TEXTO DE BULA MEDICAMENTO SIMILAR FUNED Talidomida talidomida PROIBIDA PARA MULHERES GRÁVIDAS OU COM CHANCE DE APRESENTAÇÃO ENGRAVIDAR. FUNED Talidomida comprimido 100 mg - caixa com 30 comprimidos. TALIDOMIDA CAUSA O NASCIMENTO DE CRIANÇAS SEM BRAÇOS E SEM PERNAS. ESTE MEDICAMENTO É SÓ SEU. NÃO PASSE PARA NINGUÉM. ESTE MEDICAMENTO NÃO PROVOCA ABORTO. USO SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA. SUJEITO A RETENÇÃO DE RECEITA. PROIBIDA A VENDA NO COMÉRCIO. ESTE MEDICAMENTO NÃO EVITA FILHOS. [1] USO ORAL USO ADULTO COMPOSIÇÃO Cada comprimido de 100 mg contém: Talidomida .................................................................................................................. 100 mg Excipientes .............................................................................................. q.s.p. 1 comprimido (manitol, celulose microcristalina, estearato de magnésio, amido, povidona, amidoglicolato de sódio) INFORMAÇÕES AO PACIENTE 1. PARA QUE ESTE MEDICAMENTO É INDICADO? A talidomida é usada para tratar e prevenir o eritema nodoso hansênico (ENH). É utilizada no tratamento de aftas orais em pacientes que convivem com o vírus HIV que não respondem a outros medicamentos; no tratamento do lúpus eritematoso (doença que, também, afeta a pele); no tratamento da doença enxerto contra hospedeiro (uma complicação que pode ocorrer após um transplante de medula óssea ou de células tronco); e no tratamento do mieloma múltiplo (tipo de câncer) que não respondeu à quimioterapia. Caso você ainda não saiba por que está tomando este medicamento, pergunte ao seu médico antes de iniciar o tratamento[1,2,3,4]. O tempo para o início da ação irá variar conforme a indicação. 2. COMO ESTE MEDICAMENTO FUNCIONA? A talidomida apresentou ação anti-inflamatória e reguladora do sistema imunológico. Ainda não se conhece os detalhes de como o medicamento age no organismo[5]. 3. QUANDO NÃO DEVO USAR ESTE MEDICAMENTO? Evite realizar tarefas de risco, como dirigir um carro ou operar maquinário complexo ou perigoso, além do uso de bebidas alcoólicas e outros medicamentos que causam sonolência[6]. Não tome este medicamento se você já teve alguma reação alérgica à talidomida[6]. Não doe sangue e nem esperma se estiver usando este medicamento[6]. É proibido o uso de talidomida por mulheres grávidas ou com chance de engravidar[1]. A talidomida pode causar problemas congênitos sérios e fatais nos fetos[1]. ESTE MEDICAMENTO NÃO DEVE SER UTILIZADO POR MULHERES GRÁVIDAS OU QUE POSSAM FICAR GRÁVIDAS DURANTE O TRATAMENTO[1,7]. 4. O QUE DEVO SABER ANTES DE USAR ESTE MEDICAMENTO? Mulheres grávidas e em idade para engravidar: Não utilize a talidomida se você estiver grávida ou amamentando, mesmo que alternativas de tratamento não estejam funcionando. Se uma mulher grávida ingerir pequenas doses de talidomida, mesmo que seja apenas 1 comprimido, esta dose é capaz de produzir efeitos teratogênicos como más-formações físicas ou deficiências funcionais[1,8,9]. Você deve fazer um teste de gravidez 24 horas antes de começar o tratamento com talidomida. O teste deve ser realizado ainda uma vez por semana durante o primeiro mês do tratamento, e a cada 2 a 4 semanas após o primeiro mês. Além disso, você não deve ter contato sexual heterossexual a menos que você use dois métodos de controle de natalidade efetivos ao mesmo tempo por pelo menos 1 (um) mês antes de iniciar o tratamento com talidomida, durante o tratamento, e por pelo menos 1 mês após você parar de ingerir a talidomida[1,8]. ESTE MEDICAMENTO NÃO DEVE SER UTILIZADO POR MULHERES GRÁVIDAS OU QUE POSSAM FICAR GRÁVIDAS DURANTE O TRATAMENTO[1,7]. Homens sob tratamento com talidomida: Recomenda-se que homens que estejam sob tratamento com talidomida usem preservativos quando tiverem contato sexual com mulheres que possam ficar grávidas. Mesmo homens que tiverem sofrido vasectomia devem fazer uso de preservativo[10]. O uso do preservativo deve ser feito mesmo nas 4 semanas após você parar de tomar o medicamento[1]. Interações medicamentosas: Se você estiver tomando talidomida, comunique ao seu médico se você estiver em uso de qualquer uma dessas substâncias: • Medicamentos dos grupos ansiolíticos, hipnóticos, antipsicóticos, anti-histamínicos H1, derivados dos opiáceos, barbitúricos, antidepressivos tricíclicos e o álcool. A talidomida tem propriedades sedativas, motivo pelo qual poderá potenciar a sedação desses medicamentos[6]; • Agentes quimioterápicos neurotóxicos como cisplatina, etoposídeo, alcalóides da vinca ou taxanos[9]; Antirretrovirais conhecidamente associados a neuropatia periférica como estavudina[6] e didanosina[11]; Tuberculostáticos: isoniazida, etambutol e etionamida[6]; Outros medicamentos como: bortezomibe, cloranfenicol, dapsona, fenitoína, hidralazina, lítio, metronidazol; nitrofurantoína e óxido nitroso[6]. O uso destes medicamentos com talidomida pode aumentar o risco de neuropatia periférica (formigamento, ardência, dormência, ou dor nas mãos ou pés) ou pode piorá-la[6]. Interação com alimento: A administração concomitante da talidomida com alimentos pode aumentar o tempo necessário para atingir o pico de concentração plasmática[6]. Condições de saúde pré-existente: Algumas condições de saúde pré-existentes podem afetar o uso da talidomida. Conte ao seu médico se você tiver qualquer problema médico, especialmente: Contagens de células brancas (leucócitos) do sangue diminuídas[9]; Neuropatia periférica – A talidomida pode tornar estas condições piores[9]. Disfunção renal ou hepática[6] Histórico de eventos tromboembólicos[6] Informe ao seu médico ou cirurgião-dentista se você está fazendo uso de algum outro medicamento6]. Não use medicamento sem o conhecimento do seu médico. Pode ser perigoso para sua saúde[6]. 5. ONDE, COMO E POR QUANTO TEMPO POSSO GUARDAR ESTE MEDICAMENTO? Guarde este medicamento à temperatura ambiente (15ºC à 30ºC), longe do calor, da umidade e da luz direta. Não o guarde no banheiro, perto da pia da cozinha ou em outros lugares úmidos. Caso seu médico suspenda o tratamento com talidomida, ou, caso expire o prazo de validade inscrito na lateral do cartucho e do envelope, este medicamento deve ser devolvido no local que você o pegou[1,12]. Número de lote e datas de fabricação e validade: vide embalagem. Não use medicamento com o prazo de validade vencido. Guarde-o em sua embalagem original[7]. O comprimido de FUNED Talidomida é branco e de formato circular. Antes de usar, observe o aspecto do medicamento. Caso ele esteja no prazo de validade e você observe alguma mudança no aspecto, consulte o farmacêutico para saber se poderá utilizá-lo[7]. TODO MEDICAMENTO DEVE SER MANTIDO FORA DO ALCANCE DAS CRIANÇAS. 6. COMO DEVO USAR ESTE MEDICAMENTO? Recomenda-se que o medicamento seja administrado antes de deitar para minimizar o impacto do seu efeito sedativo[6,11] e com intervalo de, ao menos, 1 hora após a última refeição do dia. O comprimido deve ser ingerido com, no mínimo, um copo cheio de água. A dose prescrita pelo médico poderá ser diferente para diferentes pacientes, sendo indicada para: • Eritema nodoso hansênico (ENH) ou reação tipo 2 A talidomida é o medicamento de escolha na dose de 100 a 400 mg/dia, conforme a intensidade do quadro[13]. • Úlceras aftóides O tratamento padrão consiste em administração de 200 mg/dia por quatro semanas, podendo essa dose ser diminuída frente à ocorrência de sedação ou algum outro evento adverso. Caso não ocorra remissão completa das lesões no período de quatro semanas, o médico deverá ser consultado para prolongamento do tratamento e/ou reajuste de dose[14,15]. • Doença do enxerto contra hospedeiro Dose média de 10 mg/kg (do corpo)/dia por um período inicial de até 3 meses[3]. • Mieloma múltiplo O tratamento preconizado com talidomida para o mieloma múltiplo refratário é de 200mg/dia acrescentados de 200mg a cada 2 semanas com limite de 800mg/dia ou até o limite de tolerância do paciente em relação aos efeitos colaterais[3]. Siga a orientação de seu médico, respeitando sempre os horários, as doses e a duração do tratamento. Não interrompa o tratamento sem o conhecimento do seu médico[7]. 7. O QUE DEVO FAZER QUANDO EU ME ESQUECER DE USAR ESTE MEDICAMENTO? Se você esquecer uma dose deste medicamento tome-o o mais rápido possível. Entretanto, se estiver quase na hora da sua próxima dose, pule a dose esquecida e volte ao seu esquema de dose regular. Não dobre as doses. Em caso de dúvidas, procure orientação do farmacêutico ou de seu médico, ou cirurgião dentista[7]. 8. QUAIS OS MALES QUE ESTE MEDICAMENTO PODE ME CAUSAR? Juntamente com os efeitos necessários, um medicamento pode causar outros efeitos indesejáveis. Embora nem todos esses efeitos colaterais possam ocorrer, se eles ocorrerem, comunique ao seu médico e a Funed. A reação de maior gravidade da talidomida é a má formação fetal (teratogenicidade), incluindo defeitos cardíacos, renais, genitais e encurtamento de membros do feto (focomelia)[1,8,9,16,17]. Entre as reações adversas mais comuns, a possível lesão de um nervo periférico (neuropatia periférica) é provavelmente a mais limitante, e geralmente manifesta-se após doses cumulativas do medicamento[6,9,16-18]. Sonolência[11, 16-21], relaxamento da musculatura e supressão dos reflexos ocorrem com relativa frequência[17]. Hipersensibilidade cutânea pode ser percebida precocemente, a partir de dois dias de introdução e pode ser controlada com anti-histamínicos[16,17,21]. A prisão de ventre (constipação) é a reação adversa comum e usualmente resolve com reeducação de dieta e/ou emolientes[11,16-18]. Os efeitos sanguíneos (hematológicos) como número anormalmente baixo de neutrófilos (neutropenia) ou de plaquetas (plaquetopenia) podem estar mais associados ao vírus do HIV e revertem rapidamente com a interrupção temporária da droga[9,11,17,18,21,22]. Eventos tromboembólicos são descritos[6] principalmente quando a talidomida é usada em associação com dexametasona[17,18] ou poliquimioterapia[17-19]. As alterações na imunidade decorrentes do uso da talidomida podem aumentar a possibilidade de infecções graves[11]. Efeitos endócrinos que podem ocorrer são: leve decréscimo da secreção do hormônio folículo estimulante (FSH), hormônio luteinizante (LH), hormônio estimulante da tireóide (TSH), secreções da tireóide, e aumento na secreção de corticotropina e prolactina[11]. Esses efeitos são dose dependentes, podendo reverter completamente após redução da dosagem ou retirada da droga[17]. Informe ao seu médico, cirurgião-dentista ou farmacêutico o aparecimento de reações indesejáveis pelo uso do medicamento. Informe, também, à empresa através do seu serviço de atendimento[7]. 9. O QUE FAZER SE ALGUÉM USAR UMA QUANTIDADE MAIOR DO QUE A INDICADA DESTE MEDICAMENTO? Procure o serviço de emergência médica mais próximo de sua residência. Não tome qualquer atitude antes de procurar atendimento médico adequado. Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento, procure rapidamente socorro médico e leve a embalagem ou bula do medicamento, se possível. Ligue para 0800 722 6001, se você precisar de mais orientações[7]. INFORMAÇÕES TÉCNICAS AO PROFISSIONAL DE SAÚDE 1. INDICAÇÕES Eritema nodoso hansênico (ENH) ou reação tipo 2 A talidomida é o medicamento de escolha na dose de 100 a 400 mg/dia, conforme a intensidade do quadro. Manter a poliquimioterapia se o(a) doente ainda estiver em tratamento específico. A dosagem deve diminuir conforme resposta terapêutica[13]. Tratamento da úlcera aftosa associada à imunodeficiência Estudos demonstraram que a talidomida pode ser útil no tratamento das aftas mucocutâneas em pacientes que convivem com o vírus HIV[5,14,15,21] que não respondem ao tratamento com corticosteróides[14,15]. O tratamento padrão consiste em administração de 200 mg/dia por quatro semanas, podendo essa dose ser diminuída frente a ocorrência de sedação ou algum outro evento adverso. Caso não ocorra remissão completa das lesões no período de quatro semanas, o médico deverá ser consultado para prolongamento do tratamento e/ou reajuste de dose[14,15]. Tratamento da doença enxerto contra hospedeiro É indicada no tratamento da doença enxerto contra hospedeiro refratária à terapêutica padrão. O tratamento somente poderá continuar após 3 meses, se houver comprovação laboratorial da remissão da doença[3]. Tratamento do lúpus eritematoso É indicada para pacientes com diagnóstico de lúpus eritematoso, em qualquer de suas formas clínicas com manifestações cutâneas resistentes aos tratamentos convencionais[3]. Tratamento do mieloma múltiplo refratária à quimioterapia É indicada para pacientes com mieloma múltiplo refratário a quimioterapia convencional, sendo que o tratamento, somente, poderá continuar após 03 meses, se houver comprovação laboratorial da remissão da doença[3]. 2. RESULTADOS DE EFICÁCIA Eficácia da talidomida no tratamento do eritema nodoso Foi publicada em 2009 uma revisão sistemática pela The Cochrane Collaboration® que tinha como objetivo avaliar os efeitos das intervenções para o eritema nodoso hansênico. Para esta revisão foram selecionados apenas estudos randomizados controlados. Entre esses encontramos os estudos de Iyer et a[23]l. 1971 e Sheskin et al[24], 1969, que demonstram a eficácia da talidomida para o tratamento de eritema nodoso hansênico[23,25] (tabela 1). Tabela 1: Experimentos controlados, duplo-cego, para avaliar a resposta cutânea dos pacientes com eritema nodoso submetidos ao uso da talidomida Número de Número Resposta (%)* Referência pacientes total de lesões nos pacientes Talidomida Ácido Iyer et al. Bull World Health acetilsalicílico Organization 1971; v. 45 92 214 75 25 Talidomida Placebo Sheskin et al. Int. Journal of leprosy 1969; v. 37 52 173 66 10 *Iyer: resposta completa ou ausência de lesões; *Sheskin: remissão completa ou melhora acima de (>50 %) Van Veen NHJ (2009) divulgou o resultado de dois estudos transversais de Waters (1971), ambos randomizados e duplo-cego que totalizaram 10 pacientes hospitalizados em utilização de corticosteróides para o tratamento crônico do eritema nodoso. Os usuários foram tratados com 100 mg de talidomida ou placebo, 3 vezes ao dia. Todos utilizavam a dapsona. O objetivo inicial era a redução semanal das doses de corticóide[25] (tabela 2). Tabela 2: Experimento controlado, duplo-cego, para avaliar a redução da dose de corticosteróides em pacientes com eritema nodoso submetidos ao uso da talidomida Número de Duração do Frequência de resposta Referência pacientes tratamento (semanas) Talidomida Placebo 9 4 4/5 0/4 Waters 8 6 (transversal) 8/8 1/8 Lep Rev 1971; 42:26 A eficácia do tratamento em pacientes que utilizam a talidomida no tratamento a pode ser encontrado em alguns estudos. No Eficácia da talidomida no tratamento do mieloma múltiplo (MM) Foi publicado, no ano de 2004, um artigo[17] sobre a verificação dos efeitos terapêuticos da talidomida em pacientes com MM. Este estudo foi realizado no serviço de hematologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, sendo acompanhados 35 portadores de MM eu uso de doses baixas (100 mg de talidomida). Após acompanhar este grupo de pacientes por 33 meses, as principais observações foram: 01) pelas indicações de indução de remissão para recaída, refratariedade ou primeira linha, 65% dos pacientes apresentaram redução dos marcadores de atividade de doença em até 06 meses de uso; 02) naqueles cuja indicação foi o manter o plateau, 87,5% atingiram o objetivo; 03) verificou-se que a dose de 100 mg é perfeitamente efetiva com o tempo médio de 12 semanas para apresentar resposta satisfatória, repetindo os resultados das experiências publicadas Larkin (1999) e Palumbo (2001)[26]. Eficácia da talidomida no tratamento de úlceras aftóides em pacientes que convivem com o vírus HIV. Foi realizado estudo duplo-cego, randomizado em que o grupo controle recebeu placebo visando a cicatrização das ulceras aftóides bucais de pacientes convivendo com o vírus HIV por Jacobson et al[14] em 1997. Os pacientes foram submetidos a tratamento de quatro semanas onde receberam 200 mg de talidomida ou placebo via oral dose única diária. No grupo em uso de talidomida, 16 dos 29 pacientes (55%) tiveram cicatrização completa de suas ulceras aftóides orais após 4 semanas, comparativamente a apenas 2 de 28 pacientes(7%) no grupo placebo. Foi observada diminuição da dor e melhoria da capacidade de se alimentar com o tratamento com talidomida. Outro estudo foi realizado por Jacobson et al[15] em 1999, visando determinação da segurança e eficácia da talidomida dessa vez para o tratamento de ulcerações aftóides esofágicas em pacientes convivendo com o vírus HIV. Vinte e quatro pacientes convivendo com o vírus HIV com ulcerações aftóides esofágicas confirmadas por biópsia foram aleatoriamente distribuídos por para receber ou talidomida 200 mg ou placebo em dose única diária por quatro semanas. Oito dos 11 pacientes (73%) recebendo talidomida tiveram cicatrização completa das ulceras aftóides na quarta semana de avaliação endoscópica, comparativamente a 3 dos 13 pacientes(23%) recebendo placebo. 3. CARACTERÍSTICAS FARMACOLÓGICAS A talidomida é um derivado do ácido glutâmico existente em formas isoméricas R (+) e S (-) rapidamente interconvertidos em solução aquosa. Apresenta rotação óptica igual a zero[11]. Alguns estudos sugerem que o isômero R é responsável pela sedação e o isômero S responsável pelos efeitos teratogênicos, dados esses não conclusivos visto que não foram realizados estudos clínicos utilizando apenas um dos enantiômeros[11]. Estudos demonstraram inicialmente que a talidomida possui ação ansiolítica, hipnótica, antiemética e adjuvante analgésica, além de apresentar efeito teratogênico. Depois foi demonstrado que ela é altamente eficaz em suprimir o eritema nodoso hansênico. Demonstrou-se também, que ela é útil em pacientes com perda progressiva de peso corporal e suores noturnos relacionados ao câncer ou pessoas que convivem com o vírus HIV, e que ela apresenta atividade antitumoral em pacientes com mieloma múltiplo (bittencout) e numa variedade de tumores sólidos[9,11]. Mecanismo de ação A talidomida é um agente imunomodulador com espectro de ação não completamente compreendido. Sua ação pode estar relacionada à supressão da produção do fator de necrose tumoral a (TNF-α), efeitos nas interleucinas e no interferon- (IFN-), infraregulação de algumas moléculas de adesão da superfície celular envolvidas na migração de leucócitos, e mudanças nas proporções de linfócitos CD4+ (células T auxiliares) e CD8+ (células T citotóxicas). Um estudo demonstrou que aumento nos níveis de interleucina 2 (IL-2) e decréscimo nos níveis de TNF-α in vitro são observados apenas com a molécula de talidomida intacta. Sabe-se que a talidomida inibe a quimiotaxia dos neutrófilos. Ela leva a decréscimo da infiltração dérmica de neutrófilos e células T, além da redução de níveis de TNF- α em pacientes com eritema nodoso hansênico. Foi demonstrado que a talidomida inibe a angiogênese induzida pelo fator de crescimento fibroblástico básico (bFGF), efeito que ocorre apenas após ativação metabólica espécie específica da droga[9]. Todavia, não é possível identificar um mecanismo dominante único, visto que a ação das citocinas e a grande variedade de efeitos da talidomida parecem ser complexos[9,11]. O mecanismo da ação teratogênica permanece desconhecido, entretanto, algumas hipóteses são propostas. Essas podem ser agrupadas em seis categorias onde a talidomida afeta: 1) replicação ou transcrição do DNA; 2) síntese e/ou função dos fatores de crescimento; 3) síntese e/ou função das integrinas; 4) angiogênese; 5) condrogênese, e 6) morte ou lesão celular[27]. Farmacocinética A biodisponibilidade da talidomida administrada por via oral é limitada e não foi ainda bem caracterizada, parcialmente devido a sua baixa solubilidade em água[9,11,16]. Um estudo realizado com pacientes com hanseníase sugere um aumento de biodisponibilidade em comparação a voluntários sadios[9]. A meia vida é de aproximadamente 8,7 horas em indivíduos saudáveis[11,16], podendo variar bastante dependendo da condição clínica do paciente[16]. O volume de distribuição é de aproximadamente 121L em indivíduos saudáveis. A ligação às proteínas do plasma dos enantiômeros R (+) e S (-) revelou ser de 55% e 65% respectivamente[6]. A talidomida está presente no esperma dos doentes do sexo masculino em níveis idênticos às concentrações do plasma[6]. A droga sofre hidrólise não enzimática no plasma, levando a cinco produtos principais[9,11,16,19]. Existe uma metabolização hepática mínima da talidomida pelo sistema enzimático citocromo P450[6]. A talidomida não induz ou inibe o seu próprio metabolismo[9,11,16]. A rota exata de eliminação não é bem estabelecida, mas sabe-se que menos de 0,6% da droga é excretada de maneira inalterada na urina após as primeiras 24 horas, o que sugere uma rota de excreção não renal como predominante[11]. A farmacocinética da talidomida em doentes com disfunção renal ou hepática é desconhecida[6]. A concentração plasmática máxima, o tempo necessário para alcançar o pico da concentração plasmática e o tempo de meia vida de eliminação estão especificados na tabela 3. Tabela 3: Tempo necessário para atingir o pico de concentração plasmática máxima e a concentração plasmática máxima e o tempo de meia vida de eliminação, após administração de dose única. Condição clínica Dose Pico de Tempo para Tempo de meia concentração atingir vida de eliminação (h) plasmática concentração (mg/ml) plasmática máxima (h) Indivíduos saudáveis 200 mg 1.15 + 0.2 4.39 + 1.27 8.7±4.11 Pacientes que convivem com o vírus HIV <300 mg -- 3.4 – 7.2 -- Pacientes com hanseníase 400 mg 3.44 2.9 – 5.7 5-7 Fonte: Adaptado de MUJAGIC, H. 2002[11] e PATIL, C. R. and BRISE, S.B., 2003[16]. 4. CONTRAINDICAÇÕES Hipersensibilidade A talidomida é contra indicada em pacientes que apresentam hipersensibilidade ao medicamento ou seus componentes. Reações cutâneas graves são mais comuns em pacientes portadores do vírus HIV que fazem uso da talidomida[11,16,28]. Leucopenia e neutropenia Contagens reduzidas de células brancas sanguíneas, incluindo neutropenia, foram observadas em pacientes em uso de talidomida[9,17,18,21,27]. Como é mais frequentemente observada em pacientes com baixas contagens de neutrófilos[27], não deve ser iniciado o tratamento com contagem absoluta de neutrófilos (CAN) <750 por mm³. Neuropatia periférica A talidomida pode causar neuropatia periférica que pode ser irreversível[6,9,11,16]. A talidomida pode também agravar a neuropatia já existente e, como tal, não deverá ser usada por doentes com sinais ou sintomas clínicos de neuropatia periférica, exceto se os benefícios clínicos prevalecerem em relação aos riscos envolvidos[6]. Precauções especiais devem ter tomadas nas seguintes situações: • Pacientes com câncer previamente ou concomitantemente expostos a agentes quimioterápicos neurotóxicos como cisplatina, etoposídeo, alcalóides da vinca ou taxanos[9]; • Pacientes em uso de antirretrovirais conhecidamente associados a neuropatia periférica como estavudina[6] e didanosina[11]; • Pacientes em tratamento com os seguintes tuberculostáticos: isoniazida, etambutol e etionamida[6]; • Outros medicamentos como: bortezomibe, cloranfenicol, dapsona, fenitoína, hidralazina, lítio, metronidazol; nitrofurantoína e óxido nitroso[6]. Existe pouca evidência do aparecimento de neuropatia periférica associada ao uso do medicamento em pacientes com eritema nodoso hansênico[9]. ESTE MEDICAMENTO É CONTRA INDICADO PARA USO POR MULHERES GRÁVIDAS OU QUE POSSAM FICAR GRÁVIDAS DURANTE O TRATAMENTO Categoria de Risco na Gravidez e Lactação: X do FDA[7] 5. ADVERTÊNCIAS E PRECAUÇÕES Os pacientes em uso de talidomida devem evitar tarefas de risco, como dirigir um carro ou operar maquinário complexo ou perigoso[6]. Pacientes com histórico de convulsões ou fatores de risco para o desenvolvimento de convulsões devem ser monitorados rigorosamente. Devido a possibilidade do desenvolvimento de neuropatia periférica irreversível, os pacientes devem ser cuidadosamente monitorados [9]. Recomenda-se a realização de exames clínicos e neurológicos aos doentes antes do início do tratamento com talidomida e a execução de monitorização de rotina regularmente durante o tratamento. Os principais sintomas indicativos são: parestesia, disestesia, desconforto, coordenação anormal ou fraqueza[6]. Em caso de achados positivos o tratamento com a talidomida deve ser imediatamente descontinuado[9] e reavaliado o tratamento[6]. Contagens de células brancas do sangue devem ser monitoradas de forma contínua, especialmente em pacientes que convivem com o vírus HIV e transplantados de medula óssea devido ao risco de leucopenia e neutropenia[9,11,17,18,21,27].A carga viral deve ser medida no limite basal, após o primeiro e terceiro mês de terapia e a cada 3 meses durante o tratamento em pacientes que convivem com o vírus HIV. Os pacientes em uso de taldomida não podem doar sangue ou esperma[6]. Gravidez, reprodução e teratogenicidade A talidomida é teratogênica para os humanos, mesmo em uma única dose de 50 mg[1,8,9]. A teratogenicidade manisfesta-se de diferentes formas, como focomelia, que é a mais comum[27], má-formação do crânio, microftalmia, anoftalmia, deformidades ou ausência do pavilhão auricular e atresia de canal externo com orelhas de implantação baixa, nariz em sela, fenda palatina, má-formação do sistema respiratório, anomalias cardiovasculares, máformação do trato gastrointestinal, ausência de vesícula biliar e ducto biliar comum, anomalias do trato urinário e rins[16]. É proibido o uso da talidomida por mulheres em idade fértil, compreendida entre a menarca e a menopausa[6,7]. Categoria de Risco na Gravidez e Lactação: X do FDA[7]. Lactação Desconhece-se se a talidomida é excretada através do leite materno em seres humanos. Estudos em animais demonstraram que a talidomida é excretada através do leite materno. Como tal, o aleitamento deve ser interrompido durante o tratamento com a talidomida[6]. Pediatria Nenhuma informação sobre os parâmetros farmacocinéticos do medicamento em pacientes menores de 18 anos está disponível. Geriatria Estudos apropriados sobre os efeitos da talidomida na população idosa não estão disponíveis. A talidomida é teratogênica e deve-se ter precauções durante a exposição, que poderá ser utilizada, somente, após a falência de outros esquemas terapêuticos. O profissional deve ficar atento às orientações fornecidas ao usuário e aos procedimentos que ele necessita saber antes de iniciar o tratamento, durante e após o término da administração da talidomida, de acordo com as recomendações a seguir: ATENÇÃO - PROFISSIONAL DE SAÚDE[3,7] TALIDOMIDA Pode causar o nascimento de crianças com graves defeitos físicos FOCOMELIA Nesta síndrome a criança pode nascer com braços e pernas mal formados ou ausentes, alterações cardíaca visuais, auditivas e do aparelho digestivo. SEU PAPEL É FUNDAMENTAL PARA QUE ISTO NÃO ACONTEÇA. TALIDOMIDA: PROIBIDA PARA MULHERES GRAVIDAS OU COM CHANCE DE ENGRAVIDAR. Categoria de Risco na Gravidez e Lactação: X do FDA A dispensação da talidomida é regulamentada pela Portaria n.º 344/98, portanto, só pode ser dispensada mediante apresentação de receita médica que deve ficar retida. Facilite o uso correto deste produto preenchendo devidamente o quadro impresso na caixa com indicações constantes na receita médica. Talidomida é um medicamento importante no tratamento das reações hansênicas e outras doenças. Oriente o paciente que: Este medicamento é de uso exclusivo, portanto não deve ser passado para nenhuma outra pessoa. Pode causar o nascimento de crianças sem braços e sem pernas. Não deve ser tomado por mulheres grávidas ou com chance engravidar. Este medicamento não provoca aborto e não evita filhos. Se o tratamento com talidomida for suspenso, ou, caso expire o prazo de validade inscrito na lateral do cartucho e do envelope, este medicamento deve ser devolvido no local onde foi pego pelo paciente. Medicamentos imunossupressores podem ativar focos primários de tuberculose. Os médicos que acompanham pacientes sob imunossupressão devem estar alertas quanto à possibilidade de surgimento de doença ativa, tomando, assim, todos os cuidados para o diagnóstico precoce e tratamento[1,7,12,29]. CONDUTA SUGERIDA IMPORTANTE: Talidomida está presente no esperma de homens que estejam em tratamento, os mesmos devem utilizar preservativos durante a relação sexual com mulheres em idade fértil, mesmo que tenham sido submetidos à vasectomia[10]. A utilização dos métodos contraceptivos deve continuar por, no mínimo, 4 semanas após a última dose de talidomida[1,6]. Nos casos excepcionais de indicação de talidomida para mulheres em idade fértil, quando se fizer indispensável a utilização do medicamento, e desde que esgotados todos os outros recursos terapêuticos, recomenda-se os seguintes itens: - A paciente deve abster-se sexualmente ou aderir a dois métodos contraceptivos concomitantemente. Um deles deve ser de alta eficácia (pílula anticoncepcional, anticoncepcional injetável ou implantado pela via intradérmica, dispositivo intra-uterinoDIU) e o outro eficaz (preservativo masculino, preservativo feminino, diafragma)[1,6]. - A prevenção da gravidez deve iniciar-se, pelo menos, 4 semanas antes do início do tratamento com o medicamento, durante toda a terapia e por mais 4 semanas após a interrupção da administração da talidomida[6]. - a paciente deve fazer um teste de gravidez 24 horas antes de começar o tratamento com talidomida. O teste deve ser realizado ainda uma vez por semana durante o primeiro mês do tratamento, e a cada 2 a 4 semanas após o primeiro mês. Além disso, a paciente não deve ter contato sexual heterossexual a menos que use dois métodos de controle de natalidade efetivos ao mesmo tempo por pelo menos 1 mês antes de iniciar o tratamento com talidomida, durante o tratamento, e por pelo menos 1 mês após parar de ingerir a talidomida[1,8]. Qualquer suspeita de exposição do feto à talidomida deve ser notificada a: ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Unidade de Farmacovigilância ou por e-mail [email protected] 6. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS A talidomida é um substrato com fraca ligação às isoenzimas do citocromo P450 e, como tal, são improváveis interações clinicamente significativas com medicamentos metabolizados por este sistema enzimático[6]. Medicamento-medicamento Medicamentos que causam sonolência: A talidomida tem propriedades sedativas, motivo pelo qual poderá potenciar a sedação induzida pelos medicamentos dos seguintes grupos: ansiolíticos, hipnóticos, antipsicóticos, anti-histamínicos H1, derivados dos opiáceos, barbitúricos, antidepressivos tricíclicos e álcool[6]. Medicamentos que causam bradicardia: Devido ao potencial da talidomida para induzir bradicardia, deverá ter-se particular atenção com medicamentos que tenham o mesmo efeito farmacodinâmico como substâncias ativas que induzem torsade de pointes, bloqueadores beta ou agentes anticolinesterásicos[6]. Medicamentos que causam neuropatia periférica: Os medicamentos conhecidos por estarem associados à neuropatia periférica devem ser usados com precaução nos doentes que tomam talidomida[6]. Dexametasona e quimioterápicos: A associação entre a talidomida e dexametasona ou talidomida e alguns quimioterápicos pode levar a um risco acrescido de eventos tromboembólicos[6,17,18]. Varfarina: Uma administração de dose múltipla de 200 mg de talidomida por dia durante 4 dias não teve qualquer efeito sobre o valor da Razão Normalizada Internacional (RNI) em voluntários saudáveis. Contudo, devido ao risco acrescido de trombose em doentes com cancro e ao metabolismo potencialmente acelerado da varfarina com corticosteróides, é aconselhada uma monitorização apertada dos valores de RNI durante o tratamento em combinação com talidomida-prednisona, bem como durante as primeiras semanas após a conclusão destes tratamentos[6]. Contraceptivos hormonais: Em um estudo, administração de talidomida 200 mg/dia em pacientes saudáveis não afetou a farmacocinética de contraceptivos orais contendo noretisterona e etinilestradiol[6,16]. Medicamento-alimento A administração concomitante da talidomida com alimentos pode aumentar o tempo necessário para atingir o pico de concentração plasmática[6]. Medicamento-exame laboratorial Nenhuma informação sobre possíveis interações medicamento-exame laboratorial está disponível. 7. CUIDADOS DE ARMAZENAMENTO DO MEDICAMENTO O medicamento FUNED Talidomida possui prazo de validade de 24 meses a partir da data de fabricação. Guardar o medicamento à temperatura de 15º C à 30º C, na embalagem original, em local protegido da luz e umidade. Número do lote e o prazo de validade: vide embalagem Não use medicamentos após o vencimento. Características físicas e organolépticas: FUNED Talidomida é um comprimido de cor branca e formato circular. Antes de usar, observe o aspecto do medicamento. TODO MEDICAMENTO DEVE SER MANTIDO FORA DO ALCANCE DAS CRIANÇAS. 8. POSOLOGIA E MODO DE USAR A sonolência e a tontura dose dependente, são as principais manifestações com o uso da talidomida[6,11,16,19,20]. Isso caracteriza a importância da utilização do fármaco em dose única diária, se possível, e antes de dormir, o que leva a um significativo aumento da aderência ao tratamento[6,11]. USO ORAL Adultos Eritema nodoso hansênico (ENH) ou reação tipo 2 A talidomida é o medicamento de escolha na dose de 100 a 400 mg/dia, conforme a intensidade do quadro[13]. Úlceras aftóides Estudos demonstraram que a talidomida pode ser útil no tratamento das aftas mucocutâneas em pacientes portadores do HIV[5,14,15,21] que não respondem à tratamento com corticosteróides[14,15]. O tratamento padrão consiste em administração de 200 mg/dia por quatro semanas, podendo essa dose ser diminuída frente à ocorrência de sedação ou algum outro evento adverso. Caso não ocorra remissão completa das lesões no período de quatro semanas, o médico deverá ser consultado para prolongamento do tratamento e/ou reajuste de dose[14,15]. Doença do enxerto contra hospedeiro Dose média de 10 mg/kg (do corpo)/dia por um período inicial de até 3 meses[3]. Mieloma múltiplo O tratamento preconizado com talidomida para o mieloma múltiplo refratário é de 200mg/dia acrescentados de 200 mg a cada 2 semanas com limite de 800 mg/dia ou até o limite de tolerância do paciente em relação aos efeitos colaterais[3]. Se o paciente esquecer-se de tomar uma dose do medicamento, ele deverá tomá-lo o mais rápido possível. Entretanto, se estiver quase na hora da sua próxima dose, ele deverá pular a dose esquecida e voltar ao seu esquema de dose regular. O paciente nunca poderá dobrar as doses. Casos especiais Os doentes com disfunção renal ou hepática grave devem ser cuidadosamente monitorizados para detecção de efeitos adversos[6]. A talidomida deve ser ingerida com água, pelo menos 1 hora após as refeições. A administração do fármaco na hora de dormir minimiza o impacto do seu efeito sedativo. 9. REAÇÕES ADVERSAS Teratogenicidade Embora não seja precisamente estudado, acredita-se que aproximadamente 100% das mulheres grávidas expostas à talidomida durante o período crítico (considerado do 21º ao 40º dia de gestação[9,16,27] geram bebês com alguma má formação[16]. Foi documentado que mesmo uma dose única de 50 mg pode levar a alguma má formação[1,8,9]. A teratogenicidade manisfesta-se de diferentes formas, como focomelia, que é a mais comum[27], má formação do crânio, microftalmia, anoftalmia, deformidades ou ausência do pavilhão auricular e atresia de canal externo com orelhas de implantação baixa, nariz em sela, fenda palatina, má formação do sistema respiratório, anomalias cardiovasculares, má formação do trato gastrointestinal, ausência de vesícula biliar e ducto biliar comum, anomalias do trato urinário e rins[16]. Neuropatia A terapia crônica com talidomida pode levar a neuropatia periférica, que é provavelmente o risco mais significativo aos pacientes em uso do medicamento[9,16]. A toxicidade é inicialmente observada como torpor de dedos e pés seguida de perda de sensibilidade superficial em pés e mãos. Se a terapia não for descontinuada, a parestesia de mãos e pés pode se tornar permanente[16], motivo pelo qual os pacientes devem ser cuidadosamente monitorados e a droga imediatamente suspendida em caso de achados positivos[6,9]. O risco parece aumentar em pacientes idosos e com doses cumulativas do medicamento[16] e a incidência de neuropatia varia largamente em diferentes estudos[9]. Sonolência Sonolência e tontura dose-dependente são os efeitos adversos mais comuns à talidomida[11,16-21]. É observado o desenvolvimento de tolerância a sedação com uso contínuo[16,17]. Erupções cutâneas As erupções desaparecem após a descontinuação do medicamento com ou sem o uso de anti-histamínicos[16,21]. O aparecimento de dano epidérmico grave, vasculite alérgica e trombocitopenia, que podem ameaçar a vida, são também conhecidos[16]. Erupções cutâneas graves são mais comuns em pacientes portadores do vírus HIV que fazem uso da talidomida[11,16,28]. Constipação Efeito adverso comum[11,16-18]. Parece estar associada ao uso prolongado[11] e em geral é responsiva a laxantes moderados como leite de magnésia, lactulose e psyllium (fibra solúvel) [16] assim como reeducação alimentar[17,18]. Eventos tromboembólicos Um risco acrescido de trombose venosa profunda e embolia pulmonar tem sido constatado em doentes tratados com talidomida. Se o doente evidenciar episódios tromboembólicos, deve suspender-se o tratamento e iniciar uma terapia anticoagulante normal[6,17]. Alguns quimioterápicos parecem aumentar o risco de trombose venosa profunda[17-19] por um mecanismo sinérgico de aumento de toxicidade[19]. A associação com dexametasona também aumenta esse risco[17,18] Um médico deverá ser procurado se sintomas tais como falta de ar, dores no peito, tumefação dos braços ou pernas forem desenvolvidos[6]. Efeitos endócrinos Leve decréscimo da secreção do hormônio folículo estimulante (FSH), hormônio luteinizante (LH), hormônio estimulante da tireóide (TSH), secreções da tireóide, e aumento na secreção de corticotropina e prolactina[16]. Efeitos hematológicos Contagens reduzidas de células brancas sanguíneas, incluindo neutropenia, foram observadas em pacientes em uso de talidomida[9,17,18,21,27], particularmente em pacientes com alguma desordem que pode afetar o sistema hematológico[9]. A neutropenia é mais comum em pacientes portadores do vírus do HIV, transplantados de medula óssea[11] e em pacientes com baixa contagem de neutrófilos pré tratamento, e é dose dependente[27]. Infecções As alterações na imunidade decorrentes do uso contínuo da talidomida podem aumentar a possibilidade de infecções graves[16]. Em casos de eventos adversos, notifique o Sistema de Notificações em Vigilância Sanitária – NOTIVISA, disponível em http://www.anvisa.gov.br/hotsite/notivisa/index.htm, ou a Vigilância Sanitária Estadual ou Municipal Informe também a empresa através do seu serviço de atendimento. 10. SUPERDOSE A toxicidade aguda é extremamente baixa[17,30] a ponto de tornar difícil a determinação da DL 50[30]. Em camundongos, este valor é superior a 5g/kg . Altas doses de talidomida, ingeridas acidentalmente ou em tentativa de suicídio, não revelaram ação depressiva cárdiorespiratória[30]. O profissional de saúde deve orientar o usuário da talidomida a procurar o serviço de emergência médica mais próxima de sua residência caso ocorra administração acidental da talidomida e que o mesmo não tome qualquer atitude antes de procurar atendimento médico adequado. Em caso de intoxicação, ligue para 0800 722 6001, se você precisar de mais orientações. DIZERES LEGAIS MS 1.1209.0031 Farm. Resp.: Juliana Souki Diniz - CRF-MG nº 11.713 Fundação Ezequiel Dias – FUNED CNPJ 17.503.475/0001-01 – Indústria Brasileira Rua Conde Pereira Carneiro nº 80 – Gameleira Belo Horizonte – Minas Gerais CEP 30 510 - 010 PROIBIDA PARA MULHERES GRÁVIDAS OU COM CHANCE DE ENGRAVIDAR. TALIDOMIDA CAUSA O NASCIMENTO DE CRIANÇAS SEM BRAÇOS E SEM PERNAS. ESTE MEDICAMENTO É SÓ SEU. NÃO PASSE PARA NINGUÉM. ESTE MEDICAMENTO NÃO PROVOCA ABORTO. USO SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA. SUJEITO A RETENÇÃO DE RECEITA. PROIBIDA A VENDA NO COMÉRCIO. ESTE MEDICAMENTO NÃO EVITA FILHOS. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] BRASIL. Ministério da Saúde. RDC nº 11, de 22 de março de 2011. Dispõe sobre o controle da substância Talidomida e do medicamento que a contenha. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília, 24 de mar. de 2011. [2] BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 1377/GM em 15 de dezembro de 2000. [3] BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Portaria Conjunta nº 25, de 30 de janeiro de 2002. 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