representação social na velhice

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ISSN 1646-6977
Documento produzido em 23.08.2017
REPRESENTAÇÃO SOCIAL NA VELHICE
2014
Taiane Abreu
Graduanda em Psicologia (Brasil)
E-mail de contato:
[email protected]
RESUMO
A velhice é uma construção social, assim como a infância. A representação social da
velhice é resultado dos significados atribuídos e construídos a partir da vivência de cada um, da
cultura, do que é passado pela família e pela sociedade. Dessa maneira, várias nomenclaturas são
usadas para definir o idoso e a velhice como adulto maduro, maturidade, maior idade, melhor
idade, terceira idade entre outra.
Palavras-chave: Velhice, representação social, psicologia.
INTRODUÇÃO
A infância, a adolescência, a idade adulta e a velhice são fases originadas dessa necessidade
de demarcação, que segundo Nogueira (2001) são criadas pela sociedade, ou seja, é por meio de
normas sociais reguladoras, que se determina quem pertence a qual fase, e o que é socialmente
aceitável para cada uma delas. Desta forma, é na idade adulta que se deve trabalhar, portanto,
produzir. As fases anteriores são para se preparar para isso, seja estudando ou até mesmo, de
forma paralela, trabalhando. Já na última fase, a velhice, conta com uma produção em menor
escala, ou com encerramento desta. Portanto, o que é esperado socialmente de quem está nessa
fase é o afastamento do seu papel social de adulto e ajustamento às suas perdas físicas e sociais
deste período.
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Na Antigüidade, a expectativa de vida girava em torno dos 25 anos. O mesmo ocorria na
Idade Média, que em função das guerras e das doenças, a expectativa média de vida era de 40
anos. Assim, a terceira idade, fase do desenvolvimento humano iniciada aos 60 anos de idade, só
surgiu no século XX, com o aumento da expectativa de vida. (BENNATON 2007)
O processo de envelhecimento se caracteriza principalmente por fatores biológicos, tais
como: marcas físicas, rugas no rosto, ou mau funcionamento em alguns órgãos, como perda da
acuidade visual ou auditiva. Com o passar do tempo, esses são os fatores que mais marcam o
processo, principalmente, porque é por eles, que se percebe visualmente o envelhecimento. Mas,
o envelhecimento também sofre influência de fatores sociais e psicológicos, fazendo dessa forma,
com que varie de indivíduo para indivíduo. (BENNATON 2007)
Segundo Veras (2003) há uma proporção maior de restrições de atividades habituais por
motivos de saúde em maiores de 60 anos comparada às outras faixas etárias. Lima (2001) diz que
existe ainda, uma maior morbidade e presença de patologias crônicas em idosos se comparado
com qualquer outra faixa etária. Isso mostra, em termos de indicadores de saúde, o que muda no
organismo conforme o passar dos anos.
DSENVOLVIMENTO
Os fatores sociais também influenciam o envelhecimento. Se a degeneração de órgãos e
sentidos acontece durante o envelhecimento, em função do determinante biológico, os fatores
sociais amenizam ou agravam esse processo. Por exemplo, quem tem condições econômicas terá
mais recursos para o tratamento ou prevenção de algumas patologias, inclusive dietas
nutricionais e apoio psicológico. Um idoso com recursos financeiros poderá aproveitar a sua
aposentadoria de forma a valorizar o lazer e o bem estar. Já um idoso sem muitos recursos
financeiros, provavelmente continuará a trabalhar e sua aposentadoria não representará um
abandono do papel ocupacional, e sim o aumento da renda familiar.
Segundo Pease e Pease (2003), as mulheres após a aposentadoria continuam a desempenhar
papéis sociais como o de mãe, esposa e dona de casa, além de procurar mais tarefas para
substituir o tempo que consideram ociosos, como freqüentar grupos de terceira idade, aulas de
artesanato ou ainda recomeçarem uma nova atividade financeira. Já para os homens, como
apontam os autores, a parada no trabalho reflete a perda de sua única identidade, a de provedor, e
a perda de seu status e rotina pode levá-lo a depressão.
No campo social um autor que pesquisou sobre as implicações da velhice foi DEBERT
(1999), comentando sobre o crescimento demográfico da população idosa que desencadeia
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problemas para a economia e gera políticas voltadas para aposentadoria. A velhice deve ser,
dessa forma, analisada do ponto de vista psicossocial.
A análise psicológica da velhice corresponde a aspectos subjetivos do envelhecimento
ligado ao modo com que o idoso lida com as suas perdas biológicas e cognitivas. Conforme
pontuou GATTO (2002):
(...) perdas e crises estão sempre presentes, embora vivenciadas e superadas de maneira
diferente por cada idoso.(...) o surgimento de doenças crônicas deteriorando a saúde, a
viuvez, morte de parentes e amigos próximos, ausência de papeis sociais valorizados,
solamento crescente, dificuldades financeiras decorrentes da aposentadoria, afetam de
tal forma nossa auto-estima, culminando na maioria das vezes, com uma crise. (GATTO,
2002, p.109)
Em 1981, Moscovicci criou a Teoria das Representações Sociais. Muitos foram os
seguidores desta teoria como Jodelet (1989) e Abric (1994). Um dos primeiros autores que
investigou a percepção do homem comum sobre saúde e doença foi Herzlich (1969). Mais tarde
encontram-se estudos em relação ao significado da saúde na velhice (Elsen, Santos & Gonçalves,
1988/1989; Gonçalves, Santos & Silva, 1992, ambas em Florianópolis); sobre a representação de
saúde do idoso (Teixeira et al, 2002; Freire Júnior, 2005); e sobre a representação do
adoecimento nessa fase da vida (Garcia et al, 2005).
Nessa abordagem as representações sociais são consideradas como expressões do discurso
do indivíduo, a partir da historicidade das suas experiências, sendo que as ideias são produzidas a
partir destas experiências e refletem a vida real, as ações e relações. (PEREIRA, 2005)
O assunto representação de saúde e doença dos idosos suscita o interesse em pesquisas pelo
caráter extremamente ameaçador que a saúde e a doença têm para o indivíduo, ou pela atualidade
que a temática apresenta não só para os que constroem teorias científicas, mas também para as
pessoas leigas (SÁ citado por TEIXEIRA, 2002).
Segundo Minayo (1999) uma representação como a de saúde/doença manifesta de forma
específica as concepções de uma sociedade como um todo. Através da experiência desse
fenômeno as pessoas falam de si, de seu mundo, do que as rodeiam, de suas condições de vida,
do que as oprime, ameaça e amedronta.
A velhice é uma construção social, assim como a infância. A representação social da
velhice é resultado dos significados atribuídos e construídos a partir da vivência de cada um, da
cultura, do que é passado pela família e pela sociedade. Dessa maneira, várias nomenclaturas são
usadas para definir o idoso e a velhice como adulto maduro, maturidade, maior idade, melhor
idade, terceira idade entre outra.
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Portanto, foi escolhida para realizar o trabalho de estágio supervisionado básico em
Psicologia Social com o objetivo geral de compreender a representações sociais da saúde/doença
na velhice á Universidade Aberta á Terceira Idade (UATI) que é um projeto onde visa inserir
pessoas da terceira idade no processo do exercício da dignidade e cidadania, como também,
adquirir e aprimorar seus conhecimentos, a partir de termos que possam ser
tratados com o caráter voltado para suas efetivas necessidades e demandas.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DEBERT, G.G. (1996). As representações sociais (estereótipos) do papel do idoso na
sociedade atual. Em Ministério da Previdência e Assistência Social (Org.), Anais do I Seminário
Internacional. Envelhecimento populacional: uma agenda para final de século. Brasília, DF.
FREITAS, E. V. Envelhecimento da população brasileira: uma contribuição
demográfica. In: FREITAS, E. V et al. Tratado de geriatria e gerontologia. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2002.
GATTO IB. Aspectos psicológicos do envelhecimento. In: Papaleo Netto M, organizador.
Gerontologia: a velhice e o envelhecimento em visão globalizada. São Paulo (SP): Atheneu;
2005.
MINAYO, M. C. S. Fase de trabalho de campo. In: O desafio do conhecimento: pesquisa
qualitativa em saúde. 6. ed. São Paulo: Hucitec; Rio de Janeiro: Abrasco, 1999.
OZELLA, S; SANCHEZ, S.G. Breve histórico do desenvolvimento da pesquisa na
perspectiva sócio-histórica na PUC-SP. In: BOCK, A. M. B.; FURTADO, O; GONÇALVES, M.
G. M. (Orgs.) Psicologia Sócio-histórica: uma perspectiva crítica em psicologia. São Paulo:
Cortez, 2001.
PEREIRA, M. G. Saúde e doença. In: PEREIRA, M. G. Epidemiologia: teoria e prática.
8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.
TEIXEIRA. Representações sociais sobre a saúde na velhice: um diagnóstico
psicossocial na rede básica de saúde. Estudos de Psicologia, Natal, v. 7, n. 2, jul/dez. 2002.
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