Dr. Alberto arais pydd Ortopedia e traumatologia Clínica e cirurgia da coluna vertebral Crm 21236 Escoliose A escoliose é uma alteração da coluna que surge por diversas origens e em qualquer idade. Pode aparecer ao nascimento(congênita), durante o desenvolvimento e no processo de envelhecimento(degenerativa). Acomete principalmente o sexo feminino, com forte característica hereditária, representando fonte de preocupação para familiares e o médico, podendo causar grande prejuízo funcional e estético. O teste de adams ou de inclinação é uma maneira simples de realizar o diagnóstico, onde ocorre a formação de uma gibosidade na presença da doença. As escolioses geralmente são tratadas de maneira conservadora com avaliações médicas e exames de imagens periódicos, uso de coletes(necessitam indicação e avaliação de especialista, pois também possuem contra indicações), exercício físico assistido, rpg, fisioterapia e outras técnicas. Uma pequena parte dos pacientes evolui com necessidade de cirurgia corretiva. A cirúrgia da escoliose, diferentemente de há alguns anos, já pode ser realizada com bons graus de correção, maior segurança, menor tempo de hospitalização e retorno precoce à vida independente. Tudo isto devido aos cuidados pré operatórios, avanço nos instrumentais cirúrgicos, monitorização eletrofisiológica trans operatória, equipes preparadas para o procedimento e bons hospitais. Entendendo a escoliose. Escoliose é um desvio tridimensional da coluna, sendo que seu formato lembra o de uma escada em espiral. A gibosidade é formada pela proeminência dos arcos costais no movimento rotacional da escoliose. A escoliose não está relacionada a alterações posturais e por exemplo o uso de mochilas pesadas na escola. Dentro das alterações esperadas na escoliose estão a diferença na altura dos ombros, assimetrias de seios, gibosidade ou corcunda dorsal ou lombar. A linha da cintura é mais aberta na concavidade da escoliose(triângulo de talhe). Um quadril pode ser mais alto que o outro e pode haver diferença de comprimento de membros inferiores. “a dor geralmente não está presente na escoliose e a sua presença merece atenção e pesquisa de outras fontes de dor”. Cerca de 80% das escolioses são de causa desconhecida ou “idiopáticas”. Algumas escolioses apresentam deformidades na formação das vértebras ou sua segmentação e são ditas “ congênitas”, sendo que existem aínda vários outros tipos de escoliose, ligados a doenças neuromusculares e pós traumáticas por exemplo. Entendendo a escoliose idiopática (80%). A escoliose idiopática pode aparecer logo nos primeiros anos de vida mas geralmente é vizualizada no início da puberdade, por volta dos 10 anos de idade e atinge seu período máximo de deformação entre os 10 e 14 anos, que coincide com o estirão de crescimento. Na menina, a escoliose evolui normalmente até 2 anos após a menarca(primeira menstruação), sendo este um parâmetro importante a ser observado. Meninos e meninas podem ter escoliose, porém, quando em meninas o potencial de maior gravidade das curvas é sempre levado em consideração no tratamento. No menino, a mudança no timbre de voz e o aparecimento de pêlos pubianos são o sinal para cuidados maiores.. Sabemos e temos vários métodos para indicarmos aos pais se a curva escoliótica tem maior ou menor grau de correção, assim como a hora certa de usar ou não um colete, sempre sabendo que coletes não melhoram escoliose e sim tem como objetivo a tentativa de bloquear a evolução de uma curva progressiva. Pensando em cirurgia... Já sabemos que algumas curvas progridem mais que outras, mesmo com os tratamentos indicados e o uso de colete. Curvas maiores do que 40-50 graus tendem a progredir mesmo após o final do crescimento e é após curvas alcançarem estas magnitudes que geralmente são indicados os tratamentos cirúrgicos. As principais indicações e objetivod de uma cirurgia são prevenir problemas cardiológicos, respiratórios e neurológicos, reduzir e bloquear a evolução de uma curva e melhorar a estética e qualidade de vida dos pacientes. Geralmente não reduzimos totalmente as curvas sendo reduções ao redor de 50% a 70% consideradas satisfatórias. São inseridos implantes metálicos com o objetivo de realinhar e reduzir a magnitude das curvaturas. Pode haver necessidade de correção da gibosidade atravéz de uma ressecção parcial de costela(s). Pré operatório Em nosso serviço reralizamos de rotina a consulta pré anestésica em consultório, sempre com a presença dos pais , sendo esta indispensável para a realização de uma cirurgia com maior segurança. Nesta consulta o paciente é informado sobre a anestesia e lhe são solicitados exames pré operatórios. É nesta consulta que o paciente fica sabendo o dia da internação, hora de chegada ao hospital e cuidados como jejum , uso de medicações de rotina, banho pré operatório, retirada de esmalte das unhas, evitar uso de perfumes ou cremes e maquiagem. Lentes de contato não devem ser utilizadas durante a internação, leve seus óculos. No bloco cirúrgico. O paciente é recebido pela equipe anestésica e cirúrgica, sendo caso a caso solicitado o acompanhamento de um familiar até o momento da anestesia.. É efetuada a anestesia e posicionamento do paciente. Neste momento entra em ação (se em uso) o médico neurofisiologista , que fará o acompanhamento e montagem do equipamento de monitorização neurofisiológica trans operatória, que para a maioria dos casos traz uma segurança extra na prevenção de lesões neurológicas trans operatórias. Após a realização da cirurgia om paciente é encaminhado a sala de recuperação ou cti póps operatória , dependendo da extensão da cirurgia e indicação do anestesista e cirurgião. Complicações cirúrgicas. Todo e qualquer procedimento cirúrgico, seja na coluna ou em outros orgãos não está isento de complicações. Uma boa preparação pré operatória, bom hospital, bom material cirúrgico e equipe multidisciplinar treinada são pré requisitos que levam a uma cirurgia com menores índices de complicações. A maioria das complicações tem resolução e é inerente ao tratamento. Nossos índices de complicações estão dentro de padrões considerados normais quando comparados com a literatura no assunto. Problemas neurológicos: giram em torno de 0,7%, sendo que a maioria das lesões são reverssíveis . Dentre as causas estão compressão de medula espinhal ou nervos por implantes metálicos, hematoma epidural, correção excessiva de deformidades. Hemorrágia: cerca de 3% das cirurgias podem ter sangramento excessivo e necessitar de transfusão sanguinea. . Problemas respiratórios: nas cirurgias via anterior pode haver dificuldade de expansãom pulmonar. Pneumonias podem também acintecer no pós op. Exercícios respiratórios são a melhor forma de prevenção já no primeiro pós op. Intestinos: vômitos e náuseas são comuns no pós op. Imediato e são manejados com medicações. Algunas pacientes tem maior dificuldade para recuperar o funcionamento normal dos intestinos após cirurgia. Controle de alimentos e ingesta de laxativos podem ser necessários . Infecção: quanto mais complexa e demorada a cirurgia maior é a perda sanguinea, tempo de anestesia e exposição do corpo , aumentando o risco de infecções. Isto torna a infecção uma das complicações mais comuns na cirurgia da coluna, variando de 1% a 5% dependendo da literatura estudada.. Idade avançada, desnutrição, obesidade, uso de corticóides, imunossupressão, diabetes ou infecções em outros locais do corpo pré existentes são fatores de risco. Problemas circulatórios: tromboflebites são raras mas podem acontecer e a mobilização precoce ajuda a prevenção, assim como medicações específicas. Problemas cardíacos são raros e geralmente detectados no exame pré anestésico. Pós operatório Ao sair do centro cirúrgico o paciente experimenta as sensações pós anestésicas e é natural que sinta alguma dor. Medicações no intúito de diminuir os desconfortos estão prescritos pela equipe médica e serão aplicados pela equipe de enfermagem. Edema nas mãos, face e membros inferiores podem demorar até 3 dias para desaparecer. O paciente permanecerá com acesso venoso até que não sejam mais medicações pela veia e estará sondado se for o caso, para minimizar desconforto. Antibióticos adequados são administrados por 48 horas ou mais se tornarse necessário e a sonda vesical geralmente é retirada com 48 h de pós operatório. Curativos cirúrgicos geralmente são trocados diariamente por seu médico ou equipe de enfermagem drenos também são retirados no segundo dia de pós operatório. O primeiro curativo geralmente é efetuado no segundo dia de pós operatório. A mobilização do paciente na cama geralmente é liberada conforme o conforto e a dor do mesmo e a saída da cama acontece após a retirada dos drenos ( 48 h). Fisioterapia é realizada motora e respiratória desde o primeiro dia de pós operatório. A alta hospitalar pode acontecer a partir do quinto dia de cirurgia, sendo cada caso avaliado individualmente pela equipe. Todos os pacientes são acompanhados por uma equipe multidisciplinar desde o pré operatório, durante a internação e na recuperação pós operatória, composta por cirurgião ortopédico, cirurgião ortopédico auxiliar, neurocirurgião, clinico geral, fisoterapeuta, equipe de enfermagem, e neurofisiologista. Outros profissionais podem ser chamados a dar sua colaboração se necessário. Dúvidas quanto a recuperação Banhos de chuveiro geralmente já podem ser tomados a partir do terceiro dia pós cirurgia. Não exponha a cicatriz ao sol durante os primeiros meses. Use protetor solar sobre ela. Cremes com vitamina e podem ser prescritos por dermatologistas. Sensações ruins ao redor da cicatriz geralmente desaparecem nos primeiros meses. Coma fontes de fibras e tome bastante água para auxiliar seu intestino a funcionar normalmente. Caminhadas são permitidas e incentivadas precocemente. 30 dias sem dirigir, escola ou trabalho são o mínimo exigido. Cada caso deve ser avaliado em separado. O ciclo menstrual pode ser alterado por stress pós operatório. Pontos são retirados em volta do 15 dias pos operatório. Rx de controle são efetuados para avaliação da consolidação da cirurgia e ausência de complicações tardias como pseudoartrose (não consolidação de enxerto) e quebra ou afrouxamento de material de síntese. Coletes são usados no pós operatório somente em casos específicos.