Mobilidade do trabalho camponês em Barra Nova/BA: subsunção e resistência ao capital Vandique Martiniano Campos Meira 1 Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB [email protected] Suzane Tosta Souza2 Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB DG – Departamento de Geografia [email protected] O trabalho é a categoria fundante da sociedade existindo somente no interior do ser social, como elemento organizador da vida cotidiana, de cada totalidade social. Mas, no modo de produção capitalista o trabalho se submete a exploração e, concomitante, ao processo de precarização. Através da subsunção aos ditames do capital o trabalho produz mais-valia e assim se torna uma categoria fundamental de ampliação das relações capitalistas. O trabalhador, classe que detém unicamente de sua força de trabalho, separada dos meios de produção, tanto da cidade como do campo, expõe seu corpo à submissão dos ditames do capital, disponibilizando de sua energia corpórea e mental, para produzir lucros ao proprietário dos meios produtivos pela mais-valia – exploração do trabalho excedente. Assim, o trabalhador, disponível e desempregado, fica à mercê, em liberdade,e se submete à mobilidade no espaço capitalista, produzida, ao longo da história, para atender aos interesses do capital. A mobilidade do trabalhador camponês revela em si uma unidade contraditória, é ao mesmo tempo condição de reprodução social, inclusive para a permanência na terra e a sua reprodução enquanto camponês, como também, por outro lado,deixa os trabalhadores a mercê da lógica mercadológica, que os tornam produtores do trabalho excedente, ou seja, o camponês realiza sua condição de resistência em permanecer no campo e também realiza a produção da mais-valia.O presente artigo é parte de uma pesquisa que busca analisar e compreender as relações sociais camponesas, conhecendo a sua (re)produção social, sobretudo em tempos de permanência em suas terras, após períodos de colheita ou de fim de contrato temporário na construção civil. Assim, pôde-se refletir acerca das motivações que levam o camponês em se deslocar para outros municípios e Estados, se subjugando aos ditames do capital – impõe alocações empregatícias ao campo e submeteo camponês a formas de proletarização –, contribuindo para a reprodução ampliada. Ao final se chegou à compreensão de que a mobilidade do trabalho se torna imprescindível à sociabilidade do camponês morador de Barra Nova (distrito de Barra do Choça/BA) e à reprodução ampliada do capital, ou seja, que contraditoriamente afirma sua identidade camponesa ao permanecer em sua terra, mas contribui, em contexto de precarização das relações sociais trabalhistas, para a acumulação 1 Pós-graduando em Análise do Espaço Geográfico. Membro do grupo de pesquisa Trabalho, Mobilidade do Trabalho e Relação Campo-Cidade (CNPq), vinculado ao Laboratório de Estudos Agrários e Urbanos – LEAU (UESB). 2 Doutora em Geografia Humana pela Universidade Federal de Sergipe (UFS), professora adjunta do Departamento de Geografia da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), Orientadora da pesquisa.Membra do grupo de pesquisa Trabalho, Mobilidade do Trabalho e Relação Campo-Cidade (CNPq), vinculado ao Laboratório de Estudos Agrários e Urbanos – LEAU (UESB). de capital através apropriação do trabalho excedente pelo capitalista e de proletarização, ainda que parcial, do camponês. Palavras Chave: Trabalho; Mobilidade do trabalho; Campesinato. O trabalho e o trabalho abstrato na produção do espaço A relação homem-natureza permite ao primeiro evoluir como sujeito social através do trabalho. Transformando e produzindo pelos modos de produção do espaço, através das forças produtivas, nas unidades produtivas, e das relações sociais de produção, extraindo da natureza a matéria-prima da primeira natureza e criando a segunda natureza “que deixa de comandar as ações dos homens e a atividade social começa a ser uma simbiose entre o trabalho do homem e uma natureza cada vez mais modificada por esse mesmo trabalho.” (SANTOS, 1996, p. 16). Logo, o espaço é resultado da produção, tendo o trabalho como a categoria central, que ao utilizar a natureza com fins de atender às necessidades de sobrevivência, tem produzido espaços ao longo da história, elevando o ser humano como sujeito ativo, nunca passivo, no espaço, como analisa Santos (op. cit, p.161162): O ato de produzir é igualmente o ato de produzir espaço. A promoção do homem animal a homem social deu-se quando ele começou a produzir. Produzir significa tirar da natureza os elementos indispensáveis à reprodução da vida. A produção, pois, supõe uma intermediação entre o homem e a natureza, através das técnicas e dos instrumentos de trabalho inventados para o exercício desse intermédio. A produção social vem historicamente passando por transformações, desde a propriedade comunal o trabalho vem transformando o espaço e também o ser humano, numa relação dialética imbricada e indissociável entre homem e natureza. Esta relação orgânica com a natureza elevou o homem a um nível de distinção, realizando a produção de espaços através dos tempos pelo elo transformador, o trabalho. Assim, o trabalho é energia propulsora de realização de ser humano, de sobrevivência, de organização social, de identidade e de sua distinção na natureza. Mas, com o fim do excedente da comunidade primitiva, ou seja, o fim das terras livres de poder comum a todos – propriedade comunal – e o advento do antagonismo de classes sociais e da propriedade privada dos meios de produção, a divisão do trabalho e do resultado da produção através da instauração de poder político dominador de uma minoria sobre a maioria, passou a modificar o caráter do trabalho e a surgir um mundo de divisão de tarefas segundo classes sociais. Logo, concomitante a estas transformações, as sociedades também passaram por transformações, inclusive a família, enquanto “célula-mater” da sociedade e instituição social, pelas quais podemos observar a dominação sobre diversos aspectos, como exemplos a de gênero, do homem dominador dos interesses sociais sobre a mulher submissa aos interesses do poder andrógeno, e a de religião em que representantes dos deuses dominavam os súditos/subordinados aos interesses da teocracia, expressados no poder do Estado, institucionalizando desta forma a divisão social do trabalho. A partir disso podemos entender que o trabalho é categoria fundante da sociedade, existindo somente no interior do ser social, como elemento organizador da vida cotidiana, de cada sociabilidade, de cada totalidade social (LESSA, 2002). E, antes de tudo, processo entre homem e a Natureza (MARX, 1983; p. 149): Antes de tudo, o trabalho é um processo entre o homem e a Natureza, um processo em que o homem, por sua própria ação, media, regula e controla seu metabolismo com a Natureza. Ele mesmo se defronta com a matéria natural como uma força natural. Ele põe em movimento as forças naturais pertencentes à sua corporalidade, braços e pernas, cabeça e mão, a fim de apropriar-se da matéria natural numa forma útil para sua própria vida. Ao atuar, por meio desse movimento sobre a Natureza externa a ele e ao modificá-la, ele modifica, ao mesmo tempo, sua própria natureza. Ele desenvolve as potências nela adormecidas e sujeita o jogo de suas forças a seu próprio domínio. É atividade de transformação da realidade pela qual o homem constrói, concomitantemente, a si próprio individualmente e a totalidade social da qual é sujeito participante e produtor do espaço geográfico. “É, portanto, a categoria decisiva da autoconstrução humana, da elevação dos homens em níveis cada vez mais desenvolvidos de sociabilidade.” (LESSA, 2002, p. 28). Assim também analisa MARX (1983, p. 149): O estado em que o trabalhador se apresenta no mercado como vendedor de sua própria força de trabalho deixou para o fundo dos tempos primitivos o estado em que o trabalho humano não se desfez ainda de sua primeira forma instintiva. Pressupomos o trabalho numa forma em que pertence exclusivamente ao homem. Mas no modo de produção capitalista, totalidade sociometabólica em que a expansão do consumo é garantia da manutenção da incontrolabilidade do sistema (MÉSZÁROS, 2011),– que se expande e se territorializa destruindo elementos naturais e criando propriedades de exploração da mais-valia e de acumulação de capital, o que possibilita a (re)produção ampliada do capital –, o trabalho se submete à exploração e a processo de precarização. Através da subsunção aos ditames do capital o trabalho produz mais-valia e assim se torna uma categoria fundamental de ampliação das relações capitalistas pelos territórios em todo o mundo.Sem perder a essência de categoria fundante se torna, dialeticamente, trabalho abstrato que, conforme Marx e Engels, Lessa afirma: (...) atividade mensurada pelo tempo de trabalho socialmente necessário e produtor de mais-valia. Corresponde à submissão dos homens ao mercado capitalista, forma social que nos transforma a todos em „coisas‟(reificação) e articula nossas vidas pelo fetichismo da mercadoria. (2002, p. 28) O trabalho sob o controle do capital se torna trabalho abstrato produtivo, a força do trabalho pode ser plenamente convertida em mercadoria, através da universalização do trabalho assalariado. O trabalhador, tanto da cidade como do campo, expõe seu corpo à submissão dos ditames do capital, disponibilizando de sua energia corpórea e mental para produzir lucros ao proprietário dos meios produtivos pela mais-valia e dinheiro como pagamento da venda do serviço, do trabalho, para sobrevivência na sociedade. Assim, podemos afirmar que há separação do trabalhador e do produto de seus esforços, tornando o processo de alienação social materialmente especializado. Mas, ao analisarmos o camponês, que historicamente traz lutas de resistência frente aos processos de expropriação de seu lugar, é enquanto classe social que (re)produz espacialmente formas anticapitalistas de sociedade, valores culturais que não comungam com a lógica das classes dominantes da história. Assim, em muitos lugares, o camponês é classe que afirma o seu lugar, sua origem territorial, pois o seu trabalho é realizado na própria terra em que vive, em que (re)produz, vive na terra e assim é agricultor familiar. Porém as forças capitalistas de fundamentação do poder da burguesia e de territorialização do poder burguês no campo e na cidade vêm, desde o século XVIII, através da Lei de Cercamento das Terras, identificando o camponês como empecilho para o desenvolvimento econômico, como classe que atrasa a economia, o que já revela o caráter ideológico de expropriação e de destruição do campesinato que viria a imperar em todo o século XX, nos territórios deste modo de produção mundializado que se tornou o capitalismo. Como mercadoria, a natureza humanizada, apropriada, usada como meio de subsistência, de comércio e de extração da riqueza produzida pela classe trabalhadora é, portanto, social a sua noção conceitual. A natureza toma proporção desunificada e mercantilizada. Somente pelo processo de trabalho o homem realiza a união, mas, conforme produção alienada pelo trabalho, que destrói a identidade com o natural, o homem se vê separado, alheio, à realidade estanque de degradação, como assim analisa Campos (2006, p. 53): O processo de trabalho implica na reunificação das forças produtivas (do homem e da natureza) separadas pelas relações de propriedade. A relação de compra-venda de força de trabalho restabelece a unidade do homem com a natureza, mas não restabelece a identidade desfeita pela instauração das relações capitalistas de propriedade entre os homens. Através da alienação do trabalho, homem e meio natural tornam-se cativos do capital. Despersonalizados, são reduzidos a capital variável e capital constante. E, ao contrário, o camponês se tornou resistente às muitas frentes capitalistas de expropriação, e afirmou o contraponto no sistema social dominante, ao marcar na história, pelos movimentos sociais, que o território do camponês resistirá, assim provado pelo Movimento dos Sem Terra no Brasil e por demais movimentos que compõe a Via Campesina, em todo o mundo. Mas, essa resistência, contraditoriamente, vem acompanhada como processo de assalariamento e de participação do camponês nos ciclos de colheitas no campo e de produção industrial nas cidades, como a indústria da construção civil, o que para muitos afirmaram que seria o fim do camponês. Assim, através da compreensão da mobilidade do trabalho a partir de método dialético de análise faz-se necessário para compreender tal realidade em Barra do Choça – BA, município do Sudoeste da Bahia, mais precisamente em Barra Nova, distrito, que como tal possui população intrinsecamente ligado ao campo, à terra onde reside e produz sua existência. Mas que, carecendo de renda partem a se tornar operários, em busca de serviços temporários no comércio, na indústria, na construção civil, no próprio campo onde se reproduz o espaço agrário agroexportador, ou vão se tornar microempresários, dessa forma analisado por THOMAZ Jr (2006, p.132 e 133): Essa base material de sustentação do edifício social no campo impõe aos camponeses o impasse de classe: negar o modo camponês/familiar de reprodução social, e adotar a racionalidade capitalista, podendo se transformar em agricultores familiares em escala empresarial, ou se proletarizarem. Logo, urge a necessidade de compreensão geográfica da realidade, pela centralidade do trabalho como produtor do espaço, essencial e central articulador na relação sociedade - trabalho - natureza, a qual se busca, por meio de leituras, pesquisa e reflexões compreender a mobilidade do trabalho, em contexto de precarização das relações socioeconômicas na produção do espaço geográfico, enfatizando o sujeito camponês no entendimento da relação cidade-campo. O campesinato é assim analisado como classe social que resiste à reprodução ampliada do capital, que através de incrementos tecnológicos e de modernização impõe alocações empregatícias no campo e submetem ao camponês às formas de proletarizaçãodos sistema, mas que também se proletariza em tempos de colheitas e também por meio da inserção no comércio e na construção civil. Expansão do capital no campo e a expropriação e (re)produção do campesinato Os movimento sociais exercem funções políticas de contraponto fundamentais na (re)organização territorial no espaço, contestando e, com isso, levando a rebatimentos no espaço, a relação de luta entre classes sociais antagônicas. A luta de classes no capitalismo, entre a burguesia e a o proletariado, encontra-se em todos os territórios em que a lógica do sistema capital se estabelece e se aprofunda pelas reestruturações produtivas desse. O campo, ou comumente denominado de zona rural, tem sido historicamente o lugar de significantes lutas da classe trabalhadora, contra as forças burguesas de expropriação, onde a militância camponesa se faz presente, contesta, guerreia e territorializa formas de relações não-capitalistas de produção. O campesinato existe na história desde tempos remotos, quando nas comunidades primitivas, resistindo no escravismo e no feudalismo. No capitalismo, a face mais cruel da luta pela terra tem sua gênese no cerceamento do camponês de seus meios de produção.Pela legitimação da propriedade privada o solo passa a não pertencer legalmente àqueles que não possuem meios financeiros de torná-lo produtivo para o mercado. O capitalismo, além de mercantilizar os produtos provenientes do trabalho e do sobretrabalho, ou trabalho abstrato, o propulsor de tudo, a força de trabalho, o torna mercadoria,sobretudo, móvel. A resistência camponesa no Brasil frente à expropriação do capital está essencialmente marcada em nossa história, mas os instrumentos ideológicos da burguesia têm desviado o foco e o sentido da identidade camponesa. O camponês realiza um trabalho familiar, comunitário, associativo, cooperativo e, ou coletivo, se caracterizando numa forma de resistência à dominação mercantilista do capital, mas que, inserida no mercado capitalista, fornece produtos. O campesinato é uma organização do trabalho familiar na agricultura, na pecuária e na indústria camponesa, não se caracterizando em sua essência como trabalho assalariado. (FERNANDES, 2003). Porém, há teorias que defendem a ideia de total reprodução das relações sociais capitalistas, o assalariamento do campesinato, se integrando ao mercado e assalariando a sua mão-de-obra e, desta forma, estaria potencialmente desenvolvendo a economia, destruindo a identidade camponesa, o que revela um discurso contraditório. A fim de possibilitar o enfraquecimento do pensamento camponês formalizaram a identidade da agricultura familiar. Tal conceito identifica o camponês agricultor familiar, negando assim a sua história de resistência e de lutas, seu conteúdo de classe. A classe dominante hegemônica do atual sistema sociometabólico, o capitalismo, a burguesia, utiliza assim de artifício capcioso, sobretudo pelos aparelhos ideológicos, para “desconscientizar” a classe social revolucionária, a fim de desorganizá-la e orientar o trabalhador à maneira do capital de expropriação, que torna o trabalho em mercadoria, inibindo as forças de luta. Não há outro caminho a não ser pela adaptação e subserviência, imediata e necessária, aos interesses do capitalismo, que se territorializa no campo pela lógica da modernização agroexportadora, num processo em que o espaço urbano é valorizado em detrimento do espaço agrário. O camponês se torna assalariado, impelido por forças econômicas de sobrevivência, expondo o seu corpo ao uso do capital, pois detentor da força de trabalho intimamente possui o poder de administrar o trabalho, pois é seu!Mas, exteriormente a sociedade capitalista o impele a vender a sua força de trabalho, expondo-a no mercado de trabalho capitalista como produto, principalmente disposto a se mover no espaço capitalista. E já com o fundamento estabelecido, o trabalhador camponês assalariado sai à procura de postos de serviços, tanto no campo como na cidade, tanto em colheitas como na construção civil, é móvel, acima de tudo, disponível “livremente” para ser aprisionado pelo sistema trabalhista precário. Assim, a cidade, depende das forças produtivas agrárias, dentro da lógica em que o mercado é o controlador social e facultador de “inclusão” social do camponês.Haja vistas que o mercado é produto das relações sociais e históricas, estabelecidas no espaço pelo homem através do trabalho, no capitalismo vai se configurar em sua forma mais perversa: o trabalho se torna mercadoria no mercado, como produto em prateleiras. Assim, o mercado assume, ao mesmo tempo, forma de condição de reprodução do capital e condição de alienação do homem, do seu próprio trabalho e do produto de seu trabalho. Logo, com o exposto, há pressuposição de que o camponês “não” exerce trabalho alienado. Numa sociedade em que o capitalismo produz o luxo e ao mesmo tempo precariza a sua própria força produtora, reduzindo à condição de mercadoria, o trabalho do camponês se relaciona sociometabolicamente com formas de mediação estranhas entre homens e entre homem e natureza. Porém, o próprio capital se utiliza do trabalho e do produto camponês para, no artifício do discurso do enaltecimento dos valores de uso, reproduzir socialmente pelas necessidades humanas de viver com qualidade de vida, fomentando meios de reprodução do capital (MENEZES, 2007). Através de uma reflexão consciente dos fatos é possível perceber que há por trás dessa escamoteada “inclusão social”, interesses de dominação da burguesia, traduzidas na precarização do trabalho pela sua mercantilização que o coisifica, consistindo num jogo ilusório de produção capitalista. A agricultura camponesa é a que luta contra o capital e suas formas de dominação, possui memória histórica e cultural e socialmente não produz para se integrar à lógica (des)realizadora do mercado (MENEZES, 2007) mas que, inseridos, estabelecem o comércio de seus produtos, principalmente o da força de trabalho. Logo, no campo, encontramos territorialidades desiguais e combinadas, que desenvolvem a economia capitalista,na (re)produção do espaço capitalista de produção, difundindo a ampla utilização de “defensores agrícolas”, contraditoriamente incentivam a produção pela agricultura orgânica, como analisam Souza e Conceição (2008, p. 109): Desta forma, o capital destrói e depois recria para agregar novos valores a tais produtos “orgânicos”, sendo seu consumo direcionado, mais especificamente, às camadas mais abastadas da sociedade, e tendo, os seus produtores, uma possibilidade de auferir maior renda da terra. São os pequenos e médios produtores que asseguram à sociedade a maior parte da produção agrícola do Brasil, mesmo não sendo prioridade nas políticas do Estado. Com isso urge à reflexão: como se processa a apropriação do produto do trabalho camponês? Todo camponês é um agricultor familiar, mas nem todo agricultor familiar é um camponês, o que o vincula à luta contra o capital, contra o ostracismo, contra o enfraquecimento dos movimentos camponeses e dos trabalhadores, de maneira que a luta de classes se torna imperativa e ampla, e se faz não só no campo, como também nas cidades. Porém, a lógica da reestruturação produtiva do capital, proveniente do pacote de técnicas produtivas desenvolvidas no Japão, tem se intensificado nas relações sociais. Como analisa Thomaz Júnior (2004), a mecanização no campo, o uso de insumos agrícolas e a manutenção da lógica produtiva de financiamento e investimento na grande propriedade rural, além das alianças escusas e obscuras entre a grande indústria nacional e estrangeira com os “representantes do povo” no Estado, o enfraquecimento através da fragmentação dos sindicatos, a lógica da sustentabilidade do desenvolvimento econômico toma corpo de “solução” em meio a um mundo capitalista degradante: Então, a ideia do desenvolvimento rural (local) seguido dos adjetivos humano, solidário, sustentável, etc., forja os elementos que vão soldar os interesses centrais da sociedade produtora de mercadorias, na qual subjaz a lógica da rentabilidade, da concorrência e do controle social pelo capital. (p. 24) E com isso, fica permanecido no discurso hegemônico do capital e do Estado (duas faces da mesma moeda), que a questão da degradação da natureza foi resolvida pelo mercado, bastando consumir produtos para haver plantio de árvores, ou entender que a privatização do subsolo brasileiro foi um meio de “avançar na modernidade”. E assim assistimos, passivamente, a destruição de florestas e de montanhas, de rios e mares, crendo em nosso senso-comum que as grandes corporações estão “recuperando áreas degradadas” por cumprimento de leis ambientais, elaborados pelo próprio Estado, que cumpre o seu papel de legitimadorda degradação da sociedade, do trabalho e da natureza, pela propriedade privada. A questão agrária fica resolvida, não havendo mais luta pela terra, luta de classes, escamoteando assim a realidade objetiva pelos que detém o poder de controle social do mercado, como analisa Thomaz Júnior (2004): Assim, se a questão agrária foi resolvida pelo capital e para o capital, a ponto da estrutura agrária não conter elementos que constituíssem obstáculos ao desenvolvimento do capitalismo, não se estaria mais diante dos antagonismos de classe. (...) É importante notar que esse antagonismo de classe, supostamente superado pela consolidação do capitalismo, não é substituído pela harmonia entre as classes sociais, tampouco pela dissolução das mesmas, mas sim por novos antagonismos de classe. (p. 25) Nos movimentos da história de criação, destruição e recriação do campesinato, observa-se no capitalismo, em territórios nacionais periféricos, locais historicamente fornecedores de mão-de-obra barata e matérias-primas para a grande indústria, estabelece-se o momento em que o camponês retoma o seu espaço socialmente referendado, retornando ao campo através da ocupação e da resistência, contestando o latifúndio e a grande propriedade rural, mas diante de enfraquecimentos engendrados pelo Estado. E mesmo com o capital sendo disseminado e suas ações predatórias sendo legitimadas pelo Estado, as relações não-capitalistas de produção são contraditoriamente engendradas, ou seja, a economia no campo ocorre gerando relações capitalistas e não-capitalistas de produção, ambas sendo úteis no processo produtivo, para o mercado. Assim analisado por Ramos Filho (2005): O capital ao buscar sua reprodução ampliada estabelece relações de produção capitalistas (baseadas no trabalho assalariado) realizando a expropriação do trabalhador; e materializa também relações de trabalho não-capitalistas (a exemplo da parceria, do trabalho familiar camponês, do arrendamento, da meação, etc.). Estes vêm subordinando o camponês mediante a sujeição e expropriação da renda da terra ao capital. (p. 49) As cidades, os distritos e os povoados são construídos e produzidos pela sociedade no modo de produção capitalista, conforme hierarquias que funcionam como locais de concentração e fluxo populacional do processo econômico global: produção, distribuição, circulação e consumo. Assim, produzido socialmente pelos trabalhadores camponeses, em condição de migrantes e residentes, os deslocamentos operam via de mão dupla, de transformação espacial, mas de manutenção e de acumulação de valores capitalistas, pois como afirma GAUDEMAR (1977, p. 39), não seria a lógica do trabalhador que prevalece, mas a do crescimento capitalista, que prevê a mobilidade do trabalho, isto é, a possiblidade de dispor dos movimentos dos trabalhadores como axioma inevitável. Um dia móveis, outro imóveis, mas sempre submetidos à regra de acumulação do capital. Dessa maneira, produzindo espaços em que a lógica capitalista se materializa em espaços hierarquizados, fragmentados e articulados, em que subjuga o camponês e o irreleva, colocando-o a sua imagem na sociedade à condição de trabalhador caracteriza e estigmatizado como atrasado, porém mão-de-obra essencial na (re)produção ampliada do capital. Assim, a precarização do trabalho engendrada pelas relações sociais de produção capitalista, fortemente aprofundada pela reestruturação produtiva no final do século passado, encontra na fragmentação da realidade o fortalecimento do discurso da cidade como local avançado, sobrepondo o campo como local do atraso. Assim, os distritos, os povoados, as vilas, ou mesmo os assentamentos rurais, se tornam, por esse fetiche da classe dominante burguesa, lugares precários e desprovidos de qualquer condição de reprodução social, como se para haver a felicidade esses sujeitos devessem sair de suas terras e passar a morar nas cidades. Estabelece-se assim a mobilidade do trabalho, pois o trabalhador se vê impelido a precisar vender a sua força de trabalho para a realização do acesso aos produtos da “felicidade”. A disposição para o mercado do exército de reserva, da força de trabalho camponesa desempregada, revela a contradição da sociedade, e expõe a crueldade das condições de vida camponesa, que se proletariza para poder acompanhar as regras de acesso aos produtos, impostas pela ordem mercadológica. As máquinas e a grande propriedade, a produção agroexportadora são as vias de modernização, e o camponês deve deixar de viver no campo e se deslocar para as cidades, pois o campo não é mais “seu lugar”. A cidade é vista como locuspara sustentar o consumo e a produção e acumulação da riqueza pelos detentores do controle social do mercado. Assim, Marques (2006) analisa: A ascensão social torna-se supostamente possível para os indivíduos em geral, bem como o acesso à educação e a melhores oportunidades de emprego. A manutenção de amplos setores da população na condição de pobreza tende a ser vista como resultante do fracasso individual. A modernização seletiva se institucionaliza levando as elites tradicionais a aderirem à modernidade, abandonando os seus dependentes à sua própria sorte. (p. 176) A produção agrícola se faz então de tal forma imprescindível, pois a alimentação é fator de sobrevivência humana na Terra, e como no capitalismo a industrialização tem levado produtos com substâncias com aditivos químicos, que conservam por mais tempo os produtos a serem consumidos, contrapondo a lógica da alimentação sadia, que não usos de agrotóxicos. Assim, a agricultura orgânica desponta como de fundamental importância à segurança alimentar para os povos, principalmente, na defesa das sementes sem origem alguma, de passagem em laboratórios que transmutam a transgenia o gérmen da alimentação. Mobilidade do trabalho: o camponês disposto ao seu trabalho e ao trabalho subsumido A mobilidade do trabalho, impulsionada pelo modo de produção capitalista, é uma realidade também para os camponeses no município de Barra do Choça, estado da Bahia, município em que se desenvolveu, ao longo das décadas do século passado e na atualidade, a agricultura monocultora do café, em conjuntura de crise (re)produtiva do capital, a qual através da materialização no espaço das produções contraditórias de relações sociais e territoriais, impostas pelo modo toyotista de produção flexível, aprofunda a precariedade do trabalho. A mobilidade do trabalhador camponês revela em si uma unidade contraditória, é ao mesmo tempo condição de reprodução social, inclusive para a permanência na terra e a sua reprodução enquanto camponês, como também, por outro lado, deixa os trabalhadores a mercê, que os tornam produtores do trabalho excedente – fundamental para se converter em mais-valia –, ou seja, o camponês realiza sua condição de resistência em permanecer no campo e também realiza a produção da mais-valia, contribuindo, assim, para a reprodução ampliada do capital, pois está inserido na totalidade social do trabalho. Mas por que o camponês precisa de se assalariar, se proletarizar e tornar-se operário? Assim, camponeses partem rumo a postos de trabalho, temporários, em municípios e em estados vizinhos, em busca de sustentos financeiros, rendas para suas famílias e, sobretudo, a dignidade de ser humano em “estar em serviço”, e retornam aos seus lares e ao trabalho na agricultura, tanto em terras próprias como na cafeeira e de outras colheitas. Desta forma, contraditoriamente, estão em subsunção aos interesses do capital, que aprofunda a precariedade do trabalho, reproduzindo ideologicamente os interesses de alienação e de fragmentação no mundo do trabalho, e permitindo, ao mesmo tempo, a reprodução dos sujeitos sociais camponeses. Atualmente, trabalhando para o capital, em real subsunção a este, a quantidade de trabalhadores e trabalhadoras camponesas, em constante mobilidade, diariamente, mensalmente e anualmente, é crescente e torna desafiante e estimuladora a compreensão e entendimento na (re)produção do espaço geográfico. O camponês desenvolve relações não-capitalistas de produção, e assim o campesinato resiste às forças imperiosas de “modernização” do capital, traduzidas pelos territórios do agronegócio, produzindo para sua subsistência, para o mercado da(s) cidade(s), abastecendo o consumo com alimentos de qualidade provenientes do campo e, assim, se reproduzindo socialmente. Mas, desta forma, os agentes do capital usam das propriedades da agricultura orgânica, que contrariamente não utiliza “defensivos agrícolas”, os agrotóxicos, para garantir a permanência de seus produtos industrializados, mas, dialeticamente, os camponeses se reproduzem socialmente, sobretudo por relações não-capitalistas de produção, estabelecendo a produção do espaço, de maneira desigual e combinada no desenvolvimento econômico. Ao compreender como a mobilidade do trabalho do camponês residente em Barra do Choça, principalmente em seu distrito Barra Nova, contribui para a produção desigual e contraditória da economia, local e global, estaremos entendendo os sentidos da relação contraditória de condição ontológica do trabalho camponês como também o de se tornar operários. Ambas condições partem do objetivo de buscar e encontrar o sustento de suas famílias através do trabalho temporário na colheita de café e de outas colheitas, além de se veem na condição de se proletarizar também na construção civil e em outros setores de serviço de cidades médias, como em Vitória da Conquista/BA. A identificação das contradições, dos conteúdos e dos sentidos do exercício de dominação dos setores hegemônicos (burguesia, capital, Estado) assim como as lutas de resistência emancipatórias é possível através do reconhecimento das marcas territoriais do trabalho e seus significados topológicos. Mas também, é fundamental entender os sistemas de mediações de primeira e de segunda ordem a fim de apreender os significados das impressões territoriais do trabalho no sistema de metabolismo social do capital, um complexo caracterizado pela divisão hierárquica do trabalho, que subordina suas funções vitais ao capital (THOMAZ JUNIOR, 2005, 2006; ANTUNES, 2001; MÉSZÁROS, 2011). O sistema sociometabólico do capital considera os homens como instrumentos de valorização do capital, aos quais é imposto, na maior parte das vezes, os modos de acesso aos empregos e às formações profissionais, as variações na duração, na intensidade e produtividade do trabalho. Assim, por muitas vezes,aos camponesesé imposta à mobilidade forçada do trabalho, pois são submetidos à dupla exigência da lei e das necessidades do capital. Desta maneira, o Estado, o Capital e o Mercado ao invés de garantir a permanência do trabalhador em sua produção familiar, principalmente o Estado, favorece à crescente mobilidade do trabalho, tornando assim camponeses consumidores de mercadorias vivendo no campo fetichizados pelos sonhos e produtos urbanos. (GAULDEMAR, 1977; CONCEIÇÃO, 2007; SILVA, 2003; SOUZA, 2011). A compreensão da inserção do sujeito social enquanto agente de transformação e produtor do espaço é imprescindível à ciência geográfica, pois os sujeitos agregam o trabalho ao solo, passando pelas representações subjetivas que estabelecem com o espaço (MORAES, 2002), ou seja, essencialmente a todas as materializações, da realidade objetiva, produzidas pelas sociedades no tempo e no espaço estão as subjetividades, superestruturais, significando as territorialidades desenvolvidas. Assim, a centralidade do trabalho nas pesquisas geográficas se torna essencial para a compreensão da (re)produção espacial, pois é imanente à hominização, ao processo de humanização, e condição realizadora do homem, sujeito social, na relação sociedade - trabalho - natureza. Materialidade e subjetividade estão em unidade na diversidade da realidade em estudo, no encontro do sujeito com o objeto, do trabalhador com seu lugar de (re)produção social. Porém, as relações sociais capitalistas ao subordinar o ente que precisa da venda, mesma que temporária, do seu trabalho, da energia do seu corpo, para sobreviver, não se encontra consigo mesmo na realidade em que subsiste, se assimilando e se incorporando ao processo de alienação, de estranhamento e de fragmentação do seu trabalho e do processo produtivo, o qual não lhe pertence. Assim, urge a pergunta, se a mobilidade do trabalho camponês submetido obrigatoriamente a este estranhamento, que sai em busca tanto ao salário ou pelas horas-pagas, está incorporado à alienação instaurada no processo de colheita das culturas agrícolas? A compreensão da geografia do trabalho e da submissão à divisão social do trabalho por estes sujeitos que vivem-do-trabalho se torna um desafio, no emaranhado rico e complexo das relações sociais e territoriais. Assim, desta forma, contraria a tendência neoclássica de compreender a mobilidade do trabalho, a qual analisa que a liberdade de ir e vir é soberana, o de se mover para empregar força de trabalho é por vontade própria do trabalhador, do campo ou da cidade, levado por circunstâncias individuais, atomizadas no particular, assim explicada na individualidade de cada sujeito. A decisão individual de se mover no espaço, a mobilidade desejada traz benefícios e vantagens pessoais que proporciona crescimento pessoal, e logo traria consequentemente para a sociedade em que se insere, no lugar em que vive (SILVA, 2003). Assim, esta visão coaduna com a ideologia da classe dominante no capitalismo, a burguesa, em que difunde categoricamente a ideia de que a ação natural, individual, traz bem-estar à sociedade, e o mercado assume assim naturalmente uma ordem social,em que o interesse privado é vital para condicionar benefícios. Para a abordagem histórico-estrutural, segundo Silva (2003), a mobilidade do trabalhador do campo e da cidade é entendida como fenômeno social, em que ele não traz consigo informações do processo migratório, estruturando e reduzindo a compreensão da mobilidade do trabalho à compreensão de áreas potenciais, propulsoras e expulsoras. Observa-se com esta abordagem que aspectos estruturais da expulsão nas áreas de origem condicionaram a expulsão do indivíduo, ocorrendo ao contrário nas áreas receptoras de destino, sendo compreendido através do enfoque adaptativo, em que recebe com condicionantes estimuladores não encontrados na área de origem. Desta forma, também, é utilizada pelos interesses de mercado de difundir ideais de desenvolvimento de áreas e regiões, de justificar desigualdade de investimentos, de fluxos financeiros, sobrevalorizando umas em detrimento de outras. Este entendimento é capcioso e leva a propagação e aprofundamento de preconceitos e de discriminação social de grupos e de minorias, étnicos, religiosos, culturais e, sobretudo, econômico, tendo em vista a desigualdade de classes sociais territorializadas no espaço geográfico. A terceira e última abordagem, argumentada por Silva (2003), explica o enfoque do trabalho como mercadoria, a qual encontra fundamentação teórica em Karl Marx. Esta analisa que há uma tendência do capital em subjugar todas as esferas da sociedade que podem contribuir para sua valorização, assim todo o trabalho produtivo valoriza-o, o que o torna mola mestre no modo de produção. Desta forma, a mobilidade territorial do trabalho se insere na atual conjuntura de precariedade do trabalho, proveniente da intensificação das relações (re)produtivas flexíveis do modelo toyotista de produção, como cerne da produção acumulativa do capital. Com isso, como se estabelece as bases desta relação da sociedade com a natureza, na qual o trabalho é a energia transformadora e produtora do espaço geográfico, em que a busca por atividades produtivas levam os jovens de Barra do Choça/BA a migrarem, a se deslocarem em busca de alocação empregatícia, e encontram muitas vezes trabalho temporário, mal remunerado? E assim, como sobrevivem em períodos de estiagem, ou de baixa colheita de café, ou de intersafras em seu município? A compreensão destas relações sociais que se materializam no espaço através da mobilidade do trabalho camponês, irá fornecer bases para compreensão do que Antunes (2001) estudou acerca das mediações de primeira e de segunda ordem, haja vista que as relações com a natureza são contraditórias, ora instintivas biologicamente determinadas e ora socialmente determinadas. Assim, o camponês em Barra do Choça se relaciona como tal e como proletário? A permanência em seu território de reprodução da sua vida familiar se encontra ameaçada, sobretudo quando parte em busca da alocação empregatícia temporária? Logo, pela lógica de produção capitalista, o trabalho deixa de ser condição da mediação homemnatureza, se tornando meio de sobrevivência do jovem trabalhador: processo de precariedade do trabalho e de indignidade humana, pela alienação e fragmentação no processo produtivo. Referências ANTUNES, Ricardo. Os sentidos do trabalho. Ensaio sobre a afirmação e a negação do trabalho. 5 ed. 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