alterações psíquicas com enfoque na odontologia

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INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO
EDUCACIONAL DO ALTO URUGUAI
FACULDADES IDEAU
ALTERAÇÕES PSÍQUICAS COM ENFOQUE NA ODONTOLOGIA
BETTKER, Amanda¹
[email protected]
DUART, Ivan¹
[email protected]
MATIASSO, Felipe¹
[email protected]
MUSSO, Cassiane¹
[email protected]
OLIVIECKI, Patrícia¹
[email protected]
BLUM, Davi Francisco Casa²
[email protected]
BORGHETTI, Vanessa Isabella²
[email protected]
PRESSI, Heloísa²
[email protected]
ZAIONS, Ana Paula Demarco Resende Esmelindro²
[email protected]
MELLO, Marcia Regina de²
[email protected]
¹ Discentes do Curso de Odontologia, Nível III 2016/1- Faculdade IDEAU – Getúlio Vargas/RS.
² Docentes do Curso de Odontologia, Nível III 2016/1 - Faculdade IDEAU – Getúlio Vargas/RS.
RESUMO: Os objetivos deste artigo estão baseados em evidenciar através de questionários aplicados na cidade
de Getúlio Vargas, Rio Grande do Sul - Brasil, o cenário epidemiológico das principais morbidades sistêmicas
que afetam o usuário no atendimento odontológico, este especificamente expõe a respeito das alterações
psíquicas e o que isso pode vir ocasionar. Analisando ainda como a doença pode apresentar-se, para que o
cirurgião dentista consiga identificar casos por meio de completa e minusciosa anamnese, inclusive estar ciente
de reações que podem acontecer por possíveis interações medicamentosas. Foi constatado que o medo de ir ao
dentista ainda permanece presente em parte da população, podendo essa manifestar ainda sensações como a
ansiedade, por pessoas no geral sejam em pessoas que têm conhecimento de sua alteração psíquica ou aquelas
que apenas apresentam sintomas das mesmas, sem algum diagnótico prévio, o que pode trazer complicações para
o cirurgião dentista. Por isso quando for necessário o cirurgião dentista deve realizar um tratamento
multidisciplinar com médicos e psicólogos, e em casos mais leves prescrever medicamentos que proporcionem a
redução de ansiedade temporária, para que o tratamento odontológico possa acontecer sem intercorrências.
Sendo um assunto ainda pouco abordado na literatura, o que torna a pesquisa bastante oportuna.
Palavras-chave: Alterações psíquicas, sintomas e atendimento odontológico.
ABSTRACT: The objectives of this article are based on evidence through questionnaires applied in the city of
Getulio Vargas, Rio Grande do Sul - Brazil, the epidemiological situation of the epidemiological situation of
main systemic morbidities that affect the user in dental treatment this exposes specifically about the psychical
changes and what this can bring about. Analyzing yet how the disease can present itself, so the dentist be able to
identify cases through a complete history, including be aware of reactions that can happen through possible drug
interactions. It was noted that the fear of going to the dentist still present in the population, and can express
together feelings as anxietyby, people in overall even who have knowledge of his psychic change or those who
only have symptoms, without diagnosis, which can cause complications to the dentist. So when is necessary the
dentist can carry out a multidisciplinary treatment with doctors and psychologists and in milder cases prescribe
medications that provides a temporary reduction of anxiety, to the dental treatment happen without
complications. It's a subject that's still little explored in the literature, which makes very convenient research.
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Keywords: Psychiatric disorders, symptoms, dental treatment.
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Conforme relatado no Manual Prático Para o Atendimento Odontológico de
Pacientes com Necessidades Especiais se faz necessário saber e conceituar pacientes que
possuam necessidades especiais (PNEs), para que exista uma regularidade do exercício
clínico, podendo assim propor um plano de tratamento adequado, pois o atendimento deve ser
diferenciado, especializado e direcionado ao paciente. Para que isso aconteça, o cirugiao
dentista deve realizar uma anamnese minuciosa, que será um dos elementos principais para
alcançar o sucesso do tratamento (CAMPOS; FRAZÃO et al., 2009).
Entretanto um grande problema que é observado ainda hoje é principalmente pelo
fato dos responsáveis do paciente que necessita de cuidados especiais não encontram
atendimento especializado para os mesmos, também algumas famílias não têm recursos
financeiros para pagar o custeio de tratamentos, o que contribui para que sejam adotadas
medidas tardias nos tratamentos odontológicos destes pacientes (TANACA; MACIEL e
SONOHARA, 2005).
O Decreto nº 3.298 de 20 de Dezembro de 1999 que dispõe sobre a Política Nacional
para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência em seu art.16º impõe regras a respeito
da saúde dos portadores, que são:
I - a promoção de ações preventivas, como as referentes ao planejamento familiar
[...];
[...]
III - a criação de rede de serviços regionalizados [...] voltada ao atendimento à saúde
e reabilitação da pessoa portadora de deficiência, articulada com os serviços sociais,
educacionais e com o trabalho;
IV - a garantia de acesso da pessoa portadora de deficiência aos estabelecimentos de
saúde públicos e privados e de seu adequado tratamento sobre normas técnicas e
padrões de conduta apropriados [...].
Atualmente a maioria das doenças psíquicas tende a ter algum tratamento. Algumas
dependendo de seu agravo não podem ser revertidas, mas com as tecnologias atuais, a grande
maioria consegue reduzir consideravelmente o dano e em muitos casos também curá-lo
(GUARIDO, 2007).
Conhecer o cenário epidemiológico das principais morbidades sistêmicas que afetam
o usuário atendido pela equipe de saúde bucal motivou esta pesquisa. Este expõe sobre as
alterações psíquicas e o que isso pode vir a acarretar no atendimento odontológico.
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A fim de explorar o assunto, foram elaboradas as seguintes questões de pesquisa: O
paciente pode vir a apresentar complicações no atendimento odontológico devido às suas
alterações psíquicas? Quais são essas complicações e cuidados especiais que o cirurgiãodentista deve ter?
Desta forma, esta pesquisa teve como objetivo dissertar e analisar as características
de doenças psíquicas. Como expor os sintomas que o paciente que a tem possa vir apresentar,
podendo esse proporcionar possíveis complicações para realização do atendimento
odontológico e como o cirurgião dentista deve proceder a respeito da conduta correta, ter
conhecimento prévio a respeito da doença, realizar um adequado plano de tratamento.
2 MATERIAL E MÉTODOS
Referencial Teórico
Ao atender pacientes com alterações psíquicas deve ser feita inicialmente uma boa
orientação ao paciente e seu responsável a respeito dos cuidados que devem ser seguidos. O
cirurgião dentista deve realizar uma boa anamnese e sempre respeitar os limites e
peculiariedades do paciente (GONÇALVES, 2012).
De acordo com o Manual Prático Para O Atendimento Odontológico De Pacientes
Com Necessidades Especiais os transtornos psiquiátricos são basicamente: depressão,
esquizofrenia, transtorno obsessivo-compulsivo, fobias, ansiedade, entre outros. O manual
ainda expõe que a maioria das alterações psíquicas tem características comuns que podem ser
percebidos pelo cirurgião dentista. Um dos sintomas mais comuns é a xerostomia, por
exemplo, que ocorre na maioria das vezes por origem medicamentosa (CAMPOS; FRAZÃO
et al., 2009).
A falta de conhecimento e de experiência do profissional, faz com que a insegurança
e as dificuldades no atendimento aumentem, resultando em frustação e rejeição do paciente
durante o procedimento, principalmente em casos que o paciente apresenta comprometimento
mental acompanhado de problemas clínicos e sistêmicos, adquirindo medo e desconforto no
atendimento. Porém, pode se tentar estabelecer um elo de confiança entre as partes, para que o
paciente tenha maior confiança no momento de receber o atendimento (GONÇALVES, 2012).
2.1 Doenças psíquicas
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De acordo com Kapczinski e Narvaez (2008) atualmente é de extrema importância o
uso de técnicas auxiliares na investigação de alterações mentais, e o que estas podem
comprometer. Usando-se cada vez mais investigações complementares, como por exemplo:
exames estruturais, morfofuncional, funcionais e especiais, o que objetivam um diagnóstico
mais preciso e um tratamento com resultados positivos.
Uma parte da psiquiatria tem relação com o cérebro. Há tempos, estudos apontam
que doenças mentais são doenças cerebrais, entretanto ainda não se conheceu completamente
a equivalência deste pensamento (PIRES, 1953).
“A neuropsicologia, que pode ser definida como uma ciência aplicada que visa
estudar a repercussão de disfunções cerebrais sobre o comportamento e a cognição
vem atualmente ganhando importante lugar nos estudos dos transtornos
psiquiátricos. A partir de testes, ela não só fornece informações quanto ao potencial
cognitivo global de um paciente, mas principalmente procura qualificar a natureza
funcional dos défcits observados por meio da análise comparativa e qualitativa dos
resultados obtidos, permitindo uma correlação anatomofuncional refinada [...]”
(KAPCZINSKI; NARVAEZ, 2008).
2.1.1 Depressão
A depressão é um transtorno psiquiátrico, levando em consideração que sua causa
tem relação entre fatores orgânicos, ambientais, espirituais, diminuição de senso de humor,
perda de interesse e o fator psicológico. Mesmo que pouco, a neurociência ainda, compreende
a influencia da fé nas questões neurológicas (TEODORO, 2010).
Conforme Teodoro (2010) é comum que os sintomas passem em pouco tempo, sem
necessidade de medidas farmacológicas e acompanhamento de profissionais psicológicos. Na
tristeza o indivíduo sabe, tem consciência das razões de sua angústia e sofrimento. Nesta
situação é necessário apoio especializado de profissionais da área da saúde, as causas na
maioria das vezes não são percebidas pelas pessoas ao redor nem pelo depressivo.
2.1.1.1 Dependências em drogas lícitas ou ilícitas que levam a depressão
O vício em fumo, de acordo com Pawlina et al. (2015) acarreta no aumento de
estresse causado pela nicotina e assim que metabolizado pelo organismo, a irritabilidade e
estresse retornam ao organismo, fazendo com que a pessoa sinta necessidade de consumir a
droga novamente para aliviar essa situação, provocando assim um ciclo vicioso.
Segundo Teodoro (2010) muitas pessoas começam a usar drogas e ingerir álcool no
decorrer de sintomas depressivos, o que pode agravar a doença. A cocaína, por exemplo, pode
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causar depressão e angústia em seguida do término de sua ação estimulante no organismo. Já
o tabaco, em abstinência pode deixar o indivíduo irritado, mal-humorado, ansioso, e com
distúrbios de apetite e sono.
2.1.2 Transtornos bipolares
O transtorno de humor é um distúrbio patológico e duradouro. É uma doença
frequente e caracterizada pela alteração de humor em si, que apresenta sintomas depressivos
com alterações eufóricas ou apresentações de manias, e diversos graus de ansiedade
(KAPCZINSKI; NARVAEZ, 2008).
Segundo Castro-Costa e Silva (2011) nos dias de hoje existem inúmeras pesquisas
enfatizando características dos transtornos bipolares, sua complexidade, causas e tratamentos.
Não somente o paciente sofre com a doença, mas afeta toda a família e amigos, o doente com
o passar do tempo se torna uma pessoa antissocial, não assumindo a doença em muitos casos,
ou se convencendo que esteja livre dela e por vezes não procurando ajuda.
2.1.3 Autismo
O Autismo se integra no início da vida e tende a ser crônico, passando a desenvolver
sua deficiência com o passar do tempo se não houver tratamento. Atinge áreas do sistema
nervoso e partes de desenvolvimento, como o QI, e sua epidemiologia é rara. Frequentemente
adquirida por fatores genéticos, somente 10% provem de riscos biológicos (KAPCZINSKI;
NARVAEZ, 2008).
De acordo com Lemos, Salomão e Agripino-Ramos (2014), os aspectos ligados à
terapia, etiologia e a ingressões em escolas não são conclusivos, o que interfere na interação
social, comunicação e comportamento, que são as situações chaves de prejuízo na fase inicial
de vida. É de suma importância que se realize um diagnóstico precoce, se a mesma apresenta
intervenções. Um aspecto prudente seria destacar uma fusão entre a educação e a terapia.
Causando uma interdisciplinaridade como método de desenvolvimento e interação.
2.1.4 Déficit de Atenção e Hiperatividade - TDAH
O TDAH de acordo com Kapczinski e Narvaez (2008) é um dos problemas que mais
acometem crianças no planeta, a maioria crianças do sexo masculino, e em grande parte
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permanece na adolescência, em casos mais sérios, permanecem até a vida adulta. Caracterizase seriamente por falta de atenção e hiperatividade em geral, as principais causas da doença
são a prematuridade e problemas em conviver socialmente.
Segundo Santos (2013), quanto mais severo o nível da doença, mais chances essa
pessoa terá de adquirir qualquer patogenia bucal. Dentre elas a que mais se chama a atenção é
a cárie.
2.1.5 Esquizofrenia
Considerada a doença psíquica mais perigosa mundialmente a esquizofrenia acomete
1% da população mundial. Caracterizada por isolamento e apatia, que trazem resultados
totalmente negativos ao trabalho e interação social no geral. O seu ponto de destaque, é que é
caracterizada principalmente por ser um conjunto de doenças específicas que tornam a pessoa
esquizofrênica, podendo ter assim um quadro clínico (KAPCZINSKI; NARVAEZ, 2008).
Pacientes esquizofrênicos apresentam pobre saúde bucal relacionada a fatores
psicossociais. E ‘‘A esquizofrenia inclui uma variedade de doença psíquica com
características comuns como acometimento precoce, dano cognitivo, desordens de raciocínio
e anormalidades afetivas’’ (CAMPOS; FRAZÃO et al., 2009).
2.1.6 Transtorno obcessivo compulsivo – TOC
Conhecido como TOC, o transtorno obsessivo compulsivo é notado como uma
patologia que se caracteriza por pensamentos e ideias, sobre tudo ao seu redor, que é levado
ao extremo. Essas patologias promovem sofrimento aos portadores, sua principal
característica é atingir o autocontrole e a capacidade de interpretação, representadas pela
obsessão e compulsão promovendo sofrimento aos seus portadores (KAPCZINSKI;
NARVAEZ, 2008).
De acordo com Campos e Frazão et al. (2009) ‘‘O transtorno obcessivo-compulsivo é
o quarto transtorno psiquiátrico mais frequente’’. As obsessões que esse transtorno causa são
involuntárias, levando a compulsão, como verificação constante de aparelhos domésticos,
lavar as mãos repetidamente, entre outros.
2.1.7 Doença de Alzheimer – DA
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Conforme McKhann et al. (1984) a Doença de Alzheimer ocorre geralmente em
indivíduos com mais de 65 anos, e é atípico em pessoas com menos de 45 anos. Caracterizase pela falta progressiva de memória, podendo também comprometer outras funções
cognitivas, como linguagem habilidades visuoespaciais e visuoperspectiva.
Existem sintomas comportamentais que os portadores da Doença de Alzheimer
apresentam, e segundo estudos neuropsiquiátricos os mais frequentes são a depressão, apatia,
agressividade e agitação (TEIXEIRA-RJ; CARAMELLI, 2006).
De acordo com Kapczinski e Narvaez (2008) a DA progride em três estágios, no o
primeiro estágio da DA é a perda de memória de fatores recentes, prevenindo a memória de
fatos remotos. Já no segundo estágio, todos os domínios cognitivos passam a exibir sinais
evidentes de deterioração. E no estágio final, todas as funções cognitivas estão gravemente
prejudicadas.
2.1.8 Transtorno ou Síndrome do pânico
A síndrome do pânico é caracterizada pelo aparecimento de ataques repentinos de
ansiedade, seguidos de sintomas afetivos e físicos. É um grave problema de saúde pública que
possui curso crônico, inclusive afetando 3,5% da população ao longo da vida. É mais
frequente em mulheres e pessoas entre 30 e 40 anos. É seguido do medo de ter um novo
ataque de pânico, e evitação de locais ou situações nas quais já oconteceu um ataque de
pânico (BLAYA; MANFRO, 2006).
Segundo Santos (2003) o pânico no atendimento odontológico pode ser despertado
pela fobia e ansiedade, pois o medo é um componente básico do ser humano e é concebido
por uma emoção de choque, devido à percepção de perigo causado no indivíduo que causa
desconforto ao mesmo e expõe determinadas reações de defesa com fuga, por exemplo.
Seria necessária para esses casos a relação de atendimento entre médico e dentista,
pois: ‘‘A falta de interação médico-odontológica resulta, [...] em tratamentos individualizados
em cada área, não havendo um atendimento multidisciplinar e integrado ao paciente portador
de necessidades especiais’’ (QUEIROZ et al, 2014).
2.2 Anestésicos locais
Os anestésicos locais têm capacidade de alterar o funcionamento de algumas células,
e quando injetados em tecidos moles esses agem sobre os vasos sanguíneos da área. O
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metabolismo desses anestésicos se divide no grupo éster, que são hidrolizados no plasma. Já
no grupo amida a primeira biotransformação no geral é feita no fígado, havendo exceções.
Esses grupos devem ser avaliados na hora da escolha do anestésico local, como avaliar se há
inflamação, o que pode alterar a capacidade do anestésico local, avaliar a dose correta para
idosos e crianças para que não ocorra reação tóxica, uso ou não de vasoconstritores, bem
como sua eficácia, a vasoatividade, segurança, o tempo de duração necessária, entre outros.
(MALAMED, 2013).
2.2.1 Complicações sistêmicas dos anestésicos locais
Anestésicos locais são extremamente seguros de acordo com Malamed (2013) se
usados dentro dos padrões de recomendação, entretanto podem-se haver respostas inesperadas
e não desejadas, variando desde reações não nocivas até as fatais. Podem ser por reações por
superdosagem que leva a níveis elevados de fármaco no órgão alvo, alergias que é uma
hipersensibilidade após a exposição a um alérgeno, e idiossincrasia que não é uma reação
comum do fármaco. Esses efeitos no geral podem ser revertidos, entretanto o correto é
realizar a administração correta desses, como perguntar ao paciente se o mesmo já teve reação
alérgica a alguma anestesia no exame clinico a fim de evitar complicações. Malamed (2013)
ainda expõe que:
A administração de medicamentos concomitantes pode influenciar os níveis do
fármaco anestésico local. Pacientes que recebem meperidina (Demerol), fenitoína
(Dilantin), quinidina (um antiarrítmico) ou desipramina (um antidepressivo
tricíclico) apresentam níveis sanguíneos elevados do anestésico local e, portanto,
podem experimentar ações tóxicas do anestésico local a doses menores
administradas, por causa da competição com a ligação a proteínas.
2.2.2 Medicamentos e cuidado na prescrição medicamentosa
Medicamentos podem se apresentar em várias formas, como cápsula, líquido,
comprimido. Jacomini e Silva (2011) comentam sobre interações medicamentosas ‘‘Interação
medicamentosa é um evento clínico em que os efeitos de um fármaco são alterados pela
presença de outro fármaco, fitoterápico, alimento, bebida ou algum agente químico
ambiental’’. Portanto, deve-se estar ciente se o paciente faz uso de algum outro fármaco, antes
de prescrever outro.
Segundo Oliveira (2009) outro fato importante sobre essas interações é que essas são
na maioria de grau leve, moderado e grau maior, mas essas dependem da condição de saúde
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do paciente, tendo em vista que cada indivíduo pode ter uma resposta diferente de reação,
mesmo usando a mesma quantidade de medicamento para cada um.
2.2.3 Reações adversas
A incidência das reações adversas de acordo com Jacomini e Silva (2011) causadas
por interações medicamentosas são desconhecidas, pois depende da população que é avaliada,
seja crianças ou idosos, e também ao desconhecimento do uso de outro fármaco que possa
causar uma reação. Entretanto a prevenção das reações adversas pode ser feita, por meio de
estar ciente do potencial interativo das drogas, com álcool, tabaco, alimentos ou outras drogas
e não menos importante, ser conhecedor dos medicamentos que o paciente faz uso no dia a
dia, seja prescritos por médicos ou aqueles que em algum caso o paciente faça automedicação.
Seria apropriado se o paciente tivesse um cartão de prescrição, para que seu preenchimento
fosse feito quando cada profissional envolvido com sua saúde receitasse algum medicamento,
assim, auxiliando o outro profissional para que não haja prescrição de uma droga capaz de
acarretar em reações adversas.
2.3 Estresses e ansiedades gerados por atendimento odontológico
Conforme Possobon et al. (2007) o medo e ansiedade ocorrem também em outros
tratamentos médicos em geral, não ocorrem somente no tratamento odontológico. Mas o
medo de dentista tem sido um dos mais frequentes vivenciados.
De acordo com Moraes, Costa Junior e Rolim (2004) ‘‘A submissão a tratamento
odontológico tem sido relatada, por muitos pacientes, como uma condição geradora de
estresse e de ansiedade’’. Mas Medeiros et al. (2013) explicam que existem muitos fatores
que influenciam na ansiedade e estresse do paciente frente ao atendimento odontológico,
principalmente por razões pessoais como o ambiente em que ele vive e a própria situação de
atendimento dentário, o autor ainda expõe que o principal fator de ansiedade e estresse dos
procedimentos odontológicos é a injeção anestésica.
2.3.1 Ansiedade prévia à consulta
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Pacientes que ficam ansiosos antes do processo odontológico, por já ter passado por
algum procedimento doloroso, tem maior probabilidade de sentir dor durante o tratamento de
acordo com Medeiros et al. (2013).
A impressão de ter o corpo invadido de acordo com Klatchoian (2002) é o que pode
levar o paciente sentir sensação ameaçadora, o que pode acarretar na desistência do
tratamento pelo paciente.
Possobon et al. (2007) expõe que um profissional atento e treinado no manejo
psicológico de pacientes pode evitar todo este ciclo de estresse e dor usando sua habilidade na
identificação de manifestações comportamentais dos pacientes, oferecendo amparo técnico e
emocional a fim de diminuir a dor e o desconforto físico.
2.4 Motivação de uma boa higiene oral em pacientes com transtornos psíquicos
De acordo com Jamelli et al. (2010) a doença periodontal e a cárie são causas
comuns de perdas de elementos dentários, que são advindas da precariedade da higiene oral,
isto provoca grande impacto na auto-estima de quem possui algum tipo de transtorno
psíquico, e tem influências diretas no tratamento da doença em si e não só na higiene bucal. A
má higiene oral é justificada ‘‘[...] pelo déficit intelectual e motor e pela incapacidade desses
pacientes para o desempenho correto dos procedimentos necessários à remoção mecânica da
placa bacteriana’’. Ainda segundo Jamelli et al. (2010) é de suma importância saber que ‘‘[...]
não há programas de saúde bucal dirigidos a estas pessoas, elas nunca foram prioridades nos
serviços públicos, especialmente àquelas que viveram em hospitais por longas datas’’.
Entretanto a Politica Nacional de Saúde Bucal no seu projeto SBBrasil 2010 apresenta essas
diretrizes (BRASIL, 2010).
A má higiene oral do portador de alteração psíquica segundo Queiroz et al. (2014) é
ainda mais agravada pela: ‘‘baixa renda familiar, cujas famílias, muitas vezes, mal conseguem
comprar alimentos e, menos ainda, escovas e cremes dentais’’.
Entretanto, as medidas e comportamentos a serem tomados a respeito do tratamento
desses pacientes vêm sendo modificadas aos poucos por profissionais, que visam integrar os
mesmos na sociedade e realizar um atendimento odontológico diferenciado, para motivá-los
também a realizar uma boa higiene oral, inclusive analisando a necessidade de cada um
(AMARAL; AQUOTTE et al., 2011).
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2.5 Planos de tratamento e conduta em pacientes com distúrbios psíquicos
Apesar de uma boa anamnese, o entendimento de um bom plano de tratamento a
estes pacientes é necessário, realizar o entendimento do histórico familiar e clínico do
indivíduo, buscando conhecer os impactos psíquicos e sociais advindos de tratamentos, que
possam ser produtores de estresse ao paciente, trabalhando em harmonia com o sistema único
de assistência social, que organiza ações visando o risco daqueles que tem a possibilidade de
adquirir e dos que já se encontram em etapas de tratamento de doenças com alterações
psíquicas. Assim ao identificar os esforços tanto no serviço de saúde quanto no âmbito de
assistência social, aumentar a possibilidade de um atendimento de qualidade para os pacientes
portadores de doenças psíquicas (PORTUGAL et al., 2016).
Para que exista um desenvolvimento significativo no tratamento, é necessário que
haja um vínculo no atendimento entre paciente e profissional. É necessário que o profissional
se porte ao lugar do paciente e consiga identificar e se comunicar com um grau de eficácia
significativo para que o tratamento tenha sucesso (AMARAL; AQUOTTE et al., 2011).
De acordo com o Manual Prático Para O Atendimento Odontológico De Pacientes
Com Necessidades Especiais após a anamnese é necessário que o prontuário seja assinado por
um responsável legal do paciente, e sempre registrar medicamentos que possam causar
xerostomia e hiperplasia gengival no paciente. Orientar a família ou cuidador a higiente oral
correta do paciente, para prevenir enfermidades bucais, e enfatizar a família que a higiene
bucal do mesmo tem que ser feita sempre após as refeições, orientar o uso de flúor diário no
paciente e salientar para que o paciente não degluta o mesmo. O uso de escova elétrica é uma
boa saída para pacientes que não tem uma boa coordenação motora, mas um bom motivador
por ser algo que ele possa fazer sem muita ajuda. Sempre avaliar se é necessária medicação
sedativa, contenção física ou até anestesia geral para conseguir realizar o atendimento
necessário. E imprescindivelmente manter consultas periódicas, para proservação e prevenção
(CAMPOS; FRAZÃO et al., 2009).
Metodologia
Para a realização do Projeto de Aperfeiçoamento Teórico Prático (PATP) 2016/I, os
alunos do III semestre de Odontologia do IDEAU foram divididos em seis grupos, com o
objetivo de conhecer o cenário epidemiológico das principais morbidades sistêmicas que
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afetam o usuário atendido pela equipe de saúde bucal, de modo a propor alternativas
terapêuticas a esses, realizar um levantamento de dados por meio de pesquisa quantitativa e
agrupar esses em formas de gráficos e/ou tabelas e aplicando a pesquisa aos moradores da
cidade de Getúlio Vargas – RS. Cada grupo ficou responsável por determinados bairros da
cidade, previamente distribuídos, contendo amostra total de 326 moradores da cidade. Os
respectivos assuntos foram: Alterações Cardiovasculares, Diabetes Mellitus, Hepatite,
Alergias, Distúrbios da Tireoide e Alterações Psíquicas. O questionário para pesquisa de
campo foi elaborado pelos alunos, com orientação e supervisão dos professores e
coordenadora do curso de Odontologia da Faculdade IDEAU de Getúlio Vargas – RS. Os
resultados obtidos por cada grupo foram repassados aos demais grupos, para embasamento do
projeto.
3 RESULTADOS E ANÁLISE
Conforme apresentado na figura 1 as doenças menos evidenciadas foram as doenças
psíquicas, com um percentual de 5% das pessoas que se autodiagnosticam com alguma
doença psíquica. As outras doenças exibidas no gráfico vão ser aprofundadas pelos outros
grupos com seus respectivos assuntos. Das alternativas assinaladas os entrevistados se
autodiagnosticam possuindo 52% alergias, 15% alterações cardiovasculares, 13% diabetes,
7% distúrbios da tireóide e 8% hepatites. Não sendo estas doenças de menor importância para
odontologia.
De acordo com Guarido (2007) atualmente a maioria das doenças psíquicas tende a
ter tratamento, algumas não podem ser revertidas, mas com as tecnologias atuais, a grande
maioria consegue reduzir consideravelmente o dano como também curá-los.
Diante das informações proporcionadas pela pesquisa mostrou-se que é de extrema
importância que o cirurgião dentista antes de qualquer procedimento realize o processo de
anamnese adequado ao paciente, para saber se o mesmo possui doenças psíquicas, e se faz uso
de medicamentos, tomando então os cuidados necessários como: encaminhar o paciente a um
psicólogo ou médico, caso haja necessidade. Como essas pessoas se autodiagnosticam,
existem muitas que não sabem que possuem a doença ou simplesmente omitem, por isso é tão
importante ter e aplicar uma correta anamnese.
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Apresenta-se na figura abaixo a relação de pessoas que possuem alguma doença,
como: alergia, alteração cardiovascular, diabetes, distúrbios da tireóide, doenças psíquicase
hepatite.
Figura 1 – Gráfico com base em 326 entrevistas, com 171 opções assinaladas na cidade de
Getúlio Vargas - RS.
Fonte: Os autores.
Da amostra de 326 pessoas entrevistadas 9% relataram que já frequentaram ou
frequentam o psiquiatra. Apresentou-se no gráfico que o restante da amostra de 91% dos
entrevistados nunca frequentou o psiquiatra.
Segundo Kapczinski e Narvaez (2008) é de extrema importância o uso de técnicas
auxiliares na investigação de alterações mentais, e estar ciente que estas podem comprometer
o tratamento e atendimento do paciente no consultório odontologico.
O cirurgião dentista deve saber como realizar a prática clinica com estes pacientes e
o manejo dos mesmos, tendo em vista que por conta de suas alterações podem não cooperar
no atendimento, em alguns casos pode ser até necessário atendimento hospitalar, para que o
procedimento possa ser efetivado. A respeito das pessoas que nunca frequentaram o psiquiatra
não significa que essas não possuam alguma alteração psíquica, pois algumas pessoas não
sabem, omitem a informação ou não querem fazer o tratamento. O cirurgião dentista deve
continuar, mesmo assim, atento aos sintomas psicológicos que o paciente possa vir a
apresentar para que consiga obter maiores informações sobre o paciente.
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Apresenta-se na figura abaixo a relação de pessoas que já frequentaram, frequentam
ou nunca foram a uma consulta com um psiquiatra.
Figura 2 – Gráfico com base em 326 entrevistas na cidade de Getúlio Vargas - RS.
Fonte: Os autores.
O estudo a respeito de sensações psicológicas apresentou que das 240 alternativas
assinaladas no total de 326 entrevistados, 36% apresentam sensações como ansiedade, 15%
apresentam alterações de humor, 15% insônia ou hipersonia, 11% disseram apresentar
sensações de medo no geral, 6% comportamentos repetitivos, 5% agressividade, 6%
hiperatividade, 3% sentir-se mal sem fumo ou álcool, 2% alucinações e 1% apresenta
sensação de ideação suicida.
Possobon et al. (2007) expõe que indícios de ansiedade ocorrem em muitos
tratamentos odontológicos, principalmente em procedimentos mais invasivos pelo fato desses
pacientes terem medo de sentir dor durante o procedimento.
Como evidenciado na pesquisa que grande parte da população estudada tem
sensações de ansiedade, o cirurgião dentista pode entrar com uma intervenção medicamentosa
redutora de ansiedade, levando em consideração que diminuirá chances de ocorrer alguma
emergência médica por conta da ansiedade.
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Kapczinski e Narvaez (2008) relata que o transtorno de humor ou transtorno bipolar
é uma patologia duradoura, caracterizada pela alteração de humor em si, que apresenta
sintomas depressivos, apresentações de manias e ansiedade.
Considerando que pacientes com estes transtornos não conseguem controlar o humor
o cirurgião dentista tem o dever de diagnosticar a doença, explicar ao paciente e orientar ao
mesmo a iniciar adequado tratamento com um médico, para que o tratamento odontológico
possa transcorrer corretamente e o paciente tenha uma melhor qualidade de vida.
Teodoro (2010) expõe que sintomas como insônia e hipersônia podem ser sinais de
depressão, ou até mesmo pelo uso negligente de fármacos.
Como estes sintomas podem estar relacionados à depressão e uso de fármacos esses
podem ocasionar interferências na higiene oral, por perda da vontade de realizar os cuidados,
por não estar se sentindo bem, o cirurgião dentista tem de nortear seu paciente aos malefícios
que isso pode lhe causar quanto à higiene oral para que a situação não se agrave.
Possobon et al. (2007) expõe que o paciente por ter sensações de medo pode vir a se
esquivar durante o tratamento, o que pode levar a piora do procedimento e da saúde bucal,
podendo necessitar terapêuticas mais complexas e invasivas, causando mais dor, fazendo com
que o indivíduo procure o dentista apenas quando está com muita dor.
O cirurgião dentista comprometido com seu paciente e sua integridade mental desde
as primeiras consultas não deve expor o mesmo a experiências negativas, estando atento no
manejo psicológico, principalmente na infância, tendo em vista que essa experiência poderá
ser carregada ao longo da vida e gerar medo. Os pais inclusive devem ser informados pelo
cirurgião dentista para que não induzam a criança ao medo de ir ao dentista, como dizer frases
do tipo: ‘‘Se você não fizer o dever de casa vai ter que ir ao dentista!’’.
Os demais itens que apresentam menos índices de prevalência não são menos
importantes, quando essas forem identificadas pelo cirurgião dentista o mesmo tem de
diagnosticar, explicar ao paciente o que isso poderá a acarretar, realizar o encaminhamento ao
médico a fim de alcançar o melhor tratamento odontológico possível para os casos.
Apresenta-se na figura abaixo a relação de pessoas que possuem sensações
psicológicas como: medo, ansiedade, agressividade, alteração de humor, insônia – hipersônia,
comportamentos repetitivos, alucinação, hiperatividade, sensação de mal-estar se não utilizar
bebida alcoólica/fumo e ideação suicida.
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Figura 3 – Gráfico com base em 326 entrevistas, com 218 opções assinaladas na cidade de
Getúlio Vargas - RS.
Fonte: Os autores.
Dentre as 326 pessoas entrevistadas, foram assinaladas 218 opções das expostas na
figura abaixo, referentes às suas famílias ou a eles mesmos, a partir disso, 42% dos
entrevistados se autodiagnosticaram com depressão, 19% apresentam vício em drogas lícitas
ou ilícitas, 9% alzheimer, 9% hiperatividade, 7% síndrome do pânico, 5% autismo, 3% TOC,
1% esquizofrenia e 5% bipolaridade.
Conforme Teodoro (2010) a depressão pode comprometer a vida pessoal, o trabalho
e a família, usuários de drogas e álcool, doentes, pessoas com dificuldades de relacionamento,
apresentam maiores chances de desenvolver a doença.
Em relação à depressão pode-se observar no estudo que o cirurgião dentista deve de
estar atento aos sintomas que o paciente possa vir a oferecer, levando em consideração que a
maioria dos pacientes relata acontecimentos pessoais de sua vida ao decorrer da consulta, que
pode ajudar o dentista a identificar a depressão.
A respeito do vício em drogas, tanto licitas como ilícitas Pawlina et al. (2015) expõe
que segundo alguns fumantes, fumar alivia o estresse e relaxa, sendo estas principais razões
que levam as pessoas ao vício, é considerado por muitos “anestésicos para sentimentos e
conflitos emocionais” e o vício em bebidas pode apresentar interações com medicamentos.
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Este aspecto deve ser notado como de suma importância ao atendimento, pois as
drogas utilizadas pelo paciente podem causar intercorrências no decorrer do tratamento e
interações que possam fazer mal ao mesmo, por exemplo, prescrição de antibióticos para
infecção como o: Metronidazol, que não pode ser administrado juntamente de bebidas
alcoolicas por causar efeitos colaterais.
As alternativas menos notadas no gráfico não são menos importantes, podendo ser
igualmente identificadas, encaminhadas ao médico e realizado o posterior tratamento
odontológico.
Apresenta-se na figura 4 a relação de pessoas que tem ou não medo de ir às consultas
ao dentista.
Figura 4 – Gráfico com base em 326 entrevistas, com 274 opções assinaladas na cidade de
Getúlio Vargas - RS.
Fonte: Os autores.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Tendo em vista os dados apresentados e o estudo feito, se conclui que o paciente com
alterações psíquicas pode vir a apresentar complicações como o medo, ansiedade, podendo até
a passar mal, sofrer desmaios, entre outros. A insegurança profissional do cirurgião dentista
com estes pacientes causa complicações, bem como, a falta de preparo do dentista, quando o
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paciente omite informações sobre sua saúde ou quando o mesmo apresentar sintomas
psíquicos. Os cuidados que os cirurgiões dentistas devem ter é estarem aptos a reconhecer os
sintomas, encaminhar ao médico quando o mesmo não faz o devido acompanhamento e tratar
odontológicamente o que lhe for de seu alcance.
O cirurgião dentista além de realizar um tratamento multidisciplinar com o médico,
psicólogo, entre outros, pode em alguns casos, ao qual o paciente apresentar medo ou
ansiedade em grau elevado, prescrever medicamentos que venham a proporcionar a redução
da ansiedade do paciente e por fim auxiliar para que o tratamento odontológico possa ser
realizado sem intercorrências.
Conforme os resultados obtidos na pesquisa de campo realizada na cidade de Getúlio
Vargas – RS, constatou-se que poucas pessoas sabem que possuem alguma alteração psíquica,
mas a maioria apresenta sintomas sugestivos de uma alteração psíquica.
A principal limitação apresentada tem a ver com problemas que surgiram em alguns
questionários e tabulação dos mesmos, por isso o número questões aptas a serem usadas em
gráficos foram diminuídas. A segunda limitação prende-se a aplicação do instrumento de
avaliação, ou seja, os intrevistados podem indiretamente ter sentido alguma pressão para
responder de um modo que seja socialmente mais aceitável. Todos estes fatores contribuíram
para limitações do estudo, o que deixa uma sugestão para realização de novos estudos que
sanem essas limitações.
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