Baixa

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Por Charley A. Santos
É normal em alguns trabalhos e até mesmo em alguns livros, trabalhar com a idade
média entre o século V e o século XV.
Esse longo período é dividido em Alta e Baixa Idade Média. A primeira abrange o
século V ao século XI; a segunda o século XII ao século XV, em nosso trabalho vamos
abranger apenas o período entre o século XII ate o século XIV.
Este período pode ser considerado o período de formação e consolidação do
feudalismo. “A forma de trabalho característica do feudalismo e a servidão...”. O
feudalismo é o sistema social, político e econômico que caracterizou a Idade Média.
Esse modo de produção foi resultado de uma lenta transformação, que teve inicio na
fase de decadência do império romano e das invasões bárbaras germânicas. Essas
invasões destruíram a parte ocidental do império, na Inglaterra este sistema se
fortaleceu principalmente quando Guilherme, o bastardo, conquistou a Inglaterra, e se
preocupou principalmente em transportar o modo de produção feudal para seu reino, na
França os reis demonstravam menor interesse, se preocupavam apenas em proibir
divisões dos grandes principados que eram a conjugação da defesa do país.
As características básicas do feudalismo são: economia agrária voltada para a
subsistência; o trabalho servil do camponês; a sociedade hierarquizada; o poder político
descentralizado nas mãos dos diversos senhores feudais; o predomínio da Igreja
Católica no plano cultural.
“Em suma, o aparecimento do feudalismo, na Europa Ocidental no decorrer do
século IX, nada mais é do que a repercussão, na ordem política, do retorno da
sociedade a uma civilização puramente rural”. (PIRENNE. Henri Historia
Econômica e Social da Idade Media, 1973, São Paulo, Ed. Mestre Jou, p. 13).
A Economia na Era Medieval (Séc. XII ao Séc. XIV).
A sociedade feudal estava dividida em senhores (nobreza e clero) e servos. Na
concepção religiosa medieval, cada um dos grupos sociais estava incumbido de um
papel na sociedade: os nobres combatem, os clérigos rezam e os servos trabalham, o
servo nunca poderia chegar a ser um dono de terra, um senhor feudal, assim como o
camponês que muita vezes não tinha condições de arrendar as terras, por outro lado o
senhor feudal também nunca chegaria a ser um servo muito menos camponês devido a
hierarquia existente na época, e isso era influenciado pela igreja, que pregava a
submissão. E ate mesmo para que isso não acontecesse os senhores feudais impunha
varias restrições ao arrendarem suas terras de forma que o servo praticamente nunca
tivesse condições de quitar sua divida com ele.
A nobreza estava distribuída em uma hierarquia que começava no rei e
terminava no cavaleiro sem terra, passando por arquiduques, duques, marqueses,
condes, viscondes, barões. O cavaleiro sem terras prestava serviços militares a um
desses nobres proprietários. A condição de cavaleiro era oficializada por uma
cerimônia onde o rei, ou um nobre de hierarquia inferior, cingia o outro nobre com a
espada. A arma era então benzida por um membro do alto clero.
1.
Trabalho do ponto de vista da servidão.
Os servos eram os camponeses que habitavam os feudos e trabalhavam a terra.
Estavam submetidos à autoridade dos senhores locais e lhes deviam uma série de
obrigações: trabalho gratuito, parte do que produziam nas terras, taxas diversas pelo
uso de equipamentos e instalações do feudo, hospedar o senhor nas suas andanças pelo
feudo.
Na Idade Média, não se tinha noção definida de trabalho, mas sim uma
relação entre o Senhor Feudal e o Servo.
A economia medieval tem como característica a agricultura especificamente no
séc. XII ainda tinha como base o trabalho servil, diferentemente do trabalho escravo o
servo possuía uma “liberdade latente” (o servo não era preso a terra ele obtinha a
liberdade de abandonar a terra a qualquer momento desde que não tivesse nenhuma
divida com o senhor feudal). Devido ao aumento populacional o servo passou a ser a
principal forma de mão de obra, é importante ressaltar que o servo produzia para seu
senhor e para sua própria subsistência não obtendo riqueza, ate porque os servos
deveriam repassar uma parte do que produzia para sua subsistência para o senhor
feudal.
Os servos eram submissos ao senhor feudal devido aos ensinamentos da igreja católica
que pregava a idéia de que só se conseguiria a salvação e a vida eterna através do
trabalho com os senhores feudais aumentavam a jornada de trabalhos do servo.
“Comerás teu pão com o suor de teu rosto” (Gênesis III. 19), e com isso os servos
trabalhavam intensamente buscando esta salvação, desta forma o senhor feudal
mantinha o domínio sobre os servos.
2- Trabalho Camponês.
Antes de entramos neste assunto e necessário perguntar:
O camponês era escravo?
“Eram quase ilimitadas as imposições do senhor feudal ao camponês, de acordo
com um observador do séc. XII, o camponês nunca bebe o produto de suas
vinhas, nem prova uma migalha do bom alimento; muito feliz será se puder ter
seu pão preto um pouco de sua manteiga e queijo...”.(HUBERMAN, Leo. Ed.
Zahar editora, 1983).
Existiam três tipos de camponeses, o camponês de domínio, o camponês
fronteirista e o camponês Aldeão.
Camponês de Domínio: trabalhava nas terras do senhor em tempo integral
principalmente na casa do senhor Feudal.
Camponês Fronteirista: arrendava pequenas quantias de terras.
Camponês Aldeão: Trabalhava para o senhor feudal somente para ganhar comida e
local para dormir, não tinha condições de arrendar as terras.
Formalmente chamado de camponês à maioria dos arrendatários da palavra latina
“Servus” que significa “escravos” mas não eram escravos no sentido da palavra, mas
vivia miseravelmente trabalhando longa e arduamente nas terras do seu senhor,
conseguia produzir somente para sobreviver miseravelmente, pelo simples motivo de
que teria que trabalhar alguns dias por semana nas terras do seu senhor bem como tinha
obrigação de primeiro salvar toda plantação do seu senhor caso algo acontecesse com
ela (chuvas, fogo, pragas, etc...), e posteriormente salvar sua parte arrendada.
Para não perder poder e aumentar sua produção agrícola os trabalhadores cumpriam
algumas regras estipuladas pelo seu senhor, tais como:
Os filhos dos camponeses de um senhor feudal não poderia casar-se com os
filhos de outros camponeses que não fosse do mesmo senhor feudal,
evitando assim a escassez de mão de obra e garantido seu domínio e sua
produção agrícola.
“Se uma viúva desejasse se casar novamente deveria pagar uma multa ao seu
senhor, segundo constatamos deste registro inglês datado de 1316, referente à viúva
de um arrendatário: O rei a todo quem etc. Saudação. Sabei que por uma multa de
100 Xelins que... nos foi pago por Joan ex-mulher de Simon Darches, falecido, a que
consideramos a honra das terras Wallingford, damos a licença à mesma Joan para se
casar com quem deseje, desde que nos esteja sujeito”. (HUBERMAN, Leo, História
da riqueza do homem, ed. Zahar editores, 1983).
Esse era um dos deveres que o camponês deveria cumprir e ate mesmo pagar pela
libertação do seu senhor caso necessário.
A igreja medieval foi a maior detentora de terras, pois os reis e os nobres com
esperança de chegarem a Deus doavam terras, fazendo com que em pouco tempo a
igreja aumentasse seu numero de terras, passando a ser um dos principais proprietários
de terras.
A igreja aumentou pulsivamente o seu domínio, pois estabelecera 10% sobre a renda de
seus fieis, através do dizimo.
Os camponeses humildemente pagavam tal taxa, na esperança de ganhar o céu e com
isso a igreja crescia enormemente e economicamente superando sua importância
espiritual.
3. A Relação entre Trabalho e Produção de Riqueza.
Até o final do século X, não havia a necessidade de uma produção de
excedentes, pois nesta época não havia a circulação de moedas no comercio, devido
quase todos os produtos serem retirados da terra nos campos feudais, apartir do século
XI o comércio avançou muito com o inicio das cruzadas. Milhares de europeus
Cruzavam continentes atrás da conquista da terra prometida, e ao retornarem surgiu a
necessidade do consumo de produtos ocidentais, os senhores feudais já não se
contentavam com o que tinham e queriam mais, roupas requintadas jóias, e ate
temperos diferentes vindo do ocidente, desta forma era necessário começar a circular
algum produto de troca, e como não havia mercado para moedas a principio começou a
se produzir muito a fim de acumular aquele produto para que servisse de moeda de
troca para outro produto.
Bibliografia.
PIRENNE, Henri. Historia Econômica e Social da Idade Média. 1973 São Paulo:
ed. Mestre Jou.
GOFF, Jacques Lê. A Bolsa e a Vida. 1986 São Paulo: ed Brasiliense.
HUBERMAN, Leo. Historia da Riqueza do Homem. 1983 São Paulo: ed
Zahar Editora.
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