UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL Disciplina: SEMINÁRIOS APLICADOS CARACTERÍSTICAS GENÉTICAS E DE PATOGENICIDADE DAS SALMONELAS COM ÊNFASE NA Salmonella enterica serovar SCHWARZENGRUND Polyanna da Silva Ferreira Orientadora: Prof. Dr. Maria Auxiliadora Andrade GOIÂNIA 2013 ii POLYANNA DA SILVA FERREIRA CARACTERÍSTICAS GENÉTICAS E DE PATOGENICIDADE DAS SALMONELAS COM ÊNFASE NA Salmonella enterica serovar SCHWARZENGRUND Seminários apresentado junto à Disciplina de Seminários Aplicados do Programa de PósGradução em Ciência Animal da Escola de Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Goiás Nível: Doutorado Área de Concentração: Sanidade Animal, Higiene e Tecnologia de Alimentos Linha de Pesquisa: Etiopatogenia, epidemiologia, diagnóstico e controle das doenças infecciosas e parasitárias dos animais Orientadora: Prof. Dr. Maria Auxiliadora Andrade – EVZ/UFG Comitê de Orientação Prof. Dr. Iolanda Aparecida Nunes – EVZ/UFG Prof. Dr. Marcos Barcellos Café – EVZ/UFG GOIÂNIA 2013 iii SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 1 2 REVISÃO DE LITERATURA .............................................................................. 2 2.1 Salmonella sp ................................................................................................. 2 2.2 Ocorrência de Salmonella sp ........................................................................ 5 2.3 Imunidade das aves ....................................................................................... 6 2.4 Patogenicidade ............................................................................................... 7 2.5 Genes de Virulência ....................................................................................... 8 2.6 Pulorose e tifo aviário .................................................................................. 13 2.7 Salmonella enterica serovar Schwarzengrund .......................................... 14 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 20 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 21 1 INTRODUÇÃO O interesse por bactérias do gênero Salmonella está relacionado com complexa epidemiologia, patogenicidade, capacidade invasiva, serovares multirresistentes a vários antimicrobianos, genes de virulência e escassez de dados que determinem a real significância de genes de resistência transferíveis à cadeia alimentar do homem. Salmonelas têm sido isoladas de surtos em animais e humanos, bem como de rações, carcaças de animais, cama de frango e vetores como cascudinhos, baratas e roedores (BEHRAVESH, et al., 2010). O impacto desse agente na saúde pública e animal apresenta grande importância. Salmonella enterica subespécie enterica serovar Schwarzengrund tem sido identificada em vários lugares do mundo, associada com infecção de aves e toxinfecção em seres humanos, isolada de diferentes amostras, e vem apresentando elevada resistência a vários antimicrobianos de interesse na saúde humana e animal (CHEN, et al., 2010; CHEN et al., 2012; SASAKI et al., 2012). No Brasil, várias salmonelas têm sido isoladas nas diferentes regiões do país, dentre elas Salmonella enterica servoar Schwarzengrund vem sido associada com contaminação de alimentos destinados ao consumo humano no estado do Mato Grosso do Sul (BONI et al., 2011) e estão sendo isoladas na Universidade Federal de Goiás em amostras oriundas de pombos, aves silvestres e frangos de corte (OLIVEIRA et al., 2013); o que aumenta o interesse nos estudos relacionados a patogenicidade, resistência a antimicrobianos e genes de virulência desta bactéria. As contaminações de produtos alimentares por Salmonella sp. são um desafio para cadeia produtiva e um risco potencial de transferência de resistência a antimicrobianos dos animais aos humanos. Com isto, esta revisão abordará genes de virulência relacionados à capacidade invasiva bacteriana, ocorrência e resistência à antimicrobianos da Salmonella Schwarzengrund. 2 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 Salmonella sp. O gênero Salmonella recebeu essa denominação em homenagem ao seu descobridor, Daniel Elmer Salmon (1850-1914), que foi o primeiro médico veterinário e microbiologista a visualizar uma bactéria do gênero, a Salmonella enterica serovar Choleraesuis (SAIF et al., 2008). As bactérias desse gênero são pertencentes à família Enterobacteriacea. Possuem a forma de bastonetes, não formam esporos, apresentam coloração negativa em Gram, são anaeróbios facultativos, oxidase negativa e a maioria dos serovares apresentam motilidade; os serovares imóveis são Salmonella enterica serovar Gallinarum e Salmonella enterica serovar Pullorum (SILVA et al., 2007). Estes dois serovares imóveis podem ser diferenciados dos demais pela ausência do antígeno flagelar (H) detectado no antissoro poli H ou pelo resultado negativo no teste de motilidade (BACK, 2010). Bioquimicamente são fermentadoras de glicose, manose e dulcitol, produzem ácidos (H2S) e gás, não fermentam a lactose nem a sacarose, não produzem urease nem indol e utilizam o citrato (SILVA et al., 2007; BROOKS et al., 2009). Crescem em temperatura entre 7°C e 45°C, embora a temperatura ótima de crescimento seja entre 35°C e 37°C. Crescem em pH entre 4,5 e 9,0, sendo o pH ótimo de crescimento entre 6,5 e 7,5. Sobrevivem a longos períodos de congelamento e desidratação, quando em presença de matéria orgânica (HOLT et al., 1994; GRIFFITH et al., 2006). Baseado na hibridização do DNA e nas características eletroforéticas com enzimas multilocus, o gênero Salmonella foi dividido em duas espécies: Salmonella bongori e Salmonella enterica, sendo essa última dividida em seis subespécies ou grupos (enterica, salamae, arizonae, diarizonae, houtenae e indica), designados por algarismos romanos, os quais são subdividas em aproximadamente 2610 serovares baseado na tipagem dos antígenos somáticos (O) presentes na parede celular, dos antígenos flagelares 3 (H) e dos antígenos capsulares (Vi) presentes no envelope celular, conforme a classificação de Kaufmann-White (Quadro 1) (JAY, 2005; FERREIRA & CAMPOS, 2008; AGBAJE et al., 2011). A atualização dessa classificação é realizada, sempre que necessária, pelo Centro Colaborador da Organização Mundial da Saúde para Referência e Pesquisa em Salmonella (WHO-Salm), do Instituto Pasteur (GUIBOURDENCHE et al., 2010; CDC, 2013). QUADRO 1 – Alguns dos serovares de Salmonella sp. classificados conforme a tipagem do antígeno somático e listados nos grupos A ao U Salmonella Grupo A Paratyphi A Kiel Nitra Koessen B Heidelberg Agona SaintPaul Derby C Infantins Paratyphi C Choleraesuis Montevideo D Dublin Panama Typhi E Give Anatum Meleagridis Orion F Herzliya Missouri Senegal Yehuda G Havana Poona Bristol Roodepoort H Royan Poano Surat Madelia I Malakal Hannover Brazil Heron J Lancaster Kirkee Bignoma Berlin K Cerro Aarhus Memphis Troy L Minnesota Gambaga Good Keve M Dakar Wedding Pomona Ona N Urbana Neudorf Zaire Ago O Adelaide Yolo Gassi Anecho P Willamette Korovi Echa Mango Q Logone Mara Hofit Delan R Salina Duval Athens Tilene S Waycross Egusi Vietnam Verona T Orbe Kampala Maricopa Waral U Berkeley Graz Montreal Orleans Enteritidis Fonte: Adaptado de GRIMONT &WEILL (2007) 4 Na sanidade avícola e na saúde pública, os serotipos somáticos mais importantes são B e D. No grupo D estão incluídos os serovares Pullorum, Gallinarum e Enteritidis. No grupo B estão incluídos os serovares Typhimurium e Schwarzengrund (BACK, 2010) cuja estrutura antigênica está demostrada no Quadro 2. QUADRO 2 – Estrutura antigênica de alguns serovares de interesse na sanidade avícola e na saúde pública e pertencentes ao grupo B e D Antígeno Sorotipo Grupo Salmonella O H D 1,9,12 - D 1,9,12 - D1 1,9,12 g,m,1,7 B 1,4,5,12 i, 1,2 B 1,4,12,27 d, 1, 7 Pullorum Salmonella Gallinarum Salmonella Enteritidis Salmonella Typhimurium Salmonella Schwarzengrund Fonte: GRIMONT &WEILL (2007) A Salmonella enterica serovar Pullorum e a Salmonella enterica serovar Gallinarum contem os antígenos somáticos (O) 1, 9 e 12 1, 122 e 123 e não contém antígenos flagelares (CHRISTENSEN et al., 1993). A cepa padrão de Salmonella Pullorum contêm maiores quantidade de antígeno 12 3 e pouca quantidade de antígeno 122, sendo esta última mais utilizada no preparo de antígenos para o teste da pulorose em placa (BERCHIERI JÚNIOR & FREITAS NETO, 2009). O antígeno somático (O) foi inicialmente designado por letras do alfabeto, porém, como estas não foram suficientes para classificação dos grupos, eles passaram a ser classificados com números e as letras são mantidas entre parênteses, por exemplo O:4 (B) e O:18 (K), porém, a tendência 5 é de não manter a designação por letras. Os serotipos são divididos em grupos conforme a presença de semelhanças gênicas, por exemplo, o grupo O:27 é constituídos pelas bactérias que contem o gene wzy α(1-6) localizado no antígeno O do cromossomo bacteriano (GRIMONT & WEILL, 2007). Pelas normas do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (Center for Disease Control and Prevention - CDC), as formas corretas de nomenclatura do gênero são Salmonella enterica; Salmonella enterica serovar Schwarzengrund ou S. enterica ser. Schwarzengrund. Não é aceita a abreviação do gênero sem a especificação da espécie, como visualizado em algumas referências presentes na literatura, por exemplo, S. Schwarzengrund (CDC, 2013). Serovares de Salmonella enterica possuem considerável similaridade genética, porém os hospedeiros acometidos, as enfermidades ocasionadas por eles e os sinais clínicos podem ser diversos. Existe Salmonella sp. altamente adaptadas aos humanos, altamente adaptadas aos animais e zoonóticas, ou seja, parasitam homens e animais. Por exemplo, Salmonella Typhimurium e Salmonella Enteritidis são serovares invasivos não adaptados ao hospedeiro, podendo afetar aves, suínos, equinos, roedores, humanos, ovinos e bovinos e podem ocasionar desde infecções assintomáticas, diarreias leves, doenças sistêmicas graves a mortalidade. Salmonella Dublin e Salmonella Choleraesuis são serovares não invasivos e não adaptadas ao hospedeiro, podendo infectar humanos e animais. Salmonella Gallinarum e Salmonella Pullorum são serovares invasivos, altamente adaptados às aves sem grande comprometimento intestinal, porém podem ocasionar doença sistêmica severa e a morte do animal (PORWOLLIK & McCLELLAND, 2003 & BERCHIERI JÚNIOR et al., 2009). 2.2 Ocorrência de Salmonella sp. A salmonelose é ocasionada por diferentes serovares de Salmonella enterica subespécie enterica, acometendo diferentes espécies de animais e os humanos, sendo considerado um dos principais causadores de toxinfecção alimentar em humanos. Vários serovares de paratifo aviário foram relatados na 6 literatura como causadores de salmonelose em aves e toxinfecção em humanos: Um estudo realizado na região nordeste do estado de São Paulo analisou amostras de frangos, sendo 45 de carcaças, 60 de carnes mecanicamente separadas, 25 de linguiças de frango, 20 de peitos e 15 de coxas e sobrecoxas, obtendo resultados positivos para Salmonella sp. em seis (13,3%) das amostras de carcaças, 15 (25%) de carnes mecanicamente separadas, quatro (16%) de linguiças, seis (30%) de peitos e duas (13,3%) de coxas e sobrecoxas analisadas, evidenciando assim o risco potencial destes alimentos para o consumo humano (CARVALHO & CORTEZ, 2005). Em São Paulo, um estudo realizado com 806 suabes de arrasto provenientes de granjas de frango de corte, coletados durante os anos de 2005 e 2007, apresentaram 22 (2,7%) amostras positivas para Salmonella sp., sendo os serovares isolados: 11 (50%) Salmonella enterica serovar Give, quatro Salmonella enterica subespécie enterica – cepa rugosa, duas (9,1%) Salmonella Enteritidis, duas Salmonella Infantins, uma Salmonella Kentucky, uma Salmonella Rissen e uma Salmonella Senfterberg (ANDREATTI FILHO et al., 2009). 2.3 Imunidade das aves O sistema imune das aves é formado pelos órgãos linfoides centrais (bursa de Fabrícius e timo), órgãos linfoides periféricos (baço, medula óssea, glândula de Harder), tecidos linfoides associados ao sistema digestório (GALT) e tecidos linfoides associados ao sistema respiratório (BALT) (MORGULES, 2005). A bursa é um divertículo da região dorsal média do proctodedum (parte distal da cloaca). É uma estrutura exclusiva das aves, constituída internamente de pregas de diferentes tamanhos, o lúmen interno é delimitado por um epitélio cúbico e possui folículos linfoides, que são a principal estrutura onde ocorrem fases importantes do desenvolvimento dos linfócitos B. O timo é um órgão linfo-epitelial responsável pelo desenvolvimento e amadurecimento dos linfócitos T. Durante a fase embrionária e após a eclosão, os linfócitos B e 7 T migram dos órgãos linfoides centrais para as regiões linfoides periféricas (MONTASSIER, 2009). Segundo o mesmo autor o baço é dividido em polpa vermelha (constituída de sinusóides contendo sangue e tecido linfoide difuso) e polpa branca (constituída de tecido linfoide mais denso) que formam o tecido linfoide periarterial onde predominam as células T. A Glândula de Harder está localizada atrás do globo ocular e é constituída de acúmulo de tecido linfoide. Os tecidos linfoides do sistema digestivo (GALT) compreendem as placas de Peyer, tonsilas cecais e a Bursa de Fabricius, que são órgãos capazes de captarem antígenos presentes na luz intestinal e estimular células B e T, as quais são responsáveis pelo desenvolvimento da imunidade geral e específica. Estas células são precursoras de IgA que bloqueiam os receptores e diminuem a quantidade de bactérias na luz intestinal (JIN et al., 1998). As aves possuem dois tipos de resposta do sistema imune que são resposta imune inata, representada pelos macrófagos e heterofilos, e resposta imune adquirida, que se subdivide em imunidade passiva (transferência de anticorpos de uma ave imunizada para outra, por exemplo, da matriz para o pintinho) e imunidade ativa (exposição da ave aos antígenos). A bursa de Fabricius é responsável pelo controle da imunidade humoral secretando anticorpos pelos linfócitos B (ABBAS & LICHTMAN, 2005). 2.4 Patogenicidade As salmonelas são ingeridas, seguindo o caminho normal do trato gastrointestinal, implantam-se preferencialmente no intestino grosso, onde colonizam as placas de Peyer e atravessam a barreira intestinal com o auxílio das células epiteliais especializadas (células M) (MARCUS et al., 2000). Quando as bactérias penetram no epitélio intestinal estimulam os receptores destas células (toll-like receptor 5) que possuem a função de desencadear a produção de citocinas pró-inflamatórias (IL-1, IL-6 e IL-8). A ação conjunta dos macrófagos, heterofilos e das citocinas configura a resposta imune inata das aves, auxiliando na prevenção da infecção sistêmica e estimulando a resposta imune ativa (BERCHIERI JÚNIOR & FREITAS NETO, 2009). 8 Ao serem fagocitadas pelos macrófagos, as cepas virulentas de Salmonella possuem genes que são capazes de favorecer sua sobrevivência dentro dos macrófagos, no interior dos órgãos das aves, em situações com baixas concentrações de íons Mg2+, além de possibilitarem resistência aos antimicrobianos (TERZOLO, 2011b). As bactérias podem permanecer localizadas no trato gastrointestinal, ocasionando gastroenterites, ou generalizar, atravessando a mucosa intestinal, sendo fagocitadas pelos macrófagos e pelos fagócitos polimorfonucleares, colonizando os órgãos linfóides e se multiplicando no sistema mononuclear fagocitário, podendo atingir o fígado e baço, sendo carreadas pelos macrófagos ocasionando septicemia e morte do hospedeiro (KOVARZ et al., 1994; VAN IMMERSSEL et al., 2005). Após serem infectadas, as aves podem ser portadoras do agente por período indeterminado, excretando intermitentemente a bactéria, a qual pode permanecer viável, por longos períodos, no interior dos macrófagos e das células do sistema mononuclear fagocitário (TERZOLO, 2011a). Segundo o mesmo autor, a quantidade de lisozima presente em alguns tecidos das aves pode ocasionar a remoção total da parede bacteriana, formando um “protoblasto”, ou remoção parcial, formando um “esferoblasto” (forma L). Esta membrana bacteriana em “forma L” é semelhante à membrana das células hospedeiras, o que dificulta sua detecção pelas células do sistema imune do animal. Esta “forma L” também não é detectada nos exames bacteriológicos, dificultando assim seu isolamento e identificação. Ao seguir pela via oral, Salmonella sp. é exposta a alguns mecanismos de defesa do organismo hospedeiro como suco gástrico, bile, redução da tensão de oxigênio, flora intestinal, peristaltismo e resposta do sistema imune. Este ambiente hostil induz a expressão de genes de virulência bacterianos, os quais são essenciais para a invasão e sobrevivência das salmonelas no interior das células hospedeiras (BERCHIERI JÚNIOR & FREITAS NETO, 2009). 2.5 Genes de Virulência 9 A estrutura bacteriana é constituída por uma única célula, cápsula, parede celular, plasmalema, citoplasma, flagelo, fímbrias, plasmídeo, cromossomo e ribossomos (QUIN et al., 2005). Os fatores de virulência podem ser codificados integralmente no cromossomo bacteriano, como os da Salmonella enterica serovar Typhi, ou uma parte destes fatores pode ser codificada no cromossomo e parte no plasmídeo bacteriano, como os da Salmonella enterica serovar Typhimurium (KOVARZ et al., 1994). Dentre os fatores de virulência encontrados nas bactérias desse gênero existem as fímbrias ou pilli comumente encontrados na fase inicial da infecção (NAUGHTON et al., 2001). As fímbrias são mecanismos de defesa constituídos de estruturas protéicas responsáveis pela aderência da bactéria à superfície celular. Esta aderência é essencial para patogenicidade da bactéria e a interação bactéria-hospedeiro. As fímbrias são capazes de formar biofilmes e possuem tropismo por um tipo celular ou por células de uma espécie animal em particular (GIBSON et al., 2007). Em salmonelas já são descritos 20 operons fimbriais, além do operon da fímbria do tipo IV. Dentre os operons existe o gene lpf, que produz fibras mais longas que aquelas fibras localizadas nas células bacterianas. Este gene pode estar associado com a adesão da fímbria as placas de Peyer (BÄUMLER et al., 1996a), além de conferir imunidade cruzada entre os serotipos de Salmonella sp. (BÄUMLER et al., 1996b). O operon agf codifica a fímbria SEF17 ou Tafi, que atua na formação da matriz extracelular (atua na agregação multicelular bacteriana), formação de biofilmes, resistência bacteriana, aderência, invasão em células eucarióticas e resposta pró-inflamatória (GIBSON et al., 2007). Nas aves, os operons fimbriais das salmonelas não possuem um papel bem conhecido, porém, podem estar relacionados com a aderência específica de cada serotipo a determinado hospedeiro (LIBBY et al., 2004). Na Salmonella Schwarzengrund é conhecido o operon fimbrial bcfC (CHEN et al., 2012; SUEZ et al, 2013). Alguns serovares possuem vários tipos de fímbrias descritos, como Salmonella enterica serovar Enteritidis, que possui três diferentes tipos se fímbrias descritas. Os genes sefA, sefB e sefC localizados na região 3,9 kb de 10 um fragmento com 5,3 kb do DNA bacteriano da Salmonella Enteritidis codificam a fímbria SEF14. O gene sefA está associado com a capacidade de codificar novos filamentos de fímbrias associados à subunidade estrutural da fímbria SEF14. Os genes sefB e sefC são capazes de codificar proteínas homólogas às encontradas na Escherichia coli e na Klebsiela pneumoniae, codificam proteínas fimbriais, periplasmáticas e chaperonas. Análises in vitro realizadas em um fragmento de DNA com 5,3 kb identificaram que sefA, sefB e sefC possuem aproximadamente 14.000, 28.000 e 90.000 Mr proteínas respectivamente. Também é conhecido que sefB e sefC não são expressas na ausência de sefA (CLOUTHIER et al., 1993). Salmonella enterica serovar Typhimurium possui genes capazes de codificar quatro diferentes tipos de fímbrias. O gene fimAICDHF codifica a “fímbria do tipo 1” que é morfologicamente semelhante e antigenicamente distinta da fímbria tipo 1 da Escherichia coli. Esta fímbria se liga especificamente aos receptores de D-manose em vários tipos de células eucarióticas, portanto, a ligação de bactérias com fímbrias do tipo 1 em células eucarióticas pode ser inibida in vitro pela adição de D-manose. Na Salmonella Typhimurium a ligação da fimZ com fimA é indispensável para expressão de fimA. Esta fímbria, in vitro, promove a adesão às células HeLa, não exercendo o mesmo papel em outros cultivos celulares como em células de linhagem humanas (HEp-2, T84 e Int-407) ou células de linhagem canina (DARWIN & MILLER, 1999). Na Salmonella Schwarzengrund foi descrito a existência de fimA e fimH (SUEZ et al., 2013). Segundo esses mesmos autores, o gene lpfABCDE produz “fímbrias polar longas” em Salmonella Typhimurium, cuja função é promover a adesão as placas de Peyer. Estas fímbrias não foram identificadas em outras Enterobacteriaceas, sugerindo que esta Salmonella possa ter adquirido esse gene durante o processo de evolução, visto que o mesmo gene é encontrado nas E. coli. As “fímbrias plasmidiais” ou “fímbrias codificadas por plasmídios” são presentes na Salmonella Typhimurium, Salmonella Choleraesuis, Salmonella Paratyphi C e Salmonella Enteritidis e são determinantes na infecção sistêmica após ingestão bacteriana. Estes plasmídios possuem regiões spv (do inglês “Salmonella plasmid virulence”) que promovem a adesão 11 às células do baço e regiões rck (do inglês “resistance to complement killing”) cujo papel nessa Salmonella ainda não foi definido. De acordo com a mesma fonte, as “fimbrias finas agregativas” estão presentes tanto em Salmonella Typhimurium quanto em Salmonella Enteritidis e são codificadas pelos gene agfBAC, que formam um rede multicelular rígida no interior da colônia bacteriana, o que é denominado de rdar. Este fenótipo rdar é observado quando as bactérias são cultivadas em condições ambientas favoráveis ao desenvolvimento bacteriano. Alguns genes de virulência se encontram em grandes regiões de cromossomo, as quais são formadas por complexos de genes denominados de “ilhas de patogenicidade de Salmonella” (IPS), ou “Salmonella patogenicity islands” (SPI). Estas ilhas possuem de 10.000 a 200.000 pares de base, apresentam características próprias e possuem pelo menos um gene associado à virulência bacteriana (VIEIRA, 2009). Existem 17 SPI descritas nos serovares de interesse veterinário sendo que os mais conhecidos são SPI-1, SPI-2, SPI-3, SPI-4 e SPI-5. A SPI-1 está presente em todos os serovares de Salmonella e codifica as “microseringas”, também denominadas de “sistema de secreção do tipo três” (SSTT), cuja função é transportar proteínas bacterianas para o interior da célula do hospedeiro, promovendo um rearranjo do citoesqueleto celular, o que possibilita a entrada da bactéria no interior das células hospedeiras (BERCHIERI JÚNIOR & FREITAS NETO, 2009). Os genes de virulência avrA, sprB, orgA, prgH, hilD, hilA, iagB, sitA, sptP, sipA, sipB, sipC, sipD, spaS, spaN, invL e invA são encontrado na região SPI-1 da Salmonella Schwarzengrund (SUEZ et al., 2013). A SPI-2 produz outro tipo de SSTT (quando a bactéria está no interior dos fagossomos) e promove a inativação da enzima NADPH-oxidase, favorecendo a sobrevida bacteriana (BERCHIERI JÚNIOR & FREITAS NETO, 2009). Os genes de virulência ssrB, ssaB, spiA, sseC, sseF, sseG e ttrC são encontrados nesta ilha de patogenicidade da Salmonella Schwarzengrund (SUEZ et al., 2013). A SPI-3 possui o gene mgtC, que permite a sobrevida bacteriana no interior dos vacuólos de fagocitose, onde há baixas concentrações de Mg2+ e pH ácido. A SPI-4 codifica o “sistema de secreção do tipo um”, cuja função é 12 secretar toxinas. A SPI-5 codifica proteínas relacionadas com a secreção fluida e a reação inflamatória da mucosa intestinal (BERCHIERI JÚNIOR & FREITAS NETO, 2009). Na região SPI-3 da Salmonella Schwarzengrund estão presentes os genes misL, marT e mgtC, na SPI-4 são descritos os genes siiD, siiE e siiF e na SPI-5 existem os genes pipA, pipB, pipD e sopB (SUEZ et al., 2013). As demais ilhas de patogenicidade ainda são pouco conhecidas, requerendo mais estudos objetivando um maior conhecimento de suas funções, porém, é conhecido que SPI-17 atua na produção da cápsula de polissacarídio Vi da Salmonella Typhi, além de proteger a bactéria dos mecanismos de resposta imune inata e mediada por anticorpos do hospedeiro (FERREIRA & CAMPOS, 2008). As SPI-11 e SPI-13 possibilitam a permanência das bactérias no interior dos macrófagos (SHAH et al., 2005). Os genes de virulência pagD, pagC, pltA, pltB e cdtB, estão presentes na SPI-11 da Salmonella Schwarzengrund (SUEZ et al., 2013). O operon invABC está localizado nas ilhas de patogenicidade e atua na invasão de células epiteliais cultivadas in vitro (GALAN, 1999). O gene invA está localizado na região SPI-1 e é considerado o gene alvo para a detecção de bactérias do gênero Salmonella pela técnica da reação em cadeia de polimerase (PCR), visto que está conservado em todos os serovares (WHANG et al., 2009). Este gene é essencial para que alguns serovares, como Salmonella Typhimurium, penetrem nas células epiteliais do intestino, por intermédio das células M (CLARK et al., 1998). O gene hilA (“hiper invasibility”), presente na Salmonella Schwarzengrund, é responsável pela regulação de genes associados com a invasão celular e a indução de apoptose pelos macrófagos (BAJAJ et al., 1995), sendo considerado o mais importante gene associado com o processo de invasão celular (VAN IMERSEEL et al., 2008). Este gene se liga aos genes invF e prgH, ativando o sistema de secreção do tipo III e o gene invF, o qual ativa a IP-1 e os genes que regulam a atividade da IP-4 (KEERSMAECKER et al., 2005). Esse gene pode ter sua expressão afetada por fatores celulares como tensão de oxigênio, osmolaridade, pH e concentração de nutrientes (BAJAJ et al., 1996). O SSTT III atua carreando proteínas da bactéria ao citoplasma da célula hospedeira, onde estas proteínas exercem uma reorganização da actina, 13 facilitando o processo de endocitose bacteriano (GALAN, 2000). A proteína AvrA (“Avirulence”) é produzida pelo SSTT III. O gene avrA está localizado na IP1 e possui a função de induzir a apoptose celular (ZHANG et al., 2002). O gene sopE codifica a proteína SOP que estimula deformações na parede celular, facilitando a invasão bacteriana (MIRMOMENI et al., 2008). No interior da célula hospedeira, esta proteína ativa os sistemas Cdc42 e Rac que promovem um rearranjo do citoesqueleto de actina e a produção de citosinas pré-inflamatórias que facilitam a entrada bacteriana (GALAN, 1999). Algumas salmonelas (Salmonella Pullorum, Salmonella Gallinarum, Salmonella Enteritidis, Salmonella Typhimurium, Salmonella Dublin e Salmonella Colerasuis) possuem genes plasmidiais como o spv (“Salmonella Plasmid Virulence”) que auxilia na colonização de órgãos como o baço e o fígado (WOODWARD et al., 1989). Existem salmonelas que podem trocar grupos de cromossomos entre si, conferindo-lhes vantagens seletivas como resistência bacteriana. Os genes produzidos por estes cromossomos ficam em regiões específicas, denominadas ilhas genômicas (SOLNICK & YOUNG, 2002). Dependendo da função exercida, estas ilhas podem ser designadas como “ilhas de patogenicidade” (IPS), “pathogenic islands” (PAI’s), “ilhas de simbiose”, “ilhas de resistência” ou “ilhas metabólicas”, sendo que algumas dessas podem ser encontradas em bactérias não patogênicas (HENTSCHEL & HACKER, 2001). 2.6 Pulorose e tifo aviário Quando ao genoma, Salmonella enterica serovar Gallinarum possui 4659 Mpb e 309 pseudogenes, e Salmonella enterica serovar Enteritidis possui 4686 Mpb e 113 pseudogenes, evidenciando assim que embora a Salmonella Gallinarum possua um menor número de pares de base, esta bactéria possui maior número de pseudogenes comparado ao da Salmonella Enteritidis e a de outras salmonellas como Salmonella enterica serovar Typhi que possui 204 pseudogenes e Salmonella enterica serovar Typhimuirum que apresenta 25 pseudogenes (THOMSON et al., 2008). Essa presença reduzida de genes da Salmonella Gallinarum é um possível indicativo de que a sobrevida no interior dos macrófagos infectados 14 requer menos genes para instalação da infecção sistêmica do que para produção de doença entérica. Com isso espera-se que a Salmonella Pullorum também possua um menor número de genes (OSMAN et al, 2009). Os dois serovares (Pullorum e Gallinarum) possuem mutações nos genes glgA e glgB, o que pode estar associado com a incapacidade desses serovares em produzirem glicogênio. A produção de glicogênio está associada com a capacidade invasiva de outras bactérias do gênero Salmonella, visto que esta reserva energética é utilizada na produção de biofilmes pela Salmonella Enteritidis e permite a sobrevivência bacteriana em condições de restrição de nutrientes (McMEECHAN et al., 2005). Salmonella Gallinarum possui uma mutação no gene speC que poderia explicar sua incapacidade de descarboxilar a ornitina. Esta mesma Salmonella possui mutação no gene bcsG, o qual, assim como os genes anteriormente citados, também está associado com a formação de biofilmes na Salmonella Enteritidis. Esta mutação pode ser um dos fatores relacionados à baixa sobrevivência da Salmonella Gallinarum fora do hospedeiro (THOMSON et al., 2008). Salmonella Gallinarum possui o gene fliC responsável pela expressão da flagelina, porém este serovar apresenta cinco mutações nos genes cheM, flhA, flhB, flgK e flgI distribuídos em dois locos gênicos, os quais estão envolvidos na síntese da estrutura flagelar. Como resultado dessa ausência flagelar, tanto Salmonella Gallinarum quanto Salmonella Pullorum são imóveis (IQBAL et al., 2004). 2.7 Salmonella enterica serovar Schwarzengrund O serovar Schwarzengrund há alguns anos vem adquirindo significativa importância no cenário mundial, em função da sua crescente prevalência associada com surtos de toxinfecção humana, recirculação do serovar na cadeia animal e humana, além dos possíveis riscos associados à resistência antimicrobiana e a significância de genes de resistência transferíveis à cadeia alimentar humana. Este serovar foi relatado em diversos países e alguns destes relatos serão abordados a seguir. 15 Em março de 1952, foi constatada diarreia severa e enterite leve em perus de nove dias de idade em uma fazenda com 13 mil perus no sul de Indiana (EUA). Em dez semanas estas aves apresentaram elevada mortalidade (217, 327, 117, 93, 28, 14, 14, 12 e 14 por semana). Este foi considerado o segundo caso de isolamento de Salmonella enterica serovar Schwarzengrund (HENDERSON, 1952). Foram coletadas e analisadas 336 amostras de conteúdo cecal de frangos de corte, as quais foram positivas para Salmonella sp., sendo identificados oito serovares, que são Salmonella Blockey (72%), Salmonella Hadar (17,90%), Salmonella Bredeney (4,5%), Salmonella Schwarzengrund (2,7%), Salmonella Anatum 1,2%), Salmonella Enteritidis (0,9%), Salmonella Ohio (0,6%) e Salmonella Livingstone (0,3%). Posteriormente, foram realizadas análises nas aves da mesma propriedade e estes mesmos serovares foram identificados. Salmonella Typhimurium e Salmonella Enteridis foram isoladas também em amostras de casca de ovo coletadas no incubatório que fornecia os pintinhos à propriedade (LIMAWONGPRANNE et al., 1999). Na Tailândia foram analisadas amostras positivas para Salmonella sp., as quais foram coletadas entre os anos de 1993 e 2002. Destas amostras 44.087 foram isoladas de humanos e 26.148 foram isoladas de outras fontes. Os resultados da pesquisa evidenciaram um aumento dos casos de toxinfecção alimentar associada à Salmonella enterica serovar Schwarzengrund em humanos (BANGTRAKULNONTH et al., 2004). Estudos realizados em um abatedouro frigorífico utilizando 174 suabes coletados das penas de perus antes da depenagem e de sua respectiva carcaça após a depenagem, bem como suabes da água do “chiller” e dos “dedos” da depenadeira evidenciaram que Salmonella sp. pode ser transferida das penas à carcaça das aves e que este mecanismo pode ser favorecido pela bactéria que fica retida nos dedos e na água da depenagem, contaminando assim a carcaça. As salmonelas isoladas neste estudo foram Salmonella Schwarzengrund, Salmonella Hadar, Salmonella Muenster, Salmonella Tyhimurium, Salmonella Heidelberg e Salmonella Bredeney (NDE et al., 2007). Na região central de Mato Grosso do Sul, foram realizadas análises com 134 suabes de cama de aviários de frango de corte e 132 amostras de 16 carcaças de frango, vísceras e água do “chiller” provenientes de abatedouros obtendo como resultado a presença de 11,28% das 257 amostras positivas para Salmonella sp., sendo que 1,95% das amostras positivas eram provenientes do campo e 9,33% eram provenientes do abatedouro. O serovar mais isolado foi Salmonella enterica serovar Schwarzengrund (4,28%), seguidos da Salmonella Typhimurium (1,94%), Salmonella Corvallis (1,55%), Salmonella Enteritidis (1,16%), Salmonella enterica subespécie enterica (O:4,5:-:1,2) (1,16%), Salmonella Senftenberg (0,77%) e Salmonella Livingstone (0,38%) (BONI et al., 2011). Foram analisadas, quanto à resistência a antimicrobianos, 29 amostras de isolados de Salmonella enterica serovar Schwarzengrund, oriundas do Japão. Destas amostras, 19 eram oriundas de frango de corte e 10 eram de carne de frango. Todas as amostras apresentaram resistência a sulfametazina. Apenas uma amostra oriunda de frangos de corte apresentou resistência ao ácido nalidíxico. 11 dos 19 isolados de frango de corte e seis dos dez isolados de dihidroestreptomicina, carne de frango kanamicina, apresentaram oxitetraciclina, resistência trimetropim a e sulfadimetoxina. Também foi evidenciado que a resistência apresentada nas amostras de frango de corte é geneticamente idêntica aos apresentados pela carne de frango (ASAI et al., 2009). Outro estudo realizado no Japão com um número maior de amostras (288 amostras fecais) de isolados de Salmonella sp., de frango de corte coletados entre os anos de 2007 e 2010, detectaram a presença da bactéria em 248 (86,1%) amostras de frangos de corte. Os principais serovares isolados foram Salmonella Infantis, Salmonella Manhattan e Salmonella Schwarzengrund, sendo que Salmonella Infantis foi isolada em todas as regiões analisadas e as demais foram isoladas principalmente na região ocidental do Japão. Estas bactérias apresentaram elevada resistência antimicrobiana a oxitetraciclina (90,2%), dihidrostreptomicina (86,7%) e ampicilina (36,5%), sendo que vários isolados eram multirresistentes. Dos isolados, 26,3% foram resistentes ao ceftiofur, embora esse antimicrobiano seja proibido no Japão (SASAKI et al., 2012). Em Taiwan, foram analisados 798 isolados de Salmonella sp. coletados de amostras clínicas humanas obtidas em vários hospitais e 17 observou-se que 48,5% das amostras eram resistentes à ampicilina, 55,3% ao cloranfenicol, 59% à estreptomicina, 68% ao trimetroprim e 67% à tetraciclina, sendo que algumas cepas como Salmonella Typhimurium, eram resistente aos cinco antimicrobianos. Salmonella Choleraesuis e Salmonella Schwarzengrund apresentaram elevada resistência à fluorquinolona e multirresistência a outros antimicrobianos (LAUDERDALE et al., 2006). Salmonella enterica serovar Schwarzengrund foi isolada em humanos (30 isolados) e em alimentos de origem animal em Taiwan. Foram analisadas 508 amostras de carne de frango obtidas de diferentes mercados tradicionais de Taiwan, coletadas entre os anos de 2000 e 2006. Destas amostras, foram isoladas 228 cepas de Salmonella sp. da carne de frango, representando 30,5% de contaminação na carne crua de frango. No mesmo período foram isoladas 30 cepas de Salmonella sp. de humanos. De todos os serovares isolados, a Salmonella Schwarzengrund representou 39,3% na carne crua e 2,8% em humanos. Estes serovares foram testados quanto à resistência antimicrobiana com 24 diferentes fármacos e apresentaram resistência a vários antimicrobianos, tais como ampicilina, gentamicina, estreptomicina, kanamicina, tetraciclina, ácido nalixidine, trimetoprim de sulfametaxona e cloranfenicol. No estudo concluiu-se que esta resistência pode ser ocasionada pelo uso abusivo de antimicrobianos tanto para humanos quanto para aves, além do fato de haver transmissão do serovar entre humanos e animais (CHEN et al., 2010). Este resultado deve ser considerado quanto ao risco de transferência de genes de resistência à cadeia alimentar humana. Novos estudos realizados em Taiwan, objetivando estudar melhor o serotipo Schwarzengrund, que apresentou multirresistência a vários antimicrobianos, analisaram 173 cepas desta Salmonella isoladas de 417 amostras de carne de frango, coletadas entre os anos de 2000 e 2005 e obtidas de mercados da região. Por meio da utilização da técnica de eletroforese de campo pulsado (PFGE) com a digestão das enzimas Xbal e Avrll obtiveram 23 e 16 padrões respectivamente, os quais, quando combinados apresentaram 47 subtipos, sendo os principais X3A2, X1A2 e X2A1. Tais resultados evidenciaram que o repetido aparecimento de alguns dos principais subtipos das cepas de Salmonella Schwarzengrund isolados nos 18 anos da pesquisa pode ser decorrente da recirculação destas cepas no mercado varejista deste país (CHEN et al., 2011). No mesmo país, foram utilizadas cepas coletadas entre os anos de 2000 e 2006, foram testadas mais 466 cepas de Salmonella enterica serovar Schwarzengrund, sendo 232 isolados de carne de frango e 234 isolados de humanos. Utilizando a técnica em gel de campo pulsado (PFGE) com a utilização da enzima Xbal obtiveram 110 padrões do PFGE, sendo que 21 foram obtidos de isolados comuns de carne de frango e amostras humanas. Como a cepa tipo ACSSXTT-R (de grande preocupação mundial) foi a mais isolada no trabalho (74,5% das amostras), as amostras foram re-analizadas utilizando digestão com enzima Avrll, seguida de PFGE e PCR direcionadas para 10 genes de virulência bacteriana: avrA, ssaQ, mgtC, siiD, sopB, gipA, sodC1, sopE1, spvC, e bcfC. As cepas analisadas apresentam como genes de virulência comum o avrA, ssaQ, mgtC, siiD,sopB e bcfC. Em contraste, nenhuma das amostras apresentou os genes de virulência plasmidial spvC e gipA (CHEN et al., 2012). Em 21 estados dos Estados Unidos, foram analisados durante um período de três anos, 79 pacientes oriundos de um surto e observou-se que as pessoas podiam se contaminar com Salmonella entercia serovar Schwarzengrund quando ingeriam alimentos secos (ração) contaminados com esta bactéria e destinados à alimentação dos animais (cães e gatos). As crianças com até dois anos foram as mais acometidas, representando 48% dos casos de contaminação (BEHRAVESH et al., 2010). Nesse mesmo país, foi realizado um estudo objetivando pesquisar um surto de infecção ocasionado por salmonelas resistentes as fluoroquinolonas em duas casas de repouso e um hospital localizado em Oregon. Foi isolado Salmonella enterica serovar Schwarzengrund entre os anos de 1996 e 1998, de amostras de fezes, urina e feridas cutâneas presentes no corpo dos pacientes. Os isolados apresentaram padrões semelhantes em PFGE (eletroforese de campo pulsão) e mutações no gene gyrA (OLSEN et al., 2001). A resistência desta bactéria às fluoroquinolonas presentes nos alimentos importados foi estudada por Akiyama & Khan (2011) que concluíram que alguns estipes (30 e 487) que eram suscetíveis à ciprofloxacina 19 apresentavam mutações no gene gyrA, enquanto estipes resistentes (75) a este antimicrobiano apresentavam dupla mutação no mesmo gene. A alta resistência a esse fármaco foi relacionada com o aumento da expressão do gene ramA, visto que estirpe 75 apresentava uma deleção de 315 bp no gene ramr, o qual é responsável pela regulação da expressão do gene ramA. A super expressão do gene ramA pode ser relacionada com a perda do gene ramR, o qual diminui a concentração inibitória mínima à ciprofloxacina de 48 para 24 mg/L. Na Tunísia, 37 isolados de Salmonella enterica, oriundos de amostras de carne de aves foram analisadas, detectando elevada resistência (32,4% a 89,2%) à ampicilina, sulfonamidas, tetraciclina, ácido nalidíxico e estreptomicina e menor resistência (2,7% a 18,9%) à amoxicilina, ácido clavulânico, canamicina, amicacina, trimetoprim, sulfametoxazol e cloranfenicol. Todos os isolados apresentaram sensibilidade à ceftazidima, cefotaxima, gentamicina e ciprofloxacina. Alguns isolados de Salmonella Schwarzengrund apresentaram os genes: gacH, dfrA1b, aadA1b, catB2 e o promotor (PcH1TTN-10 registrado no GenBank acesso n° HQ874651) (SOUFI et al., 2012). 20 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS Salmonelas são graves problemas de saúde pública humana e animal, visto que estão associadas com surtos de toxinfecção alimentar humana e infecção animal em todo o mundo. As aves são espécies animais susceptíveis a infecção por vários serovares, o que pode ocasionar mortalidade, perdas produtivas e prejuízos econômicos significativos. As aves possuem vários mecanismos de defesa contra a infecção bacteriana, porém, as bactérias também possuem mecanismo que lhe possibilitam infectar e sobreviver no interior das células dos hospedeiros, ocasionando infecção localizada no trato gastrointestinal ou infecção sistêmica. Salmonella enterica serovar Schwarzengrund está adquirindo importância no cenário mundial, visto que, nos últimos anos esta sendo a bactéria mais associada com casos de toxinfecção alimentar e está sendo isolada de alimentos de origem animal nos países asiáticos. Esta bactéria também está associada a surtos de toxinfecção em humanos em outros países como EUA e foi isolada de produtos animais em algumas regiões do Brasil como no estado de Goiás. O conhecimento sobre os genes de virulência, resistência a antimicrobianos e transferência para à cadeia alimentar pode contribuir para o controle desta bactéria nos sistemas de produção, meio ambiente e cadeia alimentar. 21 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. ABBAS, A.K.; LICHTMAN, A.H. Propriedades gerais das respostas imunológicas. In: Imunologia Celular e Molecular. Rio de Janeiro. ELSEVIER. 5aed. 580p. 2005. 2. AGBAJE, M.; BEGUM, R. H.; OYEKUNLE, M. A.; OJO, O. E.; ADENUBI, O. T.. Evolution of Salmonella nomenclature: a critical note. 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