Domingo 29 – sermão: A diferença entre a ceia

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Pr. Abram de Graaf
Domingo 29 CdH
P. 78. Pão e vinho, então, se transformam no próprio corpo e sangue de Cristo?
R. Não. Nesse ponto, há igualdade entre o batismo e a ceia. A água do batismo não se transforma no sangue de
Cristo nem tira os pecados. Ela é somente m sinal divino e uma garantia disso. Igualmente o pão da santa ceia
não se transforma no próprio corpo de Cristo, mesmo que seja chamado “corpo de Cristo”, conforme a
natureza e o uso dos sacramentos.
P.79. Por que, então, Cristo chama o pão “seu corpo” e o cálice “seu sangue” ou “a nova aliança em seu sangue”,
e por que Paulo fala sobre “a comunhão do corpo e do sangue de Cristo”?
R. É por motivo muito sério que Cristo fala assim. Ele nos quer ensinar que seu corpo crucificado e seu sangue
derramado são verdadeiro alimento e bebida de nossa alma para a vida eterna, assim como pão e vinho
mantêm a vida temporária. E, ainda assim, ele nos quer assegurar por esses sinais e garantias visíveis,
primeiro: que participantes de seu corpo e seu sangue pela obra do Espírito Santo, tão realmente como
recebemos com nossa própria boca esses santos sinais em memória dele; e segundo: que todo o seu sofrimento
e obediência são nossos, tão certos como se nós mesmos tivéssemos sofrido e pago por nossos pecados.
L. Domingo 29
T. Lucas 22,19
Queridos irmãos em Jesus Cristo,
Um dos primeiros reformadores foi Guilherme Farel. Um homem com uma barba
vermelha, que pregava principalmente na Suíça e em Genebra, antes de João Calvino.
Eles o chamaram “O Elias dos Alpes”. Ele andava pelas montanhas e pregava em cada
cidade. Ele falava com as pessoas e discutia com os padres. Às vezes recebia uma
pancada e uma vez ele quase foi assassinado. Mas ele continuou: em todo canto ele
pregava o evangelho sobre Jesus Cristo. Só o sacrifício de Jesus Cristo nos salva.
Uma vez ele passou pela cidade Vallangin. Foi num domingo. Os membros da
congregação Católica se reuniram na igreja. Os bancos estavam cheios com os membros
que ouviram as palavras latinas do padre; outras rezavam com o rosário na mão.
A porta que estava atrás se abriu. Um homem entrou. Calmamente ele andou ao lado
direito da igreja e ficou lá, olhando. O Padre continuou com o seu trabalho. Ele estava
atrás do altar celebrando a missa. “Santo, santo, santo”, ele cantou. “Dominus Deus
Sabaaoth”. E três vezes tocou a campainha. Todos os crentes ajoelharam-se. O padre
pegou um pedacinho de pão nas mãos, o levantou e disse: “Hoc est corpus meum”. E
depois disso ele fez uma reverência, pois conforme a doutrina da igreja de Roma o pão
foi transformado no corpo de Cristo. De novo tocou a campainha. Agora todos os
crentes baixaram a cabeça e bateram numa cruz adorando a hóstia. Deus estava no meio
deles.
Naquele momento o estrangeiro com a barba vermelha andou para frente e disse com
alta voz: “Esta hóstia, que vocês estão adorando, não é Deus, mas um pedacinho de pão,
feito de trigo e água”. Todos se esfriaram, levantaram a cabeça e olharam ao
estrangeiro. Todos ficaram calados. Mas de repente um dos membros se levantou,
correu para o altar, pegou a hóstia do padre e gritou: Pois é. O estrangeiro tem razão!
Isso não é Deus! Deus está no céu! Ele não se transforma em pão. Isso é uma idolatria.
O padre ficou assustado, olhou primeiramente para o membro e depois para o
estrangeiro e gritou: Quem és tu, diabo! Quem te mandou? O estrangeiro reagiu logo e
disse calmamente: “Não sou o diabo. Sou um mensageiro de Deus! O Senhor Jesus me
enviou! Não estou aqui para assustar vocês, mas para proclamar o evangelho”. Agora os
membros reconheceram o homem com a barba vermelha. É o mestre Farel! O profeta da
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Pr. Abram de Graaf
Suíça. O Elias dos Alpes! Pegue ele! Não, fique calmo! Vamos ouvir o que ele vai
dizer! Disse outro membro da igreja.
O padre queria que os membros jogassem o homem fora da igreja, mas em vão. Os
membros não fizeram isso. Eles queriam ouvir o que Farel ia dizer. Então Farel pregou:
sobre o único sacrifício de Jesus Cristo, sobre Jesus Cristo que está no céu e não no pão;
sobre a idolatria com a hóstia, e sobre a idolatria com as relíquias. Ele explicou que
Jesus Cristo é o único salvador e mediador; nenhuma outra criatura pode nos salvar:
nem a virgem Maria, nem os santos.
E finalmente ele disse: até quando coxeareis entre dois pensamentos? Se o Senhor é
Deus, segui-o, e se Baal, segui-o. As pessoas ouviram as suas palavras e concordaram.
A igreja católica em Vallangin se tornou uma igreja reformada. A missa não foi mais
celebrada, mas a santa ceia conforme a Palavra de Jesus Cristo.
Isso aconteceu muitos anos atrás, irmãos, num outro país e numa outra época, mas o que
aconteceu lá, ainda vale para nós hoje. Pois a nossa igreja aqui é também uma igreja
reformada. Temos a mesma fé. O nosso Catecismo nos ensina também sobre a Santa
ceia, que o Senhor Jesus Cristo instituiu e a missa do papa.
Lutero, Calvino e todos os outros reformadores queriam REFORMAR a missa,
conforme a Palavra de Deus. Eles falaram muito sobre isso. Prestaram muita atenção
neste assunto e nós ainda podemos ver isso, se olharmos o Catecismo. Pois o Catecismo
dá muita atenção a Santa Ceia. Isso foi necessário. Os membros deviam saber como a
Santa Ceia devia ser celebrada corretamente conforme a Palavra de Deus. Os pastores
deviam falar sobre a Santa Ceia durante três domingos. No primeiro Domingo eles
deviam explicar como a PALAVRA DE DEUS fala sobre a Santa Ceia. No segundo
Domingo eles deviam explicar a diferença entre a Ceia do Senhor e a missa do papa; e
no terceiro Domingo eles deviam falar sobre os participantes da Santa Ceia.
Então, irmãos, vou pregar três vezes sobre a Santa Ceia. Isso já mostra como é
importante para nós saber como devemos celebrar a Santa Ceia corretamente. Isso
também mostra como é difícil para entender corretamente a Palavra de Deus sobre a
verdadeira Santa Ceia. Domingo 29 dá uma prova disso. Pois este domingo toca uma
questão, que muitas pessoas não logo entendem. Prestem atenção na primeira pergunta,
por favor. Lá está escrito: “Pão e vinho, então, se transformam no próprio corpo e
sangue de Cristo?”. Que pergunta esquisita, irmãos! Porque o Catecismo pergunta isso?
O catecismo tem um motivo para fazer isso? Pensem na celebração da Santa Ceia?
Alguma coisa se TRANSFORMA durante a celebração? O Pão na mesa SE
TRANSFORMA? O vinho na garrafa SE TRANSFORMA? Não? Então, irmãos!!!
Porque o Catecismo coloca esta pergunta esquisita neste livrinho?
Bom, irmãos, o catecismo tem um motivo para fazer isso. O catecismo colocou esta
pergunta esquisita neste livro, porque há pessoas, que defendem a idéia que o pão e o
vinho se transformam no próprio corpo e sangue de Cristo. Talvez esta pergunta
pareça estúpida à primeira vista, mas esta pergunta não é. E especialmente na época da
reforma a resposta certa foi importante. Quando uma pessoa, como nós, disse que o pão
e o vinho não se transformaram no próprio corpo e sangue de Cristo, a igreja católica o
disciplinou, expulsou-o da igreja, e ainda vivo, ele foi queimado no meio da cidade.
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Esta pergunta é uma lembrança ao conflito profundo entre a Igreja Católica e as Igrejas
Reformadas a respeito da Santa Ceia, e especialmente em respeito da doutrina do papa
sobre a TRANSUBSTÂNCIA. Isso quer dizer: a idéia do papa que durante a celebração
da missa o pão e o vinho serão TRANSFORMADOS NUMA OUTRA SUBSTÂNCIA,
quer dizer: o próprio corpo e sangue de Jesus Cristo. Talvez esta idéia pareça estranha,
mas até agora a igreja católica defende esta idéia. Quarenta anos atrás o Papa Paulo
Sexto repetiu publicamente que o pão e o vinho SE TRANSFORMAM no próprio corpo
e sangue de Jesus Cristo. Nada mudou neste ponto. E por causa disso esta pergunta no
nosso catecismo é ainda atual.
“Pão e vinho, então, SE TRANSFORMAM no próprio corpo e sangue de Cristo?”. Esta
pergunta está no nosso meio; Esta pergunta divide pessoas que poderiam ser irmãos em
Cristo; esta pergunta divide famílias. “Pão e vinho, então, SE TRANSFORMAM no
próprio corpo e sangue de Cristo?”. A igreja Católica diz: SIM! “Pão e vinho SE
TRANSFORMAM no próprio corpo e sangue de Cristo!”. As igrejas reformadas dizem:
NÃO! “Pão e vinho NÃO SE TRANSFORMAM no próprio corpo e sangue de Cristo!”.
Pode ser, que uma pessoa pense: que problema esquisito! Devemos discutir sobre isso?
Se o pão se transforma, sim ou não? Que probleminha é esse? Mas não é assim irmãos,
esta diferença tem grandes conseqüências. Isso fica claro se comparar a celebração da
Santa Ceia nas nossas igrejas com a celebração da missa na igreja Católica. Quem
comparar as duas, descobrirá grandes diferenças. Vou dar alguns exemplos.
1) O interior da igreja é diferente.
Quem entra numa igreja católica, pode ver que o interior é muito diferente do interior
das igrejas reformadas. Na igreja Católica toda atenção vai para O ALTAR que está no
centro da igreja e também no centro do culto. Neste altar o padre repete cada vez de
novo o sacrifício de Jesus Cristo. O padre oferece o sacrifício de Cristo a Deus.
Posso me imaginar que há pessoas que acham isso estranho: o único sacrifício de Cristo
pode ser repetido? Conforme a bíblia não, mas conforme a idéia da Igreja Católica Jesus
Cristo está presente no pão e no vinho. Durante a missa o pão e o vinho SE
TRANSFORMAM no próprio corpo e sangue de Jesus Cristo.
Esta transformação acontece, quando o padre quebra o pão e fala as palavras santas
“HOC EST CORPUS, PILATUS PASSUM EST”. Isso é o corpo, que sofreu sob
Pilatos. No momento que o padre fala, a campainha toca, e naquele momento a
transformação acontece, conforme a idéia do papa. E por causa disso as pessoas dentro
da igreja devem se ajoelhar, pois Cristo está presente (!) no pão e no vinho. E também o
padre faz uma reverência e adora o pão.
O pão é Jesus Cristo, conforme o padre e por causa disso eles guardam o pão depois do
culto num lugar seguro, num copo especial, para que os ratinhos não possam comer.
Pois é o corpo de Cristo, e eles levam o pão na procissão, pois Cristo está presente. E
quem não acredita nisso, ele ou ela está perdido. Assim falou o Concilio de Trente no
ano 1563. Esse concílio condenou todos os membros das igrejas reformadas que não
acreditaram que o pão e o vinho se transformaram no próprio corpo e sangue de Jesus
Cristo.
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As pessoas devem se lembrar disso. Pois há pessoas que acham as palavras finais da
resposta 80 dura demais: Lá está escrito: A missa, então, no fundo, não é outra coisa
senão a negação do único sacrifício e sofrimento de Cristo e uma idolatria abominável.
No original está escrito: uma idolatria condenada.
A Igreja Católica acha a Igreja Reformada uma igreja falsa, e as Igrejas Reformadas
acham que a Igreja Católica é uma Igreja falsa. A Igreja Católica condena todos que não
crêem na transubstanciação, e as igrejas reformadas condenam a missa do papa. As duas
igrejas concordam neste ponto: Há uma só verdade; Um delas fala a verdade: ou a Igreja
Católica, que diz, que o pão se transforma no corpo de Cristo; ou as Igrejas Reformadas,
que dizem que o pão NÃO se transforma no corpo de Cristo. Só uma delas fala a
verdade; só um delas transmite o evangelho; e quem vos anunciar outro evangelho além
do que já recebestes, seja anátema, disse Paulo (Gal. 1,9).
Então, irmãos, como vamos descobrir quem fala a verdade? Pois é, devemos ler a
verdade. A verdade que Cristo nos deu. Devemos pegar a bíblia e ler sobre a verdadeira
Santa Ceia. Pois, se a Palavra de Deus mostrar claramente que o pão se transforma no
corpo de Cristo, isso será o evangelho; e quem nega isso é de verdade condenado.
2) Isto é o meu corpo.
A Igreja Católica usa Lucas 22,19 para defender a doutrina da transubstanciação. Lá
está escrito: “E tomando o pão, Jesus disse: Isto é o meu corpo, que por vós é dado”.
Conforme a Igreja Católica essas palavras devem ser lidas literalmente. Jesus Cristo está
lá na mesa, com o pão em suas mãos e disse: ESTE PÃO É O MEU CORPO. Esta
vendo, diz a igreja católica, Cristo mesmo disse isso: Isto é o meu corpo. O pão é o
corpo de Cristo.
Mas irmãos, podemos ler estas palavras dessa maneira? Devemos ler estas palavras
literalmente? O catecismo fala sobre isso em resposta 79. Esta resposta é um pouco
complicada, mas de fato ela diz que nós não devemos ler literalmente. É uma metáfora
que Jesus está usando. Nós fazemos isto também. Por exemplo: Aconteceu um
acedente. E você quer explicar o que aconteceu. Você pega uma bíblia e diz: olha isso é
o caminhão; e você pega uma caneta e diz: e isto é o meu carro. Todo mundo entende
que esta caneta não é o seu carro. Ninguém vai dizer: deve entender isso literalmente.
Claro que não! É uma metáfora.
Cristo usou mais vezes metáforas para explicar as coisas aos seus alunos. Cristo disse:
Eu sou a porta (João 10,9)... Isso quer dizer que Jesus se transforma numa porta? Não!
Jesus disse: eu sou a videira... Isso quer dizer que Jesus se transformou numa videira?
Não! Jesus usou uma metáfora para dizer: Olha eu sou assim: eu sou uma porta por
você. Por mim você pode ir para o Pai; Ou eu sou assim, como uma videira: eu te dou a
vida e deixo a sua vida frutífera.
Da mesma maneira devemos explicar as palavras de Jesus, “Isto é o meu corpo, que por
vós é dado”. Isso é claramente uma metáfora. Pois Cristo está sentado. Os apóstolos
podem ver o seu corpo. E este corpo não se transforma, mas fica visível. Com as suas
mãos Jesus pega o pão e disse: Isto é o meu corpo, que por vós é dado. Cristo quer nos
ensinar alguma coisa. Cristo quer explicar que o corpo dele será dado por nós para ser
crucificado. Para salvar a nossa vida. Para explicar isso, ele pegou o pão, partiu-o e deulho, dizendo: “Isto é o meu corpo, que por vós é dado”.
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Pr. Abram de Graaf
Nunca podemos esquecer que devemos celebrar a Santa Ceia EM MEMÓRIA DE
CRISTO. Não é sem motivo que Cristo disse: “fazei isto em memória de mim”. Ele
disse isso, porque esta ceia foi uma despedida. Foi a primeira ceia dos discípulos, mas a
última ceia do Senhor. Depois disso ele foi crucificado, ressuscitado e ele subiu ao céu
até que ele virá para julgar os vivos e os mortos. Nós vivemos nesta época da memória.
O pão e o vinho são meios que nos ajudam neste ponto. São símbolos, que nos ensinam
que Jesus Cristo está no céu.
Cristo está no céu. Ele subiu com o seu corpo. E ele vai voltar com o seu corpo no
último dia. Naquele dia a igreja de Cristo verá Jesus. Agora não! Também não na
aparência de pão e vinho, pois Cristo está no céu. Não podemos ver Cristo. Ele está no
céu. Vamos ver Cristo no fim, no último dia. Naquele momento o CRER se
transformará em VER; e A CEIA DO SENHOR se transformará NAS BODAS DO
CORDEIRO. Uma festa para a honra e glória de Deus, que nos chamou para a luz
celestial e que nos selou a sua promessa com o batismo e a Santa Ceia.
Cântico: Ó Cristo, pão da vida.
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