente neste caso, e por questão de estrita educação. Quanto ao mais, se alguém deseja contribuir com a Missão que presido ou com qualquer outra causa cristã, não posso agradecer. Tenho apenas que estimulá-lo a continuar a crescer na graça de Deus. Minha gratidão tem de se dirigir a Deus. Minha alegria, no entanto, se direciona aos irmãos que entenderam a graça de contribuir. Nesse ponto creio que pode ser imensamente útil continuarmos a estudar os princípios de contribuição que aparecem em 2Coríntios capítulos 8 e 9. Aprenda-os, e certamente sua dimensão da espiritualidade incluirá uma área até agora compreendida como profana do que como zona da graça. Mas quem é que conhece qualquer coisa que a nós nos venha que não seja pura e simplesmente graça de Deus? ALGUNS PRINCÍPIOS PARA COMPREENDERMOS E PARTICIPARMOS DA GRAÇA DE CONTRIBUIR: 1º - A boa situação financeira não deve ser pré-requisito para alguém contribuir – basta nos lembrarmos da Igreja da Macedônia (2Co 8:9) e a oferta da viúva pobre (Mc 4144). 2º - Alegria, generosidade, voluntariedade e boa-vontade são motivações indispensáveis a quem quer contribuir – Segundo 2Co 8:2 a igreja da Macedônia ao contribuir, mesmo em meio de muita tribulação, manifestou “abundância de alegria” e a profunda pobreza daquela igreja “superabundou em grande riqueza da sua generosidade”. 3º - A contribuição deve ser extra-odinária e não ordinária – Dar na medida das posses (o que tem sobrando) é um bom começo, mas ainda não é o dar conforme requer o Novo Testamento. A profunda pobreza da Igreja da Macedônia “superabundou em grande riqueza” (2Co 8:2), contribuindo “na de suas posses e mesmo acima delas” (2Co 8:3). Somos exortados a deixarmos o ordinário (a velha medida decimal) e a penetrarmos na porta dimensional da generosidade extra-ordinária. Afinal, o ordinário até os pagãos conseguem realizar, mas o extra-ordinário, somente os filhos do Pai de extra-ordinário amor estão aptos para realizar (Mt 5:43-48). O dízimo é um ponto de partida, mas um limitadíssimo ponto de chegada. 4º - A contribuição deve ser uma extensão do compromisso que se tem com o louvor a Deus, com a maturidade espiritual e com a propagação do Reino de Deus – 2 Co 8:5 falando sobre a contribuição da Igreja da Macedônia afirma que “deram-se primeiro ao Senhor, depois a nós, pela vontade de Deus”. A prática sem o querer é ação sem compulsão. E o querer sem ação é emocionalismo volitivo e sem eficácia. Quem sabe que pode e deve contribuir com a mesma alegria com a qual confessa sua fé, exerce discernimento, providencia socorros e manifesta amor, já atingiu aquele nível que se pode chamar de espiritualmente maduro. Que Deus nos abençoe! (Esta lição continua no próximo domingo, dia 20/03, se Deus nos permitir)