O Sr. MÁRIO DE OLIVEIRA (PSC-MG) pronuncia o seguinte discurso: Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados, volto a esta tribuna para falar sobre minhas preocupações sobre a propagação da gripe suína, essa pandemia que já contaminou milhares de pessoas em dezenas de países. Quando aqui estive para falar pela primeira vez sobre o assunto, não havia ainda não nenhum caso da doença confirmado no Brasil. Agora, a situação é bem diferente. No último dia 12, o Ministério da Saúde (MS) divulgou boletim atestando 3.642 casos da influenza A – H1N1 confirmados em laboratório, com 192 óbitos. Até o momento, a doença concentra-se nos estados do Sul e Sudeste, mas já está avançando para as outras regiões. Há registro de um óbitos em Rondônia, Paraíba e Distrito Federal, por exemplo. Cumpre ressaltar que, segundo o boletim do MS, O número oficial de óbitos causados pela nova gripe notificado no mundo até 12 de agosto revela que o Brasil tem a 14ª taxa de mortalidade entre os 15 países com o maior número absoluto de mortes. Aqui, a taxa é de 0,09 óbitos em cada grupo de 100 mil habitantes, maior apenas que a do Reino Unido, com índice de 0,06 por 100 mil. 2 Segundo informações do Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças, em todo o mundo, foram notificados, até aquela data, 1.882 óbitos em 48 países. Vale lembrar que esses são números oficiais e que muitos casos certamente estão fora desses registros. Matéria publicada em 14 de agosto pela Folha de São Paulo informa que os óbitos no Brasil já chegavam a 339 até aquela data. Há, de fato, motivos de sobra para preocupação, mas o clima de pânico que está se espalhado em nada contribui para minimizar o problema, para evitar que o vírus se espalhe por todo o Brasil, faça mais doentes e provoque mais mortes. Convicto disso, venho alertar sobre os riscos, a necessidade de prevenção e de diagnóstico precoce, e também trazer alguns esclarecimentos sobre a doença, formas de contágio, sintomas, pois, só informados, poderemos evitar que se elevem os índices de acometimento e de letalidade em nosso País. Como já afirmei em outra ocasião, existem três tipos do vírus da gripe, conhecido como Influenza – A, B e C. A chamada gripe suína é causada pelo vírus Influenza tipo A, com subtipo H1N1. Esse subtipo é diferente de tudo o que se conhecia até agora porque é o primeiro a reunir fragmentos de material genético de 3 vírus Influenza humano, suíno e de aves. A doença foi chamada de gripe suína porque a mistura se deu dentro do organismo dos porcos e há prevalência do material genético de porcos. O vírus da gripe suína é dotado de grande capacidade de transmissão entre os humanos. Em uma sociedade globalizada como a nossa, em que pessoas atravessam fronteiras todos os dias, um vírus com tamanho potencial de contágio pode se alastrar para todo o planeta em curto espaço de tempo. É, aliás, o que já aconteceu. Felizmente, parece que o vírus da gripe suína não é tão letal quanto o causador da gripe aviária, que assombrou o mundo recentemente, ou o da gripe espanhola, que matou milhões de pessoas, no século passado. Em geral, a mortalidade de uma gripe causada por um vírus comum, desses que aparecem anualmente, gira em torno de 0,1 por cento dos casos. Entre as vítimas da gripe aviária, a letalidade chega a 61 por cento. Em relação ao vírus da gripe suína, estimase, até agora, que o grau de letalidade gire em torno de 6 por cento. O que se teme, entretanto, é que ele sofra mutações, que se torne ainda mais ameaçador. 4 O grupo de maior risco inclui gestantes, crianças, obesos, idosos e pessoas imunodeprimidas ou com algum tipo de doença pré-existente. Proteger essas pessoas, em especial, é dever de todos nós! Combater o vírus da gripe suína com o máximo de informação é a forma mais eficaz de evitar sua propagação e seus danos à população brasileira, Senhor Presidente. Primeiro, é importante que a população saiba que existe medicação eficaz, disponível no sistema público de saúde. Mas há de se ter claro que o remédio deve ser usado sob estrita orientação médica e nunca em caráter preventivo. É preciso ter em conta, por exemplo, que há efeitos colaterais, especialmente para menores de 12 anos, que devem ser considerados pelo médico, antes da prescrição. Segundo, como a automedicação é uma prática rotineira no Brasil, corre-se o risco de camuflar sintomas da gripe com medicamentos e de, com isso, agravar um quadro que poderia ser de menor gravidade. A recomendação é de que a qualquer sintoma de gripe, seja procurado atendimento médico, preferencialmente do médico de confiança, porque a medicação deve ser iniciada no 5 máximo 48 horas a partir do aparecimento de sintomas. Isso pode diminuir, e muito, os índices de letalidade. Também há de se ter em conta que o vírus da gripe H1N1 suína é antigenicamente muito diferente do vírus H1N1 humano e, portanto, vacinas para a gripe sazonal humana não fornecem proteção contra o vírus da gripe suína. Especialistas do mundo inteiro, inclusive do Brasil, estão trabalhando em conjunto para produzir uma vacina eficaz, capaz prevenir a doença. Por enquanto, é preciso buscar uma alimentação que fortaleça o sistema imunológico, estar atento aos sintomas e saber como evitar o contágio. Uma alimentação natural, à base de grãos, verduras, frutas, é fundamental para que o sistema imunológico cumpra seu papel. Nestes tempos de fast food, precisamos rever nossos hábitos, Senhor Presidente. Temos, também, de estar atentos aos sintomas da gripe suína que se assemelham aos de uma gripe comum, mas costumam ser mais intensos e, quase sempre, são acrescidos de outros. Sensações de calafrios, dores musculares e nas articulações, febre alta, dor de cabeça intensa, dor de garganta, tosse, dificuldade para respirar, dor torácica, dor nas articulações, 6 vômitos e diarréia são sinais presentes nos quadros de maior gravidade. Em crianças, os sinais de emergência incluem: cor da pele azulada; prostração; e febre com alguma erupção na pele. Nos adultos, podem aparecer ainda tonturas e confusão mental. Vale lembrar que, mesmo sem sintomas, uma pessoa pode estar transmitindo o vírus, nobres Colegas. Daí a importância de todos se prevenirem, para evitar o contágio. Nesse sentido, as orientações são: evitar aglomerações; manter áreas ventiladas, arejadas; evitar contato físico, especialmente com crianças, gestantes e idosos, mais suscetíveis ao contágio; usar lenços descartáveis; lavar as mãos constantemente; evitar passar as mãos nos olhos, boca ou nariz; usar álcool em gel para limpar móveis, utensílios e mãos; espirrar no braço, acima do cotovelo, ao invés de fazê-lo nas mãos; evitar pessoas doentes; usar máscara, imediatamente, se apresentar sintoma de gripe. Com este alerta e estes esclarecimentos, penso estar contribuindo para que esta pandemia não se transforme numa catástrofe mundial. 7 Senhor Presidente, solicito a Vossa Excelência que meu pronunciamento seja divulgado pelos órgãos de comunicação desta Casa Legislativa e no Programa Á Voz do Brasil. Era o que tinha a dizer, Senhor Presidente. Muito Obrigado.