Propriedades Físicas dos Minerais Mineralogia Propriedades Físicas dos Minerais Marcelo Lopes Batista Página 1 Propriedades Físicas dos Minerais Mineralogia PROPRIEDADES FÍSICAS DOS MINERAIS Propriedades físicas são propriedades inerentes à matéria, portanto, todos os minerais as possuem em maior ou menor magnitude. A descrição das propriedades físicas dos minerais permite a classificação e identificação dos minerais. Algumas propriedades básicas, são diagnósticas na identificação do mineral. As mais importantes são: brilho, traço, dureza, clivagem e hábitos ou agregados cristalinos. Outras são: cor, densidade, fusibilidade, tenacidade, etc. Além disso, os tipos de ambientes geológicos, em que tipos de rocha, as associações mineralógicas e sob quais condições físico-químicas os diferentes minerais são formados e encontrados permitem uma identificação segura da espécie mineral. BRILHO BRILHO: é a descrição de como a luz é refletida na superfície de um mineral; é a relação entre a intensidade de luz incidente e a intensidade da luz refletida. Os dois tipos principais de brilho são metálicos e não metálico. Se a intensidade da luz refletida é aproximadamente igual á intensidade da luz incidente o brilho é metálico, por outro lado, se a intensidade da luz refletida é muito menor que a da luz incidente o brilho é não metálico, neste caso a maior parte da luz incidente é transmitida através do mineral. O brilho de um mineral é o aspecto de sua superfície, que pode ser a aparência de metal polido, ou de metal fosco ou embaçado por oxidação ou pode ter a aparência de vidro, ou ainda parecer terroso, etc. Não deve ser confundido o brilho com a cor: um cristal de pirita de cor amarelo metálico tem um brilho metálico, assim como a galena cinzenta brilhante, a turmalina tem um brilho vítreo, mas sua cor pode ser verde, azul, vermelha, e de uma grande variedade de tons. Os diferentes tipos de brilho são: Metálico: como um metal polido; Calcopirita Submetálico: com a aparência de um metal embaçado por intemperismo ou oxidação; Psilomelana Não metálico: como um vidro,não se parecendo com um metal, o brilho não metálico é dividido em vários sub-tipos: Adamantino: a intensidade da luz transmitida é pouco menor que a intensidade da luz incidente, ocorre em mineral com alto Índice de Refração. Brilho metálico em minerais transparentes Marcelo Lopes Batista Página 2 Propriedades Físicas dos Minerais Mineralogia Diamante Resinoso: com o âmbar, não muito vítreo; Ambar Vítreo: como vidro; minerais transparentes Quartzo Perláceo: iridescente como a madrepérola, visto na face de um mineral com clivagem perfeita Lepidolita Graxo: aparência de uma substância coberta de óleo; Nefelina e cancrinita (amarelo) Sedoso: aparência de seda, mineral com fibras finas e paralelas,como amianto " crisotila "; Marcelo Lopes Batista Página 3 Propriedades Físicas dos Minerais Mineralogia Crisotila Fosco: em superfícies claras que não é caracterizada como submetálica; Anglesita Terroso, aparência de terra ou barro. Bauxita Certos minerais com brilho adamantino ou resinoso, como a esfalerita e o cinábrio, respectivamente, também, podem ser classificados como brilho metálico ou submetálico. Teve-se ter cuidado na classificação do brilho que tem um mineral particular. A determinação do brilho é o primeiro passo na identificação de um mineral. Marcelo Lopes Batista Página 4 Propriedades Físicas dos Minerais Mineralogia DIFANEIDADE Difaneidade é a descrição de como a luz é transmitida através de um mineral. Os minerais podem ser opacos, translúcidos e transparentes. O mineral é opaco quando não se pode ver através do seu interior ( a luz incidente é refletida). O mineral é translúcido quando se pode ver dentro do mineral, mas não completamente através dele (a luz incidente é em parte refletida e em parte transmitida). Um mineral que é transparente pode-se ver através dele (a luz incidente é transmitida através do mineral). Os minerais opacos não transmitem a luz incidente, independente da sua espessura, já os minerais translúcidos ou transparentes podem se apresentar opacos em uma amostra em função da espessura, cor ou inclusões, entretanto, serão transparentes em lâminas delgadas. Os minerais opacos têm brilho metálico ou sub-metálico. Os minerais translúcidos e transparente têm brilho não metálico. Marcelo Lopes Batista Página 5 Propriedades Físicas dos Minerais Mineralogia COR Cor: a cor é o resultado da absorção seletiva de comprimentos de onda da luz pelo mineral. Minerais são coloridos porque certos comprimentos de onda da luz são absorvidos e outros refletidos. A cor é o resultado da combinação dos comprimentos de onda que podemos observar. Alguns minerais mostram cores diferentes ao longo dos diferentes eixos cristalográficos. Isto é conhecido como pleocroísmo. O mineral é alocromático quando ocorrem com uma variedade de cores. Há muitos minerais que têm cores diagnósticas; mas, também, há muitos que possuem uma variedade de cores, e a mesma cor pode ser vista em várias espécies diferentes. Um mineral “verde-malaquita” pode não ser malaquita, como um mineral metálico amarelometálico pode não ser pirita. Por isto sempre é uma boa idéia para tentar obter o traço (pó) de qualquer mineral colorido e comparar com descrições dos traços para os prováveis minerais. Também é sempre importante considerar o hábito do mineral junto com a cor. Um cristal prismático verde com uma seção transversal trigonal é mais provável ser uma elbaita do que uma malaquita. Um cristal maciço amarelo latão é mais provável ser uma calcopirita que uma pirita. Em geral, a cor nunca dever ser considerada como diagnóstico único. Enquanto a cor pode ser diagnóstico para uma espécie, para a maioria não o é. Para alguns minerais, a cor está diretamente relacionadas a um dos elementos principais e pode ser característica e servir como um meio de identificação. A malaquita sempre é verde (cobre), a azurita sempre é azul (cobre), e a rodonita sempre é vermelha ou rosa (manganês). A cor da maioria dos minerais metálicos é constante, como o amarelo-metálico da calcopirita e o vermelho-cobre da nicolita. Os minerais metálicos também podem alterar ou oxidar (embaçamento). A oxidação é muito intensa na bornita que é chamada de " minério pavão" por causa das manchas azulpúrpura que desenvolvem-se na superfície. Marcelo Lopes Batista Página 6 Propriedades Físicas dos Minerais Mineralogia JOGO DE CORES Jogo de cores: é quando o mineral visto de diferentes posições apresenta as cores espectrais em sua superfície. Características como opalescência, acatassolamento (chatoyancy), asterismo e labradorescência são peculiares a um número limitado de espécie, ou variedades de uma espécie. Opalescência: reflexões leitosas ou nacaradas, como a palavra sugere, se refere a um jogo de luz igual ao da opala. Acatassolamento (chatoyancy): é o jogo de luz devido a inclusões fibrosas ou micro cavidades paralelas a uma direção cristalográfica. A luz reflete ao longo de direções que podem ser retas ou curvas dando para o mineral um aparência sedosa. Se o mineral for lapidado em cabochão (superfície polida esférica ou elíptica) a luz transmitida refrata normalmente com direção das inclusões. Esta característica ocorre em minerais como o “olho de tigre” (crocidolita fibrosa substituída por quartzo) e “olho de gato” (crisoberilo). Asterismo: é um tipo de acatassolamento no qual as fibras ou inclusões são organizadas normais aos eixos cristalográficos, refletindo a luz em um padrão radial que produz um estrela. Ocorre, mais freqüentemente, em minerais do sistema hexagonal como rubis e safiras, e às vezes em flogopitas com inclusões de rutilo. Labradorescência (Schiller): o mineral apresenta uma mudança de cores, com as cores mudando vagarosamente com a posição, é observado em algumas labradoritas. Iridescência é a produção de um jogo de cores causada por interferência da luz em filmes finos de índice de refração diferente do mineral e densidades variadas (o brilho de óleo em água é um exemplo disto). A iridescência ocorre sobre a superfície do mineral. Minerais com brilho metálico, como bornita, calcopirita e hematita são exemplos bons de minerais que exibem iridescência. Em minerais com brilho não metálicos são as superfícies de fratura ou de clivagem que apresentam iridescência como no quartzo e no topázio. Embaçamentoé a perda do brilho metálico por oxidação ou intemperismo, ocorre em minerais metálico. Marcelo Lopes Batista Página 7 Propriedades Físicas dos Minerais Mineralogia TRAÇO Traço é a cor do pó do mineral. É obtido pulverizando o mineral sobre um pedaço de porcelana branca. A porcelana tem uma dureza entre 7 e 8, assim só pode-se obter o traço de minerais com dureza < 7. Muitos minerais têm uma cor diferente quando pulverizado do que quando em cristal ou em formas volumosas. Vários minerais têm o traço mais claro em cor do que o cristal inteiro ou em pedaços. O traço é útil na identificação de minerais com brilho metálico e sub-metálico (opacos). Os minerais de brilho não metálico (translúcidos ou transparentes), normalmente, têm traço branco. Alguns minerais possuem traços muito distintivos; a hematita, por exemplo, tem um traço marrom avermelhado, não importa que tipo de brilho ou cor que exiba. Na identificação dos minerais, sempre é utilizados o traço em combinação com a cor do mineral. Marcelo Lopes Batista Página 8 Propriedades Físicas dos Minerais Mineralogia DUREZA Dureza: a dureza de um mineral é sua resistência ao cisalhamento, é um termo mineralógico que denota o quanto resistente é um mineral quando é “arranhado”. Não deve ser confundido com a resistência ou tenacidade de um mineral (o diamante é o mineral conhecido de maior dureza, mas parte-se facilmente ao longo de superfícies de clivagem ). A dureza relativa é usada na identificação comparando a dureza do mineral com outros de dureza conhecida Friedrich Mohs, um mineralogista alemão, desenvolveu uma escala de dureza a mais de 100 anos atrás. O mineral mais duro conhecido, o diamante, foi classificado com o número 10. A Escala de Dureza Relativa de Mohs é usada na determinação de dureza relativa, e é comparada com alguns materiais comuns de dureza conhecida: ESCALA de DUREZA MINERAL ÍNDICE OBJETOS COMUNS 1 Talco 2 Gipssita 3 Calcita 4 Fluorita 5 Apatita 6 Ortoclásio 7 Quartzo 8 Topázio 9 Coríndon 10 Diamante unha moeda de cobre canivete porcelana A Dureza Relativa de um mineral é determinada arranhando a superfície do cristal (que não seja uma face de clivagem) com um mineral ou objeto de dureza conhecida, e vice-versa, arranhando o mineral ou objeto de dureza conhecida com o mineral testado. Sempre que possível, o teste deve ser feito de ambos os modos: tentando primeiro arranhar a amostra, depois, tentando arranhar o mineral ou objeto de dureza conhecida. Como alguns minerais podem deixar um traço no mineral ou objeto que é arranhado (ou o mineral ou objeto de dureza conhecido pode deixar um traço na amostra), deve-se limpar o “arranhão” (risco) verificando-se se realmente é um arranhão ou é um pouco de pó (traço) que pode ser limpado. Se uma amostra produz um traço de pó no mineral ou objeto que é arranhado, então, a amostra tem uma dureza menor, reciprocamente, se o mineral ou objeto de dureza conhecida deixa uma traço na amostra, implica que a amostra tem maior dureza. Marcelo Lopes Batista Página 9 Propriedades Físicas dos Minerais Mineralogia CLIVAGEM Clivagem é a habilidade de um mineral para quebrar ao longo de planos preferenciais. Se refere ao modo como alguns minerais quebram ao longo de certos planos de fraqueza relacionadas à estrutura interna do mineral. Os planos de fraqueza estão relacionados com a sua estrutura atômica. A clivagem depende da relação geométrica dos átomos constituintes do mineral, como, também, de suas cargas elétricas e tipo de ligação. As ligações atômicas podem ser mais fracas em algumas direções do que em outros, assim o mineral tenderá a quebrar, ou partir, naquela direção. Como os planos de clivagens estão relacionados com a estrutura interna do cristal, portanto, a clivagem é uma propriedade penetrativa, vai ocorrer até a cela unitária e sempre será paralela à uma face do cristal e é característica da espécie mineral. Os minerais podem ter clivagem em só uma direção, em duas direções, em três ou mais direções. Os ângulos de clivagem com os quais estes planos se interceptam podem ser distintivos. A muscovita é um bom exemplo de clivagem perfeita, parte-se em superfícies planas que se separam em folhas finas. A calcita é outro exemplo de clivagem perfeita, parte-se ao longo de três planos diferentes que constituem fragmentos maciços romboédricos. A galena quebra-se ao longo de três planos que formam ângulos retos entre si, produzindo cubos como fragmentos. A clivagem é descrita em termos de qualidade: perfeita, boa, pobre, imperfeita, distinta e indistinta. Os minerais que têm a clivagem perfeita, sempre partem-se em um plano determinado; minerais que têm uma clivagem boa, algumas vezes vão se partir segundo um plano particular, e outras não. A clivagem é descrita em termos da facilidade de se produzir uma superfície de clivagem: fácil ou difícil. E, também é descrita, pela direção cristalográfica expressa pelos índices de Miller ou nome da forma: pinacóidal {001}, prismática {110}, octaédrica {111}, etc. A muscovita tem uma clivagem perfeita em uma direção que é fácil de se produzir; a calcita tem clivagens perfeita em três direções que, também, são fáceis de se produzir; os feldspatos têm uma clivagem perfeita em uma direção que é fácil de se produzir e uma clivagem boa em outra direção que é difícil de se produzir e o diamante tem clivagens perfeita em quatro direções que são fáceis de se produzir. A esfalerita tem clivagens perfeitas em seis direções, algumas das quais são fáceis de se produzir e outras difíceis. Conseqüentemente, não se verá todas as seis clivagens na maioria das amostras do mineral. Marcelo Lopes Batista Página 10 Propriedades Físicas dos Minerais Mineralogia CLIVAGEM PINACÓIDAL Uma direção de clivagem, quando paralela à base do prisma é chamada de basal. Clivagem basal na muscovita Marcelo Lopes Batista Clivagem basal no topázio Página 11 Propriedades Físicas dos Minerais Mineralogia CLIVAGEM PRISMÁTICA 2 Direções – ângulos = 900 Clivagem prismática (ângulos = 900) em feldspatos 2 Direções - ângulos 900 Clivagem prismática (ângulos 900) em anfibólios Marcelo Lopes Batista Página 12 Propriedades Físicas dos Minerais Mineralogia CÚBICA 3 Direções - ângulos = 900 Clivagem cúbica (ângulos = 900) na galena Marcelo Lopes Batista Página 13 Propriedades Físicas dos Minerais Mineralogia ROMBOÉDRICA 3 Direções - ângulos 900 Clivagem romboédrica (ângulos 900) na calcita Marcelo Lopes Batista Página 14 Propriedades Físicas dos Minerais Mineralogia OCTAÉDRICA 4 Direções [ Clivagem octaédrica (4 direções) na fluorita Marcelo Lopes Batista Página 15 Propriedades Físicas dos Minerais Mineralogia As direções de clivagem estão referidas às formas cristalográficas e normalmente são representadas pelos Índices de Miller Na identificação de minerais é importante determinar se uma amostra tem ou não clivagem, muitos minerais não possuem clivagem e se quebram sem produzir superfícies planas. Como, também, se existem mais de um plano de clivagem, o ângulo que estes planos fazem entre si e a qualidade das clivagens presentes. Também, é importante determinar qual a forma cristalográfica representada pelas clivagens. Os ângulos entre os planos de clivagem, normalmente, são obtidos através de estimativa, Alguns são fáceis de determinação, como na galena com suas três clivagens perfeitas formando ângulos de 90 graus entre si (clivagem cúbica). Outros podem ser difíceis determinar e podem requerer medidas angulares. O goniômetro de contato é utilizado para a medida dos ângulos entre planos de clivagem. É um transferidor com um braço ajustável que é apoiado ao longo de uma superfície de clivagem enquanto a base do transferidor é posta na outra superfície. Em geral, clivagens a 90 graus indicam uma forma cúbica, clivagens a 120 e 60 graus na mesma amostra indicam uma forma romboédrica, e clivagens com ângulos agudo e obtusos indicam uma forma prismática como no Grupo dos Anfibólios. Ângulos quase reto ou ortogonais em minerais prismáticos podem indicar um mineral do Grupo dos piroxênios, enquanto ângulos mais abertos, aproximadamente 120 graus, podem indicar um mineral do Grupo dos Anfibólios. Uma única clivagem a 90 graus com uma face cristalina indica uma forma basal (pinacoidal) como nas micas Marcelo Lopes Batista Página 16 Propriedades Físicas dos Minerais Mineralogia PARTIÇÃO Partição: é a habilidade de um mineral para quebrar ao longo de planos predeterminados. Se refere ao modo como alguns minerais quebram ao longo superfícies relacionadas à planos de menor resistência estrutural resultados de tensões ou pressões diferenciais atuantes durante a formação do mineral. Os cristais geminados, principalmente, os geminados múltiplos, partem-se mais facilmente ao longo dos planos de composição. Como as superfícies de partição estão relacionados a diferentes resistências estruturais da amostra, a partição é uma propriedade não penetrativa, existindo um determinado número de planos de partição e é característica da amostra não da espécie mineral. Os três melhores exemplos de partição são: partição basal ou pinacóidal nos piroxênios, octaédrica na magnetita e romboédrica no coríndon. Marcelo Lopes Batista Página 17 Propriedades Físicas dos Minerais Mineralogia FRATURA Fratura: se refere a modo como o mineral se rompe, sem que seja uma superfície de clivagem ou de partição. É descrita em termos da forma: Conchoidal: superfícies lisas e curvas com linhas quase concêntricas. Quartzo Estilhaçada ou fibrosa: o mineral se rompe em estilhaços ou fibras. Pirolusita Serrilhada: superfícies dentadas com bordas cortantes. Cobre Irregular ou desigual: superfícies irregulares e rugosas. Marcelo Lopes Batista Página 18 Propriedades Físicas dos Minerais Mineralogia DENSIDADE Densidade é o "peso específico" de um mineral com relação à água. É definida como o número que expressa a relação entre o peso do mineral e o peso de um volume igual de água. Água tem peso específico igual a 1,0 g/cm3. A densidade é uma grandeza adimensional. A densidade depende de: 1) dos tipos de átomos formam o mineral 2) como os átomos empacotados A distinção entre os minerais que têm alta densidade dos que tem baixa densidade pode ser feita pela sensação de peso nas mãos. Os passos para determinar a densidade são: pese o mineral no ar (Wa) pese o mineral na água (Ww) use a equação seguinte: Wa / (Wa - Ww) o número resultante é a densidade Marcelo Lopes Batista Página 19 Propriedades Físicas dos Minerais Mineralogia TENACIDADE Tenacidade se refere à resistência de um mineral de ser quebrando, dobrando, ou deformado, é uma medida da sua coesão. Um mineral pode ser quebradiço, quando facilmente se quebra ou é pulverizado; maleável quando pode ser transformado em folhas ou lâminas por percussão (como cobre ou ouro); dúctil quando pode ser transformado em fios; séctil, quando pode ser facilmente cortado com uma faca em aparas; flexível (plástico) quando dobra sem quebrar e ficar curvado; ou elástico, quando o mineral é dobrando mas retomando sua forma original uma vez que a pressão cessa. Flexível - cristal curvado de estibinita A tenacidade é particularmente útil na distinção de alguns minerais metálicos. O ouro é maleável, e a pirita não é. O ouro, também é séctil, maleável e flexível. A galena é quebradiça, enquanto a platina é maleável e séctil. A plasticidade (flexibilidade) e elasticidade podem ser úteis na distinção de minerais que comumente ocorrem em agregados lamelares ou aciculares. Placas de clorita e finos cristais de crocoita podem ser dobrados, e permanecem dobrados. Placas de mica dobram e retornam à forma original terminado o esforço. Marcelo Lopes Batista Página 20 Propriedades Físicas dos Minerais Mineralogia MAGNETISMO Magnetismo é a propriedade das substâncias de orientarem suas moléculas ou seus dipolos segundo um campo magnético externo, são classificados como diamagnéticos (orientação contrária à direção do campo magnético), paramagnéticos (orientação no mesmo sentido do campo magnético) e ferromagnéticos (orientação no mesmo sentido do campo magnético natural terrestre). Existem 4 minerais que são ferromagnéticos: magnetita, pirrotita, ilmenita e franklinita. A magnetita e a pirrotita são atraídas por um imã em seu estado natural. Marcelo Lopes Batista Página 21 Propriedades Físicas dos Minerais Mineralogia FUSIBILIDADE Fusibilidade é uma medida quantidade calor necessária para fundir um mineral em um glóbulo, ou pelo menos fundir a extremidade de uma lasca e arredonda-la. Vários minerais são facilmente fusíveis na chama de uma vela ou isqueiro. Minerais com fusibilidade "1" ou "2", fundem facilmente na chama de uma vela ou isqueiro em um glóbulo ou suas extremidades arredondam. Marcelo Lopes Batista Página 22 Propriedades Físicas dos Minerais Mineralogia PIEZELETRICIDADE e PIRELETRICIDADE Piezeletricidade é a propriedade dos minerais polarizarem ou gerarem uma diferença de potencial (cargas elétricas) quando sofrem uma pressão normal a um dos eixos. Somente os minerais pertencentes a classes cristalinas que não possuem um centro de simetria é que apresentam a piezeltricidade, o mais importante dos minerais piezelétricos é o quartzo. Pireletricidade é o desenvolvimento de cargas elétricas (diferença de potencial) nas extremidades de um eixos do cristal quando expostos a um gradiente térmico. A pireletricidade é primária ou verdadeira para os minerais que pertencem a classes cristalinas com só um eixo polar (Grupo das turmalinas). Nos minerais com mais de um eixo polar e sem centro de simetria, a variação da temperatura causará uma expansão térmica e uma deformação diferencial que resultará na polarização (diferença de potencial), neste caso a pireletricidade é secundária. Marcelo Lopes Batista Página 23 Propriedades Físicas dos Minerais Mineralogia REAÇÃO COM ÁCIDOS Reações com ácidos: a reação com ácidos é uma propriedade que pode ser usada na identificação de minerais como carbonatos e zeolitas. O ácido clorídrico diluído reage com carbonato,s como a calcita, com efervescência (bolhas de gás carbônico). Minerais como a dolomita têm que ser pulverizados (aumento da superfície) para que ocorra uma reação observável. As zeolitas serão atacados por ácidos, especialmente as zeolitas que contêm pouca sílica. Estes minerais permanecem inalterados por 5-10 minutos e dissolverão ou será formado um gel de sílica quando os minerais permanecerem no ácido por um período maior que 24 horas. Marcelo Lopes Batista Página 24 Propriedades Físicas dos Minerais Mineralogia RADIOATIVIDADE Radioatividade propriedade não muito comum, é achado em alguns minerais e pode ser útil em na identificação, sendo possível a utilização de Contador Geiger. Muitos dos minerais radioativos mais comuns ocorrem em pegmatitos como também rochas sedimentares. Marcelo Lopes Batista Página 25 Propriedades Físicas dos Minerais Mineralogia LUMINESCÊNCIA Luminescência é a emissão de luz por um mineral por formas que não sejam por aquecimento ou a emissão de luz diferente da luz refletida. É a emissão de luz sem incandescência. Certas substâncias emitem luz a baixa temperatura, e ao serem expostas aos raios catódicos ou Raios x podem produzir uma radiação luminosa. Assim uma radiação não luminosa, como os Raios x, podem produzir radiação luminosa. A luminescência que só se manifesta quando a radiação é aplicada, é chamada de Fluorescência. Em uma lâmpada fluorescente, raios ultravioleta invisíveis bombardeiam um revestimento fluorescente para produzirem luz. A luminescência que permanece após a radiação ser removida é chamada de Fosforescência. A luz emitida por vaga-lumes e certos fungos é chamada de Bioluminescência. Fluorescência: é a luminosidade que algumas substâncias emitem ao absorverem energia. As substâncias fluorescentes encontram diversas aplicações. O vapor de mercúrio, por exemplo, é uma substância fluorescente usada em postes de iluminação em estradas e ruas. Telas fluorescentes compõe microscópios eletrônicos e tubos de imagem de televisores. Certos compostos indesejáveis são encontrados na água e no ar graças a sua fluorescência. A fluorescência é amplamente usada na biologia, química e na medicina. Formas diferentes de energia produzem fluorescência. A corrente elétrica gera fluorescência em letreiros de neônio. Ondas ultravioleta atuam em lâmpadas fluorescentes. Feixes de elétrons, colidindo com o material fluorescente no tubo de imagem da televisão, produzem imagem A energia absorvida pela substância excita os elétrons nos átomos e moléculas das substâncias. Os elétrons permanecem excitados por cerca de apenas 10-8 s liberam, então, o excesso de luz. A luminosidade emitida permanece um tempo correspondente à energia que excitou os elétrons. A luz fluorescente pode ter qualquer cor, de acordo com o elemento ou composto afetado pela energia. O vapor de sódio, por exemplo, emite uma luz amarela. O arranjo, as características e o número de elementos num composto determinam a cor que será produzida. A goma de amido usada em roupas produz uma fluorescência branco-azulada. A fluorescência foi descrita em 1833 pelo físico escocês Sir David Brewster. Sua denominação deve-se ao físico inglês Sir George G. Stokes. Fosforescência é a luz emitida por certas substâncias quando estas absorvem energia. Formas de energia como eletricidade, luz, radiações ultravioleta ou Raios x, levam uma substância a fosforescência, ao aumentar a energia de seus elétrons. A luz fosforescente difere da luz fluorescente por desaparecer de forma muito mais lenta, quando a fonte de energia é removida. A luz fosforescente pode durar uma fração de segundo ou alguns dias. O tempo de duração da luz depende da substância emissora de luz e da temperatura da substância e a forma de energia que ela absorve. Entre os minerais fosforescentes estão: o sulfeto de bário, de cálcio e de estrôncio. Pode-se constatar fosforescência em muitos compostos que contêm carbono, mas somente a temperaturas muito baixas, (-195,5 0 C). À temperatura ambiente, observa-se esse fenômeno dissolvendo os compostos em plásticos rígidos. Os médicos utilizam a fosforescência para diagnosticar varias enfermidades examinando a luz fosforescente emitida pelo tecido humano quando exposto a raios ultravioleta. Vários organismos causadores dessas moléstias, apresentam fosforescência em diferentes cores. Os cientistas usam também a fosforescência para localizar organismos nocivos em alimentos, vacinas e na água. Marcelo Lopes Batista Página 26