RELATÓRIO VER

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Vivências e Estágios na Realidade do Sistema Único de Saúde – VERSUS BRASIL
Bacabal – MA 2016.1
Relatório de Vivência – Arthur Mendes Rocha
Bacabal – MA
2016.1
DIA 01 - 04/01/2016
Durante a manhã do primeiro dia ocorreu a chegada e acolhimento de viventes e
facilitadores no Hotel Royal Plazza e roda de conversa para a apresentação da temática
do projeto, explicando os direitos e deveres dos envolvidos, como o respeito e ajuda
mútua no período de vivência, não ingerir bebidas alcoólicas ou usar drogas, foram
discutidos os horários e suas tolerâncias de atraso, a disponibilização do vivente 24h para
as atividades etc. Após o almoço, que teve início às 11h50min, houve pausa para
descanso. Às 14h nos reunimos novamente para a dinâmica da teia, onde todos se
acomodavam em um semicírculo e um rolo de barbante era passado para o primeiro
vivente, cujo se apresentava demonstrando a importância do projeto para sua vida
profissional. Após a apresentação do primeiro, este passava o rolo para outra pessoa (não
soltando a linha), cuja teria que se apresentar também. Assim formava-se a teia que
simboliza os laços de união para a construção do projeto.
Após a dinâmica da teia ocorreu a construção da identidade cultural dos NB's
(Núcleos de Base). Nesta dinâmica quatro grupos eram formados, cada um liderado por
um facilitador, e tinha como objetivo criar uma identidade relacionada com o contexto do
SUS.
Durante a noite houve uma plenária, uma roda de debate abordando o tema "Como
podemos interligar os diferentes pontos dessa teia?". Após a discussão houve a dinâmica
do anjo, onde cada vivente e facilitador selecionava aleatoriamente o nome de um dos
participantes sigilo. O nome selecionado seria o protegido, cujo teria que ser cuidado e
auxiliado pelo anjo durante os dez dias de vivência.
DIA 02 - 05/01/2016
O café da manhã do segundo dia foi divido em horários para cada NB: das
6h50min às 7h – NB 01 e NB 02; das 7h às 7h10min – NB 03 e 04. Como o discutido no
dia anterior, o horário para estar pronto para a primeira visita foi às 8h. Não houveram
atrasos e seguimos de ônibus para efetuar visitas às UBS's (Unidades Básicas de Saúde)
de 4 bairros diferentes: Trizidela, Vila Nova, Cohab, e Juçaral. As visitas foram dividas
em grupos para melhor cobrir a área. Meu grupo visitou a UBS Cohab, onde foi-nos
relatado o esquema de trabalho dos profissionais. Nesta UBS eles trabalham com uma
demanda um pouco acima do que a unidade é capaz de receber: cerca de 800 famílias que
habitam o bairro Cohab e proximidades. Houve reforma na unidade em 2013, o que faz a
estrutura física ser bem qualificada. Porém muitas vezes faltam materiais e remédios para
a população, como por exemplo o serviço odontológico, que está parado há alguns meses
por conta da cadeira de dentista que não funciona, por isso os dois dentistas da unidade
não prestam os seus serviços por completo.
Após a apresentação da Unidade fomos divididos em dois grupos, cada um guiado
por um agente de saúde. Nesta etapa conhecemos dona Luzia, moradora de uma área
muito precária tanto em questão de movimento para ela por ser idosa, pois as ruas estão
esburacadas, quanto em questão de saúde coletiva, pois não há coleta de lixo naquela
região, e segundo ela, para desfazer-se do lixo a única medida tomada por os moradores
dali é a queima do tal. Quanto a problemas de saúde Dona Luzia tem hipertensão e a renda
de seus filhos não acompanha o preço dos remédios que são receitados a ela, que
sobrevive de seu aposento.
Voltando para o hotel almoçamos e pausamos para descanso. Às 14h nos
dividimos em grupos novamente, dessa vez em três. Os locais de visita foram: Centro de
Especialidades Coelho Dias, Centro de Especialidade Odontológica e Centro de
Fisioterapia de Bacabal. Na visita ao Centro de Fisioterapia (meu grupo) notamos a
precariedade da qualidade de trabalho. São cerca de 130 pacientes para apenas 4
fisioterapeutas de segunda a sábado, e dependendo do grau da enfermidade alguns
pacientes são orientados a visitar o ponto todos dias possíveis. Além da alta demanda,
alguns instrumentos como esteiras estão quebrados, o que dificulta o processo de
reabilitação do paciente. O centro de fisioterapia trabalha com problemas de baixa a
média complexidade.
Saindo do Centro de Fisioterapia voltamos ao hotel, com pausa de 10 minutos para
banho. Nos dividimos entre nossos NB’s para assistir o documentário “Ilha das Flores” e
em seguida debatemos sobre os fatos do vídeo. No início do documentário já se deixa
claro que todos temos o mesmo encéfalo altamente desenvolvido e polegar opositor,
portanto, mesmo desenvolvimento. Ao decorrer da história nota-se que mesmo esse
desenvolvimento sendo igual entre todos, há a diferença de classes e desvalorização social
daqueles que tem renda inferior às demais classes, como vê-se o exemplo dos sem-teto
que não tem renda fixa e a fonte de alimento é aquilo que sobra dos porcos, aquilo que os
donos dos animais julgam impróprios para eles são jogados para os miseráveis. Aqui se
enfatiza a frase “Você vale o que você ganha”.
Na noite desse mesmo dia, após o jantar, houve discussão do que havíamos visto
durante a vivência do dia que se passara, relatando as dificuldades que cada um notou em
sua perspectiva.
DIA 03 - 06/01/2016
O café da manhã ocorreu em divisão de grupos novamente, das 6h50min às 7h era
vez dos NBS’s 1 e 2, das 7h às 7h10 era vez dos NBS’s 3 e 4. Às 8h, com todos os viventes
e facilitadores prontos, seguimos visita à comunidade quilombola do Povoado Piratininga
(cerca de 300 famílias), onde conhecemos Dona Dinha, 72 anos, mãe de sete filhos,
aposentada, ex-professora, evangélica, que nos relatou a história do Quilombo
Piratininga. Expôs que as famílias da comunidade vivem da agricultura de subsistência e
benefícios sociais (aposentadoria e Bolsa Família). Destacou que os problemas locais
enfrentados atualmente pela comunidade são: a perda da identidade cultural pelos jovens,
a instalação de um presídio municipal no terreno quilombola, o crescente número de
usuários de drogas, pouca geração de renda que influencia na saída dos jovens, a grande
dificuldade no acesso à saúde, seja na atenção básica ou atendimentos complexos.
As raízes da cultura são afrodescendentes, ainda hoje cultivadas por meio de
festejos e celebrações como o terecô e o candomblé. Nessas celebrações é comum o uso
da roncadeira, uma espécie de foguete que utilizavam nas festividades culturais. Dona
Dinha enfatizou também que esta cultura está se esvaindo cada vez mais dos jovens, que
estão mais sujeitos às mudanças de hábitos, além de estarem saindo da comunidade a
procura de melhores condições de vida e oportunidades.
Quando se fala em saúde deixa-se muito a desejar, já que não há UBS para atender
às necessidades básicas do povoado e em casos de enfermidades a população recorrem
principalmente a chás (geralmente de folha de manga, eucalipto e xanana). E quando essa
enfermidade se desenvolve de modo a não poder mais ser controlada com ervas, a saída
é a chamar o SAMU, cujo atendimento pode demorar por ser um povoado distante da
cidade.
Após ouvir Dona Dinha, nos reunimos em um círculo para cantar e dançar Nego
Nagô – retratando a força da raça negra – e Oração de A banda mais bonita da cidade –
retratando os laços que nos unem.
Após o almoço que ocorreu as 12h, descansamos e às 14h tivemos uma vivência
no lixão. Todos entramos no ônibus e fomos instruídos a vendar nossos olhos com nossas
camisas, o que aumentou a expectativa sobre o local onde íamos, cujo até esse momento
não havia nos sido revelado. Ao chegarmos fomos perfilados lateralmente de mãos dadas
e conduzidos a seguir em direção aos depósitos de lixo, onde se encontravam os catadores.
Quando nos tiraram as vendas notou-se o choque na maioria dos viventes, já que
o cenário era de poluição visual aos montes de lixo espalhados por todos os lados.
Conversamos com Alessandra, uma das catadoras que dali tiravam o sustento. Esta é exusuária de drogas e tem 26 anos, concluiu apenas o ensino fundamental e largou os
estudos ao ingressar no primeiro ano do ensino médio, quando teve contato com as
drogas. Ao lhe perguntar sobre sua perspectiva de vida ela disse que seu sonho era se
tornar advogada, o que comoveu boa parte dos viventes. Alessandra já vive nessa vida há
muito tempo e já está acostumada a esta realidade, sem queixas. Segundo ela, mesmo em
condições de trabalho precárias, só há um indício de morte desde que ela chegou ali e que
não há muitos casos de doenças causadas pelo lixo nos catadores.
Ao realizar a caminhada pelo lixão, notou-se que todo o lixo era jogado sem
distinção de materiais, desde restos do mercado a lixo hospitalar, o que produz o chorume,
que causa desconforto ao inalar o forte cheiro e causa também poluição do solo. Viu-se
também a presença de muitos animais, porcos, urubus, caprinos etc.
Na caminhada e volta para o ônibus vimos três caminhões abarrotados de lixo que
jogaram os resíduos ali, sem critérios de organização, como o lixo hospitalar. Sabemos
que este deve ter sua própria forma de descarte, como a incineração, para que não haja
acidentes.
Merece destaque o fato de que ali são jogados muitos alimentos estragados e eles,
por terem uma renda mensal muito baixa (cerca de R$ 200,00), ingerem os alimentos fora
do prazo de validade. Quando se machucam com materiais perfuro-cortantes ou tem
distúrbios de enfermidades a saída é visitar a farmácia e se auto medicar, já que não há
UBS por perto.
As atividades da noite foram suspensas devido ao falecimento do irmão de um
vivente, que também era da comissão organizadora do projeto.
DIA 04 – 07/01/2016
O quarto dia teve início com o café da manhã no horário normal e às 8h, divididos
em dois grupos, seguimos ao CAPS – Centro de Atenção Psicossocial e ao CREAS –
Centro de Referência Especializado de Assistência Social.
O CAPS II visa a substituição de hospitais psiquiátricos e oferece tratamento para
jovens usuários de drogas, idosos e quaisquer transtornos mentais, como a depressão e
esquizofrenia, que são os casos clínicos mais catalogados. O centro não visa a internação
do paciente, ele trabalha apenas com pequenos casos de modo a evitar que o paciente
chegue em um estágio de internação. Por ser o único em atividade dentre as cidades
vizinhas, sua demanda de pacientes é muito grande.
Para receber o tratamento é necessário levar documento oficial com foto e
comprovante de residência ou por encaminhamento de outro profissional da saúde. O
paciente passa pelo processo de triagem para se identificar se o problema está dentre as
capacidades do centro.
Os tratamentos são feitos através de oficinas e laborterapias (individuais ou não)
lideradas pelo psicólogo e/ou pelo psiquiatra. O educador físico também faz parte da
equipe do CAPS, oferecendo aulas dinâmicas de aeróbica para idosos. Outras oficinas
são: artesanato, oficina de vídeo, atividades expressivas e dinâmicas de grupo, além de
festas em datas comemorativas, como carnaval, dia dos pais, dia das mães, natal etc. As
oficinas visam afetar principalmente aqueles pacientes com dificuldade de atenção,
pacientes que se isolam, que não tem auto-estima.
O CAPS tem o projeto “Fábrica de Sonhos” onde o paciente e sua família fazem
artesanatos para venda no final do ano na Praça do Bolo. O dinheiro arrecadado será
divido entre o centro e a família do paciente como forma de renda.
A dificuldade principal enfrentada pela equipe no tratamento do paciente é a falta
de compromisso da família no processo, já que esta é a base de apoio moral para o
enfermo.
A seguir visitamos o CREAS, onde nos foi palestrado a temática e os objetivos do
centro. O CREAS é um órgão público da política de assistência social onde são atendidas
pessoas e/ou famílias que correm situação de risco ou tiveram seus direitos violados. Esta
unidade trabalha em parceria com o CAPS e também com o Conselho tutelar para melhor
atender a demanda da população. A equipe deste centro é formada por psicólogos,
assistentes sociais, advogados etc.
Quanto aos serviços ofertados, o centro trabalha com o PAEFI (Proteção de
Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos), que serve como abordagem social
para pessoas com deficiência e pessoas idosas e ainda oferta medidas socioeducativas
para a população. O CREAS também oferece informações sobre os direitos e deveres do
indivíduo, e por isso muitas vezes os profissionais sofrem ameaças daqueles que serão
prejudicados por essas cobranças.
O público atendido geralmente são famílias ou indivíduos que tiveram seus
direitos violados, como violência física, sexual, psicológica, abandono, trabalho infantil
etc. No caso de uma dessas violências afetar o psicológico da pessoa, geralmente o
indivíduo é encaminhado ao CAPS para um tratamento adequado.
Voltando para o hotel almoçamos no período de 12h20min às 12h40min e
retornamos às 14h para a vivência no CRAS – Centro de Referência de Assistência Social.
O trabalho desse centro é atuar principalmente como facilitador social, fortalecer a
convivência da comunidade e efetuar campanhas de apoio a ações comunitárias.
O CRAS trabalha muito em cima da temática de violência contra a mulher. Por
ser um problema comum na sociedade, o centro leva palestras de conscientização para a
população enfatizando sempre os direitos e deveres.
Neste centro há uma precariedade no que se fala qualidade de trabalho: a falta de
materiais. Ao entrar no estabelecimento, vê-se uma área grande vazia e uma sala com
apenas algumas cadeiras e uma mesa para recepção. A seguir desta sala tem-se um
pequeno quarto para atividades com crianças, o espaço é pequeno e os materiais são
poucos.
O EJA – Educação de Jovens e Adultos – também é trabalhado em palestras à
sociedade como forma de incentivo aos jovens a participarem do projeto.
Na volta para o hotel almoçamos as 19h10min e as 20h assistimos “Um estranho
no ninho”, onde se retrata os problemas e dificuldades de uma pessoa com transtornos
psicóticos. Após o filme, estávamos todos reunidos para debater os as vivências que não
haviam sido discutidas no dia anterior e os do dia presente.
DIA 05 – 08/01/2016
O dia começou normalmente com café da manhã das 7h às 7h30 e no horário
combinado (8h) visitamos a vigilância sanitária e epidemiológica, onde o secretário
municipal de saúde Kelcimar Virgnino Silva (enfermeiro obstetra formado pela UEMA
– Universidade Estadual do Maranhão) nos apresentou o seu setor de trabalho.
Inicialmente o secretário nos convidou para a recepção do ministro da saúde, cujo foi
convidado a fazer uma visita à cidade pelo então deputado federal filho do prefeito da
cidade. Trabalhando com números, segundo o secretário, o município de Bacabal conta
com 23 postos de saúde, e que o principal ponto negativo da área da saúde da cidade é a
falta de verba, por isso a visita do ministro é de vital importância para a melhoria da
saúde, já que este é a maior influência em saúde no Brasil.
Lhe foi chamada atenção quanto a questão de estágios, já que dentre os setores
que havíamos visitados até o presente momento, não encontramos estagiários. Foi
alegado que não há muitos alunos que procuram estágios e que os estagiários atuais estão
em férias.
O setor de vigilância sanitária e epidemiológica trabalha mais com ouvidoria e
denúncias, então a partir daqui os profissionais da área vão até o local de suspeita e fazem
a vistoria. Também trabalham com campanhas de conscientização em saúde pública e
com visita de agentes de saúde nas comunidades bacabalenses.
Em seguida voltamos ao hotel para almoço e descanso. Às 13h30min estávamos
prontos para ir à recepção do ministro da saúde Marcelo Castro, cujo teve seu voo
atrasado e chegou ao Aeroporto Internacional de Bacabal as 15h. Por este homem ter sua
agenda cheia e a imprensa estar presente, não foi possível ter uma roda de conversa como
esperávamos e apenas tivemos alguns registros fotográficos. O prefeito de Bacabal José
Alberto Veloso seguiu caminho até a prefeitura com o ministro.
Voltando para o hotel assistimos um documentário sobre os sistemas de saúde
pública da Europa, América Latina e Oceania. No decorrer do vídeo nota-se que mesmo
os EUA sendo uma potência mundial e maior referência em tecnologia e desenvolvimento
o sistema público não dá assistência a todos os problemas, como exemplo uma mulher
que foi diagnosticada com câncer de colo útero e não foi tratada por, segundo o sistema
de saúde público, ser muito nova para tal doença. Na Inglaterra é mais aceitável por ter
maior abrangência nas situações de risco e de média complexidade. Um ponto importante
a se salientar é a alimentação livre nos hospitais tendo um caixa de lucro, não para
pagamento pelo serviço, mas sim para oferecer dinheiro àqueles que precisam voltar para
casa após o tratamento. Há também uma diferença enorme em preços de medicamentos
nos países mais desenvolvidos e em países subdesenvolvidos. Em contas gerais, o
dinheiro que se gasta comprando 1 medicamento nos EUA corresponde a 3 em um país
como Cuba.
A janta neste dia ocorreu às 8h. Após a alimentação fez-se uma roda de conversa
para debater os pontos mais importantes vistos no dia.
Após o debate ocorreu a primeira mística feita pelos facilitadores, onde todos
sentavam-se em semicírculo e escreviam em 2 pedaços de papéis 2 objetos importantes,
em outros 2 papéis duas qualidades que lhe caracterizam e em mais 3 papéis três pessoas
importantes para sua vida. Então teríamos que nos desfazer de uma qualidade e de um
objeto os quais poderíamos viver sem. Depois desta etapa vinha o “destino” e levava mais
duas essencialidades para sua vida, e os últimos três papéis teriam de ser comentados as
suas importâncias para sua vida. Ao fazer os comentários, houveram muitas emoções e
lágrimas ao ver que o destino havia levado coisas importantes e perspectiva da mística
era mexer com o psicológico de todos tentando nos colocar no lugar da outra pessoa.
DIA 06 – 09/01/2016
O café da manhã do nono dia ocorreu entre 6h50min às 7h30min. Às 8h30min os
NB’s se dividiram para assistir a um documentário retratando a luta das pessoas com
deficiência no Brasil: História do movimento político das pessoas com deficiência no
Brasil.
Depois de assistirmos ao filme formou-se uma plenária para debate do mesmo,
que através de uma linha do tempo, contava as lutas e conquistas de pessoas com
deficiência. Foi na época do Brasil Imperial, no século XIX, que foi começada a jornada
de educação de pessoas com surdez e cegueira no Instituto Benjamin Constant. De modo
que o protagonista deste instituto era o cego, para os surdos foi cirado em 1856 o Instituto
de surdos no Brasil. Devido a uma grande incidência de paralisia infantil em 1950 saiu
do projeto as clínicas de reabilitação que até hoje fazem parte da nossa realidade. Devido
à falta de reconhecimento que os deficientes sofriam, na década de 70 foram criados
grupos independentes de deficientes procurando sua melhoria de vida e mais atenção para
os seus problemas. Com anos de debate, no período de 1980 e 1981 houve um marco
histórico que foi o I Encontro Nacional de Pessoas com Deficiência, onde eles exigiam
que seus direitos fossem pregados. E foi somente após anos de batalha que no Séc. XXI
que as oportunidades foram igualadas entre as pessoas com e sem deficiência, a inclusão
social, a melhoria na acessibilidade, o braile e as libras passaram a ser trabalhadas em
escolas para os deficientes e a construção da convenção sobre direitos das pessoas com
deficiência.
Durante a tarde, no período das 14h, ocorreu mais um Cine VER-SUS: Distopia
Social, onde se enfatiza os pontos positivos e negativos das campanhas de privatização
na sociedade. Estudiosos de mais diversas áreas realizam resgates da história das
privatizações dos setores estratégicos para o desenvolvimento do País, como:
hidrelétricas, telecomunicações, elétrica, bancos, mineradoras. A partir dessas
privatizações, percebeu-se a fragmentação e criminalização dos movimentos sociais, bem
como a diminuição do orçamento da União, subserviência ao Capital Estrangeiro, redução
da responsabilidade social do Estado e de suas mediações no mercado financeiro. Dessa
forma, percebe-se a perda da autonomia do Estado no âmbito da garantia dos direitos
sociais adquiridos historicamente.
No período da noite houve mais uma mística, dessa vez realizada pelo NB LASUS. Nessa mística distribuímos para cada vivente dois papéis e dois balões. Os
participantes escreveram dois sonhos, um em cada papel e em seguida os puseram dentro
dos balões, cada. Após inflar os balões foi tocada uma música e os viventes jogaram os
balões com sonhos para o alto de modo a nunca os deixar cair, um auxiliando o outro.
Após esse momento todos leram o sonho dentro do balão mais próximo. A ideia da
mística foi despertar a sede de seguir sempre aquele sonho, nunca deixando-o morrer e
sempre auxiliando o sonho dos companheiros.
Após a mística houve a pintura da bandeira da prmeira edição do VER-SUS
Bacabal, na qual cada um de nós (viventes e facilitadores) deixava sua marca, podendo
ser o próprio nome, um apelido, a logo do curso, ou algo que os represente.
DIA 07 – 10/01/2016
Estava programado para este dia uma visita ao parque D. Benta para um momento
de descontração, mas por desistência de maioria tivemos a manhã e tarde livres.
Durante a noite houve uma mística em que nos era entregado um barco de papel.
Em cada extremidade lateral interior do barco escrevemos um defeito e uma qualidade.
Então, em semicírculo, os barcos eram passados um por um para os outros viventes
enquanto tocava uma música. Quando a música parou o primeiro vivente, selecionado
pelo NB, leu o defeito que estava escrito no barco e em seguida o vivente ao lado esquerdo
lia a qualidade escrita seu barco. A ideia é testar a criatividade do vivente em como ele
inibiria o defeito anterior com a qualidade escrita no barco. Assim se seguia até formar o
círculo completo.
Após esta mística foi-nos pedido que levássemos uma camiseta branca e que
conversássemos com alguém que não temos intimidade na intenção de fortalecer esses
laços. Com base nesta conversa cada um pintou a camisa de seu par relacionando a pintura
com o que foi falado. Em seguida cada par teve que se apresentar, mostrando a camiseta
que foi pintada explicando o porquê de ter feito daquele jeito. Depois disso foram trocadas
as camisetas entre os pares.
DIA 08 – 11/01/2016
O café da manhã ocorreu entre o período de 6h50min e 7h30min. No ônibus fomos
informados da divisão de grupos para visitar os seguintes lugares: Hospital Socorrão,
SAMU e Materno Infantil.
Participei do grupo de visita ao Socorrão e aqui fomos novamente divididos em
grupos de 4 para cobrir diversas áreas. Participei do grupo de visita ao centro cirúrgico
onde uma enfermeira nos guiou sobre os processos ali efetuados.
No cuidado pré-operatório orienta-se o paciente sobre o procedimento que estará
sendo submetido, faz-se o questionário sobre doenças crônicas, como diabetes e
hipertensão, pergunta-se se o paciente toma algum remédio controlado e se ele tem algum
tipo de alergia a medicamentos. No cuidado pós-operatório orienta-se o paciente sobre as
reações pós-anestésicas, faz-se a anamnese, uma vistoria total para evitar futuras
enfermidades.
As enfermidades mais catalogadas são ferimentos causados por pé-diabético e em
crianças o caso mais frequente é operação da fimose.
A enfermeira enfatizou pontos positivos e negativos. Dentre os pontos negativos
foram citados: falta de materiais, falta de compromisso por conta de alguns pacientes e
em épocas a demanda é alta. Dentre os pontos positivos foram citados: a equipe de
enfermagem composta por um(a) enfermeiro(a) e dois técnicos de enfermagem, o cuidado
com o paciente em parceria com outras unidades como o CAPS e o turno de trabalho de
dois dias de 12 horas folgando os 4 seguintes.
Em caso de internação de algum detento, nos foi relatado que este fica sob
vigilância 24h de um integrante da força policial, e caso o detento seja de risco à sociedade
este fica algemado.
Após esta etapa nos foi mostrada as áreas de internação onde os meios de conforto
são precários, já que nem todas as camas tem travesseiro e mesmo em um ambiente quente
como o da cidade não há presença de ventilador.
Voltando para o hotel o almoço ocorreu às 11h40min tendo pausa até as 14h onde
iniciamos debate sobre a realidade que vimos durante a manhã.
Após o debate demos outra pausa para janta e descanso. Nos reunimos outra vez
para mística realizada por outro NB. A mística consistia em distribuição de um chocolate
Bis para cada um dos integrantes. Foi entregado o Bis para a pessoa à esquerda em pedido
de que fizesse um “bis” de algo que já havia feito uma vez, como dançar ou cantar. Após
o círculo se completar aqueles que haviam feito o pedido de bis foram obrigados a fazer
a mesma coisa que pediram, em uma situação irônica e cômica.
DIA 9 – 12/01/2016
O café desse dia ocorreu das 7h30min até as 8h30min. Às 9h30 iniciou-se a
mística dos facilitadores da tenda cultural, onde cada vivente e facilitador leva um objeto
que o represente e ali falar o que o tal representa para cada um. A tarde foi livre para
darmos início aos relatórios de grupo.
No período da noite tivemos uma vivência que despertou certo preconceito em
alguns dos viventes, já que fomos a um terreiro de umbanda, a Tenda Santa Bárbara,
localizado no bairro Setúbal. Todos fomos muito bem recebidos pela líder Dona Roxa e
seus outros seguidores. No início, todos estavam meio acuados e surpresos por aquilo ser
uma dança cultural alvo de comentários maldosos, mas com o decorrer do ritual e ao som
dos instrumentos de percussão dançantes alguns foram se soltando até chegar ao ponto de
entrar também na roda com todos os praticantes. Foi uma vivência diferente das demais
por ali ter ocorrido uma quebra de conceitos pré-formados, estigmas sobre religiões
derivadas da cultura africana e efeitos da religiosidade de cada indivíduo.
Na volta realizamos uma singela homenagem à facilitadora Edith Mendonça por
este ser o dia do seu aniversário.
DIA 10 – 13/01/2016
O café da manhã ocorreu das 7h30min até as 8h30min. E no horário das 9h40min
fomos reagrupados para discussão sobre a visita da noite anterior à Tenda Santa Bárbara.
Após a construção de várias ideias e quebra de teorias tomamos pausa para almoço
e descanso, voltamos as 15h30min em plenária abordando machismo e feminismo,
violência contra a mulher e estigmas sobre o papel do homem e da mulher na sociedade.
Às 17h houve dinâmica sobre o movimento LGBT onde foi-nos colocado uma
venda nos olhos, foram lidas piadas preconceituosas de teor maldoso sobre
homossexualidade e relatos sobre a trajetória de vida de transexuais e como os mesmos
chegaram à prostituição. Logo após, cada venda foi retirada, uma a uma enquanto
ouvíamos histórias de preconceitos que os viventes passaram e então percebemos que
alguns facilitadores estavam transvestidos como mulheres. O choque foi percebido por
alguns e então discutimos sobre a abordagem que temos em relação a esse público.
A equipe televisiva Difusora chegou as 18h30min para entrevista com
facilitadores e viventes sobre os objetivos do VER-SUS.
A dinâmica de revelação do anjo ocorreu as 19h30min seguida de roda de
afetações. Após isso houve despedida dos facilitadores que já estavam de ida e de alguns
viventes, onde viu-se muitas emoções a flor da pele.
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