universidade do sul de santa catarina ariane siviero

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA
ARIANE SIVIERO SCARPARI
VARIABILIDADE ESPIROMÉTRICA EM INDIVÍDUOS PNEUMOPATAS
CRÔNICOS SUBMETIDOS AO EXERCÍCIO FÍSICO SUPERVISIONADO
Tubarão, 2007.
ARIANE SIVIERO SCARPARI
VARIABILIDADE ESPIROMÉTRICA EM INDIVÍDUOS PNEUMOPATAS
CRÔNICOS SUBMETIDOS AO EXERCÍCIO FÍSICO SUPERVISIONADO
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao
Curso de Fisioterapia da Universidade do Sul
de Santa Catarina, como requisito parcial à
obtenção do título de Bacharel em Fisioterapia.
Orientador Professor Esp. Kelser Kock
Tubarão, 2007.
Dedico todo meu esforço para realizar este
trabalho, em especial, aos meus pais por seus
ensinamentos por todo amor, dedicação e carinho
para que este acontecesse, ao meu namorado que
esteve comigo todos os dias tendo paciência,
dando-me apoio.
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar agradeço a Deus pela vida, o por tudo de maravilhoso que existe
nela, pela força e coragem nas horas mais difíceis estando sempre ao meu lado.
Ao meu pai Joacir e minha mãe Maria Lenete por tudo que me ensinaram, pela
confiança que depositaram em mim e por todo carinho que me dedicam.
Ao meu namorado João Felipe, pela cumplicidade, companheirismo nas horas difíceis,
dando força, carinho e amor.
Em especial agradeço ao meu orientador Kelser Kock, que me ajudou a realizar esta
pesquisa, por sua competência, dedicação, apoio, dando-me força e aprendizado para a
realização desta pesquisa.
Aos mestres, pela dedicação e pelo conhecimento que nos passaram dos quais tiveram
presença indispensável na nossa formação.
Aos membros da banca, que concordaram em avaliar este trabalho.
Aos colegas de turma, que durante esta jornada de quatro anos dividiram comigo
momentos de angústia e alegria.
Contudo, meus agradecimentos finais a todas as pessoas, que passaram pela minha
vida, das quais ficaram sempre guardadas na memória. Agradeço ainda a todos aqueles que
aqui não foram citados, mas que de uma forma ou outra contribuíram para a conclusão de
mais essa etapa!
Muito obrigada!
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
BD – Broncodilatador
BOOP – Bronquite Obliterante com Pneumonia em Organização
CVF - Capacidade Vital Forçada
CV – Capacidade Vital
CD8 – Linfócito T
CPT – Capacidade Pulmonar Total
CRF – Capacidade Residual Funcional
CVL – capacidade Vital Lenta
CI – Capacidade Inspiratória
DLco – Monóxido de Carbono
DPOC - Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica
DVC – Distúrbios Ventilatórios Combinados
DVO – Distúrbio Ventilatório Obstrutivo
DVR – Distúrbio Ventilatório Restritivo
DVM – Distúrbio Ventilatório Misto
EENM – Estimulação Elétrica Neuromuscular
FPI – Fibrose Pulmonar Idiopática
FEF25-75% – Fluxo Médio Expiratório Forçado 25% à 75% da Capacidade Vital Forçada
ICC – Insuficiência Cardíaca Congestiva
OMS – Organização Mundial de Saúde
PFE – Pico de Fluxo Expiratório
RP - Reabilitação Pulmonar
SUS - Sistema Único de Saúde
SC – Santa Catarina
TFP – Testes de Função Pulmonar
UNISUL - Universidade do Sul de Santa Catarina
VEF1 - Volume Expiratório Forçado no Primeiro Segundo
VEF1/CVF – Relação Volume Expiratório Forçado no Primeiro Segundo e Capacidade Vital
Forçada
VA/Q – Ventilação Perfusão
VR – Volume Residual
VRF – Volume Residual Funcional
VRE – Volume de Reserva Expiratória
VEFt – Volume Expiratório Forçado no tempo
VC – Volume Corrente
VRI – Volume de Reserva Inspiratória
VVM – Ventilação Voluntá Máxima
LISTA DE GRÀFICOS
Gráfico 1 - Média dos valores percentuais previstos obtidos nas avaliações espirométrica.....40
Gráfico 2 – Média geral, média e desvio padrão dos valores percentuais previstos da CVF
obtidos nas avaliações espirométricas.....................................................................41
Gráfico 3 – Média geral, média e desvio padrão dos valores percentuais previstos do VEF1
obtidos nas avaliações espirométricas.....................................................................42
Gráfico 4 - Média geral, média e desvio padrão dos valores percentuais previstos da
VEF1/CVF obtidos nas avaliações espirométricas..................................................43
Gráfico 5 - Média geral, média e desvio padrão dos valores percentuais previstos do PFE
obtidos nas avaliações espirométricas.....................................................................44
Gráfico 6 - Média geral, média e desvio padrão dos valores percentuais previstos do FEF25-75%
obtidos nas avaliações espirométricas.....................................................................45
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Demonstração da amostra de acordo com idade, gênero, diagnóstico e disfunção
ventilatoria..............................................................................................................39
Quadro 2 – Média e desvio padrão dos valores percentuais previstos nas avaliações
espirométricas.........................................................................................................39
RESUMO
As doenças respiratórias constituem importante causa de adoecimento e morte em adultos e
crianças no mundo. Dentre elas estão as doenças pulmonares crônicas que podem apresentar
caráter restritivo, obstrutivo ou misto. A fisioterapia respiratória uma especialidade com
ampla atuação no tratamento e prevenção de doenças respiratórias agudas ou crônicas, ela
vem sendo usada com intuito de melhora do quadro clínico dos pacientes com doenças
respiratórias, utilizando programas de reabilitação pulmonar (RP), o qual ajuda a diminuir a
dispnéia, melhorar o condicionamento físico e reduzir as exacerbações. A avaliação
espirométrica regular de pacientes submetidos à RP visa o acompanhamento da função
pulmonar. O objetivo desse trabalho foi avaliar a variação da função pulmonar em indivíduos
pneumopatas crônicos submetidos ao exercício físico supervisionado. A amostra foi
compreendida por 8 pacientes atendidos pelo estágio supervisionado de fisioterapia
cardiopulmonar da Clínica Escola de Fisioterapia, da UNISUL, Tubarão/SC, onde foram
selecionados os melhores laudos espirométricos obtidos na base de dados das avaliações
espirométricas entre o período de outubro de 2005 a setembro de 2007. O instrumento
utilizado foi o espirômetro MultispiroTM sensor, analisado pelo software SX 252. Os
resultados obtidos foram tratados através de média e desvio padrão e coeficiente de variação.
Os dados foram expostos através de quadros e gráficos. Em geral, foi observada uma discreta
variabilidade espirométrica. O parâmetro com maior variação foi o pico de fluxo expiratório
(PFE), atingindo 10% do coeficiente de variação. Em suma, verificamos que pneumopatas
crônicos que praticam exercício físico supervisionado regularmente, apresentam pouca
variação da função pulmonar.
Palavras-chave: variabilidade espirométrica, reabilitação pulmonar, pneumopatas
ABSTRACT
The respiratory diseases constitute important illness cause and death in adults and children in
the world. Among them are the chronic lung diseases that can present character restrictive,
obstructive or mixed. Being the chest physiotherapy a specialty with wide performance in the
treatment and prevention of chronic respiratory diseases, it has been used with intention of
improvement of the patients with respiratory diseases, using programs of pulmonary
rehabilitation (PR), which helps to reduce the dispneia, improves physical conditioning the
decrease of exacerbations. The regular spirometric evaluation of patients submitted to PR
seeks the accompaniment of the lung function. The objective of that work was to evaluate the
variation of the lung function in individuals with chronic respiratory disease submitted to the
supervised physical exercise. The sample was understood by 8 patients assisted by the
supervised apprenticeship of chest physiotherapy of the Clinic School of Physiotherapy, of
UNISUL, Tubarão/SC. Where the best spirometric decisions were selected obtained in the
base of data of the spirometric evaluations among the period of October from 2005 to
September of 2007. The used instrument was the spirometer sensor MultispiroTM, analyzed
by the software SX 252. The obtained results were treated through average and standard
deviation and variation coefficient. The data were exposed through pictures and graphs. In
general, a discreet spirometric variability was observed. The parameter with larger variation
was the peak of flow expiratory, reaching 10% of the variation coefficient. In highest, we
verified that individuals with chronic respiratory disease that practice physical exercise
supervised regularly, present a little variation of the lung function.
Key-words: spirometric variability, pulmonary rehabilitation, chronic respiratory individuals
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................13
2
VARIABILIDADE
ESPIROMÉTRICA
EM
INDIVÍDUOS
PNEUMOPATAS
CRÔNICO SUBMETIDOS AO EXERCÍCIO FÍSICO SUPERVISIONADO ............... 17
2.1 DOENÇAS CRÔNICAS RESPIRATÓRIAS.....................................................................17
2.1.1 Distúrbios ventilatórios restritivos...............................................................................17
2.1.1.1 Doenças neuromusculares.............................................................................................19
2.1.1.2 Fibrose...........................................................................................................................20
2.1.1.3 Deformidade torácica....................................................................................................21
2.1.2 Distúrbios ventilatórios obstrutivos.............................................................................21
2.1.2.1 Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC)..............................................................22
2.1.2.2 Asma.............................................................................................................................23
2.1.2.3 Bronquiectasia...............................................................................................................25
2.1.2.4 Bronquiolite obliterante................................................................................................26
2.1.3 Distúrbios ventilatórios mistos......................................................................................26
2.2 AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO PULMONAR.....................................................................27
2.3 ESPIROMETRIA................................................................................................................28
2.3.1 Definições e símbolos usados na avaliação espirométrica..........................................29
2.3.2 Análise conjunta dos padrões espirométricos.............................................................30
2. 4 REABILITAÇÃO PULMONAR.......................................................................................32
2.4.1 Exercício físico supervisionado.....................................................................................33
3 DELINEAMENTO DA PESQUISA...................................................................................35
3. 1 TIPO DE PESQUISA........................................................................................................35
3. 2 POPULAÇÃO/AMOSTRA...............................................................................................35
3. 3 INSTRUMENTOS UTILIZADOS NA COLETA DE DADOS......................................36
3. 3. 1 Espirômetro..................................................................................................................36
3. 4 PROCEDIMENTO DE COLETA DE DADOS................................................................37
3. 5 TRATAMENTO DOS DADOS........................................................................................38
3. 6 ASPECTOS ÉTICOS.........................................................................................................38
4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS E ANÀLISE DOS DADOS .........................39
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................46
REFERÊNCIAS......................................................................................................................47
12
1 INTRODUÇÃO
As doenças respiratórias constituem importante causa de adoecimento e morte em
adultos e crianças no mundo. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), estas
doenças representam cerca de 8% do total de mortes em países desenvolvidos e 5% em países
em desenvolvimento. No Brasil, as doenças respiratórias agudas e crônicas também ocupam
posição de destaque, entre as principais causas de internação no Sistema Único de Saúde –
SUS. (TOYOSHIMA; ITO; GOUVEIA, 2005).
As doenças pulmonares ou distúrbios ventilatórios podem ser: restritivas, obstrutivas
ou mistas. Sendo que nas doenças pulmonares restritivas as que mais se destacam são: a
fibrose, as doenças neuromusculares e as deformidades torácicas.
“As desordens pulmonares restritivas incluem uma variedade de processo que podem
afetar o aparelho neuromuscular respiratório, a caixa torácica, o espaço pleural e o
parênquima pulmonar.” (RODRIGUES, 2003, p. 5).
Já as principais doenças pulmonares obstrutivas são: a asma, a doença pulmonar
obstrutiva crônica (DPOC), a bronquiolite obliterante e a bronquiectasia.
Segundo West (1996), as doenças obstrutivas são caracterizadas por obstrução das vias
aéreas, sendo extremamente comuns, e estão se tornando cada vez mais importantes como
causas de mortalidade.
Rodrigues (2003), afirma que o diagnóstico das doenças pulmonares obstrutivas e
restritivas deve sempre ser cogitado em qualquer paciente que apresente tosse, produção de
escarro, dispnéia e/ ou história de exposição aos fatores de risco para estas doenças, como
tabagismo, poluição ambiental e exposição ocupacional a gases ou partículas tóxicas. O
diagnóstico só é confirmado após realização de um exame espirométrico e com afirmação da
alteração.
Os distúrbios ventilatórios mistos ocorrem devido a doença única ou a combinação de
doenças. Quando a Capacidade Pulmonar Total (CPT) é mensurada na espirometria, distúrbio
misto pode ser caracterizado se a CPT estiver abaixo do nível esperado para a obstrução, e
não abaixo apenas do limite inferior de referência. (PEREIRA, 2002, p. 52).
Os testes de função pulmonar (TFP) são subutilizados pelos profissionais da saúde,
mesmo sabendo-se de todas as contribuições que costumam trazer para o manejo dos
pacientes. Importantes informações são obtidas exclusivamente ou, pelo menos, com maior
precisão, com a realização desses testes. Exemplificam-se detecção precoce de obstrução das
vias aéreas, determinação da severidade da disfunção pulmonar, presença e grau de resposta
13
ao broncodilatador, presença de restrição ventilatória, distúrbios das trocas gasosas, avaliação
da resposta terapêutica e avaliação do risco cirúrgico. (SILVA; RUBIN; SILVA, 2000).
A fisioterapia respiratória é uma especialidade que tem ampla atuação nas doenças
respiratórias agudas ou crônicas. Dentre as condutas estão a reabilitação pulmonar (RP) e
teste da função pulmonar com a espirometria.
Através do espirômetro pode se medir e monitorar diversas variáveis funcionais
pulmonares, fazendo-se mensurações objetivas não apenas do dano gerado pela doença, mas
também para avaliar a recuperação proporcionada pela terapêutica. A espirometria é um
exame simples e de fácil compreensão, onde seus resultados são confiáveis e reprodutíveis. O
exame espirométrico baseia-se na medida de volumes e fluxos, particularmente os
expiratórios. É indispensável que o paciente faça esforço máximo durante as manobras para a
obtenção da capacidade vital forçada. (SILVA; RUBIN e SILVA, 2000)
A reabilitação pulmonar (RP), que envolve exercícios físicos supervisionados, é um
programa multidisciplinar de cuidados para pacientes com doenças respiratórias crônicas,
utilizado para aperfeiçoar o desempenho físico e social e a autonomia desses pacientes, sendo
que a RP promove melhora na capacidade funcional do exercício, na qualidade de vida, reduz
a dispnéia e a freqüência de durações das internações, além de reduzir a freqüência das
exacerbações. (ZANCHET; VIEGAS; LIMA, 2005).
Sabe-se que com a progressão da doença ocorre uma piora da função pulmonar, por
tanto esse quadro pode ser reduzido em indivíduos que realizam exercícios físicos
supervisionados.
Diante do que foi exposto, procura-se com esse estudo, buscar respostas a seguinte
questão: Qual a variação da função pulmonar em pneumopatas crônicos que realizam
exercícios físicos supervisionados?
Silveira (2000), afirma que, os pacientes portadores de doença respiratória crônica
acabam restringindo sua atividade física, o que leva a apresentarem uma baixa capacidade ao
exercício, sendo traduzida por dispnéia, percepção de cansaço ao realizar qualquer forma de
esforço físico. Esta situação coloca-os num circulo vicioso por sentirem dispnéicos ao
realizarem algum tipo de exercício, se restringindo fisicamente, perdendo a capacidade física,
tornando-se mais dispnéicos à atividade física.
Portanto a fisioterapia vem sendo utilizada com intuito de melhora do quadro clínico
desses pacientes, utilizando programas de RP, o qual ajuda diminuir a dispnéia, melhorar o
condicionamento físico e diminuir as exacerbações, traduzindo em melhora da qualidade de
vida.
14
Segundo Rodrigues, Viegas e Lima (2002), devido ao comprometimento pulmonar,
gerado pela pneumopatia, a reabilitação pulmonar (RP) não beneficiará o paciente no seu
quadro de disfunção pulmonar, mas, auxilia-o diminuindo as deficiências e disfunções
sistêmicas coerentes aos processos secundários da doença, como, por exemplo, as disfunções
musculares
periféricas
e
respiratórias,
anormalidades
nutricionais,
deficiências
cardiovasculares, distúrbios esqueléticos, sensoriais e psicossociais, adequando ao paciente
portador dessa doença a maximização e manutenção da independência funcional.
Os mesmos autores afirmam que a intervenção feita através da reabilitação pulmonar
(RP) visa atender aos problemas e queixas de cada paciente individualmente, assim ela é
implementada por uma equipe multidisciplinar de profissionais da saúde, dos quais utilizam
estratégias para se integrar ao manejo clínico e à manutenção da estabilidade clínica dos
portadores de doenças pulmonares restritivas, obstrutivas ou mistas, principalmente nos pacientes
que, mesmo com tratamento clínico otimizado, permanecem sintomáticos e com diminuição de
sua função física e social.
Assim a avaliação espirométrica regular de pacientes submetidos à RP visa o
acompanhamento da função pulmonar, com o objetivo de detectar mudanças na capacidade
respiratória desses indivíduos. Com o acompanhamento, pretende-se observar as variação que
ocorrem entre esses exames.
O trabalho tem como objetivo geral avaliar a variação da função pulmonar em
indivíduos pneumopatas crônicos submetidos ao exercício físico supervisionado, sendo estes
pacientes atendidos no estágio supervisionado de fisioterapia cardiopulmonar na Clínica
Escola de Fisioterapia da UNISUL, campus Tubarão-SC.
Como objetivos específicos: Observar a variabilidade da capacidade vital forçada
(CVF); Comparar a variabilidade do volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1);
Identificar a variabilidade do índice de Tiffenau (VEF1 / CVF); Identificar a variabilidade do
pico de fluxo expiratório (PFE); Observar a variabilidade do fluxo expiratório forçado entre
25% e 75% da CVF (FEF25-75%).
Com o intuito de fundamentar as variáveis envolvidas no problema desse estudo e para
facilitar a compreensão do assunto, o segundo capítulo é dividido em uma revisão sobre
doenças crônicas respiratórias, distúrbios ventilatórios restritivos, obstrutivos e mistos,
avaliação da função pulmonar, espirometria e reabilitação pulmonar. O terceiro capítulo tem
como principal objetivo expor a metodologia do trabalho adotado para realização do estudo,
onde são apresentadas a classificação da pesquisa e os procedimentos utilizados. O quarto
15
capítulo demonstra os resultados obtidos analisados e discutidos. E por fim, o quinto capítulo,
exibe as considerações finais desta pesquisa.
16
2
VARIABILIDADE
ESPIROMÉTRICA
EM
INDIVÍDUOS
PNEUMOPATAS
CRÔNICOS SUBMETIDOS AO EXERCÍCIO FÍSICO SUPERVISIONADO
2.1 DOENÇAS CRÔNICAS RESPIRATÓRIAS
Com o passar do tempo, criou-se a falsa expectativa que a cura das doenças ou
tratamento eficientes e definitivos seria uma realidade. Apesar do avanço da medicina sabe-se
ainda que a maioria das doenças não são passiveis de cura. Nas últimas décadas, com o
aumento da expectativa de vida e, conseqüentemente, da prevalência de doenças crônicas,
houve então o conceito de qualidade de vida relacionada à saúde. Nas doenças pulmonares
crônicas, a qualidade de vida nunca é uma mera conseqüência da sua gravidade, ou seja,
existem múltiplos fatores que estão envolvidos a respeito da introdução de novas formas de
tratamento, e esses fatores são considerados responsáveis pelo crescente aumento na
morbimortalidade em países ocidentais. (CERQUEIRA; CREPALDI, 2000).
Estas doenças têm um papel de destaque na morbidade da população, sendo freqüente
causa de absenteísmo na escola e no trabalho, além de exercer enorme pressão sobre os serviços
de saúde. Por exemplo, estima-se que cerca de 5% a 15% dos adultos em países industrializados
têm doenças pulmonares. (TOYOSHIMA; ITO; GOUVEIA, 2005).
Os principais distúrbios ventilatórios são os obstrutivos, os restritivos e os mistos, sendo
que nos distúrbios ventilatórios obstrutivos os que mais se destacam são a asma, a doença
pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), a bronquiolite obliterante e a bronquiectasia. Já nos
distúrbios ventilatórios restritivos as que mais se destacam são a fibrose, as doenças
neuromusculares e as deformidades torácicas. E os mistos são originados de uma única doença ou
da combinação de doenças. (RODRIGUES, 2003)
2.1.1 Distúrbios ventilatórios restritivos
Os distúrbios ventilatórios restritivos são aqueles dos quais a expansão do pulmão é
restringida por causa de alterações no parênquima pulmonar ou por causa da doença da
pleura, da parede torácica ou do aparelho neuromuscular. Essas doenças são caracterizadas
por uma capacidade vital reduzida e um volume pulmonar pequeno em repouso, mas a
resistência das vias aéreas (em ralação ao volume pulmonar) não está aumentada, por tanto
estas doenças são muito diferentes das doenças obstrutivas, embora condições restritivas,
obstrutivas e mistas podem ocorrer. (WEST, 1996).
17
Segundo Rodrigues (2003), as desordens pulmonares restritivas incluem uma
variedade de processos que podem afetar o aparelho neuromuscular respiratório, a caixa
torácica, o espaço pleural e o parênquima pulmonar. Embora as doenças neuromusculares e da
caixa torácica possam afetar secundariamente o parênquima pulmonar e assim acometer a
Capacidade de Disfunção do monóxido de Carbono (DLco), esta habitualmente é normal
naquelas condições. Por outro lado, a grande maioria das doenças pulmonares intersticiais é
caracterizada por distintos achados patológicos, como edema intersticial, fibrose e destruição
capilar, que, individualmente ou em conjunto, diminuem a DLco. Pelo fato de a DLco avaliar
alterações relacionadas com espessamento da membrana, alterações na área da superfície
pulmonar e do volume capilar, quando alterada, pode refletir anormalidade em qualquer um
dos três elementos.
Embora a espirometria tenha sido enfatizada como a melhor arma para diagnosticar
e quantificar a grande variedade de desordem pulmonar, em alguns pacientes a
medida direta dos volumes pulmonares fornece informações adicionais para melhor
compreender alterações inicialmente detectadas pela espirometria. Por exemplo, nas
doenças restritivas há diminuição da Capacidade Vital, mas esta também pode estar
reduzida por um processo obstrutivo. Nesse caso a medida dos volumes pulmonares
ajuda a interpretar os resultados da espirometria. (RODRIGUES, 2003, p. 5)
“As doenças restritivas caracterizam-se por: aumento da retração elástica do
parênquima pulmonar, redução da resistência das vias aéreas, aumento da relação
VEF1/CVF.” (SILVA; RUBIN; SILVA, 200, p. 27).
Rodrigues (2003), afirma que, do ponto de vista patológico, a marca registrada do
padrão restritivo é a expansão pulmonar limitada, resultado da diminuição dos volumes
pulmonares (Volume Residual, Capacidade Pulmonar Total, e Capacidade Residual
Funcional) e da diminuição da força que comanda o fluxo aéreo expiratório, estando
preservadas as vias aéreas e sua resistência. Em muitos casos, ocorre alteração do parênquima
pulmonar, de forma que a elasticidade do pulmão se apresente diminuída, o que dificulta a
insuflação. As vias aéreas geralmente permanecem funcionando adequadamente, preservando
assim os índices de fluxos, ou seja, embora a Capacidade Vital Forçada e o Volume Expirado
Forçado no primeiro segundo estejam reduzidos, o índice VEF/ CVF% está normal. Como nas
doenças restritivas pulmonares a redução do volume diminui a retração elástica, o Fluxo
Expiratório Forçado25-75% (FEF25-75%) pode ser reduzido sem haver obstrução ao fluxo aéreo.
Para o paciente com doença restritiva, a curva fluxo- volume parece uma versão diminuída da
curva normal, mantendo estável a forma do traçado expiratório.
18
2.1.1.1 Doenças neuromusculares
As doenças neuromusculares afetam os músculos da respiração ou o seu suprimento
nervoso. Sendo que as doenças neuromusculares podem levar a dispnéia e insuficiência
respiratória. A incapacidade do paciente de tornar uma respiração profunda é refletida em
uma redução da CVF, CPT, capacidade inspiratória e VEF1. (WEST, 1996)
O mesmo autor diz que devemos lembrar que o músculo mais importante da
respiração é o diafragma, e que os pacientes com doenças progressivas muitas vezes não se
queixam de dispnéia até que então o diafragma seja comprometido. Então a sua reserva
ventilatória pode estar gravemente comprometida. Sendo assim a progressão da doença pode
ser acompanhada pela medição da CVF e gasometria sangüínea. E as pressões inspiratórias e
expiratórias máximas que o paciente é capaz de desenvolver também estão reduzidas.
Segundo Silva, Rubin e Silva (2000), como o sistema nervoso central fornece o ritmo
gerador, e as vias aéreas neurais de controle e os músculos respiratórios são os efetores para
os movimentos ventilatórios, intui-se que as doenças neuromusculares podem influir na
função respiratória em vários sítios. As conseqüências mais freqüentes são desordens do
comando central e fraqueza ou disfunção dos músculos respiratórios. Os distúrbios
neuromusculares podem causar redução da CV e dos picos do fluxo inspiratório e expiratório.
Os fluxos aéreos costumam ser preservados.
Há pelo menos duas razões para fazer testes de função pulmonar em pacientes com
doenças neuromusculares: 1) como freqüentemente apresentam dispnéia, é
importante estabelecer sua patogênese; 2) os testes são sempre úteis para
acompanhar o paciente. (SILVA; RUBIN; SILVA, 2000, p. 115).
Slutzky (1997), afirma que atualmente as patologias neuromusculares, são
reconhecidas como responsáveis por alta taxa de morbidade e mortalidade. Além de serem
incapacitantes, elevam demasiadamente as despesas com saúde tanto em nível governamental
como individual.
São de reconhecida importância também, em todo o mundo, que através de seus
estudos, quer quanto à melhor forma de tratar essas enfermidades. Isto diz respeito não só às
ciências medicas, como à neurologia e à neuropatologia, mas inclusive, às diversas áreas de
educação especial e de reabilitação, onde a fisioterapia vem ocupando lugar de destaque,
(SLUTZKY, 1997, p. 61)
Segundo Slutzky (1997), a parede torácica funciona como uma bomba de ar, com um
volume variável, por ciclo respiratório, e com freqüência também variável. Esta bomba
19
trabalha continuamente, 24 horas ao dia e é tão essencial à vida como a própria bomba
cardíaca. As trocas gasosas, através da membrana alveolocapilar, são inteiramente
dependentes da parede torácica.
“Qualquer alteração das informações, no trajeto entre o comando nervoso central
(centro respiratório) até a intimidade da fibra muscular, cursa com as chamadas enfermidades
neuromusculares.” (SLUTZKY, 1997, p. 61).
A etiologia destas afecções é variada e pode envolver traumatismo dos mais
diversos, além de doenças genéticas, de doenças auto-imunes, de processos
infecciosos, de processos degenerativos, de distúrbios metabólicos e tóxicos, de
carências nutricionais, entre tantos outros. (SLUTZKY, 1997, p. 62).
2.1.1.2 Fibrose
A fibrose pulmonar idiopática (FIP), é caracterizada por alveolite neutrofílica
associada à fibrose progressiva das unidades alveolocapilares. È detectada em indivíduos de
meia-idade, usualmente entre os 50 e os 70 anos, que apresentam dispnéia aos esforços e tosse
improdutiva, freqüentemente após uma infecção respiratória viral. (SILVA et al, 2001).
Segundo Rubin et al (2000), a fibrose pulmonar acomete o parênquima pulmonar de
forma progressiva, onde caracteriza-se por uma infiltração celular inflamatória crônica e
variáveis graus de fibrose intersticial, seguida de uma série de características clínicas,
radiológicas e fisiopatológicas particulares. Onde o seu diagnóstico reconhecido pela maioria
dos autores como uma síndrome, estando presentes os seguintes fatores: dispnéia aos
esforços; infiltrado intersticial difuso na radiografia de tórax; alterações funcionais
compatíveis com quadro restritivo, acompanhado de redução da capacidade difusiva e
hipoxemia em repouso ou durante o exercício; aspecto histopatológico compatível e com
ausência de infecção, granuloma ou processo neoplásico que possa indicar outra entidade ou
fator desencadeante do processo de fibrose.
Sua clínica apresenta: tosse produtiva e dispnéia por vários meses, em media dois
anos, antes do diagnostico definitivo. Há hipocratismo digital (70% a 80%), muito raramente
acompanhado de osteoartropatia hipertrófica. Comuns taquipnéia (46%), crepitantes
teleinspiratórios basais (65%) e hipertensão pulmonar (70%). A cianose é uma manifestação
tardia traduzindo estagio avançado da doença. Onde o objetivo do tratamento é a diminuição
da progressão da doença, já que não há possibilidade de cura. (SILVA et al, 2001).
“A espirometria dos pacientes com fibrose tipicamente revela um padrão restritivo,
onde a CVF está acentuadamente reduzida, mas o gás é exalado rapidamente de tal modo que
20
embora o VEF1 seja baixo, o VEF1/ CVF% pode exceder o valor normal.” (WEST, 1996, p.
91-93).
À avaliação espirométrica constata distúrbio ventilatório restritivo e diminuição da
capacidade de disfunção. A hipoxemia deve-se basicamente à presença de
desuniformidade ventilatório-perfusional. Hipoxemia aos esforços pode ser um dos
primeiros achados funcionais da doença. (SILVA et al, 2001, p. 1094).
2.1.1.3 Deformidade torácica
Muitas das enfermidades neuromusculares associam-se, comumente, a deformidades
da parede torácica, como a escoliose e a cifoescoliose, e/ ou com as varias formas de tórax
patológico. Estes aspectos são agravantes extras, nos casos de alterações da mecânica
respiratória desses pacientes. (SLUTZKY, 1997).
Slutzky (1997), afirma que qualquer deficiência da mecânica respiratória afeta o
corpo, em maior ou menor escala, porém, de forma lenta e progressiva. Portanto, devem ser
adotadas medidas especificas que impeçam a sua progressão. Merece atenção especial o fato
de que a eficiência da função muscular respiratória é profundamente influenciada e
largamente dependente da mecânica respiratória, da estabilidade e da integridade das cinturas
escapular e pélvica, do equilíbrio e alinhamento do tronco e da integridade da condução
neuromuscular. Fatores locais, tais como dor localizada, levam a um maior desequilíbrio
muscular, que altera ainda mais o padrão postural e global respiratório.
Os defeitos posturais podem provocar mudanças importantes na função respiratória.
Quando são prolongados, os músculos e os ligamentos tendem a adaptar os seus
comprimentos à posição habitual, mantida pelas articulações, o que pode levar a
uma limitação ainda maior da função respiratória. (SLUTZKY, 1997, p. 273).
2.1.2 Distúrbios ventilatórios obstrutivos
As doenças obstrutivas são extremamente comuns. Elas estão se tornando cada vez
mais importantes causas de mortalidade. Sendo que as distinções entre os vários tipos de
doenças obstrutivas são nebulosas, e isto dá origem a dificuldades de definição e diagnóstico,
entretanto, todas estas doenças são caracterizadas por obstrução das vias aéreas. (WEST,
1996)
A resistência aumentada ao fluxo de ar pode ser causada por condições (A) dentro
da luz, (B) na parede da via aérea, e (C) na região peribrônquica. A luz pode ser
ocluída por secreções excessivas, como na bronquite crônica. Obstrução parcial
21
também pode ocorrer agudamente no edema pulmonar ou após aspiração de material
estranho e, pós-operatoriamente, com secreções retidas. Corpos estranhos inalados
podem causar obstrução localizada parcial ou completa. (WEST, 1996, p. 57).
A característica fisiológica das doenças obstrutivas é a limitação aos índices de fluxos,
particularmente do fluxo aéreo expiratório. Também são encontrados distúrbios importantes
na mecânica respiratória, nas relações VA/ Q no trabalho respiratório e no controle ventilação,
(RODRIGUES, 2003, p.10).
2.1.2.1 Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC)
A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) é a quarta maior causa de morbidade
crônica e mortalidade no mundo, cuja prevalência tende a aumentar nas próximas décadas.
Podemos definir DPOC como um estado de doença caracterizado por limitação do fluxo
aéreo, que não é totalmente reversível, habitualmente progressiva e associada com resposta
inflamatória inadequada dos pulmões perante partículas e gases nocivos. (RODRIGUES,
2003).
O mesmo autor diz que, o controle da DPOC deve ser guiado pela presença dos
sintomas e por uma classificação utilizada principalmente com objetivo didáticos, que
apresentamos a seguir:
- Estágio 0: em risco- caracterizado por tosse crônica e produção de escarro, com espirometria
dentro dos limites normais;
- Estágio I: DPOC leve- VEF/ CVF < 70% porém com VEF1
80% do previsto e
freqüentemente com presença de tosse e produção de escarro;
- Estágio II: DPOC moderada- piora da limitação ao fluxo aéreo com 30%
VEF1< 80% do
predito, com progressão dos sintomas e dispnéia ao esforço. Geralmente os pacientes
procuram ajuda nessa fase. Esse estágio é subdividido em 2A, quando o VEF1 está entre 50%
e 80% do predito, e em 2B, quando o VEF1 se encontra entre 30 e 50% do predito. È durante
essa fase que exacerbação de repetição agrava a qualidade de vida do paciente;
- Estágio III: DPOC grave- caracteriza por limitação severa ao fluxo aéreo com VEF1< 30%
do predito, ou presença de insuficiência respiratória ou sinais clínicos de insuficiência
cardíaca direta. Aqui as exacerbações são freqüentes e podem colocar em risco a vida do
paciente.
Quanto à patogênese, a DPOC se caracteriza por inflamação crônica das vias aéreas,
parênquima e vasculatura pulmonar. O numero de macrófagos, linfócitos T
22
(principalmente CD8) e neutrófilos está aumentado em várias partes do pulmão.
(RODRIGUES, 2003, p. 9).
“Quanto às alterações da vasculatura pulmonar na DPOC, estas são caracterizadas pelo
espessamento da parede do vaso, inicialmente pela intima, seguido do aumento da
musculatura lisa e da inflamação celular inflamatória.” (RODRIGUES,2003, p. 10).
Sendo assim os pacientes com obstrução crônica de vias aérea clinicamente importante
mostram diminuição do volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1) de
aproximadamente 50 a 70 ml por ano, em comparação com diminuição de 20 a 25 ml em
indivíduos normais. Com este ritmo ligeiramente acentuado de piora funcional, seriam
necessários vários anos para a instalação das alterações funcionais importantes que se
observam nestes pacientes. Logo sugerindo que o transtorno começa muitos anos antes de
aparecerem os sintomas clínicos. (ZANCHET; VIEGAS; LIMA, 2005).
Segundo Zanchet, Viegas e Lima (2005), após o aparecimento das manifestações
clínicas, o paciente com DPOC passa a sofrer piora funcional progressiva. O tratamento serve,
primeiramente, para controlar componentes reversíveis ou complicações. A esperança de
impedir a progressão da doença ou mesmo reverter seu curso dependeria de diagnosticá-la
antes de aparecerem os sintomas.
Segundo os mesmos autores, o diagnostico de DPOC deve ser considerado na
presença de tosse, produção de escarro e/ou historia de exposição a fatores de risco para o
desenvolvimento da doença, como tabagismos, poluição ambiental, e exposição ocupacional a
gases ou partículas tóxicas. O diagnostico só é confirmado quando a espirometria alterada.
Silveira (2000), afirma que, é uma doença profundamente traumatizante, nas formas
graves, para o paciente e seus familiares, pois, embora não seja uma doença fatal, cursa com
sofrimento permanente e intensa limitação física.
2.1.2.2 Asma
Segundo o III Consenso Brasileiro no Manejo da Asma (2002), diz que a asma é uma
doença crônica que compromete 10% da população brasileira, ocorrendo por uma interação
entre fatores hereditários e ambientais, havendo uma inflamação crônica das vias aéreas, onde
nas crises os pacientes manifestam falta de ar, tosse, chiado e aperto no peito, podendo
apresentar grande sofrimento e, vir a morrer como conseqüência da doença.
23
a asma é uma doença que começa na infância, onde a grande maioria dos casos tem
início antes dos oitos anos de idade. Até a puberdade, o sexo masculino é afetado duas vezes
mais do que o feminino, sendo que dos 12 aos 14 anos equivalem-se, ocorrendo uma reversão
nos adolescentes e adultos jovens, de modo que na idade adulta as mulheres são mais afetadas
do que os homens. (TARANTINO, 1997).
A asma é uma doença caracterizada por grande variação, em curtos períodos de tempo,
da resistência ao fluxo aéreo. O aumento dessa resistência ao fluxo aéreo pode ocorrer
espontaneamente, como na variação nictemérica ou em resposta a agentes específicos
(alergênicos) ou não específicos (metacolina, histamina etc.). Sendo assim a eliminação ao
fluxo aéreo pode ser revertida espontaneamente ou através de tratamento (broncodilatadores
ou corticóides). (SILVA et al, 2001).
Segundo Silva et al (2001) até algum tempo atrás a asma era considerada uma doença
eminentemente alérgica, hoje se sabe que os asmáticos apresentam outros fatores além da
alergia, e que seus mecanismos são muito diversificados. Sabendo-se então que o que os
pacientes têm em comum é uma relação inflamatória e hiper-responsividade das vias aéreas.
A hiper-reatividade das vias respiratória que os asmáticos apresentam, não é exclusiva
deles. O número de indivíduos com hiper-reatividade excede em muito o de asmático na
população em geral. Em torno de 20% mesmo com espirometria normal e ausência de
diagnóstico prévio, apresentam resposta aos broncodilatadores. (TARANTINO, 1997).
Segundo Silveira (2000), em 1959, Ciba Foundation Study Group definiu a asma
como uma doença crônica caracterizada por uma hiper-responsividade brônquica a estímulos
diversos, resultando em estreitamento difuso das vias respiratórias, com grau de obstrução
variável e reversível espontaneamente ou como resultado do tratamento, em curtos períodos
de tempo. Sendo assim a hiper-responsividade com broncoconstrição era até então o fato mais
importante nesta doença. Hoje se sabe que a asma é uma doença inflamatória crônicas das
vias respiratórias, e este é o fator determinante na sua patogênese, causando hiperresponsividade brônquica e obstrução de vias respiratórias e sua exteriorização clínica.
Estudos epidemiológicos recentes em nosso meio sugerem que a asma é
subdiagnosticada e, portanto, subtratada. Uma das razões poderia ser o fato de os
pacientes tolerarem os sintomas respiratórios sem consultarem um médico, devido a
seu caráter intermitente. (SILVEIRA, 2000, p. 419).
Silveira (2000) afirma que, não existe nenhum sintoma ou sinal patognomônico de
asma, o que acaba dificultando algumas vezes, a identificação da doença que é confundida
24
com diversas formas de bronquite e, conseqüentemente, sendo tratada então de modo
inadequado com antibióticos e antitussígenos.
2.1.2.3 Bronquiectasia
As bronquiectasias-dilatações brônquicas permanentes constituem-se em uma afecção
que é freqüentemente encontrada na clínica pneumológica diária, trazendo consigo expressiva
morbidez. (TARANTINO, 1997).
Segundo o mesmo autor, a bronquiectasia que, no passado, foi uma enfermidade comum, é
atualmente uma doença rara nos países do Primeiro Mundo. Embora possa ser encontrada em
pacientes das mais diversas camadas socioeconômicas, a maioria dos acometidos por esta doença
é formada pela população economicamente menos favorecida, com pouco acesso aos serviços de
saúde e à aquisição de medicamentos. Na maioria das vezes este acesso a serviços especializados
só ocorre quando a doença já atingiu seus estágios mais avançados. Atualmente, estes são,
provavelmente, os principais fatores responsáveis pela incidência elevada de bronquiectasia nos
países em desenvolvimento e do Terceiro Mundo.
De acordo com Neto, Medeiros e Gifoni (2001), a bronquiectasia é uma dilatação
anormal e irreversível de um ou vários segmentos brônquicos, podendo ser localizada ou
difusa. A agressão inicial à via aérea inferior causada por infecção microbiana e a obstrução
brônquica, levando a diminuição do clearance mucociliar e a resposta inflamatória local, tem
sido a razão proposta para explicar o dano à árvore brônquica e a origem da bronquiectasia.
Suas causas são diversas e, em cerca de um a dois terços dos pacientes, não se consegue
identificar a etiologia.
Uma vez estabelecidas as bronquiectasias costumam constituir uma afecção crônica.
Em algumas situações, todavia, definidas dilatações brônquicas observadas no curso
de infecções pulmonares agudas mostram-se reversíveis, desaparecendo com a
melhora da infecção inicial. (TARANTINO, 1997, p. 607).
“Em geral a ocorrência de bronquiectasias mantém correlação direta com o número e
gravidade das infecções respiratórias presentes na comunidade, principalmente entre jovens, e
de modo particular nas crianças.” (TARANTINO, 1997, p. 607).
Segundo Neto, Medeiros e Gifoni (2001), a apresentação clínica é variável e a tríade
clássica de sintomas caracteriza-se por: tosse produtiva crônica com escarro purulento,
infecção respiratória de repetição e hemoptise de pequena ou grande monta. O diagnóstico de
25
bronquiectasia deve ser feito pelos achados clínicos, auxiliada pelo RX simples de tórax e
confirmada por broncografia do pulmão.
Do ponto de vista terapêutico, o manejo dos doentes portadores de bronquiectasias tem
sido tradicionalmente, na maioria das vezes conservador. Ultimamente, entretanto, notam-se
algumas mudanças de atitude no sentido da indicação de um maior número de cirurgias,
especialmente em pacientes adultos jovens. (TARANTINO, 1997).
2.1.2.4 Bronquiolite obliterante
O termo bronquiolite é uma denominação genética para descrever várias doenças
inflamatórias dos bronquíolos. A bronquiolite obliterante com pneumonia em organização
(BOOP) é uma síndrome clínico-patológica caracterizada por fibrose bronquiolar e
peribronquiolar com proliferação intraluminal de tecido conjuntivo que se estende para os
alvéolos, levando limitação ao fluxo aéreo. (ALMEIDA et al, 2002).
Tarantino (1997), diz que a doença pode ser idiopática ou secundária a uma série de
agressões, como por exemplo, pneumonia infecciosa, inalação de gases tóxicos, reações
alérgicas, pneumonia eosinofílica crônica, doença colagenovasculares, vasculites, pneumonia
aspirativa. Na idiopática, a hipótese da doença deve ser levada em conta quando os seguintes
achados forem detectados: 1) início subagudo com tosse, febre e dispnéia; 2) estertores
crepitantes; 3) inflamação bilateral difusa, algumas vezes retículo-nodular; 4) testes de função
pulmonar demonstrando restrição, redução da capacidade de difusão e, ocasionalmente,
hipoxemia; 5) velocidade de sedimentação elevada e proteína C reativa positiva; 6)
celularidade mista no lavado broncoalveolar.
O tratamento com corticóides resulta em remissão completa em dois terços dos
pacientes. O terço restante cursa com doença persistente ou recorrente. Pode haver
remissão espontânea num período de três a seis meses, bem como uma progressão
rapidamente fatal. (TARANTINO, 1997, p. 768).
2.1.3 Distúrbios ventilatórios mistos
Quando a Capacidade Pulmonar Total (CPT) é medida na espirometria, distúrbio
misto estará caracterizado se a mesma se encontra abaixo do nível esperado para a obstrução,
e não abaixo do limite inferior de referência, já que as doenças obstrutivas elevam a CPT. Os
Distúrbios Ventilatórios Combinados (DVC) podem se dever a doença única ou a combinação
26
de doenças. No primeiro caso, situam-se doenças granulomatosas como a sarcoidose,
tuberculose,
granuloma
eosinofílico,
e
outras
como
bronquiectasias,
ICC
e
linfangioleiomiomatose. Na combinação de doenças destaca-se em nosso meio a associação
de tuberculose residual com DPOC. Outras combinações comuns envolvem seqüelas pleurais
com asma e/ou DPOC (PEREIRA, 2002, p.52).
2.2 AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO PULMONAR
Os testes de função pulmonar (TFP) são de grande utilidade para o diagnostico,
estadiamento, orientação terapêutica e acompanhamento dos pacientes. Nos dias atuais, em
que se preocupa documentar, medir e usar critérios definidos para diagnostico e tratamento
das pneumopatias, é fundamental medir as variações funcionais pulmonares de interesse.
(SILVA; RUBIN; SILVA, 2000).
Silva, Rubin e Silva (2000), afirmam que, os testes de função pulmonar (TFP) estão
entre os vários recursos usados para determinar a presença e o grau de incapacidade para o
desenvolvimento de atividades físicas. Distúrbio respiratório e incapacidade não são
sinônimos. Enquanto o primeiro depende estritamente de disfunção pulmonar que pode ser
medida pelos TFP, o segundo refere-se a quaisquer distúrbios que interfiram no desempenho
individual. Os TFP devem caracterizar o tipo, extensão e a causa do distúrbio. Nem sempre
descrevem completamente todos os fatores envolvidos na incapacidade, podendo haver outros
como idade, condição culturais e motivação.
Os mesmos autores falam que, a avaliação do nível de incapacidade causada por
pneumopatia deve incluir dados clínicos, radiograma (ou outra técnica imagética) do tórax e
testes de função pulmonar.
Segundo Silva, Rubin e Silva (2000), é muito útil a quantificação de dispnéia, pois
está é a principal manifestação do distúrbio respiratório. A subjetividade desse sintoma pode
ser um obstáculo à sua valorização. A coexistência de taquipnéia, cianose e padrão
respiratório abdominal podem ser úteis na avaliação do conjunto.
Silva, Rubin e Silva (2000), afirmam que, os testes da função pulmonar devem ser
objetivos e reprodutíveis e também relacionados com a fisiopatologia da desordem em
investigação. As alterações funcionais pulmonares determinadas por desordem respiratórias
crônicas costumam ser irreversíveis e quantitativamente seqüenciais. Um dos testes mais
usado para a avaliação da função pulmonar é a espirometria.
27
2.3 ESPIROMETRIA
“A espirometria é um exame simples e de fácil compreensão, sendo seus resultados
confiáveis e reprodutíveis. Deve ser realizada por um técnico treinado, ficando a supervisão
da sua realização e a interpretação dos seus resultados.” (SILVA; RUBIN; SILVA, 200, p. 15)
A espirometria é um teste que auxilia na prevenção e permite o diagnóstico e a
quantificação dos distúrbios ventilatórios. Ela deve fazer parta da avaliação do paciente que
apresentam sintomas respiratórios ou doença respiratória conhecida. A espirometria é um
exame peculiar que exige a compreensão e colaboração do paciente. Os valores obtidos pela
espirometria devem ser comparados a valores previstos adequados para a população avaliada,
e sua interpretação deve ser feita através dos dados clínicos e epidemiológicos. (SILVA;
RUBIN; SILVA, 2000).
Segundo o I Consenso Brasileiro sobre Espirometria (1996), diz que a mesma é a
medida do ar que entra e sai dos pulmões. Pode ser realizada durante a respiração lenta ou
durante manobras expiratórias forçadas. A espirometria é um teste que auxilia na prevenção e
permite o diagnostico e a quantificação dos distúrbios ventilatórios. È um exame ainda
subutilizado em nosso meio, devendo ser parte integrada da avaliação de paciente com
sintomas respiratórios ou doenças respiratórias conhecidas.
A espirometria (do latim spirare = a respirar + metrum = medida) é a medida do ar
que entra e sai dos pulmões. Pode ser realizada durante respiração lenta ou durante
manobras expiratórias forçadas. A espirometria é um teste que auxilia na prevenção
e permite o diagnostico e a quantificação dos distúrbios vetilatórios. A espirometria
deve ser parte integrada da avaliação de pacientes com sintomas respiratórios ou
doenças respiratórias conhecidas. (PEREIRA, 2002, p. 52).
A espirometria fornece analise dos padrões ventilatórios da grande utilidade na prática
clínico-terapêutica, os quais são classificados em: padrão obstrutivo, misto ou combinado e
restritivo. Ela é um teste de função pulmonar, que analisa quantitativa e qualitativamente a
função ventilatória função diretamente ligada à atuação fisioterápica, sendo que é o exame
complementar de maior utilidade ao fisiodiagnóstico e a elaboração do programa terapêutico.
Sendo assim a espirometria permite ao fisioterapeuta conhecer com detalhes o grau e o tipo de
distúrbio que envolve o sistema respiratório, mensurado com fidelidade a contribuição de
todos os componentes do sistema. (AZEREDO; MACHADO, 2002).
Segundo Silva, Rubin e Silva, (2000), para se obter os dados necessários através da
espirometria, o paciente realiza a seguinte manobra: inspira ate a CPT, e após expira de
28
maneira forçada e rápida ate o VR; após, inspira rapidamente do VR ate a CPT. No inicio do
movimento expiratório, o fluxo chega rapidamente ao máximo possível, este é o pico do fluxo
expiratório e, a seguir, ocorre redução progressiva à medida que se aproxima do VR. Sendo o
fluxo expiratório máximo determinado tanto pela retração elástica pulmonar (diretamente)
como pela resistências das vias aéreas (indiretamente), a partir dos primeiros 20%- 30% da
CVF a curva expiratória seguirá o mesmo curso, independentemente do aumento da força
aplicada (pressão pleural). A curva inspiratória tem formato mais arredondado, pois o fluxo
inspiratório depende, além da permeabilidade das vias aéreas, principalmente da ação contrátil
dos músculos inspiratórios.
Deve-se ressaltar que a espirometria não mede o volume residual (VR), pois este não
é mobilizado nas manobras inspiratórias e expiratórias que medem essencialmente a
capacidade vital (CV). Da mesma forma, a capacidade pulmonar total (CPT)
também não é medida pelo teste espirométrico, pois o volume residual faz parte do
seu calculo (CPT = CV + VR). (SILVA; RUBIN; SILVA, 200, p. 16).
Segundo o I Consenso Brasileiro de Espirometria (1996), diz que a espirometria é um
exame característico em medicina, exigindo assim a compreensão e colaboração do paciente,
equipamentos exatos e empregos de técnicas padronizadas aplicadas por pessoal
especialmente treinado. Sendo que os valores obtidos devem ser comparados a valores
previstos adequados para a população avaliada. Sua interpretação deve ser feita à luz dos
dados clínicos e epidemiológicos.
Ramos et al (2003) afirma que a espirometria ou prova da função pulmonar é um
exame laboratorial auxiliar de propedêutica química e que detecta os volumes pulmonares e
os fluxos expiratórios em função do tempo. O volume corrente “(Vt)”, a capacidade vital
forçada (CVF) - mais precisa que a capacidade vital – o volume expiratório forçado em 1
segundo (VEF1) e a ventilação volumétrica máxima (VVM) são facilmente mensuráveis.
Outras variáveis: capacidade pulmonar total (CPT), CRF, volume residual (VR) e volume de
oclusão, necessitam de aparato tecnológico avançado de difícil inclusão na pratica clinica
diária.
2.3.1 Definições e símbolos usados na avaliação espirométrica
Segundo o I Consenso Brasileiro de Espirometria (1996), as definições e símbolos
usados na avaliação espirometria são essas que seguem abaixo.
29
Capacidade vital (CV): representa o maior volume de ar mobilizado, podendo ser
medido tanto na inspiração quanto na expiração. Essa grandeza é expressa em litros nas
condições de temperatura corporal de (37C), pressão ambiente e saturado de vapor de água
(BTPS).
Capacidade vital forçada (CVF): representa o volume máximo de ar exalado com
esforço máximo a partir do ponto de máxima expiração. Esta grandeza é expressa em litros
(BTPS).
Volume expiratório forçado no tempo (VEFt): representa o volume de ar exalado num
tempo especificado durante a manobra de CVF; por exemplo VEF1 é o volume de ar exalado
no primeiro segundo da manobra de CVF. Esta grandeza é expressa em litros (BTPS).
Fluxo máximo expiratório (FEFmáx): representa o fluxo máximo de ar durante a
manobra de capacidade vital forçada. Esta grandeza também é denominada de pico de fluxo
expiratório (PFE). Esta grandeza é expressa em litros/segundo (BTPS).
Fluxo (FEFx ou FIFx): representa o fluxo expiratório ou inspiratório forçado
instantâneo relacionado a um volume do registro da manobra de CVF. Esta grandeza é
expressa em litros/segundo (BTPS).
Fluxo expiratório forçado (FEFx-y%): representa o fluxo expiratório forçado médio
de um segundo obtido durante a manobra de CVF. Esta grandeza é expressa em litros/segundo
(BTPS).
Tempo de expiração forçada (TEF): tempo decorrido entre os momentos escolhidos
para “inicio” e “termino” da manobra de CVF. Esta grandeza é expressa em segundos.
Tempo expiratório forçado médio (TEFx-y%): representa o tempo expiratório forçado
médio de um segmento, obtido durante a manobra de CVF; por exemplo TFE25-75% é o
tempo expiratório forçado médio entre 25 e 75% da CVF. Esta grandeza é expressa em
segundos.
Ventilação volumétrica máxima (VVM): representa o volume Maximo de ar ventilado
em um período de tempo por repetidas manobras respiratórias forçadas. Esta grandeza é
expressa em litros/minuto (BTPS).
Espirômetros de volumes: são equipamentos destinados a medir volumes e fluxos a
partir de um sinal primário de volume.
Espirômetros de fluxos: são equipamentos destinados a medir volume e fluxo a partir
de um sinal primário de fluxo.
2.3.2 Análise conjunta dos padrões espirométricos
30
Segundo os autores, Silva et al (2001); Silva, Rubin e Silva (2000), a analise conjunta
dos padrões espirométricos é feita da seguinte maneira:
- Distúrbio Ventilatório Obstrutivo (DVO): O padrão VEF1 caracteriza-se por redução
dos fluxos expiratórios em relação ao volume pulmonar expirado respectivo. Quando a CVF
for normal, sem duvida trata-se de DVO. A relação VEF1/CVF está sempre diminuída. Em
distúrbios obstrutivos iniciais, o VEF1 pode estar normal, mas a via aérea periférica já estará
comprometida, o que pode ser observado pela alteração no FEF25 - 75% e na relação
VEF1/CVF. A quantificação da doença é feita normalmente pelo valor do VEF1.
- Distúrbio Ventilatório Restritivo (DVR): Caracteriza-se pela redução da CPT. Na
pratica a CVF é a variável usada como identificador do distúrbio restritivo. A relação
VEF1/CVF costuma ser normal ou aumentada. A CVF pode estar reduzida por outras causas:
a) manobras de CVF interrompidas precocemente, b) fechamento das vias aéreas por fatores
obstrutivos e c) coexistência de fatores obstrutivos e restritivos. Quando a CVF ou a CVL
forem normais, antes ou após o broncodilatador, fica afastada doença restritiva. A
quantificação do DVR é relacionada ao valor da CVF.
- Distúrbio Ventilatório Misto (DVM): há queda de VEF1 e da CVF, porem a
diferença porcentual entre ambos é menor do que encontrada nos DVO. Para diagnostico
preciso desta alteração é necessário medir a capacidade pulmonar total (CPT). Se não for
possível, na presença de DVO com CVF reduzida, a diferença entre os valores percentuais
previstos para CVF e para VEF1 deve ser calculada antes do bronco dilatador. Sendo > ou = a
25%, o distúrbio poderá ser caracterizado simplesmente como obstrutivo. Sendo < ou = a 12%
será considerado DVM. Sendo entre 13 e 24%, trata-se de DVO com CVF reduzida.
- Distúrbio Ventilatorio Inespecífico: quando a CVF e o VEF1 estiverem reduzidos,
porem com a CPT normal. Este achado pode ocorrer em casos de asma com oclusão precoce
das vias aéreas.
- Quantificação da Gravidade: classificamos os distúrbios ventilatorios obstrutivos e
restritivos em três graus: leve, moderado e severo. Enquanto nos distúrbios obstrutivos a
referencia para a classificação é o VEF1, nos restritivos é a CVF. A relação VEF1/CVF (%)
pode ser utilizada conjuntamente com o VEF1 porcentual para graduar o DVO, considerandose em caso de discordância a classificação pelo mais anormal. Ambas devem ser analisadas
considerando-se seus percentuais em relação ao valor previsto.
- Resposta ao broncodilatador: é observada após a administração de BD beta-2adrenérgico de curta duração (por exemplo, 400mg fenoterol ou salbutamol ou terbutalina),
sendo a resposta imediata 10 a 15 minutos após. Se a espirometria pré-bronco dilatador
31
apresenta padrão obstrutivo, considera-se a presença de resposta ao bronco dilatador (BD)
quando o VEF1 aumentar pelo menos 200 ml e 7% em relação ao previsto, ou houver um
aumento na CVF superior a 35 ml. Caso não haja obstrução considera-se presente a resposta
ao bronco dilatador quando houver aumento no VEF1 superior a 10% (em relação ao valor
previsto) ou aumento no VEF1 superior a 300 ml. Se após o BD, normalizar-se a CVF, excluise distúrbio restritivo ou misto.
2. 4 REABILITAÇÃO PULMONAR
A estratégia utilizada pela reabilitação pulmonar (RP) é integrar-se ao manejo clinico e
à manutenção da estabilidade clinica dos portadores de doença pulmonar obstrutiva crônica
(DPOC), principalmente em pacientes que, mesmo com tratamento otimizado, continuam
sintomáticos e com diminuição de sua funcionalidade. (RODRIGUES, 2003).
Rodrigues (2003), afirma que, os objetivos da reabilitação pulmonar (RP) são: redução
dos sintomas, redução da perda funcional causada pela doença pulmonar e otimização das
atividades físicas e sociais, traduzidas em melhora da qualidade de vida. Em outras palavras
proporcionar ao paciente a maximização e a manutenção da independência funcional, que
podem ser somadas a um maior conhecimento sobre a sua doença, maior envolvimento do
paciente no seu processo de reabilitação e menor custo financeiro. Essas finalidades são
alcançadas por meio de processo que incluem exercícios físicos, educação do paciente e de
seus familiares, intervenção psicossocial e contextual. Sendo que a intervenção pela RP visa
atender aos problemas e as queixas de cada paciente.
De acordo com Galvez DS. et al (2007), a reabilitação pulmonar é hoje uma das
formas coadjuvantes no tratamento de pacientes com doenças pulmonares, retirando-os de um
estado de inatividade e inserindo-os em um programa de atividade física. Reabilitação
pulmonar é definida como um programa dirigido a pacientes com doença pulmonar crônica e
seus familiares, desenvolvido por uma equipe multiprofissional especializada, promovendo
um tratamento individualizado, prescrito e designado a otimizar a performance física,
promovendo a autonomia funcional e social do paciente com limitação respiratória.
Segundo os mesmos autores, os pacientes que realizam os programas de reabilitação
pulmonar têm mudanças psicológicas positivas, melhoram as habilidades funcionais,
aumentam a motivação para os exercícios e conseqüentemente melhoram sua qualidade de
vida.
32
2.4.1 Exercício físico supervisionado
O paciente portador de doença pulmonar obstrutiva crônica diminui sua atividade
física global devido à piora progressiva da função pulmonar, que manifestada por dispnéia
percepção de cansaço ao realizar qualquer forma de esforço físico. O progressivo
descondicionamento físico associado à inatividade da inicio a um circulo vicioso em que piora
a dispnéia se associada a esforços físicos cada vez menores, com grave comprometimento da
qualidade de vida. (RODRIGUES; VIEGAS; LIMA, 2002).
Segundo os mesmos autores, a estratégia utilizada pela reabilitação pulmonar (RP) é
integrar-se ao manejo clinico e a manutenção da estabilidade clinica dos portadores de
doenças pulmonares, principalmente nos pacientes que, mesmo com o tratamento clinico
otimizado permanecem sintomáticos e com diminuição de sua função física e social.
Segundo Dourado e Godoy (2004), a intolerância ao exercício é manifestação comum
em pacientes com doenças pulmonares. Este fato já foi atribuído exclusivamente ao distúrbio
respiratório que esses indivíduos apresentam; entretanto, tem-se observado que a disfunção
muscular esquelética periférica é fator importante para a diminuição da capacidade para
realizar exercícios nessa população. Muitos pacientes com doenças pulmonares queixavam-se
de fadiga dos membros inferiores durante a prova de esforço máximo, no entanto, relatarem
dispnéia como fator limitante do desempenho.
A função ventilatória dos pacientes com doenças pulmonares pode ser melhorada
apenas discretamente por terapias clinicas, o condicionamento físico tem papel fundamental
com a finalidade de reduzir a demanda respiratória e a sensação de dispnéia. Sendo assim,
quando comparado com outros tipos de tratamentos, com broncodilatadores ou teofilina oral,
o exercício físico está associado á melhora mais significativa da qualidade de vida e da
capacidade funcional. (DOURADO; GODY, 2004).
Segundo Mcardle, Katch e Katch (2003), objetivo do treinamento com exercícios
constitui as adaptações estruturais e funcionais das quais aprimoram o desempenho em tarefas
especificas. Essas adaptações tornam necessária a união aos programas minuciosamente
planejados, com a atenção focada na freqüência e na duração das sessões de trabalho, tipo de
treinamento, velocidade, intensidade, duração e repetição da atividade, intervalos de repouso.
A aplicação desses fatores varia, dependendo do desempenho e dos objetivos em termos de
capacidade de cada indivíduo.
Dourado e Godoy (2004), afirmam que há atualmente, grande número de terapias úteis
no processo de reabilitação de indivíduos com doenças respiratórias. Entre elas podem ser
33
citadas então: a oxigenoterapia, os exercícios resistidos para musculatura respiratória, à
suplementação de esteróides anabolizantes, a suplementação de creatina e a estimulação
elétrica neuromuscular (EENM). Contudo há evidencias de que o exercício físico é a conduta
mais efetiva na reabilitação pulmonar. Sendo então associado a qualquer outro tipo de terapia,
o exercício físico pode aumentar significativamente a capacidade física e a qualidade de vida
desses pacientes.
34
3 DELINEAMENTO DA PESQUISA
Segundo Gil (1999, p. 64), “[...] o delineamento refere-se ao planejamento da
pesquisa em sua dimensão mais ampla, envolvendo tanto a sua diagramação quanto à previsão
de análise e interpretação dos dados. Entre outros aspectos, o delineamento considera o
ambiente em que são coletados os dados, bem como as formas de controle das variáveis
envolvidas.”
3.1 TIPO DE PESQUISA
Este trabalho foi desenvolvido baseando-se na pesquisa do tipo descritiva quanto ao
nível, quantitativa quanto à abordagem e estudo documental quanto ao procedimento de coleta
de dados.
Segundo Gil (1999) as pesquisas descritivas têm como objetivo primordial à descrição
das características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações
entre variáveis.
Köche (1997) afirma que este tipo de pesquisa estuda as relações entre duas ou mais
variáveis de um dado fenômeno, porém sem manipulá-las.
Esta foi uma pesquisa descritiva, pois descreveu as características da amostra e as
relações entre as variações espirométricas, sem manipulá-las.
Esta pesquisa é do tipo quantitativa, pois trabalhou com valores numéricos, e também
porque os resultados encontrados na avaliação espirométrica passaram por uma análise
estatística.
Segundo Gil (1999), é caracterizado como documental, pois o estudo utilizou de fontes
primárias, e não exigiu contato com o sujeito da pesquisa.
3. 2 POPULAÇÃO/AMOSTRA
A população da referente pesquisa foi constituída pelos pacientes atendidos na
Clínica-escola de Fisioterapia da Universidade do Sul de Santa Catarina-UNISUL, campus
Tubarão, obtida na base de dados das avaliações espirométricas entre o período de outubro de
2005 a setembro de 2007.
35
A amostra foi compreendida por 8 pacientes atendidos pelo estágio supervisionado de
fisioterapia cardiopulmonar da Clínica Escola de Fisioterapia, da UNISUL, campus
Tubarão/SC. Onde o programa de exercícios supervisionados são realizados pelos acadêmicos
que estão no estágio da disciplina de cardiopneumo na Clínica Escola, sendo o protocolo de
programa de exercícios supervisionados realizados: Treinamento aeróbico em bicicleta ou
esteira ergométrica na intensidade de 70% da freqüência cardíaca máxima (correspondendo a
40% do tempo total do atendimento); Alongamento geral (correspondendo a 20% do tempo
total do atendimento); Fortalecimento muscular (correspondendo a 20% do tempo total do
atendimento); Exercícios respiratórios (correspondendo a 20% do tempo total do
atendimento). Com freqüência de duas a três vezes por semana com duração de cinqüenta
minutos.
As avaliações espirométricas foram realizadas pelos estagiários que estavam
cursando na disciplina no período entre outubro de 2005 a setembro de 2007.
Foram selecionados os melhores laudos espirométricos (de acordo com as diretrizes de
testes de função pulmonar descritos por Rubin, 2002), dos pacientes que realizaram as
avaliações entre os períodos:
- Outubro de 2005 a março de 2006;
- Abril de 2006 a setembro de 2006;
- Outubro de 2006 a março de 2007;
- Abril de 2007 a setembro de 2007.
Os critérios de inclusão para o estudo foram os seguintes: ter diagnóstico de
pneumopatia crônica; serem atendidos na “Clinica Escola de Fisioterapia”, da Universidade
do Sul de Santa Catarina-UNISUL na cidade de Tubarão, ter realizado no mínimo uma
espirometria em cada período.
3. 3 INSTRUMENTOS UTILIZADOS NA COLETA DE DADOS
Para a realização deste trabalho, foi utilizado o banco de dados obtidos pelo
espirômetro da marca MULTISPIRO sensorTM, analisado pelo software SX 252.
3. 3. 1 Espirômetro
Para realização da espirometria era feita a calibração do Espirômetro com a seringa da
marca MULTISPIRO sensorTM padrão 3 litros, além da aquisição dos dados de identificação
36
(nome, idade, altura, gênero, sexo, etnia). Os dados da identificação dos pacientes foram
utilizados como parâmetros para o valor previsto, analisados pelo software versão SX 252.
Figura 1: Espirômetro multispiroTM sensor
Fonte: autor
3. 4 PROCEDIMENTO DE COLETA DE DADOS
A técnica da avaliação espirométrica foi realizada de acordo com as diretrizes de teste
de função pulmonar descrita por Rubin (2002), sendo o teste realizado com o paciente
sentado, seguindo os passos: colocação do clipe nasal e acoplamento dos lábios ao bocal do
espirômetro. Após uma inspiração máxima, era solicitado que o paciente realizasse, sem
interrupção, uma expiração completa, rápida e forçada, seguida de uma inspiração máxima. O
teste é repetido até serem obtidas três curvas reprodutíveis, considerando-se satisfatório
quando a forma da curva é adequada, ou seja, quando é obtido o pico expiratório inicial mais
elevado possível, seguindo de queda homogênea de fluxos.
Avaliaram-se os valores espirométricos absolutos e percentuais previstos, coletados
através dos laudos espirométricos dos seguintes parâmetros:
- Capacidade vital forçada (CVF);
- Volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1);
37
- Relação entre o volume expiratório forçado no primeiro segundo e a capacidade vital
forçada (VEF1/ CVF);
- Pico de fluxo expiratório (PFE);
- Fluxo médio expiratório forçado 25% à 75% da capacidade vital forçada (FEF25-75%).
Foram impressas as avaliações espirométricas dos 8 pacientes que preencheram
os critérios de inclusão citados anteriormente.
3. 5 TRATAMENTO DOS DADOS
Os resultados obtidos foram tratados através de média, desvio padrão e coeficiente de
variação. Os dados foram expostos através de quadros e gráficos.
3. 6 ASPECTOS ÉTICOS
O projeto foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade
do Sul de Santa Catarina (CEP-UNISUL) recebendo parecer de aprovação 07. 117. 4. 08 no
dia 19 de abril de 2007.
38
4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS E ANÁLISE DOS DADOS
O presente capítulo demonstra os resultados obtidos neste estudo, e posteriormente sua
discussão. Os dados serão apresentados e discutidos conforme as variações das avaliações
espirométricas dos pneumopatas em estudo. Os dados gerais da amostra dos pacientes, com
idade média de 47,33 ± 21,5 anos composta de 6 mulheres e 2 homens, constam no quadro 1.
Idade
Gênero
Diagnóstico
Disfunção
Pulmonar
Indivíduo 1
48
Feminino
DPOC
Obstrução
Grave
Indivíduo 2
43
Feminino
Bronquiolite Obliterante
Obstrução
Grave
Indivíduo 3
72
Feminino
DPOC/Asma
Obstrução
Moderada
Indivíduo 4
56
Masculino
DPOC
Misto
Moderado
Indivíduo 5
48
Feminino
Fibrose Pulmonar Idiopática
Restrição
Moderada
Indivíduo 6
65
Feminino
DPOC
Misto
Moderado
Indivíduo 7
62
Masculino
DPOC
Obstrução
Leve
Indivíduo 8
33
Feminino
DPOC/Asma/Bronquiectasia
Obstrução
Moderada
Quadro 1 – Demonstração da amostra de acordo com idade, gênero, diagnóstico e disfunção
ventilatória.
Fonte: autora.
Através dos laudos espirométricos obteve-se a média e desvio padrão dos valores
previstos, em cada uma das quatro avaliações, de cada um dos cincos parâmetros e
apresentando também a media e desvio padrão geral desses parâmetros.
Os resultados referentes às quatro avaliações espirométricas realizadas pelos oito
pacientes são demonstrados no quadro 2 e no gráfico 1.
39
CVF
VEF1
VEF1/CVF
PFE
FEF25-75
AVALIAÇÃO 1
59,94 ± 22,51
42,73 ± 16,75
71,71 ± 15,89
54,74 ± 19,94
22,56 ± 15,32
AVALIAÇÃO 2
58,73 ± 21,49
45,49 ± 16,89
78,01 ± 13,13
67,48 ± 26,06
26,81 ± 15,26
AVALIAÇÃO 3
61,24 ± 21,93
46,17 ± 16,4
76,93 ± 16,94
55,41 ± 11,4
26,16 ± 14,15
AVALIAÇÃO 4
62,38 ± 18,19
46,76 ± 15,23
75,24 ± 13,07
61,53 ± 15,54
25,72 ± 14,01
Média geral
60,64± 2,30
45,27±1,79
74,43± 2,78
59,79± 5,96
25,31±1,89
Quadro 2 – Média e desvio padrão dos valores percentuais previstos obtidos nas avaliações
espirométricas.
Fonte: autora.
90,00
80,00
% do Previsto
70,00
CVF
60,00
VEF1
50,00
VEF1/CVF
40,00
PFE
30,00
FEF25-75
20,00
10,00
0,00
AVALIAÇÃO 1
AVALIAÇÃO 2
AVALIAÇÃO 3
AVALIAÇÃO 4
Gráfico 1 – Média dos valores percentuais previstos obtidos nas avaliações espirométricas.
Fonte: autora.
Em relação à capacidade vital forçada (CVF), o coeficiente de variação observado foi
3,7%.
De acordo com Costa (1999), capacidade vital forçada (CVF), é o volume de ar que
pode ser expirado, tão rápido e completamente possível, após uma expiração profunda
máxima. Silva; Rubin e Silva (2000), afirmam que, as principais variáveis espirométricas são
obtidas pela manobra da CVF.
O gráfico 2 ilustra através da média geral, média e desvio padrão dos valores
percentuais do previsto algumas medidas de variabilidade desse parâmetro.
40
90,00
80,00
% do Previsto
70,00
60,00
50,00
CVF
40,00
MÉDIA GERAL
30,00
20,00
10,00
0,00
AVALIAÇÃO 1 AVALIAÇÃO 2 AVALIAÇÃO 3 AVALIAÇÃO 4
Gráfico 2 – Média geral, média e desvio padrão dos valores percentuais previstos da CVF
obtidos nas avaliações espirométricas.
Fonte: autora.
Quanto ao volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1), o coeficiente de
variação obtido foi 4%.
Volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1) é o volume máximo que um
indivíduo consegue expirar no primeiro segundo de uma expiração máxima. Esse valor
exprime o fluxo aéreo da maior parte das vias aéreas, sobretudo as de maior calibre. (COSTA,
1999).
Estudo realizado por Upton MN. et al (2000), que relatou as deficiências na qualidade
de mensuração da função pulmonar encontrou coeficientes de variação de 3%, tanto para a
VEF1 quanto para a CVF.
Segundo Silva, Rubin e Silva (2000), o VEF1 varia em estrita correlação com a CVF,
medindo preferencialmente o fluxo das vias aéreas de grosso e médio calibres. Pela
simplicidade de sua obtenção, pela sua reprodutibilidade e pelas suas características, é o
parâmetro mais usado para avaliação do fluxo expiratório nas doenças obstrutivas (asma e
DPOC).
Trabalhos realizados por Gabriel Sánchez R. (1997); Paul L. Enright et al (2004),
demonstraram que a variabilidade atribuível aos parâmetros espirométricos foram encontradas
em CVF e VEF1. Sendo que pacientes com moderada à grave disfunção da função pulmonar,
medida pelo VEF1, exibiram maior variabilidade, quando expressa em termos de
percentagem, comparada com pacientes com função pulmonar normais.
Estudos realizados por Herpel LB. et al (2006), contataram que, as mudanças na VEF1
são utilizadas para determinar se os doentes com doenças pulmonares tem melhorado ou
41
piorado seu quadro clinico entre os testes de espirometria. Estudos anteriores sugeriram que
os pacientes com DPOC podem ter uma maior variabilidade dentre os testes sessões de
espirometria do que os indivíduos com funções pulmonares normais.
O gráfico 3 demonstra através da média geral, média e desvio padrão dos valores
percentuais do previsto algumas medidas de variabilidade desse parâmetro.
70,00
% do Previsto
60,00
50,00
40,00
VEF1
30,00
MÉDIA GERAL
20,00
10,00
0,00
AVALIAÇÃO 1 AVALIAÇÃO 2 AVALIAÇÃO 3 AVALIAÇÃO 4
Gráfico 3 – Média geral, média e desvio padrão dos valores percentuais previstos do VEF1
obtidos nas avaliações espirométricas.
Fonte: autora.
O coeficiente de variação do índice de Tiffeneau (VEF1/CVF), em nossa pesquisa foi
3,6%
Segundo Costa (1999), o índice de Tiffeneau (VEF1/CVF): significa o resultado da
fração que representa o VEF1 em relação à CVF, sendo que esse valor deverá estar de 68% à
80% da CVF. A maioria literatura sobre esse item tem adotado o percentual de 80% como
referencial para a normalidade; baixo disso, considera-se que há deficiência obstrutiva.
O gráfico 4 expõe através da média geral, média e desvio padrão dos valores
percentuais do previsto algumas medidas de variabilidade desse parâmetro.
42
100,00
90,00
% do Previsto
80,00
70,00
60,00
VEF1/CVF
50,00
MÉDIA GERAL
40,00
30,00
20,00
10,00
0,00
AVALIAÇÃO 1 AVALIAÇÃO 2 AVALIAÇÃO 3 AVALIAÇÃO 4
Gráfico 4 – Média geral, média e desvio padrão dos valores percentuais previstos da
VEF1/CVF obtidos nas avaliações espirométricas.
Fonte: autora.
Com relação ao pico de fluxo expiratório (PFE) observou-se que o coeficiente de
variação foi de 10%.
Segundo Silva; Rubin e Silva (2000), o pico de fluxo expiratório (PFE): é o fluxo
correspondente ao extremo superior da curva expiratória, devendo ser obtido por um esforço
máximo e explosivo inicial. A medida do PFE depende estritamente do esforço realizado e
que não terá valor se a técnica não for adequada. Como reflete o calibre das vias aéreas
proximais na fase precoce da expiração, pode ser normal ou pouco alterado, mesmo em casos
de obstrução acentuada, o que pode tornar pouco sensível sua medida para avaliar a
variabilidade do fluxo, a monitoração do grau de obstrução e a resposta ao tratamento.
Estudos realizados por Hegewald MJ. et al (2007), relataram que o pico de fluxo
expiratório (PFE) e VEF1, são medidas espirométricas utilizadas para diagnosticar e controlar
doenças pulmonares. Esses estudos mostram também que a variabilidade do PFE está
associada à correspondente da variabilidade na VEF1 durante uma única sessão teste e que
PFE tem um maior grau de variabilidade intrínseca do que VEF1 e alterações na PFE não têm
um efeito significativo sobre VEF1.
O gráfico 5 explicita através da média geral, média e desvio padrão dos valores
percentuais do previsto algumas medidas de variabilidade desse parâmetro.
43
100,00
90,00
% do Previsto
80,00
70,00
60,00
PFE
50,00
MÉDIA GERAL
40,00
30,00
20,00
10,00
0,00
AVALIAÇÃO 1 AVALIAÇÃO 2 AVALIAÇÃO 3 AVALIAÇÃO 4
Gráfico 5 – Média geral, média e desvio padrão dos valores percentuais previstos do PFE
obtidos nas avaliações espirométricas.
Fonte: autora.
Em relação ao fluxo expiratório forçado entre 25 à 75% (FEF25-75%) o coeficiente de
variação foi de 7,5%.
Segundo Costa (1999), fluxo expiratório forçado médio (FEF25%-75%), é o fluxo médio
de ar que ocorre no intervalo entre 25% e 75% da CVF. Esta tem sido considerada uma das
mais importantes medidas de fluxos na avaliação de permeabilidade das vias aéreas, por
representar a velocidade com que sai o ar exclusivamente dos brônquios. Estima-se que neste
momento da expiração o ar que estava contido nas vias aéreas superiores e laringe já tenha
saído. Segundo Silva, Rubin e Silva (2000), dividindo-se a CVF em quarto partes, obtém-se o
FEF25%-75% desprezando-se a primeira e a última. Seu valor normal varia bastante, sendo o
limite inferior situado entre 60% e 65% do previsto. Se o VEF1 e a relação VEF1/CVF
estiverem reduzidos, já esta caracterizado a presença de obstrução. A variabilidade do seu
valor normal é bem ampla, considerando-se ainda dentro da normalidade uma redução até a
faixa de 60%-65% do previsto. Se o FEF25%-75% tiver valor superior a 1,5 e a CVF for normal,
considera-se que os fluxos são “supra normais”, o que pode ser indício de doença restritiva
incipiente.
O gráfico 6 mostra através da média geral, média e desvio padrão dos valores
percentuais do previsto algumas medidas de variabilidade desse parâmetro.
44
45,00
40,00
% do Previsto
35,00
30,00
25,00
FEF25-75
20,00
MÉDIA GERAL
15,00
10,00
5,00
0,00
AVALIAÇÃO 1 AVALIAÇÃO 2 AVALIAÇÃO 3 AVALIAÇÃO 4
Gráfico 6 – Média geral, média e desvio padrão dos valores percentuais previstos do FEF25-75
obtidos nas avaliações espirométricas.
Fonte: autora.
Em geral podemos observar que houve pouca variação dos parâmetros espirométricos.
A maior variabilidade foi, de acordo com nosso estudo, atribuída ao pico de fluxo expiratório
(PFE), atingindo o coeficiente de variação de 10%. Contudo vários estudos mostram que
indivíduos portadores de pneumopatias crônicas não apresentam melhora significativa de sua
função pulmonar, quando engajados em programas de reabilitação pulmonar.
Estudos realizados por Zanchet, Viegas e Lima (2005); Galvez DS. et al (2007);
Rodrigues, Viegas e Lima (2002); Kunikoshita LN. et al (2006), comentam que programas
bem direcionados de RP promovem melhora na habilidade de realização das atividades
cotidianas e na capacidade de realizar exercícios. Reduzem os sintomas respiratórios, a
ansiedade e os sintomas depressivos dos pacientes, promovendo melhora na capacidade
funcional de exercício e na qualidade de vida. Diminuem a dispnéia, a freqüência e duração
das internações, além de reduzir a freqüência das exacerbações. A RP consegue quebrar o
ciclo vicioso das doenças crônicas, porém não altera a função pulmonar desses pacientes, não
beneficia o paciente no seu quadro de obstrução ao fluxo de ar, mas auxilia-o, diminuindo as
deficiências e disfunções sistêmicas conseqüentes aos processos secundários da doença
pulmonar.
45
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A avaliação da função pulmonar é largamente utilizada como medida de classificação,
prognóstico e tratamento das doenças respiratórias crônicas. Em nosso estudo, procuramos
relacionar as medidas espirométricas em termos de variabilidade em pacientes que realizavam
exercício físico supervisionado.
Como resultados, observamos uma maior variabilidade no pico de fluxo expiratório,
corroborada pela literatura como maior parâmetro de variação. No entanto, encontramos um
número mínimo de estudos que relacionassem reabilitação pulmonar e variabilidade
espirométrica. Outras poucas pesquisas relacionavam apenas a capacidade vital forçada e o
volume expiratório forçado no primeiro segundo como medidas de variação.
Em geral, verificamos que pneumopatas crônicos que praticam exercício físico
supervisionado regularmente, apresentam discreta variação em sua função pulmonar.
Como sugestão para outras pesquisas, uma maior amostragem e mais avaliações
comparativas seriam de grande valia na detecção de alterações ventilatórias que, talvez,
passaram despercebidas em nosso trabalho.
46
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