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Um estudo bibliográfico sobre a fisioterapia respiratória em crianças vítimas de
queimaduras
A bibliographical study on respiratory therapy in children burn victims
Nayara Marques1, Giulliano Gardenghi2
Resumo
Introdução: Queimaduras são lesões traumáticas resultantes de um efeito térmico, químico,
elétrico ou radioativo principalmente sobre a pele, podendo acometer órgãos internos como
os pulmões. Estatisticamente representam a terceira causa de óbito por trauma em
diferentes idades e a segunda em menores de quatro anos. O tratamento de vitimas de
queimaduras independe da faixa etária e requer necessariamente atenção multidisciplinar,
neste aspecto a intervenção fisioterapêutica atua tanto na redução das seqüelas quanto na
melhoraria da qualidade de vida dos mesmos. Objetivo: Verificar os benefícios da
fisioterapia respiratória no tratamento de vítimas de queimaduras, principalmente em
crianças. Metodologia: Pesquisa bibliográfica, retrospectiva e descritiva, realizada com
base em leitura reflexiva e crítica de estudos e pesquisas publicados entre os anos 2000 a
2016. Resultados/Considerações finais: É de grande importância a avaliação contínua das
condições e evolução do paciente, visando tomar as decisões mais coerentes e necessárias,
mediante avaliações diárias durante todo o processo terapêutico.
Descritores: Queimaduras; Crianças; Lesões Pulmonares; Fisioterapia Respiratória.
Abstract
Introduction: Traumatic lesions are burns resulting from heat, chemical, electric or
radioactive effect mainly on the skin can affect internal organs as the lungs. Statistically
they represent the third cause of death by trauma at different ages and the second in less
than four years. The treatment of burn victims is independent of age and necessarily
requires multidisciplinary attention in this respect the physical therapy intervention acts
both in reducing sequelae and in improve the quality of life of the same. Objective: To
assess the benefits of respiratory therapy in the treatment of burn victims, especially
children. Methodology: Literature search, retrospective and descriptive, carried out based
on reflective and critical reading of studies and research published between 2000 to 2016.
Results/Final Considerations: It is of great importance to continuing evaluation of the
condition and progress of the patient, aiming to take the most consistent and necessary
decisions by daily assessments throughout the therapeutic process.
Key words: Burns; Children; Lung injury; Respiratory fisioterapy.
1. Graduada em Fisioterapia pela Universidade de Rio Verde – Fesurv, Rio Verdo/GO –
Brasil. Especialista em Fisioterapia Pediátrica e Neonatal da UTI à Reabilitação pelo Ceafi
Pós-graduação, Goiania/GO.
2. Fisioterapeuta, Doutor em Ciências pela FMUSP, Coordenador Científico do Serviço de
Fisioterapia do Hospital ENCORE/GO, Coordenador Científico do CEAFI Pósgraduação/GO e Coordenador do Curso de Pós-graduação em Fisioterapia Hospitalar do
Hospital e Maternidade São Cristóvão, São Paulo/SP – Brasil
2
Introdução
O paciente queimado deve ser considerado um politraumatizado que necessita de
tratamento especializado e ampliado. A intervenção fisioterapêutica em pacientes vítimas de
queimaduras é de extrema importância tanto que se refere à diminuição das seqüelas
deixadas pela lesão, quanto na melhora da qualidade de vida dos mesmos.
As queimaduras são lesões que danificam os tecidos corporais e acarreta a morte
celular, podendo ser considerada um agravo significativo à saúde pública no Brasil devido à
alta incidência, principalmente em crianças e idosos. No Brasil, em 2006, foram
hospitalizadas 16.573 crianças e adolescentes menores de 15 anos devido a lesões por
queimaduras, representando 14% de todas as internações por causas externas nesta faixa
etária. As principais causas de queimaduras deste grupo estão relacionadas a ocorrências
acidentais em ambiente doméstico, sendo as escaldaduras ou lesões por líquidos aquecidos,
os principais agentes responsáveis por este tipo de trauma¹.
As queimaduras representam a terceira causa de óbito por trauma em diferentes
idades e a segunda em menores de quatro anos, tendo na maioria dos casos, uma ocorrência
acidental². É considerado um trauma de grande complexidade e de difícil tratamento com
alta taxa de morbidade e mortalidade³.
O principal órgão acometido pelas queimaduras é a pele, no entanto órgãos internos
como os pulmões também são bastante atingidos, principalmente em virtude da inalação
tóxica de fumaça. A pneumonia e a síndrome do desconforto respiratório agudo são as
principais e mais graves complicações pulmonares em pacientes vítimas de queimaduras4.
Independente da faixa etária, as queimaduras podem causar hiperemia restrita à área
queimada, alterações celulares e imunológicas decorrentes do insulto e o envolvimento das
vias respiratórias. O dano pulmonar provocado pela queimadura resulta de trauma direto do
processo inflamatório, aumento do líquido extravascular pulmonar e da inalação do ar
superaquecido e tóxico4.
A pneumonia em pacientes vítimas de queimaduras caracteriza-se pelo prejuízo no
transporte mucociliar que acarreta acúmulo de secreção, no qual predispõe o indivíduo à
invasão da árvore traqueobrônquica por microorganismos, bem como a imunossupressão
3
generalizada. Já a síndrome do desconforto respiratório agudo apresenta complicações
pulmonares mais graves, associando-se a altos índices de mortandade e que segundo o
Consenso Europeu — Americano, a síndrome do desconforto respiratório agudo é
diagnosticada na presença de infiltrado pulmonar bilateral ao RX de tórax, PaO2/FiO2 <=
200, e pressão de oclusão da artéria pulmonar (POAP) < 18 mmHg4.
A lesão inalatória resultante do processo inflamatório das vias aéreas após a inalação
de gases tóxicos e produtos incompletos da combustão, é responsável pela mortalidade de
até 77% dos pacientes queimados5.
Sendo as lesões no sistema respiratório as mais graves complicações em vítimas de
queimaduras, o interesse pelo assunto está diretamente relacionado ao fato de que a
fisioterapia respiratória pode contribuir para mobilizar as secreções pulmonares e a
mecânica respiratória, visando à melhora da relação ventilação / perfusão. Para tanto o
objetivo deste estudo propõe verificar através de uma revisão bibliográfica o tratamento
fisioterapêutico em crianças vítimas de queimaduras com lesões pulmonares.
Metodologia
A metodologia utilizada neste estudo foi à pesquisa bibliográfica, retrospectiva e
descritiva, realizada com base em leitura reflexiva e crítica de livros, revistas, jornais e
artigos, teses e dissertações publicadas em sites científicos e acadêmicos como: Literatura
Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), U.S. National Institute of
Health (PubMed), Scientific Electronic Library Online (SciELO) e Literatura Internacional
em Ciências da Saúde (MEDLINE). Para identificar as publicações indexadas nessas bases
de dados, foram utilizados os seguintes descritores: queimadura, causas das queimaduras,
fisioterapia respiratória, epidemiologia das queimaduras, lesões pulmonares em queimados,
crianças vítimas de queimaduras. Os critérios de inclusão foram referências bibliográficas
que tinham relação direta com o tema da pesquisa, no máximo 16 anos de publicação, textos
em português e de outros idiomas. O período da coleta de dados ocorreu ao longo do
segundo semestre de 2015 e primeiro semestre de 2016.
4
Resultados/Discussão
Como resultados da presente pesquisa, foram obtidos 15 artigos, sendo cinco
retrospectivos; quatro quantitativos, descritivos e transversais; cinco artigos de revisão e um
relato de caso que se tratava diretamente com o tema da pesquisa, bem como a pesquisa em
livros e tratados da área da fisioterapia e medicina dermatológica. Os diversos estudos
encontrados durante o levantamento estão relacionados no texto corrido a seguir.
Acidentes envolvendo queimaduras geram enormes gastos financeiros à saúde e são
responsáveis por seqüelas, físicas, psicológicas e sociais ao vitimado e familiares
principalmente em crianças e idosos6. Estudos sobre a epidemiologia das queimaduras,
demonstram picos de incidência maiores em crianças de 1 a 5 anos de idade, principalmente
devido ao escaldo com líquidos quentes. No mesmo estudo com adolescentes e adultos, a
causa primária da lesão por queimaduras relaciona-se a acidente com líquidos inflamáveis7.
As queimaduras podem ser causadas por agentes térmicos, químicos, radioativos ou
elétricos, podendo destruir parcial ou totalmente a pele e seus anexos, e até atingir as
camadas mais profundas, como os músculos, tendões e ossos8.
A localização da área atingida é muito importante para avaliar o risco da lesão, uma
vez que a mesma poderá estar associada a significativas alterações anatômicas, fisiológicas,
endócrinas e imunológicas que precisam ser visualizadas seguramente, a fim de prevenir ou
reduzir a extensão dos danos9.
Em crianças e adolescentes, as principais áreas corporais atingidas incluem o tronco,
membros inferiores e superiores10, mas outros estudos evidenciam como a região mais
comprometida, a área da cabeça11,12.
A queimadura pode ser considerada uma das lesões mais devastadoras que o corpo
humano pode sofrer, sendo uma importante causa de morbidade na infância, com sequelas
permanentes, cicatrizes e perda de função13.
Na fase aguda, as alterações fisiopatológicas decorrentes das queimaduras, incluem
hipoperfusão tecidual e hipofunção orgânica, secundária ao débito cardíaco diminuído.
Também envolvem mecanismos cardiovasculares, hidroeletrolíticos, volume sanguíneo e
5
mecanismos pulmonares, sendo que a ocorrência, magnitude e duração das alterações
fisiopatológicas nas queimaduras são proporcionais à extensão desta. Queimaduras que não
excedem 25% da superfície corporal queimada total produzem uma resposta principal local,
sendo que as queimaduras que superam 25% da área corporal queimada podem gerar uma
resposta local e uma sistêmica, sendo considerada uma queimadura importante14.
Para avaliar o nível de danos que uma queimadura causa a vítima, além da
profundidade da lesão cutânea, divididas em primeiro, segundo e terceiro grau, também é
importante avaliar a duração, intensidade do calor, espessura da pele e área exposta,
vascularidade e idade da vítima. Estas avaliações são importantes, pois revelam que a
morbidade em pacientes vítimas de queimaduras é mais ampla do que se pode imaginar.
Pacientes com queimaduras severas apresentam profundas alterações metabólicas,
hemodinâmicas, psicológicas e funcionais15.
A queimadura de primeiro grau atinge somente a camada mais externa da pele, a
epiderme, não provocando alterações na hemodinâmica16. Já a queimadura de segundo grau
destrói completamente a camada da epiderme, mas a derme sofre apenas dano leve a
moderado. Nas queimaduras de terceiro grau, todas as camadas da epiderme e da derme
estão comprometidas, podendo ainda estar lesada a camada adiposa subcutânea em alguma
extensão17.
Na prática, existe uma grande dificuldade na diferenciação entre a queimadura de
segundo grau profundo e lesão de terceiro grau, sendo de extrema importância a reavaliação
do paciente decorridas 48 – 72 horas da lesão. Tal fato se deve em virtude da própria
evolução da queimadura, uma infecção ou uma grave instabilidade hemodinâmica que pode
provocar o afundamento da lesão (queimadura de segundo grau superficial evoluir para um
segundo grau profundo ou terceiro grau) 18.
As queimaduras dividem-se em19:
- Pequeno queimado: queimaduras de primeiro e segundo graus com até 10% da área
corporal atingida;
6
- Médio Queimado: pacientes com queimaduras de primeiro e segundo graus com
área corporal atingida entre 10 - 25%, ou de terceiro grau com até 10% de área corporal
atingida ou ainda queimaduras nas mãos ou pés;
- Grande queimado: pacientes com queimaduras de primeiro e segundo graus com
área corporal atingida maior do que 26%, ou de terceiro grau com mais de 10% da área
corporal atingida ou ainda queimadura de períneo.
Dependendo da extensão da lesão térmica, da profundidade e do tipo da queimadura,
pode ocorrer complicações sistêmicas secundárias como: hipovolemia podendo levar ao
choque se não revertido, insuficiências renal aguda, respiratória e cardíaca, diminuição de
peso corporal, diminuição das reservas de energia que são vitais para o processo de
cicatrização das lesões, infecções, ossificação heterotópica, neuropatia periférica assim
como também, a uma parada cardiorrespiratória19.
Para uma rápida estimativa acerca da extensão e profundidade das lesões aplica-se a
regra dos nove criados por Pulaski e Tennison. A mesma estimativa é usada para crianças,
porém adaptada para esta faixa etária por Lund e Browder. A regra dos nove consiste na
divisão da superfície corporal em áreas que são 9% ou múltiplos de 9% da superfície
corporal total 20.
Devido às crianças terem proporções diferentes aos adultos, a regra dos nove mudase para pacientes pediátricos, pois a cabeça da criança é proporcionalmente maior que a dos
adultos e as pernas são mais curtas21.
O tratamento de todo e qualquer paciente queimado é multidisciplinar, sendo que as
ações da fisioterapia são bastante amplas, apresentando significativas atuações desde o
primeiro momento da internação até o acompanhamento ambulatorial7.
De um modo geral, o tratamento fisioterapêutico em vítimas de queimaduras terá
como objetivos principais o retorno as Atividades de Vida Diária (AVD’s) e uma melhor
qualidade de vida global. Para isso a reabilitação do paciente tem como foco: manutenção do
Arco de Movimento (ADM), manutenção ou restauração da força muscular, diminuição do
risco de infecções, obtenção de deambulação independente, mínima formação de cicatrizes
7
prevenção de contraturas e deformidades, aumento da capacidade aeróbia e restauração da
resistência cardiovascular22.
A atuação do profissional da fisioterapia também se mostra importante quanto da
redução das complicações pulmonares como: pneumonia, edema e embolia pulmonar. A
realização de exercícios respiratórios é fundamental para o prognóstico do paciente, assim
como o posicionamento também o é, pois evita futuras contraturas e deformidades. O
objetivo da fisioterapia respiratória logo no início do período de internação está diretamente
relacionado à diminuição do edema e controle dos tecidos moles alongados22.
As complicações pulmonares são extensas e podem exercer importante impacto no
sucesso ou fracasso de um programa de reabilitação. A incidência de complicações
pulmonares posteriores as queimaduras graves varia entre 24%, até mais de 84% em todos
os acidentes com queimaduras. A morbimortalidade por pneumonia corresponde a mais de
um terço das mortes em vítimas de queimaduras23.
Estudos apontam a existência de três complicações primárias de origem pulmonar:
doença restritiva, lesão por inalação, e complicações posteriores. Já as conseqüências das
atividades metabólicas e catabólicas aumentadas em seguida a uma queimadura são: rápida
queda do peso corporal, equilíbrio negativo do nitrogênio, perda de componentes
intracelulares, e um decréscimo nas reservas de energia, tão vitais para o processo de
cicatrização Neste sentido os autores relatam que as lesões térmicas que provocam
significativas agressões metabólicas e catabólicas ao corpo necessitam de procedimentos de
fisioterapia respiratória/pneumológica o mais rápido possível24.
Contudo antes de executar o tratamento preventivo de patologia das vias aéreas
decorrentes das queimaduras, o fisioterapeuta deve fazer uma avaliação morfodinâmica com
o propósito de verificar através da ausculta pulmonar a presença de ruídos patológicos, bem
como observar a expansão da caixa torácica25.
A remoção das secreções acumuladas pela imobilização e o uso de aparelho
respiratório são importantes preocupações do fisioterapeuta na área de queimados.
A remoção do muco aderente (possivelmente infectado) exige a aplicação de três
procedimentos básicos: 1º drenagem postural adequada, 2º técnicas manuais e 3º
exercícios controlados de respiração e tosse. A atuação fisioterapêutica deve
8
constar das seguintes técnicas: 1º desobstrução brônquica, 2º Drenagem postural,
3º reexpansão pulmonar e 4º reeducação da função muscular respiratória25.
Geralmente crianças vítimas de queimaduras apresentam repercussões sistêmicas
mais críticas e lesões pulmonares mais graves que os adultos, neste sentido a fisioterapia
respiratória tem como objetivo evitar complicações pulmonares e prevenir deformidades e
contraluras26.
Em relação à avaliação de crianças que sofreram queimaduras, esta também se torna
mais complicada em relação ao adulto devido às diferenças anatômicas e fisiológicas
existentes no organismo27.
Um estudo com crianças vítimas de queimaduras na Unidade de Terapia Intensiva
revelou que as lesões de vias aéreas acometeram 5,9% dos pacientes, sendo que 4,5%
tiveram afecção pulmonar e 3,6% apresentaram lesão de vias aéreas e afecção pulmonar
concomitantes. A análise deste estudo verificou que 74,2% das crianças queimadas tiveram
acompanhamento fisioterapêutico, nos quais 48,4% foram atendidos com fisioterapia
respiratória e motora (25,8% com fisioterapia motora e 12,9% com fisioterapia respiratória
exclusivamente). Também houve a cinesioterapia respiratória em 45,2% dos atendimentos,
manobras de higiene brônquica em 45,2%, e os inspirômetros de incentivo em 19,4%26.
No estudo descrito acima, a predominância da fisioterapia respiratória e motora,
tendo a cinesioterapia respiratória e as manobras de higiene brônquica os procedimentos
mais utilizados, teve como objetivo limpar as vias aéreas superiores e os pulmões de
qualquer mucosidade que poderia restringir a respiração normal, os padrões e sono e de
alimentação. Também teve visou evitar infecções e complicações broncopulmonares
melhorando os níveis de oxigênio no sangue26.
Pacientes vítimas de queimaduras com complicações respiratórias apresentam
quadros clínicos variáveis com diferentes características, sendo que cada paciente deve ser
tratado individualmente, diferenciadamente e sempre respeitando os limites de cada um. A
fisioterapia respiratória deve ser iniciada o mais rapidamente possível. Esta técnica com
objetivos e intervenções terapêuticas precisas contribui na diminuição na morbidade,
mortalidade e tempo de internação. Para tanto, o plano de tratamento imposto pelo
fisioterapeuta deve ser feito baseado em todas as fases da progressão da lesão, tendo em
9
vista que ao decorrer do tratamento as técnicas vão se modificando e se adequando a real
necessidade do paciente em cada fase28.
De um modo geral a fisioterapia age com eficácia no tratamento de pacientes
queimados, pois visa evitar complicações e diminuir as sequelas funcionais e estéticas. As
metas para o tratamento fisioterapêutico são contingentes com o prognóstico, ou seja, quanto
mais breve acontecer às intervenções, melhor será a reabilitação do paciente28.
Considerações finais
Através da análise literária dos vários teóricos abordados nesse artigo foi possível
verificar que o tratamento multidisciplinar é de fundamental importância para pacientes
vítimas de queimaduras, ressalvando que quanto mais cedo se inicia o tratamento, maiores
as chances do paciente não ficar com nenhuma sequela.
O desenvolvimento de estudos e pesquisas com o objetivo de verificar o tratamento
e/ou avaliação fisioterapêutica nas complicações por queimaduras é de extrema importância,
pois estes possibilitarão analisar, quantificar e demonstrar diferentes possibilidades de
recursos fisioterápicos que podem ser utilizados, bem como sua contribuição na recuperação
de pacientes vítimas de queimaduras.
Em nossa revisão bibliográfica encontramos uma pequena quantidade de pesquisas
relacionando a fisioterapia e queimaduras, ao delimitarmos o assunto em crianças vítimas de
queimaduras e a fisioterapia respiratória, observamos a necessidade ainda maior de mais
estudos que abordem tal tema e que possam contribuir com o conhecimento, proporcionando
novas abordagens terapêuticas em crianças vítimas de queimaduras.
Podemos afirmar com certeza que a fisioterapia age com eficácia no tratamento de
pacientes queimados, evitando complicações e diminuindo as sequelas funcionais e estéticas.
No caso da fisioterapia respiratória, a eficácia desta técnica visa à libertação das secreções
que causa a obstrução das vias aéreas centrais e periféricas e a promoção da função
respiratória normal.
A pesquisa de Tibola et al26 mostrou que as crianças vítimas de queimaduras
apresentam repercussões sistêmicas mais críticas e lesões pulmonares mais graves que os
adultos. Entende-se que devido às particularidades do sistema respiratório e a predisposição
10
genética, as crianças são mais susceptíveis a infecções respiratórias. Neste sentido,
verificamos que a fisioterapia respiratória dispõe de técnicas específicas apropriadas para
cada faixa etária, condizentes com as diferenças anatomofisiológicas e enfermidades
respiratórias.
As complicações pulmonares exercem importante impacto no sucesso ou fracasso de
um programa de reabilitação; e como os estudos de Souza28 demonstraram que as
complicações respiratórias apresentam quadros clínicos variáveis e com diferentes
características, concluímos como sendo de grande importância a avaliação contínua das
condições e evolução do paciente nas diferentes faixas etárias, visando tomar as decisões
mais coerentes e necessárias, mediante avaliações diárias durante todo o processo
terapêutico.
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