1 SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE PROTOCOLO MUNICIPAL DE ASSISTÊNCIA INTEGRAL À SAÚDE COLOMBENSE Colombo-PR 2012 DA MULHER 2 EQUIPE GESTORA: Prefeito Municipal José Antônio Camargo Secretária Municipal de Saúde Ivonne Cecília Restrepo Solano Busato Diretora Administrativa da Secretaria Municipal de Saúde Leise Carla D. Ferreira Coordenadora Municipal de Atenção Básica Valquíria Clecy Plucheg Coordenadora de Saúde da Mulher Josiane Lunardon Taverna 3 EQUIPE TÉCNICA: Daniel Ignacio da Silva Daniela de Lima Keretch Danielle de Mello Cherbiski Gisley Nery Ferreira Helena Takatsuji Johnson Helvo Slomp Junior José Sebastião da Silva Neto Juliana Bertolin Gonçalves Osvaldo Tchaikoviski Junior Patrícia Ribeiro Bueno Rosemeire Francisca de Abreu de Oliveira Valquíria Clecy Plucheg 4 AGRADECIMENTOS Aos nossos pacientes usuários, por nos compelirem positivamente no sentido de melhoria das ações e serviços, e a todos os profissionais da rede municipal de saúde de Colombo-PR, citados ou não aqui, que contribuíram direta ou indiretamente para a consecução deste documento. 5 SUMÁRIO 1. APRESENTAÇÃO 2. DIRETRIZES DA ASSISTÊNCIA EM SAÚDE DA MULHER 3. CONSULTA BÁSICA EM SAÚDE DA MULHER 3.1 ANAMNESE 3.2 EXAME FÍSICO 4. PRINCIPAIS AFECÇÕES EM SAÚDE DA MULHER 4.1 DISTÚRBIOS DO CICLO MENSTRUAL 4.2 TENSÃO PRÉ-MENSTRUAL 4.3 CORRIMENTO VAGINAL 4.4 VAGINOSE CITOLÍTICA 4.5 VAGINITES ATRÓFICAS 4.6 CERVICITES 4.7 DOR PÉLVICA 4.8 INCONTINÊNCIA URINÁRIA 5. DIREITO SEXUAL E REPRODUTIVO 5.1 INTRODUÇÃO ÀS DIRETRIZES 5.2 DIREITO REPRODUTIVO 5.3 A POPULAÇÃO ALVO 5.3.1 A POPULAÇÃO DE RISCO 5.4 AÇÕES EM PLANEJAMENTO FAMILIAR 5.4.1 O ACOLHIMENTO 5.5 A ASSISTÊNCIA À PRÉ-CONCEPÇÃO 5.5.1 O ATENDIMENTO À MULHER/CASAL 5.6 A ASSISTÊNCIA À ANTICONCEPÇÃO 5.6.1 CRITÉRIOS DE ELEGIBILIDADE MÉDICA 5.6.2 OS MÉTODOS ANTICONCEPCIONAIS 5.7 ATENDIMENTO DE ENFERMAGEM NO PROGRAMA DE ASSISTÊNCIA À ANTICONCEPÇÃO 5.8 AVALIAÇÃO DAS AÇÕES DE PLANEJAMENTO FAMILIAR 5.9 AÇÕES DO PLANEJAMENTO FAMILIAR 6. PREVENÇÃO E CONTROLE DO CÂNCER DE COLO DE ÚTERO 6.1 INTRODUÇÃO 6.2 PREPARANDO A UNIDADE PARA O ACOLHIMENTO DA MULHER 6.3 CÂNCER DE COLO UTERINO – PROMOÇÃO DE SAÚDE E PREVENÇÃO 6.4 SITUAÇÕES ESPECIAIS 6.5 COLETA DO MATERIAL PARA O EXAME PREVENTIVO DO COLO DO ÚTERO 6.6 NOMENCLATURA BRASILEIRA PARA LAUDOS CITOPATOLÓGICOS CERVICAIS 6.7 TIPOS DA AMOSTRA 6.8 AVALIAÇÃO PRÉ-ANALÍTICA 7 8 10 10 11 13 13 13 15 19 20 20 21 25 26 26 27 27 27 28 30 31 31 33 33 34 69 69 70 71 71 72 74 76 80 82 83 83 6 6.9 ADEQUABILIDADE DA AMOSTRA 6.10 DIAGNÓSTICO DESCRITIVO 6.11 AVALIAÇÃO PRÉ-ANALÍTICA E ADEQUABILIDADE DA AMOSTRA 6.11.1 LAUDO CITOPATOLÓGICO 6.12 NOMENCLATURA BRASILEIRA 6.13 CONDUTAS PRECONIZADAS 6.13.1 RESULTADO NORMAL, ALTERAÇÕES BENIGNAS E QUEIXAS GINECOLÓGICAS 6.14 SEGUIMENTO DE MULHERES SUBMETIDAS AO RASTREAMENTO PARA CÂNCER DO COLO DO ÚTERO 6.15 - SISTEMA DE INFORMAÇÃO DO CÂNCER DE COLO DO ÚTERO – SISCOLO 6.16 - ASSISTÊNCIA EM PATOLOGIA DO COLO UTERINO NA REDE 6.17 ATRIBUIÇÕES PROFISSIONAIS NA PREVENÇÃO E CONTROLE DO CÂNCER DO COLO DE ÚTERO 7. PREVENÇÃO E CONTROLE DE CÂNCER DE MAMA 7.1 – INTRODUÇÃO 7.2 - PREVENÇÃO 7.3- AUTO-EXAME DE MAMA 7.4 - EXAMES COMPLEMENTARES 7.5 - ORGANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA 7.6 – FLUXO 7.7 - TÉCNICA DE EXAME CLÍNICO DAS MAMAS 7.8 - ATRIBUIÇÕES PROFISSIONAIS NA PREVENÇÃO E TRATAMENTO DO CÂNCER DE MAMA 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANEXO 1 - POPULAÇÃO FEMININA DE COLOMBO POR FAIXA ETÁRIA E POR IDADES DE RISCO ANEXO 2 – PROGRAMAÇÃO DE SAÚDE EM SAÚDE DA MULHER ANEXO 3 – CONSULTA DE ENFERMAGEM EM SAÚDE DA MULHER 84 85 89 89 89 93 93 105 106 108 113 118 118 118 119 112 120 123 124 126 129 130 131 134 7 1. APRESENTAÇÃO Este protocolo destina-se às equipes de atenção básica da Secretaria Municipal de Saúde de Colombo e tem por objetivo padronizar os procedimentos necessários para uma assistência adequada à mulher em todas as faixas etárias, visando garantir o atendimento integral e os requisitos básicos para promoção de atitudes e condutas favoráveis ao desenvolvimento da saúde feminina em um contexto de humanização da atenção. A atenção integral à mulher em todos os ciclos da sua vida, infância/adolescência, na gravidez/pós-parto deve incluir ações de prevenção e promoção da saúde, além de diagnóstico e tratamento adequado dos problemas que podem ocorrer neste período, como o câncer de colo do útero e câncer de mama, não podendo ser olvidadas as violências que acometem as mulheres. Deve-se considerar que um serviço resolutivo no atendimento à saúde feminina, deverá ultrapassar os aspectos burocráticos e mudar a forma de acolhimento a gestante e, para isso, é necessário que o profissional esteja capacitado e sensibilizado e, principalmente, que a unidade reorganize seu processo de trabalho e altere o fluxo de atendimento. O acompanhamento da Saúde da Mulher deve ser realizado com a finalidade de atender às necessidades da mulher, obtendo assim, melhores efeitos sobre a sua saúde. O acolhimento requer uma escuta ativa, aberta, sem julgamentos ou preconceitos, e que ofereça segurança e possibilite a esta mulher tranquilidade para gestar e chegar ao parto com informações, cuidado e de forma saudável, o que demonstra ser a atenção integral à saúde feminina a melhor estratégia para a prevenção de mortes maternas, abortamentos, nati-mortalidades, óbitos neonatais e seqüelas de intercorrências ocorridas no ciclo grávido-puerperal assim como de outras afecções que possam atingir o bem estar de nossa população colombense. Ivonne Cecília Restrepo Solano Secretária Municipal de Saúde 8 2. DIRETRIZES DA ASSISTÊNCIA EM SAÚDE DA MULHER O atendimento em Saúde da Mulher exige do profissional uma atenção especial que ultrapassa os limites da especificidade passando por um olhar mais global, com ênfase na prevenção dos agravos e na promoção da saúde integral da mulher, sendo muitas vezes necessário seu encaminhamento para outras especialidades (FLORIANÓPOLIS, 2006 p.5). A consulta ginecológica muitas vezes é palco onde surgem dúvidas e informações íntimas e importantes para a viabilização da atenção integral á saúde da mulher. Nesse sentido a consulta ginecológica, além do conhecimento técnico e científico, requer empatia, confiança e respeito, garantindo o atendimento humanizado e acolhendo a mulher em todos os períodos de mudanças físicas e emocionais do seu ciclo vital (FLORIANÓPOLIS, 2006 p.5). Figura 1 - Fluxograma de Atendimento à mulher na Unidade Básica de Saúde 9 O cuidado à mulher no SUS inicia antes da sua chegada na UBS. Os Agentes de Saúde (ACS) devem estar atentos e preparados para informá-las e encaminhá-las as UBS sempre que surgirem questões relativas à sua saúde, de maneira geral e em especial à saúde sexual e reprodutiva. Chegando à UBS a usuária poderá ser recebida por membro da equipe de saúde ou da recepção. O acolhimento deverá ser realizado pelos profissionais da equipe de saúde da UBS que farão uma escuta qualificada para identificar a demanda da usuária, encaminhála ao serviço ou ao setor específico, aumentando assim a resolubilidade e satisfação (FLORIANÓPOLIS, 2006 p.6). Os profissionais do acolhimento poderão encaminhar a usuária à recepção para agendamento de consulta ou identificar sua chegada para atendimento em consulta já agendada com médico de família ou ginecologista, nas Unidades Básicas de Saúde sem Estratégia de Saúde da Família (UBS sem ESF) ou com enfermeiro. Quando for identificado algum sinal de alerta, poderá ser encaminhada a atendimento de urgência/emergência na própria UBS ou em unidade hospitalar (FLORIANÓPOLIS, 2006 p.6). 10 3. CONSULTA BÁSICA EM SAÚDE DA MULHER Na atenção integral à Saúde da Mulher, o profissional de saúde precisa ter em mente diversos aspectos pontuais da saúde feminina, que muitas vezes passam em branco por não terem sido referidos diretamente pela paciente, tornando comprometida a eficiência do atendimento (FLORIANÓPOLIS, 2006 p.7). Alguns dados de anamnese que podem e devem ser observados: 3.1 ANAMNESE Tabela 1. Dados de anamnese a serem observados na consulta (FLORIANÓPOLIS, 2006 p.7). Dados Pessoais Nome Idade Cor Naturalidade Estado Civil Escolaridade Profissão Endereço Crença/Religião Orientação sexual Antecedentes Ginecológicos e Obstétricos Menarca Ciclos menstruais Início Atividade Sexual Paridade (Gestações, Partos, Cesáreas (especificar motivo) e Abortos – se foi realizado curetagem. Idade da primeira e última gestação Data da última menstruação (DUM) Amamentação Antecedentes de alterações, doenças ou cirurgias nas mamas. Métodos contraceptivos História Familiar (1o e 2o graus parentesco) Neoplasias ginecológicas ou não (em especial neoplasia de mama) Diabetes Doenças Cardiovasculares Doenças Infecciosas Malformações genéticas Gemelaridade Anemia falciforme Vida Sexual/Conjugal Freqüência de relações sexuais Numero de parceiros Libido Orgasmo Dispareunia Sinusiorragia Antecedentes e Doença Atual Hipertensão Outras doenças cardiovasculares Doenças tromboembólicas Diabetes Hipotiroidismo / Hipertiroidismo Neoplasias Doenças infecciosas (HIV, Sífilis, TB, Hanseníase, Chagas, Malária, Dengue, Hepatites, etc) Cirurgias prévias Anemia falciforme Hábitos e Costumes Tabagismo Etilismo Uso de drogas Uso de medicamentos controlados ou não Função intestinal Alimentação Prática de Exercícios Físicos 11 utilizados Cauterizações e outras intervenções sobre o colo uterino Dificuldade para engravidar – infertilidade. O número de fatores importantes e determinantes para a saúde feminina é definitivamente extenso, sendo que cada mulher deve ser escutada e avaliada na sua individualidade. A queixa ou causa da visita à US deve ser ouvida com atenção aos detalhes. Em saúde da mulher deve-se questionar sempre o período do ciclo menstrual em que ocorrem as queixas, ou ainda se elas não têm relação com o ciclo e a data da última menstruação (DUM). Outro ponto importante é que toda mulher deve ser questionada de forma direta sobre leucorréia, ardência ou prurido vaginal e dispareunia. (FLORIANÓPOLIS, 2006 p.8). 3.2 EXAME FÍSICO No que diz respeito ao Exame Clínico, devem ser observados os fatores já relatados na anamnese e também aferição dos Sinais Vitais e exame físico completo (FLORIANÓPOLIS, 2006 p.8). Tabela 2 – Dados do exame físico (FLORIANÓPOLIS, 2006 p.8). Exame Geral Peso e Estatura (estado nutricional); Pressão arterial; Exame de mucosas, lesões de pele e distribuição dos pelos; Palpação de linfonodos; Breve ausculta cardiopulmonar; Palpação abdominal; Exame de membros inferiores (pesquisando edemas, úlceras e varizes) Exame das Mamas Ectoscopia com inspeção estática e dinâmica; Palpação de linfonodos supra-claviculares, infraclaviculares e axilares, bilateralmente, com a paciente sentada na mesa de exames; Palpação das mamas, bilateralmente. Exame Ginecológico Ectoscopia dos genitais externos; Exame especular; Coleta de material para exame citopatologico; Teste de Shiller; Toque vaginal Importante salientar aqui como sendo o toque vaginal etapa indispensável do exame físico de toda mulher que chegue para consulta ginecológica, independente da queixa. A avaliação da mobilidade, posição e volume uterinos são 12 cruciais na determinação de grande parte dos diagnósticos e estabelecimento de tratamentos. O toque ginecológico, em especial na presença de queixa física, pode e deve ser feito mesmo durante a menstruação (FLORIANÓPOLIS, 2006 p.8). 13 4. PRINCIPAIS AFECÇÕES EM SAÚDE DA MULHER 4.1 DISTÚRBIOS DO CICLO MENSTRUAL Dentre os distúrbios menstruais mais frequentes encontra-se o sangramento uterino anormal, uma queixa comum nos consultórios de ginecologia, acometendo mulheres de todas as faixas etárias, desde a adolescência até a perimenopausa. O sangramento uterino anormal é uma alteração do padrão menstrual normal, é um sintoma e não um diagnóstico, por isso, o estabelecimento de sua causa específica permitirá o tratamento adequado (FLORIANÓPOLIS, 2006 p.9). PADRÕES NORMAIS DE SANGRAMENTO: Quanto à quantidade: em média há perda sanguínea de 40ml (30-70ml) por ciclo. Quanto à duração do fluxo: 2-8 dias. Quanto ao intervalo dos sangramentos: 21-35 dias. Nas Unidades de Saúde da Família, as usuárias com variação do ciclo menstrual (hipermenorréia, hipomenorréia, polimenorréia, oligomenorréia, metrorragia ou menometrorragia) devem ser encaminhados ao médico ginecologista de Referência: US da Mulher (FLORIANÓPOLIS, 2006 p.9). 4.2 TENSÃO PRÉ-MENSTRUAL A Síndrome da Tensão Pré-Menstrual consiste em um conjunto de sintomas físicos, psíquicos e comportamentais que ocorrem na segunda metade do ciclo menstrual e desaparecem com a vinda da menstruação (FLORIANÓPOLIS, 2006 p.9). A paciente pode ter um ou mais sintomas, com diferentes quadros, intensidades e configurações. É necessário caracterizar bem a recorrência dos sintomas em vários ciclos diferentes e etapas da vida da mulher. Deve sempre ser questionado sobre idade e forma de início dos problemas, separar e esmiuçar um a um para melhor entendimento e tratamento, que por muitas vezes é MULTIDISCIPLINAR (FLORIANÓPOLIS, 2006 p.9). IMPORTANTE: Investigar e descartar transtornos comportamento. Fazer sempre o diagnóstico diferencial. de humor e de 14 Tratamento O tratamento precisa ser individualizado para cada paciente, de acordo com seus sinais e sintomas e sua intensidade, sendo realizado de várias maneiras, desde uma orientação comportamental (dieta, exercícios, etc.) e utilização de medicação quando for indicado (FLORIANÓPOLIS, 2006 p.10). Nas Unidades Básicas de Saúde com Estratégia de Saúde da Família, deverão encaminhar para ginecologista de referência (US Mulher com Referência/Contra-referência), as usuárias que houver remissão dos sintomas. Dieta: Orienta-se a diminuição no consumo de sal e açúcar. Evitar consumo de álcool e cafeína e aumentar consumo de carboidratos e proteínas. O incremento da ingesta hídrica é fundamental. Exercícios Físicos: dar preferência aos aeróbicos Fisioterapia Apoio psicológico Tratamento medicamentoso • Complexos vitamínicos em altas doses (em especial vitaminas D, E e B6) • Espironolactona – 200mg VO/d do ínicio dos sintomas até a menstruação • Ácido Mefemânico – 250mg 4x/d (ingestão com alimentos) por no máximo 7 dias • Ansiolíticos – Alprazolam (quando indicado) • Antidepressivos – Fluoxetina (Droga de escolha): 20mg por dia durante 10 dias (iniciar 10 dias antes da menstruação) – ou ainda uso contínuo, em pacientes com indicação. • Bromoergocriptina / Cabergolina (em casos de mastalgia grave) • Analgésicos, Antiinflamatórios • Supressão da Ovulação (FLORIANÓPOLIS, 2006 p.9). e Menstruação (contraceptivos contínuos) 15 Tabela 3 – Sinais e sintomas de tensão pré-menstrual (FLORIANÓPOLIS, 2006 p.9). Sintomas Físicos Sintomas Psíquicos Edema Aumento de peso Dores nas pernas e lombo-sacra Desconforto/Dor abdominal Mastalgia Fogachos Vertigens Palpitações Cefaléia Alterações do sono Aumento da sensibilidade para o frio Acne Sede e apetite excessivos, em especial para doces Distúrbios gastrointestinais (Náuseas, vômitos, constipação ou diarréia) Labilidade emocional Dificuldade de concentração Indecisão Esquecimentos, nervosismo, fadiga mental Diminuição ou aumento da libido Tristeza, desânimo, depressão, choro fácil Sensação de irracionalidade, isolamento social Idéias suicidas, às vezes com tentativas de suicídio ou homicídio Aumento do consumo de bebidas alcoólicas Etc 4.3 CORRIMENTO VAGINAL O aumento do fluxo vaginal, denominado popularmente como “corrimento” ou leucorréia, constitui uma das principais queixas ginecológica em mulheres adultas e também em adolescentes. O sucesso na resolução desse problema exige que o profissional realize um exame físico e uma abordagem clínica minuciosa, dando ênfase às características das secreções vaginais e endocervicais bem como a resposta inflamatória produzida (FLORIANÓPOLIS, 2006 p.11). Condições Predisponentes: • Hábitos de higiene desfavoráveis • Uso de assentos sanitários públicos sem os devidos cuidados, bancos de bicicletas de academia, etc... • Relações sexuais sem uso de preservativo • Perspiração local aumentada • Alérgenos (perfumes, geléias contraceptivas, tecidos, sabões, etc.) • Agentes infecciosos (mais comuns: gardnerella, tricomonas, cândida) • Problemas dermatológicos 16 • Condições que alteram a flora bacteriana e/ou o pH vaginal (como diabetes, queda imunológica por enfermidades ou estresse, uso de antibioticoterapia, duchas vaginais, gestação, etc.) • Alteração do pH vaginal (o pH da vagina constitui uma barreira de defesa, pois a acidez detém os germes. A vagina de mulheres idosas e crianças é menos resistente à infecções devido ao pH mais alto. O pH normal da vagina varia entre 3,5 e 4,5) • Causas inespecíficas • Ausência de bacilos de Döderlein (barreira de defesa do aparelho genital) (FLORIANÓPOLIS, 2006 p.11). 17 Figura 2 _ Fluxograma (FLORIANÓPOLIS, 2006 p.12). de atendimento em corrimento vaginal 18 Figura 3 – Condutas em corrimento vaginal (FLORIANÓPOLIS, 2006 p.13). 19 Orientar sobre os seguintes Cuidados Gerais: • Higiene local • Banhos de assento – desencorajar SEMPRE a lavagem vaginal profunda, como duchas, etc. Alteram mais ainda o pH vaginal, destroem a flora local e ainda podem levar microorganismos. • Evitar o uso de jeans e roupas muito apertadas • Evitar uso de calcinhas de lycra ou coton, preferindo sempre o algodão • Não ficar muito tempo com o biquíni molhado • Não coçar para evitar ferimentos • Importância do tratamento do parceiro simultaneamente, pois pode haver reinfecção nas relações sexuais • As mães devem observar e orientar os cuidados de higiene local e a alimentação para melhorar as condições de defesa das crianças • Ensinar o uso correto dos medicamentos prescritos, banhos de assento, higiene pessoal e familiar. • Usar preservativo em todas as relações sexuais • Investigar e tratar doenças concomitantes (FLORIANÓPOLIS, 2006 p.14). 4.4 VAGINOSE CITOLÍTICA Os sintomas são semelhantes aos da candidíase vaginal, sendo por esta muitas vezes, confundida. Os sintomas seriam causados por substâncias irritativas oriundas do citoplasma de células intermediárias lisadas pela atividade de bactérias. Os critérios diagnósticos da vaginose citolítica são: • Ausência de Trichomonas, Gardnerella, Cândida, Mobiluncus, etc. • Número aumentado de lactobacilos • Número reduzido de leucócitos • Destruição de alto número de células intermediárias com seus núcleos desnudos (citólise) • pH vaginal entre 3,5 e 4,5 • Corrimento branco homogêneo, com prurido e ardência, podendo causar não raras vezes disúria e dispareunia. (FLORIANÓPOLIS, 2006 p.15). 20 Tratamento Depois de descartada a presença de candidíase e outras afecções, feito o diagnóstico de vaginose citolítica, a intensão é alcalinizar o meio vaginal. Isso é conseguido através do uso de óvulos de bicarbonato (feitos em algumas farmácias de manipulação) ou ainda com “duchas vaginais” com bicarbonato de sódio durante 10 dias. Em 1 litro de água destilada, a paciente deve dissolver 1 colher de sopa cheia de bicarbonato de sódio. Com uma seringa descartável a solução deve ser aplicada via vaginal, 1 vez por dia durante pelo menos 10 dias. O médico de família deve encaminhar a paciente para ginecologista de referência (US Mulher com Referência/Contra-referência) (FLORIANÓPOLIS, 2006 p.15). 4.5 VAGINITES ATRÓFICAS Surge como decorrência da insuficiência estrogênica em mulheres no climatério, no pós-parto ou ooforectomizadas. A mucosa torna-se atrófica, fina, pouco resistente aos traumatismos e às bactérias coliformes, que geralmente substituem a flora filiforme (lactobacilos) (FLORIANÓPOLIS, 2006 p.15). Tratamento Consiste na terapia com reposição hormonal local de estrogênio (Estrógenos Conjugados creme vaginal – 1 vez por dia na primeira semana e, após, 2 vezes por semana) e uso de lubrificantes vaginais nas relações sexuais (FLORIANÓPOLIS, 2006 p.15). 4.6 CERVICITES Os agentes etiológicos mais comuns das cervicites agudas são N.gonorrhoeae, Chlamydia trachomatis, herpes simples tipo I e II genital, Mycoplasma e Ureaplasma urealiticum (FLORIANÓPOLIS, 2006 p.15). Quadro clínico: • Cérvix edemaciada, evertida (ectopia), friável (sangrante) • Exsudato purulento abundante (branco ou amarelado) • Dispareunia e/ou sangramento ao coito. 21 • Na cervicite crônica – cistos ou óvulos de Naboth (pontos brancos, tipo acne sobre o colo uterino). (FLORIANÓPOLIS, 2006 p.15). Tratamento: Na cervicites agudas os antibióticos são os mais indicados. Sempre tratar o parceiro (FLORIANÓPOLIS, 2006 p.16). Tabela 4 – Tratamento das cervivites de acordo com o agente infeccioso (FLORIANÓPOLIS, 2006 p. 16) CHLAMYDIA GONOCOCO • Azitromicina 1g VO Dose Única; ou • Doxicicina 100mg VO de 12/12 horas por 7 dias (contra-indicado em gestantes ou nutrizes); ou • Eritromicina 500mg 6/6 horas por 7 dias. • Ofloxacina 400mg VO dose única (contra-indicado em gestantes, nutrizes ou menores de 18 anos); ou • Ciprofloxacino 500mg VO dose única (contra-indicado em gestantes, nutrizes ou menores de 18 anos); ou • Ceftriaxona 250mg IM dose única; ou • Tianfenicol 2,5mg VO dose única. Pacientes com cervicites crônicas devem ser encaminhadas para ginecologista de referência (US Mulher com Referência/Contra-referência). 4.7 DOR PÉLVICA A dor pélvica é uma queixa frequente em qualquer consultório ou centro de saúde. Pode ter muitas formas, muitas causas, muitas abordagens e evoluções diferentes. Pode ser aguda ou crônica, de origem ginecológica ou não, o que faz com que seja necessária uma abordagem sempre multidisciplinar (FLORIANÓPOLIS, 2006 p.16). Dor pélvica aguda É a dor de início súbito e com curta duração, e piora progressiva. Pode ser associada a náuseas, vômitos, febre e alterações hematológicas. Causas principais: • Gestação ectópica • DIP ou abscesso tubo-ovariano • Apendicite • Diverticulite • Litíase urinária • Hérnias 22 • Aneurisma • Torção ou ruptura de cisto ovariano • Obstrução ou isquemia intestinal • Infecção trato urinário alto e/ou baixo • Tromboflebite pélvica / mesentérica • Etc (FLORIANÓPOLIS, 2006 p.16). Diagnóstico Anamnese detalhada dirigida: Características da dor (Tipo de dor, localização, intensidade, duração, irradiação, fatores desencadeadores, de alívio e de agravo) Dispareunia? DUM? Sexualmente ativa? Paridade Método contraceptivo Presença de sangramento? Leucorréia? História de Infertilidade Febre? Náuseas/Vômitos/Distensão abdominal Disúria / Polaciúria / Urgência Uso de analgésicos (FLORIANÓPOLIS, 2006 p.16). Exame físico minucioso: Ausculta, percussão e palpação abdominal criteriosa, avaliar aumento ou diminuição dos ruídos hidroaéreos, rigidez/defesa abdominal, dor à descompressão, presença de massas ou visceromegalias. Exame especular: avaliar aspecto do colo uterino e presença ou não de secreções endocervicais. Toque vaginal: presença ou não de dor à mobilização, aumento da temperatura local, palpação bimanual com verificação do volume e consistência uterina e presença de alterações ou massas anexiais. 23 Havendo a suspeita de Abdome Agudo, a paciente deve ser encaminhada diretamente à emergência terciária, para realização da rotina hospitalar. Descartadas emergências cirúrgicas e encontrada a causa provável da dor pélvica aguda, pode ser feita analgesia e tratamento adequado. A principal causa ginecológica de dor pélvica aguda é a DIP (Doença Inflamatória Pélvica), mas, na maior parte das vezes, a DIP tem início mais insidioso, manifestando-se apenas como dispareunia, podendo cronificar e até formar um abscesso tubo-ovariano. A infecção é causada por microorganismos diversos, em especial Gonococo, Chlamidea e outros anaeróbios. O diagnóstico é feito quando ao exame de toque vaginal há uma dor importante à mobilização do colo uterino e palpação de fundo de saco vaginal e anexos. Tratamento: Para DIP leve, sem peritonismo importante ou febre, antibioticoterapia conforme quadro abaixo. A DIP grave ou complicada deve ser tratada em nível terciário. Esquema 1 – Ceftriaxona 250mg IM em dose única + Doxiciclina 100mg VO de 12/12 horas por 14 dias. Esquema 2 – Cefoxitina 2g IM dose única + Probenecida 1g VO dose única + Doxiciclina 100mg VO 12/12h por 14 dias Esquema 3 – Ofloxacina 400mg VO de 12/12 horas por 14 dias + Metronidazol 500mg VO de 12/12 horas por 14 dias Esquema 4 – Ofloxacina 400mg VO de 12/12h por 14 dias + Doxiciclina 100mg VO de 12/12h por 14 dias + Metronidazol 500mg VO de 12/12h por 14 dias. Orientações Iniciado o tratamento, a paciente deve retornar para controle em 3 dias ou antes de houver piora do quadro. Se a paciente for usuária de DIU, este deve ser retirado. Algumas medidas como repouso e abstinência sexual devem ser recomendadas. A paciente deve ser medicada também com sintomáticos, analgésicos, antitérmicos e antinflamatórios não hormonais. 24 No caso de verificação de origem ginecológica da dor, se a causa não foi esclarecida, a investigação prossegue com solicitação de exames complementares (hemograma, BHCG, EPU, Urocultura e USTV) e encaminhamento para ginecologista de referência (US Mulher com Referência/Contra-referência) Dor pélvica crônica É a dor pélvica que dura 6 meses ou mais. Pode ser de origem ginecológica ou não. A avaliação clínica com anamnese, exame físico e ginecológico deve ser minuciosa, conforme os capítulos anteriores, a fim de identificar origem provável da dor. Sendo verificada origem ginecológica da dor, nas UBS com ESF a paciente deve ser encaminhada para avaliação do médico ginecologista da US Mulher (Referência/Contra-referência). 25 4.8 INCONTINÊNCIA URINÁRIA Define-se incontinência urinária como toda forma de perda urinária involuntária. A causa da incontinência pode ser ginecológica ou não. Figura 4 - Fluxograma de Atendimento à mulher com Incontinência Urinária (FLORIANÓPOLIS, 2006 p.20) 26 5. DIREITO SEXUAL E REPRODUTIVO 5.1 INTRODUÇÃO ÀS DIRETRIZES A assistência aos direitos sexuais e reprodutivos de cada um está pautada no acesso a orientações e meios para bem planejar a família, proporcionando a atenção necessária tanto perante a opção pela gestação como pelo espaçamento. A Secretaria Municipal de Colombo, no que diz respeito aos Direitos sexuais e reprodutivos, preconiza a educação continuada assim como a avaliação e o monitoramento das variáveis que possam interferir na saúde reprodutiva dos casais/mulheres residentes no município, com o intuito à pré-concepção e a anticoncepção. Os profissionais de saúde desempenham papel fundamental no processo de educação permanente e de assistência à saúde reprodutiva, para a construção de atitudes mais saudáveis por parte da população em geral (CURITIBA, 2005). As ações efetivas sobre direitos sexuais e reprodutivos exercem grande impacto na morbimortalidade materno-infantil. Permitem a diminuição do número de gestações indesejadas, diminuição do número de abortos provocados e melhor assistência às gestações em geral e às gestações na população de risco reprodutivo (CURITIBA, 2005). A assistência à concepção inclui as orientações no campo da sexualidade e do correto reconhecimento do período fértil, bem como das alternativas de atendimentos existentes tanto na pré-concepção quanto na atenção ao pré-natal e em outras fases (puerperal, ao recém-nascido, entre outros). O resultado dessa política, associada à assistência ao pré-natal, parto, puerpério e recém-nascido, culmina com a redução das complicações evitáveis durante este período, o parto e o puerpério, em decorrência da assistência qualificada e priorizada a todas as etapas, que englobam desde a pré-concepção até o puerpério e a criança (CURITIBA, 2005). A assistência à anticoncepção inclui, além das orientações já mencionadas para a concepção, informações quanto aos métodos anticoncepcionais, devendo constar suas indicações, contra-indicações e implicações de uso, garantindo o direito à livre escolha dos mesmos, bem como a assistência necessária ao seu uso. A priorização da população definida como de risco reprodutivo no programa de planejamento familiar representa, estrategicamente, um avanço na assistência à 27 população feminina e infantil de maior risco para complicações no período gestacional, puerperal e neonatal (CURITIBA, 2005). A atenção em Direitos Sexuais e Reprodutivos, embora tendo características e orientações próprias, não deve estar desvinculada de uma assistência integral à saúde da mulher. Sendo assim, deve-se prestar uma atenção voltada também para questões como a prevenção de câncer ginecológico, de doenças sexualmente transmissíveis ou outros agravos que possam interferir na saúde e qualidade de vida dos usuários atendidos (CURITIBA, 2007). 5.2 DIREITO REPRODUTIVO A lei n° 9.263 de 12 de janeiro de 1996, que regula o parágrafo 7° do artigo 226 da Constituição Federal do Brasil, considera o Planejamento Familiar como o direito de todo cidadão, englobando o conjunto de ações de regulação da fecundidade que garanta os direitos iguais de constituição, limitação ou aumento da prole pela mulher, pelo homem ou pelo casal. Cabe às instâncias geradoras do Sistema Único de Saúde garantir atenção integral à saúde, no que diz respeito à concepção e contracepção, através de ações preventivas e educativas, utilizando-se métodos e técnicas prescritos após avaliação, acompanhamento clínico e orientações prévias sobre os riscos, as vantagens, desvantagens e a eficácia de cada procedimento. (CURITIBA, 2005) 5.3 A POPULAÇÃO ALVO Mulheres/casais em idade fértil (15 a 49 anos), com vida sexual ativa, residentes no município de Colombo, que compareçam a uma Unidade de Saúde solicitando a Assistência aos Direitos Sexuais e Reprodutivos sejam encaminhados para esta finalidade. 5.3.1 A POPULAÇÃO DE RISCO Deverão ser priorizadas mulheres/casais com risco reprodutivo severo, conforme critérios a seguir: Idade com mais de 35 anos ou menores de 16 anos de idade; Baixa escolaridade materna: que não tenha completado a 4ª série do ensino fundamental; 28 Antecedentes obstétricos desfavoráveis: abortos, mortes fetais e neonatais, baixo peso ao nascer (2.500 g, pré-eclâmpsia, malformações congênitas); Doenças crônicas: Hipertensão Arterial Sistêmica, Diabetes mellitus, Doença Renal, Cardiopatia, Infecção por HIV/AIDS, entre outras; Tabagismo, alcoolismo, dependência química; Obesidade e desnutrição. (CURITIBA, 2005) 5.4 AÇÕES EM PLANEJAMENTO FAMILIAR As ações de planejamento familiar devem estar voltadas para a população em idade fértil, assegurando continuidade no atendimento e avaliação. A Equipe de saúde deve estar motivada, treinada e organizada para dar assistência à saúde reprodutiva da população, com intervenções preventivas, educativas terapêuticas, garantindo um serviço de qualidade . (CURITIBA, 2005) Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável, o planejamento familiar é livre decisão do casal, competindo ao Estado proporcionar recursos educacionais e científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de instituições oficiais ou privadas. Os elementos fundamentais na qualidade de atenção são: escolha livre de métodos, informação completa para os usuários, competência técnica de quem dispensa os métodos, boa relação usuário-serviço, acompanhamento adequado e a integração do planejamento familiar ao atendimento em saúde reprodutiva (CURITIBA, 2005). A ação educativa em planejamento familiar deve ser realizada em pequenos grupos, usando metodologia participativa, tendo o objetivo de estabelecer um processo contínuo de educação, que vise trabalhar a atenção integral, focalizando outros aspectos da saúde reprodutiva, tais como a sexualidade, conhecimento do corpo, questões de gênero, vulnerabilidade às doenças sexualmente transmissíveis, violência, direitos sexuais e reprodutivos e também sobre as diferentes opções anticoncepcionais, de maneira que o usuário seja capaz de realizar uma escolha livre e informada. Devem ser fornecidas as informações de maneira clara e completa sobre mecanismo de ação dos anticoncepcionais, modo de uso, eficácia, efeitos colaterais e efeitos não contraceptivos para que o usuário possa ter: Capacidade - habilidade de a pessoa reproduzir-se, regular sua fecundidade e desfrutar de uma vida sexual. 29 Segurança - significa que a regulação da fecundidade, a gravidez e o parto não levem risco para a saúde, logo a relação sexual não pode ser de alto risco. Resultado - que no processo reprodutivo, a mulher/casal tenha um filho saudável e desejado. O principal objetivo destas orientações é possibilitar “o direito de decidir quantos filhos quer ter e quando tê-los”. Quando uma pessoa toma uma decisão baseada em informações úteis e acuradas, terá realizado uma escolha informada. Figura 5 - Fluxograma do planejamento familiar e risco reprodutivo. (CURITIBA, 2005) 30 5.4.1 O ACOLHIMENTO Por acolhimento entende-se uma atitude positiva do servidor em colocar-se no lugar do usuário que procura o serviço de saúde, no qual se responsabiliza pela satisfação de suas necessidades. Toda a equipe da Unidade Básica de Saúde participa do acolhimento dos usuários na Unidade: A recepção ou primeiro atendimento é de fundamental importância para o desenvolvimento das ações de saúde. O profissional (ACS, auxiliar administrativo ou equipe de enfermagem), que na maioria das vezes é quem dá o primeiro atendimento, deverá acolher o usuário com educação e respeito, disponibilizando as informações corretas a respeito do funcionamento do Programa e prestando o atendimento necessário, cada um dentro do seu nível de atuação profissional, as ações de saúde devem estar voltadas para a população priorizada, assegurando continuidade no atendimento e avaliação. A equipe de saúde deve estar treinada e organizada para dar assistência à mulher/casal no sentido de intervir oportunamente, tanto preventiva quanto educativa e terapeuticamente, garantindo um serviço de qualidade. Para tanto a equipe deverá: inscrever precocemente as mulheres/casais com risco reprodutivo; avaliar os critérios para agendamento de consulta médica e/ou atendimento de enfermagem. O atendimento de enfermagem deverá ser priorizado a mulheres/casais com risco reprodutivo, realizando a busca ativa aos faltosos. A consulta médica deverá atender e encaminhar para referência para ginecologista de referência (US Mulher com Referência/Contra-referência) mulheres/casais com risco reprodutivo severo; mulheres com idade inferior a 16 anos e superior a 35 anos; puérperas; Mulheres/casais encaminhados pela equipe de enfermagem após avaliação anterior; realizar agendamento; abrir ou dar seguimento ao prontuário do paciente; realizar controle periódico e contínuo; referenciar os casos específicos; avaliar as ações educativas e assistenciais; registrar as informações importantes no prontuário de atenção continuada identificando o risco reprodutivo (CURITIBA, 2005) 31 5.5 A ASSISTÊNCIA À PRÉ-CONCEPÇÃO A assistência a pré-concepção tem como objetivo orientar e assistir as mulheres/casais em idade fértil que desejam engravidar com o intuito de proporcionar uma evolução saudável de uma futura gestação. Ao assistir os casais a equipe de saúde deverá prevenir, detectar e tratar os fatores que possam interferir na fertilidade e na concepção (CURITIBA, 2005) 5.5.1 O ATENDIMENTO À MULHER/CASAL A equipe de saúde deverá, ao assistir os casais, prevenir, detectar e tratar fatores que possam interferir na fertilidade e na concepção. Para tanto, toda mulher, residente em Colombo, que deseja engravidar e procurar os serviços de saúde do município deverá: Ser orientada a anotar o primeiro dia dos seus ciclos menstruais subsequentes. Esta atitude diminui significativamente o número de mulheres que desconhece a data da última menstruação, comprometendo posteriormente o cálculo da idade gestacional; Passar por avaliação de enfermagem com aferição dos dados vitais e do período pré-gravídico. Aquelas que apresentarem desnutrição, sobrepeso ou obesidade e/ou alterações dos dados vitais deverão ser encaminhadas à consulta médica; Realizar o exame preventivo de câncer de colo uterino, caso não o tenha feito há mais de um ano; Adequar sua situação vacinal (rubéola e tétano) após avaliação pela equipe de saúde: Rubéola: Vacinar todas as mulheres que não tenham sido vacinadas anteriormente; não possam comprovar imunidade anterior por doença ou vacina através de documentos confirmatórios (carteira vacinal, carteira de gestações anteriores, prontuário médico). Tétano: As mulheres que não sabem informar o passado vacinal, fazer três doses de TT ou DT com intervalos de 8 semanas; com vacinação incompleta (tendo recebido uma ou duas doses de DPT, DT ou TT), completando o número de dose para três, obedecendo ao intervalo de 8 semanas; vacinada com esquema completo, última dose há menos 32 de 5 anos, neste caso não aplicar nenhuma dose; vacinada com esquema completo, última dose há mais de 5 anos, aplicar uma dose de reforço tão logo seja possível (CURITIBA, 2005). Ser avaliada quanto à presença de patologias crônicas que necessitem de uso prolongado ou mesmo esporádico de medicação que possa comprometer a fertilidade e a concepção; Quimioterápicos – provocam alterações das funções ovarianas e testiculares, menopausa prematura e azoospermia; Lítio – causa ablação da tireóide fetal; Antagonistas dos folatos – aumentam os riscos de malformações do SNC (o uso prolongado dos anticoncepcionais hormonais pode acarretar diminuição da absorção do ácido fólico); Prednisolona; Warfarin etc. (CURITIBA, 2005) Fatores de risco reprodutivos Idade materna e/ou paterna avançada. Filhos afetados em gestações anteriores. Antecedentes de familiares com doenças genéticas. Características étnicas especiais. (CURITIBA, 2005) Avaliações do risco reprodutivo A mulher caracterizada como de risco reprodutivo deverá ter seu desejo de engravidar respeitado pelos profissionais de saúde, porém é responsabilidade do serviço orientar a mulher/casal sobre riscos presentes na gravidez, tanto para mãe como para o bebê. A mulher - com risco reprodutivo - deve ser encaminhada para avaliação e acompanhamento médico periódico, para prevenir e tratar possíveis complicações. Na presença de doenças crônicas é fundamental o acompanhamento para maior controle das mesmas (CURITIBA, 2005). Prevenção da obesidade e desnutrição: 33 Para as mulheres de baixo peso, na ausência de doenças associadas, recomenda-se a ingestão de alimentos que forneçam energia, indicando, por exemplo, a adição de lanches entre as principais refeições (pão, bolacha com margarina, etc) e a adição de uma colher de sopa de óleo de soja, farinha de mandioca, meio pãozinho e uma porção maior de arroz. Recomenda-se ainda a prática de repouso por 20 a 30 minutos no período da manhã e da tarde. Para as mulheres com sobrepeso, preconiza-se a restrição dos alimentos energéticos, orientando o não consumo de açúcares e doces e a redução ou eliminação de massas, pão, bolachas, frituras. Recomenda-se ainda a prática de caminhadas diárias (CURITIBA, 2005). 5.6 A ASSISTÊNCIA À ANTICONCEPÇÃO A assistência à anticoncepção tem o objetivo de prestar atendimento às mulheres/casais em idade fértil que desejam espaçar a gravidez, proporcionando informações claras acerca dos métodos anticoncepcionais, bem como o acesso aos métodos disponíveis pelo programa, após a escolha e indicação do mesmo (CURITIBA, 2005). 5.6.1 CRITÉRIOS DE ELEGIBILIDADE MÉDICA Os critérios de elegibilidade médica para uso de métodos anticoncepcionais foram desenvolvidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS, 1996) com o objetivo de auxiliar os profissionais da saúde na orientação das (os) usuárias (os) de métodos anticoncepcionais. Consiste em uma lista de condições das (os) usuárias (os), que poderiam significar limitações para o uso dos diferentes métodos. As (os) clientes devem ser informados (as) de que existem condições médicas que poderiam significar limitações para o uso dos diferentes métodos. A lista dos critérios de elegibilidade médica divide-se em quatro categorias: OMS 1: O método pode ser usado sem restrições. OMS 2: O método pode ser usado. As vantagens geralmente superam riscos possíveis ou comprovados. As condições da categoria 2 devem ser consideradas na escolha do método. Se a mulher escolhe este método, um acompanhamento mais rigoroso pode ser necessário. 34 OMS 3: O método não deve ser usado, a menos que o profissional de saúde julgue que a mulher pode usar o método com segurança. Os riscos possíveis e comprovados superam os benefícios do método. Deve ser o método de última escolha e, caso seja escolhido, um acompanhamento rigoroso se faz necessário. OMS 4: O método apresenta um risco inaceitável (CURITIBA, 2005). 5.6.2 OS MÉTODOS ANTICONCEPCIONAIS Na indicação do uso dos métodos anticoncepcionais, devem ser consideradas as seguintes características: Inocuidade, ou seja, ausência de efeitos secundários adversos. Eficácia. Aceitabilidade. Disponibilidade, ou acesso gratuito. Facilidade de uso. Reversibilidade, ou recuperação total da fertilidade correspondente a faixa etária da usuária. Existem também fatores individuais e situacionais relacionados aos usuários que devem ser considerados à indicação do método contraceptivo: Estado de saúde. Escolha pessoal. Característica da personalidade da mulher e/ou do homem. Condições econômicas. Fase da vida. Estilo de vida. Padrão de comportamento sexual. Aspirações reprodutivas, entre outros (CURITIBA, 2005). 35 Tabela 5. CLASSIFICAÇÃO DOS MÉTODOS ANTICONCEPCIONAIS DISPONÍVEIS NA SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DE COLOMBO TEMPERATURA BASAL MÉTODOS DE ABSTINÊNCIA Ogino Knauss (Calendário ou “Tabelinha”) Billings (Mucocervical) LAM (Amenorréia durante lactação) Sintotérmico (abstinência) MÉTODOS DE BARREIRA Condom – Masculino e Feminino Métodos de Barreira (camisinha, preservativo) DIUT Cu 380 MÉTODOS HORMONAIS Levonorgestrel 0,15 mg + estradiol 0,03mg comprimido (Ciclo 21) Noretisterona 0,35 mg comprimido (Norestin) Noregina (enantato de noredisterona) 50mg ml + Valerato de estradiol 5mg ml Injetável mensal Medroxiprogesterona 150 mg ml Injetável trimestral Levonorgestrel 1,50 mg comprimido (Emergência) MÉTODOS DEFINITIVOS Laqueadura Vasectomia 36 Figura 6 - Taxa de falha de anticoncepcionais (número de gestações para cada 100 mulheres que usam os métodos durante 01 ano) (CURITIBA, 2005:48) Os métodos naturais de anticoncepção englobam todas as técnicas baseadas na autoidentificação dos diferentes momentos do ciclo menstrual feminino e consequente abstenção de relação sexual com contato genital no período fértil (CURITIBA, 2005). A. MÉTODO RÍTMICO O método, também denominado Ogino-Knaus, calendário ou tabelinha, consiste em a mulher (casal) ser orientada a registrar o primeiro dia de cada menstruação durante, no mínimo, seis meses, a fim de se estabelecer seu padrão menstrual e determinar, com segurança, o período de maior risco para concepção (CURITIBA, 2005). 37 TÉCNICA DE USO: Verificar o número de dias de cada ciclo - período que engloba o primeiro dia do ciclo (primeiro dia da menstruação) ao último dia (dia anterior ao primeiro dia da próxima menstruação); Anotar o ciclo mais curto e o ciclo mais longo; Calcular a diferença entre o ciclo mais curto e o mais longo, para identificação das mulheres cuja diferença é maior ou igual há 10 dias, para as quais o método é considerado inadequado devido a grandes chances de falha (CURITIBA, 2005). CALCULAR O PERÍODO FÉRTIL MEDIANTE A SEGUINTE FÓRMULA: Início = ciclo mais curto menos 18 Fim = ciclo mais longo menos 11 Abster-se de relações sexuais com contato genital no período fértil; Orientar que os cálculos sejam refeitos periodicamente, a cada 6 meses, determinando-se ajustes na identificação do período fértil. Para tanto, as mulheres devem permanecer anotando as datas de início dos ciclos (CURITIBA, 2005). Figura 7 – Ciclo menstrual nos últimos meses (CURITIBA, 2005) Número de dias entre os ciclos ciclo mais curto: 24 dias ciclo mais longo: 30 dias diferença entre os ciclos: 30 - 24 = 6 dias (padrão hormonal adequado para o método) início do período fértil: 24 - 18 = 6º dia fim do período fértil: 30 - 11 = 19º dia Orientar abstinência sexual com contato genital no período entre o 6º e o 19º dia dos ciclos posteriores. Se o ciclo atual iniciou dia 3 de abril, do dia 8 até o dia 21 de abril recomenda-se abstinência (CURITIBA, 2005). 38 CONTRAINDICAÇÃO Ciclos menstruais irregulares, com diferença superior ou igual a 10 dias entre o ciclo mais curto e o mais longo; Pós-menarca, pré-menopausa, pós-parto e pós-aborto imediato e primeiros ciclos após o uso de anticonceptivos hormonais; Amenorréia; Lactação; Alteração psíquica que impossibilite o uso adequado do método (CURITIBA, 2005). PRECAUÇÃO: Mulheres de alto risco gestacional (CURITIBA, 2005). AVALIAÇÃO INICIAL Ensinar a paciente a fazer o cálculo de sua tabela, com base nos 6 a 12 ciclos mais recentes; Orientar a paciente e/ou casal a abster-se de relações sexuais com contato genital no período fértil; Alertar que a eficácia depende da participação do casal; Cada mulher tem padrão menstrual próprio e o cálculo, portanto, deve ser individualizado; Algumas circunstâncias podem desencadear ovulações fora do período esperado, tais como: doenças, viagens, estresse, depressão, mudança de ritmo de trabalho etc. Nesse período, o casal deve ser orientado a tomar maiores precauções (CURITIBA, 2005). RETORNO Avaliar se houve adaptação ao método; Esclarecer dúvidas; Reforçar as orientações dadas na 1ª avaliação. PERIODICIDADE DOS RETORNOS Primeiro retorno: 1 mês após avaliação inicial; Semestral - para refazer os cálculos do período fértil e reforçar as orientações (CURITIBA, 2005). 39 B. MÉTODO DA TEMPERATURA BASAL CORPORAL Baseia-se na avaliação das variações da temperatura basal corporal nas diferentes fases do ciclo menstrual, com o intuito de determinar o período fértil e orientar abstinência sexual, sem contato genital, durante este período. A temperatura basal corporal é a temperatura do corpo em repouso. Antes da ovulação permanece em nível baixo. Após a ovulação (segunda fase do ciclo) se eleva ligeiramente, em virtude da elevação dos níveis de progesterona, e se mantém assim até a próxima menstruação (CURITIBA, 2005). TÉCNICA DE USO A mulher deve registrar a temperatura diariamente, a partir do 1º dia do ciclo, num gráfico apropriado; O termômetro deve ser colocado na cavidade oral, pela manhã, antes de levantar-se e de qualquer atividade, por cinco minutos, preferencialmente sempre à mesma hora e após um período de sono de pelo menos 5 horas; Orientar para evitar relações, desde o primeiro dia da menstruação até que a temperatura se eleve de 0,3 a 0,8 ºC por três dias consecutivos; No dia da ovulação observa-se queda da temperatura, seguida de elevação nos dias subsequentes (CURITIBA, 2005). CONTRAINDICAÇÃO Amenorréia; Irregularidade menstrual; Alterações psíquicas; Estresse; Sono irregular; Pré-menopausa (CURITIBA, 2005). PRECAUÇÃO Mulheres de alto risco gestacional (CURITIBA, 2005). AVALIAÇÃO INICIAL Orientar a técnica de uso do método; 40 Solicitar que a paciente elabore o registro da temperatura basal durante um ciclo, abstendo-se de relações sexuais sem proteção; Caso apresente dificuldade para traçar o gráfico, solicitar que anote os dias com as respectivas temperaturas e traga as anotações ao serviço para que, com o apoio de um profissional de saúde, possa construir o gráfico; Recomendar especial atenção a fatores que possam influir nos valores da temperatura basal e registrar sua ocorrência no gráfico (CURITIBA, 2005). RETORNO Avaliar a qualidade do registro e a capacidade de sua interpretação pela paciente; Se houver registro e interpretação adequados, orientar o casal sobre abstenção de relações sexuais, durante a fase pré-ovulatória do ciclo até a manhã do 4º dia depois da elevação da temperatura; Caso a paciente retorne apenas com as anotações, fazer o gráfico com ela, explicando o procedimento; Reforçar as orientações iniciais (CURITIBA, 2005). PERIODICIDADE DOS RETORNOS Primeiro retorno: 1 mês após avaliação inicial; Retornos: Mensais nos primeiros 6 meses de uso do método, Retornos anuais (CURITIBA, 2005). C. MÉTODO DO MUCO CERVICAL Também chamado método de Billings, baseia-se na auto-observação das modificações cíclicas do muco cervical durante todo o ciclo menstrual, o que permite à mulher/ao casal a identificação do período fértil. O muco cervical, produzido pelas criptas cervicais, apresenta-se pegajoso e grumoso no início do ciclo, dando sensação de secura na vulva. No período fértil torna-se transparente, abundante fluído, elástico, escorregadio, como clara de ovo, dando sensação de umidade e lubrificação. O dia do ápice é o último dia com sensação de umidade lubrificante e pode ser reconhecido pela mudança posterior para secura ou muco pegajoso (CURITIBA, 2005). 41 TÉCNICA DE USO Pesquisar diariamente a presença do muco, observando atentamente a sensação ocasionada por ele; Registrar as informações sobre a menstruação, os dias das relações sexuais e as alterações do muco, utilizando os termos pegajoso, turvo, elástico, claro, transparente ou escorregadio; Interromper a atividade sexual ao menor sinal da presença do muco, após o período de secura vaginal que normalmente sucede a menstruação; Observar o aumento progressivo do muco que atinge o pico durante a ovulação, passando a diminuir a partir dela, por ação da progesterona; Permanecer em abstinência por no mínimo 3 dias a partir do pico (ápice), podendo reiniciar a atividade sexual no 4º dia (CURITIBA, 2005). CONTRAINDICAÇÃO Alterações psíquicas graves. PRECAUÇÃO Mulheres de alto risco gestacional. AVALIAÇÃO INICIAL Explicar e discutir com a paciente/o casal a técnica de uso; Solicitar o registro das características e sensações na vulva durante o ciclo, abstendo-se de relações sexuais no primeiro mês, evitando interferência do fluído seminal na avaliação; Recomendar a observação do muco (aparência e sensação) durante todo o dia e fazer o registro à noite. Se no mesmo dia forem observados 2 tipos de muco, adotar o tipo de muco indicativo de fertilidade. Reforçar Que o aspecto e a sensação do fluxo mucoso são mais importantes que a quantidade; Que o padrão de muco de cada mulher é individual; Que nos ciclos menstruais curtos e períodos menstruais longos o muco pode aparecer junto com o fim da menstruação; 42 Que a descrição do muco e da sensação deve ser feita com suas próprias palavras (CURITIBA, 2005). RETORNO Avaliar a qualidade dos registros e a capacidade de interpretação das modificações do muco pelo casal/mulher; Se a mulher/o casal não for capaz de distinguir os tipos de muco, deve-se orientar abstinência sexual na presença de qualquer tipo de muco ou lubrificação, até a 4ª noite após a desaparição do mesmo; Se a mulher/o casal for capaz de fazer a distinção, orientar para a abstinência sexual até a 4ª noite após o dia do ápice; Reforçar as orientações iniciais. Periodicidade dos retornos Semanais durante o 1º ciclo; Quinzenais do 2º ao 4º ciclos; Mensais do 5º ao 6º ciclos; Semestrais após o 6º ciclo (CURITIBA, 2005). D. MÉTODO SINTOTÉRMICO Baseia-se na observação de múltiplos indicadores do período ovulatório com a finalidade de determinar, com maior eficácia, o início e o término do período fértil. Para tanto, utiliza-se a identificação dos sinais e sintomas relacionados à temperatura basal corporal e ao muco cervical, além de outros dados subjetivos e objetivos de ovulação, como dor abdominal, alterações do humor e da libido, mastodínia e aumento de volume das mamas, cefaléia, acne, distensão abdominal, aumento de apetite e outros (CURITIBA, 2005). TÉCNICA DE USO Registrar as informações obtidas diariamente sobre o muco cervical, a temperatura basal e os sintomas eventuais; Identificar o início do período fértil Detectar o aparecimento do muco cervical (sensação de umidade e lubrificação); Fazer o cálculo do período fértil pelo método rítmico (calendário); 43 Combinar ambos os métodos. Identificar o final do período fértil Observar as modificações do muco (4ª noite após o ápice do muco); Avaliar as variações da temperatura basal corporal (4 dias após a manutenção da temperatura elevada); Combinar ambos os métodos ou o que ocorrer por último, para identificar o período fértil e abster-se de relações sexuais enquanto ele durar (CURITIBA, 2005). CONTRAINDICAÇÃO As mesmas dos demais métodos naturais. PRECAUÇÃO Mulheres de alto risco gestacional. AVALIAÇÃO INICIAL Explicar e discutir com a mulher/o casal a técnica de uso do método; Fazer as recomendações referentes a cada um dos métodos naturais. RETORNO Avaliar a quantidade dos registros e a capacidade de interpretação deles; Reforçar as recomendações para cada um dos métodos naturais. Periodicidade dos retornos Semanais durante o 1º mês; Quinzenais até o 3º mês; Mensais até o 6º mês; Trimestrais até o 1º ano; Semestrais após o 1º ano (CURITIBA, 2005). 44 E. MÉTODOS DE BARREIRA Os métodos de barreira são aqueles que evitam a gravidez por meio do impedimento da ascensão dos espermatozóides ao útero. Esse impedimento pode ser mecânico, químico ou misto. Com a pandemia do HIV/AIDS a indicação do uso desses métodos pelas equipes de saúde deve ser considerada em todos os casais/mulheres que procurem assistência, quer como método anticoncepcional isolado ou como método associado a outros já escolhidos, para a prevenção da DST/AIDS, uma vez que os outros métodos anticonceptivos não têm ação preventiva para essas doenças (CURITIBA, 2005). CONDOM MASCULINO Também chamado preservativo masculino ou camisinha. Trata-se de um envoltório de látex que recobre o pênis durante o ato sexual e retém o esperma por ocasião da ejaculação. Oferece proteção contra Doenças Sexualmente Transmissíveis. O preservativo masculino faz parte da Farmácia Municipal. TÉCNICA DE USO Usar o preservativo em todas as relações sexuais; Colocar o preservativo antes de qualquer contato do pênis com os órgãos genitais femininos; Desenrolar o preservativo sobre o pênis ereto, deixando um espaço da extremidade sem ar, para o sêmen; Se houver necessidade de lubrificação, utilizar substâncias à base de água para evitar a ruptura pela fricção; Proceder a retirada do pênis logo após a ejaculação, enquanto estiver ereto, pressionando as bordas do condom contra o mesmo; Usar uma única vez e descartar (CURITIBA, 2005). CONTRA-INDICAÇÕES Anomalias do pênis. 45 EFEITOS COLATERAIS Alergia ao látex; Irritação vaginal devido à fricção (sem o uso de lubrificantes). AVALIAÇÃO INICIAL Avaliar o grau de participação masculina na prática do anticoncepcional; Explicar e discutir a técnica de uso; Insistir na importância do uso a cada relação; Recomendar a manipulação cuidadosa do preservativo, evitando o contato com unhas longas; não esticar ou inflar; Prescrever em quantidade suficiente para o primeiro mês de uso, considerando a frequência de relações sexuais (CURITIBA, 2005). RETORNO Avaliar a regularidade do uso do método; Discutir sobre a possível interferência do método na espontaneidade sexual; Reforçar as recomendações iniciais. Periodicidade dos retornos Um mês após a avaliação inicial; Anual após o primeiro retorno (CURITIBA, 2005). CONDOM FEMININO Também conhecido como camisinha feminina ou preservativo feminino. Contraceptivo de barreira vaginal, de poliuretano. Recobre a cérvice uterina, paredes vaginais e parte da vulva. É mais resistente e durável que o preservativo masculino e oferece proteção mais efetiva contra as DST. Pode ser inserido fora do intercurso sexual, ficando o seu uso sob o controle feminino (CURITIBA, 2005). TÉCNICA DE USO Posicionar recobrindo a cérvice uterina, paredes vaginais e parte da vulva. Devido à maior área genital recoberta, oferece proteção efetiva contra a transmissão de doenças sexualmente transmissíveis (CURITIBA, 2005). 46 CONTRA-INDICAÇÕES Anomalias vaginais. EFEITOS COLATERAIS Alergia. DIAFRAGMA É um pequeno dispositivo circular de borracha, com bordas firmes e flexíveis, que, ao ser colocado na vagina, forma uma barreira física sobre o colo uterino, impedindo a ascensão dos espermatozóides ao útero (CURITIBA, 2005). TÉCNICA DE USO Usar espermaticida nas bordas e no lado côncavo do diafragma; Inserir o diafragma um pouco antes da relação sexual, porém não mais que seis horas antes da relação sexual; Verificar se o diafragma está colocado corretamente, sentindo o colo uterino através da sua cúpula, com o dedo indicador; Remover o diafragma seis a oito horas após o coito; Após o uso, lavar com sabão neutro e água fria e enxugar em toalha de pano ou papel. Depois de seco, espalhar amido de milho por toda a superfície e guardar em recipiente próprio; Verificar se não tem pequenos furos, olhando contra a luz ou colocando água na sua concavidade e verificando se não há escape (CURITIBA, 2005). CONTRAINDICAÇÃO Mulheres que nunca tiveram relação sexual; Configuração anormal da vagina; Cistocele ou retocele acentuada; Retroversão uterina; Prolapso uterino; Presença de septos, cistos e fístulas vaginais; Pós-parto até a 6ª semana; Alergia ao látex ou ao espermaticida; Alterações psíquicas graves; 47 Cervicocolpites agudas; O uso contínuo (acima de 24-36 horas) é contra-indicado, pois há risco de infecção geniturinária e choque tóxico (CURITIBA, 2005). EFEITOS COLATERAIS Irritação da vagina ou pênis; Reação alérgica à borracha ou aos espermaticidas. AVALIAÇÃO INICIAL Ensinar a técnica de uso; Determinar o tamanho e o tipo de diafragma a ser utilizado através do exame ginecológico; Testar, através do toque vaginal, o diafragma posicionado; Solicitar que a paciente retire e recoloque o diafragma no consultório e verificar, pelo toque, se a colocação está correta; Pedir que se locomova por 10 a 15 min, com o diafragma, e verificar se há desconforto; Colocar e remover o diafragma várias vezes, na primeira semana após a consulta inicial, como aprendizagem, fazendo abstinência sexual neste período; Agendar retorno em uma semana, orientando para que venha com o diafragma colocado (CURITIBA, 2005). RETORNO Verificar se o diafragma está posicionado corretamente, pelo toque vaginal; Solicitar que a paciente retire e recoloque o diafragma, verificando a exatidão da técnica; Repetir a medida do diafragma: após cada parto; após abortamento; variação de peso superior ou inferior a 5 kg; após cirurgia vaginal ou perineal; 48 a cada dois anos, rotineiramente (substituir o diafragma por outro novo). Periodicidade dos retornos Primeiro retorno após uma semana da avaliação inicial; Segundo retorno 30 dias após; Seguimento posterior anual (CURITIBA, 2005). F. MÉTODOS HORMONAIS Inibem a ovulação, através do bloqueio da liberação de gonadotrofinas pela hipófise, modificam o muco cervical tornando-o hostil à espermomigração, alteram o endométrio, modificam a contratilidade das tubas - interferindo no transporte ovular e alteram a resposta ovariana às gonadotrofinas (CURITIBA, 2005). ANTICONCEPCIONAL HORMONAL COMBINADO ORAL (AHCO) Conhecido como pílula. São esteróides isolados ou em associação, com a finalidade de impedir a concepção. CLASSIFICAM-SE EM: minipílulas = progestogênio isolado combinada = estrogênio + progestogênio – monofásicas – bifásicas – trifásicas (CURITIBA, 2005). AS VANTAGENS PRINCIPAIS SÃO: praticidade; não interferência no relacionamento sexual; diminuição do fluxo menstrual; melhora da dismenorréia e da tensão pré-menstrual; regularidade do ciclo menstrual; diminuição de doenças benignas das mamas; regressão dos cistos funcionais ovarianos; diminuição da incidência de endometriose e miomatose uterina; diminuição da incidência de câncer de ovário e de endométrio; 49 diminuição do risco de doença inflamatória pélvica; diminuição do risco de gravidez ectópica e moléstia trofoblástica; melhora de doenças como artrite reumatóide, anemia, acne, hirsutismo e eczema seborréico (CURITIBA, 2005). COMPONENTES DAS PÍLULAS COMBINADAS Estrogênio: Etinilestradiol; Progestogênios Levonorgestrel; Noretindrona; Acetato de Ciproterona; Desogestrel; Gestodene (CURITIBA, 2005). COMPONETES DAS MINI-PÍLULAS Levonogestrel; Norestisterona; Desogestrel (CURITIBA, 2005). TÉCNICA DE USO Iniciar no 1º dia do ciclo menstrual; Ingerir um comprimido por dia até o término da cartela, sempre no mesmo horário; ao final da cartela: pílula combinada (21 dias de uso): fazer pausa de 7 dias e iniciar nova cartela, independentemente do fluxo menstrual. minipílula: (35 dias) não deve haver interrupção entre uma cartela e outra, nem durante a menstruação (CURITIBA, 2005). CONTRAINDICAÇÃO Neoplasia hormônio-dependente ou suspeita; Câncer de mama declarado ou suspeito; Tromboflebite ou doenças tromboembólicas (no presente ou passado); 50 Doença coronariana, doença cerebrovascular; Sangramento uterino anormal não diagnosticado; Gravidez; Hipertensão arterial grave; Diabete insulino-dependente; Fumante com mais de 35 anos; Hepatopatias. Doenças cardiovasculares: prótese valvar, hipertensão pulmonar primária ou secundária, estenose mitral com fibrilação atrial ou aumento do átrio esquerdo, cardiomiopatia, doença cardíaca vascular hipertensiva, Síndrome de Marfan e coarctação de aorta complicada; Lupus eritematoso sistêmico (CURITIBA, 2005). SITUAÇÕES QUE NÃO CONTRAINDICAM O USO DO AHCO MAS EXIGEM ACOMPANHAMENTO CRITERIOSO: Fatores de risco para tromboembolismo - varizes, imobilização, sobrepeso ou obesidade, anemia falciforme; Fatores de risco para doença cardiovascular aterosclerótica - tabagismo, história familiar, dislipidemia, hipertensão arterial, diabete, obesidade; Fatores de risco para doença hipertensiva - antecedentes de toxemia gravídica, história familiar, idade avançada; Doenças da vesícula biliar, icterícia gravídica anterior e anomalias da excreção biliar; Cefaléia tipo hemicrânia; Insuficiência Renal e Cardíaca; Otosclerose; Hiperprolactinemia; Esclerose em placas; Epilepsia, psicose e neuroses graves (CURITIBA, 2005). EFEITOS COLATERAIS Cefaléia; Ganho de peso; 51 Náuseas; Vômitos; Cloasma; Mastalgia; Sangramento intermenstrual - principalmente com produtos de baixa dose; Acidentes flebíticos ou tromboembólicos; Hipertensão Arterial; Hepatopatias (CURITIBA, 2005). INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS Medicamentos que comprovadamente diminuem a eficácia dos AHCO: carbamazepina, barbitúricos, hidantoína, rifampicina e griseofulvin. Medicamentos cuja ação é reduzida pelo AHCO: benzodiazepínicos, anticonvulsivantes, metildopa, guanetidina (CURITIBA, 2005). AVALIAÇÃO INICIAL Investigar CONTRAINDICAÇÃO ao uso de pílulas (Anamnese, exame físico e ginecológico); Explicar a técnica de uso; Esclarecer a ocorrência de pequenos sangramentos intermenstruais durante os primeiros meses do uso de pílula combinada de baixa dose. No entanto, se o sangramento persistir por mais de 10 dias, procurar o serviço de saúde; Orientar para procurar atendimento, se tiver sangramento e/ou dor abdominal de causa indeterminada; Recomendar que informe o uso de pílula sempre que for à consulta médica; Recomendar que em caso de esquecimento de uso procure a Unidade de Saúde mais cedo possível para orientação (CURITIBA, 2005). RETORNO Investigar interferência clínica e/ou condições para CONTRAINDICAÇÃO do uso de pílula; Avaliar possíveis reações adversas e orientar que, após período de adaptação, elas devem desaparecer ou diminuir; 52 Avaliar as condições de uso (regularidade, tolerância, aceitabilidade etc.); Avaliar: peso; pressão arterial; exame ginecológico e de mama; colpocitológico anual. Prescrever a quantidade de cartelas de pílulas necessárias até o próximo retorno. Periodicidade dos retornos: Mensal após avaliação inicial; Anual (CURITIBA, 2005). ANTICONCEPCIONAL HORMONAL VAGINAL É semelhante ao anticoncepcional oral. Deve-se fazer a aplicação de um comprimido vaginal ao dia (CURITIBA, 2005). ANTICONCEPCIONAL HORMONAL INJETÁVEL São anticoncepcionais para uso feminino, que contêm progestogênio isolado ou associado ao estrogênio natural, para administração parenteral intramuscular, com doses de longa duração (CURITIBA, 2005). ANTICONCEPCIONAL INJETÁVEL MENSAL Vantagens: Alta eficácia; Comodidade de aplicação por ser dose única mensal; Não interfere com o ato sexual; Menor repercussão metabólica que os AHCO, devido ao emprego dos estrogênios naturais; Preservação de sangramento semelhante ao do fluxo menstrual, ao fim do efeito contraceptivo (CURITIBA, 2005). COMPONENTES Enantato de Noretisterona 50 mg e valerianato de Estradiol 5 mg; 53 Acetato de medroxiprogesterona 25 mg e Cipionato de Estradiol 5 mg; (na farmácia municipal – Mesigyna®) (CURITIBA, 2005). TÉCNICA DE USO Na primeira vez deve ser aplicado entre o 1º e 5º dias do ciclo menstrual; Repetir a cada 30 dias; Aplicação por via intramuscular, na região glútea ou no braço; Recomenda-se não massagear ou usar compressa quente no local; É obrigatório o uso de seringas de pequeno volume e de agulhas estéreis e descartáveis, agitando-se bem e aspirando todo o conteúdo para administração da dose adequada (CURITIBA, 2005). CONTRAINDICAÇÃO Lactação; Gravidez; Câncer genital e mamário; Hepatopatia; Enxaqueca grave; Sangramento vaginal sem diagnóstico etiológico (CURITIBA, 2005). EFEITOS COLATERAIS Alterações menstruais; Cefaléia; Náuseas e vômitos; Mastalgia; Aumento de peso (CURITIBA, 2005). AVALIAÇÃO INICIAL Realizar anamnese, exame físico e investigação de todas as condições que contra- indiquem o uso de hormônio; Explicar possíveis ocorrências de sintomas/sinais; irregularidade menstrual e outros 54 Orientar para procurar atendimento quando houver qualquer dúvida, ou suspeita de gravidez ou intolerância às irregularidades menstruais (CURITIBA, 2005). ANTICONCEPCIONAL INJETÁVEL TRIMESTRAL Anticoncepção realizada com acetato de medroxiprogesterona de depósito, com alta eficácia por três meses e menor número de efeitos colaterais pela inexistência do estrogênio. Pode ser utilizado no pós-parto e durante a lactação, na presença de amenorréia, e não apresenta interação medicamentosa. Os principais efeitos colaterais são: irregularidades do ciclo menstrual, amenorréia, alterações de humor, cefaléia, demora no retorno da fertilidade, diminuição da libido, depressão, acne, náuseas, distensão abdominal, desconforto mamário e aumento de peso (CURITIBA, 2005). A primeira dose deve ser feita até o sétimo dia do ciclo menstrual, indicandose o uso de outro método anticonceptivo até o oitavo dia após a aplicação. Deve-se repetir a injeção a cada 90 dias (CURITIBA, 2005). RETORNO Avaliar o uso do método; Pesquisar condições de CONTRAINDICAÇÃO. Analisar peso e pressão arterial; Realizar exame físico geral e ginecológico. PERIODICIDADE DOS RETORNOS Mensal ou trimestral (dependendo do tipo injetado) após avaliação inicial (CURITIBA, 2005). G. DISPOSITIVO INTRAUTERINO Os dispositivos intra-uterinos são artefatos de polietileno que exercem efeito anticonceptivo quando colocados na cavidade uterina. Provocam uma reação inflamatória uterina, desencadeando alterações bioquímicas que interferem no transporte dos espermatozóides no aparelho genital feminino e alteram os óvulos e espermatozóides, impedindo a fecundação (CURITIBA, 2005). 55 CLASSIFICAÇÃO: DIU não medicado ou inerte - não libera substâncias ativas. Não é aprovado no Brasil. DIU medicado ou ativo - além do polietileno, contém substâncias (metais ou hormônios) que exercem ação bioquímica. Os mais utilizados são os de cobre. O cobre impregna as secreções do cérvix, cavidade uterina e tubas uterinas, interferindo no transporte do espermatozóide pelo aparelho genital feminino e influi, também, na vitalidade e no transporte do óvulo na trompa (CURITIBA, 2005). TÉCNICA DO PROCEDIMENTO Orientar detalhadamente a paciente sobre os procedimentos a serem realizados; Solicitar a paciente que assine o termo de consentimento livre e esclarecido para a colocação do DIU. Exame ginecológico normal. Momento da inserção: Preferencialmente durante ou logo após a menstruação (até o 5º dia do ciclo). Pós-parto - Logo após a dequitação da placenta ou pela histerotomia, se o parto for cesariana, ou até 48 horas do parto. Fora desse período, deve ser colocado na 1ª menstruação, se a mulher não estiver amamentando, ou após 6 semanas do parto, se estiver amamentando (CURITIBA, 2005). Na amenorréia por lactação ou no uso de outro método contraceptivo, afastar a possibilidade de gestação. Os diferentes modelos exigem técnicas diferenciadas de inserção. Etapas: toque vaginal bimanual; colocação do espéculo estéril; assepsia da vagina e do colo uterino; pinçamento do lábio anterior do colo, delicadamente; realizar a histerometria (medida < 6 e > 9cm contraindica o uso); 56 colocar o DIU no aplicador (conforme anexo III); realizar a inserção de acordo com o modelo; remover cuidadosamente a pinça. Etapas para a remoção: Explicar o procedimento; Inserir o espéculo; Realizar assepsia da vagina e do colo uterino; Apreender os fios do DIU perto do colo uterino; Puxar firme e delicadamente para retirar o DIU. A reinserção de outro DIU pode ser feita no mesmo momento da remoção do anterior (CURITIBA, 2005). CRITÉRIOS DE INDICAÇÃO E CONTRAINDICAÇÃO SEGUNDO A OMS: Serão descritos abaixo fatores que, quando presentes, orientam a escolha ou não do DIU como método anticonceptivo (CURITIBA, 2005). Categoria 4 - Contraindicação absoluta Neoplasias malignas do colo ou do endométrio, do ovário e coriocarcinoma; Sangramento uterino; Suspeita de gravidez; Doença inflamatória pélvica - episódio atual ou nos últimos 3 meses, ou antecedentes de dois ou mais episódios; Malformação uterina; Tuberculose pélvica; Cervicite purulenta; Infecção pós-parto e pós-aborto (CURITIBA, 2005). Categoria 3 - Condições onde os riscos habitualmente superam os benefícios Sangramento menstrual aumentado; Pós-parto entre 3 e 28 dias; 57 Risco aumentado de DST - parceiros múltiplos ou parceiro com parceiras múltiplas; Risco aumentado de contrair HIV; AIDS; Doença trofoblástica benigna (CURITIBA, 2005). Categoria 2 - Condições em que os riscos são menores que os benefícios Idade menor que 20 anos; Nuliparidade; Anemia ferropriva, anemia falciforme, talassemia; Pós-parto e pós-aborto de 2º trimestre (inserção antes de completar 48 horas); Mioma ou outros problemas anatômicos que não alteram a cavidade uterina; História de DIP sem gravidez anterior; Vaginite sem cervicite; Endometriose; Dismenorréia severa; Doença cardíaca valvular complicada - fibrilação auricular, risco de tromboembolismo (CURITIBA, 2005). Categoria 1 - Uso sem restrições Doenças da mama; Cefaléia; Epilepsia; Idade superior a 35 anos; Antecedentes de gravidez ectópica e DIP com gravidez posterior; Antecedentes de cirurgia abdominal ou pélvica, incluindo cesariana; Hipertensão arterial sistêmica, doenças tromboembólicas, doença cardiovascular isquêmica, cardiopatia valvular, doenças hepáticas, obesidade e hiperlipidemias; Mais de quatro semanas pós-parto sem infecção; Após aborto de primeiro trimestre sem infecção; Condições que não aparecem em outras categorias. 58 A presença de dois ou mais fatores concomitantes eleva a categoria da paciente. Uma adolescente solteira de 15 anos, sem filhos, com história de múltiplos parceiros no ano, por exemplo, apresenta dois fatores da categoria 2 (nuliparidade e idade inferior a 20 anos) e um fator da categoria 3 (risco aumentado de contrair DST/HIV/AIDS - múltiplos parceiros). Pertence, portanto, à categoria 4 (CURITIBA, 2005). REAÇÕES ADVERSAS APÓS A INSERÇÃO Dor - afastar perfuração uterina, se persistir deve ser retirado; Reação vagal - manter a paciente em decúbito dorsal com a cabeça baixa até melhorar; Sangramento - fazer compressão. Se abundante, afastar perfuração uterina e lesão de vasos; Laceração de colo - fazer sutura; Perfuração - retirar o DIU; Bacteremia transitória - pode desencadear endocardite bacteriana (CURITIBA, 2005). INTERCORRÊNCIAS DURANTE O USO Dismenorréia e dor pélvica; Alergia aos componentes; Sangramento menstrual exagerado ou prolongado; Expulsão (mais frequente nos três primeiros meses); Gravidez - intrauterina ou ectópica (CURITIBA, 2005). AVALIAÇÃO INICIAL DIU deve ser oferecido como uma opção entre outros anticoncepcionais; Verificar se a paciente assinou o termo de consentimento livre e esclarecido e explicar a técnica de inserção; Orientar sobre complicações/intercorrências e enfatizar para procurar atendimento se houver sinais/sintomas; 59 A paciente após ser orientada sobre prazo de validade, complicações e índice de falha do DIU deve assinar um termo de consentimento livre e esclarecido conforme modelo encontrado no anexo. O médico que realiza a inserção deve estar treinado para o uso do método. Toda a equipe de enfermagem deve estar preparada para atender as intercorrências ou referi-las; Na Farmácia Municipal encontra-se disponível o T Cu 380 (CURITIBA, 2005). SINAIS DE ALERTA A paciente deve ser orientada a procurar o serviço de saúde imediatamente, caso apresente: Atraso menstrual e sintomatologia sugestiva de gestação; Sangramento vaginal severo ou irregular e sintomatologia de gestação (há risco de ser gravidez ectópica); Perda dos fios ou percepção da ponta de plástico do DIU ao toque; No relacionamento sexual, sem uso de preservativo, com múltiplos parceiros por parte de um dos membros do casal; Dor em baixo ventre, febre, comprometimento do estado geral e leucorréia (CURITIBA, 2005). RETORNO Avaliar a adaptação ao método; Pesquisar intercorrências ou complicações; Avaliar prazo de validade do DIU a partir da data de inserção, para substituição: T Cu 380 A - 10 anos (na Farmácia Municipal) (CURITIBA, 2005). PERIODICIDADE DOS RETORNOS Primeiro retorno uma semana após a inserção; Segundo retorno após a 1ª menstruação depois da inserção; Terceiro retorno após três meses; E depois, a cada seis meses (CURITIBA, 2005). 60 H. MÉTODOS DEFINITIVOS Consiste na realização de procedimento cirúrgico voluntário, masculino ou feminino, objetivando a esterilização permanente. CRITÉRIOS PARA A REALIZAÇÃO DE ANTICONCEPÇÃO CIRÚRGICA A esterilização cirúrgica por meio da laqueadura tubária e da vasectomia será indicada nos casos em que se caracterizar como a melhor opção, conforme critérios definidos pela Secretaria Municipal de Colombo. A portaria 144 do Ministério da Saúde, de 20 de novembro de 1997, permite a realização deste procedimento. Somente será permitida a esterilização voluntária em homens e mulheres com capacidade civil plena e maiores de 25 anos de idade, com pelo menos 2 filhos vivos, e através de expressa manifestação da vontade em documento escrito e firmado, após a informação a respeito dos riscos de cirurgia, possíveis efeitos colaterais, dificuldades de sua reversão e outras opções de contracepção existentes. Deverá ser observado o prazo mínimo de 60 dias entre a manifestação da vontade e o ato cirúrgico. Tal informação deverá estar contida em ficha clínica individual do usuário (CURITIBA, 2005). A indicação da laqueadura tubária será médica, sempre nos casos de risco à vida ou à saúde da mulher ou do futuro concepto. Consideram-se risco reprodutivo, com indicação à esterilização cirúrgica na mulher (laqueadura tubária), obedecidos critérios acima citados, as seguintes patologias: a) Hipertensão Arterial Sistêmica; b) Diabetes mellitus; c) Doença Renal Crônica; d) Cardiopatias; e) Outras patologias, justificadas e com indicação médica (CURITIBA, 2005). Quando se evidenciar clinicamente risco, à vida ou à saúde da mulher ou do futuro concepto, que recomende a esterilização, o procedimento deverá ser testemunhado em relatório escrito e assinado por dois médicos. A esterilização cirúrgica no homem (vasectomia) poderá ser realizada quando atender os seguintes critérios: 61 a) Consentimento do casal; b) Maior de 25 anos; c) Com no mínimo dois filhos (último filho com idade superior a um ano); d) Sem história de doença genital conhecida (CURITIBA, 2005). A esterilização cirúrgica como método contraceptivo somente será executada através de laqueadura tubária, vasectomia ou de outro método cientificamente aceito, sendo vedada sua realização através de histerectomia e Ooforectomia. (Remoção de um ou mais ovários) É vedada a esterilização cirúrgica em mulher durante períodos de parto ou aborto, exceto nos casos de comprovada necessidade, por cesarianas sucessivas anteriores ou na caracterização de risco de vida. Na vigência de sociedade conjugal, a esterilização depende do consentimento expresso de ambos os cônjuges (CURITIBA, 2005). SERVIÇOS DE REFERÊNCIA CREDENCIADA A esterilização cirúrgica somente deverá ser realizada pelos Serviços de Referência credenciados pelo SUS, segundo os seguintes critérios: A instituição deverá dispor de – e oferecer – todas as opções dos vários métodos contraceptivos. A instituição deverá comprovar a existência do médico habilitado para a realização do ato, no seu corpo clínico. A instituição deverá manter arquivo individual dos pacientes submetidos à esterilização, no qual conste, além do prontuário médico, toda a documentação complementar, à disposição de fiscalização a ser exercida pela instância gestora. É obrigatório o preenchimento de notificação compulsória, conforme modelo da portaria MS 144 de 20 de novembro de 1997, quando da realização dos procedimentos laqueadura tubária e vasectomia. Se necessária laqueadura no momento do parto, devido ao número elevado de cesarianas ou doença severa de base, deverá haver manifestação expressa da vontade do casal/mulher e pareceres de dois médicos, indicando a esterilização cirúrgica justificando-a. 62 A laqueadura será realizada sempre nos primeiros dez dias do ciclo menstrual, antes da ovulação, no período pós-menstrual ou em qualquer período, desde que haja uso correto de método anticoncepcional de alta eficácia (CURITIBA, 2005). OPERACIONALIZAÇÃO NO MUNICÍPIO DE COLOMBO (ESTERILIZAÇÃO CIRÚRGICA) A esterilização cirúrgica somente deverá ser realizada pelo serviço de referência credenciada ao Sistema Único de Saúde. A Secretaria Municipal de Saúde oferece laqueadura tubária e vasectomia através de referência e contra-referência devidamente preenchida juntamente com a solicitação do modelo padrão da MS 144 e a manifestação da vontade, encaminhadas à Central de Marcação de Especialidades (CME) do município; os usuários encaminhados deverão estar previamente orientados pela equipe da Unidade de Saúde responsável pelo Programa do Planejamento Familiar (CURITIBA, 2005). I. ANTICONCEPÇÃO DE EMERGÊNCIA Consiste no uso de métodos anticonceptivos hormonais orais que vão interferir na ovulação, na espermomigração, no transporte e na nutrição do ovo, na fertilização, na fase lútea e na implantação. É uma alternativa de caráter excepcional e deve ser amplamente divulgada junto aos profissionais de saúde. Estima-se que 10 milhões de brasileiras estejam expostas à gestação indesejada, em decorrência do uso inadequado ou do não uso de métodos anticoncepcionais. Na adolescência e na pré-menopausa, a associação de múltiplos fatores eleva o risco dessa situação (CURITIBA, 2005). Medicação utilizada: Levonorgestrel 1,50 mg comprimido Indicações Relação sexual não planejada e desprotegida; Uso inadequado de métodos anticoncepcionais; Falha conceptiva presumida; Violência sexual (estupro) (CURITIBA, 2005). 63 J. ANTICONCEPÇÃO PÓS-PARTO E PÓS-ABORTAMENTO A duração da amenorréia e do período anovulatório no pós-parto relaciona-se com a frequência e duração das mamadas, com a continuidade da amamentação noturna e a administração de outros alimentos ao bebê. No aleitamento materno exclusivo durante os 6 primeiros meses após o parto, as taxas de gestação são em torno de 1,8% em mulheres amenorréicas (CURITIBA, 2005). A eficiência anticonceptiva declina nos casos em que a amamentação é parcial, quando houver associação de outros alimentos para o bebê e no retorno da menstruação. Nos casos em que não houver amamentação, a fertilidade retorna num período estimado de 1 a 2 meses após o parto, sendo que a ovulação pode ocorrer em até 40 dias (CURITIBA, 2005). A equipe de saúde deve: Captar precocemente as mulheres no período de puerpério para o programa de planejamento familiar; Incentivar o aleitamento materno; Orientar para a consulta de puericultura; Iniciar programa educativo; Informar sobre a importância do período de 24 meses entre as gestações para a saúde materno-infantil; Indicar o uso de medidas anticonceptivas assim que o casal/mulher retorne às relações sexuais (CURITIBA, 2005). A lactação deve ser prioridade e o método anticonceptivo não deve interferir negativamente neste processo tanto, é importante considerar as informações descritas na tabela a seguir: 64 Figura 8 –Informações sobre anticoncepcionais para o pós -parto (CURITIBA, 2005). K. ANTICONCEPÇÃO NA ADOLESCÊNCIA A adolescência corresponde ao período entre 10 e 19 anos, segundo a OMS, e caracteriza-se por inúmeras transformações somatopsíquicas e socioculturais. Compreende, sob o ponto de vista biológico, o período em que o indivíduo desenvolve-se física e psiquicamente, tornando-se apto à procriação. Representa, 65 portanto, período de crescimento intenso para atingir a maturidade (CURITIBA, 2005). Na mulher, a menarca vem ocorrendo cada vez mais precocemente, atualmente por volta dos 12 anos. Em contrapartida, os aspectos atuais da sociedade, relacionados à educação e à realização profissional para o homem e a mulher, ocasionaram a postergação do casamento. A liberdade sexual e os estímulos presentes no cotidiano, associados a outros fatores, implicam no início cada vez mais precoce da atividade sexual (CURITIBA, 2005). Em nosso meio, assim como em outros países, o adolescente procura os serviços de saúde quando já iniciou a atividade sexual e comumente não utiliza, ou faz uso inadequado de métodos anticoncepcionais. Este fato se deve a: Falta de informação sobre os métodos disponíveis; Dificuldade de acesso a serviços especializados e orientação sexual; Baixo nível socioeconômico e cultural; Alto custo de alguns métodos anticoncepcionais; Não participação de um dos parceiros; Não conscientização da possibilidade de uma gestação – acreditam serem jovens demais para engravidar; Caráter esporádico e/ou não planejado das relações sexuais (CURITIBA, 2005). As principais consequências do início precoce da atividade sexual são: Gestação Indesejada Índices elevados de morbimortalidade materna por: hipertensão arterial, anemia, hemorragia, infecção, baixa estatura, início tardio do pré-natal, consumo de drogas lícitas e ilícitas; Aborto provocado; Índices elevados de morbimortalidade infantil no primeiro ano de vida por: baixo peso, prematuridade, abandono e marginalização; Perda da autoestima, sensação de culpa, vergonha, rejeição familiar e social; Experiência sexual insatisfatória; Abandono da família, baixa escolaridade, bloqueio profissional, menor perspectiva de ascensão social e perpetuação da pobreza; Doenças Sexualmente Transmissíveis; Neoplasia Cervical (CURITIBA, 2005). 66 A tabela a seguir descreve as principais indicações e contra-indicações dos métodos anticoncepcionais para adolescentes: Figura 9 –Informações (CURITIBA, 2005). sobre anticoncepcionais para a adolescência 67 L. ANTICONCEPÇÃO NO CLIMATÉRIO O climatério representa o período de transição entre o período reprodutivo e não reprodutivo. Não tem início bem definido, podendo ser considerado aproximadamente aos 45 anos. Esta fase caracteriza-se pela diminuição da fertilidade do casal por: Diminuição da fertilidade; Aumento dos ciclos anovulatórios; Diminuição da frequência das relações sexuais em geral (CURITIBA, 2005). A tabela a seguir aborda a indicação anticoncepcionais nesta fase da vida da mulher: dos diferentes métodos 68 Figura 10 –Informações sobre anticoncepcionais para o climatério (CURITIBA, 2005). Nesta fase da vida, tanto a anticoncepção como as eventuais gestações oferecem risco para a mulher e para a criança. Deve-se considerar, portanto, o uso de métodos anticoncepcionais eficazes e que ofereçam menos riscos para os casais (CURITIBA, 2005). Esta população é priorizada no Programa de Assistência ao Planejamento Familiar da SMS, por ser considerada de risco reprodutivo. Na concomitância de fatores de risco, principalmente doenças crônicas, o risco será caracterizado como severo. 69 5.7 ATENDIMENTO DE ENFERMAGEM NO PROGRAMA DE ASSISTÊNCIA À ANTICONCEPÇÃO Cabe ao Enfermeiro e à equipe de Enfermagem: Proceder intercâmbio com mulheres/casais no tocante a conteúdos educativos, recomendações, esclarecimentos de dúvidas e adaptação do método; Realizar anamnese e exame físico; Avaliar intercorrências, contra-indicações e/ou complicações; Reforçar a importância do retorno e da continuidade do método; Agendar retorno; Proceder busca ativa, através de visita domiciliar, para as faltosas à consulta e/ou atendimento; Registrar o método disponibilizado, as ocorrências, intercorrências, avaliação clínica, conclusão de atendimento, e em caso de exclusão: a data e o motivo. Esclarecer sobre o uso e os possíveis efeitos esperados, específicos de cada método; Alertar sobre as complicações e orientar para que procure atendimento imediatamente (CURITIBA, 2005). 5.8 AVALIAÇÃO DAS AÇÕES DE PLANEJAMENTO FAMILIAR Avaliar a cobertura da atenção ao planejamento familiar, tendo como população priorizada as mulheres/casais com risco reprodutivo; Avaliar a prevalência do uso dos métodos anticonceptivos; Avaliar a percentagem de mulheres/homens que estão sendo atendidos no tocante à anticoncepção, concepção e infertilidade, em relação à mulheres/homens atendidos no serviço; Avaliar a o perfil de risco da clientela priorizada para anticoncepção; Avaliar o perfil das ocorrências e intercorrências detectadas; 70 Acompanhar, através da coleta e análise dos dados de prontuário, registros e mapas; A motivação e a capacitação da equipe, o envolvimento da comunidade e a acessibilidade ao serviço de saúde são pontos fundamentais para o sucesso do programa (CURITIBA, 2005). 5.9 AÇÕES DO PLANEJAMENTO FAMILIAR A anamnese, o exame físico geral, o exame das mamas com orientação para auto-exame, o exame ginecológico, a coleta de citologia oncótica se necessário, a conduta frente à solicitação de anticoncepção ou à queixa de infertilidade, as orientações sobre o planejamento familiar, o registro do atendimento em prontuário; consistem em ações fundamentais para o sucesso do programa no município de Colombo. 71 6. PREVENÇÃO E CONTROLE DO CÂNCER DE COLO DE ÚTERO 6.1 INTRODUÇÃO O Município de Colombo pela secretaria Municipal de Saúde, ao longo do seu processo de organização, produção e oferta de serviços e ações de saúde, consolida o Sistema Único de Saúde, com o trabalho compartilhado de trabalhadores de diversas categorias profissionais, e com o apoio da população. Atualmente empreendemos esforços no sentido de fortalecer a estratégia de Saúde da Família e qualificar as ações cotidianas das equipes que atuam na rede básica, o que certamente fortalecerá de modo decisivo e positivo em todos os níveis de organização do sistema municipal de saúde. Uma das medidas adotadas para tal fim é a revisão do Protocolo técnico que auxilia a gestão no processo de cuidado e organização de fluxos a partir da análise da dimensão das necessidades de usuários dos serviços. O protocolo é um instrumento que estabelece normas para as intervenções técnicas que informa e atualiza conceitos e condutas referentes ao processo assistencial na rede de serviços da Saúde, com orientações aos diferentes profissionais na realização de suas funções perante a complexidade dos problemas de saúde apresentados pela população. Isto significa que o Protocolo é a política assistencial assumida para ações éticas para organização do trabalho em saúde. Este protocolo resulta do esforço de profissionais da rede e aborda especificamente o controle e prevenção do câncer de colo de útero. É uma aproximação com a dimensão e natureza das questões relativas à saúde da mulher e representa uma opção no sentido da padronização de ações e procedimentos para a qualificação da assistência a esse grupamento populacional. Como ferramenta para impulsionar a construção coletiva de compromissos para mudar o processo de trabalho nas Unidades Básicas de Saúde, apostando na articulação e complementariedade de saberes, é um documento inacabado à espera de contribuições de todos comprometidos com a qualificação da assistência. 72 6.2 PREPARANDO A UNIDADE PARA O ACOLHIMENTO DA MULHER A Unidade de Saúde é a porta de entrada da mulher para o programa de detecção precoce do câncer do colo do útero, deverá estar preparada nos vários aspectos incluindo organização do espaço físico, previsão de materiais e o ideal é que a mulher chegue na US desejosa de fazer o exame e esse possa ser feito no mesmo dia, caso contrário agendar uma data conveniente para a mulher num período de tempo menor possível, ressaltando sobre a importância da busca do resultado (BRASIL, 2002) A importância das ações desenvolvidas nas Unidades de Saúde do Município de Colombo motiva a realização deste manual, destinado a ajudar o gerente/coordenador da unidade no trabalho diário de controle das doenças. Mais uma vez juntos para vencer o câncer do colo do útero, que ainda mata milhares de brasileiras todos os anos. Ainda existem cerca de 6 milhões de mulheres na faixa etária onde mais ocorrem casos positivos da doença (35 a 49 anos) e jamais fizeram qualquer tipo de exame preventivo, por medo e até vergonha. Uma barreira que está sendo vencida, passo a passo por isso o Ministério da Saúde e nos convida a implementar com eficiência o Programa Nacional de Controle do Câncer do Colo do Útero (BRASIL, 2002) IDENTIFICANDO AS BARREIRAS PARA ABORDAGEM DA MULHER Estas são as barreiras identificadas que dizem respeito às dificuldades da mulher e a organização dos serviços de saúde: Desconhecimento das mulheres sobre o câncer do colo do útero; Baixo nível de escolaridade; Falta de conhecimento sobre o próprio corpo; Vergonha e medo de fazer o exame, assim como medo dos resultados; Influência familiar negativa, especialmente por parte dos homens; Dificuldades de marcar consulta para fazer os exames; Recusa ao convite para realização do exame citopatológico (rastreamento); Recusa à chamada para investigação e tratamentos recomendados; Baixa prioridade por parte do profissional de saúde no atendimento integral das mulheres, muitas vezes por compreensão errônea sobre os objetivos da ação; 73 Ausência de sensibilização do profissional e da Unidade de Saúde para rotina dos exames; Ausência de encaminhamento adequado das mulheres; Falta de privacidade durante os exames; Insuficiência dos recursos para a absorção da população-alvo; Falta de qualidade e humanização no atendimento; Coleta e fixação da amostra citopatológica do colo do útero inadequados e falha na identificação e classificação da anormalidade presente no esfregaço citopatológico; Condução da investigação diagnóstica e tratamento da anormalidade inadequados; Segmento (follow-up) inadequado das pacientes com exames anormais; Falta de organização da rede de serviços para absorver as mulheres que necessitam de exames complementares ou tratamentos (BRASIL, 2002) Algumas facilidades devem ser previstas para facilitar a abordagem da mulher: Planejamento da marcação de consulta; Criação de mecanismos de agilização de consultas para atendimento da demanda; Prestação de informação à mulher, de maneira clara e correta, sobre a sequência de orientações após o recebimento dos resultados e de outros procedimentos a serem realizados; Estimulo à mulher a tirar suas dúvidas durante o procedimento, respondendoas adequadamente; Desenvolvimento de um método de captura e convencimento para as mulheres que visitem as Unidades de Saúde e realizem a coleta do exame citopatológico; Colocação de cartazes explicando a técnica de coleta, fluxograma de condutas, indicação da rede de referência, e informações as mulheres orientando os cuidados necessários para a realização dos exames (não ter relação sexual 24 hs antes do exame, não utilizar duchas e nem medicamentos vaginais, não estar menstruada – sangramentos atípicos devem ser investigados); 74 Checagem das listas de consultas estimulando os clínicos, pediatras e outros a convidarem as mulheres alvo a realizarem o exame citopatológico; Identificação de um funcionário sensibilizado a convencer as mulheres nas salas de espera para a realização do citopatológico (é importante que a agenda tenha horários livres para realização destes exames); Desenvolvimento de palestras educativas em lugares públicos, tais como eventos comunitários ou religiosos; Sensibilização de algum funcionário para que fique alçado na porta de entrada da US (Unidade de Saúde) para encaminhamento para o exame das mulheres desta faixa etária; Criação e manutenção de um clima de respeito entre o profissional de Saúde e a mulher; Preparação das instalações para o oferecimento de um local confortável e com privacidade para o exame; Incentivo à mulher a adotar hábitos alimentares saudáveis (com baixo teor de gordura, sal e açúcar; aumento de grãos integrais, tubérculos vegetais e frutas) e atividade física regular (BRASIL, 2002) 6.3 CÂNCER DE COLO UTERINO – PROMOÇÃO DE SAÚDE E PREVENÇÃO A detecção precoce do câncer do colo do útero ou de lesões precursoras é plenamente justificável, pois a cura pode chegar a 100% e, em grande número de vezes, a resolução ocorrerá ainda em nível ambulatorial. O câncer do colo do útero é uma doença de crescimento lento e silencioso e a prevenção é quando se evita o aparecimento da doença por meio da intervenção no meio ambiente e em seus fatores de risco, como o estímulo ao sexo seguro, correção das deficiências nutricionais e diminuição da exposição ao tabaco. A mulher com situação de risco pode ser identificada durante o acolhimento ou na consulta ginecológica e deve ser acompanhada de maneira mais frequente (BELO HORIZONTE, 2008). Por sexo seguro entende-se o uso de preservativo durante a relação sexual, uma das formas de evitar o contágio pelo HPV, vírus com papel importante para o desenvolvimento do câncer e suas lesões precursoras (BELO HORIZONTE, 2008). Uma alimentação saudável pode reduzir as chances de câncer. A dieta deveria conter diariamente porções de frutas, verduras e legumes. Devemos dar preferência às gorduras de origem vegetal como o azeite extra virgem, óleo de soja 75 e de girassol, entre outros, lembrando sempre que não devem ser expostas a altas temperaturas. Evitar gorduras de origem animal – leite e derivados, carne de porco, carne vermelha, pele de frango, entre outros – e algumas gorduras vegetais como margarinas e gordura vegetal hidrogenada (BELO HORIZONTE, 2008). Além disso, as mulheres devem ser estimuladas a manter uma atividade física regular, evitar ou limitar a ingestão de bebidas alcoólicas e parar de fumar. A mulher fumante tem um risco maior de câncer de colo de útero, além de infertilidade, dismenorréia, irregularidades menstruais e antecipação da menopausa (em média dois anos antes) (BELO HORIZONTE, 2008). Na anamnese dirigida, é importante investigar quando foi a última coleta do exame citopatológico (Papanicolaou) e qual o resultado do exame. Algum tipo de tratamento no colo do útero deve ser investigado. Também deve ser questionado sobre uso de DIU, tratamentos hormonais ou radioterápicos, além de uma gestação atual. A presença de sangramento vaginal fora do período menstrual normal deve ser investigada, além de sangramento vaginal após relação sexual (BELO HORIZONTE, 2008). A estratégia utilizada para detecção precoce do câncer de colo uterino no Brasil é através do rastreamento, que significa realizar o exame preventivo, citologia oncótica (Papanicolaou), em mulheres sem sintomas, como objetivo de identificar aquelas que possam apresentar a doença em fase muito inicial, quando o tratamento pode ser mais eficaz – prevenção secundária (BELO HORIZONTE, 2008). A efetividade da detecção precoce, associada ao tratamento em seus estádios iniciais, tem resultado em uma redução das taxas de incidência de câncer invasor que pode chegar a 90%. De acordo com a OMS, quando o rastreamento apresenta boa cobertura (80%) e é realizado dentro dos padrões de qualidade, modifica efetivamente as taxas de incidência e mortalidade por esse câncer (BELO HORIZONTE, 2008). A periodicidade de realização do exame preventivo do colo do útero, estabelecida pelo Ministério da Saúde, em 1988, permanece atual e está em acordo com as recomendações HORIZONTE, 2008). dos principais programas internacionais (BELO 76 6.4 SITUAÇÕES ESPECIAIS O exame citopatológico deve ser realizado em todas as mulheres que tem ou já tiveram atividade sexual, prioritariamente em mulheres de 25 a 59 anos de idade, uma vez por ano e, após dois exames anuais consecutivos negativos, a cada três anos. Atenção: toda mulher deve submeter-se ao exame preventivo até os 69 anos de idade. Essa recomendação apóia-se na observação da história natural do câncer do colo do útero, que permite a detecção precoce de lesões pré-malignas ou malignas, e o seu tratamento oportuno, graças à lenta progressão para estágios mais graves que esta lesão apresenta (BELO HORIZONTE, 2008). Em mulheres que tenha sido identificado algum fator de risco, como por exemplo, a infecção pelo vírus HIV, o rastreamento pelo exame citopatológico (Papanicolaou) deve ser anual. No Brasil, observa-se que a maior parte do exame preventivo do colo do útero é realizada em mulheres com menos de 35 anos, provavelmente naquelas que comparecem aos serviços de saúde para cuidados relativos à natalidade. Isso leva a uma subutilização dos Serviços e menor eficácia do programa de rastreamento, uma vez que não estão sendo atingidas as mulheres na faixa etária de maior risco. A identificação das mulheres na faixa etária de maior risco, especialmente aquelas que nunca realizaram exame na vida, é o objetivo da captação ativa. As estratégias devem respeitar as peculiaridades regionais envolvendo lideranças comunitárias, profissionais de saúde, movimentos de mulheres, meios de comunicação entre outros (BELO HORIZONTE, 2008). Em relação às mulheres acima da faixa etária recomendada, torna–se imperativo que sejam levados em consideração: (1) os fatores de risco; (2) a frequência de realização dos exames; (3) os resultados dos exames anteriores; A frequência do rastreamento deverá ser individualizada para cada caso. É fundamental que a equipe de saúde incorpore na atenção às mulheres no climatério, orientação sobre o que é e qual a importância do exame preventivo do colo do útero, 77 pois a sua realização periódica permite reduzir a mortalidade por câncer do colo do útero na população de risco (BELO HORIZONTE, 2008). Mulher grávida: não se deve perder a oportunidade para a realização do rastreamento, pode ser feito em qualquer período da gestação, preferencialmente até o 7º mês. Não está contra-indiciada a realização do exame em mulheres grávidas, a coleta deve ser feita com a espátula de Ayre e não usar escova de coleta endocervical. O risco de progressão de uma lesão de alto grau para carcinoma invasor, durante o período gestacional, é mínimo e a taxa de regressão espontânea após o parto é relativamente alta (69%). A conduta obstétrica, em princípio, para resolução da gravidez, não deve ser modificada em decorrência dos resultados colposcópicos, citopatológicos e histopatológicos, exceto nos casos de franca invasão ou obstrução do canal do parto. Após o parto, as reavaliações colposcópica e citopatológica deverão ser realizadas, entre seis e oito semanas, na Unidade de Referência de Média Complexidade. Adolescentes: De acordo com a Lei nº 8.069, de 13 de Julho de 1990, que dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente, considera-se criança, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade. Os achados de anormalidades citopatológicas em adolescentes sexualmente ativas têm aumentado progressivamente, alterando-se de 3% na década de 70 para 20% na década de 90. Nessa faixa etária, frequentemente, observa-se fatores de risco, como a sexarca precoce, multiplicidade de parceiros e fatores de risco biológicos, que geram uma maior vulnerabilidade. A conduta, na Unidade da Atenção Básica, não se altera na adolescente devendo, portanto, seguir as recomendações anteriormente apresentadas nesse documento (BELO HORIZONTE, 2008). Na Unidade de Referência de Média Complexidade, a adolescente deverá seguir as mesmas condutas recomendadas para as pacientes em pré-menopausa, exceto se o laudo histopatológico for de NIC I, em que a conduta deverá ser conservadora, não cabendo, portanto, a indicação de métodos excisionais na persistência citopatológica e/ ou colposcópica. No caso de piora da lesão colposcópica e/ou da citologia de repetição, está indicada nova biópsia. Resultado histopatológico maior que NIC I, seguir recomendações específicas de acordo com 78 laudo. O método “Ver e Tratar” não é recomendado para as pacientes adolescentes e, mesmo quando houver concordância cito-colposcópica, a biópsia se impõe (BELO HORIZONTE, 2008). Mulheres virgens: a coleta em virgens não deve ser realizada na rotina. A ocorrência de condilomatose na genitália externa, principalmente vulvar e anal, é um indicativo da necessidade de realização do exame do colo, devendo-se ter o devido cuidado e respeitar a vontade da mulher (BELO HORIZONTE, 2008). Mulheres submetidas à histerectomia: Em caso de histerectomia total recomenda–se a coleta de esfregaço de cúpula vaginal. Na histerectomia subtotal a rotina de coleta deve ser a habitual. Os intervalos são os recomendados pelo INCA (BELO HORIZONTE, 2008). Mulheres com DST: devem ser submetidas à citopatologia mais frequentemente, pelo maior risco de serem portadoras do câncer do colo do útero ou de seus precursores. Já as mulheres com condilomas em genitália externa não necessitam de coletas mais frequentes do que as demais, salvo em mulheres imunossuprimidas (BELO HORIZONTE, 2008). Mulheres imunodeprimidas: As mulheres imunodeprimidas com resultado citológico alterado têm risco aumentado de apresentarem lesão histopatológica mais grave, ou progressão da lesão, incluindo a evolução para o câncer do colo do útero. Recomenda-se, portanto, encaminhar à Unidade de Referência de Média Complexidade, para colposcopia imediata. Considera-se paciente imunodeprimida àquela portadora do HIV, usuária de corticóides, transplantada, entre outras. Nas mulheres portadoras do HIV, as lesões precursoras apresentam envolvimento cervical mais extenso e com mais frequência envolvem outros órgãos do trato genital inferior, tais como, a vagina, a vulva e a região perianal. A investigação da paciente com citologia sugestiva de lesões de baixo e alto graus e o respectivo tratamento devem ser acompanhados de introdução de terapia antirretroviral eficaz. Isso evita progressão de lesões existentes, reduz o risco de recorrências e persistência póstratamento. As pacientes imunodeprimidas, uma vez na Unidade de Referência de Média Complexidade, serão submetidas às condutas anteriormente apresentadas 79 nesse documento. Quando de retorno à Unidade da Atenção Básica, deverão ser rastreadas anualmente por toda a vida, em decorrência de maior risco de recidiva (BELO HORIZONTE, 2008). Mulheres pós-menopausa: A conduta a ser adotada na Unidade da Atenção Básica, não se altera para as pacientes em pós-menopausa, exceto nas atipias celulares de significado indeterminado e neoplasia intra-epitelial de baixo grau, quando associada à atrofia genital constatada pelo exame clínico e/ou citológico, já que nesses casos há uma incidência maior de citologia falso positivo. Nessa situação, a estrogenização, caso não haja CONTRAINDICAÇÃO, e a repetição citológica se impõem, na Unidade da Atenção Básica (BELO HORIZONTE, 2008). A estrogenização pode ser através da administração oral de estrogênios conjugados por sete dias, com a realização do exame citopatológico em até uma semana após o término do esquema ou a administração tópica de estrogênio creme por sete dias, com realização do exame citopatológico entre o 3º e o 7º dia após o término do esquema. As pacientes que apresentarem anormalidade citológica, após estrogenização, deverão ser encaminhadas à Unidade de Referência de Média Complexidade para colposcopia imediata e conduta. Enquanto que, naquelas que apresentarem resultado negativo, uma nova citologia deverá ser realizada em 6 meses, na Unidade da Atenção Básica. Depois de duas citologias consecutivas negativas a paciente deverá retornar à rotina de rastreamento (BELO HORIZONTE, 2008). As pacientes em pós-menopausa, uma vez na Unidade de Referência de Média Complexidade, serão submetidas às condutas anteriormente apresentadas nesse documento (BELO HORIZONTE, 2008). Nas ocasiões em que haja mais de 12 meses do exame citopatológico: A coleta deverá ser realizada assim que a DST for tratada; A coleta também deve ser feita quando a mulher não souber informar sobre o resultado do exame anterior, seja por desinformação ou por não ter buscado seu resultado (BELO HORIZONTE, 2008). 80 6.5 COLETA DO MATERIAL PARA O EXAME PREVENTIVO DO COLO DO ÚTERO Figura 11 - Confecção do esfregaço ectocervical (lâmina única) (BELO HORIZONTE, 2008). . Figura 12 - Confecção do esfregaço endocervical (lâmina única) (BELO HORIZONTE, 2008) É necessário ressaltar que a presença de colpites, corrimentos ou colpocervicites pode comprometer a interpretação da citopatologia. Nesses casos a mulher deve ser tratada e retornar para coleta do exame preventivo do câncer do colo do útero (conforme exposto na abordagem sobres as DST) (BELO HORIZONTE, 2008). Se for improvável o seu retorno, a oportunidade da coleta não deve ser desperdiçada. Nesse caso, há duas situações: Quando é possível a investigação para DST, por meio do diagnóstico bacteriológico, por exemplo a bacterioscopia, essa deve ser feita inicialmente. A coleta para exame citopatológico deve ser feita por último. Nas situações em que não for possível a investigação, o excesso de secreção deve ser retirado com algodão ou gaze, embebidos em soro fisiológico e só então deve ser procedida à coleta para o exame citopatológico. A presença do processo inflamatório intenso prejudica a qualidade da amostra, o tratamento dos processos inflamatórios/DST diminui o risco da análise do 81 exame pelo laboratório ser insatisfatório, consiste na coleta de uma amostra da parte externa (ectocérvice) e outra da parte interna (endocérvice). Para a coleta do material é introduzido um espéculo vaginal e procede-se à escamação ou esfoliação da superfície externa e interna do colo por meio de uma espátula de madeira (de Ayre). Caso a junção escamo colunar não seja atingível pela espátula utilizar também a escova endocervical (BELO HORIZONTE, 2008). A falta da escovinha não é justificativa para a não realização do exame. A coleta deverá ser feita pelo médico, durante avaliação clínico-ginecológica completa. O enfermeiro treinado realizará coletas regularmente, quando esta ação contribuir para uma maior abrangência da prevenção (BELO HORIZONTE, 2008). Uma adequada coleta de material é de suma importância para o êxito do diagnóstico. O profissional de saúde deve assegurar–se de que está preparado para realizá-lo e de que tem o material necessário para isso. A garantia da presença de material em quantidades suficientes é fundamental para o sucesso da ação (BELO HORIZONTE, 2008). A partir de 2011, todas as mulheres que realizarem a coleta do preventivo do câncer colo do útero deverão coletar sorologia para sífilis (VDRL). Procedimento solicitado pelo médico. RECOMENDAÇÕES PRÉVIAS À COLETA DO EXAME PREVENTIVO DO COLO DE ÚTERO Para realização do exame preventivo do colo do útero e a fim de garantir a qualidade dos resultados, recomenda-se: Não utilizar duchas ou medicamentos vaginais ou exames intra-vaginais, como por exemplo, a ultrassonografia nas 48 horas antes da coleta; Evitar relações sexuais nas 24 horas antes da coleta; Evitar anticoncepcionais locais, espermicidas, nas 48 horas anteriores ao exame. O exame não deve ser feito no período menstrual, pois a presença de sangue pode prejudicar o diagnóstico citológico. Aguardar o término da menstruação. Em algumas situações particulares, como em um sangramento anormal, a coleta pode ser realizada. Por vezes, em decorrência do déficit estrogênico, a visibilização da junção escamo-colunar e da endocérvix pode encontrar-se prejudicada, assim como 82 pode haver dificuldades no diagnóstico citopatológico devido à atrofia do epitélio. Uma opção seria o uso de cremes de estrogênio intravaginal, de preferência o estriol, devido à baixa ocorrência de efeitos colaterais, por sete dias antes do exame, aguardando um período de 3 a 7 dias entre a suspensão do creme e a realização do preventivo. Na impossibilidade do uso do creme, a estrogenização pode ser por meio da administração oral de estrogênios conjugados por 07 a 14 dias (0,3 mg /dia), a depender da idade, inexistência de contraindicações e grau de atrofia da mucosa (BELO HORIZONTE, 2008). 6.6 NOMENCLATURA BRASILEIRA PARA LAUDOS CITOPATOLÓGICOS CERVICAIS Desde que o Dr. George Papanicolaou tentou classificar as células que observava, acreditando ser a representação de lesões neoplásicas, ocorreram diversas modificações que incorporaram progressivamente o conhecimento adquirido sobre a história natural dessas lesões, sempre na tentativa de melhorar a correlação cito-histológica (BRASIL, 2006). Deve-se notar que o objetivo do teste continua o mesmo, ou seja, a intenção é identificar alterações sugestivas de uma doença e, como consequência, também indicar ações que permitam o diagnóstico de certeza (BRASIL, 2006). Papanicolaou criou uma nomenclatura que procurava expressar se as células observadas eram normais ou não, atribuindo-lhes uma classificação. Assim, falavase em “Classes”: Classe I - indicava ausência de células atípicas ou anormais; Classe II - citologia atípica, mas sem evidência de malignidade; Classe III - citologia sugestiva, mas não conclusiva, de malignidade; Classe IV - citologia fortemente sugestiva de malignidade; Classe V - citologia conclusiva de malignidade (BRASIL, 2006). Se essa classificação se preocupava pouco com os aspectos histológicos das lesões que sugeriam, a partir de então, novas nomenclaturas surgiram, mais atentas a este significado. Assim, o termo “Displasia”, foi introduzido na classificação, levando em conta alterações histológicas correspondentes, identificando displasias leves, moderadas e severas. Essas referentes, grosseiramente, à classe III de Papanicolaou, correlacionando também a Classe IV com carcinomas escamosos in 83 situ. A Classe V continuou a indicar carcinoma invasor e, pela primeira vez, se deu ênfase a alterações celulares, devido à ação do vírus do Papiloma Humano (HPV), relatando-se a coilocitose (BRASIL, 2006). Em uma etapa posterior, estabeleceu-se o conceito de neoplasia intra-epitelial e no caso da cérvice uterina, de Neoplasia Intra-Epitelial Cervical (NIC) subdividida em três graus, que se mantém para os diagnósticos histológicos. A classificação citológica mais atual do esfregaço cervical é o Sistema de Bethesda, Maryland, Estados Unidos. Essa classificação incorporou vários conceitos e conhecimentos adquiridos, que resumidamente são o diagnóstico citológico deve ser diferenciado para as células escamosas e glandulares; inclusão do diagnóstico citomorfológico sugestivo da infecção por HPV, devido às fortes evidências do envolvimento desse vírus na carcinogênese dessas lesões, dividindo-as em lesões intra-epiteliais de baixo e alto graus, ressaltando o conceito de possibilidade de evolução para neoplasia invasora, e a introdução da análise da qualidade do esfregaço. Essa classificação foi revista em 1991 e 2001, porém sem mudanças estruturais (BRASIL, 2006). 6.7 TIPOS DA AMOSTRA Citologia: Convencional Em meio líquido Nota explicativa: Com a recente introdução da citologia em meio líquido, em suas diferentes apresentações, é indispensável que seja informada a forma de preparo, uma vez que a adequabilidade do material é avaliada de forma diversa para cada meio. É, ainda, de fundamental importância que o laboratório informe, em caso de citologia em meio líquido, que sistema foi usado (BRASIL, 2006). 6.8 AVALIAÇÃO PRÉ-ANALÍTICA Amostra rejeitada por: Ausência ou erro de identificação da lâmina e/ou do frasco; Identificação da lâmina e/ou do frasco não coincidente com a do formulário; Lâmina danificada ou ausente; Causas alheias ao laboratório (especificar); Outras causas (especificar). 84 Nota explicativa: Este conceito foi introduzido como uma inovação, visando estabelecer a diferença entre rejeição por causas alheias e anteriores à chegada ao laboratório e aquelas relacionadas à colheita, coloração ou análise microscópica. A causa da rejeição deverá ser identificada, de preferência no momento da entrada da lâmina no laboratório e seu registro deverá ser feito. Contudo, é o profissional responsável pelo exame quem irá assinar o laudo contendo o motivo da rejeição (BRASIL, 2006). 6.9 ADEQUABILIDADE DA AMOSTRA Satisfatória Insatisfatória para avaliação oncótica devido ao: Material acelular ou hipocelular (< 10% do esfregaço) Leitura prejudicada (> 75% do esfregaço) por presença de: sangue; piócitos; artefatos de dessecamento; contaminantes externos; intensa superposição celular; outros (especificar) (BRASIL, 2006). Epitélios representados na Amostra: Escamoso; Glandular; Metaplásico. Nota explicativa: A questão da Adequabilidade da Amostra vem, ao longo do tempo, suscitando inúmeros questionamentos e modificações, comprovando ser essa uma matéria conflitante e de difícil conceituação, o que é plenamente aceitável. A disposição, em um sistema binário (satisfatória x insatisfatória), melhor caracteriza a definição da visão microscópica da colheita. No atual Sistema de Bethesda (2001), a Adequabilidade da Amostra também está colocada nesses dois parâmetros. Contudo, nesse sistema, a caracterização da junção escamo-colunar faz parte dessa definição, o que não ocorre aqui (BRASIL, 2006). 85 Deve-se considerar como satisfatória a amostra que apresente células em quantidade representativa, bem distribuídas, fixadas e coradas, de tal modo que sua visualização permita uma conclusão diagnóstica. Observe-se que os aspectos de representatividade não constam desse item, mas deverão constar de caixa própria, para que seja dada a informação (obrigatória) dos epitélios que estão representados na amostra. A definição de Adequabilidade pela representatividade passa a ser da exclusiva competência do responsável pela paciente, que deverá levar em consideração as condições próprias de cada uma (idade, estado menstrual, limitações anatômicas, objetivo do exame etc). Insatisfatória é a amostra cuja leitura esteja prejudicada pelas razões expostas acima, todas de natureza técnica e não de amostragem celular (BRASIL, 2006). 6.10 DIAGNÓSTICO DESCRITIVO Dentro dos limites da normalidade, no material examinado; Alterações celulares benignas; Atipias celulares. Nota explicativa: O acréscimo da expressão “no material examinado” visa estabelecer, de forma clara e inequívoca, o aspecto do momento do exame. Aqui também ocorre uma diferença importante com o Sistema Bethesda (2001), no qual foi excluída a categoria das alterações celulares benignas. Tal manutenção deve-se ao entendimento de que os fatores que motivaram a exclusão não se aplicam à realidade brasileira (BRASIL, 2006). Alterações celulares benignas Inflamação; Reparação; Metaplasia escamosa imatura; Atrofia com inflamação; Radiação; Outras (especificar). Nota explicativa: Em relação à nomenclatura anterior, a única mudança ocorre pela introdução da palavra “imatura” em metaplasia escamosa, buscando caracterizar que é esta a apresentação que deve ser considerada como alteração. Assim sendo, a metaplasia matura, com sua diferenciação já definida, não deve ser 86 considerada como inflamação e, eventualmente, nem necessita ser citada no laudo, exceto na indicação dos epitélios representados, para caracterizar o local de colheita (BRASIL, 2006). Atipias celulares Células atípicas de significado indeterminado: Escamosas: Possivelmente não neoplásicas; Não se pode afastar lesão intra-epitelial de alto grau. Glandulares: Possivelmente não neoplásicas; Não se pode afastar lesão intra-epitelial de alto grau. De origem indefinida: Possivelmente não neoplásicas; Não se pode afastar lesão intra-epitelial de alto grau. Nota explicativa: Esta é mais uma inovação da nomenclatura brasileira, criando-se uma categoria separada para todas as atipias de significado indeterminado e, mais ainda, a categoria “de origem indefinida” destinada àquelas situações em que não se pode estabelecer com clareza a origem da célula atípica. Deve-se observar que foi excluída a expressão “provavelmente reativa”, a qual foi substituída pela “possivelmente não neoplásicas”, e introduzida a expressão “não se pode afastar lesão intra-epitelial de alto grau”. Com isso pretende-se dar ênfase ao achado de lesões de natureza neoplásica, diminuindo assim o diagnóstico dúbio. Objetiva-se identificar as células imaturas, pequenas e que por sua própria indiferenciação podem representar maior risco de corresponder a lesões de alto grau (BRASIL, 2006). Sempre que o caso exigir, notas explicativas devem ser acrescentadas, visando orientar o responsável pela paciente nos procedimentos adotados. Deve-se observar a exclusão total dos acrônimos (ASCUS e AGUS), cujo uso é desaconselhado, devendo sempre constar por extenso os diagnósticos (BRASIL, 2006). 87 Em células escamosas: Lesão intra-epitelial de baixo grau (compreendendo efeito citopático pelo HPV e neoplasia intra-epitelial cervical grau I); Lesão intra-epitelial de alto grau (compreendendo neoplasias intra-epiteliais cervicais graus II e III); Lesão intra-epitelial de alto grau, não podendo excluir micro-invasão; Carcinoma epidermóide invasor. Nota explicativa: Foi adotada a terminologia lesão intra-epitelial em substituição ao termo neoplasia, além de estabelecer dois níveis (baixo e alto graus), separando as lesões com potencial morfológico de progressão para neoplasia daquelas mais relacionadas com o efeito citopático viral, com potencial regressivo ou de persistência. Foi ainda incluída a possibilidade diagnóstica de suspeita de microinvasão. Recomenda-se enfaticamente que seja evitado o uso de outras nomenclaturas e classificações, além das aqui já contempladas, evitando-se a perpetuação de termos eventualmente já abolidos ou em desuso, os quais nada contribuem para o esclarecimento diagnóstico (BRASIL, 2006). Em células glandulares: Adenocarcinoma in situ Adenocarcinoma invasor: Cervical Endometrial Sem outras especificações (BRASIL, 2006). Outras neoplasias malignas Nota explicativa: A introdução da categoria Adenocarcinoma in situ reconhece a capacidade de identificação morfológica desta entidade e acompanha a nomenclatura internacional. O item “sem outras especificações” refere-se exclusivamente a adenocarcinomas de origem uterina. Quando for identificada neoplasia de origem glandular extrauterina, deve ser colocada no quadro das outras neoplasias malignas, especificando qual o tipo em nota complementar. As células endometriais somente necessitam ser mencionadas quando sua presença possa ter significado patológico. Assim sendo, seu achado nos primeiros doze dias que 88 sucedem ao período menstrual, apenas deverá ser referido se houver importância para a identificação de algum processo patológico (BRASIL, 2006). Presença de células endometriais (na pós-menopausa ou acima de 40 anos, fora do período menstrual) Nota explicativa: Neste caso, deverá ser investigado o uso de Tratamento de Reposição Hormonal ou se a paciente é portadora de alteração endometrial. As células endometriais somente necessitam ser mencionadas quando sua presença possa ter significado de doença. Assim sendo, em mulheres acima de 40 anos, seu achado nos primeiros doze dias que sucedem ao período menstrual, apenas deverá ser referido se houver importância clínica (BRASIL, 2006). Microbiologia Lactobacillus sp; Bacilos supracitoplasmáticos (sugestivos de Gardnerella/Mobiluncus); Outros bacilos; Cocos; Candida sp; Trichomonas vaginalis; Sugestivo de Chlamydia sp; Actinomyces sp; Efeito citopático compatível com vírus do grupo Herpes; Outros (especificar). Nota explicativa: Foram mantidas as informações de Chlamydia, cocos e bacilos por considerar-se a oportunidade, por vezes única, em um país continental e com grandes dificuldades geográficas e econômicas de estabelecer uma terapêutica antimicrobiana baseada exclusivamente no exame preventivo. A introdução da expressão “Bacilos supracitoplasmáticos” busca indicar a apresentação morfológica de agentes microbianos de difícil distinção pelo exame corado e fixado pela técnica citológica, mas que de modo geral, respondem aos mesmos tratamentos (BRASIL, 2006). 89 6.11 AVALIAÇÃO PRÉ-ANALÍTICA E ADEQUABILIDADE DA AMOSTRA 6.11.1 LAUDO CITOPATOLÓGICO A nomenclatura brasileira utilizada para laudos citopatológicos tem passado por constantes alterações. A adoção do Sistema de Bethesda ainda que adaptado ao Brasil facilita a comparação de resultados nacionais com os encontrados em publicações estrangeiras. É importante ressaltar que a introdução de novos conceitos estruturais e morfológicos contribui tanto para o desempenho do laboratório quanto para a relação entre a citologia e a clínica (BRASIL, 2006). No entanto, sabe-se que essas mudanças ocorrem de forma gradual e, basicamente, depende da adoção da nova terminologia no dia-a-dia dos profissionais de saúde, fonte de alimentação de conhecimento para a mídia escrita ou falada e para a população em geral (BRASIL, 2006). Hoje não é razoável que alguns laboratórios ainda emitam laudos de citopatologia somente com a nomenclatura ultrapassada, uma vez que a proposta de novas categorias de resultados impede que se estabeleça correlação pertinente entre Bethesda 2001e Papanicolaou (BRASIL, 2006). Em contrapartida, também é conveniente que médicos ginecologistas ou não, ao receberem os resultados de exames compreendam o diagnóstico. Portanto, pretende-se explicar aqui o significado deles, com vistas a uniformizar o uso da nomenclatura no Brasil estabelecida por consenso entre experts no assunto. A seguir, será apresentada a possibilidade de associação de todos os resultados possíveis nos laudos dos exames e as respectivas condutas clínicas (BRASIL, 2006). 6.12 NOMENCLATURA BRASILEIRA Avaliação pré-analítica (que ocorre antes da análise microscópica da lâmina) Este conceito foi introduzido como uma inovação, visando estabelecer a diferença entre a rejeição da lâmina por causas anteriores à sua entrada no laboratório de citopatologia e aquelas relacionadas à técnica de coleta, coloração ou análise microscópica. A causa da rejeição deverá ser identificada no momento da entrada da lâmina no laboratório e de seu registro. O profissional responsável pelo registro é quem irá apontar o motivo da rejeição (BRASIL, 2006). 90 Amostra rejeitada: Ausência ou erro de identificação da lâmina; Identificação da lâmina não coincidente com a do formulário; Lâmina danificada ou ausente. Conduta Clínica: A paciente deverá ser convocada para repetir o exame, devendo ser explicado à mesma que o motivo é técnico e não por alteração patológica (BRASIL, 2006). Adequabilidade da amostra Na atual nomenclatura utilizada para definir a Adequabilidade da Amostra, estabelece-se o sistema binário: satisfatório e insatisfatório. Portanto, o termo anteriormente utilizado “satisfatório, mas limitado” foi abolido (BRASIL, 2006). Insatisfatória para Avaliação É considerada insatisfatória. A amostra cuja leitura esteja prejudicada pelas razões expostas abaixo, algumas de natureza técnica e outras de amostragem celular, podendo ser assim classificada: Material acelular ou hipocelular (<10% do esfregaço) ou leitura prejudicada (>75% do esfregaço) por presença de: Sangue; Piócitos; Artefatos de dessecamento; Contaminantes externos; Intensa superposição celular (BRASIL, 2006). Conduta Clínica: A paciente deverá ser convocada para repetir o exame de imediato, devendo ser explicado à mesma que o motivo é técnico e não por alteração patológica (BRASIL, 2006). Satisfatória Designa amostra que apresente células em quantidade representativa, bem distribuídas, fixadas e coradas, de tal modo que sua visualização permita uma conclusão diagnóstica (BRASIL, 2006). Epitélios Representados na Amostra: 91 Escamoso; Glandular (não inclui o epitélio endometrial); Metaplásico. Embora a indicação dos epitélios representados na amostra seja informação obrigatória nos laudos citopatológicos, seu significado deixa de pertencer à esfera de responsabilidade dos profissionais que realizam a leitura do exame. Agora, eles respondem apenas pela indicação de quais epitélios estavam representados. Todavia, deve-se alertar que a amostra adequada pode não ter a representação completa da junção escamocolunar, o que deverá ser avaliado pelo ginecologista (BRASIL, 2006). A presença de células metaplásicas ou células endocervicais, representativas da junção-escamo-colunar (JEC), tem sido considerada como indicador da qualidade do exame, pelo fato de as mesmas se originarem do local onde se situa a quase totalidade dos cânceres do colo do útero (BRASIL, 2006). A presença exclusiva de células escamosas deve ser avaliada pelo médico responsável. É muito oportuno que os profissionais de saúde atentem para a representatividade da JEC nos esfregaços cérvico-vaginais, sob pena de não propiciar à mulher todos os benefícios da prevenção do câncer do colo do útero (BRASIL, 2006). Periodicidade de realização do exame citopatológico A realização do exame citopatológico de Papanicolaou tem sido reconhecida mundialmente como uma estratégia segura e eficiente para a detecção precoce do câncer do colo do útero na população feminina e tem modificado efetivamente as taxas de incidência e mortalidade por este câncer (BRASIL, 2006). A efetividade da detecção precoce do câncer do colo do útero por meio do exame de Papanicolaou associada ao tratamento deste câncer em seus estádios iniciais, têm resultado em uma redução das taxas de incidência de câncer cervical invasor que pode chegar a 90% quando o rastreamento apresenta boa cobertura (80%, segundo Organização Mundial da Saúde - OMS) e é realizado dentro dos padrões de qualidade (BRASIL, 2006). Em 1988, o Ministério da Saúde, por meio do Instituto Nacional de Câncer, realizou uma reunião de consenso, com a participação de diversos experts internacionais, representantes das sociedades científicas e das diversas instâncias 92 ministeriais e definiu que no Brasil, o exame colpocitopatológico deveria ser realizado em mulheres de 25 a 60 anos de idade, uma vez por ano e, após dois exames anuais consecutivos negativos, a cada três anos. Tal recomendação apóiase na observação da história natural do câncer do colo do útero, que permite a detecção precoce de lesões pré-neoplásicas e o seu tratamento oportuno, graças à lenta progressão que apresenta para doença mais grave (BRASIL, 2006). O câncer do colo do útero inicia-se a partir de uma lesão pré-invasiva, curável em até 100% dos casos (anormalidades epiteliais conhecidas como displasia e carcinoma in situ ou diferentes graus de neoplasia intra-epitelial cervical [NIC]), que normalmente progride lentamente, por anos, antes de atingir o estágio invasor da doença, quando a cura se torna mais difícil, quando não impossível (BRASIL, 2006). Na ausência de tratamento, o tempo mediano entre a detecção de uma displasia leve (HPV, NIC I) e o desenvolvimento de carcinoma in situ é de 58 meses, enquanto para as displasias moderadas (NIC II) esse tempo é de 38 meses e, nas displasias graves (NIC III), de 12 meses. Em geral, estima-se que a maioria das lesões de baixo grau regredirá espontaneamente, enquanto cerca de 40% das lesões de alto grau não tratadas evoluirão para câncer invasor em um período médio de 10 anos. Por outro lado, o Instituto Nacional de Câncer dos Estados Unidos calcula que somente 10% dos casos de carcinoma in situ evoluirão para câncer invasor no primeiro ano, enquanto que 30% a 70% terão evoluído decorridos 10 a 12 anos, caso não seja oferecido tratamento (BRASIL, 2006). Segundo a OMS, estudos quantitativos têm demonstrado que, nas mulheres entre 35 e 64 anos, depois de um exame citopatológico do colo do útero negativo, um exame subsequente pode ser realizado a cada três anos, com a mesma eficácia da realização anual (BRASIL, 2006). Conforme apresentado na tabela abaixo, a expectativa de redução percentual no risco cumulativo de desenvolver câncer, após um resultado negativo, é praticamente a mesma, quando o exame é realizado anualmente (redução de 93% do risco) ou quando ele é realizado a cada 3 anos (redução de 91% do risco) (BRASIL, 2006). Intervalo entre os exames Redução na incidência cumulativa (BRASIL, 2006): 1 ano 93% 2 anos 93% 93 3 anos 91% 5 anos 84% 10 anos 64% A experiência internacional tem mostrado uma importante redução nas taxas de incidência ajustadas pela população mundial. A periodicidade de realização do exame citopatológico do colo do útero estabelecida pelo Ministério da Saúde em 1988, permanece atual e está em acordo com as recomendações dos principais programas internacionais. 6.13 CONDUTAS PRECONIZADAS 6.13.1 RESULTADO NORMAL, ALTERAÇÕES BENIGNAS E QUEIXAS GINECOLÓGICAS A. Dentro dos limites da normalidade no material examinado Diagnóstico completamente normal. A inclusão da expressão “no material examinado” visa estabelecer, de forma clara e inequívoca, aspectos do material submetido ao exame. Conduta Clínica: Seguir a rotina de rastreamento citológico. B. Alterações celulares benignas (ativas ou reparativas) Inflamação sem identificação de Agente: Caracterizada pela presença de alterações celulares epiteliais, geralmente determinadas pela ação de agentes físicos, os quais podem ser radioativos, mecânicos, térmicos e químicos como medicamentos abrasivos ou cáusticos, quimioterápicos e acidez vaginal sobre o epitélio glandular. Ocasionalmente, podem-se observar alterações, em decorrência do uso do dispositivo intrauterino (DIU), em células endometriais. Casos especiais do tipo de exsudato linfocitário ou reações alérgicas representadas pela presença de eosinófilos são observados. Conduta Clínica: Havendo queixa clínica de leucorréia, a paciente deverá ser encaminhada para exame ginecológico. Os achados comuns são ectopias, vaginites e cervicites. O tratamento deve seguir recomendação específica. Seguir a rotina de rastreamento citológico, independentemente do exame ginecológico. 94 Metaplasia Escamosa Imatura: A palavra “imatura”, em metaplasia escamosa, foi incluída na Nomenclatura Brasileira buscando caracterizar que esta apresentação é considerada como do tipo inflamatório, entretanto o epitélio nessa fase está vulnerável à ação de agentes microbianos e em especial do HPV. Conduta Clínica: Seguir a rotina de rastreamento citológico. Reparação: Decorre de lesões da mucosa com exposição do estroma e pode ser determinado por qualquer dos agentes que determinam inflamação. É, geralmente, a fase final do processo inflamatório, momento em que o epitélio está vulnerável à ação de agentes microbianos e em especial do HPV. Conduta Clínica: Seguir a rotina de rastreamento citológico. Atrofia com inflamação: Conduta Clínica: Após avaliação da sintomatologia e do exame ginecológico, podem ser utilizados cremes vaginais contendo estrogênios. Seguir a rotina de rastreamento citológico. Radiação: Nos casos de Câncer do Colo do Útero, o exame citopatológico deve ser realizado para controle de possível persistência de neoplasia residual ou de recidiva da neoplasia acontecer após tratamento radioterápico. Condutas Clínicas: Nos casos em que a citopatologia diagnosticar lesão intraepitelial, o que pode acontecer após tratamento radioterápico, a conduta deverá ser a mesma indicada para lesão intra-epitelial em pacientes submetidas a esse tratamento e deve ser seguida de acordo com o grau da LIE. Ressaltamos a importância do preenchimento completo e adequado dos dados de anamnese constantes do formulário de “Requisição de Exame Citopatológico Colo do Útero”. C. Achados Microbiológicos: Lactobacillus sp; Cocos; Outros Bacilos; 95 São considerados achados normais, fazem parte da flora vaginal e não caracterizam infecções que necessitem de tratamento. Conduta Clínica: A paciente com sintomatologia deve ser encaminhada para avaliação ginecológica. Seguir a rotina de rastreamento citológico. Queixas Ginecológicas: As queixas ginecológicas não só devem ser valorizadas, mas solucionadas, considerando que os laudos do exame citológico, na maioria das vezes, mencionam agentes microbiológicos, que quando associados às queixas clínicas merecem tratamento específico. D. Alterações pré-malignas ou malignas no exame citopatológico Células escamosas atípicas de significado indeterminado Atualmente, as atipias escamosas de significado indeterminado representam a atípia citológica mais comumente descrita nos resultados dos laudos citopatológicos do colo do útero, variando de 3,5 a 5% do total de exames realizados, sendo de difícil reprodutibilidade entre citopatologistas experientes (BRASIL, 2006). A repetição do exame citopatológico possui sensibilidade entre 67% a 85%. Não existem dados suficientes para definir o número e o intervalo entre as repetições das citologias, sendo definido pelo grupo de trabalho o intervalo de 6 meses. As atipias escamosas foram divididas em: alterações escamosas atípicas de significado indeterminado possivelmente não neoplásico (ASC-US de Bethesda) e em alterações escamosas atípicas de significado indeterminado em que não se pode afastar lesão de alto grau (ASC-H - Bethesda) (BRASIL, 2006). Células escamosas atípicas de significado indeterminado, possivelmente não neoplásicas Cerca de 5% a 17% das mulheres com esta atipia apresentam diagnóstico de neoplasia intra-epitelial II e III e 0,1 a 0,2% de carcinoma invasor no exame histopatológico, demonstrando assim baixo risco de lesões mais avançadas. A colposcopia apresenta alta sensibilidade (96%) e baixa especificidade (48%), a qual causa alta taxa de sobrediagnóstico e de sobretratamento. Estudos 96 têm mostrado desaparecimento dessas alterações células escamosas atípicas de significado indeterminado possivelmente não neoplásicas em 70% a 90% das pacientes mantidas sob observação e tratamento das infecções pré-existentes. A colposcopia é, portanto, um método desfavorável como a primeira escolha na condução das pacientes que apresentam alterações escamosas atípicas de significado indeterminado possivelmente não neoplásico. A conduta preconizada é a repetição da citologia em 6 meses na Unidade da Atenção Básica (BRASIL, 2006). Se dois exames citopatológicos subsequentes semestrais na Unidade da Atenção Básica forem negativos, a paciente deverá retornar à rotina de rastreamento citológico. Porém, se o resultado de alguma citologia de repetição for sugestiva de lesão igual ou mais grave a células escamosas atípicas de significado indeterminado possivelmente não neoplásico, a paciente deverá ser referida à Unidade de Referência de Média Complexidade para colposcopia imediata. Apresentando lesão, deve-se proceder a biópsia e recomendação específica a partir do laudo histopatológico. Caso a colposcopia não apresente lesão, deve-se repetir a citologia em 6 meses, na Unidade de Referência de Média Complexidade. Diante de duas citologias negativas consecutivas, a paciente deverá ser reencaminhada para a rotina de rastreamento citológico na Unidade da Atenção Básica. Se a citologia de repetição for sugestiva de células escamosas atípicas de significado indeterminado, possivelmente não neoplásicas, a paciente deverá ser submetida à nova colposcopia. Essa rotina deve ser mantida, até que novo achado citológico diferente de atipias de células escamosas, de significado indeterminado, possivelmente não neoplásicas ou lesão colposcópica, venha a aparecer. No caso de citologia de repetição positiva sugestiva de lesão mais grave deverá ser adotada conduta específica. As condutas recomendadas para as pacientes com laudo citopatológico de células escamosas atípicas de significado indeterminado possivelmente não neoplásicas (BRASIL, 2006). E. Recomendações para condutas frente às pacientes com células escamosas atípicas de significado indeterminado, possivelmente não neoplásico 97 Células escamosas atípicas de significado indeterminado, quando não se pode excluir lesão intra-epitelial de alto grau Embora o diagnóstico de células escamosas atípicas de significado indeterminado, quando não se pode excluir lesão intra-epitelial de alto grau seja menos comum que o de células escamosas atípicas de significado indeterminado possivelmente não neoplásicas, o risco de lesão de alto grau (NIC II e NIC III) subjacente é alto (24% a 94%). Portanto, a conduta para todas as pacientes com esse laudo na Unidade da Atenção Básica, é a de encaminhá-las à Unidade de Referência de Média Complexidade para colposcopia imediata (BRASIL, 2006). Caso a colposcopia mostre lesão, uma biópsia deve ser realizada com recomendação específica a partir do laudo histopatológico. Não se detectando lesão à colposcopia deve-se proceder, sempre que houver possibilidade, à revisão de lâmina; Revisão de lâmina “possível e altera o laudo”, a conduta a ser tomada será baseada no novo laudo. Revisão de lâmina, “possível, mas não altera o laudo, ou impossível”, nova citologia e colposcopia devem ser realizadas em seis meses. Duas citologias consecutivas negativas permitem que a paciente seja reencaminhada à Unidade da Atenção Básica para rotina de rastreamento citológico. Se a citologia em seis meses for sugestiva de lesão de baixo grau ou menos grave com colposcopia negativa, deverá seguir conduta específica. Caso o resultado citopatológico seja igual ou sugestivo de lesão mais grave com colposcopia negativa, o procedimento excisional deve ser realizado. A biópsia se impõe, sempre que haja lesão colposcópica, independente do laudo citológico de repetição. As condutas recomendadas, para as pacientes com células escamosas atípicas de significado indeterminado, quando não se pode excluir lesão intraepitelial de alto grau (BRASIL, 2006). 98 F. Recomendações para condutas frente às pacientes com células escamosas atípicas de significado indeterminado, quando não se pode excluir lesão intra-epitelial de alto grau Nota Técnica: Na presença de lesão colposcópica sempre realizar biópsia. * Neste caso, o método excisional deve pressupor a retirada da Zona de Transformação e do Canal Cervical (BRASIL, 2006). Células glandulares atípicas de significado indeterminado, tanto para as possivelmente não neoplásicas quanto para aquelas em que não se pode excluir lesão intra-epitelial de alto grau As pacientes com atipias glandulares apresentam em 9% a 54% dos casos NIC II e III, 0 a 8% adenocarcinoma in situ e 1 a 9% adenocarcinoma invasor no exame histopatológico. Portanto, a conduta preconizada é encaminhar a paciente à Unidade de Referência de Média Complexidade para a colposcopia imediata (BRASIL, 2006). Até nova discussão, as condutas preconizadas para atipias glandulares são iguais, independente das suas subdivisões, possivelmente não neoplásicas em que não se pode afastar lesão intra-epitelial de alto grau (BRASIL, 2006). As pacientes que apresentarem lesão visível à avaliação colposcópica devem ser submetidas à biópsia, e quando esta for positiva deverá seguir recomendação específica. No caso de resultado negativo e naquelas pacientes que não apresentem lesão visível na colposcopia, realizar-se-á coleta do canal cervical imediata. O método recomendado para a coleta endocervical é o da escovinha (cytobrush), que apresenta maior sensibilidade e especificidade que a curetagem endocervical. Além do mais, a curetagem endocervical pode ocasionar alterações no epitélio do canal cervical que dificultarão a avaliação histopatológica da peça de conização, caso esta venha a ser realizada (BRASIL, 2006). A conduta subsequente depende da avaliação do material obtido do canal cervical: se for negativo ou apresentar apenas atipias em células escamosas, as pacientes seguirão conduta específica (BRASIL, 2006). 99 Quando a avaliação do material do canal endocervical resultar em atipias em células glandulares a conização se impõe, recomendando-se a conização a frio, até que novos trabalhos constatem a eficácia de outros procedimentos (BRASIL, 2006). Deve-se recomendar investigação endometrial e anexial, nas pacientes com mais de 40 anos mesmo sem irregularidade menstrual, assim como, nas pacientes mais jovens com sangramento transvaginal anormal. A investigação endometrial e anexial devem ser feitas por amostragem endometrial e por exame de imagem (BRASIL, 2006). As condutas recomendadas para as pacientes com laudo citopatológico de células glandulares atípicas de significado indeterminado, tanto para as possivelmente não neoplásicas quanto para aquelas em que não se pode excluir lesão intra-epitelial de alto grau (BRASIL, 2006). G. Recomendações citopatológico para de condutas células frente glandulares às pacientes atípicas de com laudo significado indeterminado Notas Técnicas: *A coleta de material do canal endocervical imediata com escova (citobrush) é a recomendada. Nas mulheres com mais de 40 anos ou nas mais jovens com sangramento transvaginal anormal, deve-se proceder à investigação endometrial e anexial. Células atípicas de origem indefinida, possivelmente não neoplásicas, que não se pode afastar lesão de alto grau A categoria origem indefinida é mais uma inovação da Nomenclatura Brasileira destinada àquelas situações em que não se pode estabelecer com clareza a origem da célula atípica. Essa categoria é rara, se caracteriza como uma exceção e sua abordagem devem ser direcionadas, inicialmente, ora para a conduta das células escamosas atípicas, ora para a conduta das células glandulares atípicas, de acordo com os resultados dos exames citopatológicos e colposcópicos subsequentes (BRASIL, 2006). Como a colposcopia pode ser um direcionador de condutas, tanto para as escamosas atípicas como para as glandulares atípicas, a paciente que apresentar esta alteração citopatológica na Unidade da Atenção Básica deve ser encaminhada 100 à Unidade de Referência de Média Complexidade para colposcopia imediata (BRASIL, 2006). Caso mostre lesão colposcópica, a biópsia é imperiosa. Se positiva, adotar recomendação específica. Se negativa ou a colposcopia não mostrar lesão, deverá ser realizada uma nova citologia em 3 meses a contar da data da última coleta. Se o resultado da nova citologia for negativo ou sugerir atipias em células escamosas, será adotada conduta específica. Se sugerir células glandulares atípicas, a paciente deverá ser submetida à conização. Entretanto, se o resultado citopatológico mantiver laudo de células atípicas de origem indefinida uma investigação em Centro Especializado de Alta Complexidade deve ser realizada (BRASIL, 2006). Recomenda-se investigação endometrial e anexial, nas pacientes com mais de 40 anos mesmo sem irregularidade menstrual, assim como nas pacientes mais jovens com sangramento transvaginal anormal, toda vez que apresentarem citologia com atipia de origem indefinida. A investigação endometrial e anexial devem ser feitas por amostragem endometrial ou por exame de imagem. As condutas recomendadas, para as pacientes com laudo citopatológico de células atípicas de origem indefinida (BRASIL, 2006). H. Recomendações para condutas frente às pacientes com laudo citopatológico de células atípicas de origem indefinida, possivelmente não neoplásica ou não se pode afastar lesão intra-epitelial de alto grau Nota Técnica: Nas mulheres com mais de 40 anos ou nas mais jovens com sangramento transvaginal anormal, deve-se proceder à investigação endometrial e anexial (BRASIL, 2006). Lesão intra-epitelial de baixo grau A interpretação citológica de lesão intra-epitelial de baixo grau é mais reprodutível do que a de células escamosas atípicas de significado indeterminado, possivelmente não neoplásica, e apresenta 15 a 30% de chance de biópsia compatível com NIC II e III. A conduta preconizada é a repetição do exame citopatológico em seis meses na Unidade da Atenção Básica, já que os estudos demonstram que na maioria das pacientes portadoras de lesão de baixo grau há regressão espontânea (BRASIL, 2006). 101 A colposcopia como apresenta alta sensibilidade (96%), baixa especificidade (48%), alta taxa de sobrediagnóstico, e de sobretratamento, torna-se desfavorável como primeira escolha na condução das pacientes (BRASIL, 2006). Se a citologia de repetição for negativa em dois exames consecutivos na Unidade da Atenção Básica, a paciente deve retornar a rotina de rastreamento citológico. Se a citologia de repetição for positiva, com qualquer atipia celular, encaminhar à Unidade de Referência de Média Complexidade para colposcopia imediata (BRASIL, 2006). Se a colposcopia mostrar lesão, realizar biópsia e recomendação específica a partir do laudo histopatológico. Se a colposcopia não mostrar lesão, a repetição da citologia em seis meses se impõe. Duas citologias consecutivas negativas permitem reencaminhar a paciente à Unidade da Atenção Básica para rotina de rastreamento citológico. Se algum resultado citopatológico for sugestivo de células escamosas atípicas e/ou glandulares, novamente a paciente deverá ser avaliada pela colposcopia (BRASIL, 2006). Se a colposcopia de repetição não mostrar lesão e a citologia de repetição mantiver laudo sugestivo de lesão de baixo grau ou de células escamosas atípicas de significado indeterminado possivelmente não neoplásico, a paciente deve continuar em controle citológico e colposcópico, semestrais, até que o achado citopatológico diferente do anterior ou a lesão colposcópica venha a aparecer. Outros achados citopatológicos sem lesão colposcópica deverão ser conduzidos de acordo com as condutas padronizadas para cada caso. As condutas recomendadas, para as pacientes com lesão intra-epitelial de baixo grau (BRASIL, 2006). I. Recomendações para condutas frente às pacientes com lesão intraepitelial de baixo grau Lesão intra-epitelial de alto grau Cerca de 70 a 75% das pacientes com laudo citológico de lesão intra-epitelial de alto grau apresentam confirmação diagnóstica histopatológica e 1 a 2% terão diagnóstico histopatológico de carcinoma invasor. Sendo assim, todas as pacientes que apresentarem citologia sugestiva de lesão de alto grau, na Unidade da Atenção Básica, deverão ser encaminhadas imediatamente para a Unidade de Referência de Média Complexidade, para colposcopia como conduta inicial (BRASIL, 2006). 102 Quando a colposcopia for satisfatória e mostrar lesão totalmente visualizada e compatível com a citopatologia sugestiva de lesão intra-epitelial de alto grau, a conduta recomendada é a excisão ampla da zona de transformação do colo do útero, por Cirurgia de Alta Frequência (CAF), procedimento “Ver e Tratar” que permite realizar o diagnóstico e tratamento simultâneo. Esse método elimina a necessidade de uma biópsia prévia e de consultas adicionais - pré-tratamento, já que todo o procedimento é realizado em uma única consulta (BRASIL, 2006). As condições para realização do “Ver e Tratar” são uma colposcopia satisfatória com lesão totalmente visualizada, não ultrapassando os limites do colo do útero e concordante com a citopatologia sugestiva de lesão intra-epitelial de alto grau. Caso a colposcopia seja satisfatória e não contemple o “Ver e Tratar” ou mostre lesão não concordante com a citopatologia, uma biópsia deve ser realizada. Se a biópsia for negativa ou apresentar diagnóstico de menor gravidade, deve-se repetir a citologia em três meses a contar do dia da realização da biópsia e, adotar conduta específica de acordo com esse novo laudo citopatológico (BRASIL, 2006). Quando o resultado da biópsia for positivo com diagnóstico igual ou de maior gravidade, deve-se seguir recomendação específica. Se a colposcopia for insatisfatória ou satisfatória e não mostrar nenhuma lesão, recomenda-se sempre que houver possibilidade, a revisão de lâmina. No caso da revisão ser possível e alterar o laudo, a conduta será baseada nesse novo laudo citopatológico. Porém, diante de revisão possível, mas não alterando o laudo ou impossível, uma nova citologia deve ser realizada após três meses a contar da data da coleta da citologia anterior. Se a citologia de repetição apresentar o mesmo resultado (lesão de alto grau), o procedimento excisional deve ser realizado. Se o resultado de repetição do exame citopatológico for diferente de lesão de alto grau, seguir conduta de acordo com o novo laudo (BRASIL, 2006). Quando a colposcopia for insatisfatória e mostrar lesão, uma biópsia deve ser realizada. Se o resultado da biópsia for de lesão de alto grau ou de lesão de menor gravidade, a recomendação é a exerese por métodos excisionais, seja por cirurgia de alta frequência ou conização a bisturi a frio. Se a biópsia demonstrar diagnóstico maior que lesão de alto grau, então a paciente deve ser referendada para Centro Especializado de Alta Complexidade para procedimento específico (BRASIL, 2006). 103 J. Recomendações para condutas frente às pacientes com lesão intraepitelial de alto grau Nota Técnica: * O procedimento “Ver e Tratar” só poderá ser realizado quando a colposcopia for satisfatória, a lesão totalmente visualizada não ultrapassando os limites do colo do útero e quando houver concordância citocolposcopica de lesão intra-epitelial de alto grau (BRASIL, 2006). Adenocarcinoma in situ/invasor Cerca de 48 a 69% das mulheres com laudo citopatológico sugestivo de adenocarcinoma in situ apresentam confirmação da lesão à histopatologia e dessas, 38% apresentam laudo de adenocarcinoma invasor. Portanto, todas as pacientes com citologia sugestiva de adenocarcinoma in situ, encontrada na Unidade da Atenção Básica, deverão ser encaminhadas para a Unidade de Referência de Média Complexidade para colposcopia imediata, assim como as portadoras de laudo citopatológico sugestivo de adenocarcinoma invasor (BRASIL, 2006). Se a colposcopia mostrar lesão, a biópsia deve ser realizada apenas para excluir invasão. Se o resultado histopatológico da biópsia não demonstrar lesão invasora, realizar conização. Caso seja confirmada a invasão, a paciente deve ser encaminhada para o Centro Especializado de Alta Complexidade. Se a colposcopia não mostrar lesão, indica-se a conização, preferencialmente com bisturi a frio. Aproximadamente 50% das pacientes com diagnóstico histopatológico de adenocarcinoma in situ apresentam concomitantemente atipias de células escamosas, fato que não altera a conduta a ser tomada, ou seja, mantém a indicação da conização. Recomenda-se investigação endometrial e anexial nas pacientes com mais de 40 anos mesmo sem irregularidade menstrual, assim como, nas pacientes mais jovens com sangramento transvaginal anormal, toda vez que apresentarem citologia com atipia glandular de significado indeterminado. As investigações do endometrial e anexial devem ser feitas por amostragem endometrial ou por exame de imagem. As recomendações, para as pacientes com lesões de adenocarcinoma in situ/invasor. 104 K. Recomendações para condutas frente às pacientes com adenocarcinoma in situ/invasor Notas Técnicas: 1 – Nas mulheres com mais de 40 anos, deve-se proceder à investigação endometrial e anexial, assim como nas mulheres mais jovens com sangramento transvaginal anormal. 2 – A recomendação da realização de conização, como conduta para as colposcopias sem lesão, se baseia na literatura científica que revela uma grande correlação cito-histopatológica e com o fato de grande parte das colposcopias realmente não apresentarem lesão. Lesão de alto grau não podendo excluir micro-invasão ou carcinoma epidermóide invasor Todas as pacientes que apresentem citopatologia sugestiva de lesão de alto grau não podendo excluir micro-invasão ou carcinoma epidermóide invasor na Unidade da Atenção Básica, devem ser encaminhadas imediatamente à Unidade de Referência de Média Complexidade, para colposcopia como conduta inicial. A definição histopatológica de invasão se impõe na Unidade de Referência de Média Complexidade (BRASIL, 2006). Quando a colposcopia for satisfatória ou insatisfatória e não mostrar lesão, a conduta recomendada é a biópsia. Se o resultado da biópsia for de carcinoma invasor, a paciente deverá ser encaminhada para o Centro Especializado de Alta Complexidade. Se o resultado de biópsia não confirmar carcinoma invasor, realizar conização, desde que não haja indícios clínicos de invasão, situação na qual a paciente deverá ser encaminhada ao Centro Especializado de Alta Complexidade (BRASIL, 2006). Quando a colposcopia for satisfatória ou insatisfatória e não mostrar lesão, indicar conização e recomendação específica. As condutas recomendadas, para as pacientes com lesões de alto grau não podendo excluir micro-invasão ou carcinoma epidermóide invasor (BRASIL, 2006). 105 L. Recomendações para condutas frente às pacientes com lesão de alto grau, não podendo excluir micro-invasão ou carcinoma epidermóide invasor Nota Técnica: * Exceto nos casos com indícios clínicos sugestivos de invasão, que serão encaminhados ao Centro Especializado de Alta Complexidade. Recomendações específicas de acordo com o laudo histopatológico Considerando-se os laudos histopatólogicos obtidos através dos métodos incisionais e/ou excisionais, realizados na Unidade de Referência de Média Complexidade, as recomendações específicas a serem adotadas. Nota Técnica: * Caso haja persistência das alterações citológicas e/ou colposcópicas, está indicado exerese da Zona de Transformação (BRASIL, 2006). 6.14 SEGUIMENTO DE MULHERES SUBMETIDAS AO RASTREAMENTO PARA CÂNCER DO COLO DO ÚTERO A importância do seguimento das mulheres examinadas é ressaltada por vários autores que consideram essa ação como elemento fundamental para avaliação da efetividade das ações de controle do câncer do colo do útero. A vigilância deve incluir processos de rastreamento permitindo a identificação das mulheres que se tornam casos positivos durante o seu “seguimento”. O importante é que a equipe de saúde seja capaz de fazer o seguimento, identificar as faltosas e ter acesso facilitado às informações que permitam avaliação das ações (BELO HORIZONTE, 2008). Usuárias-alvo Mulheres com resultado do exame citopatológico alterado que devem ser submetidas a procedimentos adicionais de diagnóstico e à terapia adequada imediatos; Mulheres com resultado de amostra insatisfatória; Mulheres com resultado sem anormalidades (BELO HORIZONTE, 2008). Diretrizes do segmento O seguimento sistemático requer procedimentos que conduzam a um diagnóstico completo, tratamento adequado do caso e permita a observação 106 dos diversos tipos de desfechos: favoráveis, esperados e desejados (como o tratamento e a cura) ou desfavoráveis (como a recidiva, a progressão ou mesmo o óbito). Seguir é também acompanhar os indivíduos livres da doença, para observar a possibilidade de surgimento da doença (BELO HORIZONTE, 2008). 6.15 - SISTEMA DE INFORMAÇÃO DO CÂNCER DE COLO DO ÚTERO SISCOLO SISCOLO é o sistema de informática oficial do Ministério da Saúde, utilizado para o fornecimento dos dados informatizados dos procedimentos de citopatologia, histopatologia e controle de qualidade do exame de preventivo do colo do útero, referentes ao programa de controle do câncer do colo do útero no Brasil (BELO HORIZONTE, 2008). É composto por dois módulos operacionais: a) módulo laboratório – registra os dados referentes aos procedimentos de citopatologia, histopatologia e monitoramento externo da qualidade; b) módulo coordenação – registra as informações de seguimento das mulheres que apresentam resultados de exames alterados Brasil (BELO HORIZONTE, 2008). É uma ferramenta importante para os profissionais de saúde avaliarem e planejarem as ações pertinentes ao bom desempenho das ações de controle do câncer do colo do útero. Com os dados fornecidos pelo sistema é possível: Acompanhar o desenvolvimento das ações de controle do câncer do colo do útero, ou seja, avaliar por meio de indicadores se a população alvo está sendo atingida; Qual a prevalência das lesões precursoras entre as mulheres diagnosticadas, Qual a qualidade da coleta desses exames, adequabilidade; Qual o percentual de mulheres que estão sendo tratadas/acompanhadas. Fornecer indiretamente dados para avaliar a captação, mulheres novas, mulheres atingidas e cobertura do programa de rastreamento Brasil (BELO HORIZONTE, 2008). Esse sistema é alimentado através do preenchimento correto dos dados nos formulários para Requisição do Exame Citopatológico. 107 Instrumentos de acompanhamento que podem ser utilizados na Atenção Básica É de extrema importância ter um instrumento de coleta da informação padronizada a exemplo de uma ficha mínima, com caráter obrigatório para alimentar o SISCOLO, cujo preenchimento é da responsabilidade dos profissionais da Unidade Básica de Saúde responsável pelo atendimento Brasil (BELO HORIZONTE, 2008). Seguem sugestões de instrumentos de acompanhamento: 1 - Instrumento de Acompanhamento do SISCOLO – módulo de seguimento: Ficha de Acompanhamento do resultado do exame citopatológico – pode ser informatizado, caso a Unidade Básica de Saúde tenha o recurso. 2- Livro de registros: é importante anotar todos os dados concernentes à sua identificação. Esse livro de registros permitirá a todo o momento localizar as mulheres, assim como saber os resultados dos exames citopatológicos realizados na Unidade Básica de Saúde Brasil (BELO HORIZONTE, 2008). Seguem sugestões dos dados que deverão constar no livro: a) nome da paciente; b) idade; c) endereço completo e ponto de referência; d) nome da mãe; e) número do telefone, quando possível; f) data da coleta do exame preventivo do colo do útero; g) observações clínicas; h) resultado do exame, com controle para busca ativa daquelas com exames positivos e daquelas que a equipe julgue necessário retorno ou encaminhamento a Unidade de Referência, se necessário Brasil (BELO HORIZONTE, 2008). O médico deverá avaliar todos os resultados. As pacientes sem alterações clínicas e com resultado de citologia negativo, não necessitam de retorno. Estes resultados poderão ser entregues em grupo, aproveitando-se este momento para atividades educativas em saúde da mulher, com profissional qualificado para esta atividade Brasil (BELO HORIZONTE, 2008). 108 6.16 - ASSISTÊNCIA EM PATOLOGIA DO COLO UTERINO NA REDE A. Na Unidade Básica de Saúde: Exame clínico-ginecológico anual Coleta de material para citologia oncótica Teste de Schiller, com diferenciação de áreas iodo positivas (Schiller negativo) e áreas iodo negativas (Schiller positivo) Tratamento de leucorréias e vulvo-vaginites Tratamento químico de lesões condilomatosas (verrucosas) vulvares com uso de Ácido Tricloroacético (ATA 50 a 80%) Brasil (BELO HORIZONTE, 2008). B. Condutas baseadas no resultado da citologia oncótica: Amostra insatisfatória: repetir coleta o mais breve possível. Amostra satisfatória, mas limitada por ausência de células endocervicais: orientar para repetição do exame em um ano. Processo infeccioso: avaliação médica (DST: tratar; Candida ou Gardnerella: associar a dados clínicos para indicação ou não de tratamento). Presença de ASCUS (Atipias de Significado Indeterminado em Células Escamosas) e AGUS (Atipias de Significado Indeterminado em Células Glandulares): devem ser submetidas ao tratamento de infecções associadas (se houver) e à nova coleta citológica após 04 meses. Na persistência deste diagnóstico, as pacientes devem ser encaminhadas a serviço de colposcopia Brasil (BELO HORIZONTE, 2008). Encaminhar para Propedêutica do colo de acordo com seguintes critérios: Citologia positiva para HPV, LSIL (NIC I), HSIL (NIC II, NIC III / Ca “in situ”), CA de colo. Persistência de ASCUS / AGUS em exame citológico repetido após 04 meses do 1º exame Schiller positivo e grandes ectopias com mucorréia e indicação de colposcopia e cauterização Pólipos cervicais Condilomatoses com indicação de realização de biópsia e/ou tratamento cirúrgico 109 Lesões vulvares discrômicas (brancas/avermelhadas) pruriginosas, ulceradas, nodulares, friáveis, persistentes após tratamento tópico de processos infecciosos secundários Brasil (BELO HORIZONTE, 2008). As pacientes deverão ser encaminhadas ao nível secundário com o formulário de Referência, explicitando o motivo e contendo história, exame clínico e resultado da citologia, além de exames prévios realizados. A consulta será agendada na US da Mulher pela própria UBS. 110 Figura 13 - Fluxograma de atenção para controle do câncer de colo do útero na Unidade Básica de Saúde (Adaptado de CURITIBA, 2002). 111 C. No nível secundário: Competem ao nível secundário (Unidade de Saúde da Mulher) os seguintes procedimentos: Colposcopia Biópsia dirigida Cirurgia de alta frequência (CAF) em algumas unidades secundárias Deverá ser oferecido teste HIV para todas as mulheres com diagnóstico de Lesão de Alto Grau. Quando as pacientes forem re-encaminhadas à Unidade Básica de Saúde de origem, deverá ser preenchido o formulário de Contra-referência explicitando exames e tratamentos que tenham sido realizados e orientações cabíveis ao acompanhamento do caso (BELO HORIZONTE, 2008). D. No nível terciário: Competem ao nível terciário (hospitais) as condutas frente às seguintes situações: Cirurgias de alta frequência Amputação cirúrgica de colo Cirurgias maiores (Histerectomias / Wertheim-Meigs) Radioterapia e/ou Quimioterapia Para as pacientes com alterações significantes e Biópsia positiva para malignidade, deverá ser preenchido formulário de Referência/Contra-referência para o Serviço de Oncologia do Hospital Erasto Gaertner e ser enviado para a Central de Marcação de consultas e exames especializados (CME) (BELO HORIZONTE, 2008). 112 Figura 14- Fluxograma de atenção para controle do câncer de colo do útero na Unidade de Saúde da Mulher e Hospitais de Referência (Adaptado de CURITIBA, 2002) 113 6.17 ATRIBUIÇÕES PROFISSIONAIS NA PREVENÇÃO E CONTROLE DO CÂNCER DO COLO DE ÚTERO A. Atribuições do Médico Generalista a) Realizar atenção integral às mulheres; b) Realizar consulta, coleta de material citopatológico (exame preventivo) e exame clínico das mamas em todas as mulheres, seguindo as recomendações de rastreamento do INCA; c) Avaliar o quadro clinico, emitindo diagnóstico; d) Emitir prescrição do tratamento medicamentoso quando necessário; e) Rastrear o câncer do colo uterino em todas as mulheres nas quais esteja indicado. f) Monitorar os resultados dos exames citopatológicos colhidos pela sua UBS; g) Encaminhar, quando necessários, as usuárias a serviços de referências de média e alta complexidade respeitando fluxos de referência e contrareferência locais e mantendo sua responsabilização pelo acompanhamento da usuária; h) Indicar a necessidade de Unidade UNACON/CACON, mantendo a responsabilidade pelo acompanhamento da usuária; i) Organizar os processos de trabalho para realização educação permanente junto aos demais profissionais da equipe; j) Incrementar ações que resultem no aumento da cobertura do rastreamento/prevenção do Ca de colo uterino na área de abrangência de sua UBS/ESF. k) Monitorar o atendimento/tratamento com atenção especial para os casos de CA de colo; l) Tratar as DST’s e infecções do Trato Genital Inferior, discutir os casos que gerem dúvidas com o Ginecologista da rede; (BELO HORIZONTE, 2008). 114 B. Enfermeiro a) Realizar atenção integral às mulheres; b) Realizar consulta de enfermagem, coleta de material para exame citopatológico do colo uterino, exame clínico de mamas, solicitar exames complementares, encaminhar quando necessário e prescrever medicações conforme protocolos ou normativas técnicas estabelecidas pelo Ministério da Saúde e gestor municipal, observando as disposições legais da profissão; c) Encaminhar para avaliação médica, na sua unidade de saúde, as mulheres com alterações identificadas ao exame especular (lesões vulvares, lesões cervicais, pólipos, condilomas, grandes ectopias e outras), resultado da citologia positiva e Schiller positivo; d) Realizar visita domiciliar, quando necessário; e) Supervisionar a realização de busca ativa das mulheres da área de abrangência que não estejam realizando seus exames preventivos de rotina e das mulheres com exames alterados ou que tenham indicação para tratamento/seguimento de patologias do colo uterino; f) Supervisionar e coordenar o trabalho da equipe de enfermagem e dos ACS nas ações relacionadas ao câncer de colo uterino e de mama; g) Manter a disponibilidade de suprimentos dos insumos e materiais necessários para as ações relacionadas ao câncer de colo uterino e de mama; h) Realizar atividades de educação permanente junto aos demais profissionais da equipe. i) Planejar, coordenar, executar e avaliar ações educativas relacionadas à prevenção primária e secundária do câncer de colo uterino, direcionada às mulheres, utilizando a modalidade de grupos operativos de modo a reforçar e potencializar as interações que ocorrem em momentos coletivos e possibilitar trocas de experiências. (BELO HORIZONTE, 2008). C - Médico Ginecologista a) Realizar o exame clínico-ginecológico em todas as mulheres nas quais esteja indicado; b) Rastrear o câncer do colo uterino em todas as mulheres nas quais esteja indicado. 115 c) Realizar a coleta de material para exame citopatológico do colo uterino, seguindo as recomendações de rastreamento do INCA. d) Monitorar os resultados dos exames citopatológicos colhidos que estejam alterados, na sua Unidade. e) Orientar as ESF para realização de busca ativa das mulheres com exames alterados. f) Organizar os processos de trabalho junto às UBS/ESF de seu município, para realização de busca ativa das mulheres da área de abrangência que não estejam realizando seus exames preventivos de rotina Incrementar ações que resultem no aumento da cobertura do rastreamento/prevenção do CA de colo uterino na área de abrangência de sua Unidade, junto com as UBS/ESF; g) Encaminhar as mulheres para a Atenção Secundária, quando indicado, e monitorar seu atendimento/tratamento. h) Atenção especial para os casos de CA de colo, tratar as DST’s e infecções do trato Genital Inferior; i) Orientar os Médicos e Enfermeiros nos casos da sua Unidade que gerem dúvidas quanto ao diagnóstico, tratamento e encaminhamento; j) Orientar e atualizar os médicos de família e enfermeiros na correta realização da coleta de material para exame citopatológico do colo uterino (BELO HORIZONTE, 2008). D. Técnico e Auxiliar de Enfermagem a) Realizar atenção integral às mulheres; b) Realizar coleta de exame preventivo, observando as disposições legais da profissão (sob supervisão do enfermeiro); c) Realizar cuidados diretos de enfermagem nas urgências e emergências clínicas, sob supervisão do enfermeiro; d) Orientar o usuário para consultas médicas e de enfermagem, exames, tratamentos e outros procedimentos; e) Participar de capacitação e educação permanente, promovidas pelo enfermeiro e/ou demais membros da equipe; f) Participar de reuniões periódicas da equipe de enfermagem, visando o entrosamento e enfrentamento dos problemas identificados; 116 g) Registrar todas as ações de enfermagem no prontuário do paciente, em formulários do sistema de informação e outros documentos da instituição. h) Realizar atenção domiciliar, quando necessário; i) Manter a disponibilidade de suprimentos para a realização do exame do colo do útero e solicitação de mamografia (BELO HORIZONTE, 2008). E - Agente Comunitário de Saúde a) Realizar atenção integral às mulheres; b) Conhecer a importância da realização da coleta de exame preventivo como estratégia segura e eficiente para detecção precoce do câncer do colo do útero na população feminina da sua área; c) Buscar a integração entre a equipe de saúde e a população adscrita à unidade, mantendo a equipe informada, principalmente a respeito de mulheres em situação de risco; d) Realizar segmento das mulheres que apresentam resultado do exame alterado; e) Estar em contato permanente com as famílias, desenvolvendo ações educativas relativas ao controle do câncer do colo do útero, de acordo com o planejamento da equipe; f) Realizar busca ativa para rastreamento de mulheres de sua microárea para detecção precoce do câncer do colo do útero (BELO HORIZONTE, 2008). F- Atribuições Comuns a todos os Profissionais da Equipe a) Realizar busca ativa das mulheres com exames alterados, ou que necessitem de tratamento/seguimento de patologias do colo uterino; b) Realizar o seguimento das mulheres que apresentam resultado do exame preventivo alterado, amostras insatisfatórias e sem anormalidades para o acompanhamento periódico; c) Conhecer as ações de controle do câncer do colo do útero; d) Planejar e programar as ações de controle do câncer do colo do útero, com priorização das ações segundo critérios de risco, vulnerabilidade e desigualdade; 117 e) Realizar ações de controle do câncer do colo do útero, de acordo com este caderno: promoção, prevenção, rastreamento/detecção precoce, diagnóstico, tratamento, reabilitação e cuidados paliativos; f) Conhecer os hábitos de vida, valores culturais, éticos e religiosos das famílias assistidas e da comunidade; g) Acolher as usuárias de forma humanizada; h) Valorizar os diversos saberes e práticas na perspectiva de uma abordagem integral e resolutiva, possibilitando a criação de vínculos com ética, compromisso e respeito; i) Trabalhar em equipe integrando áreas de conhecimento e profissionais de diferentes formações; j) Prestar atenção integral e contínua às necessidades de saúde da mulher, articulada com os demais níveis de atenção, com vistas ao cuidado longitudinal (ao longo do tempo); k) Identificar usuárias que necessitem de assistência domiciliar e corresponsabilizar-se, comunicando os demais componentes da equipe; l) Realizar e participar das atividades de educação permanente relativas à saúde da mulher, controle do câncer do colo do útero, DST, entre outras; m) Desenvolver atividades HORIZONTE, 2008). educativas, individuais ou coletivas (BELO 118 7. PREVENÇÃO E CONTROLE DE CÂNCER DE MAMA É uma aproximação com a dimensão e natureza das questões relativas à saúde da mulher e representa uma opção no sentido da padronização de ações e procedimentos para a qualificação da assistência a esse grupamento populacional. Como ferramenta para impulsionar a construção coletiva de compromissos para mudar o processo de trabalho nas Unidades Básicas de Saúde, é um documento inacabado, com objetivo de estar sempre em aperfeiçoamento, à espera de contribuições de todos os comprometidos com a qualificação da assistência (BELO HORIZONTE, 2008). 7.1 - INTRODUÇÃO O câncer de mama é uma das lesões malignas mais temidas pelas mulheres, pela série de implicações que envolvem esta doença (efeitos psicológicos que afetam a percepção da sexualidade e a própria imagem corporal). Ela é relativamente rara antes dos 35 anos, mas acima desta faixa etária sua incidência cresce rápido e progressivamente. É importante que, num esforço conjunto, consigamos detectar o mais precocemente possível os novos casos para que possamos contar com a melhoria dos índices de sobrevida (BELO HORIZONTE, 2008). 7.2 PREVENÇÃO 7.2.1- Prevenção primária Em termos de prevenção primária, devem ser lembrado, em primeiro lugar, as medidas mais simples, dietéticas e comportamentais, que valem a pena ser estimuladas. Deve-se evitar obesidade, sedentarismo, alimentos gordurosos e ingestão alcoólica em excesso (BELO HORIZONTE, 2008). 7.2.2- Prevenção secundária O exame físico das mamas realizado por médicos ou enfermeiros treinados é também eficiente, permitindo o diagnóstico precoce de tumores com um ou mais centímetros de diâmetro. Toda mulher deve ser submetida ao exame físico das mamas por profissional habilitado, anualmente, após os 30 anos de idade (BELO HORIZONTE, 2008). 119 O autoexame das mamas, realizado pela própria paciente, mensalmente após a menstruação, identifica nódulos a partir de dois e três centímetros de diâmetro, e deve ser também ensinado e praticado, principalmente para estimular a consciência corporal e o autoconhecimento (não há evidências de que esta prática tenha repercussão na melhora do diagnóstico precoce do câncer de mama) (BELO HORIZONTE, 2008). A realização de mamografia deve ser feita de acordo com o Protocolo do INCA (Vide item 7.4 Exames Complementares) (BELO HORIZONTE, 2008). 7.3- AUTO-EXAME DE MAMA 7.3.1- Auto-Exame de mamas, 1º. A mulher deve ficar em pé, em frente ao espelho, observar o bico dos seios, a superfície e o contorno das mamas, levantar os braços e observar se com o movimento aparecem alterações de contorno e superfície das mamas. 2º. Deitada, a mão direita deve apalpar a mama esquerda, fazer movimentos circulares suaves apertando levemente com as pontas dos dedos. 3º. Deitada, a mão esquerda deve apalpar a mama direita, deve-se repetir deste lado movimentos circulares e apertar levemente com as pontas dos dedos (BELO HORIZONTE, 2008). 7.4 - EXAMES COMPLEMENTARES 7.4.1 - Mamografia - Mulheres com idade entre 40 e 50 anos: É recomendado exame físico anual. Segundo o Ministério da saúde,“Este procedimento é compreendido como parte do atendimento integral á saúde da mulher, devendo ser realizado em todas as consultas clinicas, independentes faixa etária”. Na presença de alterações ao exame físico, deve-se solicitar Mamografia (BELO HORIZONTE, 2008). - Mulheres entre 50 e 69 anos de idade: Solicitar mamografia com intervalo máximo de 02 anos entre os exames (BELO HORIZONTE, 2008). 120 - Mulheres com menos de 40 anos: Pedidos deverão ser feitos, com indicação precisa (por ex.: assimetrias, screening precoce em pacientes com forte historia familiar). As pacientes com forte história familiar de CA de mama devem ser sempre encaminhadas ao Mastologista (mãe ou irmã com CA de mama) (BELO HORIZONTE, 2008). - Mulheres usuárias de Terapia Hormonal: Mamografia deverá ser anual (BELO HORIZONTE, 2008). 7.4.2- Ultrassonografia de mamas Exame é solicitado na Atenção Secundária (US da Mulher), quando houver indicação (BELO HORIZONTE, 2008). 7.5 - ORGANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA As ações de controle e prevenção do Câncer de mama são desenvolvidas na rede assistencial do SUS em Colombo nos níveis primário e secundário de acordo com as necessidades apresentadas pelas mulheres do nosso município. 7.5.1- Ações desenvolvidas nas Unidades Básicas: - Estímulo ao autoexame mensal - Exame clínico das mamas como parte integrante e obrigatória das consultas das mulheres (todos os médicos em qualquer consulta da paciente devem realizar o exame físico das mamas) - Tratamento clínico de mastalgias – avaliação e orientações. - Tratamento clínico de mastites puerperais não complicadas (BELO HORIZONTE, 2008). 121 Figura 15 - Fluxograma de atenção para o controle do câncer de mama na Unidade Básica de Saúde (Adaptado de CURITIBA, 2002) 7.5.2 – Ações desenvolvidas nas Unidades Secundárias - Avaliação dos casos encaminhados pelas unidades básicas - Solicitação de mamografia para o rastreamento do CA de mama e encaminhamento para o especialista. - Monitorização de resultados de exames histopatológicos solicitados pelo Mastologista - Realização de busca ativa dos casos positivos - Encaminhar para realização de cirurgias eletivas (BELO HORIZONTE, 2008). 122 Figura 16 - Fluxograma de atenção para o controle do câncer de mama na Unidade de Saúde da Mulher (Adaptado de CURITIBA, 2002). 123 7.6 - FLUXO 7.6.1 - Critérios de Priorização para marcação da consulta de Mastologia: Alta prioridade - Mamografia e/ ou Ultra Som Categoria BI-RADS 04 e 05 - Nódulos palpáveis ao exame físico - Nódulos visíveis à Mamografia - Avaliação complementar de densidade assimétrica à Mamografia em pacientes com 35 anos ou mais. - Descarga papilar espontânea sanguinolenta ou cristalina uniductal - Lesões eczematosas evolutivas em complexo aréolo-mamilar unilateral (BELO HORIZONTE, 2008). Média prioridade - Mamografia Categoria BI-RADS 03. - Nódulos pouco suspeitos à palpação em pacientes jovens - Pacientes com indicação de US complementar após realização de Mamografia (a ser confirmada pelo mastologista após avaliação do caso) (BELO HORIZONTE, 2008). Baixa prioridade - Historia familiar positiva em paciente assintomática (mãe, irmã ou filha com diagnóstico de CA de mama e ou CA de ovário) - Mulheres com história familiar de CA de mama masculino - Mastalgia refratária - Fístulas areolares. - Cistos mamários - Nódulos de aspecto benignos em pacientes jovens - Inecomastia (BELO HORIZONTE, 2008). 7.6.2 - CRITÉRIOS DE PERMANÊNCIA DA UNIDADE DE SAÚDE DA MULHER - Controle de lesão de aspecto benigna até estabilização (palpáveis ou não palpáveis) 124 - Pacientes com história familiar positiva (mãe, irmã, filha) (BELO HORIZONTE, 2008). 7.6.3 ORIENTAÇÕES E NOTAS Orientações As pacientes encaminhadas pelo médico da UBS/ESF e pelo ginecologista (pela central de marcação de consulta) deverão portar a mamografia e outros exames relacionados com o diagnóstico, além de relatório no formulário de referência e contra referência, constando motivo do encaminhamento, história e exame físico. Estes casos serão acompanhados pelo Mastologista até o encaminhamento para cirurgia, ou alta com reencaminhamento para a Unidade de origem (BELO HORIZONTE, 2008). Notas É liberado 01 retorno por agenda para marcação interna a critério dos Mastologistas (PAMS) com o objetivo de: Priorizar casos de maior suspeita clinica e radiologica Busca ativa das pacientes com resultado de citologia ou biópsia maligno Priorizar a marcação de retorno sempre na unidade do atendimento inicial (BELO HORIZONTE, 2008). 7.7 TÉCNICA DE EXAME CLÍNICO DAS MAMAS Exame Clínico das Mamas (ECM) é um procedimento realizado por um médico ou enfermeiro treinado para esta ação. No exame podem ser identificadas alterações na mama e, se for indicado, serão realizados exames complementares. O ECM é realizado com a finalidade de detectar anormalidades na mama ou avaliar sintomas referidos por pacientes e assim encontrar cânceres da mama palpáveis num estágio precoce de evolução. Alguns estudos científicos mostram que 5% dos cânceres da mama são detectados por ECM em pacientes com mamografia negativa, benigna ou provavelmente benigna. O ECM também é uma boa oportunidade para o profissional de saúde educar a população feminina sobre o câncer da mama, seus sintomas, fatores de risco, detecção precoce e sobre a composição e variabilidade da mama normal (BRASIL, 2006). 125 As técnicas (como realizar) de ECM variam bastante em seus detalhes, entretanto, todas elas preconizam a inspeção visual, a palpação das mamas e dos linfonódos (axilares e supraclaviculares). Ao contrário das recomendações de como realizar um ECM, poucos estudos analisam como reportar os achados dos exames. A inspeção visual pretende identificar sinais de câncer da mama. Sinais precoces do câncer da mama são achatamentos dos contornos da mama, abaulamentos ou espessamentos da pele das mamas (BRASIL, 2006). É importante o examinador comparar as mamas para identificar grandes assimetrias e diferenças na cor da pele, textura, temperatura e padrão de circulação venosa. O acrônimo BREAST (em inglês) pode ajudar na memorização da etapas na inspeção visual, significando: B – massa na mama (breast mass); R – retração (retraction); E- edema (edema), A- linfonodos axilares (axillary nodes); S- ferida no mamilo (scaly nipple) e; T- sensibilidade na mama (tender breast). A mulher pode se manter sentada com os braços pendentes ao lado do corpo, com os braços levantados sobre a cabeça ou com as palmas das mãos comprimidas umas contra as outras (inspeção dinâmica). Alguns autores recomendam que se faça a inspeção visual ao mesmo tempo em que se realiza a palpação das mamas (BRASIL, 2006). A palpação consiste em utilizar os dedos para examinar todas as áreas do tecido mamário e linfonódos. Para palpar os linfonodos axilares e supraclaviculares a paciente deverá estar sentada. Para palpar as mamas é necessário que a paciente esteja deitada (decúbito dorsal). Na posição deitada, a mão correspondente à mama a ser examinada deve ser colocada sobre a cabeça de forma a realçar o tecido mamário sobre o tórax. Toda a mama deve ser palpada utilizando-se de um padrão vertical de palpação. A palpação deve ser iniciada na axila. No caso de uma mulher mastectomizada a palpação deve ser feita na parede do tórax, pele e incisão cirúrgica (BRASIL, 2006). Cada área de tecido deve ser examinada e três níveis de pressão devem ser aplicados em sequência: leve, média e profunda, correspondendo ao tecido subcutâneo, ao nível intermediário e mais profundamente à parede torácica. Devem- 126 se realizar movimentos circulares com as polpas digitais do 2º, 3º e 4º dedos da mão como se tivesse contornando as extremidades de uma moeda. A região da aréola e da papila (mamilo) deve ser palpada e não comprimida. Somente descarga papilar espontânea merece ser investigada (BRASIL, 2006). Duas características fundamentais do ECM são a interpretação e a descrição dos achados encontrados. Assim como a realização do ECM, não existe um padrão para interpretar e descrever os achados do ECM. Esta não uniformização da interpretação e descrição dos achados limita o seu potencial em direcionar para novas avaliações e proporcionar o tratamento precoce do câncer da mama. Como aconteceu com a mamografia, a padronização da interpretação e descrição dos achados pode resultar em efeitos positivos para o ECM (BRASIL, 2006). De uma forma geral, os resultados do ECM podem ser interpretados de duas formas: normal ou negativo, caso nenhuma anormalidade seja identificada pela inspeção visual e palpação, e anormal, caso achados assimétricos necessitem de avaliação posterior e possível encaminhamento para especialista (referência). A descrição do ECM deve seguir o mesmo roteiro do exame propriamente dito: inspeção, palpação dos linfonodos e palpação das mamas (BRASIL, 2006). 7.8 ATRIBUIÇÕES PROFISSIONAIS NA PREVENÇÃO E TRATAMENTO DO CÂNCER DE MAMA A. Atribuições Comuns a todos os Profissionais da Equipe Conhecer as ações de controle do câncer da mama; Planejar e programar as ações de controle do câncer da mama, com priorização das ações segundo critérios de risco, vulnerabilidade e desigualdade; Realizar ações de controle do câncer da mama, de acordo com este Protocolo: promoção, prevenção, rastreamento/detecção precoce e diagnóstico; Conhecer os hábitos de vida, valores culturais, éticos e religiosos das famílias assistidas e da comunidade; Acolher as usuárias de forma humanizada; Trabalhar em equipe integrando áreas de conhecimento e profissionais de diferentes formações; 127 Prestar atenção integral e contínua às necessidades de saúde da mulher, articulada com os demais níveis de atenção, com vistas ao cuidado longitudinal (ao longo do tempo); Realizar e participar das atividades de educação permanente relativas à saúde da mulher; Desenvolver atividades educativas, individuais ou coletivas; Médico Generalista Realizar o exame clínico das mamas de todas as mulheres de sua área de abrangência em consulta clínica (seguindo a orientação de que toda mulher acima de 30 anos deve ser submetida a pelo menos 01 exame clínico de mamas anualmente); Estimular os profissionais da sua ESF a realizar a busca ativa das mulheres com indicação de rastreamento do Ca de mama; Solicitar a Mamografia de acordo com os critérios do INCA e as orientações deste Protocolo; Avaliar e Monitorar os resultados dos exames solicitados. Garantir o encaminhamento das mulheres com exames alterados à Atenção Secundária /Comissão de Oncologia Encaminhar ao Ginecologista da Unidade os casos em seja necessário, tratamento clínico e não exista indicação de encaminhamento ao Mastologista; Monitorar as mulheres encaminhadas à Atenção Secundária/Comissão de Oncologia: consulta e planos terapêuticos instituídos; Discutir com o Ginecologista da Unidade os casos em que existam dúvidas no exame clínico e na Mamografia Médico Ginecologista Realizar o exame clínico das mamas de todas as mulheres de sua área de abrangência em consulta clínica ginecológica; Orientar os profissionais da sua unidade a realizar a busca ativa das mulheres com indicação de rastreamento do Ca de mama; Solicitar a Mamografia de acordo com os critérios do INCA e as orientações deste Protocolo; 128 Avaliar e Monitorar os resultados dos exames solicitados; Garantir o encaminhamento das mulheres com exames alterados à Atenção Secundária; Monitorar as mulheres encaminhadas à Atenção Secundária / Comissão de Oncologia: consulta e planos terapêuticos instituídos; Orientar os profissionais médicos e enfermeiros das UBS/ESF nos casos em que existam dúvidas no exame clínico e na Mamografia; Tratar os casos clínicos em que não exista indicação de encaminhamento à Atenção Secundária / Comissão de Oncologia Enfermeiro Realizar atenção integral às mulheres; Realizar consulta de enfermagem, exame clínico das mamas, solicitar mamografia e ecografia mamária, e realizar encaminhamentos quando necessários. Realizar atenção domiciliar, quando necessário; Supervisionar e coordenar o trabalho dos ACS e da equipe de enfermagem; Manter a disponibilidade de suprimentos dos insumos e materiais necessários para as ações propostas neste Protocolo; Realizar atividades de educação permanente junto aos demais profissionais da equipe. Técnico e Auxiliar de Enfermagem Realizar cuidados diretos de enfermagem nas urgências e emergências clínicas, sob supervisão do enfermeiro; Orientar o usuário para consultas médicas e de enfermagem, exames, tratamentos e outros procedimentos; Participar de capacitação e educação permanente promovidas pelo enfermeiro e/ou demais membros da equipe; Participar de reuniões periódicas da equipe de enfermagem, visando o entrosamento e enfrentamento dos problemas identificados; Registrar as ações de enfermagem no prontuário do paciente, em formulários do sistema de informação e outros 129 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BELO HORIZONTE. Secretaria Municipal de Saúde. Protocolos de atenção à saúde da mulher: Prevenção e controle do câncer de colo do útero. Belo Horizonte: Secretaria de Saúde. 2008. BELO HORIZONTE. Secretaria Municipal de Saúde. Protocolos de atenção à saúde da mulher: Prevenção e controle do câncer de mama. Belo Horizonte: Secretaria de Saúde. 2008. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Coordenação de Prevenção e Vigilância. Nomenclatura brasileira para laudos cervicais e condutas preconizadas: recomendações para profissionais de saúde. - Rio de Janeiro: INCA, 2006. 65 p. Il. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Regulação, Avaliação e Controle de Sistemas. Diretrizes para a programação pactuada e integrada da assistência à saúde. Brasília : Ministério da Saúde, 2006. 148 p. CURITIBA. Secretaria Municipal de Saúde. BOZA JIMENEZ, Edvin Javier et al. (organizadores). Planejamento familiar – 3. ed. - Curitiba : Secretaria Municipal da Saúde, 2005. 27p.: il. CURITIBA. Secretaria Municipal de Saúde. Programa viva mulher em Curitiba: Controle do câncer de mama e colo de útero – Curitiba : Secretaria Municipal da Saúde, 2002. 98 p.: il. COLOMBO. Secretaria Municipal de Saúde. Relatório de distritalização de Colombo. Secretaria de Saúde. 2011. FLORIANÓPOLIS. Secretaria Municipal de Saúde. Protocolo de atenção integral à saúde da mulher. Florianópolis: Secretaria de Saúde. 2006. 53p. Il. INCA - INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER. Coordenação de Prevenção e Vigilância. Parâmetros técnicos para programação de ações de detecção precoce do câncer da mama: recomendações para gestores estaduais e municipais. Rio de Janeiro: INCA, 2006. 30 p. : il. 130 ANEXO 1 – Figura 15 - POPULAÇÃO FEMININA DE COLOMBO POR FAIXA ETÁRIA E POR IDADES DE RISCO, SEGUNDO O CENSO 2010 (COLOMBO, 2012) UBS 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 US BACAETAVA 0 0 0 0 1 0 1 0 0 3 1 0 0 0 0 25 29 1 3034 2 3539 1 4044 4 4549 2 5559 0 US CAIC 182 198 185 186 203 207 191 178 181 191 189 163 187 194 193 890 937 803 732 595 412 6785 US CAPIVARI 14 19 17 12 21 22 19 19 10 17 12 14 20 15 10 72 64 59 50 54 39 540 TOTAL 16 US OSASCO 202 176 184 177 174 211 175 194 179 157 168 197 190 170 181 953 878 729 679 626 423 6600 US SANTA TEREZA 82 68 73 67 77 84 52 70 57 65 57 80 87 64 68 349 342 296 243 225 162 2506 US SÃO DOMINGOS 143 128 128 120 120 142 120 135 147 124 149 122 118 142 136 730 663 617 545 491 283 5020 US SEDE 167 129 146 125 148 159 137 145 127 145 147 133 126 128 130 653 658 595 598 454 310 5050 DS SEDE 790 718 733 687 744 825 695 741 701 702 723 709 728 713 718 3648 3544 3100 2851 2447 1629 26517 US ALEXANDRE NADOLNY 127 129 147 142 159 148 122 132 117 108 143 132 134 119 147 710 695 635 567 520 299 5133 US ALTO MARACANÃ 143 158 141 139 169 166 161 155 147 140 173 125 150 142 141 754 729 727 639 492 298 5591 US ATUBA 106 83 78 97 104 96 108 85 112 80 90 94 81 97 97 445 387 390 368 371 228 3369 US JD. GRAÇAS 70 67 63 50 55 62 62 54 51 59 49 60 74 54 79 325 313 262 252 222 149 2283 US N.S.FATIMA 105 89 99 97 108 136 97 111 110 109 104 106 120 98 108 572 520 503 393 385 286 3970 US QUITANDINHA 108 106 106 104 116 111 93 86 88 104 115 125 103 85 93 547 498 488 447 386 251 3909 DS MARACANÃ 659 632 634 629 711 719 643 623 625 600 674 642 662 595 665 3353 3142 3005 2666 2376 1511 24255 US GUARAITUBA 116 129 123 132 128 123 121 133 129 118 126 110 118 141 121 621 520 538 457 373 245 4377 US JD. CRISTINA 89 80 79 74 87 76 80 83 80 73 78 78 93 71 74 361 379 322 322 249 164 2828 US ELIS SBRISSIA 42 29 30 30 32 42 26 23 30 32 26 33 31 40 37 187 152 151 156 159 91 1288 US LIBERDADE 74 87 67 83 79 63 80 73 71 82 70 59 67 59 55 320 315 249 233 180 96 2366 US MAUÁ 86 109 108 116 119 107 117 112 86 80 93 60 89 58 77 332 366 365 296 257 127 3033 US MONTE CASTELO 143 121 109 110 129 129 113 95 91 90 85 82 92 80 86 425 464 385 352 299 160 3480 US SÃO DIMAS 39 39 29 41 41 39 36 36 48 34 48 43 36 44 42 215 184 164 196 147 93 1501 US SÃO JOSÉ 80 81 84 84 100 85 82 72 82 83 84 76 77 64 88 391 364 345 340 270 130 2932 DS GUARAITUBA 669 675 629 670 715 664 655 627 617 592 610 541 603 557 580 2852 2744 2519 2352 1934 1106 21805 MUNICIPIO DE COLOMBO 2118 2025 1996 1986 2170 2208 1993 1991 1943 1894 2007 1892 1993 1865 1963 9853 9430 8624 7869 6757 4246 72577 131 ANEXO 2 – PROGRAMAÇÃO DE SAÚDE DA MULHER Tabela 8 – Metas para a programação de saúde da mulher (BRASIL b, 2006; INCA, 2006) DIREITOS SEXUAIS E REPRODUTIVOS Ações/População alvo População alvo Parâmetro/% da população Observações Mulheres na faixa etária de 10 a 49 anos População alvo para PF 45% mulheres em id. fértil Cobertura 60% da população alvo AÇÕES Cons. Médica 1 cons./ pop.coberta/ ano Cons. Enfermagem 1 cons. /pop.coberta/ ano Reunião Educativa (RE) 1 R.E.pop.coberta/mês Atend.clín.p/indic. 1 atendimento para 1,5% fornec.ins.DIU pop.coberta PREVENÇÃO DO CÂNCER DO COLO DO ÚTERO Ações/População alvo População alvo População alvo para PCCU Parâmetro % da população Observações Mulheres na faixa etária de 25 a 59 anos 80 % das mulheres AÇÕES Consulta médica em Saúde 1 cons. med p/ 50% pop. da Mulher coberta/ano Consulta de enfermagem em Saúde da Mulher Coleta de amostra para exame papanicolaou em 1 cons. Enf. p/ 50% pop. coberta/ano Razão anual de 0,25 e trimestral de 0,06 (*) mulheres, de 25 a 59 anos. (*) Número de exames coletados divididos pela população alvo Amostras coletadas 100% das amostras encaminhadas para a coletadas 132 análise laboratorial Demandam a repetição imediata do exame Amostras insatisfatórias na análise laboratorial (coleta e 5% dos exames realizados citopatológico). Percentual recomendado pela OPAS (2002) Exames Papanicolaou com resultado alterado* para 3% dos exames realizados lesões precursoras e câncer Percentual estimado pelo INCA. Estes Exames com resultado de atipias de significado indeterminado** e de lesão exames demandam 85% dos exames alterados acompanhamento pela unidade básica e de baixo grau (NIC I) repetição do exame em 6 meses Percentual estimado Exames com resultados de lesões de alto grau (NIC II e NIC III) e compatíveis com pelo INCA. Estes 15% dos exames alterados exames demandam encaminhamento para câncer US da Mulher Atividade educativa Tratamento de lesões de alto grau (NIC II e NIC III) 1 atividade educativa /pop. coberta/semestre 100% das mulheres com diagnóstico de lesões de alto grau (A+B) Realizada na US da Mulher PREVENÇÃO DO CÃNCER DE MAMA Ações/População alvo População alvo Cobertura Parâmetro/% da população Mulheres maiores de 35 anos De acordo com a ação e a faixa etária Observações 133 AÇÕES Incluídas nas consultas Consulta médica para 1 consulta anual para cada Exame Clínico das Mamas 50 % das mulheres > 40 (ECM) anos programadas para prevenção do câncer de colo uterino. Solicitar mamografia anual Consulta de enfermagem 1 consulta anual para cada para Exame Clínico das 50 % das mulheres > 40 Mamas (ECM) anos Solicitação de Mamografia para mulheres de 50 – 69 anos Incluídas nas consultas programadas para prevenção do câncer de colo uterino 1 exame anual para 50 % da população-alvo Para mulheres nesta Solicitação de Mamografia para mulheres maiores de 35 anos 1 exame anual para cada mulher na idade alvo faixa etária com risco elevado para o desenvolvimento do câncer da mama (*) (*) São consideradas mulheres com risco elevado para o desenvolvimento do câncer da mama: Mulheres com história familiar de pelo menos, um parente de primeiro grau (mãe, irmã ou filha) com diagnóstico de câncer da mama, abaixo dos 50 anos de idade; Mulheres com história familiar de pelo menos, um parente de primeiro grau (mãe, irmã ou filha) com diagnóstico de câncer da mama bilateral ou câncer de ovário, em qualquer faixa etária; Mulheres com história familiar de câncer da mama masculino; Mulheres com diagnóstico histopatológico de lesão mamária proliferativa com atipia ou neoplasia lobular in situ. (INCA, 2006) 134 ANEXO 3 – CONSULTA DE ENFERMAGEM EM SAÚDE DA MULHER A consulta clínico-ginecológica de enfermagem consiste na avaliação e no acompanhamento sistemático da saúde da mulher com enfoque na promoção do planejamento familiar, na prevenção, detecção precoce e controle do câncer de colo uterino e de mama, de DSTs e na assistência ao climatério. 135 Identificação da paciente: Nome, idade, ocupação, residência, escolaridade e estado civil. Anamnese: Antecedentes gineco-obstétricos: ciclos menstruais, data da última menstruação (DUM – duração, intervalos, regularidade), dismenorréia, idade da primeira relação sexual, número de gestações, número de partos, número de abortos, número de filhos vivos, vida sexual, frequência urinária e fecal e citopatológico cervical, mamografia e cirurgias anteriores; Antecedentes patológicos: doenças crônicas, doenças endêmicas, alergias, antecedentes familiares; Anticoncepção (método, tempo de uso, adequação do método); Reposição hormonal; Motivo da consulta e queixas da paciente (sinais e sintomas - início e tempo de duração). Exame Físico Geral: Iniciar exame físico geral; Verificar e anotar peso, estatura; Observar a aquisição e seguir o índice de massa corporea de Quetelet*: IMC= PESO (kg) /ALTURA (m²) Inspeção e palpação de cabeça e pescoço; Ausculta pulmonar; Ausculta cardíaca; Manobra de Giordano (investigar infecção do trato urinário); Inspeção, palpação, percussão e ausculta abdominal; Exame clínico-ginecológico: exame clínico da mama (ECM) e orientação sobre autoexame e exame de genitália externa e interna (citopatológico cervical). Inspeção e palpação de membros inferiores. *os valores menores que 18,5 Kg/m indicam baixo peso (desnutrição), entre 18,5 e 24,9 Kg/m indicam massa corpórea normal, entre 25 e 29,9 Kg/m sobrepeso, entre 30 e 34,9 Kg/m obesidade classe I, entre 35 e 39,9 Kg/m obesidade classe II e acima de 40 Kg/m obesidade classe III (morbida) 136 Diagnósticos de enfermagem Estabelecer de acordo com a CIPESC ® Intervenções de Enfermagem Intervenções de Acordo com a CIPESC ® Coleta de material para Citologia Oncótica conforme padronização do Programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher no momento do exame especular; Realização do teste de Schiller no momento do exame especular; Prescrição de medicamentos e solicitação de exames laboratoriais conforme este protocolo Indicação de tratamentos padronizados e controle, segundo o caso; Orientação conforme diagnóstico de enfermagem definido; Agendamento de consultas subsequentes ; Encaminhamentos necessários.