história - NEEJA Caxias do Sul

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NEEJA
NÚCLEO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO DE JOVENS E
ADULTOS
CAXIAS DO SUL – 4ª CRE
Rua Garibaldi, 660 – Centro CEP – 95080-190
Fone Fax 3221-1383
E-mail – [email protected]
ENSINO FUNDAMENTAL
COMPONENTE CURRICULAR
HISTÓRIA
MÓDULO ÚNICO
JANEIRO 2017
1
Objetivos
1 Identificar o que é a Historia;
2 Reconhecer o conceito de Tempo na filosofia, e sua relação com o “Tempo- Histórico”;
3 Identificar as fases históricas.
4 Compreender o calendario gregoriano. Fatos que marcaram o inicio da
Idade Antiga, Média etc.
5 Identificar marco inicial da idade moderna;
6
Reconhecer as diferencas entre o feudalismo medieval e a globalização iniciada
com o mercantilismo;.
7 Identificar o processo de colonização do Novo-Mundo, os planos econômicos…;
8 Descrever o processo do liberalismo de emancipação das colonias.
9 Identificar o conceito de país aplicável ao nosso território;
10 Reconhecer relação de nosso país com o Portugal colonizador;
11 Identificar as fases políticas do Brasil e da América espanhola;
12 Compreender as diferenças histórico-culturais da região do estado do Rio Grande do sul
13 Descrever os motivos e desfecho do conflito “farroupilha”.
14 Compreender o processo de independência brasileira e sua relação com o iluminismo.
2
INTRODUÇÃO
Quem é Você?
Você está iniciando o estudo de História. Mas e a sua história? Você a conhece? Você já parou
para pensar quem é você? E sobre os seus familiares? Você sabe onde nasceram, como
viveram sua infância?
Talvez você não saiba muita coisa de seu passado. É difícil lembrar as coisas que
aconteceram há bastante tempo. Por isso o conhecimento histórico é adquirido através dos
fatos que são registrados. Procure em sua casa todas as formas de informação sobre a sua
história e da sua família. Para isso procure saber sobre o dia e a hora em que você nasceu;
como foram os seus primeiros anos de vida. Pergunte sobre a infância de seus pais e compare
com a sua; enfim, obtenha informações que lhe permitam reconstruir a história da sua família e,
em especial a sua história. Estas informações poderão ser obtidas por uma pesquisa feita
através de uma entrevista oral com os familiares, envolvendo observação de fotos, cartas,
vídeos,
etc. Essa pesquisa levará ao conhecimento da sua própria história.
Com esse trabalho conhecerá melhor a sua própria história. Reflita sobre o que você sabe
de si mesmo e de suas relações com outras pessoas. Pois agindo assim você estará se
transformando num criador de conhecimento histórico.
Podemos afirmar que é no passado que encontramos a origem do conhecimento
humano; portanto, é preciso que se conheça o passado para que se possa compreender o
presente e ter um compromisso com as transformações da realidade.
É com essa finalidade - compreender e analisar criticamente o momento presente,
entender o mundo em que você está vivendo – que você vai estudar história.
Afinal o que é história?
A História é a ciência que estuda as realizações humanas, desde seu surgimento até o
presente. Ela nos permite compreender o momento em que vivemos pois revela de que
maneira as sociedades se transformam e deram origem ao mundo atual. Estudar história é
entender, refletir, levantar questões buscar explicações para o passado e o presente,
possibilitando projeções para o futuro.
LEMBRE-SE: A leitura de revistas e jornais, os filmes que você assiste, os fatos que a TV
noticia diariamente, as novelas, a participação nos sindicatos, nas entidades de bairro, enfim,
todos os
Mecanismos de atuação do homem em sociedade permitem proveitosas discussões e trocas
de experiência.
Assim como as pessoas, também os povos, a humanidade em conjunto possui a sua
história amplamente documentada: códigos de leis, tratados, constituições, documentos
oficiais, moedas, medalhas, selos, armas, monumentos, ruinas, esculturas, pinturas,
cerâmicas, folclore, são os documentos (escritos ou não) de um povo. Chamamos esses
documentos de “fontes históricas”
Conclusão:
FONTES HISTÓRICAS são, então, os elementos deixados pelo homem através dos tempos.
Podem aparecer de forma escrita e não escrita.
Através das fontes históricas é possível "reconstruir" os fatos históricos que já
aconteceram. Desta forma, apesar de não termos participado da viagem de Cabral no ano de
1.500, é possível, afirmar a verdade deste fato através do estudo dos documentos deixados
(guardados nos museus).
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Tempo Histórico
O fato histórico deve ser analisado no tempo e no espaço geográfico, isto é, quando
estudamos um acontecimento histórico, devemos saber em que época, e onde ele ocorreu.
Portanto, conhecer o tempo histórico é importante para a melhor compreensão das sucessivas
transformações ocorridas na sociedade que se está estudando.
De forma geral, o tempo é contado usando como referência um fato histórico
considerado importante. O calendário usado pela maioria dos povos tem como ponto de
referência o nascimento de Cristo. No calendário cristão, o tempo transcorrido antes de Cristo é
contado de forma decrescente. Depois
do ano do nascimento de Cristo,
considerado o ano 1, o tempo é
contado de forma crescente.
As
datas
dos
acontecimentos
históricos podem ser apresentadas
como nos exemplos a seguir:
• ano 500 a.C. (500 anos antes de
Cristo).
• ano 650 d.C. (650 anos depois de
Cristo); as datas após o nascimento
de
Cristo
não
necessitam
Idade
obrigatoriamente ser acompanhadas
Antiguidade
Med
de d.C.
ia
• ano 700 A.D. (700 anos depois de
Cristo; AD. em latim Anno Domini, quer
dizer, ano do Senhor).
A história está dividida em duas
grandes épocas: antes da escrita
(também chamada Pré-histórica) e
depois da escrita (também chamada
de História).
Para facilitar os estudos das sociedades, estabelecemos a escrita como marco inicial e
dividimos a História em grandes períodos: Idade Antiga, Idade Média, Idade Moderna e Idade
Contemporânea.
OBS: Linha do tempo é uma forma de dispor os acontecimentos históricos em ordem
cronológica.
4
Observação: É preciso entender que cada período ou idade histórica não esgota numa
determinada data de acontecimentos. A evolução cultural do homem não se processou ao
mesmo tempo e no mesmo grau em toda terra. Hoje, por exemplo, enquanto alguns povos já
estão na era espacial, outros tem uma cultura pré-histórica.
Arrumando o calendário
Não existe um único calendário para todos os povos. Cada povo tem a sua forma de marcar o
tempo, que geralmente se relaciona a um acontecimento importante para sua cultura.
Os povos cristãos, por exemplo, baseiam o calendário que adotam no ano do nascimento de
Cristo*. Esse acontecimento marca o primeiro ano do calendário cristão.
* O calendário gregoriano.
O calendário mais usado no mundo atual é o calendário gregoriano, também conhecido
como Calendário cristão. É um calendário inteiramente solar, isto é, baseado na rotação da
Terra em torno do Sol. Esse calendário tem a sua origem no calendário oficial do Império
Romano, o chamado calendário juliano, que tinha 365,25 dias. A reforma do calendário juliano
foi encomendada pelo papa Gregório XIII (1502 - 1585), procurando aproximar o ano definido
no calendário com o ano solar, que é 365 dias, 5 horas e 49 minutos. O novo calendário institui
o ano bissexto a cada quatro anos, começando a partir de 1600, e definiu o dia 1° de janeiro
como o início do ano para toda a cristandade.
O século: conjunto de cem anos
O calendário cristão pode ser ainda organizado em séculos, ou seja, em grupos de cem
anos. O primeiro século da Era Cristã estende-se do nascimento de Cristo (ano 1) até o ano
100.
Por esse arranjo, você sabe dizer a que século pertence o ano de 1492? Para descobrir o
século, fazemos duas operações:
• Se o ano acaba em 00, basta eliminar os zeros e temos o século. Assim: 1500 = século XV;
1800 = século XVIII; 2000 = século XX.
• Quando o ano não termina em dois zeros, retiramos os dois últimos algarismos e somamos
um (+1) ao número que sobrar. Assim: 1492 = 14 + 1 (século XV); 476 = 4 + 1 (século V); 2006
= 20 + 1 (século XXI).
A Idade Antiga é o período da História, que começa mais ou menos em 3500 a.C.,
quando foi criado o primeiro sistema de escrita (no Egito) e vai até a queda de Roma, capital do
famoso Império Romano do Ocidente. Neste período, surgiram, evoluíram e entraram em
decadência grandes civilizações, como a egípcia, a mesopotâmica, hebraica, persa, fenícia.
A civilização hindu e chinesa, entre elas, elas no antigo Oriente. No Ocidente, as duas
mais importantes civilizações da antiguidade foram a dos gregos e a dos romanos.
Herança cultural do Oriente Antigo
Dentre as realizações mais importantes desses povos do Oriente antigo, podemos citar:
o vidro, o papel, a cerâmica, a cerveja, o processo de mumificação, a tecelagem, as bases do
alfabeto (que depois os gregos aperfeiçoaram), calendários, astronomia, relógio de sol,
cálculos da área do triângulo e do círculo, algarismos arábicos, equações algébricas,
tratamento de fraturas ósseas, construção de pirâmides, templos, palácios e estátuas, códigos
de leis (os dez mandamentos dos hebreus), moedas, grandes cidades, comércio internacional,
etc.
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Estas grandes civilizações do Oriente influíram sobre a formação das civilizações mais
importantes do Ocidente antigo: a grega e a romana - que por sua vez serviram de base para a
cultura do mundo ocidental.
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IDADE ANTIGA
Herança cultural do Ocidente Antigo
Dos gregos, uma herança muito importante foi a democracia, palavra que significa
"governo do povo". No campo das artes, são considerados os mais evoluídos em termos de
arquitetura, escultura, teatro e pintura. Desenvolveram também as bases da Filosofia, da
História e levaram adiante os estudos dos orientais antigos no campo da Matemática,
Medicina, calendários, alfabeto, etc.
Os gregos da Antiguidade são conhecidos por terem criado um tipo de governo chamado
democracia.
Democracia: A. maioria é a favor, muitos pensam que praticam, mas poucos sabem realmente
o que essa palavra significa. Na teoria é um governo do povo, de todos os cidadãos, ou seja,
de todos aqueles que gozam dos direitos de cidadania. E diferente de monarquia, na qual
governa um só, e da aristocracia que o governo de poucos.
Na história humana, desde que surgiu a "democracia”, o problema localiza-se nos seguintes
questionamentos. Quem é considerado cidadão? Quais são os direitos do cidadão?
Veja como era na Grécia antiga:
Diferente de outros tipos de governo, como a monarquia, a democracia criada pelos
atenienses permitia que mais indivíduos participassem das decisões do governo. Para que isso
acontecesse, aqueles considerados, cidadãos se reunião em assembleias em um espaço na
cidade chamado de Ágora, que era a praça pública. Os antigos gregos atenienses debatiam e
deliberavam acerca de suas questões políticas. Em assembleia, os cidadãos decidiam sobre os
destinos de sua polis, da sua cidade.
Preparando-se para a vida política, os cidadãos atenienses aprendiam, desde a juventude, a
falar e expressar-se claramente de forma convincente. Esse procedimento era chamado de
retórica. Para dar certo, os praticantes dessa técnica têm de convencer os ouvintes de que seu
raciocínio está correto.
Estudar e participar da vida política nessa sociedade exigia muito tempo livre. Enquanto
a classe produtora – os mercadores e artesãos (metecos) e os escravos – garantia o
funcionamento da economia, os cidadãos não precisavam trabalhar e recebiam a educação
necessária para administrar a pólis e desenvolver as suas técnicas de convencimento. Em seu
próprio proveito.
O que faziam os cidadãos de Atenas nas assembleias na Ágora?
Discursavam. Usavam o domínio da retórica como recurso para convencer os ouvintes. Não
havia comprometimento com a verdade. Utilizavam o modo de falar, os gestos e até a maneira
de se vestir para influenciar o público. Em nossa sociedade, o domínio e o uso da oralidade e
da escrita são instrumentos importantes para a manutenção ou conquista dos direitos, mas não
os únicos.
A nossa civilização ocidental recebeu grande influência grega. Veja: a língua portuguesa
possui várias palavras originarias do grego antigo. Exemplos: democracia; pólis: origem da
palavra “politica”; cidadão: significativa “habitante da cidade”. A palavra “teatro”, veio do termo
grego théatron, ou seja, théa = espetáculo, vista e tron = instrumento, é um tipo de prazer que
herdamos deles. As letras de nosso alfabeto derivam das letras gregas: α = A, β = B.
Vamos verificar se você aprendeu!
Roma e o Direito Romano
A Itália é um país europeu, localizado ao sul do continente, ocupando quase a totalidade
da Península Itálica, mais as ilhas Sardenha e Sicília. Roma é conhecida hoje como a capital
da Itália, e é também a maior cidade do país. No passado, Roma foi o centro de um grande
império. Como toda história contada, a do aparecimento de Roma tem várias versões. Aqui
temos duas.
Escolha a mais interessante:
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O Mito
Diz à lenda que Roma foi fundada por dois irmãos chamados Rômulo e Remo em
meados do século VIII. Filhos de uma princesa com o deus Marte foram abandonados em uma
cesta e jogados no rio Tibre. Salvos e amamentados por uma loba, depois foram criados por
um casal de pastores. Adultos, fundaram uma cidade no lugar onde a loba os encontrou, Roma
(ano de 753 a.C). Para demarcar o território da cidade, os irmãos, usando um arado de ferro,
desenharam um grande círculo no chão. Esse círculo não era completamente fechado, pois
apresentava interrupções onde seriam os portões da cidade. Para mostrar ao irmão que
aquelas muralhas não valiam de nada, Remo pulou o sulco. Então, Rômulo o matou, deixando
claro que quem infringisse as leis romanas sofreria as consequências
O que dizem os historiadores?
Há historiadores que defendem
transformou-se em um Estado.Hoje,
que Roma foi fundada pelos etruscos.
são
Reunidos para melhor
regras Jurídicas
Resistir a seus inimigos, em meados
habitantes de Roma entre o século
do século VIII a.C., fundaram a cidade
VIII a.C. e o século. XVI d.C. Essas
em duas etapas. Na primeira, criaram-
regras
na
os
Ocidente. O Direito Romano estava
colinas.
dividido em três: o direito público, o
Propiciaram, assim, condições de vida;
direito privado e o direito de todos os
na segunda, deram-lhe organização
cidadãos.
materialmente,
pântanos
entre
secando
as
Direito Romano: conjunto de
observadas
influenciaram
as
pelos
leis
no
política. Ou seja, Roma
Os Estados os responsáveis pela criação, execução e interpretação das leis. No Brasil, por
exemplo, cabe aos legisladores (vereadores, deputados e senadores) a criação das leis,
enquanto o Executivo (prefeitos, governadores e o presidente da República) garante o seu
cumprimento e o Judiciário (juízes) as interpreta. A Justiça não é mais privada, e sim pública,
direito dos cidadãos e obrigação do Estado. Como isso aconteceu? Ao longo da história
humana, aos poucos, o direito à justiça deixou de ser praticado pelas vítimas e passou a ser
exclusividade do Estado. O Estado romano foi um bom exemplo. Ao longo de sua existência foi
elaborado um conjunto de leis e procedimentos legais que ficou conhecido como Direito
Romano.
Com o Direito Romano, diferente do Código de Hamurabi, o direito individual de punir ou fazer
justiça foi transferido gradualmente para o Estado. Foi na Mesopotâmia que surgiu o primeiro
código escrito de leis, conhecido como o Código de Hamurabi. Talvez você esteja perguntando:
“Por que foi colocado esse nome no Código?".
8
Porque no período, Hamurabi, rei da Babilônia, foi quem mandou transformar as leis orais em
códigos
escritos.
Nesse
código
de
leis,
as
penalidades
eram
realmente
duras
9
Vejamos algumas:
"Se um homem arrancar o olho de outro homem, o olho do primeiro deverá ser arrancado
[Olho por olho]."
"Se um homem quebrar o dente de um seu igual, o dente deste homem também deverá ser
quebrado [Dente por dente]."
Situada no Oriente Médio, entre os rios Tigre e Eufrates, e Mesopotâmia, atual Iraque foi uma
das primeiras regiões a desenvolver a agricultura. Atualmente, em alguns países como na
Arábia Saudita, as leis continuam a ser extremamente severas.
Leia com atenção a matéria jornalística a seguir e tire suas
conclusões:
Saudita é executado e crucificado por assassinar a
mãe
Riad, 31 dez. (EFE)- Um saudita foi executado e crucificado nesta sexta-feira depois
que um tribunal islâmico o condenou à morte por haver assassinado sua mãe, informa hoje
um comunicado do Ministério do Interior.
Magued Bin Yahiya "matou a mãe, roubou suas joias e jogou o corpo em um edifício em
construção antes de queimá-lo, diz anota, que não especifica datas.
O veredicto contra Yahiya foi ratificado neste mês pelo Tribunal de Cassação e
pelo
Conselho Supremo de Justiça do reino, onde se aplica com rigor a "Sharia' ou Lei
Islâmica.
Idade Média
Você já leu algo a respeito de enormes castelos com pontes movediças para protegêlos de invasores? Castelos habitados por reis, princesas, condes, marqueses, barões e muitos
outros nobres? Nas leituras você certamente ficou sabendo como se realizavam as batalhas,
geralmente para defender a honra dos senhores, donos das terras. (Senhores feudais). Isso
tudo diz respeito a um período da história da Euro a chamado Medieval, ou Idade Média.
O Brasil não teve as características da época medieval, porque a América passou por
uma evolução sócio-econômico-cultural diferenciada da Europa.
Ao compreender a história medieval, você entendera melhor o processo histórico
desenvolvido entre o período do século V ao XV, na Europa. Os castelos existem até hoje em
muitos países europeus, mas o modo de vida das pessoas mudou completamente.
Se você morasse na Europa no período medieval, viveria num mundo povoado por reis,
nobres (senhores feudais) e sacerdotes morando em castelos, e por servos morando em
pequenas aldeias e em propriedades coletivas situadas em volta dos castelos.
A principal característica da Europa Medieval foi o Feudalismo. Nele havia:
O castelo: onde morava o senhor feudal
A vial: onde moravam os servos
As terras: onde os servos trabalhavam.
Feudalismo: sistema político, econômico, social e cultural que vigorou na Europa Ocidental
durante a Idade Médio. No feudalismo, a sociedade era dividida em estamentos, ou seja, as
pessoas permaneciam desde o nascimento até à morte, numa mesma posição dentro da
sociedade.
10
Observe a pirâmide da sociedade feudal ao lado:
A sociedade era dividida
em: do
clero,
nobres
e servos
E a vida
servo?
Como
era? e não permitia a mobilidade
social, isto é, não havia possibilidade da pessoa mudar sua situação
social; quem nascia servo, jamais poderia deixar de sê-lo.
Quem recebia um feudo tornava-se vassalo e Q uem doava o feudo era o suserano
ambos eram nobres
O feudalismo implicava em muitas injustiças e sofrimentos para os que estavam na
base da pirâmide. Os nobres viviam caçando, participavam de torneios e guerreavam; o
clero, além de possuir 2/3 das terras da Europa feudal, cuidava da vida religiosa e
influenciavam o poder político nos feudos. Nessa sociedade, o senhor feudal, em sua
propriedade (feudo), concentrava toda a administração e a justiça. A maior parte da
sociedade era composta: pelos servos.
Os servos trabalhavam devendo obrigações aos seus senhores (nobres). Viviam em
condições precárias de subsistência. Embora pudessem usar um pedaço de terra, bem pouco
daquilo que produziam ficava para o sustento da família, pois grande parte da produção era
entregue a seus senhores e à Igreja sob forma de tributos. (A Igreja também aumentou seus
domínios graças ao dízimo, taxa de 10% sobre a produção dos fiéis).
A Igreja Católica determinava o modo de viver e de pensar das pessoas, impondo regras
tidas como verdades absolutas utilizavam a ignorância da população para garantir o seu poder
e dissolver a insegurança, mantendo a ordem imposta pela classe dominante.
Impondo normas religiosas e de conduta (confissão, obrigatória, dízimo, penitências, batismo,
lealdade aos senhores, pagamento de impostos, etc ...), a Igreja, vinculava o cumprimento
dessas normas como condição para o indivíduo alcançar o "reino do céu". Mantendo o povo na
ignorância, a Igreja dominava não só espiritualmente, pois impunha também regras de moral e
conduta às pessoas, mas também materialmente já que a Igreja detinha grande parte das
terras da. Europa Ocidental, o que lhe dava imenso poder de dominação.
A medicina acadêmica muitas vezes era criticada pela Igreja por envolver estudos de
dissecação de cadáveres, vista como profanação do corpo humano, uma criação de Deus. Aos
olhos da Igreja, muitas práticas da medicina popular também ofendiam as leis cristãs, pois
envolviam soluções preparadas por feiticeiros. Os conhecedores dessas soluções, em geral
mulheres, eram perseguidos pela Santa Inquisição e condenados a morrer na fogueira.
A Santa Inquisição, também chamada de Tribunal do Santo Ofício, foi criada no século
XIII pelo Papa Gregório IX para combater a prática de heresias, ou seja, todo tipo de ação que
contrariava as leis da Igreja.
A instituição foi confiada à ordem dos monges dominicanos, responsável, ao longo de
vários séculos, por processar, torturar e queimar vivos inúmeros "hereges" condenados pela
Igreja.
11
As cidades e as doenças
As cidades medievais que se formavam não tinham qualquer planejamento. À medida
que a população crescia, piorava as condições de saneamento, o que facilitava a transmissão
de doenças.
As ruas eram tortuosas, estreitas e escuras. Também não havia coleta de lixo, que era jogado
em frente às casas. Esse lixo atraía ratos e provocava mau cheiro.
Não havia banheiro nas casas pobres, obrigando seus moradores a usar baldes ou as ruas
para satisfazer suas necessidades fisiológicas. As casas ricas e os castelos tinham latrinas. Na
verdade eram buracos sobre fossas, esvaziadas de tempos em tempos.
Praticamente não existia higiene pessoal. A medida diária de consumo de água por pessoa era
de um litro – ou seja, nada de banho. Por tudo isso, foram comuns no período as epidemias de
varíola, cólera, lepra e tifo, além da peste negra.
A exploração agrícola durante a Idade Média foi desordenada, causando o
desmatamento, que juntamente com as violentas e constantes chuvas ocorridas na maior parte
da Europa entre 1314-315, provocou a destruição das colheitas, a fome, a desnutrição e a
diminuição da população, situação que se agravou com a peste negra, que dizimou de 25% a
35% da população europeia.
Uma angústia coletiva atormentava os homens dos séculos XIV e XV. Depois de séculos
de tranquilidade, voltavam a guerra, a fome, a peste e a morte. A ocorrência das
epidemias muitas vezes era entendida como punição divina aos pecadores. A
desorganização da produção agrícola causou a fuga de trabalhadores do campo,
possibilitando mudanças e o aparecimento de um novo grupo social.
A palavra burguesia deriva da palavra alemã "burg" (burgo), que significa "praça de
guerra armada". Os burgos surgiram em fins do século VI para proteger as pessoas de
invasões e transformaram-se, a partir dos séculos XII e XIII, em prósperos centros
comerciais. Desde então, os habitantes do burgo passaram a ser identificados corno
burgueses.
Estamos falando da burguesia, aquela que expandiu o comércio marítimo com a
ajuda dos Estados Nacionais. Lembra-se dos portugueses que chegaram ao território
brasileiro no final do século XV? Eles representavam parte da burguesia europeia.
A crise representada pela desorganização do trabalho no campo e pelas epidemias
representou:
●a ascensão da burguesia;
●a reconstituição dos poderes públicos com a centralização do poder nas mãos dos
monarcas;
●a retomada do direito romano;
●a retomada da urbanização.
12
Você sabia?
A peste negra foi uma doença transmitida aos humanos pela pulga de ratos
contaminados. Também chamada de peste bubônica. A peste provocava feridas com pus e
hemorragias que deixavam manchas escuras na pele, daí a sua denominação
O medo da água
Durante toda a Idade Média, acreditou-se que tomar banho fazia mal às pessoas porque
a água abria os poros da pele. Segundo as crenças da época, isso era muito perigoso: estando
os poros abertos, as doenças, que pairavam no ar, podiam entrar no corpo da pessoa,
fazendo-a adoecer. As pessoas que tinham de tomar banho eram aconselhadas a ficar um ou
dois dias em casa após o banho, para não adoecer.
Na Europa medieval, as primeiras medidas de prevenção as doenças surgiram nas
cidades italianas e expandiram-se para o norte e oeste do continente. Entre essas medidas
estavam a construção de latrinas a proibição de jogar dejetos em determinados locais públicos
Com o surgimento das universidades, no século XIII, houve um retorno ao estudo da
medicina. Mas o número de médicos formados era muito pequeno e nem todos acreditavam na
eficiência da medicina acadêmica.
Desse modo, a medicina popular não desapareceu com a ampliação do número de
médicos, mas manteve sua importância, diagnosticando doenças e transmitindo receitas
caseiras à base de ervas, através de gerações.
No início da expansão do comércio, os mercadores viajavam de um lugar para outro
para vender suas mercadorias - em geral alimentos, peles e objetos. Eles vendiam seus
produtos tanto nas cidades quanto nas feiras, realizadas em locais e datas fixos.
Entre as feiras destacavam-se as da região de Champagne, na França, localizada entre duas
grandes áreas' de comércio internacional: o norte da Península Itálica e a região de Flandres.
As cidades do norte da Península Itálica principalmente Gênova e Veneza, controlavam o
comércio com o Oriente.
IDADE MODERNA (1453 A 1789)
AS GRANDES TRANSFORMAÇÕES DA IDADE MODERNA
A Expansão Marítima do Século XV No final do século XIV as cidades tinham crescido muito,
logo, a população também exigia maior quantidade de produtos e, os comerciantes para
manter o lucro e mesmo aumentar, precisavam descobrir outros lugares expandir seus
negócios.
A cidade de Constantinopla, verdadeiro império de mercadorias do Oriente, era o ponto
de encontro entre os mercadores europeus e orientais. Acontece que esta cidade, em 1453, foi
invadida pelos turcos otomanos. Assim, o fácil comércio pelo Mediterrâneo começou a sofrer
concorrência, pois os turcos passaram a interferir nos negócios e até mesmo impedi-los na
medida em que cobravam preços exorbitantes pelas mercadorias, desestimulando os
comerciantes que viam seus lucros baixar.
A Europa já estava acostumada a consumir as especiarias e os outros produtos provenientes
do Oriente, e os burgueses não pretendiam diminuir suas atividades nem seus lucros. Era
preciso encontrar outro caminho que levasse diretamente à fonte desses produtos. E foi nessa
13
busca de um novo caminho que levasse às índias que se destacaram dois países: Portugal e
Espanha, pioneiros da Expansão Marítima do século XV.
As causas da expansão marítima
É importante lembrar que, além do desenvolvimento comercial ou Renascimento
Comercial e a busca de um novo caminho marítimo às índias, outros acontecimentos paralelos
favoreceram a Expansão Marítima, criando condições especiais aos descobrimentos e
empreendimentos marítimos. Vejamos alguns.
O sistema político feudal cedeu lugar ao poder centralizado nas mãos dos reis,
permitindo ao Estado reunir recursos financeiros para aplicar nos empreendimentos marítimos
Certos monarcas, como os reis de Portugal e Espanha, empenharam-se em projetos
comerciais com a finalidade de reforçar seu poder político e econômico.
A religião tradicional era católica. A Igreja então, com o objetivo de divulgar a fé cristã
para todos os povos, mesmo os mais distantes, incentivou a participação ativa nos
empreendimentos marítimos.
Os burgueses, já enriquecidos, não hesitaram em financiar expedições, pois seria um
investimento que certamente traria lucros. A partir do século XV, a arte de navegar ganha um
novo impulso, sendo aperfeiçoada constantemente: a substituição da galera pelas caravelas,
mais leves e movidas pelo vento; o uso de bússola e do astrolábio, permitindo uma orientação
mais segura e melhor localização geográfica, auxiliados ainda pela Cartografia. Os navegantes,
com isto, sentiam-se mais seguros, em viagens que duravam meses e meses, sem nenhum
contato com a terra.
A expansão marítima portuguesa
Movidos por interesses comercieis e religiosos, os portugueses lançaram-se às grandes
navegações.
O pioneirismo português
O surgimento de Portugal como um Estado centralizado, no século XII, foi resultado da
união entre nobres cristãos para expulsar os mouros estabelecidos na Península Ibérica.
A centralização política exigia muito dinheiro para sustentar as despesas do Estado. Por isso,
Portugal foi o pioneiro também na exploração ultramarina, buscando em outros continentes
produtos comercializáveis que pudessem atender aos interesses econômicos do governo e da
burguesia.
Comércio e pesca em Portugal
No período que se seguiu à centralização política, as tradicionais atividades pesqueiras e
agrícolas ganharam impulso em Portugal com o crescimento do comércio.
Embarcações lusas comercializavam em diferentes portos europeus, como o de Londres, na
Inglaterra, ou de Antuérpia, situada onde hoje está a Bélgica.
Essas atividades, além de propiciar experiência e aperfeiçoar as técnicas de navegação,
rendiam lucros aos comerciantes e a Coroa. Por essa razão, desde cedo as frotas mercantes
receberam especial atenção do governo português.
O início da expansão portuguesa
14
Além de fortalecer a monarquia, a expansão marítima aliou-se ao projeto de expandir a
fé católica. Ela tinha se iniciado em 1492, ao final da guerra de Reconquista, com a
expulsão dos mouros e dos judeus. Expandir o cristianismo desdobrou-se em um projeto mais
ambicioso: construir impérios cristãos no ultramar.
No século XIV, os portos portugueses adquiriram um papel importante no comércio de
especiarias e artigos de luxo (tapetes, tecidos e perfumes, etc.) trazidos do Oriente. Atuando
nesse rico comércio formou-se um poderoso grupo mercantil, composto principalmente por
venezianos, genoveses, portugueses e flamengos. Apesar dos lucros obtidos com a
participação nesse comércio, os maiores beneficiados com a venda de produtos orientais eram
os árabes e os mercadores italianos. Os árabes controlavam as caravanas que traziam, pelo
deserto, os produtos do Oriente até os portos do Mediterrâneo. Comerciantes venezianos e
genoveses monopolizavam a distribuição desses produtos nos mercados europeus.
A expansão marítima espanhola
Após os exércitos espanhóis terem expulsado os mouros, os reis Fernando e Isabel
decidiram financiar uma expedição marítima para o Oriente.
Chegar ao Oriente viajando pelo Ocidente
Os espanhóis levaram mais tempo que os portugueses para expulsar os muçulmanos de
seu território. Assim como havia acontecido com Portugal, as exigências da guerra
contribuíram para unir os monarcas cristãos. O casamento, em 1476, entre a rainha Isabel de
Leão e Castela, e o rei Fernando de Aragão, marcou o nascimento da Espanha como Estado
centralizado. Em 1492, após a expulsão definitiva dos mouros da Península Ibérica, a Coroa
espanhola resolveu financiar a expedição capitaneada por Cristóvão Colombo, lançando os
espanhóis nas conquistas ultramarinas. Colombo, comerciante e navegador natural da cidade
de Gênova, já haviam tentado, sem sucesso, convencer o rei português a financiar a sua
viagem às índias por uma rota que segue em direção ao Ocidente. Colombo acreditava que a
Terra fosse esférica, como asseguravam os relatos da Antiguidade e alguns cartógrafos de sua
época. Sendo assim, imaginava ser possível chegar à China, por meios de relatos de Marco
Polo, navegando em direção ao oeste.
Marco Polo
Filho de comerciantes venezianos, partiu de Veneza, junto com dois irmãos, em 1271,
rumo ao Oriente. A viagem demorou 22 dias, dos quais 17 foram vividos na China. Ao retornar
à Veneza, Marco Polo ingressou na marinha como suboficial Caiu prisioneiro dos genoveses,
contra os quais os venezianos estavam em guerra. Na prisão' relatou sua viagem à um escritor
de novelas de cavalaria, Rustichello, que publicou o relato que ouvira. O livro tornou Marco
Pala famoso e foi usado por inúmeros
exploradores nas suas viagens ao
Oriente.
A viagem de Cristóvão Colombo
Os cálculos de Colombo não
eram precisos. Por essa razão, os
matemáticos espanhóis duvidaram da
15
viabilidade de seu projeto. Colombo,
entretanto, mesmo comas dúvidas dos
matemáticos espanhóis, conseguiu
convencer os reis da Espanha.
Assim, em agosto de 1492, as
embarcações Santa Maria, Pinta e
Niña zarparam rumo ao Oriente,
navegando pelo oeste. Colombo não previa, no entanto, a existência de um enorme continente
se interpondo em seu caminho.
Em 12 de outubro de 1492, a frota aportou na ilha da Guanaani, que foi batizada como
San Salvador. Pouco depois, a expedição atingiu as ilhas Hispaniola, onde hoje se localizam a
República Dominicana, Haiti e Cuba. Aos olhos de Colombo e de sua tripulação, a expedição
havia alcançado as índias. Por isso eles chamaram seus habitantes de índios.
A disputa pelas novas terras
As rivalidades entre Portugal e Espanha pela posse das terras ultramarinas levaram os
dois países a assinar um acordo, proposto pelo papa, que dividia as terras “descobertas ou por
descobrir”. Portugal se sentiu prejudicado e exigiu uma nova divisão. O resultado foi o Tratado
de Tordesilhas, assinado em 1494, que ampliava os domínios portugueses na América. A
insistência do governo português em definir uma nova divisão, que lhe garantisse parte do
Brasil, é um dos argumentos usados por muitos historiadores para demonstrar que os
portugueses já tinham conhecimento da existência dessas terras antes de 1500.
A expedição de Pedro Álvares Cabral
Os lucros obtidos com a viagem de Vasco da Gama incentivaram a Coroa lusa a instalar
um entreposto comercial português em Calicute. Em 8 de março de 1.500, partiu de Lisboa a
maior e mais poderosa frota já organizada pelo governo português. Composta de dez naus e
três caravelas, com dezenas de canhões e cerca de 1.500 pessoas, das quais 1.200 eram
soldados, a expedição era uma verdadeira armada. O comando dessa expedição foi entregue
ao militar e diplomata Pedro Álvares Cabral. Cabral levou consigo experientes navegadores
como Bartolomeu Dias e Nicolau Coelho, além do escrivão oficial da esquadra, Pero Vaz de
Caminha.
No dia 22 de abril de 1.500, no entanto, em lugar de aportar nas índias, a armada de
Cabral ancorou em frente ao Monte Pascoal, na região do atual Estado da Bahia. Para alguns
historiadores, o desvio de rota foi proposital, pois a orientação era confirmar a existência de
terras a oeste de Portugal. Para outros, a chegada ao Brasil foi acidental, pois não se tinha
nenhum conhecimento dessas terras. Na manhã do dia seguinte, os portugueses fizeram os
primeiros contatos com os nativos.
Os primeiros nestas terras
Agora que tal ler com atenção o trecho abaixo da carta de Pero Vaz de Caminha, escrivão da
armada de Pedro Álvares Cabral:
"Eles não lavram nem criam. Nem há aqui boi ou vaca, cabra, ovelha ou galinha, ou qualquer
outro animal que esteja acostumado ao viver do homem. E não comem senão deste inhame,
de que aqui há muito, e dessas sementes e frutos que a terra e as árvores de si deitam. E com
isto andam tais e tão rijos e tão nédios que o não somos nós tanto, com quanto trigo e legumes
comemos.
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Esta terra Senhor, parece-me que, da ponta que mais contra o sul vimos, até à outra
ponta que contra o norte vem, de que nós deste porto mouvemos visita, será tamanha que
haverá nela bem vinte ou vinte e cinco léguas de costa. Traz ao longo do mar em algumas
partes grandes, barreiras, umas vermelhas, e outras brancas; e a terra de cima toda chá e
muito cheia de grandes arvoredos. De ponta a ponta é toda praia ... muito chã e muito formosa.
Pelo sertão nos pareceu vista do mar, muito grande; porque a estender olhos, não podíamos
ver senão terra e arvoredos,
- terra que nos parecia muito extensa.
Até agora não pudemos saber se há ouro ou prata nela, ou outra coisa de metal, ou
ferro; nem lhe vimos. Contudo a terra em si é de muito bons ares frescos e temperados como
os de - Entre-Douro-e-Minho, porque neste tempo d'agora assim os achávamos como os de lá.
Águas são muitas; infinitas. Em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á
nela tudo; por causa das águas que tem! Deste Porto Seguro, da Vossa Ilha de Vera Cruz,
hoje, sexta- feira, primeiro de maio de 1500.”
17
O caminho marítimo para as Índias
O monopólio exercido pelos árabes e italianos na rota das especiarias levava os
mercadores portugueses a atuar como intermediários nesse comércio. A saída, então, era
descobrir novas rotas marítimas para o Oriente, livres do controle dos muçulmanos e dos
comerciantes italianos. Comprando diretamente das índias, a fonte das especiarias, os
portugueses poderiam adquirir produtos mais baratos e depois revendê-los a preços mais altos,
obtendo grandes lucros. No ano de 1453, a cidade de Constantinopla foi conquistada pelos
turcos otomanos. A queda de Constantinopla interrompeu a passagem de especiarias e dos
artigos de luxo que vinham das Índias para abastecer os mercadores europeus. O controle o
otomano no Mediterrâneo oriental obrigou os portugueses a intensificar suas viagens pelo
Oceano Atlântico, em busca de uma nova rota para o Oriente.
As viagens de Bartolomeu Dias e Vasco da Gama
Em 1487, uma nova e importante etapa
foi vencida pelos portugueses: a expedição
comandada por Bartolomeu Dias dobrou o
Cabo das Tormentas, rebatizado como Cabo
da Boa Esperança, no extremo sul da África.
Vencida a travessia do Cabo da Boa
Esperança, a Coroa Portuguesa decidiu
organizar uma poderosa frota, preparada para
chegar às índias. Comandada por Vasco da
Gama, essa frota zarpou de Lisboa em julho
de 1497, rumando para às ilhas de Cabo
Verde, no litoral africano (veja o mapa).
A partir daí, seguiram-se vários meses
de angústia e apreensão em alto-mar. Como
bem escreveu o grande poeta português Luís
de Camões em sua obra Os Lusíadas,
publicada em 1572, os marinheiros partiam
para destinos arriscados e desconhecidos, deixando para trás mães e esposas que muitos
jamais voltariam a ver. Na costa oriental da África, a frota aportou algumas vezes, provocando
a desconfiança dos chefes muçulmanos locais. Em maio de 1498, por fim, Vasco da Gama
alcançou a cidade de Calicute, na índia, a terra das especiarias. Vasco da Gama retornou a
Lisboa dois anos depois de iniciar a viagem, levando uma grande fortuna em especiarias e a
boa notícia da descoberta do caminho marítimo para as índias.
As consequências da expansão marítima
A ampliação do mundo até então conhecido traria profundas modificações. No
comportamento europeu, e o contato com as novas terras, com seus babitantes e seus
produtos, influiria de maneira decisiva para que a humanidade passasse a viver uma nova era.
Como principais consequências do expansionismo Europeu podemos citar: Econômicas:
• o centro do comércio internacional deixou de ser o Mar Mediterrâneo e passou para o Oceano
Atlântico. As cidades italianas que controlavam o comércio no Mediterrâneo entraram
em crise;
• houve maior facilidade para o comércio, graças ao aumento da circulação de moedas de ouro
e prata, metais tirados das colônias conquistadas pelos portugueses e espanhóis;
• desenvolvimento do sistema capitalista acompanhado do interesse pelo lucro, criação do
sistema bancário moderno e das grandes empresas comerciais.
O comércio de longa distância gerou maior circulação de dinheiro e novas formas de
pagamento, como a letra de câmbio - um tipo de ordem de pagamento. Com esses papéis, os
comerciantes podiam viajar sem ter que levar grandes quantias de dinheiro. Para agilizar as
transações comerciais, formaram-se os primeiros bancos e surgiram os primeiros banqueiros.
Com o tempo, eles passaram também a fazer empréstimos.
Politicas:
A formação de três grandes impérios comerciais: o espanhol, o português e o inglês, na
América, África e Ásia;
• Portugal e Espanha se tornaram potências;
• o fortalecimento do poder absoluto do rei, enriquecido com os lucros das colônias.
Sociais:
• enriquecimento da burguesia;
• a introdução da mão-de-obra escrava na colonização, ou seja, o restabelecimento da
escravidão (primeiro indígena e depois a negra).
Religiosa:
• a propagação do cristianismo.
Culturais:
• o aumento dos conhecimentos geográficos e das ciências naturais.
As consequências do expansionismo europeu deram-se, também, nas regiões
conquistadas. A transformação da América e de algumas regiões da África e da Ásia em
colônias europeias, trouxe profundas alterações para os povos nativos destas regiões. Os
europeus dominaram estas regiões, transformando-as em riquíssimas fontes de produtos de
grande valor econômico. Os povos que viviam nas mesmas perderam sua autonomia, viram
sua cultura descaracterizada pela europeização dos costumes, da língua, da religião e seu
sistema político e econômico foi completamente influenciado pelos europeus. Enfim, foram
aculturados.
Europa: comércio, riqueza e poder
Em vários reinos europeus verificou-se um expressivo crescimento do comércio, que promoveu
o enriquecimento da Coroa e da burguesia. Nascimento das monarquias nacionais
A expansão das cidades e do comércio, o crescimento populacional e as Cruzadas
foram fatores importantes na transformação política da Europa feudal. Todas essas mudanças
contribuíram de modo decisivo para a transformação de vários antigos reinos germânicos em
monarquias nacionais. Assim, entre os séculos XI e XVI, grande parte da Europa passou de um
sistema político descentralizado, no qual o rei tinha pouco poder, para um sistema centralizado,
em que o rei era muito poderoso.
A necessidade de mudanças
A nascente burguesia comercial precisava promover algumas reformas no feudalismo
para impulsionar a atividade comercial. O transporte de mercadorias de uma cidade para outra,
por exemplo, obrigava os comerciantes a cruzar vários feudos. Cada um deles, porém, estava
sob a autoridade de um senhor feudal, que estipulava suas próprias leis – incluindo taxas,
moedas e unidades de peso e medidas – regra especificas de cada feudo que tratavam as
transações comerciais.
A burguesia passou, então, a apoiar a transferência de grande parte do poder que os
senhores feudais tinham em suas terras para as mãos dos reis. Dessa maneira, o rei poderia
unificar a moeda, as leis, os impostos e estabelecer um sistema de pesos e medidas únicas,
reduzindo o custo da comercialização das mercadorias e ampliando as possibilidades de
realizar negócios.
Europa: nobre e mercantil
Com a criação dos Estados nacionais formou-se um novo tipo de nobreza, a nobreza togada, e
uma nova política econômica, o mercantilismo.
A política mercantilista
As monarquias nacionais adotaram uma série de medidas para obter metais preciosos e
fortalecer o reino. O conjunto de práticas adotadas pelos governos recebeu o nome de
mercantilismo. Parte dos recursos necessários para manter o Estado era obtida com a
cobrança de impostos, mas esses não eram suficientes. Vejam, então, as principais medidas
mercantilistas tomadas pelos governos para fortalecer o Estado.
• Controle da saída de metais preciosos. Como a riqueza de um reino era medida pela
quantidade de metais que ele possuía (metalismo), os governos promoveram um grande
controle para evitar a saída de moedas.
• Balança comercial favorável. A melhor forma de controlar a saída de moedas era aumentar as
exportações e reduzir as importações. Para isso, era comum a criação de taxas que
encareciam os produtos importados, diminuindo sua entrada no reino. Tais ações são
conhecidas como medidas protecionistas
•Estimulo as manufaturas locais. A produção de bens manufaturados, como tecidos,
ferramentas, louças, etc., era uma maneira de evitar importações. Além de abastecer o
mercado interno, esses produtos poderiam ser exportados, rendendo moedas para a Coroa. .
• Conquistas de colônias. As colônias poderiam fornecer mercadorias a preços vantajosos,
caso fizessem comércio apenas com sua metrópole (monopólio comercial), e consumir as
manufaturas metropolitanas. Essa possibilidade estimulou as navegações oceânicas e a
conquista de territórios na África, na Ásia e na América.
O protecionismo hoje
Ainda hoje é comum os países estabelecerem medidas protecionistas para evitar que os
produtores nacionais sofram concorrência. Externas. O meio mais utilizados com essa
finalidade são: taxar os produtos importados ou limitar a importação de determinadas
mercadorias. A existência de leis protecionistas frequentemente desencadeia conflitos
comerciais entre os países.
O que foi o Renascimento
O Renascimento foi um movimento cultural que começou nas cidades italianas a partir
do século XIV. ° objetivo dos pensadores e artistas renascentistas foi o de dar continuidade à
obra iniciada pelos autores na Antiguidade greco-romana. Os estudiosos e artistas do
Renascimento foram financiados pela rica burguesia mercantil urbana que existia ao norte e no
centro da Península Itálica. Para esse grupo social, o financiamento de atividades intelectuais e
artísticas passou a representar uma forma de obter status social. Além disso, essa burguesia
percebeu que os objetivos culturais, estéticos e políticos do movimento renascentista
valorizavam muitos aspectos do mundo burguês. Assim, entre o século XV e XVI, algumas
cidades italianas viveram um período de intensa criação artística.
O humanismo
O humanismo foi um movimento intelectual do Renascimento que propôs restabelecer o lugar
do no universo.
Um novo modo de ver o mundo
Uma das principais características do Renascimento foi a importância dada ao ser
humano. Esse movimento, conhecido como humanismo, defendia valores diferentes dos
valores medievais.
• O ser humano como centro do universo, ao contrário do que ocorria na sociedade
medieval, em que tudo girava em torno de Deus e da Igreja Católica. O humanismo tentou
conciliar a fé em Deus com a crença na capacidade de realização do ser humano.
• Volta aos estudos da Antiguidade Clássica. Os humanistas foram grandes estudiosos dos
mestres da Antiguidade Clássica, especializaram-se em latim, grego e hebraico, a fim de ter
acesso aos textos originais sem depender das traduções e interpretações medievais.
• Reconhecimento da racionalidade humana. Os humanistas defendiam a busca da verdade
por meio da investigação e da reflexão pessoal, pois entendiam que o homem é um ser
racional e livre.
Essa visão humanista do mundo se manifestou em todas as áreas do Renascimento. Ela
expressava o entusiasmo das pessoas com as conquistas da época como, entre outras a
realização das grandes viagens oceânicas.
A Reforma Protestante
As críticas ao domínio da Igreja Católica criaram um ambiente favorável ao
desenvolvimento da Reforma Protestante.
A crise religiosa
Durante a Idade Média, o poder da Igreja católica era tão amplo que sua autoridade era
quase inquestionável. Mesmo assim já havia quem ousasse discordar dos ensinamentos e da
prática da Igreja. Essas pessoas eram consideradas hereges.
As maiores críticas concentravam-se principalmente:
• Na venda de cargos eclesiásticos a pessoas que não tinham vocação religiosa.
• No luxo e na riqueza que desfrutavam os membros do alto clero.
• No despreparo intelectual de grande parte dos padres.
Esses movimentos não evoluíram devido à falta de apoio da sociedade, ainda dominada pela
mentalidade medieval, e à forte repressão movida pelos governantes.
No século XV, o fortalecimento da burguesia e o interesse dos reis em ampliar seu poder
foram decisivos para fortalecer a crítica à Igreja Católica e provocar a sua divisão.
• A burguesia pretendia aumentar seus lucros e acumular riquezas. Isso era condenado pela
Igreja, embora ela mesma fosse riquíssima e grande proprietária de terras.
• Os reis precisavam aumentar seu poder, mas viam na força da Igreja um obstáculo para
conquistar esse objetivo.
O início da Reforma
Tais mudanças foram fundamentais para o surgimento da reforma religiosa do século
XVI. Em 1517 o papa Leão X decretou a venda de indulgências, que assegurariam o perdão
dos pecados, de uma pessoa em troca de uma quantia em dinheiro. O dinheiro seria usado no
término da Basílica de São Pedro, em Roma. Na Saxônia (região na atual Alemanha) o monge
Martinho Lutero revoltou-se com o escândalo das indulgencias. Como resposta, ele pregou na
porta da catedral de Wittenberg um documento com 95 pontos contrários aos ensinamentos e
às práticas da Igreja Católica. Assim começou a Reforma Protestante.
A doutrina da Reforma
A doutrina luterana tinha três pontos principais:
• Justificação pela fé. A pessoa é salva por meio da fé e não pelas obras que pratica.
• Sacerdócio universal. Todos os crentes podem interpretar os textos por si mesmos.
•Negação da infalibilidade da Igreja. A única fonte da verdade é a Bíblia e não a tradição
ensinada pela Igreja. Além disso, Lutero manteve apenas dois dos sacramentos católicos: o
batismo e a eucaristia. Ele também negou a infalibilidade do papa e a existência de uma
hierarquia dentro da
Igreja.
Por que protestantes?
Em 1529, o imperador católico Carlos V, que governava a região da Alemanha,
convocou uma reunião com os nobres para reafirmar que Lutero não cumpria as leis que
proibiam a continuação da reforma e, por isso, estava expulso do império. Um grupo de nobres
que apoiava o reformador protestou contra a ação do imperador. Desse fato surgiu o nome
protestantes para os seguidores de Lutero.
Outros movimentos reformadores
A reforma luterana abriu caminho a novos movimentos reformadores, como o calvinismo e o
anglicanismo.
• O calvinismo - enquanto na Alemanha e em alguns reinos escandinavos o luteranismo
ameaçava, uma reforma mais radical se iniciava na Suíça, onde havia importantes centros
comerciais e uma forte burguesia mercantil.
Foi na Suíça que o francês João Calvino (1509-1564) refugiou-se protegendo-se das
perseguições religiosas que ocorriam na França. Defensor da reforma de Lutero, Calvino
entrou em contato na Suíça, com outras ideias protestantes, que ajudaram a formar uma nova
doutrina. Calvino manteve quase todos os princípios luteranos:
A livre interpretação da Bíblia, o fim do culto aos santos e às imagens e a abolição de todos os
sacramentos, à exceção do batismo e da eucaristia. Calvino, porém, estabeleceu uma
diferença radical com o luteranismo ao criar a ideia da predestinação absoluta. Para ele, Deus
já havia, desde sempre, escolhido as pessoas que seriam salvas e aquelas que estavam
condenadas à morte eterna. Assim, de acordo com a doutrina calvinista, a fé não levava à
salvação, mas era o sinal da graça divina, a prova de que o indivíduo pertencia ao rebanho de
Deus. O eleito, então, é aquele que trabalha com afinco, para a alegria de Deus. A riqueza e o
lucro deixavam de ser um pecado e passavam a ser vistos como um meio de glorificar a Deus.
O calvinismo teve ampla aceitação na Suíça, fazendo de Calvino o principal líder da reforma
naquela região. Da Suíça, o movimento calvinista penetrou na França (huguenotes), Inglaterra
(puritanos) e Escócia (presbiterianos).
• O Anglicanismo – o movimento reformador da Inglaterra teve origem essencialmente
política.
O rei Henrique VIII, da dinastia Tudor, desejava divorciar-se da sua esposa Catarina de
Aragão (filha dos reis católicos da Espanha), porque ela não podia lhe dar sucessores,
homens. Henrique VIII queria casar-se, então, com a dama da corte Ana Bolena.Diante da
recusa do papa em lhe conceder o divórcio, Henrique VIII, em 1531, rompeu com a Igreja de
Roma. Três anos depois, em 1534, o Parlamento inglês aprovou o Ato de Supremacia, que
proclamou o rei como único e supremo chefe da Igreja na Inglaterra. O rei tornou-se, então, o
chefe da Igreja inglesa, com poder de nomear bispos e desapropriar terras da Igreja Católica
e distribuí-las entre nobres ingleses.
Olhando o mapa da Europa, podemos observar a divisão religiosa entre países protestantes
e países católicos.
A Contra Reforma
A Igreja Católica se mobilizou para reconquistar seus fiéis e conseguir novos adeptos.
A Contra Reforma, ou Reforma Católica, surgiu no interior da Igreja Católica com a
dupla finalidade de conter o avanço do protestantismo e discutir as críticas internas da própria
Igreja. Mesmo antes da Reforma Protestante, havia no interior da Igreja Católica movimentos
pela renovação da Instituição, sem que as críticas levassem a uma ruptura com o papa. As
críticas se aprofundaram com a mudança de mentalidade que avançava por toda a Europa,
inclusive graças ao Renascimento, exigindo da Igreja a reformulação de vários de seus
dogmas. Associada a essa mudança, havia o crescimento dos movimentos protestantes entre
a população da Europa.
Nesse contexto, a Igreja tomou medidas para reorganizar sua estrutura interna. Sob
orientação dos chamados papas reformadores, entre 1534 e 1590 as finanças da Igreja foram
reorganizadas, exigiu-se o preenchimento dos cargos da Igreja por padres destacados pela
integridade moral e adotou-se uma política intolerante com os padres de conduta duvidosa.
O Concílio de Trento
Entre 1534 e 1563, os cardeais da Igreja Católica, sob a direção do papa, reuniram-se
na cidade de Trento, localizada na atual Itália, para discutir as reformas. Basicamente, o
Concílio 1 de Trento reafirmou a doutrina católica e a organização da Igreja. Negou as
mudanças doutrinárias realizadas pelos reformistas, confirmando os sete sacramentos, o culto
à Virgem Maria e aos santos. Reafirmou que um bom católico é julgado por sua fé e pelas
obras que faz. E por fim, confirmou que as fontes da doutrina católica são a tradição da Igreja e
a Bíblia.
Você sabia?
Concílio: Reunião de Cardeais com a finalidade de decidir a respeito das doutrinas da Igreja
católica. O concilio de Trento, acabou, assim, reafirmando a divisão da comunidade cristã,
abrindo uma acirrada disputa entre católicos e protestante em busca de adeptos.
A FORMAÇÃO DAS COLÔNIAS INGLESAS NA AMÉRICA
As mais importantes colônias inglesas fundadas na América do Norte (região sudeste)
foram aquelas que deram origem aos Estados Unidos da América (EUA). Mas quem eram
esses ingleses que vieram fundar colônias?
Geralmente eram pessoas que haviam fugido da Inglaterra por problemas políticos ou
religiosos. Ou então elementos da burguesia que formavam empresas comerciais para tentar
a obtenção de lucros. Por exemplo, a primeira colônia, Jameston (fundada em 1607), foi criada
por uma companhia comercial que centralizava suas esperanças na descoberta de ouro. A
segunda colônia, Plymouth, foi fundada por calvinistas, cuja religião, na Inglaterra, sofria
perseguições. Então, para esses colonos, a América representava um local onde eles teriam
liberdade religiosa. Outro aspecto importante: esses colonos não pretendiam voltar para a
Inglaterra, eles fizeram o seu futuro nas colônias, ao contrário dos espanhóis e portugueses,
que vinham para a América para enriquecer, rápido, e voltar às suas metrópoles.
Assim, a maior parte do lucro das colônias portuguesas e espanholas ia para as
metrópoles, que ficavam mais ricas, enquanto as colônias ficavam mais pobres. Nas colônias
inglesas era diferente: boa parte dos lucros ficava com os próprios colonos. Dessa maneira, as
colônias inglesas se desenvolveram mais que as colônias de Portugal e Espanha, o que se
reflete nos países originários das mesmas. Basta você comparar os Estados Unidos
(colonização inglesa)
com
a
América
Latina (colonização portuguesa e espanhola).
. É lógico que existem outros fatores para explicar a diferença de desenvolvimento entre estas
áreas, mas a herança colonial latino-americana pesou! E muito!
Há historiadores que defendem que Roma foi fundada pelos etruscos.
Reunidos para melhor
Resistir a seus inimigos, em meados do século VIII a.C., fundaram a cidade em duas
etapas. Na primeira, criaram-na materialmente, secando os pântanos entre as colinas.
Propiciaram, assim, condições de vida; na segunda, deram-lhe organização política.
Ou seja, Roma.
Além
das
colônias
inglesas,
fundadas
por comerciantes ricos ou elementos perseguidos
políticos ou religiosos, havia também colônias pertencentes ao rei, ao governo inglês.
Assim, a
formaram-se as treze colônias que originaram os Estados Unidos, isoladas umas das outras, o que
espírito de autonomia entre cada grupo, isto resultou no sistema federativo norte-americano.
AS
ATIVIDADES
ECONÔMICAS
DAS
COLÔNIAS
INGLESAS
NA
AMÉRICA Colônias Inglesas ao norte da América do Norte
Dedicavam-se mais à pesca, à extração de madeira, construção naval e manufaturas para
consumo local. Produziam, praticamente, tudo de que necessitavam para viver. Mantinham um
comércio marítimo de madeira e rum com as Antilhas, o que estimulou a formação de uma
próspera burguesia comercial. A mão-de-obra era de base familiar, com pouco uso de escravos.
Colônias Inglesas do centro da América do Norte
Exportavam peles, madeira para construção, peixe salgado e faziam também
comércio de escravos. A predominância da atividade comercial possibilitou o
aparecimento de uma burguesia e centros urbanos como Filadélfia e Nova York. A
mão-de-obra era familiar, assalariada e com forte emprego de mão-de-obra escrava.
Colônias Inglesas no sul da América do Norte
Nesta região, grandes proprietários de terras e de escravos negros produziam o tabaco,
o arroz, o anil e principalmente, o algodão. Formaram uma sociedade mais aristocrata. Os
colonos, em vez de plantar vários produtos para a sua sobrevivência (como no norte),
passaram a cultivar um só produto (monocultura) em grandes fazendas, com trabalhadores
negros escravizados.
Como você viu, às colônias inglesas ao norte e centro da América do Norte
desenvolveram a indústria e o comércio, enquanto que a parte sul desenvolveu a agricultura.
Com isso criou-se um comércio interno, onde umas colônias forneciam às outras o que lhes
faltava e vice-versa. Esse fator muito ajudou na formação de uma burguesia próspera, e
desenvolvida. Ao mesmo, os colonos tinham certa liberdade de comerciar com outros lugares
do mundo e de ter indústrias próprias. Surgiram indústrias que produziam até navios, que
transportavam produtos para outros lugares como às colônias francesas do Caribe ou à África.
Da África os navios traziam escravos, sem a intromissão dos comerciantes ingleses. Em
função disso, houve um grande desenvolvimento econômico e as colônias passaram a ter
uma vida cada vez mais independente, o que não ocorreu nas colônias espanholas e
portuguesas. Nestas, vigorava o sistema de monopólio comercial da metrópole, que sempre
ficava com a maior parte do lucro: os colonos eram proibidos de fabricar qualquer produto
que a metrópole pudesse lhes vender. Assim, a indústria e o comércio interno não se
desenvolveram e nem se criou uma burguesia rica como aconteceu com as colônias inglesas
(Estados Unidos, atualmente). E essa situação só começou a mudar a partir do século XIX,
quando toda a América Latina deixou de ser colônia, através dos movimentos de
independência.
A FORMAÇÃO DAS COLÔNIAS ESPANHOLAS NA AMÉRICA
A conquista das terras espanholas na América iniciou-se logo após o descobrimento, e
foi realizada por aventureiros, movidos pelo desejo de riqueza e glória.
Como na colonização do Brasil, as pessoas que vieram para a América espanhola
tinham como objetivo a exploração e o enriquecimento rápido e, logo após, retornar à Espanha.
Portanto, não havia interesse em permanecer nas colônias, em criar algo produtivo como
aconteceu à América do Norte. O interesse era apenas de exploração, o que enriquecia os
metropolitanos (espanhóis) e empobrecia a colônia.
A conquista do território americano se faz acompanhar por medidas administrativas que
visavam a organizar a colonização das novas terras. A América espanhola foi divida e
organizada politicamente em Vice-Reinos (no caso da Espanha) e Capitanias-Gerais (no
caso do Brasil), cujos administradores eram sempre nomeados pelo rei. Esta organização deu
origem, mais ou menos, a atual divisão política da América espanhola.
OS POVOS PRÉ-COLOMBIANOS
Quando os espanhóis começaram a colonizar a América, no século XVI, já havia no
continente vários povos, os povos pré-colombianos (que já existiam aqui antes de Colombo).
Destes povos, três grupos já haviam atingido alto grau de desenvolvimento. São eles: os
astecas, os maias e os incas ou quíchuas. Alguns historiadores chegam a afirmar que o
desenvolvimento destas civilizações, é comparável às egípcias e mesopotâmicas. Vejamos
agora alguns aspectos culturais destas civilizações.
Os Astecas
Habitavam o território correspondente ao atual México. Foi um povo essencialmente
guerreiro, conquistando outros povos da região, que, inclusive, lhes pagavam tributos.
Plantavam milho, feijão, algodão, cacau, etc. Com o cacau preparavam uma bebida quente, o
“chocolate”. No seu desenvolvido comércio vendiam tecidos, cordas, sandálias, cerâmicas,
fumo, sal, grande quantidade de ouro e prata. Usavam como moedas favos de cacau, ouro em
pó e plumas.
Os astecas não chegaram a conhecer o ferro, a roda, animais de carga e arado.
Possuíam, no entanto, as maiores jazidas mundiais de ouro e prata, que os colonizadores
espanhóis levaram embora usando os astecas como escravos para a exploração dessas
jazidas.
Desenvolveram a arquitetura construindo templos em forma de pirâmides, palácios, etc.,
ao contrário dos maias, construíram cidades como, por exemplo, a capital, Tenochtitlan (atual
Cidade do México), construída em uma ilha de um lago e sobre ilhotas artificiais ligadas por
pontes. Criaram ainda um calendário quase tão exato quanto o dos maias. Desenvolveram
também um sistema de escrita.
Os astecas, bem como os incas e os maias, foram escravizados pelos colonizadores
espanhóis.
Os Maias
Os maias habitavam parte de Honduras, México e Guatemala, atuais. Quando os
espanhóis aí chegaram, eles já estavam em decadência, devido ao fato de terem sido
escravizados pelos astecas.
Desenvolveram a arquitetura construindo templos monumentais, observatórios
astronômicos, etc. Porém não construíram cidades nem conheciam o uso do ferro, da roda, do
arado ou de animais de carga. Legaram-nos belas pinturas murais, peças de cerâmica, objetos
de adorno, além de um calendário aperfeiçoadíssimo, quase tão perfeito quanto o nosso atual.
Criaram, também, um sistema de escrita.
No campo das ciências, a mais desenvolvida foi a Astronomia, estudada pelos
sacerdotes que, entre outras coisas, media o tempo, dividindo o ano em 365 dias e calculando
os movimentos do sol, da lua e dos planetas.
Os maias acabaram sendo escravizados pelos colonizadores espanhóis.
Os Incas ou Quíchuas
A partir do atual Peru, dominaram regiões do Equador, Bolívia e Chile, conquistando
amplo império, como guerreiros que eram.
Fundaram cidades, destacando-se sua capital, Cuzco, até hoje importante cidade
turística do Peru. Foram grandes construtores de estradas, algumas até hoje usadas, que
corriam ao longo do Pacífico ou galgavam, em degraus, as montanhas dos Andes,
atravessando precipícios, através de pontes suspensas. No desenvolvimento da agricultura
usavam como adubo o guano (fezes), e para a irrigação faziam canais. Para transporte usavam
a lhama (animal andino) e para o tecido, vicunhas e alpacas, cuja lã fiavam e teciam.
Na metalúrgica, trabalhavam o cobre, a prata, o ouro, metais abundantes no Peru e
Bolívia. Produziam objetos de bronze e cerâmica. Escritas não tinham, a não ser os quipos,
cordões de diferentes cores presos em franjas a um cordão, com diversos nós que serviam de
calendário, registro de produção agrícola ou de acontecimentos importantes.
Com a chegada de Pizarro (1534), a riqueza em ouro acumulada pelos quíchuas
despertou a cobiça dos espanhóis que, para se apoderar, arrasaram a civilização incaica.
Comparação entre as principais atividades econômicas das colônias
espanholas, portuguesas e inglesas
As explorações econômicas das colônias espanholas, portuguesas e inglesas tiveram
características próprias. Vejamos:
A agricultura não se desenvolveu nas colônias espanholas, enquanto no Brasil (colônia
portuguesa) e nas colônias inglesas do sul foi a base de todo o desenvolvimento econômico,
usando o escravo africano como mão-de-obra predominante.
A mineração foi a atividade mais importante da América espanhola usando o nativo
como escravo na exploração dos metais preciosos. O Brasil também apresentou a exploração
do ouro, no século XVIII, usando o escravo africano. Nas colônias inglesas, os achados de
ouro só se acentuaram no século XIX, ou seja, depois de feita a independência dos Estados
Unidos. A exploração de metais preciosos era monopólio (exclusividade) da Coroa, tanto nas
colônias espanholas quanto na portuguesa. As metrópoles, no entanto, permitiam a exploração
por particulares, mediante o pagamento de 20%, como imposto.
O comércio das colônias com o exterior só era permitido com as suas respectivas
metrópoles, que tinham, portanto, o monopólio mercantilista. Por exemplo: as colônias
espanholas só podiam importar ou exportar da Espanha; o Brasil, por sua vez, só poderia
comerciar com Portugal. Já a metrópole inglesa, embora também aplicasse as leis do
monopólio mercantil às suas colônias, não usava de muita rigidez nesta aplicação. As colônias
do norte, por exemplo, tinham uma relativa liberdade de comércio com o exterior e também
eram livres para ter fábricas de produtos para o consumo local ou mesmo para exportação,
usando mão-de-obra familiar. Nas colônias inglesas do sul, plantavam-se em grandes
extensões de terra (latifúndios), o tabaco, o algodão ou o açúcar, que só podia ser exportado
para a metrópole. Nesta área predominou a escravidão negra.
OS PRIMEIROS ANOS DO BRASIL
Antes de descobrir o Brasil, os portugueses meteram-se pelo mar adentro rumo à Ásia e
encontraram o caminho que levava à Índia.
A Índia era um país muito antigo e de civilização adiantada. Possuía tudo que podia
despertar a ganância dos europeus: palácios maravilhosos, ouro, pedras preciosas e joias de
beleza estonteante. Possuía, também, especiarias, isto é, canela, cravo, pimenta, produtos que
a Europa inteira comprava a bom preço para temperar seus alimentos.
O europeu que ia à Índia voltava sempre endinheirado. Com o Brasil o caso era
diferente. O Brasil era uma terra nova, pobre e selvagem. Ouro e pedras preciosas devia haver,
mas no fundo da terra (só serão descobertas no século XVIII).
As únicas riquezas ao alcance das mãos eram ervas medicinais, macacos, araras e uma
madeira avermelhada, chamada pau-brasil, que servia para tingir panos. Portugal tinha nas
mãos dois países – um rico e outro muito pobre. Era natural que desse preferência ao rico.
E, de fato, deu. O Brasil ficou abandonado pelo menos até 1530.
A notícia de que havia no mundo uma região que o dono desprezava, correu toda a
Europa.
O que aconteceu? Aventureiros, contrabandistas, piratas de todas as nacionalidades
vieram às costas de nosso país, ver o que isto era.
Aqui chegando, encontraram nosso selvagem, que não tinha noção alguma de valores e
que nada sabia do valor do dinheiro.
Não havia nenhuma mercadoria capaz de enriquecer rapidamente um homem. O que de
melhor havia era o pau-brasil, que os tintureiros da Europa compravam, a bom preço.
E os europeus atiraram-se à explorar a madeira vermelha, o pau-brasil. A mercadoria
quase nada lhes custava. Os índios eram ingênuos como crianças. Por um pedaço de pano, ou
por um punhado de contas, ou por um tambor carregavam de pau-brasil os navios dos piratas.
E tanto pau-brasil chegou à Europa e tanto a Europa falou em pau-brasil, que em pouco
tempo, talvez menos de cinco anos, o nosso país não se chamava mais Terra de Vera Cruz,
nem Ilha da Cruz, nem Terra de Santa Cruz. Chamava-se Brasil.
Conquista e espanto
Tudo era novo e diferente para os dois lados
Os encontros dos europeus com os povos conquistados na América, África e Ásia foram
sempre de muita surpresa e novidade para os dois lados. Devido às grandes diferenças físicas
e culturais, o que era normal para uns revelava-se estranho para outros.
Espanhóis e portugueses ficaram muito admirados, por exemplo, com a cor, a aparência
física e a nudez ingênua de indígenas e africanos, além de chocados com seus costumes,
como a poligamia (uma pessoa casada com vários parceiros).
O espanto dos índios e dos negros não foi menor. Quando viram pela primeira vez os
brancos, não sabiam se se tratava mesmo de homens, de deuses malignos ou outro bicho
qualquer. Muitas vezes, sumiam na floresta, apavorados. Outras vezes, reagiam com
curiosidade, como neste relato de Cadamosto, um viajante europeu, na África:
Alguns me mexiam nas mãos e friccionavam-me os braços com saliva, para ver se a
minha brancura provinha de qualquer pintura ou se a pele era mesmo assim. Quando
verificavam isso, ficavam muito espantados.
O índio questiona:
Para que cortar tanta madeira?
Ao contrário do europeu, o índio não se dedicava ao acúmulo pessoal de riquezas. As
sociedades indígenas recusavam o trabalho excessivo, não por incapacidade ou indolência,
mas por considerá-lo inútil. Sem a ambição dos brancos, limitavam-se a satisfazer suas
necessidades e viviam felizes dessa maneira. Por isso, o índio não entendia por que os brancos,
desde sua chegada ao Brasil, precisavam de tanta madeira das florestas.
“Seria para levá-la a algum deus?”, perguntou certa vez um índio tupinambá, num
diálogo ocorrido em 1558, relatado por Jean de Léry. O branco explicou que a madeira seria
levada para um homem do outro lado do oceano. Ele ia fazer tinta com ela para tingir muitos
tecidos, e depois vendê-los. O índio, porém, não entendeu para que vender tanto tecido e
acumular tantos bens.
“Esse homem não morre?”, indagou-o novamente.
O branco respondeu que sim, morria, mas que acumulava bens para deixá-los aos seus
descendentes quando morresse. O índio então concluiu perplexo:
“Sois grandes loucos (...) trabalhais tanto para amontoar riquezas para vossos filhos ou
para aqueles que vos sobrevivem! Não será a terra que vos nutriu suficiente para alimentá-los
também? Temos pais, mães e filhos a quem amamos; mas estamos certos de que, depois da
nossa morte, a terra que nos nutriu também os nutrirá, por isso descansamos sem maiores
cuidados. ”
Os povos indígenas no Brasil
A história da colonização
Os brancos mentem quando dizem que descobriram o Brasil. Isso porque todas as
terras, a dos brancos e as dos yanomanis, foram criadas ao mesmo tempo. Um yanomami
nunca diz ‘esta terra é minha’, ou ‘descobri esta terra’, porque ela sempre esteve ali, no mesmo
lugar.
E foi mentindo que os brancos conquistaram terras que hoje formam o Brasil.
Quando chegaram aqui os brancos eram poucos, não tinham casas e mostraram-se
amigos. Tudo mudou quando começaram a construir suas moradias, a fazer suas plantações, a
cavar a terra para procurar ouro. Esqueceram então a amizade e começaram a matar as
pessoas da floresta.
Tomaram as terras para devastá-las. Tornaram doentes a floresta e as gentes que nela
habitavam. E tudo isso para fazer mercadorias. Para não serem miseráveis, destruíram a
floresta, sujaram os rios. Agora, só bebem água ‘embrulhada’, que precisam comprar.
Essa narrativa ilustra como os índios de hoje interpretam a história que se iniciou com a
chegada dos portugueses à América em 1500. Nas páginas seguintes, vamos saber um pouco
dos índios da atualidade e de seus antepassados.
Diversidade cultural
A diversidade cultural dos povos indígenas pode ser medida pelo número de línguas
faladas por eles: são mais de 180.
O patrimônio cultural dos índios não se resume à língua falada. Morando na floresta e
extraindo dela o que necessitam para viver, eles dominam um conhecimento único da
natureza.
Várias empresas multinacionais, muitas do setor farmacêutico, buscam entre os índios
informações para seus produtos. Com isso elas economizam anos de pesquisa.
O conhecimento dos índios auxilia ainda na preservação da natureza. A forma como
cultivam alimentos não destrói a terra, pois é feito um rodízio nos locais de plantio e não há
excedentes de produção, já que os alimentos não são destinados ao comércio.
Todo o saber indígena é transmitido de forma oral, dos mais velhos para os mais novos,
por meio dos mitos e das lendas, que contam desde o surgimento do mundo até o que os
índios podem ou não fazer.
O INÍCIO DA COLONIZAÇÃO
A partir de 1530, Portugal mudou sua política em relação ao Brasil. Resolveu colonizar,
ou seja, mandou gente para cá para trabalhar, produzir e, principalmente, garantir a posse da
terra ameaçada por piratas e contrabandistas de outros países. Assim, em 1530 chegou ao
Brasil uma expedição de colonizadores, que construiu núcleos de povoamento e de defesa e
organizou expedições de exploração. Coordenaram também a fundação da primeira vila do
Brasil, a vila de São Vicente, e depois a vila de Piratininga, ambas em São Paulo.
Pela política mercantilista da época, a função da colônia (Brasil) era dar lucros à
metrópole (Portugal). Como no começo não acharam ouro, os portugueses viram na produção
de açúcar, a saída para a obtenção de lucros, pois este produto era muito valorizado na
Europa.
Dentro deste objetivo, Martim Afonso de Souza trouxe muda de cana-de-açúcar e
construiu o primeiro engenho para moer a cana. Estava começando a colonização do Brasil.
O COLONIALISMO PORTUGUÊS NO BRASIL
Durante mais de 300 anos o Brasil foi colônia de Portugal. Mas o que isso quer dizer?
Vamos estudar o que implicava esta situação, quem ganhava e quem perdia com isso e suas
ligações com a atualidade, não só do Brasil como de toda a América Latina. Você deve lembrar
que já estudou anteriormente alguns aspectos do colonialismo europeu sobre o continente
americano em geral e sua principal consequência: os países europeus (Portugal e Espanha)
enriqueceram às custas da exploração de suas colônias aqui na América Latina.
O sistema colonial adotado no Brasil pelos portugueses abrangia todos os aspectos: o
controle político, econômico e cultural.
No aspecto político todas as pessoas que participavam da administração, do governo
do Brasil eram nomeadas pelo rei de Portugal. Portanto, não tínhamos governo próprio.
No aspecto econômico, o Brasil deveria dar lucros a Portugal, conforme a política
mercantilista da época. Com este objetivo, Portugal adotou o sistema de monopólio
comercial: só podíamos comprar ou vender, de Portugal, que também determinava os preços.
Por exemplo: Portugal comprava no Brasil 1 saca de açúcar a 20 libras e vendia aos países
europeus por 50. Assim lucrava, muito...
Como você percebe, se tivéssemos liberdade de poder vender diretamente a outros
países, sem os intermediários portugueses, venderíamos mais caro e teríamos mais lucro. Ao
mesmo tempo só podíamos importar por intermédio de Portugal, que mais uma vez lucrava
vendendo-nos muito mais caro do que custaria se comprássemos direto de outros países.
Veja bem como este sistema colonial nos prejudicava: além de não ter liberdade de
comércio, também não podíamos produzir nada que fizesse concorrência aos produtos
portugueses. Por exemplo, se Portugal fabricava vinhos, nós não podíamos fazê-lo: assim
éramos obrigados a comprar o vinho dos portugueses pelo preço que ele determinasse.
No aspecto cultural, considerando o idioma que falamos, o catolicismo como nossa
religião predominante e nossa cultura em geral, podemos constatar que o que mais pesou
foram os valores portugueses. Isto se deve em grande parte ao trabalho dos padres jesuítas,
que controlavam toda a instrução e catequese defendendo mais ou menos os mesmos
interesses do governo português, o que não significa que não sofremos a influência da cultura
negra e indígena, conforme veremos.
A aculturação dos índios e dos negros à língua, à religião, aos hábitos e costumes dos
colonizadores portugueses nem sempre se deu de forma espontânea e natural. Muitos livros de
História e de Literatura descrevem a forma, muitas vezes cruel, através do qual o branco impôs
sua cultura na América. O domínio da cultura européia se deu porque, para dominar econômica
e politicamente os portugueses precisavam também submeter os nativos à sua língua, à sua
religião, aos seus costumes. Dominar culturalmente era, antes de tudo, disciplinar a mão-deobra nativa. O resultado de todo este controle que Portugal exercia sobre nosso país, é o
subdesenvolvimento político, econômico e cultural em que vivemos. Situação esta que se
estende a todo o continente americano, com exceção dos Estados Unidos e Canadá.
AS CAPITANIAS HEREDITÁRIAS
Em 1534 D. João III, rei de Portugal, criou no Brasil o sistema de Capitanias
Hereditárias. O Brasil foi dividido em 15 lotes (capitanias) de diferentes extensões e entregues
a 12 donatários da pequena nobreza portuguesa. Esses nobres estavam em decadência e não
receberam auxílio financeiro do governo.
O objetivo do governo português era estimular a colonização, garantir a posse do
território brasileiro e a busca de riquezas. O desenvolvimento das capitanias não deu o
resultado esperado. O maior problema de muitos donatários não foi o ataque dos índios, mas a
falta de recursos para colonizar a terra.
O sistema de Capitanias Hereditárias continuou durante todo o período colonial e deu
origem, mais ou menos, à atual divisão política do Brasil. As capitanias seriam hoje os
Estados, e os donatários, os governadores. Mas, enquanto os donatários eram nomeados
pelo rei de Portugal, governadores estaduais são eleitos pelo voto
O GOVERNO GERAL
Em 1548, o rei de Portugal criou o cargo de governador geral para o Brasil. O
governador deveria ajudar os donatários e, ao mesmo tempo, defender os interesses do rei,
aqui. Ele era o representante direto do rei de Portugal e os donatários deviam-lhe obediência.
Assim, tínhamos o governo central chefiado pelo governador geral e os governos regionais
chefiados pelos donatários. Em 1549, chegou Tomé de Souza, o nosso primeiro governador.
Depois vieram Duarte da Costa, Mem de Sá e assim por diante.
Entre os principais acontecimentos desses primeiros governos temos a fundação da
cidade de Salvador, sede do governo central e nossa primeira capital; a fundação do Rio de
Janeiro; o combate aos índios; o desenvolvimento da lavoura de cana-de-açúcar; invasão e
expulsão dos franceses do Rio de Janeiro, etc.
Com os governantes vieram também os padres jesuítas, responsáveis pela catequese
dos índios e início da educação em nosso país, com a fundação de várias escolas.
O governo geral continuou até 1808, ano da chegada de toda família real portuguesa.
AS INVASÕES ESTRANGEIRAS NO BRASIL
A partir do século XVI o litoral brasileiro foi visitado inúmeras vezes por navios
estrangeiros.
Os franceses tentaram por duas vezes organizar colônias no Brasil. A primeira tentativa
foi no Rio de Janeiro, em 1555 (século XVI), com a fundação da França Antártica. O objetivo
desta invasão, além da exploração econômica, era criar uma colônia onde os protestantes
calvinistas tivessem liberdade para praticar sua religião, já que eles eram perseguidos pelo
governo católico de seu país (França).
A segunda tentativa foi no Maranhão, em 1612 (século XVII) com a fundação de uma
pequena colônia chamada França Equinocial.
Os franceses foram expulsos pelos portugueses em ambas as tentativas.
Os holandeses, também, tentaram se estabelecer no decorrer do século XVII. Primeiro
atacaram a Bahia e depois Pernambuco. Acabaram dominando um bom pedaço do litoral do
Nordeste brasileiro. O plano da burguesia holandesa era apoderar-se da produção de açúcar
que existia neste local, refiná-lo na Holanda e depois vender, com boa margem de lucro aos
demais.
Filhos da Holanda
A influência holandesa no nordeste
Recife já era uma cidade grande para os padrões da Colônia quando Maurício de
Nassau chegou. Para os holandeses, porém, ela não passava de uma vila com características
primitivas.
Trazendo uma arquitetura bastante distinta da portuguesa, os holandeses construíram
muitas casas, pontes e ruas, além de realizar obras de saneamento. A cidade ficou mais
confortável, e a condição de vida da população melhorou.
Em contrapartida, os holandeses também se adaptaram às condições locais, adotando
muitos dos costumes da comunidade luso-brasileira. Casaram-se com mulheres brancas,
mulatas e índias e deixaram muitos descendentes de olhos e cabelos claros. Sem falar nos
nomes e sobrenomes, como Wanderley e Holanda.
A EXPANSÃO DO TERRITÓRIO BRASILEIRO
Você sabe por onde o Brasil começou a ser povoado? Foi a partir do seu litoral, de
onde os portugueses extraiam o pau-brasil e plantavam a cana-de-açúcar. Porém, no decorrer
dos séculos XVI, XVII e XVIII grupos de pessoas foram penetrando no interior e dando início ao
desbravamento, exploração e povoamento do sertão brasileiro. Esses grupos, à medida que
ocupavam o interior, aumentavam o nosso território que até então se limitava à linha do
Tratado de Tordesilhas.
Mas quem eram esses grupos que aumentaram o nosso território? Eram eles:
Grupos de padres jesuítas que se dedicavam à catequização dos índios, fundando
escolas e missões (aldeias de índios catequizados).
Bandeiras – expedições organizadas e patrocinadas por particulares, pessoas que
saíam pelo sertão procurando índios para escravizar ou em busca de metais preciosos.
Nesta busca de ouro ou de índios, geralmente os bandeirantes ocupavam áreas além da
linha de Tordesilhas, aumentando o nosso território. Esta é a grande importância histórica
dos bandeirantes.
As Entradas, que eram expedições do governo por respeitarem a linha de
Tordesilhas, não contribuíram para aumentar nosso território, por isso não são tão
importantes quanto as Bandeiras.
Os boiadeiros penetravam o sertão em busca de novas pastagens para seus rebanhos,
ocupando áreas como o interior da Bahia, do Piauí, do Maranhão, do Paraná, Santa Catarina e
Rio Grande do Sul.
Com esta expansão territorial feita pelos bandeirantes, jesuítas e boiadeiros, áreas que
oficialmente pertenciam à Espanha foram ocupadas por brasileiros ou portugueses. Assim, no
século XVIII, Espanha e Portugal tiveram que assinar tratados de limites que deram origem,
mais ou menos, às fronteiras que temos hoje.
AS PRINCIPAIS ATIVIDADES ECONÔMICAS DO BRASIL-COLÔNIA
Vamos agora estudar as principais atividades econômicas do período colonial (1500 a
1822) e suas características. O pau-brasil, a cana-de-açúcar e a mineração se constituíram
nas principais atividades lucrativas para Portugal.
O pau-brasil – árvore nativa que se encontrava em quase todo o litoral brasileiro e que
servia de matéria-prima para fabricar tinta de tingir tecidos. Até 1550 foi a principal riqueza
explorada pelos portugueses. Sua exploração era monopólio do governo: isto significava que
ninguém poderia retirá-lo de nossas terras sem a prévia autorização do governo português.
Mas quem trabalhava na extração desta madeira? A mão-de-obra predominante era o
indígena. Inicialmente o índio trabalhava em troca de objetos como facas, espelhos,
machados, etc. é o chamado escambo. Com o tempo, porém, os índios passaram a ser
violentamente escravizados pelos exploradores de madeira.
Servindo aos interesses do governo e aos ricos comerciantes, inúmeros navios levaram
pau-brasil do nosso litoral. Como resultado desta intensa extração, hoje, praticamente não
existe mais em nosso território.
A cana-de-açúcar – maior riqueza do Brasil colonial teve seu auge de 1550 a 1650.
Todo o litoral do nordeste foi ocupado por grandes lavouras de cana-de-açúcar, principalmente
Pernambuco e Bahia. A cana moída no Brasil e o açúcar eram levados para a Europa onde era
refinado e revendido.
Na economia açucareira, como no pau-brasil, também funcionava o sistema de
monopólio comercial: só podíamos vendê-lo para os portugueses. Assim, eles nos pagavam
o preço que queriam para depois vender com lucros aos demais países europeus.
Porém, quem mais lucrou com a exploração de açúcar brasileiro não foram os
portugueses nem nossos fazendeiros, e sim a burguesia da Holanda. Esta burguesia
emprestava dinheiro para a produção de açúcar, ajudava a transportá-lo para a Europa,
refinava e distribuía no mercado internacional. Como você já viu, os holandeses tentaram,
inclusive, dominar a área produtora de açúcar no Brasil.
Toda a produção de açúcar era praticamente para exportação. Para produzir em
grandes quantidades, foram plantadas em imensas extensões de terra, ou seja, era uma
atividade baseada no latifúndio. O senhor de engenho (fazendeiro, dono das lavouras de
cana-de-açúcar e do engenho) só produzia em grande quantidade um produto: a cana-deaçúcar. É o que chamamos de monocultura (predomínio da cultura de um só produto). O
restante dos produtos necessários para a vida na colônia era importado através dos
portugueses. Assim, o dinheiro que os fazendeiros ganhavam com o açúcar voltava aos
europeus para as importações.
Mas que tipo de mão-de-obra era usado nas lavouras de cana-de-açúcar? Inicialmente
os senhores de engenho tentaram escravizar o índio, mas o que acabou predominando foi a
escravidão do negro, capturado na África. Isto se deve, principalmente, a fatores econômicos:
usando o negro como escravo, os traficantes portugueses obtinham grandes lucros com seu
comércio. Assim, os comerciantes portugueses tiravam lucros do Brasil, não só com o açúcar,
mas também através do comércio de escravos.
Portanto, podemos concluir que as principais características da economia açucareira
eram: exportação, latifúndio, monocultura e escravidão.
Estrutura social do engenho
A estrutura desta sociedade estava baseada em duas classes opostas: senhores de
engenho e escravos. A autoridade do senhor do engenho sobre todas as pessoas era
absoluta e se estendia por toda a região invadindo vilas e povoados. Este poder era uma
consequência de seu poder econômico, baseado na posse da terra, dos escravos, do engenho
e do açúcar.
Podemos dizer que a sociedade açucareira era patriarcal. Isto significa que todo o
poder de chefia estava concentrado na figura do pai, o senhor de engenho.
Enquanto o senhor de engenho morava, com sua família, na luxuosa Casa Grande, os
escravos habitavam a Senzala, levando uma vida miserável.
Portanto, temos como principais características da sociedade formada em torno da
atividade açucareira: era uma sociedade patriarcal, dualista (possuía duas classes distintas) e
estática (não havia possibilidade de um escravo, por exemplo, se tornar fazendeiro).
“O senhor de engenho era a figura central do seu grupo familiar. Determinava as
funções que cada membro da casa-grande deveria desempenhar.
A esposa do senhor de engenho era totalmente submissa ao marido. Vivia para ter
filhos, fazer doces, costurar e bordar. Não tinha estudos. Sua vida social limitava-se a ir à igreja
e a conversar com escravas.
Os filhos homens costumavam passar uns tempos em casas de amigos ou parentes que
lhes pudessem transmitir alguns ensinamentos fundamentais. O filho mais velho era orientado
para suceder o pai na chefia do engenho. Dentre os demais filhos, um geralmente se tornava
padre, outro se formava em Direito pela Universidade de Coimbra, em Portugal. O advogado
ajudava a transformar em poder político o prestígio social da família.
Nessa época, era comum o casamento de mocinhas de quinze anos com homens de
cinquenta ou até mais idade. Os namoros e casamentos precisavam da autorização do pai.
Havia casos de escravas que deletavam namoros e encontros das sinhás-moças (filhas)
ou sinhás-donas (esposas).
“Por vezes, essas histórias levavam o senhor a ordenar o assassinato da esposa ou de
uma filha.”.
Foi também no século XIX que outro hábito mais ‘sofisticado’ começou: comer à mesa
utilizando talheres. Escravo “ou senhor, a maioria, agachada ou acocorada no chão e alimentava
usando as próprias mãos. ”
A mineração – Ciclo econômico que teve o seu apogeu entre 1700 e 1780, quando
o Brasil produziu, mais ou menos, 700 toneladas de ouro e algumas de diamantes. Os
principais centros produtores eram Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso.
Mas para onde foi parar toda esta riqueza? Veja o seguinte: 20% do ouro produzido era pago
como imposto para o governo português. E a parte do ouro que ficava com os mineiros
como era usada? Grande parte do ouro ia para Portugal para pagar as mercadorias
importadas, já que não se produzia quase nada aqui. Outra parte era para comprar
os escravos (negros) cujo comércio, no século XVIII, era controlado pelos ingleses.
Outra parte do ouro era doada aos padres, o que explica o grande número de igrejas
barrocas construídas na região. E todo este ouro que ia para Portugal, acabava chegando à
Inglaterra para pagar as dívidas que Portugal tinha com os ingleses, que na época
estavam começando a sua Revolução Industrial, com o ouro do Brasil.
Agora vejamos algumas consequências que estes achados de ouro provocaram no
século XVIII:
Toda a população se concentrou na região centro-oeste, o centro da mineração;
Aumentou a população brasileira em função da vinda de milhares de portugueses em
busca do ouro;
Como mão-de-obra, predominava o uso de escravos negros;
Com maior riqueza circulando, desenvolveu-se o comércio, surgiram às vilas e cidades
e, pela primeira vez no Brasil, surgiu uma pequena classe média, formada
por comerciantes, padres, militares, artesãos, pequenos mineradores, etc.;
A classe alta era formada por ricos proprietários de minas de ouro ou diamante;
Formou-se uma sociedade mais democrática uma vez que os pobres podiam
melhorar de vida, bastando, por exemplo, achar ouro ou se dedicar ao comércio;
A capital da colônia foi transferida de Salvador para o Rio de Janeiro, que ficava
mais perto da zona de mineração;
Com o aumento da população a pecuária também se expandiu, principalmente em
Goiás, Mato Grosso, Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul.
Os
escravos
mineração
na
No início da extração aurífera, o trabalho nas minas era realizado principalmente pelos
próprios descobridores, embora vários deles possuíssem escravos indígenas. Com o tempo,
cresceu bastante o número de escravos negros, comprados do Rio de Janeiro, das
capitanias açucareiras do Nordeste ou trazidos da África.
O escravo africano tornou-se tão importante nas minas que as maiores datas eram
concedidas aos proprietários com maior número de cativos. Nunca, em nenhuma região da
colônia, tinha havido uma concentração tão grande de escravos como nas Minas Gerais no
auge do ouro.
As chances de conseguir a alforria, ou seja, a liberdade era maior que no engenho,
mas ainda pequenas. Uma delas, instituída pelo governo, libertava o escravo que
descobrisse um diamante de 20 quilates (4 gramas) ou mais. No entanto, pouquíssimos
conseguiram essa façanha. As poucas alforrias explicam por que sempre houve mais
escravas libertas do que escravos. Como o número de mulheres brancas em Minas Gerais
era reduzido, muitas cativas conseguiam a liberdade por meio do casamento ou do
concubinato com homens livres.
O trabalho nas minas era exaustivo. Extraindo o ouro de aluvião, o escravo ficava longas
horas com os pés na água, sendo frequentemente atingido pela tuberculose e por outras
doenças pulmonares. Nas galerias subterrâneas, os cativos estavam sujeitos à asfixia
dos gases e aos riscos de soterramento. A história das minas registra vários
acidentes de desmoronamento de galerias, que provocavam centenas de mortes.
As péssimas condições desse trabalho ajudaram a explicar as constantes rebeliões de
escravos na área mineradora. Fugas, assassinatos de feitores e senhores e a formação de
quilombos foram a resposta dos negros diante da brutalidade da escravidão.
AS REBELIÕES COLONIAIS
Como sabemos desde o seu descobrimento o Brasil foi explorado ao máximo por
Portugal. Com o passar do tempo, a população começou a tomar consciência de quanto este
sistema prejudicava o progresso do país.
A população estava descontente e o resultado disso foi várias atitudes de revolta. Estas
rebeliões coloniais eram de dois tipos:
Aquelas que desejavam apenas algumas reformas no sistema colônia:
A Revolta de Beckman (Maranhão, 1684);
A Guerra dos Emboabas (Minas Gerais, 1708);
Guerra dos Mascates (Pernambuco, 1710);
A Revolta de Felipe dos Santos (Minas Gerais, 1720).
Aquelas que pretendiam liberar o Brasil de Portugal, ou seja, fazer a nossa
independência:
Conjuração Mineira (Minas Gerais, 1789);
Conjuração Baiana (Bahia, 1798);
Revolução Pernambucana (Pernambuco, 1817).
Vamos nos deter no estudo da Conjuração Mineira e Baiana que são as mais
importantes. A Revolução Pernambucana será vista posteriormente.
A CONJURAÇÃO MINEIRA (Minas Gerais, 1789)
Na verdade, a Conjuração Mineira não foi uma revolução, pois o governo português,
descobrindo o plano dos inconfidentes, prendeu os envolvidos e o movimento nem chegou a
começar. Mas por que a Conjuração Mineira é tão importante? Pelo fato de ter sido a
primeira tentativa de fazer a independência do Brasil.
O que pretendiam estes brasileiros do século XVIII?
Pretendiam libertar o Brasil de Portugal, fazer eleições para escolher o presidente da
República, liberar o comércio com outros países, a abertura de fábricas, bancos, jornais e
universidades.
Mas que fatores influíram para que estas pessoas desejassem tais mudanças?
O Brasil passava por grave crise econômica em função da violenta queda da
produção do ouro. Entretanto, o governo português continuava exigindo os mesmos 1500
quilos de ouro anuais de impostos, como se a produção não tivesse diminuído. Estes
impostos estavam bastante atrasados, e para cobrá-los o governo usava a Derrama.
Quando era decretada a Derrama, a população entrava em pânico em função dos atos de
violência cometidos pelas autoridades portuguesas (prisões, confisco de bens, invasão de
casas, etc.).
Outro fator que influenciou foi o conjunto de idéias de
liberdade e igualdade do Iluminismo, pois jovens estudantes da elite
mineira que iam fazer faculdade na Europa pretendiam aplicar estas
idéias aqui no Brasil. Também foi importante a Independência dos
Estados Unidos ocorrida em 1776. Se os colonos norte-americanos
conseguiram se libertar do domínio inglês por que o Brasil não
poderia se libertar do governo português?
Dentre os principais líderes da Conjuração Mineira podemos destacar: Cláudio
Manoel da Costa, Tomás Antonio Gonzaga, Alvarenga Peixoto e Joaquim José da Silva
Xavier (o Tiradentes).
Este último foi o único condenado à morte.
A CONJURAÇÃO BAIANA (Bahia, 1798)
Também conhecida como Conjuração dos Alfaiates, ocorreu na Bahia em 1798.
Os líderes da Conjuração Baiana pretendiam libertar o Brasil de Portugal e proclamar
uma República, com eleição para a presidência. Pretendiam, ainda, acabar com a escravidão
do negro, melhorar as condições de vida do povo e abrir os portos brasileiros aos navios de
todas as nações.
Mas o que levou os baianos à revolta?
A maioria da população vivia em grande miséria e os impostos eram altos. Os
revolucionários estavam entusiasmados com as idéias de liberdade e igualdade do Iluminismo.
Enquanto que em Minas o movimento foi organizado principalmente por intelectuais e
ricos proprietários, na Bahia a Conjuração foi promovida por gente muito simples, incluindo
alfaiates, soldados, escravos, pequenos comerciantes. Era um movimento de origem popular.
A reação do governo português foi cruel, sendo que seus principais líderes foram
enforcados.
Apesar da violenta repressão portuguesa e do fracasso das duas tentativas de
emancipação política, o ideal de independência permaneceu no Brasil até a sua concretização
em 7 de setembro de 1822.
FORMAÇÃO DA CULTURA BRASILEIRA
Com o início da colonização do Brasil, aos poucos se deu o contato entre o branco
português e o indígena que já vivia aqui. Em conseqüência houve a miscigenação racial, o
cruzamento entre esses elementos de diferentes características. Depois vieram os negros da
África para trabalhar como escravos. Em solo brasileiro reuniram-se, então, o negro, o indígena
e o europeu, os três elementos que formaram o povo brasileiro.
As características físicas e a cultura do povo brasileiro, de hoje, têm sua origem,
basicamente, nesta miscigenação.
A seguir veremos a herança cultural de cada um desses grupos.
A herança indígena
Alimentos: mandioca, milho, guaraná, palmito, etc.
Objetos: rede de dormir, jangada, canoa, armadilhas de caça e pesca instrumentos
musicais como o maracá.
Vocabulário: palavras da língua tupi como, por exemplo: Curitiba, Piauí, Tramandaí, Jacuí,
Itapoá, mandioca, taquara, arara, jacaré, sabiá, tatu, abacaxi.
Técnicas: trabalhos com cerâmica, preparação de farinha de mandioca, etc.
A herança negra
Alimentos: inúmeros doces e pratos da cozinha baiana tais como: cocada, pé-de-moleque,
quindim, vatapá, acarajé, cururu.
Seitas religiosas: umbanda, candomblé, macumba.
Setor musical: a música negra com sua força rítmica está presente nos lundus, nas
congadas, nos sambas, nos maxixes e nos maracatus. Dos instrumentos musicais
podemos destacar: atabaques, ganzá, reco-reco, agogô, berimbau, cuíca, tambores.
Atualmente podemos dizer que vários estilos musicais como a lambada, as músicas de
carnaval (samba) e a bossa nova são fortemente influenciados pela música negra.
Vocabulário: palavras como batuque, bengala, caçula, xingar, macumba, fubá, moleque,
cachimbo, samba, chuchu e cachaça.
A herança portuguesa
Os portugueses, como colonizadores que eram, impuseram aos índios e aos negros o uso de
sua língua, de sua religião e demais padrões culturais. A influência portuguesa que Cultura
brasileira sofreu é tão grande que seria impossível especificar. Apenas, a título de
ilustração, vamos dar alguns exemplos:
Idioma que falamos;
A religião católica;
O conhecimento científico e artístico europeu;
A organização social, jurídica e administrativa.
A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL – (XVIII)
Quando o homem transforma a lã em tecido, o trigo em farinha, a pedra em cimento, ele
está transformando a matéria-prima em produtos utilizáveis, isto é, ele está industrializando a
matéria-prima. Portanto a transformação da matéria-prima em produto é o que chamamos de
indústria.
Por volta de 1760, começaram a ser inventadas, na Inglaterra, muitas máquinas
utilizadas na indústria. Com as máquinas, as oficinas transformaram-se em verdadeiras
fábricas.
Houve, portanto, uma acelerada modificação nas técnicas de trabalho ocorrendo uma
verdadeira revolução na vida do homem – a Revolução Industrial.
Chamamos de Revolução Industrial ao grande desenvolvimento da indústria, iniciado na
Inglaterra a partir de 1760, em função da invenção de máquinas para produzir o que até então
era feito pelo trabalho braçal.
Mas porque a Revolução Industrial começou na Inglaterra e não noutro país? Vejamos:
ORIGENS DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
A Inglaterra reunia as melhores condições para se tornar o primeiro país industrializado
da Europa. Nos séculos XVII e XVIII a Inglaterra desenvolveu intenso comércio com suas
colônias na América (Estados Unidos) e com as Índias. O grande lucro que obtinha com esse
comércio era aplicado em novas indústrias.
A Inglaterra possuía, também, um intenso mercado consumidor (são regiões não
industrializadas e que adquirem produtos industriais de outros países). Para atender a estes
mercados a Inglaterra tinha que aumentar a produção. Para aumentar a produção começou a
utilização de máquinas.
Foi importante também, que o governo inglês, através do sistema bancário garantisse os
empreendimentos comerciais e industriais. Lembramos que no século XVIII a burguesia já
participava do governo, o que explica este apoio à indústria e comércio.
A melhoria da alimentação e das condições higiênicas contribuiu para o aumento da
população. O crescimento da população e o deslocamento dos trabalhadores do campo para a
cidade, em busca de trabalho, aumentaram a mão-de-obra para as indústrias.
Características da Revolução Industrial
Com esse grande avanço tecnológico, a vida na Inglaterra e nos países que começaram
a sua industrialização, mudou muito. O que caracteriza este movimento é:
A passagem de uma sociedade agrícola e rural para uma sociedade industrial e urbana;
O desenvolvimento do sistema fabril, (fábricas) com o uso da energia a vapor;
O desenvolvimento do transporte e das comunicações;
A expansão do capitalismo (sistema econômico) que passou a controlar quase todos os
ramos da atividade econômica.
Desenvolvimento da Revolução Industrial
Costuma-se dividir a Revolução Industrial em fases:
1ª fase – de 1760 a 1850
2ª fase – de 1860 até os dias atuais
A primeira fase (1760-1850)
Caracterizou-se pelo uso do ferro como metal básico, do carvão como combustível e o
vapor como energia.
O primeiro ramo da indústria a ser mecanizado foi o de tecidos de algodão. Para
produzir grande quantidade de fios de algodão foi inventada a máquina de fiar e depois o tear
hidráulico. Para substituir a tecelagem manual foi inventado o tear mecânico. Outra invenção
foi o descaroçador de algodão.
Uma das maiores novidades da época foi a máquina à vapor, que promoveu o
desenvolvimento mais rápido da industrialização. A máquina à vapor ajudou no incremento da
indústria do ferro e também uma verdadeira revolução nos transportes com sua aplicação
nas locomotivas e barcos.
A segunda fase (1860 aos dias atuais)
Caracterizou-se pela substituição do ferro pelo aço como metal básico, do carvão pelo
petróleo como combustível e do vapor pela eletricidade como energia.
Nesta fase a Revolução Industrial expandiu-se para outros países como a Bélgica, a
França, a Alemanha, o Japão.
Novas invenções surgiram como o dínamo, o motor de combustão interna, a lâmpada
elétrica, o telégrafo, o rádio, o avião, o automóvel, a fotografia, o cinema, a televisão, as fibras
sintéticas, o radar, a energia nuclear, o computador, as viagens espaciais, etc.
Poluição e doenças
As fábricas lançavam na ambiente substância poluente e tóxica: fuligem liberada das
caldeiras e produtos usados no tratamento dos tecidos e das tintas. Doenças respiratórias como
asma, bronquite, tuberculose e pneumonia se tornaram comuns nas cidades inglesas.
A ausência de redes de esgoto também favorecia a ocorrência de doenças. A água
contaminada das fossas se infiltrava na terra e atingia os reservatórios, provocando grandes
epidemias de cólera.
Agora que você tem noção do que foi a Revolução Industrial, está na hora de se
perguntar: Quem fazia as máquinas se mover? Na certa você vai responder o trabalhador. Mas
quem era esse trabalhador e qual suas condições de trabalho? Veremos a seguir.
Na maioria dos casos, os trabalhadores que os capitalistas contratavam tinham sido
lavradores que cultivavam um pedaço de terra para seu sustento.
A Inglaterra, como grande produtora de tecidos de lã, tirada de seu rebanho de ovelhas,
precisava mais e mais espaço para sua criação e, portanto para sua produção de tecidos.
Assim desde mais ou menos 1700, os grandes proprietários de terras, e mesmo o governo
inglês, começaram a ocupar as terras cultivadas pelos lavradores, para transformá-la em pasto.
Ocorreu a expulsão em massa dos lavradores, que chegaram às cidades. Muitos, sem
condições de viver, tornaram-se mendigos e até mesmo ladrões, severamente castigados
pelo governo. Nessa situação, só havia uma maneira desses antigos lavradores continuarem
vivendo – usando sua capacidade de trabalho. Por isso passaram a trabalhar nas fábricas,
como trabalhadores assalariados, como operários.
O trabalho nas fábricas, não era a melhor solução. O salário era baixo. A duração das horas de
trabalho era de 12, 14 ou 16 horas por dia. As condições do local do trabalho geralmente eram
péssimas. Não havia férias nem aposentadoria. Não havia leis trabalhistas que garantissem
os direitos dos operários. A utilização das máquinas, nas fábricas, não melhorou a situação.
Apesar do aumento da produção, as horas de trabalho não diminuíram. Ao contrário, os
operários tiveram de aumentar o ritmo de seu trabalho, para acompanhar as máquinas.
Além disso, o serviço que os operários precisavam executar ficou mais simples, e não
era necessária muita força. Por isso, as fábricas começaram a empregar mulheres e crianças
de 10, 7 ou cinco anos de idade.
Como as fábricas passaram a empregar mulheres e crianças, o número de pessoas que
procurava emprego, aumentou. Isso provocou ainda mais a queda dos salários, pois os
empregadores podiam escolher as pessoas que pedissem o menor salário. Começou a crescer
também o desemprego.
O descontentamento dos operários era muito grande. Isso acontecia não só na
Inglaterra, mas também noutros países como a Alemanha, a França, a Holanda, a Bélgica.
Insatisfeitos, os operários passaram a discutir os seus problemas e começaram a se
organizar. Foi então que descobriram uma forma de tentar melhorar a situação. Para conseguir
melhores condições de trabalho, melhores salários ou menos horas de trabalho, os operários
faziam greve, isto é, paravam de trabalhar.
Pouco a pouco, os operários perceberam que não adiantava se organizar só em
algumas épocas do ano. Precisavam estar sempre organizados. Assim, os operários criaram
os sindicatos – uma forte organização para defender permanentemente seus interesses.
Como era muito difícil conseguir suas reivindicações em apenas uma fábrica, os
operários, através dos sindicatos, passaram a negociar não só com o dono de uma fábrica,
mas com vários industriais. Ao mesmo tempo passaram a reivindicar leis, regulamentando as
condições de trabalho, número de horas, salários, trabalho das mulheres e crianças.
Com essas formas de organização, os operários foram conseguindo, aos poucos,
algumas melhorias em suas condições de trabalho. Conquistaram alguns direitos: como as leis
trabalhistas.
Transformações econômicas e sociais decorrentes da revolução industrial
O emprego das máquinas, na indústria, e a utilização de várias formas de energia
causaram uma série de transformações em todos os setores de vida humana. Uma delas foi o
deslocamento de milhares de pessoas do campo para a cidade. O aumento da população
urbana foi extraordinário, principalmente na Inglaterra. As cidades cresceram
desordenadamente. As condições de habitação eram péssimas, o mesmo acontecendo com as
condições higiênicas. Tudo isso, mais a exploração dos trabalhadores e o desemprego,
originou a chamada “Questão Social”. Os governos procuram resolvê-los através de leis
trabalhistas, que regulamentaram o trabalho e a situação dos operários.
Surgiram as doutrinas sociais, procurando soluções para a questão, defendendo os
interesses dos trabalhadores. Eram contrários aos abusos do Capitalismo. Uma delas, a teoria
de Karl Marx (marxismo), mais tarde serviu de base para a instalação de regimes de governos
socialistas (comunistas).
A Igreja Católica também se preocupou com os problemas dos operários,
procurando resolver a questão através dos princípios do cristianismo. Por meio das encíclicas
(documentos papais), os Papas apelaram aos empregadores para que respeitassem a
dignidade de seus operários, como homens, e não os tratassem “como instrumentos
para fazer dinheiro”.
Uma das mais importantes consequências da Revolução Industrial foi o acúmulo de
capitais (Capitalismo).
Surgiram gigantescas acumulações de capital, com fusões de empresas (trustes e
cartéis), sociedades anônimas.
Tornaram-se, assim, as grandes empresas internacionais (multinacionais), controlando a
produção e o preço, surgindo um verdadeiro imperialismo econômico. A necessidade de
colocar (vender) a grande produção obtida com a industrialização, e de adquirir matéria-prima
para mais produção, fez com que os países europeus procurassem novos mercados
fornecedores de matéria-prima e consumidores, em regiões não industrializadas. Isso levou
os países europeus a estabelecer e explorar colônias, na África e na Ásia.
A Revolução Industrial não terminou. Vivemos hoje em plena era da industrialização.
Com o progresso da técnica e das descobertas científicas, podemos observar uma
grande melhoria nas condições de vida, como: redução da mortalidade infantil, elevação do
nível de vida das populações, melhores condições de trabalho, mais facilidade nos meios de
transporte e de comunicações.
Com a Revolução Industrial desapareceu o uso da escravidão. Com as máquinas,
aumentou a produção de mercadorias que precisavam ser vendidas. Escravo não ganha
salário! E quem não ganha salário não pode comprar mercadorias. Assim, os escravos foram
substituídos pelo trabalhador assalariado.
REVOLUÇÃO FRANCESA (1789/1799)
A pouco mais de 200 anos, em 1789, o povo francês revoltou-se contra o absolutismo
dos reis surgindo o movimento que marca o início da Idade Contemporânea; a Revolução
Francesa.
Causas
da
Revolução
Francesa
O absolutismo Real
Controlava tudo, criava lei, nomeava ministros e auxiliares, cobrava impostos, fabricava
dinheiro, controlava toda a economia (Mercantilismo), enfim a vontade do rei era a lei. Portanto
era o rei o Senhor absoluto do seu país e de seu povo e governava até morrer. Este tipo de
governo que era conhecido como Absolutismo, foi muito forte na França.
A Sociedade Francesa em 1789 era divida em três classes: a nobreza (1° Estado), o
clero (2° Estado) e o restante da população formavam o terceiro estado.
Os nobres ou a nobreza eram aquele grupo de pessoas que vivia para apoiar o rei em
todos os seus atos. Moravam em palácios, não precisavam pagar a maioria dos impostos e
muitos recebiam uma espécie de pensão. Muito ligado ao rei estava também o clero, grupo
formado pelos membros da Igreja (bispos, abades, vigários, padres). Era um grupo muito forte
e possuía muitas terras. Não precisava pagar impostos e, apesar de não receber nada do rei,
tinha também o direito de cobrar alguns impostos dos lavradores. Aqueles que não pertenciam
nem a nobreza nem ao clero (o resto da população) pertencia ao Terceiro Estado. Este grupo
era formado por comerciantes, industriais, banqueiros, advogados, médicos, professores,
artesãos, operários assalariados e também lavradores.
Os comerciantes, os industriais e os banqueiros possuíam muito dinheiro, que era
aplicado em seus negócios – comércio, indústrias ou bancos. Formavam a classe dos
capitalistas, também chamada burguesia.
Com o tempo o poder Absoluto do rei começou a prejudicar os negócios da burguesia.
Os impostos eram pesados. Além disso, a indústria não podia produzir o que quisesse, mas só
o que o rei permitisse. Os comerciantes não podiam vender as mercadorias para quem
oferecesse o melhor preço: o rei fixava o preço e determinava a quem vender. A indústria, o
comércio e os bancos não podiam crescer livremente. Por tudo isso, a burguesia começou a
ficar descontente com o rei: queria derrubá-lo.
O resto da população também estava descontente. Os lavradores eram ainda obrigados
a obedecer às regras dos antigos senhores feudais (os nobres), pagando-lhes pesados
impostos. Muitos lavradores passavam fome. Os outros grupos – tanto o de advogados,
médicos, artesãos e operários – embora fossem em pequeno número também estavam
descontentes com a situação. Após a leitura deste texto, podemos resumir as causas da
Revolução Francesa. Entre as mais importantes estão:
Absolutismo real;
Centralização da economia nas mãos do rei;
Crescimento e desejo da burguesia em participar das atividades políticas;
18
Pesados impostos que a população mais pobre era obrigada a pagar;
A grande desigualdade social – vantagens para poucos e sacrifícios para muitos.
Podemos também citar as causas oriundas do movimento chamado Iluminismo, que
pregava a liberdade, a igualdade e a fraternidade. Para os pensadores do Iluminismo, o
governo de uma sociedade deveria ser um governo que procurasse o bem-estar de todos. O
governo não poderia favorecer uma pessoa e prejudicar outras. O governo, assim como a lei,
deveria considerar todos com igualdade, como pessoas livres e iguais, como cidadãos. As
idéias destes pensadores estavam completamente contrárias ao governo de uma só pessoa,
portanto, contrárias ao Absolutismo que vigorava na França.
O movimento de independência dos Estados Unidos, em 1776, também contribuiu para
o desenvolvimento da Revolução Francesa. Muitos franceses, que lutaram em território
americano, ao voltar transmitiram o ideal de liberdade e igualdade da Revolução Americana.
Desenvolvimento da Revolução Francesa
Por tudo isso, o movimento revolucionário de 1789 foi crescendo. Aos poucos o rei
percebeu que crescia o descontentamento do Terceiro Estado, que não mais poderia governar
o seu país como bem entendesse. Estava na hora de consultar a população, por isso, ele
convocou uma Assembleia – composta por representantes da nobreza, do clero e do 3°
Estado. – para tentar controlar a situação, encontrar uma solução para tantos
descontentamentos, mas a votação, na Assembleia, era por classe, e não por cabeça, o que
prejudicava o 3º Estado que tinha o maior número de deputados.
Por isso, os representantes do 3° Estado transformaram a Assembleia em uma
Assembleia Constituinte a fim de elaborar uma Constituição que valesse para todos os
franceses, inclusive o rei. Nesta assembleia constituinte surgiu a designação “esquerda” e
“direita”, para designar os deputados mais radicais que ficavam a esquerda e os conservadores
à direita.
Enquanto a Assembleia elaborava a Constituição, o povo se movimentava: começou a
atacar e invadir os palácios dos reis e do clero. Foi neste período que foi invadida a Bastilha
(prisão política invadida em 14/07/1789) que simbolizava o poder absoluto do rei.
A Constituição ficou pronta em 1791. Os direitos dos antigos senhores feudais (nobreza)
foram eliminados. O clero também perdeu suas vantagens. O rei continuaria no seu cargo, mas
obedecendo à Constituição.
Fases:
Monarquia constitucional
República:
Convenção
Diretório.
O Diretório foi derrubado pelo General Napoleão Bonaparte, que instala na
França um governo sob sua liderança – o Consulado. A subida de Napoleão ao poder marca o
final da Revolução Francesa. Napoleão, mais tarde torna-se imperador dos franceses e,
desejoso de expandir suas conquistas, declara guerra aos outros países da Europa.
Napoleão Bonaparte, em 1808, manda invadir Portugal forçando o seu Príncipe Regente,
D. João, a fugir para o Brasil com toda a sua corte. Este fato foi de extrema importância
para a nossa independência em 1822.
Importância da Revolução Francesa
Poderíamos nos perguntar: afinal por que se fala tanto na Revolução Francesa? Qual
sua importância para os dias atuais?
É porque a Revolução Francesa não foi somente a derrubada de um rei. Junto com o
poder absoluto do rei acabou, também, um tipo de governo em que só algumas pessoas –
nobreza e clero – tinham direitos, uma sociedade em que algumas pessoas tinham mais
direitos que outras. Durante a Revolução Francesa é que foi aprovada a Declaração dos
Direitos do Homem e do Cidadão (26/08/1789). Esta declaração afirma, entre outras coisas,
que todos os homens eram livres e iguais em direitos, e que a função dos governos é
exatamente a de garantir a liberdade e igualdade de todos.
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Em 1948, a Organização das Nações Unidas (ONU), criou a Declaração Universal dos
Direitos do Homem baseada nos ideais da Revolução Francesa.
A Revolução Francesa colocou a burguesia no poder, implantou o liberalismo
econômico e propagou os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade, que divulgou por
todo o Mundo Ocidental, princípios básicos da Democracia.
Em Portugal, 1820, ocorreu uma Revolução Liberal na cidade do Porto. Com esta
Revolução a burguesia portuguesa subiu ao poder e estabeleceu uma monarquia
constitucional, pela qual o poder real seria limitado por lei. Eram os ideais da Revolução
Francesa que saiam vitoriosos em Portugal.
Dom João VI, rei português que estava no Brasil, com a Revolução do Porto teve que
voltar imediatamente para Portugal. Este fato acelerou o nosso processo de independência.
As conquistas da Constituição brasileira
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, em 1789, inspirou constituições
democráticas em várias partes do mundo. Ainda hoje, passados dois séculos, as constituições
de diferentes países expressam os princípios franceses daquela época. A Constituição
brasileira, promulgada em 1988, é um exemplo.
As leis atuais que limitam o poder dos governantes, que garantem o direito á liberdade
de expressão e de organização em partidos políticos, o direito de influir nas decisões dos
governantes, por meio de representantes eleitos pelo voto ou de plebiscitos, todas essas
liberdades foram conquistas da Revolução Francesa.
Repercussão da Revolução Francesa na América Latina
Os ideais da Revolução Francesa não se propagaram somente pela Europa. Foram,
também, divulgados na América. É preciso salientar que todos os movimentos pela
independência das colônias espanholas, na América Latina, foram fortemente influenciados
pelos ideais de liberdade, da Revolução Francesa.
O mesmo ocorreu em relação a todo o processo de independência do Brasil, desde a
Conjuração Mineira e Baiana, que foram as primeiras tentativas, até o 7 de setembro de 1822.
A INDEPENDÊNCIA DOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA (EUA)
América do Norte foi colonizada pela França e Inglaterra. A Espanha colonizou a
América Central e a América do Sul, com exceção do Brasil que foi colonizado por Portugal.
Veja o mapa:
As colônias pertencentes à Inglaterra, a partir de 1776, tornaram-se independentes e deram
origem aos Estados Unidos da América (EUA). Agora, vamos ver como aconteceu esse processo
que levou os colonos norte-americanos a se emanciparem de sua metrópole, a Inglaterra.
As causas da Independência dos EUA
As colônias inglesas se desenvolveram sem sofrer, quase o controle mercantilista da
metrópole (a Inglaterra), o que não ocorreu, por exemplo, nas colônias espanholas e
portuguesas. Assim, essas colônias tinham uma vida independente da Inglaterra. Surgiram muitas
indústrias que produziam até navios. Os navios transportavam produtos das colônias para outros
lugares,ou traziam produtos de fora para a colônia, sem a intromissão dos comerciantes
ingleses. Em resumo: as colônias estavam ficando independentes da Inglaterra.
Ao mesmo tempo, a Inglaterra começou a ter prejuízos com tudo isso. Se os produtos das
colônias não passavam pela Inglaterra para depois ser vendidos pelos comerciantes
ingleses, em navios ingleses, não davam lucro aos ingleses. Além disso, como os americanos
(colonos) controlavam diretamente o comércio de escravos, a Inglaterra perdia uma grande
fonte de lucro: a venda de escravos para os fazendeiros americanos. A Inglaterra perdia
também de vender os tecidos de algodão para vestir os escravos, pois os americanos
produziam também os tecidos.
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Para evitar todos esses prejuízos, a Inglaterra começou a tentar por em prática todas as
leis que não eram aplicadas. Além disso, criou novas leis que as colônias deveriam obedecer.
Por exemplo: foi proibida a produção de ferro nas colônias, sem falar nos pesados impostos
cobrados.
O processo de Independência
Nesta situação, os interesses das colônias, dos seus comerciantes e industriais, eram
completamente diferentes dos interesses dos comerciantes e industriais ingleses.
Assim, começou a surgir a idéia de que os americanos deveriam decidir tudo o que
fosse de seu interesse: os americanos deveriam ser governados pelos americanos e não pelos
ingleses. Além disso, da Europa vinham as ideias liberais do Iluminismo, que condenava o
absolutismo, a escravidão, o colonialismo, etc. Estas novas ideias do chamado iluminismo,
apregoavam, defendiam que os governantes deveriam ser eleitos, deveriam obedecer a uma
Constituição, que as pessoas deveriam ter liberdade de escolher sua religião, manifestar suas
ideias, etc. Junto com essas ideias surgiram muitas revoltas. A Inglaterra por sua vez,
mandava soldados para reprimir essas revoltas.
Os americanos se organizaram. Queriam a independência. Assim, numa assembléia em
1776, com representantes dos colonos, decidiram que não poderiam permanecer ligados à
metropole. Apartir destes fatos os colonos proclamaram sua independência. É claro que a
Inglaterra não aceitou. Invadiu as colônias com suas tropas. Começou uma guerra que duraram
dez anos, onde se destacou o General George Washington. Mas
os americanos
conseguiram sua independência. Expulsaram os ingleses e as várias colônias se uniram,
formando os Estados Unidos da América (EUA). Também elaboraram uma Constituição onde
se afirmavam a igualdade e a liberdade dos homens, e a possibilidade de todos participarem da
política. Foi eleito como primeiro presidente da República, o General George Washington. E
atenção: a independência dos EUA serviu de estímulo para que as colônias americanas da
Espanha e Portugal também lutassem pela independência.
Independência das Colônias Espanholas na América
A Espanha era dona de imenso império colonial aqui nas Américas, que abrangia o
México, toda a América Central e a América do Sul, com exceção do Brasil, que era colônia de
Portugal.
Mas a partir do final do século XVIII o colonialismo entrou em decadência. As colônias,
aos poucos, foram se tornando independentes da Espanha, como já ocorrera com as colônias
inglesas (EUA). O processo da independência dessas colônias espanholas se estendeu de
1810 a 1828. O que até então era colônia, deu origem aos países americanos de hoje como o
México, o Peru, a Argentina, o Paraguai, Uruguai, etc. Mas o que levou os colonos a lutar pela
independência?
As causas da independência das Colônias Espanholas
O sistema colonial que Espanha e Portugal implantaram na América, tinha como objetivo
geral, explorar ao máximo as riquezas de suas colônias, em benefício das respectivas
metrópoles (Espanha e Portugal). Só que para explorar as colônias, a metrópole tinha que
estimular um certo desenvolvimento e a produção de riquezas, o que enriquecia a classe
dominante colonial; ao mesmo tempo, a metrópole tomava medidas que dificultavam aquele
desenvolvimento, por ter receio que os colonos se tornassem independentes. A metrópole
cobrava cada vez mais pesados impostos, proibia que as colônias tivessem indústrias ou que
fizessem comércio livremente com outros países; tudo isso prejudicava os interesses da classe
dominante colonial, gerando tensões que se tornaram insuportável e explodiram na luta pela
independência.
A Revolução Industrial e a Independência das colônias espanholas e portuguesas na
América – no final do século XVIII, começou na Inglaterra a Revolução Industrial. Com a
Revolução Industrial, a Inglaterra aumentou consideravelmente a produção de bens de
consumo, principalmente tecidos. Aumentando a produção, a Inglaterra tinha que aumentar
também a venda de seus produtos. Para vender paras os colonos na América, a Inglaterra
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precisava que acabasse o monopólio mercantilista nas colônias. Para acabar com o monopólio
mercantilista, as colônias tinham que se tornar independentes das metrópoles, ou seja,
Espanha e Portugal. Assim os comerciantes ingleses podiam vender os produtos diretamente
às colônias. Daí o interesse inglês na independência das áreas coloniais, o que levou aquele
país a apoiar estes movimentos.
Outra causa da independência foi o pensamento liberal do Iluminismo, conjunto de
ideias novas que inspirou a independência dos EUA e a Revolução Francesa. Os filhos da
classe dominante, colonial, eram influenciados nas universidades européias por estas ideias de
liberdade e igualdade. Para por em prática estas ideias, teriam que fazer a independência das
colônias. Dentro deste amplo contexto é que podemos situar a luta pela independência das
colônias aqui na América.
Assim, aos poucos, entre 1810 e 1828, praticamente toda a América espanhola se
tornou independente. Entre os grandes líderes dessas lutas, destacam-se as figuras de Simon
Bolívar, libertador da Colômbia, Venezuela e Equador; e o de San Martin, libertador da
Argentina,
Chile
e
Peru.
No entanto, o sonho de Bolívar de manter a unidade política da América, não se
realizou. A luta pelo poder entre a classe dominante colonial acabou provocando a
fragmentação (divisão) política, originando os vários países que formam a América Latina de
hoje (México, Peru, Bolívia, Argentina, etc.) com exceção da área colonial portuguesa (Brasil)
que manteve sua unidade. Outra conseqüência da independência das colônias espanholas foi
o surgimento de líderes que se tornaram verdadeiros ditadores: os caudilhos.
A Política Napoleônica
Entre 1799 e 1815, Napoleão Bonaparte, imperador da França, dominou quase toda a
Europa. Como Napoleão não conseguiu dominar a Inglaterra, decretou contra esta o Bloqueio
Continental: nenhum país europeu poderia comerciar com a Inglaterra, Portugal não acatou ao
bloqueio. Napoleão então mandou invadir Portugal. Resultado: a família Real Portuguesa fugiu
para o Rio de Janeiro. Com o governo português no Brasil, acelerou-se o processo de
independência no nosso país.
A Família Portuguesa no Brasil
Em 1808, chegou ao Rio de Janeiro Dom João VI, toda a família real e sua corte, formada por
nobres e elementos do clero (padres) católico. Portugal fora ocupado pelas tropas do
Imperador da França, o general Napoleão.
Medidas tomadas por D. João VI no Brasil
Como Portugal estava super-endividado com a Inglaterra, tinha que atender aos
interesses ingleses. E um interesse inglês era ter liberdade de comprar e vender seus produtos
no Brasil. Então, D. João VI decretou a abertura dos portos brasileiros às nações amigas, ou
seja, acabou com o monopólio português sobre o nosso comércio – assim a Inglaterra passou
a comerciar livremente com o Brasil. Os comerciantes ingleses acharam ótimo. No Brasil,
comerciantes e fazendeiros também gostaram, pois poderiam comprar e vender com toda a
liberdade. Mas quem saiu perdendo com tudo isso? A burguesia portuguesa (comerciantes),
pois perdeu a exclusividade de vender e comprar no Brasil. Quando esta burguesia tomou o
governo português (em 1820), tentou recolonizar o Brasil, ou seja, proibir a liberdade do
comércio. Aí então, a elite brasileira, para não voltar ao antigo sistema colonial, decidiu pela
independência, escolhendo Dom Pedro, filho de D. João VI, para ser nosso Imperador.
Outras medidas importantes tomadas por D. João VI, foram: a liberação de abertura de
indústria, a fundação do Banco do Brasil, do Jardim Botânico, a abertura de Museus,
bibliotecas, etc.; surgiram também jornais, sendo que alguns tiveram muita importância na
propaganda das idéias liberais do Iluminismo e de independência.
22
A Real Biblioteca
Entre os objetos que deveriam acompanhar a família real em sua viagem para o Brasil
estavam os caixotes de livros e documentos da Real Biblioteca da Ajuda, em Lisboa. O acervo,
com cerca de 60 mil peças, entre livros, manuscritos, mapas e estampas, representava
simbolicamente a história do reino português.
Na pressa, os caixotes ficaram abandonados no porto e só não caíram em mãos
francesas pelo extremo zelo dos bibliotecários. Apenas em 1810, os livros e os documentos do
acervo real começaram a ser transferidos para o Rio de Janeiro. No ano seguinte, após três
viagens, a Real Biblioteca estava novamente reunida, dessa vez em terras tropicais.
Foi com parte do acervo da biblioteca de Lisboa que em 1818 D. João fundou no Rio de
Janeiro, a Real Biblioteca, hoje chamada Biblioteca Nacional. Até 1814, apenas os estudiosos
podiam consultar a biblioteca e, mesmo assim, mediante autorização régia. Depois dessa data,
o acesso foi liberado ao público.
A biblioteca funcionou no mesmo local por 50 anos, até ser transferida para outro prédio. No
início do século XX, houve outra mudança e a biblioteca passou a funcionar no edifício
onde está ainda hoje. Com um acervo de mais de 4 milhões de livros, a Biblioteca Nacional é,
atualmente, a maior biblioteca da América Latina.
A reforma sanitária
Até o início do século XX, os grandes centros urbanos no Brasil apresentavam péssimas
condições sanitárias e urbanísticas. Além de propagar epidemias, isso também prejudicava a
economia. Muitos países não permitiam que seus navios atracassem em portos brasileiros,
temendo o contágio dos tripulantes, o que dificultava o comércio. Assim, apo a proclamação da
República, em 1889, muitas cidades brasileiras foram modernizadas, o que incluiu também a
reforma sanitária dos principais centros urbanos.
A modernização das cidades brasileiras resultou, em muitos casos, em um aumento da
marginalização da população carente, provocando muitas tensões e insatisfações populares. A
situação agravou-se com a aprovação, em 1904, da lei de obrigatoriedade da vacina contra a
varíola.
A Revolta da Vacina
O momento mais tenso ocorreu na cidade do Rio de Janeiro, onde as mudanças
decorrentes das intervenções urbanísticas e sanitárias, comandadas pelo prefeito Pereira
Passos e pelo médico Oswaldo Cruz, haviam sido mais drásticas.
Sem nenhum tipo de assistência e excluída das melhorias implantadas apenas nas
áreas centrais, a população carente do Rio de Janeiro teve ainda de se submeter ao programa
de vacinação obrigatória.
Para garantir o sucesso dessa ação, o governo criou uma polícia sanitária com poderes
para obrigar todos a tomar vacina. Quem se recusasse podia ser preso e forçado a pagar as
despesas médicas caso adoecesse no cárcere.
Assustada, a população reagiu contra o programa de vacinação, tanto pela falta de
informação quanto pela falta de informação quanto pela maneira violenta com que foi posto em
prática. Assim, em 10 de novembro de 1904, uma série de protestos ocorreu na cidade do Rio
de Janeiro: tiroteios, quebra-quebras, barricadas, bondes incendiados, greves, etc.
Somente em 16 de novembro, após suspender a obrigatoriedade da vacinação, o
governo conseguiu controlar a rebelião, que ficou conhecida como Revolta da Vacina.
23
A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL
A partir da segunda metade do século XVIII, explodem no continente americano, vários
movimentos pela independência das colônias inglesas, espanholas e portuguesas. A área que
primeiro se emancipou foi aquela de domínio inglês, em 1776, e que deu origem aos Estados
Unidos. Entre 1810 e 1828, as colônias espanholas também se tornaram independentes. E o
Brasil? A partir de quando começou a luta pela nossa emancipação?
Antes do famoso “grito do Ipiranga” dia 7 de setembro de 1822, quando D. Pedro I
oficializou a nossa independência, houve três revoluções que tinham como principal objetivo a
nossa emancipação política: a Inconfidência Mineira – em 1789, a Conjuração Baiana ou dos
Alfaiates – em 1798 e a Revolução Pernambucana – em 1817.
Nenhum desses movimentos deu certo. Inclusive, como represália, o governo português
mandou enforcar vários elementos envolvidos nessas revoltas, o que só serviu para aumentar
o ódio dos brasileiros aos portugueses. Estas revoltas demonstram que muitos brasileiros não
estavam mais suportando o domínio colonial português. Mas que fatores levaram os brasileiros
a desejar a independência? Para melhor entender, é necessário vermos alguma coisa sobre
Napoleão Bonaparte e a vinda da família Real Portuguesa para o Brasil.
Outras causas da Independência do Brasil
b)
c)
d)
e)
a) Ideias liberais do Iluminismo: aqui no Brasil essas ideias foram introduzidas
por elementos jovens, que iam estudar na Europa, filhos da nossa classe
dominante. Quando eles voltaram, queriam aplicar essas ideias, só que para isso teriam
que, primeiro, fazer a nossa independência. Daí, as primeiras tentativas de emancipação
que já citamos antes.
Influência da independência dos EUA e das colônias espanholas: em 1822 os EUA e
vastas áreas de colonização espanhola já haviam se libertado de suas metrópoles, o
que objetivamente influenciou o desejo de liberdade entre os brasileiros.
Influência de pequenos jornais: que divulgavam constantemente as ideias a favor de
nossa independência.
A Revolução Francesa: feita em nome dos ideais de liberdade e igualdade do
Iluminismo.
A Revolução Industrial: já que começara na Inglaterra e que por ter aumentado a
produção exigia novos mercados consumidores. Por isso a Inglaterra apoiou
movimentos de independência, pois a partir do momento em que as colônias se
libertassem os ingleses, poderiam vender seus produtos aos novos países.
Consequências da Independência do Brasil
Ao contrário dos demais países da América espanhola, que adotaram o sistema
republicano ao se tornar independentes, o Brasil adotou a Monarquia como forma de governo,
o que durou até 1889.
O processo de independência brasileira em nada modificou a situação das classes
dominantes do país, que continuaram tendo privilégios. Os escravos continuaram escravos, e
as classes baixas continuaram a viver em grande pobreza. Passamos a ter liberdade de
indústria e comércio, mas passamos a depender economicamente da Inglaterra. Passamos a
ter autonomia política, a ter o nosso próprio governo; talvez essa seja a principal mudança
ocorrida, juntamente com a liberdade do comércio.
Vocabulário:
Colonizar: habitar, povoar, fazer a terra produzir.
Metrópole:
cidade
mãe,
cidade principal; nação, em relação às suas colônias. Ex.:
Portugal, metrópole do Brasil Colonial.
Monopólio: privilégio de exclusividade.
Ex.: Portugal tinha o monopólio sobre o Brasil: Portugal era o único país que podia comerciar
com o Brasil.
O BRASIL IMPÉRIO
Período da História do Brasil que vai de 1822, com a Independência, até 1889, ano da
Proclamação da República. O Brasil Império se subdivide em 3 fases, a saber:
1) 1° Reinado: fase governada pelo Imperador D. Pedro I, vai de 1822 a 1831.
2) Regências: com a abdicação de D. Pedro I em 1831, o Brasil passou a ser governado por
Regentes, uma vez que o novo Imperador tinha menos de 5 anos de idade.
3) 2° Reinado: fase governada por D. Pedro II, vai de 1840 a 1889, quando o Imperador foi
derrubado por um golpe militar, e proclamada a República.
1) O Primeiro Reinado
Governo de D. Pedro I, que vai de 1822 à 1831. O Brasil, ao se tornar independente em
1822, adotou como forma de governo a Monarquia. Os demais países americanos adotaram a
República. O primeiro problema que D. Pedro I teve que resolver foi o do reconhecimento da
nossa Independência.
1.1. O Reconhecimento da Independência
Era necessário que os outros países reconhecessem a nossa independência para
mantermos relações comerciais e diplomáticas com os mesmos. O primeiro a fazê-lo foram os
Estados Unidos. A Inglaterra e Portugal reconheceram, em 1825, sob as seguintes condições:
1 – a Inglaterra exigiu a renovação dos tratados de 1810, que lhes dava vantagens
comerciais, e o fim da escravidão.
2 – Portugal exigiu do Brasil o pagamento de uma indenização de dois milhões de libras.
Como o Brasil não tinha esse dinheiro, a Inglaterra emprestou, com enormes juros. Esse
empréstimo agravou a nossa situação financeira e permitiu que a Inglaterra se intrometesse
nos negócios do país.
Após estes reconhecimentos, todos os outros países, aos poucos, fizeram o mesmo.
1.2. A Guerra da Independência – 1823
Tropas portuguesas que ainda estavam em algumas províncias brasileiras (Bahia, Pará,
Maranhão e Província Cisplatina), não queriam reconhecer a independência e a autoridade de
D. Pedro I. Para combatê-las, D. Pedro I contratou mercenários e comprou navios de guerra
ingleses, começando a nossa famosa dívida externa.
1.3. A Constituição de 1824
A Constituição de 1824 determinava que o Imperador seria a maior autoridade do país,
tendo o poder, inclusive de dissolver o Congresso Nacional e de nomear os governadores
estaduais, na época chamados de “Presidentes das Províncias”.
As províncias (os Estados de hoje) não podiam fazer nada sem ter a autorização do
Governo Central.
Como os constituintes (fazendeiros) e o imperador não conseguiram entrar em acordo,
D. Pedro I acabou dissolvendo a Assembléia e impondo, outorgando a nossa primeira
Constituição: a de 1824.
O Governo era dividido em quatro poderes – o Executivo, o Judiciário, o Legislativo e o
Poder Moderador, que era exclusivo do Imperador e que tinha mais poder que os demais
A Confederação do Equador – 1824
Revolta dos fazendeiros liberais do Nordeste (Pernambuco, Pará, Rio Grande do Norte e
Ceará), contra o governo de D. Pedro I. A ideia dos rebeldes era formar uma confederação de
Estados independentes – Confederação do Equador. D. Pedro I mandou reprimir violentamente
este movimento, inclusive ordenando o fuzilamento de um dos líderes, o Frei Caneca, o que
colocou a opinião pública contra o governo.
1.5. A Guerra da Cisplatina
De 1825 a 1828, a “Província Cisplatina” (o Uruguai) lutou para se tornar independente
do Brasil, território esse que havia sido conquistado em 1821, por D. João VI. Essa guerra
provocou mortes e despesas que só aumentaram a crise econômica que o Brasil passava,
desgastando mais ainda o governo.
1.6. A morte de D. João VI em 1826
Com a morte de D. João VI, Portugal ficou sem rei. O herdeiro do trono português era D.
Pedro I, nosso imperador. Os brasileiros temiam que, se D. Pedro I se tornasse Rei de
Portugal, o Brasil voltasse a ser colônia. Esse foi um fator que contribuiu para a decadência de
D. Pedro I.
1.7. A queda de D. Pedro I
Vários fatores contribuíram para a queda de D. Pedro I: nenhuma grande riqueza estava
sendo exportada pelo Brasil, o que provocou violenta crise econômica, inflação e
descontentamento. Esta crise econômica começou e foi agravada por despesas imensas do
governo com a Guerra da Independência, com a Guerra do Cisplatina, com o pagamento da
pesada indenização a Portugal pelo reconhecimento de nossa independência; enfim, começa
aqui nossa histórica dívida externa.
Outros motivos fizeram com que D. Pedro I fosse perdendo a popularidade:
O desejo de descentralização administrativa, visando dar às Províncias maior autonomia;
A propaganda contrária à D. Pedro I feita através da imprensa;
O descontentamento da opinião pública com a escolha de ministros com tendências
absolutistas.
Em 1831, sem contar com o apoio da maioria dos setores básicos da sociedade
brasileira, D. Pedro I achou melhor abdicar do trono, a favor de seu filho, então com menos de
05 anos de idade, o futuro D. Pedro II. Com a queda de D. Pedro I termina o 1° Reinado e
começa a fase das Regências.
2) As Regências – 1831 a 1840
Com a abdicação de D. Pedro I, em 1831, ficamos sem imperador, pois o herdeiro do
trono, D. Pedro II tinha menos de 5 anos de idade. Em função disso, organizou-se um governo
provisório que governaria até a maioridade do herdeiro. Por ser provisório, este governo é
chamado de Regencial.
Até 1834, eram 3 regentes, daí a denominação Regência Trina. De 1835 a 1840, era um
só Regente na chefia do Executivo, daí a denominação Regência Una.
2.1 A importância da Fase Regencial
Pela primeira vez foi instalado um governo brasileiro para brasileiros. A fase Regencial
representou também uma experiência republicana, já que os regentes eram eleitos; e começou
também a estruturação de partidos políticos no Brasil.
2.2 Os partidos políticos
Na fase Regencial deu-se a formação dos dois partidos políticos que dominaram a vida
nacional até a Proclamação da República, em 1889: o Partido Liberal e o Partido Conservador.
Porém, ambos representavam a classe dominante (os latifundiários), pois somente os grandes
fazendeiros podiam votar ou ser votados.
2.3 As Revoltas Regenciais
4 revoltas importantes ocorreram nesta fase:
a) Cabanagem, no Pará – 1833 a 1839;
b) Balaiada, no Maranhão – sucessivas rebeliões, entre 1831 a 1841;
c) Sabinada, na Bahia – 1837 a 1840;
d) Revolução Farroupilha ou Guerra dos Farrapos, no Rio Grande do Sul – 1835 a 1845.
Estas revoltas criaram um clima de grande instabilidade, o que contribuiu para a
antecipação da maioridade de D. Pedro.
2.4 A economia na Fase Regencial
O Brasil começou a sair da crise econômica que caracterizou o 1° Reinado, graças à
expansão de uma nova riqueza nacional: o café. O café era produzido principalmente no vale
do Paraíba do Sul, que abrange o Sul de Minas Gerais, o Rio de Janeiro e o Espírito Santo.
Quase toda a produção era para o mercado externo, para exportar. A produção era feita em
grandes lavouras (sistema latifundiário), o que enriquecia a classe dos chamados “Barões do
Café”, e no trabalho predominava o escravo negro, que vivia em péssimas condições e em
estado de miséria. O fazendeiro ligado ao café, só produzia café – é o que chamamos de
monocultura – predomínio de um só tipo de cultura.
Além do café, o Brasil continuava exportando o açúcar, o cacau, o algodão e, no Rio
Grande do Sul, o charque.
3) Segundo Reinado – 1840 a 1889
Fase da nossa história, em que o Brasil foi governado pelo Imperador D. Pedro II (os
Regentes deveriam governar o país até que o jovem Imperador completasse 21 anos). Porém,
devido às violentas revoltas, os políticos resolveram antecipar a maioridade de D. Pedro II, na
tentativa de pacificar o país. Assim, a partir de 1840, passamos a ter um novo Imperador, com
menos de 15 anos de idade.
3.1 Aspectos Gerais do 2º Reinado
Continuou vigorando a Constituição de 1824.
A base econômica continuou sendo o café.
A Inglaterra continuou a ter grande poder sobre a nossa economia e emprestando dinheiro
para o Brasil.
Começou na região Sudeste, a formação de pequenas indústrias, graças, principalmente,
aos lucros provenientes da exportação de café.
O Visconde de Mauá (Irineu Evangelista de Souza), empresário gaúcho, é um dos
principais empreendedores da época, financiando a construção de estradas-de-ferro,
navegação à vapor, indústria naval, etc.
A partir de 1847 até 1889, vigorou no país o Parlamentarismo.
A única revolução desta fase foi a Revolução Praieira, em 1848, em Pernambuco.
Houve um considerável desenvolvimento cultural, destacando-se escritores e poetas, como
por exemplo, Machado de Assis, José de Alencar, Castro Alves, Olavo Bilac, etc.
A política externa caracterizou-se pela intervenção de tropas brasileiras nos territórios do
Uruguai e Argentina, e culminou com a Guerra do Paraguai.
Ocorreu no 2° Reinado o processo abolicionista.
Para trabalhar nas lavouras de café como assalariados, vieram grande contingente de
imigrantes, principalmente alemães e italianos.
Agora vamos ver detalhadamente alguns tópicos mais importantes do 2° Reinado.
3.2 O Café
Desde mais ou menos 1830, o café tornara-se o principal produto de exportação do
Brasil. Até 1850, a principal área de produção era o Vale do Rio Paraíba do Sul (sul de Minas
Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo). A partir de 1850, o café passou a ser produzido muito
mais no Oeste de São Paulo do que no Vale do Rio Paraíba do Sul.
O café torna-se um negócio muito rendoso e, por isso, muitos fazendeiros que
cultivavam a cana-de-açúcar ou algodão, transformaram suas propriedades em grandes
plantações de café.
Muitos fazendeiros de São Paulo começaram a investir parte do seu lucro na compra de
novas máquinas; assim, aumentaram a produção de suas fazendas e, portanto, o seu lucro.
Outros aplicaram, também, na construção de ferrovias para transportar o café. Mas
como isso exigia muito dinheiro, os fazendeiros uniram-se a capitalistas ingleses para fundar as
companhias de estradas de ferro.
Os lucros do café, em São Paulo, foram investidos na indústria, na compra de máquinas,
na construção de ferrovias, barcos, etc. Por volta de 1850, começaram a surgir indústrias de
chapéus, velas, sabão, cerveja, tecidos de algodão, etc. Aqui, houve também a participação de
capitalistas ingleses.
No Rio de Janeiro e São Paulo houve melhoramento dos serviços nas cidades:
iluminação com lâmpadas a gás, linhas de bondes puxados a burro, etc. O comércio nas
cidades cresceu, surgiram muitos bancos. Os fazendeiros começaram a morar nas mansões,
da cidade onde podiam fazer compras, frequentar teatros e matricular seus filhos na faculdade.
Estes fazendeiros de São Paulo, grandes produtores de café, tornaram-se muito ricos, e por
isso passaram a querer o poder político – o governo. O resultado vai ser o seguinte – os
fazendeiros paulistas tornam-se Republicanos, ajudam o Exército a derrubar D. Pedro II em
1889, e passam a dominar o governo brasileiro a partir de então. Foram os fundadores do PRP
– Partido Republicano Paulista.
3.3 A política externa do 2º Reinado
Entre 1850 e 1889, o Brasil envolveu-se em conflitos com os países vizinhos da Região
Platina. Os países da Região Platina são o Uruguai, a Argentina e o Paraguai. Desses
conflitos, citamos:
Guerra contra Rosas, da Argentina, e Oribe, do Uruguai em 1851 e 1852.
Guerra contra Aguirre, do Uruguai, de 1863 a 1865.
Guerra do Paraguai, de 1864 a 1870.
Mas por que o Brasil se envolveu nestas guerras? Vejamos algumas causas:
As lutas pelo poder no Uruguai entre os partidos Blanco e Colorado, pois de quando em
quando os uruguaios assaltavam estâncias gaúchas durante suas lutas.
As dificuldades para a livre navegação de barcos brasileiros pelos rios da região (naquela
época, a única maneira de ir até o Mato Grosso era navegar pelo Rio da Prata).
O interesse brasileiro em exercer influência na região.
3.4 A Guerra do Paraguai
Foi à maior Guerra que o Brasil já enfrentou e durou de 1864 a 1870. O Brasil foi
ajudado pelo Uruguai e Argentina. Os 3 formaram a Tríplice Aliança, e tiveram apoio
financeiro da Inglaterra, de onde foi comprada a maioria dos armamentos.
O Paraguai, governado por Solano Lopes, pretendia conseguir acesso direto ao Oceano
Atlântico, ampliando seu território através da conquista de área do Uruguai, da Argentina e do
Brasil.
A Inglaterra, por sua vez, queria que a Tríplice Aliança arrasasse com o Paraguai, pois
este estava tentando desenvolver a indústria nacional. O plano paraguaio era libertar o país do
domínio econômico que a Inglaterra exercia sobre eles. Daí o apoio inglês à Tríplice Aliança.
Alguns heróis da Guerra do Paraguai – Almirante Barroso, Marquês de Tamandaré,
Marechal Osório, Duque de Caxias. As batalhas mais importantes foram: Tuiuti, Riachuelo,
Lomas Valentinas.
Consequências para o Brasil da guerra do Paraguai:
O fortalecimento do Exército Brasileiro e a valorização dos militares, que passaram a exigir
participação no governo.
Os militares tornaram-se defensores da República, pois nas repúblicas platinas o Exército
era muito mais importante que no Brasil, onde o governo era uma Monarquia.
A intensificação do movimento abolicionista, não só porque muitos escravos obtiveram a
alforria ao se incorporar ao Exército, como também porque o Brasil entrou em contato muito
direto com o Uruguai e a Argentina, onde não havia mais escravidão.
Aumentou consideravelmente a dívida externa brasileira, principalmente com a Inglaterra.
3.5 A Abolição da Escravatura
Vamos ver que fatores levaram ao fim da escravidão no Brasil:
O interesse inglês: a Inglaterra foi o 1º país a se industrializar. Com a Revolução Industrial,
a Inglaterra aumentou a produção de mercadorias que precisavam ser vendidas pelo mundo
todo. Mas como o escravo não ganhava nada com seu trabalho, não tinha dinheiro para
gastar, não podia comprar às mercadorias vendidas no Brasil. A Inglaterra precisava de um
maior número de assalariados com poder de compra. Daí o interesse em que a escravidão
tivesse fim. Em função disso, os ingleses proibiam o comércio de escravos e seus navios
passam a fiscalizar os mares. O governo brasileiro, por sua vez, não tinha condições de
evitar os ataques dos navios ingleses. Assim, em 1850, pela lei Eusébio de Queirós, o
nosso governo proibiu a importação de escravos. (Extensão do tráfico)
O escravo ficou muito caro: com a proibição de importar escravos, estes ficaram
extremamente caros, pois eles pararam de entrar no país, embora o seu uso continuasse
aumentando, principalmente nas lavouras de café. Além de custar caro, o escravo
representava despesas para a sua alimentação, moradia e roupas. É por essa época que os
fazendeiros de São Paulo, ligados ao café, começam a usar trabalhadores assalariados,
pois era mais barato um salário qualquer do que comprar e sustentar escravos.
A propaganda abolicionista: feita por estudantes, jornalistas, escritores, poetas, alguns
padres, que achavam ser desumano o uso de escravos.
As fugas e revoltas dos negros eram tão constantes que muitos fazendeiros não
conseguiam mais controlá-los.
A Guerra do Paraguai também contribuiu para o movimento abolicionista – muitos negros
que ajudaram os brancos na guerra e, além disso, dos países envolvidos (Paraguai, Uruguai
e Argentina) o Brasil era o único que ainda tinha escravos. Após o final da guerra (1870) os
militares negam-se a caçar negros fugitivos. Assim, chega-se a um ponto em que apenas
alguns fazendeiros ainda usavam escravos, e o governo foi assinando leis que, aos poucos,
acabaram com a escravidão no Brasil. As mais importantes leis foram: a Lei do Ventre Livre,
declarava livres todos os filhos de escravos nascidos a partir de 1871; a Lei dos
Sexagenários (1881), libertava todos os escravos com mais de 60 anos, que acabavam se
marginalizando, pois não tinham condições de sobrevivência por conta própria, enquanto
que o fazendeiro recebia uma indenização pela perda do escravo; a Lei Áurea, assinada em
1888, põe fim total à escravidão no Brasil. Nesta ocasião, o Governo Imperial negou-se a
indenizar os fazendeiros pela perda de mais ou menos 700 mil escravos. Por isso, os
fazendeiros não fizeram nada para defender a Monarquia de D. Pedro II quando, em 1889,
os militares chefiados por Deodoro da Fonseca, derrubaram D. Pedro II e proclamaram a
República,
3.6 A Proclamação da República
No dia 15 de novembro de 1889, um movimento militar liderado pelos marechais
Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto, derrubou o Imperador D. Pedro II; e proclamou a
República, que é uma forma de governo onde os governantes são eleitos. Caiu o Imperador, e
o Presidente da República passou a ser a figura mais importante do governo. Mas o que levou
os militares e muitos fazendeiros a querer a queda da Monarquia?
Os militares, desde a Guerra do Paraguai, estavam fortemente influenciados pelas idéias
republicanas, pois nas Repúblicas do Uruguai, Argentina e Paraguai, os militares tinham
muito mais poder que no Brasil, que era uma monarquia, onde o Exército não tinha nenhum
poder.
Os fazendeiros, produtores de café de São Paulo, eram os mais ricos do país, produziam a
maior parte da riqueza nacional e, no entanto, não tinham participação no governo central.
Daí desejaram a queda da Monarquia para ter acesso ao poder, e então defender seus
interesses.
As camadas médias urbanas, constituídas por estudantes, intelectuais, assalariados,
pequenos empresários, eram contra uma Monarquia onde só uma minoria detinha o poder;
então a população das cidades passou a defender governo republicano.
Cultura Afro – Brasileira
Por que os negros africanos foram
trazidos para o Brasil como escravos? Apesar de a
Europa estar separada da África apenas pelo mar Mediterrâneo, os povos desses dois
continentes não tinham contato direto até o século XV (de 1401 até 1500). Os europeus
consumiam alguns produtos da África, mas os compravam dos povos Árabes, que
comercializavam diretamente com os africanos.
Num determinado momento, no entanto, devido a desentendimentos comerciais entre
italianos e árabes, os portugueses e os espanhóis foram forçados a buscar um novo caminho
para chegar às Índias. A razão disso, é que eles não podiam mais atravessar o Mar
Mediterrâneo, o qual passou a ser controlado pelos italianos e nem tão pouco seguir viagem
por terra, já que os árabes passaram a controlar todo o território.
Os portugueses resolveram, então, contornar a costa africana para procurar chegar às
cidades orientais. E assim, comprarem os produtos que apreciavam e que lhes davam o lucro
desejado. Porém, como não conheciam o tamanho do continente africano e não estavam
acostumados a navegar pelo Oceano Atlântico (que é mais agitado e muito maior que o Mar
Mediterrâneo), eles começaram a atracar seus navios na costa africana para descansar e,
assim, foram conhecendo melhor a região. Esses lugares eram chamados de feitorias ou
entrepostos comerciais.
Foi nesse período que eles escravizaram os primeiros africanos e os levaram para
Portugal. Não foram muitos, mas após descobrir o Brasil e começar a produzir cana-de-açúcar,
e depois outras culturas, passaram a trazer cada vez mais escravos para trabalhar nas
lavouras e nas demais atividades.
Viagem e castigos
Os negros eram aprisionados na África por comerciantes de escravos que os vendiam
como se fossem mercadorias. E, na viagem para o Brasil eles eram jogados e amontoados, em
condições desumanas, nos porões dos navios. Ali, eram acorrentados e sofriam com o
desconforto físico e com a falta de água e comida.
Durante a viagem muitos não resistiam, contraiam doenças e morriam, sendo que seus
corpos eram lançados ao mar. Mas a vida aqui não era muito diferente. Nas fazendas
de engenho de cana ou nas minas de ouro, a partir do século XVIII (1701-1800) partir
os escravos recebiam os piores tratamentos
possíveis.
Eles eram mal alimentados, trabalhavam de 14 a 16 horas por dia e sofriam
constantes castigos físicos por qualquer falha que cometessem. Estes eram alguns dos
motivos que os levaram a fugir.
Até mesmo diante de uma pequena distração no trabalho os escravos eram
amarrados em um tronco de árvore e chicoteados, às vezes, até perderem os
sentidos. E à noite eles eram novamente acorrentados nas senzalas (galpões escuros, úmidos,
com pouca higiene) para que não fugissem.
Para evitar rebeliões, os portugueses tomavam o cuidado de não colocar numa mesma
fazenda muitos negros vindos de uma mesma região. Eles vendiam propositalmente lotes de
escravos que não falavam a mesma língua, já que pertenciam a povos de diferentes regiões na
África – como, por exemplo: nagôs, jejês, angolanos e benguelas -, justamente para dificultar
contato mais próximo entre eles e evitar que se organizassem.
Essa medida tinha o mesmo objetivo: diminuir as chances de os escravos se organizarem,
fugirem ou se revoltarem.
Negros de ganho
Eram os escravos urbanos que exerciam atividades remuneradas como barbeiros, sapateiros,
vendedores ambulantes, alfaiates, etc. Uma pequena parte do que ganhavam com o seu
trabalho poderia ficar com eles. Muitos escravos, depois de um tempo economizando este
dinheiro, compravam sua carta de alforria de seus senhores.
1.
A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL
A primeira Guerra Mundial foi uma das maiores guerras da humanidade, provocando a
destruição e a morte de milhões de pessoas. Esta guerra começou em 1914 e acabou em
1918. Envolveu países de praticamente todos os continentes: por isso que ela foi mundial.
Mas vamos ver os porquês desta guerra, as causas que levaram países como
Alemanha, França, Inglaterra, Estados Unidos, Rússia, Japão, etc. a lutar entre si.
1.1
As causas da Primeira Guerra Mundial
Uma das causas da I Guerra Mundial foi a rivalidade industrial entre as grandes
potencias da época. A Alemanha, por exemplo, estava produzindo mais aço do que a Inglaterra
ou a França, e os tecidos alemães concorriam no mundo inteiro com os tecidos ingleses. Uma
vantagem que os alemães tinham é que as máquinas já haviam sido inventadas pelos ingleses;
bastaria construí-las e usá-las nas suas indústrias. França e Inglaterra sentiam-se prejudicadas
com esta situação.
Outra causa desta Guerra foi a disputa entre as potências pelo controle de colônias. A
Inglaterra e a França possuíam diversas colônias na África e Ásia, para onde exportavam seus
produtos e seus capitais. E dessas colônias retiravam as matérias-primas necessárias para
suas indústrias. As grandes empresas monopolistas faziam acordos entre si, para que umas
não se intrometessem nos negócios das outras, assim, em colônias inglesas os franceses não
se metiam e vice-versa.
Mas a Alemanha começou a se intrometer: o crescimento das exportações alemãs
prejudicava as exportações de outros países.
Ao mesmo tempo, a Alemanha começou também a conquistar colônias na África e Ásia.
Outro motivo de conflito entre os países no começo do século XX foi a disputa pelo
controle da região Balcânica e Oriente Médio, entre os países em crescimento como a
Alemanha, a Áustria –Hungria, a Rússia e a Sérvia.
Assim, vários países queriam o controle de várias regiões. Na ânsia de garantir seus
domínios e seus interesses, os países aumentavam sua produção de armas e o número de
suas tropas. Nesta corrida armamentista, destacava-se a Alemanha, como país que mais
investia em armamentos.
Neste clima de desconfiança e concorrência, os países começaram a fazer acordos e
alianças entre si. Os países aliados se comprometiam a defender um ao outro, caso um deles
fosse atacado. As principais alianças foram: a TRÍPLICE ENTENTE (França, Inglaterra e
Rússia) e a TRÍPLICE ALIANÇA (Alemanha, Áustria-Hungria e Itália) Este sistema de alianças,
em que todos estavam comprometidos com todos, era muito perigoso, pois bastaria um
pequeno conflito para que todo mundo se envolvesse, o que provocaria uma guerra mundial.
Foi o que aconteceu em 1914, quando houve o assassinato do príncipe herdeiro da ÁustriaHungria, Francisco Ferdinando, gerando uma guerra entre este país e a Sérvia, o que marca
o início da 1ª Guerra Mundial.
1.2 Alguns episódios importantes da 1ª Guerra Mundial
Entrada dos E.U.A na guerra – em 1917, submarinos alemães atacaram barcos mercantes
americanos. Este fato, mais os interesses dos banqueiros norte-americanos que tinham
emprestado dinheiro à França e Inglaterra, levaram os Estados Unidos a declarar guerra à
Alemanha, o que foi fundamental para a vitória dos países da Tríplice Entente.
A retirada da Rússia da guerra, ocorreu também em 1917. Neste ano aconteceu uma
revolução na Rússia, pela qual se instalou um Governo Socialista. O Governo Socialista
assinou um acordo de paz com a Alemanha, e a Rússia, então, se retirou da guerra.
A participação do Brasil na 1ª Guerra Mundial foi pequena: em 1917, o Brasil enviou uma
missão médica à Europa, enviou navios que ajudaram no patrulhamento do mar
mediterrâneo e oficiais do exército para lutar na Europa. Nossa participação foi ao lado da
Inglaterra, França e E.U.A.
1.3
As consequências da 1ª Guerra Mundial
A guerra acabou em 1918 com a derrota da Alemanha e de seus aliados (ÁustriaHungria, Turquia e Bulgária). A Itália começou ao lado da Alemanha e depois passou a apoiar
o outro lado.
Os vencedores foram os chamados “aliados”: França, Inglaterra, E.U.A., Japão,
Portugal, Romênia, Grécia e Brasil.
Para a Alemanha, a guerra teve como consequências: a perda de grande parte do seu
território; proibida de ter indústrias de armas e exército com mais de 100 mil soldados; obrigada
a pagar todos os prejuízos causados pela guerra. Com tudo isso, a Alemanha ficou arruinada,
sem riquezas e sem força militar. Afinal, segundo a opinião dos países vencedores, a
Alemanha era a grande culpada pela guerra.
Estas imposições feitas à Alemanha pelos vencedores, criou entre o povo, as condições
que facilitaram a subida ao poder do ditador nazista Adolf Hitler, e o desejo de revanche que
acabou provocando a 2ª Guerra Mundial, a partir de 1939.
Na Europa em geral, a guerra provocou a destruição de indústrias, plantações, casas, a
morte de cerca de 13 milhões de soldados, além dos civis; provocou ainda, doenças,
desemprego e fome.
O mapa europeu também sofreu modificações. De parte do território dos países
vencidos,
surgiram
novas
nações independentes como, por exemplo: Polônia,
Tchecoslováquia, Iugoslávia, Hungria, Estônia, Letônia, Lituania. Na Rússia, os problemas
gerados pela grande guerra facilitaram a eclosão de uma revolução que instalou o sistema
socialista no país. A Inglaterra e a França, embora vencedoras, saíram enfraquecidas da guerra
e endividadas com os norte- americanos.
Os Estados Unidos não chegaram a sofrer nenhuma invasão em seu território e começaram a
tornar-se um dos países mais ricos do mundo, enfim, uma grande potencia, posição que
vai ser reforçada com a 2ª Guerra Mundial.
Para o Brasil, uma consequência da 1ª Guerra Mundial, foi o desenvolvimento da nossa
indústria. Para encerrar, cabe lembrar que, o tratado de paz marca o fim da guerra de 1914 a
1918, foi o Tratado de Versalhes, assinado em 1919.
2.
O PERÍODO ENTRE-GUERRAS (1919 – 1939)
Período compreendido entre o final da 1ª Guerra Mundial (1918) e o início da 2ª Guerra
Mundial (1939). Neste período, estão alguns dos mais importantes acontecimentos: a
Revolução Russa, o Fascismo e o Nazismo.
2.1 A Revolução Russa
Em 1917, ocorreu, na Rússia, a 1ª revolução socialista da História. Mas, por que o povo
russo resolveu derrubar o governo? Que causas levaram o povo à revolta?
2.2 As causas da Revolução Russa
O governo russo era uma monarquia absoluta, ou seja, o CZAR (o rei) governava
sozinho, sem admitir a participação do povo. As classes privilegiadas que apoiavam o governo
absolutista era a nobreza, proprietária de terras, a burguesia comercial e industrial e os
cossacos (guarda especial).
A maioria da população russa era constituída de lavradores e operários que viviam em
condições miseráveis. Estes trabalhadores viviam descontentes com suas condições de vida.
Este descontentamento aumentou com a entrada da Rússia na 1ª Guerra Mundial. Toda a
indústria produzia armamentos, enquanto nas lojas faltava até pão, os preços subiam e os
salários eram baixos.
O povo começou a se revoltar exigindo aumentos salariais, o fim da carestia e da guerra,
e a queda do governo. Com o apoio de boa parte do exército, em 1917 foi derrubada a
monarquia russa, o Czar foi deposto e o Partido Bolchevique (comunista) tomou o poder.
2.3 Construindo a Sociedade Comunista
Com os bolcheviques (comunistas) no poder, liderados por LENIN e TROTSKY,
começou uma série de reformas que tornaram a Rússia o 1° país da História a por em prática
ideias de Marx. MARX e ENGELS são dois grandes pensadores que criaram o conjunto de
ideias que formam a teoria comunista – Mas vamos ver quais as principais reformas feitas
pelos comunistas.
As terras das grandes fazendas foram distribuídas entre os lavradores. As fábricas passaram a
ser propriedade do governo. Em cada fábrica os operários se organizaram para dirigir a
produção. A Rússia passou a se chamar UNIÃO DAS REPÚBLICAS SOCIALISTAS
SOVIÉTICAS (URSS) ou União Soviética (1922).
No plano externo, o novo governo fez um acordo de paz com a Alemanha, e a Rússia se
retirou da 1ª Guerra Mundial. Com o tempo, o verdadeiro poder na União Soviética, passou a
ser o único partido: o PARTIDO COMUNISTA.
O Partido Comunista conseguiu controlar todo o país, eliminando as divergências de
opiniões, impondo suas idéias. A União Soviética tornou-se um dos países mais poderosos do
mundo. Mas este poder era apenas aparente pois, ultimamente a sociedade socialista não
conseguia dar ao povo um modo de vida confortável – era uma sociedade burocrática e
repressiva. Era uma sociedade onde os privilégios dos figurões do partido comunista faziam-se
sentir com grande intensidade. As filas para conseguir os produtos do dia-a-dia, como leite,
sabonete eram uma constante.
Enfim, a sociedade “comunista” estava longe de ser o paraíso pintado para o mundo. No
final dos anos 1980 e início dos 1990 a URSS mergulhou em profundas e crescentes crises
que produziram o fim de sua hegemonia sobre o leste europeu e o seu desaparecimento em
1991.
Neste período deu-se também o fim da tradicional confrontação leste-oeste, encerrando
a Guerra Fria e iniciando uma nova ordem mundial. Esta nova ordem foi desencadeada a partir
do governo de Mikhail Gorbatchev.
O regime burocrático soviético
O regime soviético se caracterizava pelo controle absoluto da economia, pelo Estado.As
decisões sobre as áreas que deveriam receber investimentos eram tomadas pelos burocratas
do Partido Comunista, um grupo pequeno de dirigentes que controlava o aparelho do Estado.
Esse grupo seleto tinha privilégios que lhe garantiam uma vida bem mais cômoda do
que a oferecida à maior parte dos cidadãos. Eles podiam obter, em armazéns oficiais, produtos
de consumo importados do Ocidente, além de viver em residências mais confortáveis.
A extrema centralização não existia somente na área econômica, mas também na esfera
política. A população não podia eleger seus representantes políticos, e apenas o Partido
Comunista tinha permissão para funcionar. Não havia liberdade de imprensa, e qualquer
oposição era proibida.
2.4 O Fascismo
Tipo de governo ditatorial que vigorou na Itália entre 1922 e 1945; seu grande líder e
chefe foi Benito Mussolini.
A Itália saiu da 1ª guerra com uma série de problemas como desemprego, miséria, fome,
destruição, falência de empresas, etc. Como o governo liberal da época não estava
conseguindo resolver estes problemas, boa parte do povo italiano acabou apoiando o Partido
Fascista, que pregava a necessidade de um governo forte para resolver a crise econômica.
Características do Fascismo
Totalitarismo: ditadura do Estado; o Estado Total; o Estado controla tudo: a educação, a
imprensa, a economia, a vida pessoal de cada um. Não tem Congresso, nem eleições, nem
liberdade de expressão.
Unipartidarismo: só era permitido um partido político: o Partido Fascista.
Anti-comunismo: como o Fascismo é apoiado principalmente pelas elites, pelos ricos, o
Fascismo é totalmente contra o Comunismo, pois os ricos perdem suas riquezas e privilégios.
Nacionalismo: a idéia de que a Itália deveria ser uma grande nação, uma potência.
A política militarista e agressiva de Mussolini e os Fascistas, juntamente com os nazistas
da Alemanha, são fatores que ajudaram na eclosão da 2ª Guerra Mundial, em 1939.
2.5 O Nazismo
A ditadura nazista vigorou na Alemanha de 1933 e 1945, chefiada por Adolf Hitler.
Como a Itália, a Alemanha também saiu da 1ª Guerra Mundial arruinada, com muito
desemprego, miséria e fome. Esta situação ficou pior ainda com a grande crise de 1929. Foi
nesta situação que surgiu o PARTIDO NAZISTA.
Aos capitalistas, o Partido Nazista afirmava que o perigo dos Comunistas tomarem o poder, só
seria afastado com a criação de um governo forte. E o Partido Nazista é que poderia organizar
um governo forte que combateria os comunistas. Para os trabalhadores, os nazistas diziam
que o Capitalismo deveria ser combatido, porque os capitalistas só pensavam em seus lucros,
não se importando com a miséria do povo.
Para a população alemã em geral, diziam que a Alemanha tinha que se recuperar das
humilhações e perdas sofridas na 1ª Guerra Mundial. Este revanchismo alemão foi causa
importante da 2ª Guerra Mundial.
Características do Nazismo
As características do Nazismo são mais ou menos as mesmas que você já viu no
Fascismo: Totalitarismo, Unipartidarismo, Anti-comunismo, Nacionalismo.
Além dessas, outra característica do nazismo é: a ideia da superioridade racial e o antisemitismo ou anti-judaísmo.
Superioridade racial: segundo o Partido Nazista, os homens se dividiam em raças
superior e inferior. A raça superior deveria dominar o mundo e ser servida pela raça inferior. A
raça superior era formada pelos alemães e a inferior por outros povos, como os negros, os
mestiços, e principalmente os judeus.
O Anti-judaísmo: para o Nazismo, os judeus eram os piores inimigos da Alemanha.
Assim, milhões de judeus, bem como milhões de comunistas, foram exterminados, pelo
governo nazista de Hitler.
Em 1945, com o final da 2ª Guerra Mundial e a derrota da Alemanha, os nazistas caíram
do poder, Hitler morreu e vários criminosos de guerra nazista foram condenados.
Por incrível que pareça, atualmente ainda existem neo-nazistas pelo mundo.
3. A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL (1939 – 1945)
A 2ª Guerra Mundial iniciou em 1939, com a Alemanha Nazista invadindo a Polônia, e
acabou em 1945 quando os Estados Unidos usaram, pela primeira vez na História, a bomba
atômica, sobre duas cidades japonesas: Hiroshima e Nagasaki.
3.1 A Guerra
Na Alemanha, o governo nazista de Adolf Hitler incentivava a indústria de armas,
aumentava suas tropas e começou a invadir territórios vizinhos. Primeiro, ocupou a Áustria e a
Tchecoslováquia. Depois, em 1939, invadiu a Polônia. Com a invasão da Polônia, a Inglaterra
resolveu acabar com a expansão da Alemanha e declarou-lhe guerra. Imediatamente a França
também declarou com medo do avanço alemão.
A estas alturas, a Itália fascista de Mussolini estava conquistando o norte da África e o
Japão criava colônias em regiões da China e da Coréia.
De um lado, estava a Inglaterra e a França. Do outro, o “EIXO”, nome que recebeu a
aliança formada pela Itália, Alemanha e Japão. (RO-BER-TO).
Com o correr da guerra, o exército alemão continuou invadindo outros países, inclusive a
França. O Nazismo se espalhava pela Europa, instalando governos ditatoriais, perseguindo e
matando judeus e comunistas. Faltavam 2 grandes inimigos: a União Soviética e os Estados
Unidos. Afinal, a Alemanha nazista queria dominar o mundo.
Em 1941, os soldados alemães começaram a invadir a União Soviética. Foi a partir
deste momento que começou a derrota da Alemanha, que acabou sendo invadida pelos
soviéticos.
Os Estados Unidos disputaram o controle do Oceano Pacífico com os japoneses e
ajudavam a França, a Inglaterra e a União Soviética contra os alemães e italianos.
Em 1945, acabada a guerra, saiam como vencedores principais os Estados Unidos, a
União Soviética, a França e a Inglaterra. E como perdedores a Itália, a Alemanha e o Japão.
3.2
O Brasil na 2ª Guerra Mundial
O Brasil nesta época era governado pelo ditador Getúlio Vargas. Getúlio fez um acordo
com os norte-americanos, permitindo-lhes que instalassem bases militares no Norte e Nordeste
do Brasil. O Brasil ajudou também no patrulhamento do Oceano Atlântico para controlar os
navios alemães. Quase no final da guerra, tropas brasileiras lutaram na Itália para ajudar os
americanos a expulsarem os alemães do território italiano (FEB).
4. O MUNDO APÓS A 2ª GUERRA MUNDIAL
4.1 A ONU
Acabada a 2ª guerra, em 1945, as grandes potências da época, como a França, a
Inglaterra, os Estados Unidos e a União Soviética, lideraram a criação da ONU –
Organização das Nações Unidas. A ONU, organização internacional que reúne quase todos
os países do mundo foi criada para encontrar uma forma de bom relacionamento entre as
nações e, assim, evitar novas guerras. A ONU deve esforçar-se por fazer os países
respeitarem as liberdades, garantirem a melhoria das condições de vida e cumprir os
acordos firmados entre os países. Assim, a paz estaria garantida.
4.2 A divisão da Alemanha
Com o fim da guerra, a Alemanha derrotada, ficou ocupado, por tropas dos Estados
Unidos, da França, da Inglaterra e da União Soviética. Todos concordavam com que a
Alemanha não poderia mais ter um governo nazista. Decidiram então pela divisão da
Alemanha: uma parte ficou sob influência dos Estados Unidos, França e Inglaterra, com o
sistema capitalista foi a chamada Alemanha Ocidental; e a Alemanha Oriental, com sistema
socialista sob influência da União Soviética. Esta divisão da Alemanha persistiu até
recentemente (1990) quando então se deu a reunificação das duas Alemanhas, como parte
das transformações pelas quais passou o mundo socialista.
4.3 Novos países socialistas
Durante a guerra, na luta contra o Nazismo, os partidos comunistas muito se
fortaleceram em vários países. Com a ajuda da União Soviética, estes partidos foram tomando
o poder dando origem a novos países socialistas, como Albânia, Bulgária, Hungria,
Tchecoslováquia, Iugoslávia, Polônia e Romênia. Estes países juntamente com a União
Soviética, formavam até recentemente o BLOCO SOCIALISTA.
4.4 Os Estados Unidos após a 2ª Guerra
Temendo pelo avanço dos comunistas, os Estados Unidos resolveram exportar grandes
somas de capitais dólares, para os países arruinados pela guerra – principalmente para a
França, a Itália e a Alemanha (Plano Mashall). Com isso, os americanos garantiam seu poder e
influência sobre os países capitalistas, enfim, sua liderança no BLOCO CAPITALISTA. Os
Estados Unidos foram quem mais lucraram com a 2ª Guerra Mundial, saindo como país mais
rico, mais forte e mais importante do mundo capitalista.
4.5
A libertação das Colônias
Como você viu nas causas da 1º Guerra, o continente africano e parte do asiático,
haviam sido colonizados pelos países europeus. Os países europeus eram as metrópoles –
Inglaterra, França, Alemanha, etc. – enfraqueceram-se, favorecendo o crescimento dos
movimentos pela independência das colônias. A ONU por sua vez, afirmava que cada povo
tinha o direito de ter um governo próprio, o que muito favoreceu o sentimento de libertação.
Assim, aos poucos, pacificamente ou através de violentas guerras, todas as áreas
africanas e asiáticas colonizadas pelas metrópoles européias, foram se libertando e formando
países independentes.
4.6 A Guerra Fria
Na disputa por áreas de influências e controle, de acordo com seus interesses, Estados
Unidos e União Soviética, após a 2ª Guerra, passaram a produzir uma grande quantidade de
armamentos. Tudo isso criou uma situação parecida com a guerra: tropas concentradas em
várias partes do mundo, e armas e mais armas. Só que as armas não eram disparadas nem os
soldados marchavam. Por isso deu-se a esta situação o nome de GUERRA FRIA.
Mas nem sempre a guerra foi tão “fria”. Foi o caso da Guerra da Coréia e da Guerra do
Vietnã. Os comunistas destes países eram ajudados pela União Soviética e os anti-comunistas
pelos Estados Unidos. Tanto Estados Unidos quanto União Soviética, queriam o controle sobre
estes países.
O Vietnã, depois da década de guerra, tornou-se um país independente e socialista, a
partir de 1976. A Coréia até hoje continua dividida entre Coréia do Norte (Socialista) e Coréia
do Sul (Capitalista).
AS TRANSFORMAÇÕES DO “BLOCO SOCIALISTA”
As reformas de Gorbatchev
Em 1984, com a eleição de Mikhail Gorbatchev para a secretaria geral do Partido
Comunista, o regime burocrático da União Soviética começou a desmantelar. O novo líder
soviético iniciou um ousado programa de reformas econômicas e políticas, conhecidas como
perestroika (reestruturação da economia) e glasnost (transparência).
Perestroika – Concedeu-se maior liberdade de ação às empresas, autorizando-as a
fixar os salários dos empregados e a concorrer com outras empresas no mercado. As
pequenas empresas privadas foram legalizadas.
Glasnost – As reformas políticas levaram à realização de eleições diretas, liberaram a
imprensa para fazer críticas ao governo e permitiram que as pessoas pudessem sair do país.
Pela primeira vez, desde a época de Stalin, os soviéticos puderam debater publicamente sobre
a situação geral do país.
As reformas de Gorbatchev foram bem recebidas no Ocidente. Internamente, porém, elas
geraram muitafs críticas, tanto dos setores ligados à antiga estrutura burocrática.
Temerosos em perder seus privilégios, como dos grupos pró-capitalistas, que exigiam mais
rapidez nas mudanças.
O fim da União Soviética
Em agosto de 1991, membros ultraconservadores do alto escalão do Partido Comunista
tentaram dar um golpe de estado para depor Gorbatchev. Sob a liderança de Boris Yeltsin,
presidente da Federação Russa, a população reagiu e derrotou os golpistas. Gorbatchev
retornou ao poder, mas Yeltsin tinha se tornado o homem forte do país.
As condições de vida da população pioravam a cada dia, principalmente pela escassez
de gêneros básicos, que a obrigava a recorrer ao mercado negro onde os produtos eram bem
mais caros.
A crise política e econômica intensificou os movimentos nacionalistas nas repúblicas. O
fim da União Soviética e a criação da Comunidade dos Estados Independentes (CEI).
A extinção da União Soviética encerrou uma fase da história marcada pela rivalidade
entre o socialismo e o capitalismo. Desmantelado o seu principal adversário, os Estados
Unidos podiam desfrutar sozinhos, do título de maior potência econômica e militar do planeta.
O fim da Guerra Fria nos leva crer que diminuirá bastante a fabricação de armas em
geral, inclusive nucleares. Uma conseqüência concreta do fim da Guerra Fria, a reunificação da
Alemanha ocorrida em 1990.
Da Crise Da Monarquia À Instituição Da República
A partir de 1870, a política conciliadora de D. Pedro II entrou em um processo de crise. Dentre
os vários fatores que contribuíram para isso,
destacam-se a criação do Partido Republicano, em 1870, fundado por cafeicultores paulistas, e
os desentendimentos entre o rei e membros do Alto Clero e do alto escalão do Exército. O
movimento republicano, inicialmente restrito a São Paulo, se expandiu para outras capitanias e
cidades brasileiras,tornando-se uma tendência crescente.
Esse movimento só encontrou simpatizante porque outros setores da sociedade estavam
descontentes com o governo imperial, entre eles, senhores de escravizados (que se sentiram
prejudicados com a abolição promulgada em 1888) e setores urbanos, como profissionais
liberais, que não se sentiam representados pelo governo de
D. Pedro II.
Entre os fatores que culminaram na crise do Estado Imperial, estão os desentendimentos
entre o governo e altos oficiais do exército, que saiu fortalecido com a vitória na Guerra do
Paraguai e exigia maior participação política (a chamada Questão Militar). A não aceitação de
parte do Alto Clero católico da submissão da Igreja ao Estado, vigente desde a Constituição de
1824, ocasionaria outra crise: a chamada Questão Religiosa.
O movimento republicano
Ao longo da década de 1870, o ideal republicano foi ganhando adeptos entre membros do
Exército, insatisfeitos com o modo pelo qual o Imperador vinha tratando a Instituição. Também
nessa década, partidos republicanos começaram a surgir nas províncias do Império; o mais
significativo e atuante foi o partido Republicano Paulista (PRP), composto, sobretudo, por
representantes da elite cafeeira. Duas tendências foram, lentamente, se afirmando entre esses
partidos:
Revolucionária: pleiteava a chegada ao poder por meio de uma revolução popular. Entre seus
principais líderes, estava Silva Jardim.
Evolucionista: acreditavam que o Partido Republicano deveria chegar ao poder por meio de
eleições. O principal líder era Quintino Bocaiúva.
A pressão pelo fim do Império foi ganhando espaço nos principais centros urbanos, e, a essa
altura, os republicanos mais radicais já alardeavam a tomada de poder por meio de uma
revolução popular. Temerosa quanto aos rumos que o movimento poderia tomar se fosse
conduzido pelo povo, a elite cafeeira associou-se aos setores do exército que também queriam o
fim do Império, entre eles, o Marechal Deodoro da Fonseca, que assumiu a função de líder do
movimento.
Boatos sobre a suposta prisão de Deodoro e de Benjamin Constant (outro importante expoente
republicano) serviram de pretexto para a deflagração de um levante militar que teve a cidade do
Rio de Janeiro como centro, em 14 de novembro de 1889.
No dia seguinte, lideranças militares marcharam pela capital anunciando a Proclamação da
República, No entanto, para muitas pessoas, aquela movimentação parecia uma parada militar,
pois o movimento não partiu da iniciativa popular, e sim de representantes políticos de
determinados interesses e setores da população. D. Pedro II foi avisado de que a monarquia
caíra e sua família devia se retirar do Brasil.
A transição de um governo monárquico para o regime republicano foi, como visto, realizada por
setores da sociedade que não envolviam as camadas populares. A legitimidade do novo regime,
então, foi "construída", como você vê a seguir:
Mas a maré de mudanças não se restringiu aos nomes e formalidades. [...] Era preciso
reescrever a história do país, criar uma nova memória, que encontrasse agora motivos
republicanos. [...] .
Outros símbolos nacionais, como a bandeira e o hino, seriam [...] rapidamente modificados. O
hino conservou a melodia imperial a bandeira manteve as cores dos' Bragança e
Habsburgo, mudando-se, porém, a explicação das mesmas. [...] Além disso, enquanto o indígena
foi o símbolo dileto durante o Império para a exaltação e para a crítica, a partir da República é a
representação da mulher heroica, numa evidente alusão à alegoria francesa, que ganha à cena.
Nos anúncios de produtos, nas imagens oficiais e até na pena crítica das revistas ilustradas é
agora a figura feminina que representa a República. Aí estava, sem dúvida, uma seleção um
pouco artificial em um ambiente em que as mulheres mal e mal eram vistas na paisagem pública.
Para as senhoras da elite era reservado o primado dos salões e dos bailes, ou o famoso “reinado
do lar”. O mundo da política e da participação era ainda um privilégio bem guardado dos
“cavalheiros”.
A primeira fase da República brasileira é também conhecida como República dos Marechais ou
República da Espada, pois, nos seis primeiros anos do regime, o poder esteve nas mãos do
Exército. Embasados pelos ideais do positivismo, teoria de origem francesa, defendiam um
governo republicano forte, centralizado e concentrado na figura do governante, pois só assim,
segundo acreditavam, o país atingiria o progresso técnico e científico que o tornaria uma potência
econômica. Eram partidários do lema positivista de que só a ordem traria o progresso, lema,
aliás, que até hoje estampa o centro da bandeira do Brasil.
A constituição republicana e a exclusão da maioria
A Proclamação da República trouxe a necessidade de uma nova constituição. Com esse
propósito, reuniu-se uma Assembleia Nacional Constituinte e, em 1891, foi promulgada a primeira
constituição republicana do Brasil. Essa constituição estabelecia o Estado laico, ou seja, a
separação entre Igreja e Estado. Instituía também o voto para maiores de 21 anos,
independentemente de renda, no entanto, isso não significou a extensão da participação política
para a maioria da população, conforme mostra o trecho a seguir.
Na tentativa de acalmar os ânimos dos produtores e incentivar o desenvolvimento industrial do
país, o Ministro da Fazenda, Rui Barbosa, instituiu o aumento de 75% da emissão do papel
moeda vigentes e autorizou a liberação de empréstimos para grandes produtores rurais e
empresários que se comprometessem a abrir indústrias. No entanto, com tanto dinheiro
circulando, houve quem preferisse investi-lo em ações de Bolsas de Valores. Fazendeiros e
industriais acabaram se endividando e o resultado foi uma grave crise econômica seguida de
inflação de mais de 300%, conhecida como crise do encilhamento.
Essa crise tornou o mandato de Deodoro (eleito presidente pela Assembleia) ainda mais
indesejável entre a elite cafeeira. Em virtude de desentendimentos com o Parlamento, o
presidente decretou estado de sítio e dissolveu o congresso. Parlamentares ligados aos
cafeicultores paulistas redigiram um manifesto de protesto e Deodoro foi obrigado a renunciar em
1891. Seu vice, Marechal Floriano Peixoto, assumiu o poder terminando seu mandato em 1894.
Sob o curto mandato de Floriano Peixoto eclodiu a Revolta Armada, no Rio de Janeiro, episódio
em que almirantes da Marinha rebelaram-se contra o governo e mantiveram a capital, o Rio de
Janeiro, sob a mira de canhões e bombardeios por vários dias. Floriano enfrentou também a
Revolução Federalista no Rio Grande do Sul, além do inicio do movimento de Canudos, no
Sertão Nordestino. A dura repressão a esses movimentos valeu ao presidente o titulo de
Marechal de Ferro. Em 1894, com a eleição do primeiro presidente civil, o paulista Prudente de
Morais, começava um novo período da historia política do Brasil: a chamada Republica do café
com leite.
Crise do encilhamento: o barulho e a agitação dos especuladores que apostavam títulos na
Bolsa de Valores se assemelhavam ao barulho característico do encilhamento de cavalos de
corrida, daí o nome da crise.
Bolsa de Valores: instituição financeira em que são vendidas e compradas cotas (ações) de
empresas. As ações são movimentadas por corretoras mediante títulos que equivalem às cotas.
Estado de Sítio: estado de exceção em que são suspensos os direitos dos cidadãos e o poder
Executivo governa com plenos poderes, submetendo o Judiciário e o Legislativo.
Sedição de Juazeiro e o Padre Cícero (1897 – 1934)
Na cidade de Juazeiro, no sul do Ceará, existiu também um chefe religioso, o Padre Cícero.
Considerado santo pelos sertanejos, ganhou grande prestígio político por ter conseguido acabar
com as lutas sangrentas entre os chefes daquela região. Como ocorreu nos movimentos
narrados anteriormente, o Governo Federal (preocupado com o poder do Padre Cícero), enviou
forças militares com a intenção de por fim ao prestígio do Padre Cícero.
O comandante, porém, notando a grande influência do padre sobre a população, usou de uma
política diferente. Achou mais conveniente indicar para a presidência do Estado um outro
presidente, que agradasse ao Padre Cícero, cujo poder continuou a predominar na região até a
sua morte, em 1934. Até hoje Padim Ciço (como é chamado pelos sertanejos) é venerado como
santo pelo povo do sertão nordestino.
Política dos Governadores, Política do Café-Com-Leite
Durante a Primeira República só podiam votar pessoas do sexo masculino que tivessem mais
de 21 anos de idade e fossem alfabetizados. Esses brasileiros privilegiados que podiam votar
eram apenas 3% da população. Portanto, a grande maioria da população não tinha direito ao
voto. Além disso, a maior parte dos presidentes desta época eram de São Paulo – fazendeiros do
café – e de Minas Gerais – produtores de leite e derivados. Os grandes fazendeiros que
dominavam a política fizeram um acordo entre eles: mineiros e paulistas se revezariam na
Presidência da República. Este acordo ficou conhecido como Política do café-com-leite. Coube
ao Presidente Campos Sales (1989 – 1902) oficializar o poderio de paulistas e mineiros ao
elaborar sua Política dos Governadores ou Política dos Estados, como ele chamou. Os
fazendeiros que apoiassem as medidas do Governo Federal teriam o apoio do Presidente. Isso
veio a fortalecer ainda mais os estados de São Paulo e Minas Gerais que já eram os mais ricos e
mais populosos e dominavam a política nacional.
Mas não havia eleições? Sim, só que eram uma farsa. Eram feitas, apenas, para que houvesse
uma aparência de legitimidade. O governo lançava os candidatos, e estes se saiam vitoriosos;
todos eram eleitos graças ao fraudulento processo eleitoral.
O Coronelismo
Ainda durante o Império a Guarda Nacional concedia, aos grandes proprietários de terra, o título
de coronel. Estes coronéis vão adquirir grande poder durante a República, não apenas em suas
fazendas, como em todo o município. Eram eles que mandavam em tudo e em todos: no
advogado, no padre, no professor, nas pessoas que trabalhavam em suas fazendas. Em troca de
alguns favores (emprego, dinheiro emprestado, cuidados médicos, etc.) todas as suas ordens e
exigências eram fielmente obedecidas. Este fenômeno é conhecido como coronelismo.
As eleições demonstravam claramente o poder do coronel. O candidato apoiado por ele sempre
saia vencedor. Como o voto nesta época não era secreto, o coronel sabia quem não tinha votado
de acordo com suas ordens. Essas pessoas sofriam pesadas punições. Por isso o voto da
República Velha é conhecido como voto de cabresto. Além disso, era muito comum as fraudes
(falsificações): alguns eleitores votavam várias vezes: colocavam nas listas de eleitores pessoas
já falecidas, acrescentavam votos a certos candidatos, etc.
Como você pode perceber, quem detinha o poder eram os ricos fazendeiros, especialmente os
de São Paulo e Minas Gerais, – os coronéis. Assim os seus interesses eram priorizados, em
detrimento da população em geral.
A Economia da República Velha
Agora você já estudou como o Brasil foi governado durante a República Velha, vai conhecer
sobre as riquezas econômicas que sustentavam o país.
O Café
Durante a República Velha a agricultura continuou sendo a nossa principal atividade econômica.
E o café, que se destinava à exportação, era o principal produto agrícola do Brasil.
Ainda, durante o Império, a lavoura cafeeira desenvolveu-se rapidamente, nos estados do Rio
de Janeiro, Minas Gerais e, principalmente São Paulo. São Paulo e Rio de Janeiro se
transformaram nos principais centros econômicos do país. Quando chegou a República, o Brasil
já era o maior produtor mundial de café.
A Borracha
De 1870 até 1910, o Brasil foi também o maior produtor mundial de borracha. Sua exportação
era feria no Pará, no Amazonas e no Acre. O Brasil era, então, o único produtor dessa matériaprima, cuja procura era grande devido ao aparecimento dos automóveis e dos pneumáticos.
Podíamos impor os preços, já que não havia concorrentes. Esta época foi chamada A Era da
Borracha. Mas os ingleses desenvolveram grandes plantações de seringueiras (árvore de onde
se extrai a borracha) na Ásia, e elas passaram a fazer concorrência aos seringais nativos do
Brasil.
A Indústria
A República Velha não foi favorável à indústria, isto porque governo era regido por grupos
poderosos, ligados a lavoura. Como eles não tinham interesse em proteger a indústria nacional,
entravam no país produtos estrangeiros desincentivando a produção nacional.
Mesmo assim algumas condições tornaram possível o aumento das indústrias no Brasil:
∙Grande número de imigrantes, muitos dos quais eram operários;
∙A riqueza criada pela cultura do café propiciou o desenvolvimento de um mercado interno, ou
seja, os brasileiros passaram a comprar mais, portanto, as indústrias tinham de produzir mais;
∙Aproveitamento de algodão para a indústria de tecidos;
∙Existência de mão-de-obra barata – grande número de trabalhadores que recebiam baixos
salários.
As principais indústrias fabricavam tecidos, alimentos, produtos químicos, artigos de
couro, madeira, metal, etc.
A Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918) favoreceu a indústria brasileira. Como? Com a guerra
vários países europeus deixaram de fornecer certos produtos que o Brasil vinha comprando,
surgiu então a necessidade desses produtos serem fabricados aqui. Como consequência disso,
novas indústrias surgiram em vários pontos do país.
Imigrantes
Uma das realizações mais importantes da Primeira República foi o incremento da imigração.
Com apoio e fiscalização do governo, foram criadas companhias que se encarregavam de
organizar a vinda de europeus para o Brasil.
Cerca de quatro milhões de imigrantes entraram no Brasil durante a República Velha. A maioria
destes imigrantes eram italianos, que se dirigiam, principalmente, para São Paulo, onde hoje
seus descendentes formam boa parte da população. Em seguida vieram os portugueses,
numerosos espanhóis, japoneses, sírio-libaneses, alemães, poloneses, lituanos, russos,
húngaros e outros.
Esses elementos fixaram-se, de preferência, nos estados do Sul do Brasil, onde melhor se
adaptaram ao clima e às condições de vida.
Os imigrantes tiveram um papel muito importante na formação do Brasil. Com sua ajuda,
técnicas, conhecimentos e trabalho foram abertos os caminhos, principalmente no Rio Grande do
Sul e São Paulo, para grandes indústrias metalúrgicas, vinícolas, de fundição e tecelagem, e
ainda o crescimento da agricultura e do comércio. Veja alguns exemplos: os japoneses nos
trouxeram suas artes marciais (judô, caratê, etc.), suas técnicas agrícolas; os italianos nos
legaram diversos hábitos como o consumo de diversos tipos de massas, pizzas, vinhos, polenta,
etc.; os alemães influíram também na culinária, na arte, na religião, nos tipos de habitação, nas
construções (enxaimel), na educação.
O Tenentismo
Tenentismo foi o nome dado aos movimentos revolucionários ocorridos entre 1922 e 1930,
liderados por jovens oficiais das Forças Armadas.
Mas como surgiu o tenentismo? Os militares, principalmente a oficialidade – cadetes, tenentes e
capitães – não estavam contentes com o governo. Não suportavam mais defender um governo
que fraudava as eleições, que tinha um sistema eleitoral controlado pelos
“coronéis”, etc., tudo isto fez com que os jovens militares pensassem em usar as armas para
mudar a situação política do país. E foi o que fizeram. Vejamos quais foram esses movimentos.
1. Revolta do Forte de Copacabana (1922)
Durante o governo de Epitácio Pessoa, os oficiais que serviam na Escola Militar e no Forte de
Copacabana pegaram em armas para derrubar o governo. A reação contra eles foi enérgica e os
revoltosos foram massacrados.
2. A Revolução de 1924 (1924)
No governo de Artur Bernardes, aumentou ainda mais a revolta contra as velhas e corruptas
oligarquias (governo de poucas pessoas, pertencentes ao mesmo partido, classe ou família). Em
São Paulo, no dia 5 de julho de 1924 (exatamente dois anos após a Revolução do Forte de
Copacabana), os jovens oficiais revoltosos, comandados pelo General Isidoro Dias Lopes,
ocuparam a cidade durante 23 dias. Seus quartéis foram bombardeados pelas tropas legalistas
(favoráveis ao governo) e os revoltosos retiraram-se para o Paraná, onde se uniram a outro grupo
de oficiais vindos do sul – a Coluna Prestes.
3.A Coluna Prestes (1924 – 1926)
A Coluna Prestes foi à terceira revolta tenentista. Tratava-se de uma coluna de guerrilheira que
partiu do Rio Grande do Sul, em 1924, liderada pelo então capitão Luis Carlos Prestes. Durante
dois anos e meio essa coluna percorreu o interior do país com o objetivo de obter o apoio do
povo para derrubar o governo. No final, a Coluna retirou-se para a Bolívia, o Paraguai e a
Argentina, onde alguns de seus membros se exilaram. Nessa marcha pelo Brasil os tenentes
viram a miséria e a explosão que sofria o povo brasileiro e, convictos, apoiaram a Revolução de
1930.
Mas Luis Carlos Prestes achava que a simples mudança do governo – a saída dos fazendeiros
de São Paulo e Minas Gerais para a entrada de outros – não resolvia o problema do povo que
precisava de terra, trabalho, educação e saúde. Por isso Prestes não apoiou a Revolução de
1930. Mais tarde ingressou no Partido Comunista, do qual foi secretário-geral de 1943 a1980.
Como você viu, os que mais se beneficiaram dos governos da Primeira República foram os
fazendeiros, principalmente os do café. O governo garantia o preço do café, utilizando para isso o
dinheiro dos impostos, pagos por toda a população. Havia, portanto, uma transferência de
recursos da maioria da população para uma minoria – os fazendeiros do café.
Grande parte da população estava descontente com o governo: os trabalhadores, classe média,
os industriais, os militares e até mesmo os fazendeiros de outros estados, fora do eixo São Paulo
e Minas Gerais.
Neste clima de insatisfação, vai acontecer um movimento que dará novos rumos a História do
Brasil – a Revolução de 1930.
A REVOLUÇÃO DE 1930
O ano de 1930 foi muito importante a História da República brasileira. A revolução trouxe
grandes modificações políticas, pôs fim a República Velha e iniciou uma nova fase, dominada
pela figura de Getulio Vargas.
Quais as razões desta revolução? Existem, principalmente, razões políticas (insatisfação com o
domínio de mineiros e paulistas demonstrada através das revoltas tenentistas) e razões
econômicas: a crise do café. Com a crise mundial de 1929, o mundo inteiro parou de comprar
nosso café.
A situação era de descontentamento em quase todos os segmentos da sociedade republicana.
E é nesta atmosfera crítica que acontecem as eleições para Presidente da República.
Havia o revezamento de mineiros e paulistas na presidência e Antonio Carlos de Andrada
(governador mineiro) esperava que o seu nome fosse indicado para candidato já que o atual
presidente era o paulista Washington Luis. Porém, o nome é de outro paulista: Júlio Prestes. Foi
quebrada a política do café-com-leite. Antonio Carlos une-se, então, a Getúlio Vargas (Rio
Grande do Sul) e João Pessoa (Paraíba) formando-se a Aliança Liberal que apresenta o nome de
Getúlio Vargas para a chapa de oposição. Nas eleições, fraudulentas como sempre, a vitória é de
Júlio Prestes. Outro fato vem agravar os acontecimentos. João Pessoa é assassinado, causando
grande comoção. Júlio Prestes, que fora “eleito”, não pode ocupar o cargo e Vargas assume o
poder. Inicia assim a “Era de Getúlio Vargas”.
A ERA DE GETÚLIO VARGAS OU SEGUNDA REPÚBLICA (1930 – 1945)
Esta fase da República pode ser subdividida em três períodos:
3º. O Governo Provisório (1930 – 1934)
3º. O Governo Constitucional (1934 – 1937)
3º. O Estado Novo (1937 – 1945)
1º. O Governo Provisório (1930 – 1934)
Getúlio Vargas, com plenos poderes, governou o Brasil sem seguir a Constituição. Nomeou,
imediatamente, os seus ministros, dissolveu o Congresso Nacional, as Assembléias Legislativas
Estaduais e as Câmaras Municipais. Em seguida, criou dois novos ministérios: o da Educação e
Saúde Pública e do Trabalho, Indústria e Comércio. Os governadores foram afastados de seus
cargos e substituídos pelos interventores (políticos de confiança nomeados por Getúlio).
Durante os anos iniciais o governo, presidido por Vargas, enfrentou vários problemas. Em São
Paulo ocorreu a Revolução Constitucionalista de 1932 e em outros Estados, também, houve
movimento de revolta.
A Revolução Constitucionalista de 1932
Os paulistas, juntamente com os mineiros, dominavam a política durante a República Velha.
Com a Revolução de 1930 estes elementos perderam o seu poder, pois Getúlio governava
apoiado por outros grupos (tenentes, trabalhadores e classe média). Os paulistas não se
conformavam com a não obediência de Getulio à Constituição, e não aceitavam o interventor que
fora nomeado para São Paulo. Eles queriam reconquistar o poder perdido.
Com o apoio de outros Estados os revolucionários conseguiram algum sucesso, mas acabaram
sendo derrotados pelas tropas do governo.
Embora vencidos, os paulistas rebeldes de 1932 conseguiram, mais tarde, a realização de um
os objetivos de sua luta: a eleição para a escolha dos membros da Assembléia Constituinte que
elaborou a Constituição de 1934. Inicia um novo período de governo, ainda sob a chefia de
Getúlio Vargas.
O Governo Constitucional (1934 – 1937)
Na Assembléia Nacional que elaborou a Constituição de 1934, eram numerosos os
representantes da classe média e dos trabalhadores brasileiros. Por isso fizeram uma
Constituição mais voltada para os interesses do povo. A Constituição era, portanto, uma
Constituição bem mais preocupada com os problemas sociais (educação, trabalho, etc.).
Veja algumas mudanças introduzidas pela nova constituição:
Eleição do Presidente por quatro anos, através de eleições diretas, incluindo o voto das
mulheres (até então não votavam). O Voto passou a ser secreto.
Garantia de igualdade de todos perante a lei e liberdade política e religiosa.
Foi estabelecido o salário mínimo, a limitação da jornada de trabalho a oito horas, direito a
férias, indenização e assistência médica.
Determinava que as minas e demais riquezas do subsolo, bem como as quedas d’água
eram propriedade do Estado.
Ficou estabelecido também que, o primeiro Presidente seria eleito pela Assembléia Nacional
Constituinte de forma indireta (os representantes eleitos pelo povo é que votariam para
Presidente). A Assembléia elegeu Getúlio Vargas para Presidente.
Existiam grupos que não concordavam com estas mudanças da Constituição (latifundiários,
industriais e grandes comerciantes) que se beneficiavam da situação existente, até então, no
país.
Destas divergências surgiram duas correntes políticas opostas: a Aliança Nacional Libertadora
(ANL) e a Ação Integralista Brasileira.
A Aliança Nacional Libertadora surgiu da união ente elementos do Partido Comunista Brasileiro
(PCB – que estava proibido de funcionar) com outros grupos de ideias semelhantes.
Tinha como presidente Luis Carlos Prestes. Os aliancistas, como eram chamados, pretendiam
derrubar o governo e fazer uma transformação profunda na sociedade, isto é,
uma revolução(dentro da política costuma-se chamar estas forças de esquerda).
A Ação Integralista Brasileira era completamente oposta da ANL. Os integralistascombatiam os
comunistas e tinham a simpatia do governo.
Em julho de 1935 o governo proibiu as atividades da ANL. Mesmo assim os aliancistas
continuaram agindo e organizaram uma rebelião contra o governo. Porém, o governo agiu rápido
e conseguiu controlar a situação, facilmente. Este fato entrou para a nossa História com o nome
de Intentona Comunista.
A maioria dos aliancistas foram presos e submetidos às mais cruéis torturas. Luis Carlos
Prestes e sua mulher Olga Benário Prestes foram presos em 1936. Prestes ficou confinado em
uma solitária até o final do governo de Getúlio, e Olga foi entregue à Gestapo (Polícia Nazista
Alemã) porque era judia e alemã. Acabou sendo executada na câmara de gás em um campo de
concentração nazista.
Depois do movimento de 1935 o governo de Getúlio Vargas organizou uma violenta campanha
de repressão ao comunismo. Em 1937, a “ameaça esquerdista” foi usada pelo
Presidente como pretexto para o do golpe de Estado, que marcou o início do Estado Novo.
O Estado Novo (1937 – 1945)
O mandato de Getúlio deveria terminar no começo de 1938, quando haveria novas eleições
presidenciais. No decorrer de 1937 surgiram três candidatos à disputa: Armando de Sales
Oliveira ex-governador de São Paulo; José América de Almeida apoiado por Getúlio; e Plínio
Salgado, líder integralista.
Embora simulasse apoio a José Américo, Getúlio pretendia na verdade continuar no poder. Para
isso, contava com o apoio do alto comando militar, do qual faziam parte os generais Eurico
Gaspar Outra e Góis Monteiro. Em setembro de
1937, os aliados de Getúlio anunciaram a descoberta de um plano terrorista atribuído aos
comunistas. Conhecido como Plano Cohen, o documento previa a eclosão de uma revolução
comunista seguida do assassinato de centenas de pessoas. O plano era falso, mas se
transformou no pretexto de que Getúlio precisava para dar o golpe de Estado que instituiu o
Estado Novo, em 10 de novembro de 1937.
No mesmo dia em que anunciou a implantação do novo regime, Getúlio comunicou também que
o país passava a ter outra Constituição. Inspirada nas constituições fascistas da Itália e da
Polônia, a Carta de 1937 suprimiu o que restava da autonomia dos estados e substituiu a
democracia representativa por um sistema de governo autoritário e centralizado. Os partidos
foram extintos e a Imprensa passou a sofrer censura. Entretanto a legislação trabalhista foi
mantida.
Getúlio Vargas anuncia pelo rádio o estabelecimento do Estado Novo, novembro de 1937. Para
concretizar o golpe de Estado, Getúlio contou com o apoio do Exército, chefiado pelo ministro da
Guerra, general Eurico Gaspar Outra (à direita, de braços cruzados), e de todo o aparato de
repressão, comandado pelo policial Filinto Müller (de bigode atrás de Outra).
O Desenvolvimento Industrial e o Novo Papel do Estado
No âmbito econômico, as principais características do Estado Novo foram o impulso à
industrialização, o nacionalismo, o protecionismo e a intervenção do Estado na economia. Assim,
Vargas suspendeu o pagamento da dívida externa em 1937, mas manteve as negociações
destinadas a atrair capitais externos para projetos de desenvolvimento econômico, como o da
construção da primeira usina siderúrgica brasileira, instalada em Volta Redonda, Rio de Janeiro,
em 1941, com o auxílio de capitais norte-americanos. Essa política de desenvolvimento teve
como elemento dinamizador a intervenção do Estado nas atividades econômicas, com a criação
de empresas estatais diretamente ligadas à produção industrial, como a Companhia Siderúrgica
Nacional de Volta Redonda (1941), a Companhia Vale do Rio Doce (1942), voltada para a
mineração, e a Fábrica Nacional de Motores (1943), além de várias outras. O processo de
industrialização foi também favorecido, a partir de 1939, pela Segunda Guerra Mundial, que
dificultou as importações e estimulou a produção interna de manufaturados.
A caminho da democracia
Em 1945 as Forças Armadas, juntamente com outros grupos políticos, depuseram Getúlio
Vargas. De 29 de outubro de 1945 a 31 de janeiro de 1946 o governo do Brasil esteve a cargo de
José Linhares, Presidente do Supremo Tribunal Federal.
O período que vai de 1946 a 1964 pode ser considerado um bom momento da História do Brasil.
Durante esta fase se procurou chegar, realmente, a uma democracia na qual o povo participasse
da escolha de seus governantes e estes trabalhassem de acordo com o interesse do povo.
Porém esta caminhada democrática encontrou uma série de obstáculos, em 1964, as Forças
Armadas instalaram no país uma ditadura militar que nos governou até 1985, quando teve início a
abertura política e a Nova República.
O GOVERNO DUTRA (1945 – 1950)
Com o fim da Era Vargas, em 1945, as eleições aconteceram com a vitória do marechal Eurico
Gaspar Dutra.
O governo Dutra, do ponto de vista político, foi marcado pela redemocratização, pois em 1945
foi feita uma nova constituição.
Esta foi à quarta Constituição do período republicano e apresenta um grande avanço democrático
em relação à Constituição do Estado Novo. Restabeleceu as eleições diretas para a escolha dos
governantes em todos os níveis, para presidente, governadores, prefeitos, senadores, deputados
federais, estaduais e vereadores.
Trouxe de volta as liberdades da Constituição de 1934 que haviam sido suprimidas com a
ditadura (Estado Novo) em 1937: igualdade de todos perante a lei, liberdade de pensamento,
sem censura, a não ser em espetáculos e diversões públicas; inviolabilidade do sigilo de
correspondência, etc.
Com o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, o mundo ficou dividido em duas zonas de
influência: de um lado os países Capitalistas, liderados pelos Estados Unidos, e de outro, os
países Comunistas, sob a liderança da União Soviética. O Brasil ficou ao lado dos países
capitalistas, ou seja, sob a zona de influência dos Estados Unidos. O presidente Dutra rompeu
relações com a União Soviética, fechou o Partido Comunista Brasileiro, caçou os políticos de
esquerda, mandou a polícia invadir sindicatos e perseguir aqueles que eram contra o governo.
Durante o seu governo houve uma forte pregação anticomunista. O governo Dutra foi, portanto,
um governo bastante conservador e sem muitas iniciativas.
GETÚLIO VARGAS (1951 – 1956)
Durante o período governamental do Presidente Dutra, Getúlio Vargas continuou atuando na
política brasileira, pois conseguiu eleger-se senador. Quando foram realizadas as eleições
presidenciais, em 1950, Getúlio apresentou-se como candidato pelo Partido Trabalhista Brasileiro
(PTB) e derrotou facilmente seus adversários.
As condições em que ele assumiu eram bastante diferentes da época anterior, e seu governo foi
marcado por forte oposição política, em parte, devido ao ódio que havia criado nos meios
políticos, como ditador (Estado Novo).
As acusações de corrupção contra o presidente e seus companheiros de governo eram
constantes, movidas principalmente, pelo jornalista carioca Carlos Lacerda. A tentativa de
assassinato deste jornalista culminou com a morte do Major Rubens Florentino Vaz (da equipe de
segurança de Lacerda) foi o golpe de misericórdia no governo, pois havia indicações de pessoas
de corpo de segurança de Getúlio estariam envolvidas no atentado, levando a crer que o
atentado teria sido ordenado pelo próprio Getúlio.
As pressões contra o presidente aumentaram: os grandes empresários, as multinacionais, a
Embaixada dos Estados Unidos, os grandes jornais, alguns chefes militaresreuniram-se com o
presidente para obrigá-lo a renunciar. Getúlio respondeu: “Daqui só sairei morto.” Por fim
concordou em entrar em licença, passando o poder ao seu substituto legal. No entanto, os
militares oposicionistas exigiram seu afastamento definitivo. Diante disto, Getúlioretirou-se para
seus aposentos e suicidou-se com um tiro no peito. As razões desse último gesto foram deixadas
por escrito numa carta-testamento.
O período que se seguiu foi dos mais agitados e nos dezessete meses seguintes à morte de
Vargas três presidentes ocuparam o poder: João Café Filho (de 25/08/1954 a 08/11/1955), Carlos
Coimbra da Luz (de 08 até 11/11/1955) e Nereu de Oliveira Ramos (de 11/11/1955 até
31/01/1956) quando Dr. Nereu Ramos transmitiu o cargo de presidente ao candidato eleito
Juscelino Kubitschek de Oliveira.
JUSCELINO KUBITSCHEK DE OLIVEIRA (1956 – 1961)
Ao assumir o poder Kubitschek estabeleceu um plano ambicioso de realizações
prometendo “cinquenta anos de progresso em cinco de governo”. A construção de hidrelétricas,
de estradas e a fabricação de veículos eram as três metas mais importantes do governo. Para
conseguir isso, Juscelino recorreu á técnica e ao capital estrangeiro. Instalaram- se no Brasil as
fábricas de veículos: Ford, General Motors, Willys e a Volkswagen.
Mas sua grande realização foi a mudança da capital do Rio de Janeiro para Brasília. Juscelino
viu, aí, uma oportunidade de entrar para a história. Buscou trabalhadores nordestinos
(candangos), convocou os arquitetos Lúcio Costa e Oscar Niemeyer, mandaram transportar de
avião os materiais necessários para a construção da cidade, e conseguiu inaugurar a nova capital
no dia 21 de abril de 1960.
O governo Juscelino foi um parêntese dentro da crise política por que passava o país. Dotado
de grande simpatia pessoal, conseguiu contornar alguns incidentes, logo no início de sua
administração, e o restante do tempo transcorreu sem maiores problemas.
No período seguinte o presidencialismo ficou em decadência. Fora eleito Jânio Quadros com
uma votação estrondosa. No entanto seu curto período de governo (7 meses) foi bastante
contraditório como veremos a seguir.
JÂNIO DA SILVA QUADROS (31/01/1961 – 25/08/1961)
Jânio Quadros foi eleito com o maior número de votos dados a um candidato a presidente em
toda a história da República brasileira: de um total de 11.700.000 votos, Jânio recebeu 5.600.000
(47,9%). Como vice-presidente foi eleito João Goulart.
Desde a campanha eleitoral Jânio demonstrava um estilo político diferente (de caráter
populista). O símbolo de sua campanha com a vassoura com a qual pretendia varrer a corrupção
e colocar os ladrões e malandros na cadeia.
Logo que Jânio assumiu vieram às decepções. Aqueles que tinham apoiado (militares,
empresários, multinacionais e políticos da UDN) começaram a se preocupar com as atitudes do
novo presidente, que se assemelhavam muito as de Getúlio Vargas: ameaçou controlar os lucros
que as grandes empresas mandavam para fora do país; falava em reforma agrária; adotou uma
política externa independente e progressiva (restabeleceu relações com União Soviética, iniciou
negócios com a China comunista, foi contra a expulsão de Cuba socialista da Organização dos
Estados Americanos, como queria os Estados Unidos, etc.). Ao mesmo tempo adotou uma
política interna conservadora e autoritária. Através de seus famosos bilhetinhos dava ordens e
fazia proibições sobre os mais absurdos e insignificantes assuntos. Proibiu, entre outras coisas,
as brigas de galo e uso de biquíni.
A oposição ao governo de Jânio Quadros se intensificava na medida em que este promovia a
aproximação com os governos de Cuba e da União Soviética (comunistas). A imprensa, o
Congresso Nacional e os militares acusavam Jânio de abrir as portas ao comunismo.
Em 25 de agosto de 1961 Jânio renuncia alegando pressões de “forças ocultas”. Quem deveria
assumir a presidência da República era o vice-presidente João Goulart. Como ele estava em
missão oficial à China, assumiu interinamente o presidente da Câmara dos Deputados, Pascoal
Ranieri Mazzilli.
JOÃO BELCHIOR GOULART
Enquanto João Goulart não chegava ao país, surgiu forte oposição à sua posse. Alegando
motivos de segurança nacional, os ministros militares recusavam-se a aceitar Jango (este era o
apelido pelo qual Goulart era popularmente conhecido) como presidente. No entanto, o
Congresso Nacional e alguns governadores exigiram que a Constituição fosse respeitada, e que
Jango assumisse.
No Rio Grande do Sul o governador Leonel Brizola liderou a “Campanha da Legalidade”, com o
apoio do povo e dos próprios militares sediados no Estado. Os legalistas defendiam o
cumprimento da Constituição que afirmava que, com a renúncia do presidente, quem deveria
assumir era o vice-presidente, no caso, Jango.
Formou-se então a “cadeia da legalidade” integrada pelos rádios de todo o Brasil, juntamente
com a rádio Farroupilha de Porto Alegre. Através desta rede de rádio- comunicação, Brizola
falava ao povo que se armasse e resistisse contra a tentativa de golpe dos militares. Jango voltou
da China e entrou no Brasil pelo Rio Grande do Sul, passando a exigir que a Constituição fosse
cumprida. O país estava a beira de uma guerra civil.
A solução encontrada foi a elaboração de uma emenda à Constituição que estabelecia o
sistema parlamentarista no país. Entretanto, o sistema parlamentar não encontrou condições de
sucesso e em janeiro de 1963 um plebiscito decidiu pela volta do presidencialismo.
Jango, com os poderes de volta, pretendia colocar em prática um amplo programa de reformas
de base (reforma agrária, educacional, bancária, etc.). Entretanto o presidente não teve tempo
para realizá-lo, pois as multinacionais, os latifundiários, os chefes militares, os grandes
empresários, os órgãos da imprensa, entre outros segmentos da sociedade já haviam organizado
uma conspiração para tirá-lo do poder.
Na noite de 31 de março de 1964, tropas de Juiz de Fora, comandadas pelo General Olímpio
Mourão Filho (integralista que elaborou o falso Plano Cohen em 1937) – marcharam para o Rio
de Janeiro.
No dia seguinte Jango partiu para o exílio no Uruguai, e os militares ocuparam o poder.
Parlamentarismo: sistema político em que os ministros do Estado são responsáveis perante o
parlamento; é uma divisão do poder entre o presidente (no caso do Brasil), e o primeiro ministro.
POPULISMO
O período da História republicana no Brasil, que vai da queda do Estado Novo (1945) ao
movimento militar de 1964 que depôs João Goulart, é comumente conhecido como o período
do populismo.
O populismo é um tipo de política que visa atrair a simpatia e o apoio do povo. É uma
política demagógica, pois, sob o disfarce de uma constante preocupação com os interesses
populares, se esconde o desejo de atrair o povo para os objetivos do político ou do governo
populista. O próprio aumento de salários, muitas vezes, pode ser apontado como uma medida
populista, servindo para conquistar o apoio popular e não para melhorar realmente a vida da
população, uma vez que o aumento salarial seria logo neutralizado pelo aumento dos preços.
A DITADURA MILITAR
Com a vitória do movimento militar e a destituição do presidente constitucional João
Goulart, quem assume o comando do país são três ministros militares – Arthur da Costa e Silva,
do Exército; Correia de Melo, da Aeronáutica e Augusto Rademaker, da Marinha. O governo
militar ganhou poderes excepcionais, passando por cima da Constituição e do Congresso
Nacional através dos Atos Institucionais. O primeiro foi AI-1, baixado no dia 09 de abril de 1964
que, entre outras coisas, estabelecia:
Eleição indireta para presidente da República;
Autorização para o presidente cassar mandatos e suspender poderes políticos por dez anos;
A suspensão, por seis meses, das garantias constitucionais.
O presidente da República, Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco (chefe da
conspiração contra Goulart), foi escolhido pelos três ministros militares. Este foi o primeiro de
uma série de presidentes militares que nos governariam até 1985.
HUMBERTO DE ALENCAR CASTELO BRANCO (11/04/64 a 15/03/67)
O primeiro ato de Castelo Branco foi a anulação das reformas de Jango. Iniciou uma
violenta repressão contra todos os que se opunham ao regime militar:
Cassou os direitos políticos de 378 pessoas, entre as quais os ex-presidentes Juscelino, Jânio,
e Jango, seis governadores e 55 membros do Congresso Nacional;
Demitiu 10.000 funcionários públicos;
Mandou instaurar 5.000 inquéritos, envolvendo 40.000 pessoas.
O presidente liberou as remeças de lucros para o exterior, ou seja, as empresas multinacionais
estavam livres para mandar dinheiro para fora do país. Além disso, para que as empresas
aumentassem seus lucros, criou o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) que acabou
com a estabilidade dos trabalhadores no emprego. Controlou rigidamente os salários e o
movimento operário.
Em outubro de 1965 baixou o Ato Institucional número 2 que estabelecia:
∙Maiores poderes para o presidente fazer o Congresso aprovar leis;
∙Competência da Justiça Militar para julgar civis que, de acordo com o governo, tivessem
cometido crimes contra a segurança nacional (ação de DOPS);
∙Fim dos antigos partidos políticos e criação de apenas dois: um para defender o governo
(ARENA – Aliança Renovadora Nacional) e outro para fazer oposição (MDB – Movimento
Democrático Brasileiro).
Em fevereiro de 1966, novo Ato Institucional, o número 3, através do qual a democracia
recebeu duros golpes: os governadores também seriam eleitos indiretamente e os prefeitos das
capitais não seriam eleitos, mas nomeados pelos governadores.
Era o fim da democracia. Tudo sob o controle dos militares. Quem discordasse do governo era
condenado à prisão, à cassação, à clandestinidade. Nesta época Sindicatos e
Universidades foram invadidos e até depredados. Muitos professores, estudantes e
trabalhadores foram presos e submetidos a Inquéritos Policiais Militares (os IPM).
Ainda em 1966, o Gel. Castelo Branco baixou um novo Ato Institucional, número 4, pelo qual
convocava deputados e vereadores para elaborar uma Constituição, e eleger seu sucessor.
A nova Constituição foi aprovada em 21/01/67 sob forte pressão militar, a qual tinha como
objetivo legitimar o Estado autoritário.
Foi eleito o Gel. Arthur da Costa e Silva para suceder Castelo Branco, que assumiu em
15/03/67.
ARTHUR DA COSTA E SILVA (15/03/67 a 31/08/69)
No governa Costa e Silva a situação modifica-se, parecia que o país voltaria a normalidade.
Porém, a oposição aumentou, e começaram a surgir muitas manifestações contra a ditadura
militar. Em 1968 as greves e passeatas intensificaram-se e a resposta do governo foi mais um
Ato Institucional, o número 5 (AI-5), que dava ainda mais poderes ao presidente. O Congresso
entrou em recesso e novas cassações foram feitas.
Em agosto de 1969 o Gel. Costa e Silva adoeceu e foi declarado impedido de continuar a
exercer a presidência. Durante dois meses o governo ficou a cargo de uma junta militar que,
neste pequeno espaço de tempo, modificou a Constituição de 1967 dando ainda mais poderes ao
presidente.
Após dez meses de recesso o Congresso é aberto já sem os deputados cassados peloAI-5 e é
indicado o nome do Gel. Emilio Garrastazu Médici para a presidência da República.
GARRASTAZU MÉDICI (30/10/69 a 15/03/74)
O governo general Emilio Garrastazu Médici caracterizou-se pelo fechamento político e o
“milagre econômico”. Médici assume o poder exatamente no momento em que as manifestações
públicas da oposição estudantil haviam sido contidas pela repressão militar e, os políticos do
MDB, silenciados através do AI-5.
Como você já deve ter percebido a oposição ao regime militar não era permitida em nenhum
grau, quer radical, quer moderna.
Dentro deste contexto alguns setores da esquerda, sem dispor de meios de exprimir sua opinião,
começaram a se organizar para a luta armada. Iniciam-se uma série de assaltos a bancos e
seqüestros. Era a guerrilha urbana assombrando o país.
Mas logo o governo começou a atuar com maior seriedade contra os guerrilheiros, e os
principais chefes começaram a ser caçados e mortos. Não é exagero afirmar que quem fazia
oposição ao governo do general Médici corria risco de vida. A situação do país era de extrema
gravidade.
Entretanto, toda esta situação não foi percebida pela maioria da população brasileira pois foi
massacrada pelos chamados “milagre econômico” que se consolidou através de slogans como:
“Ninguém segura este país”, “Brasil, ame-o ou deixe-o”. A atenção dos brasileiros era desviada
da grave situação política por meio de uma intensa propaganda do governo. O clima de euforia
foi reforçado ate pelo futebol quando nossa seleção conquistou o título mundial de 1970.
Assim, havia um Brasil da propaganda, aonde tudo ia bem; e um Brasil real, com censura,
perseguições políticas, torturas e mortes.
ERNESTO GEISEL (15/03/74 a 15/03/79)
Com o término do governo de Garrastazu Médici, outro general é indicado e eleito indiretamente
para presidência da República: o general Ernesto Geisel.
No período de governo iniciou-se a chamada abertura política, apresentando um projeto de
eleições normais, formações de partidos políticos e maior liberdade de imprensa. Porém, ainda
foram tomadas medidas excepcionais: em 1977 o Congresso Nacional foi fechado e foi adotada
uma política conhecida como “pacote de abril” que estabelecia, entre outras coisas, a eleição
indireta de um senador por Estado (os senadores biônicos).
O Ato Institucional número 5 foi revogado em função desta abertura política.
No plano econômico, foi uma época de grandes dificuldades devido à alta do petróleo imposta
pelos países árabes que detém quase o monopólio da produção.
Este presidente foi substituído por outro general, o presidente João Baptista de Oliveira
Figueiredo.
GENERAL JOÃO BAPTISTA DE OLIVEIRA FIGUEIREDO (15/03/79 a 1
5/03/85)
Durante o governo do General Figueiredo as manifestações populares cresceram bastante:
operários, funcionários públicos, professores, começaram a fazer greves em vários estados. O
Governo ora cedia, ora endurecia. Até que em agosto de 1979 a lei de anistia foi aprovada pelo
Congresso. Assim, os brasileiros que haviam sido exilados (expulsos do país) puderam voltar e
os políticos cassados poderiam novamente disputar eleições. Em razão disso puderam retornar
ao Brasil líderes políticos como Miguel Arraes, Leonel Brizola, Luis Carlos Prestes e outros.
Formaram-se cinco partidos políticos: PDS – Partido Democrata Social, PMDB – Partido do
Movimento Democrático Brasileiro, PDT – Partido Democrata Trabalhista, PTB – Partido
Trabalhista Brasileiro, PT – Partido dos Trabalhadores.
Foram realizadas eleições diretas para os cargos de governadores de Estado que, até então,
eram escolhidos pelo presidente da República.
As eleições representaram uma vitória das oposições que elegeu a maioria dos governadores,
além de asseguram a maioria no Congresso Nacional.
No campo econômico, continuamos enfrentando sérias dificuldades, com a alta taxa de inflação,
o aumento do desemprego, a dívida externa, etc.
A REDEMOCRATIZAÇÃO
Mesmo nos anos mais duros da ditadura militar, o povo nunca deixou de se manifestar contra a
repressão, a censura, os baixos salários, etc. Com a anistia, o país começou a encaminhar para
a redemocratização e, no final de 1983, iniciou a campanha pelas eleições diretas para
presidente da República. Milhões de pessoas foram às ruas pedindo o fim da ditadura militar e
eleições diretas para a escolha do sucessor do general Figueiredo. Porém a emenda das diretas
não foi aprovada pelo Congresso Nacional e a frustração tomou conta da nação.
Na eleição direta do novo presidente votaram apenas 686 brasileiros: os senadores, os
deputados federais e seis representantes de cada Assembléia Legislativa. O vencedor foi
Tancredo Neves, com a grande maioria dos votos. Porém Tancredo não tomaria a posse. Na
véspera de sua posse, foi internado com fortes dores abdominais e, após sete cirurgias, faleceu
no dia 21 de abril de 1985.
Quem assumiu o governo foi o vice-presidente José Sarney, ex-presidente do PDS que passara
para o PMDB há poucos meses para concorrer com Tancredo.
O GOVERNO SARNEY
No governo de Sarney acontecem coisas importantes no campo político: foram
restabelecidas eleições diretas em todos os níveis e os partidos políticos puderam funcionar
livremente. Também foi elaborada uma nova Constituição, bastante democrática, pela
Assembléia Nacional Constituinte e, a eleição direta do presidente da República ocorreu em
1989.
As eleições presidenciais foram realizadas em dois turnos. No primeiro turno concorreram
candidatos de todos os principais partidos e saíram vencedores Fernando Collor de Mello do
PRN (Partido da Reconstrução Nacional) e Luis Inácio Lula da Silva, da Frente Brasil Popular
(PT, PSB, PC do B). No segundo turno o vencedor foi Fernando Collor de Mello, com pequena
diferença de votos.
No campo econômico, o governo Sarney adotou uma medida de impacto que foi o Plano
da Estabilização Econômica (Plano Cruzado). O cruzeiro foi substituído pelo cruzado (cada
cruzado correspondia a mil cruzeiros) e os preços foram congelados por um ano.
No início a população apoiou as medidas do governo fiscalizando e denunciando as
infrações. Logo surgiram problemas: falta de mercadorias, “disfarces” nos produtos para
aumentar os preços, o valor dos aluguéis novos disparou etc.
No final de 1986 a inflação subiu e a crise econômica agravou-se. No final do governo
Sarney a inflação era de mais de 70% ao mês.
O GOVERNO COLLOR
Fernando Collor de Mello assumiu a presidência da República no dia 15 de março de
1990. Era o primeiro presidente eleito diretamente pelo voto popular em quase 30 anos. A
situação econômica era bastante grave e a expectativa da população era grande.
O plano econômico do novo presidente incluía as seguintes medidas:
∙Bloqueio de grande parte do dinheiro que as pessoas e as empresas tinham em conta corrente
nos bancos ou cadernetas de poupança e em outras formas de aplicação, o objetivo desta
medida era diminuir o volume de dinheiro em poder do público, que seria a causa da inflação;
∙Venda de diversas empresas do governo à iniciativa privada;
∙Fechamento dos órgãos do governo, e a venda de carros, casas e apartamentos de
propriedades do governo;
∙Demissão de milhares de funcionários públicos.
Essas medidas causaram grande impacto na opinião pública.
A atenção do governo Collor voltou-se, desde os primeiros meses de governo, no
combate à inflação. Através do Plano Collor, o presidente procurou encarnar a modernidade e a
esperança de justiça social. Suas medidas mostraram-se audaciosas e temerárias.
Mas em 1992, com enredo digno de novelas tão ao gosto de brasileiros, Fernando Collor
foi acusado pelo próprio irmão de farsante, corrupto, imoral e usuário de drogas.
Terminou no “impeachment”.
No campo econômico, o jovem presidente iniciou um amplo programa de privatização de
empresas estatais e abertura da economia brasileira.
Foi substituído por Itamar Franco cujo ministro da Fazendo foi Fernando Henrique
Cardoso que implementou neste período o Plano Real; a partir de então, foi desencadeado um
projeto econômico que pôs o Brasil no caminho da normalidade econômica, da estabilização da
moeda e a inserção do país na economia mundial.
Fernando Henrique Cardoso prosseguiu no enxugamento da máquina do Estado,
privatizando estatais, numa perspectiva neoliberal.
Governou o país de 1995 a 1998, sendo reeleito até 2002.
Seu sucessor, o ex-metalúrgico e ex-sindicalista, Luis Inácio Lula da Silva teve o grande
mérito, de dar continuidade a política econômica bem sucedida, de FHC. Vencendo as eleições
em 2002 e reeleito em segundo turno em 2006, cumpriu seu mandato até 2010.
A eleição presidencial de 2010 leva a candidata Dilma Rousseff, lançada pelo expresidente, Luiz Inácio Lula da Silva, a se eleger em segundo turno. É a primeira vez que uma
mulher assume a Presidência na historia do Brasil.
HISTÓRIA DO RIO GRANDE DO SUL
Em 1494, Espanha e Portugal assinaram o Tratado de Tordesilhas. Por este tratado as
duas potências europeias tentavam demarcar as terras que estavam sendo descobertas. Esta era
a época das grandes navegações, quando então os europeus descobriram a América, o caminho
marítimo para às Índias (Ásia), o Brasil, etc.
Pelo Tratado de Tordesilhas, a linha que dividiria as terras entre portugueses e espanhóis
aqui na América do Sul, passaria em Belém (Pará) e em Laguna (Santa Catarina). As terras a
leste seriam de Portugal e a oeste, da Espanha. Portanto, por este tratado, o Rio Grande do Sul
pertenceria aos espanhóis.
Vamos ver, agora, quem foram os primeiros ocupantes do território gaúcho e como o Rio
Grande do Sul (RS) passou para o domínio português, ou seja, a fazer parte do Brasil.
O RS passou a ter esta denominação com a proclamação da República; na época do
Império chamava-se Província de Rio Grande, no período colonial, Rio Grande de São Pedro.
A ocupação do Rio Grande de São Pedro
Os primeiros ocupantes do RS, além dos índios, foram padre jesuítas portugueses que a
partir de 1605, fundaram reduções (aldeias de índios catequizados) desde o rio Mampituba até
Gravataí. Estas reduções, no entanto, não prosperaram. Em 1626, padres jesuítas espanhóis
fundaram reduções na zona de Ijuí, Piratini, Taquari, Guaíba, Rio Pardo, Jacuí, Ibicuí. Nestas
áreas os jesuítas, usando os índios catequizados como trabalhadores, dedicaram-se à agricultura
e a criação de gado. Estas reduções jesuíticas eram constantemente atacadas por bandeirantes
paulistas. Este pessoal, vindo de São Paulo, atacava as missões, e aprisionava índios que eram
vendidos como escravos aos fazendeiros do Nordeste açucareiro. Para os bandeirantes
paulistas, estes índios das missões eram valiosa mão-de-obra, pois já estavam mais ou menos
treinados para o trabalho, disciplinados e obedientes.
A partir de 1640, os padres e índios abandonaram as missões, mas aqui deixaram os
rebanhos de gado que se reproduziam à solta, e xucros. Esta reserva de gado xucro ficou
conhecidas como “Vacaria del mar”. E para buscar este gado xucro é que se deu a ocupação, por
bandeirantes paulistas, do território rio-grandense.
Em 1682, os padres jesuítas espanhóis retornaram e fundaram os chamados Sete Povos
Missioneiros: São Miguel, São Luiz Gonzaga, São Borja, São Nicolau, São Lourenço, São João
Batista e Santo Ângelo.
Nestas missões, além das estâncias para a criação de gado e extração de couro, era muito
importante, também, a produção de erva-mate, além de produtos artesanais.
Em nome de Deus
O dia-a-dia de uma missão jesuítica
Os padres católicos buscaram mudar os hábitos dos índios, para os padrões cristãos e
europeus no dia-a-dia da aldeia.
A rotina diária de catequese nas missões começava bem cedo com a missa. Depois, uma
parte dos índios partia para a roça, onde as plantações eram coletivas. A outra parte ficava na
aldeia, trabalhando com artesanato.
Enquanto os adultos supriam todas as necessidades materiais da aldeia, as crianças
estudavam, aprendendo a ler, escrever e contar. Por serem mais receptivas que os adultos,
recebiam também aulas de moral e religião. Com isso os jesuítas pretendiam fazer com que elas
influenciassem, depois, os mais velhos.
Outra maneira de romper com os costumes das tribos foi dar à cada família indígena uma
casa separada.
Isso interferiu na estrutura socializante da vida tribal, onde a casa (oca) era comunitária, nela
vivendo em harmonia mais de 100 pessoas.
O texto do Conselho Indigenista Missionário nos mostra a distorção que se imprimiu à
cultura indígena:
“Nos aldeamentos, os índios eram obrigados a aprender os costumes dos brancos. Eram
proibidos de praticar seus próprios costumes.
Eram proibidos de usar os enfeites deles, de fazer as festas deles, de tratar os doentes
com os pajés deles.
“Os missionários ensinavam a religião católica.”
SÉCULO XVIII: A MINERAÇÃO E A PECUÁRIA GAÚCHA
Nos finais do século XVII, começa no Brasil o ciclo da mineração, que se estende mais ou
menos até 1780. Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso produzem cerca de 700 toneladas de ouro.
Esta região torna-se super povoada e muito rica. Toda esta atividade, com grande concentração
populacional, passou a exigir muito animal para o transporte, e carne para alimentação.
Assim, criou-se na zona da mineração um mercado consumidor para a pecuária gaúcha.
Tropeiros, contrabandistas, bandeirantes paulistas, desciam até o extremo sul do Brasil para
caçar o gado xucro e levá-lo à zona do ouro.
Em 1676, fundou-se Laguna (SC) que se tornou o foco irradiador da descida para o Sul.
Toda esta expansão, interessava, também, ao governo português que pretendia estender seus
domínios até o Rio da Prata (entre Uruguai e Argentina).
Para estender seus domínios até o Rio da Prata, o governo português decidiu ocupar o Rio
Grande do Sul. Assim, por volta de 1730, passou a distribuir terras a tropeiros ou a militares que
quisessem aqui se instalar e se afazendar (começando por Tramandaí, Viamão, Gravataí, Porto
Alegre). Nestas áreas constituíram-se estâncias de gado com trabalhadores livres – os peões. No
final do século XVIII, com a decadência da mineração, caiu muito a procura dos rebanhos
gaúchos. Porém, a economia se mantém em desenvolvimento graças à expansão da lavoura de
trigo e as charqueadas. Nestas atividades predominou como mão-de-obra, o escravo negro.
Como estamos vendo, aos poucos o RS foi sendo ocupado, seja por padres jesuítas
catequizando índios e fundando missões, por estancieiros criadores de gado ou fazendeiros
produtores de trigo, charqueadores ou ainda por militares que recebiam terras do governo
português.
Em 1801, as fronteiras já estavam mais ou menos delimitadas, uma vez que, neste ano, a
região dos Sete Povos das Missões passou para o controle definitivo do governo português, ou
seja, a fazer parte do Brasil.
Quando o Brasil se tornou independente, em 1822, no RS já havia uma classe social
dominante, formada por fazendeiros enriquecidos pela pecuária. E, à medida que os interesses
destes fazendeiros entram em choque com os interesses do governo central, começaram a surgir
os motivos que levaram a elite gaúcha a tentar a separação através da Revolução Farroupilha.
A REVOLUÇÃO FARROUPILHA – 1835 A 1845
Com a Independência do Brasil, em 1822, o RS não passou por nenhuma grande transformação.
Em 1831, com a queda de D. Pedro I, o Brasil foi governado pelos Regentes. Em 1840 assumiu o
poder o Imperador D. Pedro II. Portanto, a revolução gaúcha que agora estudaremos, começou
durante a Regência, em 1835, e acabou em 1845, já no governo de D. Pedro II.
Mas o que foi a Revolução Farroupilha? Foi uma Revolução feita por uma boa parte dos
estancieiros gaúchos e seus peões e charqueadores contra o governo central brasileiro. Mas por
que os rebeldes estavam descontentes?
As causas da Revolução Farroupilha
Descontentamento com os pesados impostos que eram cobrados sobre a légua de terra e a
comercialização do principal produto gaúcho, o charque.
A concorrência do charque uruguaio e argentino, que era vendido no Brasil mais barato que o
charque gaúcho.
Descontentamento com os pesados impostos cobrados sobre a importação do sal usado na
fabricação do charque.
A marginalização política do RS – os políticos gaúchos não tinham nenhuma participação nas
decisões do Governo Central;
A elite gaúcha queria o direito de, pelo menos, escolher o Presidente provincial, que seria hoje o
Governador de Estado. Em 1835, era governado por um elemento que, além de
não ser gaúcho, não fora escolhido pelos gaúchos.
Assim, em 20 de setembro de 1835, o estancieiro e militar, Bento Gonçalves da Silva, com
suas tropas revolucionárias, invadiu Porto Alegre e derrubou o Presidente da Província.
A expansão do movimento
Começou, então, uma guerra entre as tropas farroupilhas e as forças do governo, que se
estendeu por toda a Província. Em 1836, os rebeldes proclamaram a República Rio- Grandense,
declarando a separação do resto do país. A capital seria a Vila de Piratini. Em 1839 conquistaram
Laguna (SC), onde foi proclamada a República Juliana.
Outros líderes da revolução, além de Bento Gonçalves, foram Davi Canabarro, Giuseppe
Garibaldi e Antônio Neto.
Em 1845, o Império enviou, para pacificar a Província, o General Luiz Alves de Lima e Silva, o
Duque de Caxias. A proposta de paz trazia o atendimento da maioria das reivindicações dos
gaúchos, e, assim, acabou a guerra, com a assinatura da Paz de Ponche Verde.
Para os gaúchos a Paz de Ponche Verde foi vantajosa. Como se avizinhava o conflito contra os
países do Prata (Uruguai e Argentina) o governo Imperial precisava dos gaúchos e por isso
acenou com medidas para colocar um ponto final na Revolução Farroupilha.
Até mais ou menos 1860 a economia gaúcha ia muito bem, com muita produção e exportação de
charque, com estancieiros muito ricos e escravos na miséria.
A partir de 1860 recomeça a crise devido à concorrência do charque platino (Uruguai) que era
mais barato e melhor que o nosso. Em 1884, em função da crise do charque, o RS se antecipou
à Lei Áurea e libertou todos os seus escravos.
Farrapos
Farrapos ou farroupilhas são expressões sinônimas, que significam “maltrapilhos”, gente vestida
com farrapos [...] Os adversários dos farrapos gaúchos deram a eles esse apelido paradepreciálos. Mas a verdade é que, se suas tropas podiam ser farroupilhas, os dirigentes pouco tinham
disso, pois representavam a elite dos estancieiros, criadores de gado da província.Boris Fausto,
História do Brasil
Anita e José
O italiano Giuseppe Maria Garibaldi (em português, José Garibaldi), o “herói de dois mundos”, foi
um dos mais notáveis líderes populares do século XIX. Fugido da Europa em
1836, ele lutou na Guerra dos Farrapos, no Brasil, e, mais tarde, no Uruguai. Retornando à Itália,
lutou pela unificação desse país.
Ana Maria de Jesus Ribeiro da Silva, mais conhecida como Anita Garibaldi, nasceu em
Morrinhos, Santa Catarina, em 1821. De origem humilde, era casada com um sapateiro quando
se apaixonou por José Garibaldi, que lutava na Guerra dos Farrapos.
Sempre ao lado de José, Anita revelou-se uma companheira destemida, participando nos
combates tanto no Brasil quanto na Itália. Por causa disso, também recebeu o título de
“heroína de dois mundos”.
Adaptado de [WWW.virtual.epm.br/uati/corpo/Anita_garibaldi.htm]. Acesso em Maio 2014
Anita Garibaldi e José Garibaldi
Curiosidades: Guerra dos Farrapos
Muitos escravos foram libertados para participar ao lado dos farroupilhas nos combates da guerra
dos Farrapos. Eles chegaram a formar o chamado corpo dos Lanceiros Negros, pois lutavam
portando lanças, geralmente a pé. Entretanto, é importante destacar que os farroupilhas, em sua
maioria, nunca defenderam o fim da escravidão.
Os escravos foram recrutados porque não havia homens brancos suficientes para os combates.
Para convencer os cativos a lutar ao lado do exército rebelde, os farroupilhasprometiam-lhes a
liberdade. Além disso, muitos dos estancieiros mandavam um trabalhador escravo para lutar em
seu lugar ou no lugar de algum de seus filhos.
Os escravos libertos geralmente serviam nas posições mais baixas e eram comandados por
oficiais brancos. Grande parte deles acabou morrendo durante a guerra.
Ao fim da revolta, os negros que haviam sobrevivido passaram a ser vistos como um grande
perigo tanto pelos farroupilhas quanto pelos imperiais. Ilustra bem isso, a famosa batalha de
Porongos, em 1844, na qual mais de uma centena de combatentes (em sua imensa maioria
negros) foram massacrados. Eles estavam despreparados para a luta, supostamente por causa
de uma traição de Canabarro, que mandou desarmar as tropas na noite que antecedeu a batalha.
Os imigrantes na Província do Rio Grande
Durante o século XIX foi grande o número de imigrantes que vieram para o RS, bem como para
outras províncias brasileiras.
Em 1824 começaram a chegar os alemães, e, em 1875, os italianos. Tanto alemães como
italianos, receberam pequenas propriedades e se estabeleceram como colonos, plantando vários
produtos, e usando o próprio grupo familiar como mão-de-obra. Neste meio, aos poucos, surge a
figura do comerciante, dono da venda, ou o que leva os produtos da colônia para os centros
consumidores (Porto Alegre, São Leopoldo) e destas cidades para a colônia.
Estes comerciantes é que, à medida que acumulam capital, vão criando as várias indústrias na
região. No vale dos Sinos, onde se destacam São Leopoldo e Novo Hamburgo, temos um grande
número de indústrias, principalmente de artigos de couro, onde predominam os descendentes de
alemães.
Na serra, Caxias do Sul, Bento Gonçalves, Garibaldi, etc., foram fundadas por imigrantes
italianos.
Em resumo: se observarmos veremos que a maioria das indústrias gaúchas é de descendentes
de imigrantes, sejam eles alemães, italianos ou de outras nacionalidades.
A imigração italiana no RS
Sim, eram imigrantes: contadini, trabalhadores pobres que partiam da Itália rumo à América,
fugindo da fome, da pelagra, dos baixos salários do alto aluguel da terra. No século XIX, a
unificação italiana e a incorporação da península ao sistema capitalista não incluíram as camadas
populares. Os camponeses foram expulsos da terra. O pequeno artesanato foi
parcialmente destruído. A indústria mostrou-se incapaz de absorver a mão-de-obra disponível.
Assim, os italianos pobres foram obrigados a buscar, em outros países, as condições de vida que
sua pátria lhes negava. No total, 24 milhões de peninsulares partiram da Itália, entre 1869 a 1926,
para diferentes regiões do mundo.
A maioria dos imigrantes chegados ao sul do Brasil partiu do porto de Gênova. A travessia,
que durava pouco mais de um mês, era feita em navios sobrecarregados. As doenças eram
frequentes e a mortalidade elevada.
Do Rio de Janeiro, após quarentena na Casa dos Imigrantes, os viajantes eram
transportados em vapores para Porto Alegre, numa viagem de dez ou mais dias. Ao chegarem à
capital, eram alojados em prédio precário ou dormiam em ruas próximas. De Porto Alegre, seguia
em pequenas embarcações para Montenegro, São Sebastião do Caí ou Rio Pardo.
A viagem do porto à serra era feita, em dois ou três dias, a pé, no lombo de animais ou em
carretas, através de picadas abertas na mata. Ao chegarem à colônia, os imigrantes eram
alojados em barracões, e depois enviados aos lotes.
A Hospedaria dos imigrantes foi construída em 1886 no bairro paulistano do Brás. O
local destinava-se a acolher os imigrantes chegados à cidade de São Paulo para trabalhar nas
lavouras, nos núcleos coloniais ou nas indústrias.
Ao chegar à hospedaria, os imigrantes recebiam uma refeição e eram informados a
respeito do regulamento interno. Em seguida eram encaminhados aos dormitórios, onde, além
das camas, havia lavatórios e vasos sanitários. No dia seguinte, pela manhã, eram vacinados e
orientados sobre vagas de trabalho disponíveis, pela Agência Oficial de Colonização e Trabalho.
Cada família tinha o direito de permanecer até seis dias no local, exceto em caso de
enfermidade, quando o prazo era estendido por toda a convalescença. Para as crianças que
tivessem ficado órfãs durante a viagem, a hospedaria disponibilizava o serviço de creche.
De 1886 até 1978, quando foi desativada, passaram por ela mais de 2,5 milhões de imigrantes
de quase 70 nacionalidades.
Em 1993, parte das instalações da antiga hospedaria passou a abrigar o Museu da Imigração. O
acervo reúne lista de passageiros, objetos, fotografias, depoimentos, cartas e outros registros que
preservam a memória de milhões de pessoas que vieram para o Brasil em busca de um sonho.
“Interesses” do governo imperial Brasileiro
A imigração italiana para o Rio Grande do Sul foi iniciativa do governo imperial brasileiro.
O movimento tinha como objetivo “importar mão-de-obra” europeia e vender as terras devolutas
do Império, visando aumentar tanto a população como a produção agrícola.
A passagem da Europa ao Rio Grande do Sul era financiada pelas autoridades brasileiras. Os
lotes e os eventuais subsídios governamentais, ferramentas, sementes, alimentos, etc., deveriam
ser pagos no prazo de cinca a dez anos.
Transformações de colônia e vida social dos imigrantes
Os imigrantes, ao chegarem ao seu lote, dedicavam-se à abertura de clareiras nas matas e
construíam abrigos provisórios de pau-a-pique, cobertos de galhos. Era um momento difícil. O
pinhão, a caça e a coleta ajudaram os colonos nos primeiros tempos. Algumas vezes, a venda da
madeira e, eventualmente, o trabalho assalariado, durante quinze dias por mês, na abertura de
estradas e caminhos, financiaram os colonos até a primeira colheita.
Não sabemos quantos imigrantes fracassaram nessa etapa, mudaram-se para as cidades,
voltaram para a Itália ou foram enterrados nos primeiros e improvisados cemitérios. Não
raro, morria-se de fome no “país da cucagna”.
Em poucos, anos a paisagem foi transformada. As grápias, os louros, os cedros, as cabriúvas,
as canjeranas e as araucárias foram cedendo lugar ao trigo, centeio, linho e muitas especiarias.
Pão, vinho, polenta e linho. A mesa tornou-se menos pobre, a casa um pouco mais confortável.
Os que haviam se arrependido de imigrar e os que tinham coração cheio de esperança,
começaram a achar que a vida, ali, era possível...
Fiar e tecer linho, fazer a dressa com palha de trigo, fabricar sportas, chapéus e, ainda, crochê,
filé e bordado eram formas de trabalho artesanal para o embelezamento das rústicas residências
e, eventualmente, ganho extra para comprar o enxoval da filha, prestes a casar...
O lote era a unidade de base da economia familiar colonial. Praticava-se uma divisão etária,
sexual e familiar das tarefas. Os homens responsabilizavam-se pelos trabalhos ligados à
agricultura e ao trato de animais de maior porte. Às mulheres, as tarefas caseiras e o cuidado da
pequena criação. Entretanto, elas intervinham, ativamente, ao lado dos homens, nos trabalhos
agrícolas. Segundo suas forças, as crianças trabalhavam desde os oito anos. Havia igualmente
tarefas artesanais masculinas e femininas.
“Rezar e trabalhar. Estes sim são os meus jogos. Criar a melhor receita, dar o ponto certo na
geleia, fazer a dressa mais parelha, conhecer ervas para cada doença. Eu jogo enquanto teço,
jogo enquanto remendo, jogo enquanto descasco as frutas para a marmelada.
Estes sim são meus jogos...”
Os homens jogavam bocha, quatrilho, escova, mora. Participavam de apostas, cavalhadas,
sorteios. Jogavam argolas em direção à árvore da fortuna. E cantavam... Ah! La Bela Violeta,
Quel Massolin de Fiori, La verginela...
O isolamento era rompido quando se reuniam pra rezar. Rezavam o rosário sob uma árvore ou
na casa de algum morador, por ocasião de uma festa ou de um enterro ou, ainda, na cozinha
quando se encontravam para o filó.
Em todas as linhas, os moradores reuniram-se em mutirões e construíram capelas de madeira,
pedra ou alvenaria, que decoravam primorosamente: altares e imagens em madeira, janelas com
vidros coloridos, alfaias de metal e até um sino de bronze no campanário. O fantasma da solidão
no meio da mata foi se distanciando.
Os pais dotavam os filhos com terras e as filhas com enxoval, que consistia em uma máquina de
costura, uma arca com roupas, uma vaca ou uma mula.
Mascates percorriam as linhas, levando mercadorias e novidades. Tropeiros e carreteiros, com
suas mulas bruaqueiras e carretas, levavam e traziam produtos entre os centros consumidores e
os portos fluviais. Personagens conhecidos nesse mundo medido em estações, em safras. O
contato com os gaúchos possibilitou trocas de mercadorias, de conhecimentos e de costumes.
Em cada travessão, em cada núcleo colonial surgiram ferreiros, seleiros, funileiros, pedreiros,
oleiros, sapateiros, alfaiates, marceneiros. Serrarias e moinhos foram levantados para
beneficiarem grãos e madeiras. Matadouros, curtumes, barbaquás, ferrarias, cervejarias,
alambiques, tecelagens... Uma nova era se anunciava.
A casa de comércio de linha, o baratilho ou venda, articulava-se com o comércio de maior porte
dos centros urbanos regionais e estes “exportavam” para centros urbanos maiores. Os
agricultores entregavam suas reservas monetárias aos comerciantes das linhas, em troca de
baixos juros. As grandes casas comerciais realizaram o que os colonos não conseguiram, isto é,
acumular capitais...
O RIO GRANDE DO SUL DURANTE A REPÚBLICA VELHA
Em 1889 tropas do Exército brasileiro, lideradas pelos Marechais Deodoro da Fonseca e
Floriano Peixoto, derrubaram o Império (D. Pedro II) e proclamaram a República.
Começou então, a 1ª República ou “República Velha”, período da História do Brasil que vai de
1889 até 1930. Vamos ver os principais aspectos da história do RS durante a República Velha.
A REVOLUÇÃO FEDERALISTA – 1893 A 1895
Revolução contra Júlio de Castilhos que foi o primeiro presidente do Estado do RS logo após a
proclamação da República. Júlio de Castilhos, líder do Partido Republicano Rio- Grandense,
representava parte da elite gaúcha que defendia a República e subira ao poder em 1889. A
revolução, feita pela oposição da época, foi liderada por Gaspar Silveira Martins, líder do Partido
Federalista Brasileiro. Gaspar Martins representava a outra parte da elite gaúcha, que era
monarquista e que tivera o poder até o golpe de 1889, que derrubou a monarquia e proclamou a
República.
[ Portanto tínhamos, em 1893, dois partidos políticos, ambos representantes da elite gaúcha
(estancieiros criadores de gado e charqueadores): o PRR (Partido Republicano Rio- Grandense),
que estava no poder, e o PFB (Partido Federalista Brasileiro) liderado por Gaspar Martins.
Os Federalistas (PFB) também eram chamados de “maragatos” enquanto que os Castilhistas
de “pica-paus”. Os pica-paus mais tarde passaram a ser conhecidos como
“chimangos”. Portanto, a Revolução Federalista foi a luta pelo poder, entre chimangos e
maragatos.
Em 1895 acabou a guerra, com a vitória dos republicanos do PRR, chimangos (pica- paus).
Júlio de Castilhos se consolidou no poder e, em 1898, foi sucedido por Borges de Madeiros.
Borges de Medeiros deu seguimento à obra de Castilhos, consolidando o regime
republicano autoritário e centralizado. Este autoritarismo e centralização são sinais da
influência da filosofia Positivista sobre a Constituição do estado Rio-Grandense.
Borges de Medeiros governou o RS quase até o final da República Velha: em 1928.
Borges de Medeiros foi presidente do estado por cerca de 25 anos, entre 1898 e 1908 e entre
1913 e 1928. No mandato de 1908 a 1913, o presidente do estado foi Carlos Barbosa, homem da
confiança de Borges de Medeiros e que manteve suas políticas.
O Governo de Borges de Medeiros – 1898 A 1928
Vamos destacar alguns fatos marcantes do governo do famoso caudilho, líder dos
“chimangos”:
Houve a encampação da Viação Férrea e do Porto do Rio Grande, que eram de empresas
estrangeiras e passaram para o controle do Governo do Estado.
O auge da economia do governo borgista foi durante a 1ª Guerra Mundial (1914 a 1918) quando
os frigoríficos gaúchos passaram a exportar em grande escala.
Em 1917 houve grande movimento operário com uma greve geral que paralisou a capital,
liderada pelo anarco-sindicalista.
O RS continuava não tendo participação nas decisões do governo central (Rio de Janeiro); um
grande líder gaúcho até 1915 foi o Senador Pinheiro Machado.
Em 1923, uma revolução armada feita por uma parcela da classe dominante gaúcha (os
fazendeiros), tentou derrubar Borges; foram liderados por Assis Brasil. Os chamados “chimangos”
de Borges de Medeiros saíram vencedores e a paz foi assinada em Pedras Altas (pacto de
Pedras Altas).
 Em relação à economia do RS na República Velha, continuávamos produzindo charque, arroz,
banha, vinho, etc. Em 1927 surgiu a FARSUL (Federação das Associações Rurais do RS).
Na Revolução de 1930 o nosso Estado, juntamente com Minas Gerais e Paraíba, formaram a
Aliança Liberal. A Aliança Liberal liderou o movimento que depôs o Presidente Washington Luiz
e colocou no poder o gaúcho Getúlio Vargas.
O RIO GRANDE DO SUL DURANTE A REPÚBLICA NOVA (1930 – 1937)
A chamada “revolução de 1930” liderada pelo gaúcho Getúlio Vargas inicia na História do Brasil,
o período chamado República Nova. Vamos ver aqui alguns aspectos importantes da História do
RS durante a República Nova:
Flores da Cunha foi o interventor nomeado por Getúlio para governar o nosso Estado, cargo que
ocupou até 1937.
O RS continuou sendo considerado como fornecedor de gêneros de subsistência para o
mercado consumidor nacional, e o charque continuou sendo o principal produto de exportação.
O charque continuava enfrentando a concorrência da produção e dos frigoríficos estrangeiros
estabelecidos no estado (Swift e Armour).
Além do charque, produzíamos também arroz, trigo, cebola, frutas de sobremesa, milho, etc. Na
indústria, destaque para o vinho, a banha, conservas de frutas, óleos vegetais, tecidos, farinha de
trigo, etc.
Em 1932, a Revolução Constitucionalista, iniciada em São Paulo, contra Getúlio, teve o apoio
de parte da elite gaúcha. Flores da Cunha, no entanto, manteve seu apoio a Getúlio Vargas.
Em 1934, Flores da Cunha proporcionou a criação do Instituto Sul-Rio-Grandense de Carnes.
Promoveu também a construção de um matadouro – modelo de entreposto frigorífico no cais do
porto da capital.
Em 1937, a firma Oderich criou em Canoas os “Frigoríficos Nacionais Sul - Brasileiros”.
Em 1937, Getúlio Vargas, com o apoio do Exército, tornou-se ditador, começando o período
chamado “Estado Novo”, que vai até 1945. Flores da Cunha, por não concordar com a ditadura
varguista teve que fugir para o Uruguai. Getúlio então nomeou, para governar o nosso Estado, o
General Daltro Filho.
O RIO GRANDE DO SUL DURANTE O ESTADO NOVO
Em 1937, Getúlio Vargas, com o apoio do Exército, deu um golpe de Estado, cancelou as
eleições presidenciais, outorgou uma nova Constituição e se tornou ditador. Esta ditadura
getulista, considerada a nossa experiência fascista, ficou conhecida pelo nome de Estado
Novo e durou até 1945, quando foi forçado a renunciar.
O RS continuou funcionando como centro fornecedor de alimentos para o mercado interno,
como “celeiro do país”. Continuávamos produzindo vinhos e banha, conservas alimentícias e
tecidos de lã. Com a 2ª Guerra Mundial (1939 a 1945), as nossas metalúrgicas se expandiram,
como por exemplo, a Eberle.
A pecuária gaúcha, em crise ou não, continuava importante, sendo que um dos problemas era
a concorrência dos frigoríficos estrangeiros que controlavam os preços da carne.
Nos anos 40, as charqueadas foram desaparecendo e dando lugar às cooperativas, que
adotavam métodos mais modernos de transformação da carne.
Na agricultura verificou-se a expansão da lavoura de trigo e de arroz, ao mesmo tempo em que
crescia o êxodo rural (os camponeses abandonando o campo, pela cidade), aumentando o
número de marginalizados nas cidades, principalmente em Porto Alegre.
Na área dos transportes, a criação do Departamento Autônomo de Estradas e Rodagem
(DAER) ajudou o desenvolvimento do sistema rodoviário no Estado.
Neste período do Estado Novo, o RS foi governado por interventores nomeados por Getúlio:
Daltro Filho, Cordeiro de Farias, Ernesto Dornelles.
Em 1943 começou a “campanha de redemocratização” que exigia o fim da ditadura, eleições,
assembleia constituinte, etc. Começa, então, o surgimento de novos partidos políticos: a UDN, o
PL, o PTB, o PSD, etc.
O PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) teve no gaúcho Alberto Pasqualini o seu principal teórico.
Em 1945 Getúlio foi obrigado a renunciar, encerrando-se, assim, o período chamado“Estado
Novo”.
O RS NO PERÍODO POPULISTA (1945 A 1964)
A partir de 1945, com a redemocratização, o Brasil voltou a ter eleições diretas em todos os
níveis: vereadores, prefeitos, governadores, deputados, senadores e presidente da
República. Este período é conhecido como “Período Populista”.
Entre 1945 e 1964, o RS foi governado por Valter Jobim (PSD), Ernesto Dornelles (PTB), Ildo
Meneghetti (PSD), Leonel Brizola (PTB) e novamente Meneghetti.
Economia - O nosso Estado continuou produzindo arroz, trigo, vinho, banha, conservas de
frutas, doces, tecidos, calçados, fumo, produtos químicos e metalúrgicos.
Uma novidade foi o surgimento de frigoríficos de capital nacional para a transformação da carne
bovina e ovina, ao lado das antigas Oderich e Renner que operavam mais com carne suína. Na
exportação, lideravam empresas estrangeiras como Swift, Armour, Wilson e Anglo.
A criação da CEE – em 1947, no governo de Valter Jobim (Companhia Estadual de Energia
Elétrica), para suprir as falhas do atendimento das empresas estrangeiras. A CEE aumentou a
nossa produção de energia. No governo de Brizola (1958 a 1961) foram encampadas as
empresas estrangeiras que operavam no setor da eletricidade e dos serviços telefônicos
(Companhia Telefônica Rio-Grandense, CRT).
Nos transportes – Na década de 50, foram construídas várias estradas de rodagem e
inaugurada a BR-116; foi aumentada a produção de carvão que era combustível para a Viação
Férrea; no governo Meneghetti foi construída a ponte sobre o rio Guaíba; no governo Brizola, a
construção da “Estrada da Produção”, para escoar até a capital os produtos do Alto Uruguai (rio).
A Campanha da Legalidade
Em 1961, o presidente Jânio Quadros, que havia sucedido a Juscelino Kubistchek, renunciou ao
seu mandato após apenas sete meses de governo. O vice de Jânio era o gaúcho João Goulart, o
Jango.
Os mesmos grupos que haviam combatido o governo de Getúlio Vargas e que o levaram ao
suicídio em 1954 (grandes empresas estrangeiras e nacionais e grandes jornais) passaram, com
forte apoio das Forças Armadas, a tentar impedir a posse de João Goulart como presidente da
República. Eles tinham o receio de que Jango implementasse em seu governo medidas que
favorecessem o povo e prejudicassem os seus interesses.
Por isso, esses grupos organizaram um golpe para evitar que o vice-presidenteassumisse o
governo. Nesse momento, o governador gaúcho Leonel Brizola organizou a Campanha da
Legalidade para tentar garantir a posse de
Jango na Presidência da República, como estabelecia a Constituição. Através do rádio – o meio
de comunicação mais popular na época -, Brizola incentivou a população a resistir ao golpe.
Milhares de pessoas foram às ruas, principalmente em Porto Alegre, para apoiar Brizola. O
governador conseguiu o apoio dos militares do Rio Grande do Sul e, com medo de que ocorresse
uma grande luta, os golpistas aceitaram a posse de Jango. Mas, para que Goulart assumisse, ele
teve de aceitar o regime parlamentarista de governo, que lhe tirava a maioria dos poderes.
Para evitar uma provável guerra civil foi feito um acordo: o Congresso Nacional aprovou a
adoção do Parlamentarismo. Por que isso? Porque com o Parlamentarismo, Jango, embora
presidente, não teria quase poder, pois no Parlamentarismo quem tem mais poderes é oPrimeiroMinistro.
Assim, de 1961 a 1963 tivemos a experiência Parlamentarista no Brasil. Portanto, o
“Movimento da Legalidade” teve como objetivo garantir a posse de João Goulart como Presidente
da República, após a renúncia de Jânio Quadros.
Em 1963 foi feito um plebiscito que determinou o fim do Parlamentarismo e a volta do
Presidencialismo. Em 31/03/1964 os militares deram um golpe, derrubaram Jango e instalaram a
ditadura militar, que durou até 1985, quando foi eleito Tancredo Neves e José Sarney.
O RS DURANTE A DITADURA MILITAR (1964 A 1985)
Neste período da Ditadura Militar (1964 a 1985) o RS teve os seguintes governadores:
Perachi Barcelos (que foi eleito), Euclides Triches, Sinval Guazzelli e Amaral de Souza. Estes
três últimos foram escolhidos pelo Governo Central. Em 1982 voltou a eleição direta para
governador, quando então foi eleito o Sr. Jair Soares, depois Pedro Simon, Alceu Colares,
Antônio Britto, Olívio Dutra, Germano Rigotto e Yeda Crusius, sucessivamente.
No período militar, as exportações gaúchas foram lideradas pelo trigo e soja. Na área da
indústria foi criada a Aços Finos Piratini, o III Pólo Petroquímico e a Termoelétrica de carvão.
Crise Política: Em 2007, a Polícia Federal realiza a Operação Rodin, para desmantelar um
esquema de corrupção no Departamento Estadual de Trânsito (Detran) gaúcho, que teria
desviado 44 milhões de reais. Em 2008, uma acusação pública do próprio vice-governador,Paulo
Afonso Feijó (DEM), envolve a governadora Yeda Crusius (PSDB) no caso Detran e deflagra uma
crise política que leva a um pedido de impeachment contra Crusius. Em Outubro, o pedido de
impeachment é votado e arquivado na Assembleia Legislativa. Crusius tenta se reeleger em
2010, mas perde para Tarso Genro (PT).
Eleições: No primeiro turno das eleições de 2012, José Fortunati (PDT) é reeleito prefeito de
Porto Alegre, com 62,5% dos votos válidos.
Gaúcho – o homem do Rio Grande
Como vimos, o estado do Rio Grande do Sul foi formado por vários povos: indígenas de
diferentes etnias, portugueses, espanhóis, negros, alemães, italianos e muitos outros, cada um
com seus costumes e cultura própria.
Quem é o gaúcho?
Homem “sem chefe, sem leis, sem polícia”. (Nicolau Dreys)
O que faz?
“Buenas me espalho! Nos pequenos dou de prancha e nos grandes dou de talho!” (Érico
Veríssimo)
Um de seus artigos de fé:
“Mulher, arma e cavalo de andar, nada de emprestar.”
(Simões Lopes Neto)
O gaúcho é definido pela literatura popular como um indivíduo machista, altivo, irreverente,
guerreiro. Legítimo
“centauro dos Pampas”.
O gaúcho era o peão das fazendas de gado próximas à fronteira. Podia ser da Província do
Rio Grande, do Uruguai ou da Argentina.
Seu prato predileto é o churrasco, carne assada no espeto.
Sua bebida preferida é o chimarrão e, para isso, não dispensa a bomba e a cuia apropriadas.
O vestuário característico do gaúcho é: o chapéu de couro, de abas largas; o lenço de cores
vivas e amarrado ao pescoço; a camisa de lã ou de pano grosso; o “poncho” ou a pala sobre os
ombros; a “guaiaca” (cinto largo) na cintura, onde traz a faca, a garrucha, os documentos, o
dinheiro, o fumo, etc.; as “bombachas”, que são calças largas apertadas em cima do tornozelo; as
botas; a boleadeiras.
Símbolos rio-grandenses
O nosso estado também é representado por símbolos: a bandeira, o escudo de armas e o
hino estadual. Eles têm origem na Revolução Farroupilha, devido ao profundo significado que
esse movimento teve em nossa história. Foi a nossa luta em defesa dos interesses do Rio
Grande, pelo regime republicano e pelo liberalismo, que levaria à maior autonomia das
províncias.
A nossa bandeira atual foi instituída pela Lei nº
5213, de 5 de janeiro de 1966. Seu desenho é de Bernardo Pires.
O nosso hino é o Hino da Revolução Farroupilha. A letra foi escrita por Francisco Pinto da
Fontoura e a música é de Joaquim José de Mendanha.
O nosso Escudo de Armas é uma criação de Mariano de Matos, que homenagearam
Revolução Farroupilha.
Exercícios
01- De uma definição de História.
02- Tradicionalmente, como estão dividido os períodos históricos?
03- Que conseqüências tiveram a expansão marítima européia nos séculos XV e XVI?
04- Citar três características da Sociedade Feudal.
05- Quais países europeus que se destacaram nos Descobrimentos Marítimos?
06- Que foi o Renascimento Comercial?
07- Citar as principais causas da Reforma Religiosa.
08- O que diferenciava as colônias inglesas do norte com as do sul na América do Norte?
09- Que era o escambo? (Prática comum nos primeiros contados entres portugueses com
índios).
10- Que conseqüências tiveram para o Brasil o período da mineração?
11- Na Primeira Guerra Mundial, quais eram as alianças militares envolvidos no conflito?
12- Qual o marco inicial da Segunda Guerra Mundial e o que ocasionou a entrada dos EUA?
13- No que consideramos República Velha no Brasil, o que era o “voto de cabresto”?
14- Quais os motivos principais da Revolução de 1930 no Brasil e quem foi seu maior líder?
14- Quais as principais características econômicas no governo de Juscelino Kubitscheck?
15- Quais os fatos que proporcionaram o início da Revolução Industrial na Inglaterra?
16- Quais as principais causas da Revolução Francesa de 1789?
17- Quais a principais características do Nazismo?
18- Na Segunda Guerra Mundial quais nações formaram o EIXO e quais eras os Aliados?
19- Que foi a Guerra Fria?
20- Como foi o fim da União Soviética?
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