No 19 Outubro/2013 Centro de Farmacovigilância da UNIFAL-MG Site: www2.unifal-mg.edu.br/cefal Email: [email protected] Tel: (35) 3299-1273 Equipe editorial: prof. Dr. Ricardo Rascado; profa. MsC. Luciene Marques; Adriano José de Moraes Junior; Michele Neri; Rafaela Guardia. Situação atual da Talidomida pelo Ministério da Saúde e ANVISA, O que mudou com a RDC º11/2011? A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) publicou no dia 24/03/2011 a RDC nº 11/2011 uma nova regulamentação para o medicamento A resolução tem como objetivos principais a melhoria dos controles e da fiscalização e a promoção do uso racional e seguro do medicamento Talidomida, visando com isso a evitar o nascimento de crianças vítimas do uso incorreto desse As principais mudanças trazidas pela RDC nº 11/2011 foram: a unificação de normas relacionadas à Talidomida; uma orientação a pacientes devido às alterações de materiais de embalagem e termos de esclarecimento; o maior esclarecimento de prescritores e definição reúne todas as doenças para as quais o uso da Talidomida é autorizado, tais profissionais de de aftóides idiopáticas), Lúpus Eritematoso Sistêmico, saúde; responsabilidades a das Vigilâncias Sanitárias e Assistências Farmacêuticas e a possibilidade de realização de campanhas e treinamentos Doença Enxerto contra hospedeiro e Mieloma Múltiplo. Com isso a ANVISA realizou ao longo do ano de 2011 capacitações sobre a RDC nº11/2011. Essas capacitações tiveram medicamento por gestantes. demais medicamento. E ainda uma listagem que como Hanseníase, DST/AIDS (úlceras Talidomida. diversas divulgando os riscos e benefícios deste como objetivo fiscalizar e controlar o consumo da substância, evitando, assim, o nascimento de crianças vítimas do uso incorreto do remédio por gestantes. Participaram profissionais em de torno saúde de que 400 estão envolvidos na prescrição e dispensação do medicamento em questão (médicos, farmacêuticos, entre outros), fiscais da vigilância sanitária e profissionais que atuam nas farmacêuticas. áreas As de assistências dúvidas mais 1 frequentes apresentadas foram sobre os de vendas, chegando a quase 15 toneladas procedimentos de caixas só no ano de 1961 na de devolução de Talidomida para os postos de Saúde ou para a Vigilância necessidade do Sanitária e farmacêutico Alemanha. a na dispensação. Nos Estados Unidos (EUA) a talidomida não foi aprovada pela Food and Drug Administration (FDA), pois o A organização das inscrições para as conhecimento de seu metabolismo era capacitações fica a cargo da Vigilância limitado e oferecia risco de neuropatia Sanitária de cada estado, bem como o periférica relatado em pacientes tratados controle de presenças e a emissão de por períodos mais longos. certificados. Os estudos de toxicidade em roedores mostravam que a talidomida era um medicamento Histórico A Talidomida, (α-[N-ftalimido]- de baixo risco de intoxicação e poucos efeitos colaterais e, glutarimida), foi sintetizada na Alemanha por Ocidental em comercializado como sendo seguro. Os Company Chemie 1954 pela German o medicamento era Este testes de teratogenicidade não haviam medicamento foi primeiramente indicado sido realizados, somente os de toxicidade. como agente sedativo, por induzir o sono. O primeiro caso de uma malformação Em 1956 foi introduzido no mercado congênita relacionada à talidomida foi alemão, comercialmente com os nomes relatado no final do ano de 1956, na de As Alemanha, no mesmo local da empresa indicações eram para o tratamento de: de fabricação, onde a criança afetada irritabilidade, baixa concentração, nasceu sem as orelhas. Em 1959, os ansiedade, insônia, enjoos, relatos de malformações congênitas em Contergan® hipertireiodismo, e Grünenthal. isso, Grippex®. doenças infecciosas, recém-nascidos foram numerosos. entre outras indicações. Pela ampla Somente no final do ano de 1961, com atuação o fármaco era considerado uma um verdadeira anormalidades, que Lenz sugeriu uma panaceia, e podia ser adquirido sem prescrição médica. número possível crescente correlação de entre tais as Rapidamente, a talidomida passou a malformações congênitas e o uso do ser produzida e vendida por todo o fármaco durante a gravidez. Neste mesmo mundo, possuindo mais de 40 nomes ano a talidomida já não era mais comerciais e alcançando grande volume comercializada na Alemanha e Inglaterra, 2 e posteriormente em diversos outros países. Em agosto de 1962 observou-se que o número de nascimentos com as malformações de membros diminuíram. O número estimado de vítimas em todo o Referência bibliográfica ANVISA. Talidomida, apoio, informação e orientação. Disponível em:< http://talidomidaanvisa.blogspot.com.br/> mundo é em cerca de dez a quinze mil crianças nascidas. No Brasil, no ano de 1960, o desastre da Talidomida afetou 300 bebês. Em 1961, após este incidente, as atividades relacionadas à Farmacovigilância Caso queira notificar reação adversa a algum medicamento, desvio de qualidade ou erro de medicação, acesse o portal do CEFAL (http://www.unifal-mg.edu.br/cefal) e preencha o formulário. passaram a ser levadas mais a sério. Em 1965 o fármaco foi reintroduzido no https://www.facebook.com/cefal.unifal Brasil para tratamento de lesões da pele, uma das complicações da hanseníase, [email protected] porém casos de malformações ainda ocorrem nos dias atuais devido ao (35) 3299-1273 desconhecimento por parte de algumas mulheres do risco de malformações congênitas na gestação. 3