o complexo territorial agroindustrial de uberlândia - Unifal-MG

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O COMPLEXO TERRITORIAL AGROINDUSTRIAL DE UBERLÂNDIA
(MG) NO CONTEXTO DA GLOBALIZAÇÃO: UMA ABORDAGEM
TEÓRICA E PRELIMINAR DOS RAMOS DE CARNES E DE GRÃOS.
Denise Leonardo Custodio Machado de Oliveira
[email protected]
Doutoranda e bolsista da Agência CAPES do Programa de Pós-Graduação em Geografia –
UNESP, Rio Claro.
RESUMO
O município de Uberlândia, localizado na mesorregião do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba,
do Estado de Minas Gerais, possui uma tradição na atividade agropecuária, a qual constitui-se
num dos pilares de sua economia. Atualmente o citado município encontra-se voltado, em
grande medida, para o setor do agronegócio, fato que se deve, sobremaneira, à presença de
empresas agroindustriais de grande porte, processadoras de carnes e de grãos (principalmente
a soja), tais como a Cargill Agrícola e a BRF Brasil Foods, dentre outras. Além disso, existem
empresas localizadas na microrregião de Uberlândia, o que demonstra que a importância deste
segmento ultrapassa os limites territoriais do município. A importância de Uberlândia e região
no agronegócio condiz com o cenário econômico nacional, haja vista a crescente participação
brasileira no comércio internacional, através das exportações das chamadas commodities
agrícolas, como as de soja e de carnes. Assim, pressupõe-se que o complexo territorial
agroindustrial de Uberlândia e região, surgido e desenvolvido principalmente com base em
fatores e agentes endógenos à área e ao país, tenha exacerbado sua capacidade de produção
e intensificado sua especialização produtiva – particularmente nos ramos de carnes e de grãos
- ao receber e refletir, no espaço local-regional, estímulos positivos advindos da esfera global.
Palavras-chave: agroindústrias; globalização; município de Uberlândia (M.G.).
ABSTRACT
The Uberlândia located in middle region of Triangulo Mineiro and Alto Parnaíba , State of Minas
Gerais , has a tradition in agricultural activity , which constitutes one of the pillars of its economy
. Currently the said municipality lies geared largely to the agribusiness sector , a fact that should
greatly in the presence of large agribusiness companies , meat processors and grains (mainly
soybeans ) , such as Cargill Agricultural and BRF Brazil Foods , among others . In addition ,
there are companies located in the microregion of Uberlândia , which demonstrates that the
importance of this segment beyond the territorial limits of the municipality . The importance of
Uberlândia and agribusiness in the region consistent with the national economic scenario ,
given the growing Brazilian participation in international trade through exports of so-called
agricultural commodities, such as soybeans and meat . Thus, it is assumed that the territorial
agroindustrial complex of Uberlândia Area, emerged and developed primarily based on factors
and endogenous agents to the area and the country has exacerbated its production capacity
and intensified their specialization - particularly in the areas of meat and grain - to receive and
reflect on the local - regional space , positive stimuli arising from the global sphere.
Keywords : agribusiness ; globalization ; Uberlândia ( M. G. ) .
EIXO DE INSCRIÇÃO/DEBATE: Eixo 9 “Geografia Econômica”.
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Introdução
O município de Uberlândia, localizado na mesorregião do Triângulo Mineiro e Alto
Paranaíba, do Estado de Minas Gerais, possui uma tradição na atividade
agropecuária, a qual se constitui num dos pilares de sua economia. Dentre os fatores
que permitiram o desenvolvimento local, destaca-se a sua posição geográfica
favorável, com acesso a rodovias consideradas importantes no cenário nacional, que
interligam cidades e regiões, tais como a BR 050 (Sáo Paulo e Brasília), a BR 365
(regiões nordeste e centro-oeste) e a BR 262 .
Ao longo do século XX, paralelamente ao desenvolvimento dos setores de
comércio atacadista e de telecomunicações, Uberlândia também desenvolveu a
atividade agroindustrial, com a instalação de empresas de grande porte, muitas
inclusive de capital externo ao município, de origem nacional e estrangeira.
Atualmente o citado município encontra-se voltado, em grande medida, para o
setor do agronegócio, fato que condiz com o cenário econômico nacional, haja vista a
crescente participação brasileira no comércio internacional, através das exportações
das chamadas commodities agrícolas, como as de soja e de carnes.
A importância assumida por Uberlândia neste setor se deve, sobremaneira, à
presença de empresas agroindustriais de grande porte, processadoras de grãos
(principalmente a soja) e de carnes, tais como a Cargill Agrícola e a BRF Brasil Foods,
dentre outras.
Além disso, existem também empresas localizadas na microrregião de Uberlândia,
o que demonstra que a importância deste segmento ultrapassa os limites territoriais do
município.
Este trabalho objetiva trazer à luz a discussão sobre os efeitos da globalização
agroalimentar na especialização produtiva de Uberlândia por commodities agrícolas
como a carne e a soja. Contudo, trata-se de uma abordagem teórica e preliminar,
como parte de uma pesquisa que se encontra em curso, a respeito da temática em
tela.
A participação do Brasil no comércio mundial
Incluído pelo economista Jim O’Neill em um seleto grupo de países, o chamado
BRIC, formado por Brasil, Rússia, Índia e China - os quais tem apresentado um
potencial econômico promissor - o Brasil estaria prestes a se tornar uma das principais
economias do mundo nas próximas décadas. Esta ideia vem sendo propagada pelo
citado economista, desde 2001 quando criou o acrônimo BRIC em alusão aos quatro
países emergentes que já naquela época, se destacavam no cenário econômico
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mundial. Alguns fatores teriam levado tal autor a constatar a disposição cada vez maior
destas nações de se engajarem no processo de globalização, tais como a adesão
crescente da China à economia de mercado, o poder da demografia da Índia, e, no
caso da Rússia, a capacidade que possui de “[...] gerar a força econômica e as
oportunidades que o G-7 percebeu nos anos de 1990” (O’NEILL, 2012, p. 30).
No que se refere ao Brasil, a política macroeconômica de controle inflacionário
adotada em fins da década de 1990, teria motivado o citado autor a incluí-lo neste rol
de países. Apresentando um histórico de vários anos de hiperinflação, e dependência
de financiamentos estrangeiros, foi a partir do plano de estabilização do governo FHC,
que o país assistiu a um florescimento de sua economia. A adoção de medidas
visando o combate à inflação e a estabilidade da moeda – com a valorização do real
em relação a outras moedas – permitiram ao Brasil alcançar melhores taxas de
crescimento.
O sucesso econômico do Brasil, na década de 2000 pode ser explicado,
sobretudo, pelo crescimento do PIB – atingindo, em 2010, 2,1 trilhões de dólares
(O’NEILL, 2012, p. 51) e pelo aumento das exportações, além do boom das
commodities.
Segundo O’Neill (2012, p. 57-58) dentre os BRICs, atualmente o Brasil é o país
que mais tem atraído investimentos estrangeiros diretos. Foi com a crise global de
2008 que a economia brasileira demonstrou vivacidade, ao conseguir administrá-la,
implementando políticas expansionistas, e surpreendendo aos demais mercados.
Houve uma acentuada valorização da moeda, em grande parte em função das
commodities, além das altas taxas de juros.
Historicamente, a participação do Brasil na divisão internacional do trabalho
sempre se deu, sobremaneira, como exportador de produtos primários. Contudo, em
face da globalização econômica, ocorre a globalização do sistema agroalimentar, no
tocante à produção e ao consumo, fato que veio a ampliar a participação brasileira no
chamado agronegócio internacional. Tal fato acentuou-se a partir do início da década
de 2000, quando a adoção de uma nova política cambial (a desvalorização do real
ocorrida em 1999) aliada a um aumento nos preços das commodities impulsionou as
exportações agrícolas e de agronegócios do país. (BAER, 2009, p. 412).
Desta forma, tem sido crescente a exportação de produtos originados do
chamado complexo soja (grãos, farelo e óleo) bem como do complexo de carnes (de
frango, bovina, suína e de peru, in natura e industrializada).
Se ao longo da segunda metade do século XX, os Estados Unidos e a Europa
Ocidental foram os principais destinatários das exportações brasileiras, no início do
presente século houve uma diversificação geográfica, abrangendo países do Oriente
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Médio e China, dentre outros (BAER, 2009). Segundo Khanna (2008, p. 212), a China
constitui-se num mercado altamente rentável para os produtos brasileiros, tais como o
leite, a soja e a carne.
Assim, a importância assumida pelo agronegócio em nível nacional, se constitui
num reflexo da globalização agroalimentar, engendrando especializações territoriais
produtivas (ELIAS, 2006). Neste sentido, ocorre uma divisão territorial do trabalho,
comandada por agentes hegemônicos (empresas multinacionais), na qual subespaços
do território da nação se especializam ou priorizam determinadas atividades
produtivas, subordinando-se aos interesses do capital financeiro internacional.
Conforme Santos (1997, p. 106), são nestes subespaços que a racionalidade dos
agentes hegemônicos se torna possível, e para tanto, a técnica, a ciência e a
informação são essenciais.
A participação de Uberlândia no agronegócio nacional: alguns exemplos de
empresas processadoras de carnes e de grãos
Nas últimas décadas, a importância assumida pelo agronegócio na economia
brasileira reflete-se nas regiões tradicionalmente voltadas para o setor agropecuário,
como as áreas de cerrado. Com processo de modernização do campo brasileiro,
ocorrido especialmente a partir dos anos de 1970, tais áreas vem sendo cada vez
mais incorporadas à expansão de grandes empresas agroindustriais, nacionais e
multinacionais.
Neste contexto, insere-se o município de Uberlândia, o qual encontra-se
voltado, em grande medida, para o agronegócio, classificando-se como o 20º maior
PIB (Produto Interno Bruto) do país (MINAS GERAIS, 2011), destacando-se
especialmente através das chamadas commodities de grãos e de carnes.
No referente à produção de grãos o destaque se dá principalmente com a soja,
cultura que ocupa cerca de 48 mil hectares, e agrega valor no próprio município,
devido à
presença de três agroindústrias
que juntas, atingem capacidade
de
esmagamento de 7,1 mil toneladas de soja por dia, fabricando farelo e óleo, entre
outros produtos (MINAS GERAIS, 2011)
Existem três grandes empresas agroindustriais atuantes no processamento de
grãos, localizadas em Uberlândia: a ADM Importação e Exportação, a Cargill Agrícola
e a Algar Agro.
No tocante às duas primeiras, tratam-se de empresas de capital estrangeiro, as
quais possuem fábricas dispersas pelo território nacional, voltadas sobretudo, para o
processamento da soja e fabricação de seus derivados, produção que se destina tanto
ao mercado interno quanto externo ao país.
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A respeito da ADM (Archer Daniel Midland), esta vem se consolidando no ramo
de processamento de grãos desde 2000, quando se instalou no território local, ao
adquirir as operações de soja do Granja Resende, na época pertencente ao Grupo
Sadia (MESQUITA, 2011). Outrossim, tal empresa constitui-se na maior produtora de
milho mundial, e, embora de origem norte-americana, possui associação com capital
nacional, no ramo sucroalcooleiro, através de uma usina localizada no Triângulo
Mineiro (OLIVEIRA, 2012).
Quanto à Cargill, esta instalou-se no município em 1986, quando passou a
investir no “[...] crescente potencial produtivo das regiões do Triângulo Mineiro e do Sul
de Goiás. Iniciou suas atividades no segmento soja (óleo vegetal e farelos) e, logo em
seguida, no processamento de subprodutos do milho, como rações, concentrados e
amido (glucose) (CLEPS, 1998, p. 229).
A localização da Cargill em Uberlândia constitui-se no maior complexo
industrial da empresa, fora dos Estados Unidos, pois além da soja, possui uma
unidade responsável pelo processamento de milho e outra pela fabricação de ácido
cítrico. Considerada a principal exportadora de soja do Brasil, a empresa também
fornece insumos para o setor de nutrição animal (CARGILL, 2011).
A empresa Algar Agro é de origem local, e constitui-se numa das únicas
agroindústrias nacionais que se dedica ao esmagamento da soja, sendo pioneira na
região do cerrado, atuando em Uberlândia desde 1978.
Além das já mencionadas, existe no município uma unidade da multinacional
Hartz Moutain, destinada ao processamento de milho e sorgo para ração animal.
Outrossim, há duas empresas voltadas para a área biotecnológica, especificamente,
para a pesquisa e desenvolvimento de sementes de milho e de soja, a Syngenta
Seeds Ltda. e a Monsanto do Brasil, fato indicativo de um provável vínculo científicotecnológico entre estas últimas e as empresas processadoras de grãos.
Quanto ao processamento de carnes, há três agroindústrias principais, sendo
duas situadas em Uberlândia - a BRF Brasil Foods e a Granja Planalto - e outra no
município de Araguari (Frigorífico Mataboi). Além destas, existem mais nove empresas
localizadas na microrregião de Uberlândia (MESQUITA, 2011), o que demonstra que a
importância deste segmento ultrapassa os limites territoriais do município.
Dentre as três empresas mencionadas, o destaque se deve, principalmente, à
BRF Brasil Foods (antiga Sadia), empresa de origem externa ao município (Concórdia,
SC), instalada em 1989, a princípio apenas como uma unidade de comercialização
dos produtos da Sadia, no contexto de expansão desta empresa pelo território
nacional (COSTA,1998).
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Paralelo à ocupação do espaço nacional com as plantas
industriais produtoras, a Sadia preocupou-se em implementar
uma rede própria de filiais comerciais, responsáveis pela
distribuição de seus produtos até os pontos de venda.[...] Nos
anos 90, a logística de distribuição da Sadia fazia com que
seus produtos estivessem presentes em todas as regiões do
país, através da ocupação do território nacional, com filiais
comerciais próprias [...] (COSTA, 1998, p. 49).
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Na década de 1990, mediante a aquisição da Resende Alimentos (empresa de
capital local, voltada para a produção avícola, instalada no município na década de
1960), a citada empresa passou a atuar em Uberlândia no processamento de carne e
fabricação de seus derivados, além de produzir margarina e rações.
Ao longo dos anos, esta empresa veio a se consolidar e a se expandir no
município, ampliando e diversificando as suas atividades produtivas no espaço local.
Os investimentos do Grupo Sadia na unidade de Uberlândia foram vultosos,
motivados, inclusive, pela concorrência estabelecida pela Cargill, a qual, ao adquirir a
Seara Alimentos, passou a atuar também no mercado nacional de carnes. Com isso, a
referida unidade tornou-se o maior complexo industrial do Grupo, sendo a única a
“reunir as suas três linhas de animais (frangos, perus e suínos), além de
industrializados e rações” (MESQUITA, 2011, p. 156).
Em 2009, foi anunciada a fusão das empresas Sadia e Perdigáo, dando origem
a BRF Brasil Foods, com a manutenção de ambas as marcas no mercado.
No tocante à unidade da BRF de Uberlândia, segundo Pena (2012), esta
fabrica embutidos e margarina, e possui quatro plantas industriais, sendo um frigorífico
de suínos e industrializados, um abatedouro de aves, um complexo de fabricação de
margarinas e de rações, e um centro de distribuição. Além disso, a empresa congrega
três
incubatórios
e
trabalha
num
sistema
de
produção
integrada,
com
aproximadamente 800 produtores (MESQUITA, 2011).
A respeito da produção integrada, somente em relação à produção avícola, a
empresa possui parceria com cerca de 228 produtores da região do Triängulo
Mineiro/Alto Paranaiba, sendo que os encargos referentes à infra-estrutura da
propriedade ficam a cargo do produtor, cabendo à empresa o fornecimentos das aves,
ração, demais insumos e assistência técnica (BRF, 2013).
Com relação aos dois complexos agroindustriais (CAIs) ora analisados,
destaca-se que os estabelecimentos processadores de soja encontram-se tanto
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voltados para a fabricação de produtos alimentícios, como de ração, fato que
evidencia a sua articulação com o ramo de carnes. oficialmente a associação entre criação da BRF
Um exemplo da referida articulação, pode ser verificado através do estudo de
Vieira (2009), sobre a cadeia grãos-carne existente na BR 163, no Estado do Mato
Grosso, a qual envolve três municípios, cujas economias se encontram atreladas ao
“[...] desenvolvimento do setor de carnes associado à produção e industrialização dos
grãos, que são esmagados no processo de fabricação de rações para alimentar os
suínos, os bovinos e as aves [...] que participam do setor de carnes” (VIEIRA, 2009,
1410
p.25).
Neste contexto, a cadeia produtiva composta por grãos-ração-carnes atende,
sobretudo, ao mercado externo, onde é crescente a demanda por produtos
agroalimentares. A China constitui-se num dos principais mercados dos produtos
derivados da soja e da carne produzidos no Brasil. Um exemplo emblemático consiste
no lançamento de uma linha de produtos embutidos, com a marca “Sadia”, no
mercado chinês. Segundo informações da Revista BRF (2014),
A ofensiva na China vem se intensificando desde 2012, quando
a BRF fez uma sociedade com a Dah Chong Hong, empresa
de logística controlada pela Citic Pacific, estatal com múltiplos
negócios e que é listada na bolsa de valores de Hong Kong. O
primeiro objetivo da parceria foi ampliar a distribuição dos
produtos da Sadia. Há estudos conjuntos para a construção de
uma fábrica de processados no país (REVISTA BRF, 2014).
A respeito das exportações dos produtos da BRF Brasil Foods, segundo dados
divulgados pela própria empresa, em 2010 a mesma atingiu 22,7 bilhões em vendas,
sendo 40% deste total destinado ao mercado externo (BRF, 2014).
A atuação da BRF Brasil Foods – considerada a maior empresa multinacional
de carnes de aves e suínos - no mercado brasileiro e mundial, constitui-se num
exemplo do que Oliveira (2012, p. 10) denomina de monopolização do território,
processo que “[,,,] é desenvolvido pelas empresas de comercialização e/ou
processamento industrial da produção agropecuária, que sem produzir no campo,
controlam através de mecanismos de subordinação, camponeses e capitalistas
produtores do campo.”
Ainda conforme Oliveira (2012), no Brasil, dentre as diversas agroindústrias
que exercem a monopolização do território da agricultura, em seus respectivos
setores, destacam-se a ADM e a Cargill (no processamento de grãos), e a Monsanto e
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a Syngenta (no desenvolvimento de sementes), as quais, como já abordado, assim
como a BRF Brasil Foods, possuem unidades localizadas no município de Uberlândia.
Conclusões
Oliveira (2012, p. 6) ao analisar a agricultura brasileira no contexto do
capitalismo monopolista mundializado, afirma que “[...] a produção de alimentos deixou
ser questão estratégica nacional, e, passou a ser mercadoria a ser adquirida no
mercado mundial onde quer que ela seja produzida”.
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Em face da globalização econômica, ocorre a globalização do sistema
agroalimentar, no tocante à produção e ao consumo, fato que veio a ampliar a
participação brasileira no chamado agronegócio internacional, especialmente a partir
da década de 2000.
O
exemplo
verificado em Uberlândia
- um microcosmo do espaço
agrário/agroindustrial brasileiro - se constitui num reflexo da ordem econômica global.
Neste contexto, empresas agroindustriais, nacionais e estrangeiras, tem ampliado
suas atividades produtivas, a fim de atenderem à demanda internacional.
Assim, entende-se que o complexo territorial agroindustrial de Uberlândia e
região, surgido e desenvolvido principalmente com base em fatores e agentes
endógenos à área e ao país, tenha intensificado sua especialização produtiva –
particularmente nos ramos de carnes e de grãos - ao receber e refletir, no espaço
local-regional, estímulos da esfera global. Pode-se dizer ainda, que tal fato engendrou
tanto mudanças no arranjo produtivo local/regional quanto efeitos socioeconômicos e
espaciais.
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