0 NEEJA NÚCLEO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS CAXIAS DO SUL – 4ª CRE Rua Garibaldi, 660 – Centro CEP – 95080-190 Fone Fax 3221-1383 E-mail – [email protected] ENSINO FUNDAMENTAL COMPONENTE CURRICULAR HISTÓRIA MÓDULO ÚNICO JANEIRO 2017 1 Objetivos 1 Identificar o que é a Historia; 2 Reconhecer o conceito de Tempo na filosofia, e sua relação com o “Tempo- Histórico”; 3 Identificar as fases históricas. 4 Compreender o calendario gregoriano. Fatos que marcaram o inicio da Idade Antiga, Média etc. 5 Identificar marco inicial da idade moderna; 6 Reconhecer as diferencas entre o feudalismo medieval e a globalização iniciada com o mercantilismo;. 7 Identificar o processo de colonização do Novo-Mundo, os planos econômicos…; 8 Descrever o processo do liberalismo de emancipação das colonias. 9 Identificar o conceito de país aplicável ao nosso território; 10 Reconhecer relação de nosso país com o Portugal colonizador; 11 Identificar as fases políticas do Brasil e da América espanhola; 12 Compreender as diferenças histórico-culturais da região do estado do Rio Grande do sul 13 Descrever os motivos e desfecho do conflito “farroupilha”. 14 Compreender o processo de independência brasileira e sua relação com o iluminismo. 2 INTRODUÇÃO Quem é Você? Você está iniciando o estudo de História. Mas e a sua história? Você a conhece? Você já parou para pensar quem é você? E sobre os seus familiares? Você sabe onde nasceram, como viveram sua infância? Talvez você não saiba muita coisa de seu passado. É difícil lembrar as coisas que aconteceram há bastante tempo. Por isso o conhecimento histórico é adquirido através dos fatos que são registrados. Procure em sua casa todas as formas de informação sobre a sua história e da sua família. Para isso procure saber sobre o dia e a hora em que você nasceu; como foram os seus primeiros anos de vida. Pergunte sobre a infância de seus pais e compare com a sua; enfim, obtenha informações que lhe permitam reconstruir a história da sua família e, em especial a sua história. Estas informações poderão ser obtidas por uma pesquisa feita através de uma entrevista oral com os familiares, envolvendo observação de fotos, cartas, vídeos, etc. Essa pesquisa levará ao conhecimento da sua própria história. Com esse trabalho conhecerá melhor a sua própria história. Reflita sobre o que você sabe de si mesmo e de suas relações com outras pessoas. Pois agindo assim você estará se transformando num criador de conhecimento histórico. Podemos afirmar que é no passado que encontramos a origem do conhecimento humano; portanto, é preciso que se conheça o passado para que se possa compreender o presente e ter um compromisso com as transformações da realidade. É com essa finalidade - compreender e analisar criticamente o momento presente, entender o mundo em que você está vivendo – que você vai estudar história. Afinal o que é história? A História é a ciência que estuda as realizações humanas, desde seu surgimento até o presente. Ela nos permite compreender o momento em que vivemos pois revela de que maneira as sociedades se transformam e deram origem ao mundo atual. Estudar história é entender, refletir, levantar questões buscar explicações para o passado e o presente, possibilitando projeções para o futuro. LEMBRE-SE: A leitura de revistas e jornais, os filmes que você assiste, os fatos que a TV noticia diariamente, as novelas, a participação nos sindicatos, nas entidades de bairro, enfim, todos os Mecanismos de atuação do homem em sociedade permitem proveitosas discussões e trocas de experiência. Assim como as pessoas, também os povos, a humanidade em conjunto possui a sua história amplamente documentada: códigos de leis, tratados, constituições, documentos oficiais, moedas, medalhas, selos, armas, monumentos, ruinas, esculturas, pinturas, cerâmicas, folclore, são os documentos (escritos ou não) de um povo. Chamamos esses documentos de “fontes históricas” Conclusão: FONTES HISTÓRICAS são, então, os elementos deixados pelo homem através dos tempos. Podem aparecer de forma escrita e não escrita. Através das fontes históricas é possível "reconstruir" os fatos históricos que já aconteceram. Desta forma, apesar de não termos participado da viagem de Cabral no ano de 1.500, é possível, afirmar a verdade deste fato através do estudo dos documentos deixados (guardados nos museus). 3 Tempo Histórico O fato histórico deve ser analisado no tempo e no espaço geográfico, isto é, quando estudamos um acontecimento histórico, devemos saber em que época, e onde ele ocorreu. Portanto, conhecer o tempo histórico é importante para a melhor compreensão das sucessivas transformações ocorridas na sociedade que se está estudando. De forma geral, o tempo é contado usando como referência um fato histórico considerado importante. O calendário usado pela maioria dos povos tem como ponto de referência o nascimento de Cristo. No calendário cristão, o tempo transcorrido antes de Cristo é contado de forma decrescente. Depois do ano do nascimento de Cristo, considerado o ano 1, o tempo é contado de forma crescente. As datas dos acontecimentos históricos podem ser apresentadas como nos exemplos a seguir: • ano 500 a.C. (500 anos antes de Cristo). • ano 650 d.C. (650 anos depois de Cristo); as datas após o nascimento de Cristo não necessitam Idade obrigatoriamente ser acompanhadas Antiguidade Med de d.C. ia • ano 700 A.D. (700 anos depois de Cristo; AD. em latim Anno Domini, quer dizer, ano do Senhor). A história está dividida em duas grandes épocas: antes da escrita (também chamada Pré-histórica) e depois da escrita (também chamada de História). Para facilitar os estudos das sociedades, estabelecemos a escrita como marco inicial e dividimos a História em grandes períodos: Idade Antiga, Idade Média, Idade Moderna e Idade Contemporânea. OBS: Linha do tempo é uma forma de dispor os acontecimentos históricos em ordem cronológica. 4 Observação: É preciso entender que cada período ou idade histórica não esgota numa determinada data de acontecimentos. A evolução cultural do homem não se processou ao mesmo tempo e no mesmo grau em toda terra. Hoje, por exemplo, enquanto alguns povos já estão na era espacial, outros tem uma cultura pré-histórica. Arrumando o calendário Não existe um único calendário para todos os povos. Cada povo tem a sua forma de marcar o tempo, que geralmente se relaciona a um acontecimento importante para sua cultura. Os povos cristãos, por exemplo, baseiam o calendário que adotam no ano do nascimento de Cristo*. Esse acontecimento marca o primeiro ano do calendário cristão. * O calendário gregoriano. O calendário mais usado no mundo atual é o calendário gregoriano, também conhecido como Calendário cristão. É um calendário inteiramente solar, isto é, baseado na rotação da Terra em torno do Sol. Esse calendário tem a sua origem no calendário oficial do Império Romano, o chamado calendário juliano, que tinha 365,25 dias. A reforma do calendário juliano foi encomendada pelo papa Gregório XIII (1502 - 1585), procurando aproximar o ano definido no calendário com o ano solar, que é 365 dias, 5 horas e 49 minutos. O novo calendário institui o ano bissexto a cada quatro anos, começando a partir de 1600, e definiu o dia 1° de janeiro como o início do ano para toda a cristandade. O século: conjunto de cem anos O calendário cristão pode ser ainda organizado em séculos, ou seja, em grupos de cem anos. O primeiro século da Era Cristã estende-se do nascimento de Cristo (ano 1) até o ano 100. Por esse arranjo, você sabe dizer a que século pertence o ano de 1492? Para descobrir o século, fazemos duas operações: • Se o ano acaba em 00, basta eliminar os zeros e temos o século. Assim: 1500 = século XV; 1800 = século XVIII; 2000 = século XX. • Quando o ano não termina em dois zeros, retiramos os dois últimos algarismos e somamos um (+1) ao número que sobrar. Assim: 1492 = 14 + 1 (século XV); 476 = 4 + 1 (século V); 2006 = 20 + 1 (século XXI). A Idade Antiga é o período da História, que começa mais ou menos em 3500 a.C., quando foi criado o primeiro sistema de escrita (no Egito) e vai até a queda de Roma, capital do famoso Império Romano do Ocidente. Neste período, surgiram, evoluíram e entraram em decadência grandes civilizações, como a egípcia, a mesopotâmica, hebraica, persa, fenícia. A civilização hindu e chinesa, entre elas, elas no antigo Oriente. No Ocidente, as duas mais importantes civilizações da antiguidade foram a dos gregos e a dos romanos. Herança cultural do Oriente Antigo Dentre as realizações mais importantes desses povos do Oriente antigo, podemos citar: o vidro, o papel, a cerâmica, a cerveja, o processo de mumificação, a tecelagem, as bases do alfabeto (que depois os gregos aperfeiçoaram), calendários, astronomia, relógio de sol, cálculos da área do triângulo e do círculo, algarismos arábicos, equações algébricas, tratamento de fraturas ósseas, construção de pirâmides, templos, palácios e estátuas, códigos de leis (os dez mandamentos dos hebreus), moedas, grandes cidades, comércio internacional, etc. 5 Estas grandes civilizações do Oriente influíram sobre a formação das civilizações mais importantes do Ocidente antigo: a grega e a romana - que por sua vez serviram de base para a cultura do mundo ocidental. 6 IDADE ANTIGA Herança cultural do Ocidente Antigo Dos gregos, uma herança muito importante foi a democracia, palavra que significa "governo do povo". No campo das artes, são considerados os mais evoluídos em termos de arquitetura, escultura, teatro e pintura. Desenvolveram também as bases da Filosofia, da História e levaram adiante os estudos dos orientais antigos no campo da Matemática, Medicina, calendários, alfabeto, etc. Os gregos da Antiguidade são conhecidos por terem criado um tipo de governo chamado democracia. Democracia: A. maioria é a favor, muitos pensam que praticam, mas poucos sabem realmente o que essa palavra significa. Na teoria é um governo do povo, de todos os cidadãos, ou seja, de todos aqueles que gozam dos direitos de cidadania. E diferente de monarquia, na qual governa um só, e da aristocracia que o governo de poucos. Na história humana, desde que surgiu a "democracia”, o problema localiza-se nos seguintes questionamentos. Quem é considerado cidadão? Quais são os direitos do cidadão? Veja como era na Grécia antiga: Diferente de outros tipos de governo, como a monarquia, a democracia criada pelos atenienses permitia que mais indivíduos participassem das decisões do governo. Para que isso acontecesse, aqueles considerados, cidadãos se reunião em assembleias em um espaço na cidade chamado de Ágora, que era a praça pública. Os antigos gregos atenienses debatiam e deliberavam acerca de suas questões políticas. Em assembleia, os cidadãos decidiam sobre os destinos de sua polis, da sua cidade. Preparando-se para a vida política, os cidadãos atenienses aprendiam, desde a juventude, a falar e expressar-se claramente de forma convincente. Esse procedimento era chamado de retórica. Para dar certo, os praticantes dessa técnica têm de convencer os ouvintes de que seu raciocínio está correto. Estudar e participar da vida política nessa sociedade exigia muito tempo livre. Enquanto a classe produtora – os mercadores e artesãos (metecos) e os escravos – garantia o funcionamento da economia, os cidadãos não precisavam trabalhar e recebiam a educação necessária para administrar a pólis e desenvolver as suas técnicas de convencimento. Em seu próprio proveito. O que faziam os cidadãos de Atenas nas assembleias na Ágora? Discursavam. Usavam o domínio da retórica como recurso para convencer os ouvintes. Não havia comprometimento com a verdade. Utilizavam o modo de falar, os gestos e até a maneira de se vestir para influenciar o público. Em nossa sociedade, o domínio e o uso da oralidade e da escrita são instrumentos importantes para a manutenção ou conquista dos direitos, mas não os únicos. A nossa civilização ocidental recebeu grande influência grega. Veja: a língua portuguesa possui várias palavras originarias do grego antigo. Exemplos: democracia; pólis: origem da palavra “politica”; cidadão: significativa “habitante da cidade”. A palavra “teatro”, veio do termo grego théatron, ou seja, théa = espetáculo, vista e tron = instrumento, é um tipo de prazer que herdamos deles. As letras de nosso alfabeto derivam das letras gregas: α = A, β = B. Vamos verificar se você aprendeu! Roma e o Direito Romano A Itália é um país europeu, localizado ao sul do continente, ocupando quase a totalidade da Península Itálica, mais as ilhas Sardenha e Sicília. Roma é conhecida hoje como a capital da Itália, e é também a maior cidade do país. No passado, Roma foi o centro de um grande império. Como toda história contada, a do aparecimento de Roma tem várias versões. Aqui temos duas. Escolha a mais interessante: 7 O Mito Diz à lenda que Roma foi fundada por dois irmãos chamados Rômulo e Remo em meados do século VIII. Filhos de uma princesa com o deus Marte foram abandonados em uma cesta e jogados no rio Tibre. Salvos e amamentados por uma loba, depois foram criados por um casal de pastores. Adultos, fundaram uma cidade no lugar onde a loba os encontrou, Roma (ano de 753 a.C). Para demarcar o território da cidade, os irmãos, usando um arado de ferro, desenharam um grande círculo no chão. Esse círculo não era completamente fechado, pois apresentava interrupções onde seriam os portões da cidade. Para mostrar ao irmão que aquelas muralhas não valiam de nada, Remo pulou o sulco. Então, Rômulo o matou, deixando claro que quem infringisse as leis romanas sofreria as consequências O que dizem os historiadores? Há historiadores que defendem transformou-se em um Estado.Hoje, que Roma foi fundada pelos etruscos. são Reunidos para melhor regras Jurídicas Resistir a seus inimigos, em meados habitantes de Roma entre o século do século VIII a.C., fundaram a cidade VIII a.C. e o século. XVI d.C. Essas em duas etapas. Na primeira, criaram- regras na os Ocidente. O Direito Romano estava colinas. dividido em três: o direito público, o Propiciaram, assim, condições de vida; direito privado e o direito de todos os na segunda, deram-lhe organização cidadãos. materialmente, pântanos entre secando as Direito Romano: conjunto de observadas influenciaram as pelos leis no política. Ou seja, Roma Os Estados os responsáveis pela criação, execução e interpretação das leis. No Brasil, por exemplo, cabe aos legisladores (vereadores, deputados e senadores) a criação das leis, enquanto o Executivo (prefeitos, governadores e o presidente da República) garante o seu cumprimento e o Judiciário (juízes) as interpreta. A Justiça não é mais privada, e sim pública, direito dos cidadãos e obrigação do Estado. Como isso aconteceu? Ao longo da história humana, aos poucos, o direito à justiça deixou de ser praticado pelas vítimas e passou a ser exclusividade do Estado. O Estado romano foi um bom exemplo. Ao longo de sua existência foi elaborado um conjunto de leis e procedimentos legais que ficou conhecido como Direito Romano. Com o Direito Romano, diferente do Código de Hamurabi, o direito individual de punir ou fazer justiça foi transferido gradualmente para o Estado. Foi na Mesopotâmia que surgiu o primeiro código escrito de leis, conhecido como o Código de Hamurabi. Talvez você esteja perguntando: “Por que foi colocado esse nome no Código?". 8 Porque no período, Hamurabi, rei da Babilônia, foi quem mandou transformar as leis orais em códigos escritos. Nesse código de leis, as penalidades eram realmente duras 9 Vejamos algumas: "Se um homem arrancar o olho de outro homem, o olho do primeiro deverá ser arrancado [Olho por olho]." "Se um homem quebrar o dente de um seu igual, o dente deste homem também deverá ser quebrado [Dente por dente]." Situada no Oriente Médio, entre os rios Tigre e Eufrates, e Mesopotâmia, atual Iraque foi uma das primeiras regiões a desenvolver a agricultura. Atualmente, em alguns países como na Arábia Saudita, as leis continuam a ser extremamente severas. Leia com atenção a matéria jornalística a seguir e tire suas conclusões: Saudita é executado e crucificado por assassinar a mãe Riad, 31 dez. (EFE)- Um saudita foi executado e crucificado nesta sexta-feira depois que um tribunal islâmico o condenou à morte por haver assassinado sua mãe, informa hoje um comunicado do Ministério do Interior. Magued Bin Yahiya "matou a mãe, roubou suas joias e jogou o corpo em um edifício em construção antes de queimá-lo, diz anota, que não especifica datas. O veredicto contra Yahiya foi ratificado neste mês pelo Tribunal de Cassação e pelo Conselho Supremo de Justiça do reino, onde se aplica com rigor a "Sharia' ou Lei Islâmica. Idade Média Você já leu algo a respeito de enormes castelos com pontes movediças para protegêlos de invasores? Castelos habitados por reis, princesas, condes, marqueses, barões e muitos outros nobres? Nas leituras você certamente ficou sabendo como se realizavam as batalhas, geralmente para defender a honra dos senhores, donos das terras. (Senhores feudais). Isso tudo diz respeito a um período da história da Euro a chamado Medieval, ou Idade Média. O Brasil não teve as características da época medieval, porque a América passou por uma evolução sócio-econômico-cultural diferenciada da Europa. Ao compreender a história medieval, você entendera melhor o processo histórico desenvolvido entre o período do século V ao XV, na Europa. Os castelos existem até hoje em muitos países europeus, mas o modo de vida das pessoas mudou completamente. Se você morasse na Europa no período medieval, viveria num mundo povoado por reis, nobres (senhores feudais) e sacerdotes morando em castelos, e por servos morando em pequenas aldeias e em propriedades coletivas situadas em volta dos castelos. A principal característica da Europa Medieval foi o Feudalismo. Nele havia: O castelo: onde morava o senhor feudal A vial: onde moravam os servos As terras: onde os servos trabalhavam. Feudalismo: sistema político, econômico, social e cultural que vigorou na Europa Ocidental durante a Idade Médio. No feudalismo, a sociedade era dividida em estamentos, ou seja, as pessoas permaneciam desde o nascimento até à morte, numa mesma posição dentro da sociedade. 10 Observe a pirâmide da sociedade feudal ao lado: A sociedade era dividida em: do clero, nobres e servos E a vida servo? Como era? e não permitia a mobilidade social, isto é, não havia possibilidade da pessoa mudar sua situação social; quem nascia servo, jamais poderia deixar de sê-lo. Quem recebia um feudo tornava-se vassalo e Q uem doava o feudo era o suserano ambos eram nobres O feudalismo implicava em muitas injustiças e sofrimentos para os que estavam na base da pirâmide. Os nobres viviam caçando, participavam de torneios e guerreavam; o clero, além de possuir 2/3 das terras da Europa feudal, cuidava da vida religiosa e influenciavam o poder político nos feudos. Nessa sociedade, o senhor feudal, em sua propriedade (feudo), concentrava toda a administração e a justiça. A maior parte da sociedade era composta: pelos servos. Os servos trabalhavam devendo obrigações aos seus senhores (nobres). Viviam em condições precárias de subsistência. Embora pudessem usar um pedaço de terra, bem pouco daquilo que produziam ficava para o sustento da família, pois grande parte da produção era entregue a seus senhores e à Igreja sob forma de tributos. (A Igreja também aumentou seus domínios graças ao dízimo, taxa de 10% sobre a produção dos fiéis). A Igreja Católica determinava o modo de viver e de pensar das pessoas, impondo regras tidas como verdades absolutas utilizavam a ignorância da população para garantir o seu poder e dissolver a insegurança, mantendo a ordem imposta pela classe dominante. Impondo normas religiosas e de conduta (confissão, obrigatória, dízimo, penitências, batismo, lealdade aos senhores, pagamento de impostos, etc ...), a Igreja, vinculava o cumprimento dessas normas como condição para o indivíduo alcançar o "reino do céu". Mantendo o povo na ignorância, a Igreja dominava não só espiritualmente, pois impunha também regras de moral e conduta às pessoas, mas também materialmente já que a Igreja detinha grande parte das terras da. Europa Ocidental, o que lhe dava imenso poder de dominação. A medicina acadêmica muitas vezes era criticada pela Igreja por envolver estudos de dissecação de cadáveres, vista como profanação do corpo humano, uma criação de Deus. Aos olhos da Igreja, muitas práticas da medicina popular também ofendiam as leis cristãs, pois envolviam soluções preparadas por feiticeiros. Os conhecedores dessas soluções, em geral mulheres, eram perseguidos pela Santa Inquisição e condenados a morrer na fogueira. A Santa Inquisição, também chamada de Tribunal do Santo Ofício, foi criada no século XIII pelo Papa Gregório IX para combater a prática de heresias, ou seja, todo tipo de ação que contrariava as leis da Igreja. A instituição foi confiada à ordem dos monges dominicanos, responsável, ao longo de vários séculos, por processar, torturar e queimar vivos inúmeros "hereges" condenados pela Igreja. 11 As cidades e as doenças As cidades medievais que se formavam não tinham qualquer planejamento. À medida que a população crescia, piorava as condições de saneamento, o que facilitava a transmissão de doenças. As ruas eram tortuosas, estreitas e escuras. Também não havia coleta de lixo, que era jogado em frente às casas. Esse lixo atraía ratos e provocava mau cheiro. Não havia banheiro nas casas pobres, obrigando seus moradores a usar baldes ou as ruas para satisfazer suas necessidades fisiológicas. As casas ricas e os castelos tinham latrinas. Na verdade eram buracos sobre fossas, esvaziadas de tempos em tempos. Praticamente não existia higiene pessoal. A medida diária de consumo de água por pessoa era de um litro – ou seja, nada de banho. Por tudo isso, foram comuns no período as epidemias de varíola, cólera, lepra e tifo, além da peste negra. A exploração agrícola durante a Idade Média foi desordenada, causando o desmatamento, que juntamente com as violentas e constantes chuvas ocorridas na maior parte da Europa entre 1314-315, provocou a destruição das colheitas, a fome, a desnutrição e a diminuição da população, situação que se agravou com a peste negra, que dizimou de 25% a 35% da população europeia. Uma angústia coletiva atormentava os homens dos séculos XIV e XV. Depois de séculos de tranquilidade, voltavam a guerra, a fome, a peste e a morte. A ocorrência das epidemias muitas vezes era entendida como punição divina aos pecadores. A desorganização da produção agrícola causou a fuga de trabalhadores do campo, possibilitando mudanças e o aparecimento de um novo grupo social. A palavra burguesia deriva da palavra alemã "burg" (burgo), que significa "praça de guerra armada". Os burgos surgiram em fins do século VI para proteger as pessoas de invasões e transformaram-se, a partir dos séculos XII e XIII, em prósperos centros comerciais. Desde então, os habitantes do burgo passaram a ser identificados corno burgueses. Estamos falando da burguesia, aquela que expandiu o comércio marítimo com a ajuda dos Estados Nacionais. Lembra-se dos portugueses que chegaram ao território brasileiro no final do século XV? Eles representavam parte da burguesia europeia. A crise representada pela desorganização do trabalho no campo e pelas epidemias representou: ●a ascensão da burguesia; ●a reconstituição dos poderes públicos com a centralização do poder nas mãos dos monarcas; ●a retomada do direito romano; ●a retomada da urbanização. 12 Você sabia? A peste negra foi uma doença transmitida aos humanos pela pulga de ratos contaminados. Também chamada de peste bubônica. A peste provocava feridas com pus e hemorragias que deixavam manchas escuras na pele, daí a sua denominação O medo da água Durante toda a Idade Média, acreditou-se que tomar banho fazia mal às pessoas porque a água abria os poros da pele. Segundo as crenças da época, isso era muito perigoso: estando os poros abertos, as doenças, que pairavam no ar, podiam entrar no corpo da pessoa, fazendo-a adoecer. As pessoas que tinham de tomar banho eram aconselhadas a ficar um ou dois dias em casa após o banho, para não adoecer. Na Europa medieval, as primeiras medidas de prevenção as doenças surgiram nas cidades italianas e expandiram-se para o norte e oeste do continente. Entre essas medidas estavam a construção de latrinas a proibição de jogar dejetos em determinados locais públicos Com o surgimento das universidades, no século XIII, houve um retorno ao estudo da medicina. Mas o número de médicos formados era muito pequeno e nem todos acreditavam na eficiência da medicina acadêmica. Desse modo, a medicina popular não desapareceu com a ampliação do número de médicos, mas manteve sua importância, diagnosticando doenças e transmitindo receitas caseiras à base de ervas, através de gerações. No início da expansão do comércio, os mercadores viajavam de um lugar para outro para vender suas mercadorias - em geral alimentos, peles e objetos. Eles vendiam seus produtos tanto nas cidades quanto nas feiras, realizadas em locais e datas fixos. Entre as feiras destacavam-se as da região de Champagne, na França, localizada entre duas grandes áreas' de comércio internacional: o norte da Península Itálica e a região de Flandres. As cidades do norte da Península Itálica principalmente Gênova e Veneza, controlavam o comércio com o Oriente. IDADE MODERNA (1453 A 1789) AS GRANDES TRANSFORMAÇÕES DA IDADE MODERNA A Expansão Marítima do Século XV No final do século XIV as cidades tinham crescido muito, logo, a população também exigia maior quantidade de produtos e, os comerciantes para manter o lucro e mesmo aumentar, precisavam descobrir outros lugares expandir seus negócios. A cidade de Constantinopla, verdadeiro império de mercadorias do Oriente, era o ponto de encontro entre os mercadores europeus e orientais. Acontece que esta cidade, em 1453, foi invadida pelos turcos otomanos. Assim, o fácil comércio pelo Mediterrâneo começou a sofrer concorrência, pois os turcos passaram a interferir nos negócios e até mesmo impedi-los na medida em que cobravam preços exorbitantes pelas mercadorias, desestimulando os comerciantes que viam seus lucros baixar. A Europa já estava acostumada a consumir as especiarias e os outros produtos provenientes do Oriente, e os burgueses não pretendiam diminuir suas atividades nem seus lucros. Era preciso encontrar outro caminho que levasse diretamente à fonte desses produtos. E foi nessa 13 busca de um novo caminho que levasse às índias que se destacaram dois países: Portugal e Espanha, pioneiros da Expansão Marítima do século XV. As causas da expansão marítima É importante lembrar que, além do desenvolvimento comercial ou Renascimento Comercial e a busca de um novo caminho marítimo às índias, outros acontecimentos paralelos favoreceram a Expansão Marítima, criando condições especiais aos descobrimentos e empreendimentos marítimos. Vejamos alguns. O sistema político feudal cedeu lugar ao poder centralizado nas mãos dos reis, permitindo ao Estado reunir recursos financeiros para aplicar nos empreendimentos marítimos Certos monarcas, como os reis de Portugal e Espanha, empenharam-se em projetos comerciais com a finalidade de reforçar seu poder político e econômico. A religião tradicional era católica. A Igreja então, com o objetivo de divulgar a fé cristã para todos os povos, mesmo os mais distantes, incentivou a participação ativa nos empreendimentos marítimos. Os burgueses, já enriquecidos, não hesitaram em financiar expedições, pois seria um investimento que certamente traria lucros. A partir do século XV, a arte de navegar ganha um novo impulso, sendo aperfeiçoada constantemente: a substituição da galera pelas caravelas, mais leves e movidas pelo vento; o uso de bússola e do astrolábio, permitindo uma orientação mais segura e melhor localização geográfica, auxiliados ainda pela Cartografia. Os navegantes, com isto, sentiam-se mais seguros, em viagens que duravam meses e meses, sem nenhum contato com a terra. A expansão marítima portuguesa Movidos por interesses comercieis e religiosos, os portugueses lançaram-se às grandes navegações. O pioneirismo português O surgimento de Portugal como um Estado centralizado, no século XII, foi resultado da união entre nobres cristãos para expulsar os mouros estabelecidos na Península Ibérica. A centralização política exigia muito dinheiro para sustentar as despesas do Estado. Por isso, Portugal foi o pioneiro também na exploração ultramarina, buscando em outros continentes produtos comercializáveis que pudessem atender aos interesses econômicos do governo e da burguesia. Comércio e pesca em Portugal No período que se seguiu à centralização política, as tradicionais atividades pesqueiras e agrícolas ganharam impulso em Portugal com o crescimento do comércio. Embarcações lusas comercializavam em diferentes portos europeus, como o de Londres, na Inglaterra, ou de Antuérpia, situada onde hoje está a Bélgica. Essas atividades, além de propiciar experiência e aperfeiçoar as técnicas de navegação, rendiam lucros aos comerciantes e a Coroa. Por essa razão, desde cedo as frotas mercantes receberam especial atenção do governo português. O início da expansão portuguesa 14 Além de fortalecer a monarquia, a expansão marítima aliou-se ao projeto de expandir a fé católica. Ela tinha se iniciado em 1492, ao final da guerra de Reconquista, com a expulsão dos mouros e dos judeus. Expandir o cristianismo desdobrou-se em um projeto mais ambicioso: construir impérios cristãos no ultramar. No século XIV, os portos portugueses adquiriram um papel importante no comércio de especiarias e artigos de luxo (tapetes, tecidos e perfumes, etc.) trazidos do Oriente. Atuando nesse rico comércio formou-se um poderoso grupo mercantil, composto principalmente por venezianos, genoveses, portugueses e flamengos. Apesar dos lucros obtidos com a participação nesse comércio, os maiores beneficiados com a venda de produtos orientais eram os árabes e os mercadores italianos. Os árabes controlavam as caravanas que traziam, pelo deserto, os produtos do Oriente até os portos do Mediterrâneo. Comerciantes venezianos e genoveses monopolizavam a distribuição desses produtos nos mercados europeus. A expansão marítima espanhola Após os exércitos espanhóis terem expulsado os mouros, os reis Fernando e Isabel decidiram financiar uma expedição marítima para o Oriente. Chegar ao Oriente viajando pelo Ocidente Os espanhóis levaram mais tempo que os portugueses para expulsar os muçulmanos de seu território. Assim como havia acontecido com Portugal, as exigências da guerra contribuíram para unir os monarcas cristãos. O casamento, em 1476, entre a rainha Isabel de Leão e Castela, e o rei Fernando de Aragão, marcou o nascimento da Espanha como Estado centralizado. Em 1492, após a expulsão definitiva dos mouros da Península Ibérica, a Coroa espanhola resolveu financiar a expedição capitaneada por Cristóvão Colombo, lançando os espanhóis nas conquistas ultramarinas. Colombo, comerciante e navegador natural da cidade de Gênova, já haviam tentado, sem sucesso, convencer o rei português a financiar a sua viagem às índias por uma rota que segue em direção ao Ocidente. Colombo acreditava que a Terra fosse esférica, como asseguravam os relatos da Antiguidade e alguns cartógrafos de sua época. Sendo assim, imaginava ser possível chegar à China, por meios de relatos de Marco Polo, navegando em direção ao oeste. Marco Polo Filho de comerciantes venezianos, partiu de Veneza, junto com dois irmãos, em 1271, rumo ao Oriente. A viagem demorou 22 dias, dos quais 17 foram vividos na China. Ao retornar à Veneza, Marco Polo ingressou na marinha como suboficial Caiu prisioneiro dos genoveses, contra os quais os venezianos estavam em guerra. Na prisão' relatou sua viagem à um escritor de novelas de cavalaria, Rustichello, que publicou o relato que ouvira. O livro tornou Marco Pala famoso e foi usado por inúmeros exploradores nas suas viagens ao Oriente. A viagem de Cristóvão Colombo Os cálculos de Colombo não eram precisos. Por essa razão, os matemáticos espanhóis duvidaram da 15 viabilidade de seu projeto. Colombo, entretanto, mesmo comas dúvidas dos matemáticos espanhóis, conseguiu convencer os reis da Espanha. Assim, em agosto de 1492, as embarcações Santa Maria, Pinta e Niña zarparam rumo ao Oriente, navegando pelo oeste. Colombo não previa, no entanto, a existência de um enorme continente se interpondo em seu caminho. Em 12 de outubro de 1492, a frota aportou na ilha da Guanaani, que foi batizada como San Salvador. Pouco depois, a expedição atingiu as ilhas Hispaniola, onde hoje se localizam a República Dominicana, Haiti e Cuba. Aos olhos de Colombo e de sua tripulação, a expedição havia alcançado as índias. Por isso eles chamaram seus habitantes de índios. A disputa pelas novas terras As rivalidades entre Portugal e Espanha pela posse das terras ultramarinas levaram os dois países a assinar um acordo, proposto pelo papa, que dividia as terras “descobertas ou por descobrir”. Portugal se sentiu prejudicado e exigiu uma nova divisão. O resultado foi o Tratado de Tordesilhas, assinado em 1494, que ampliava os domínios portugueses na América. A insistência do governo português em definir uma nova divisão, que lhe garantisse parte do Brasil, é um dos argumentos usados por muitos historiadores para demonstrar que os portugueses já tinham conhecimento da existência dessas terras antes de 1500. A expedição de Pedro Álvares Cabral Os lucros obtidos com a viagem de Vasco da Gama incentivaram a Coroa lusa a instalar um entreposto comercial português em Calicute. Em 8 de março de 1.500, partiu de Lisboa a maior e mais poderosa frota já organizada pelo governo português. Composta de dez naus e três caravelas, com dezenas de canhões e cerca de 1.500 pessoas, das quais 1.200 eram soldados, a expedição era uma verdadeira armada. O comando dessa expedição foi entregue ao militar e diplomata Pedro Álvares Cabral. Cabral levou consigo experientes navegadores como Bartolomeu Dias e Nicolau Coelho, além do escrivão oficial da esquadra, Pero Vaz de Caminha. No dia 22 de abril de 1.500, no entanto, em lugar de aportar nas índias, a armada de Cabral ancorou em frente ao Monte Pascoal, na região do atual Estado da Bahia. Para alguns historiadores, o desvio de rota foi proposital, pois a orientação era confirmar a existência de terras a oeste de Portugal. Para outros, a chegada ao Brasil foi acidental, pois não se tinha nenhum conhecimento dessas terras. Na manhã do dia seguinte, os portugueses fizeram os primeiros contatos com os nativos. Os primeiros nestas terras Agora que tal ler com atenção o trecho abaixo da carta de Pero Vaz de Caminha, escrivão da armada de Pedro Álvares Cabral: "Eles não lavram nem criam. Nem há aqui boi ou vaca, cabra, ovelha ou galinha, ou qualquer outro animal que esteja acostumado ao viver do homem. E não comem senão deste inhame, de que aqui há muito, e dessas sementes e frutos que a terra e as árvores de si deitam. E com isto andam tais e tão rijos e tão nédios que o não somos nós tanto, com quanto trigo e legumes comemos. 16 Esta terra Senhor, parece-me que, da ponta que mais contra o sul vimos, até à outra ponta que contra o norte vem, de que nós deste porto mouvemos visita, será tamanha que haverá nela bem vinte ou vinte e cinco léguas de costa. Traz ao longo do mar em algumas partes grandes, barreiras, umas vermelhas, e outras brancas; e a terra de cima toda chá e muito cheia de grandes arvoredos. De ponta a ponta é toda praia ... muito chã e muito formosa. Pelo sertão nos pareceu vista do mar, muito grande; porque a estender olhos, não podíamos ver senão terra e arvoredos, - terra que nos parecia muito extensa. Até agora não pudemos saber se há ouro ou prata nela, ou outra coisa de metal, ou ferro; nem lhe vimos. Contudo a terra em si é de muito bons ares frescos e temperados como os de - Entre-Douro-e-Minho, porque neste tempo d'agora assim os achávamos como os de lá. Águas são muitas; infinitas. Em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo; por causa das águas que tem! Deste Porto Seguro, da Vossa Ilha de Vera Cruz, hoje, sexta- feira, primeiro de maio de 1500.” 17 O caminho marítimo para as Índias O monopólio exercido pelos árabes e italianos na rota das especiarias levava os mercadores portugueses a atuar como intermediários nesse comércio. A saída, então, era descobrir novas rotas marítimas para o Oriente, livres do controle dos muçulmanos e dos comerciantes italianos. Comprando diretamente das índias, a fonte das especiarias, os portugueses poderiam adquirir produtos mais baratos e depois revendê-los a preços mais altos, obtendo grandes lucros. No ano de 1453, a cidade de Constantinopla foi conquistada pelos turcos otomanos. A queda de Constantinopla interrompeu a passagem de especiarias e dos artigos de luxo que vinham das Índias para abastecer os mercadores europeus. O controle o otomano no Mediterrâneo oriental obrigou os portugueses a intensificar suas viagens pelo Oceano Atlântico, em busca de uma nova rota para o Oriente. As viagens de Bartolomeu Dias e Vasco da Gama Em 1487, uma nova e importante etapa foi vencida pelos portugueses: a expedição comandada por Bartolomeu Dias dobrou o Cabo das Tormentas, rebatizado como Cabo da Boa Esperança, no extremo sul da África. Vencida a travessia do Cabo da Boa Esperança, a Coroa Portuguesa decidiu organizar uma poderosa frota, preparada para chegar às índias. Comandada por Vasco da Gama, essa frota zarpou de Lisboa em julho de 1497, rumando para às ilhas de Cabo Verde, no litoral africano (veja o mapa). A partir daí, seguiram-se vários meses de angústia e apreensão em alto-mar. Como bem escreveu o grande poeta português Luís de Camões em sua obra Os Lusíadas, publicada em 1572, os marinheiros partiam para destinos arriscados e desconhecidos, deixando para trás mães e esposas que muitos jamais voltariam a ver. Na costa oriental da África, a frota aportou algumas vezes, provocando a desconfiança dos chefes muçulmanos locais. Em maio de 1498, por fim, Vasco da Gama alcançou a cidade de Calicute, na índia, a terra das especiarias. Vasco da Gama retornou a Lisboa dois anos depois de iniciar a viagem, levando uma grande fortuna em especiarias e a boa notícia da descoberta do caminho marítimo para as índias. As consequências da expansão marítima A ampliação do mundo até então conhecido traria profundas modificações. No comportamento europeu, e o contato com as novas terras, com seus babitantes e seus produtos, influiria de maneira decisiva para que a humanidade passasse a viver uma nova era. Como principais consequências do expansionismo Europeu podemos citar: Econômicas: • o centro do comércio internacional deixou de ser o Mar Mediterrâneo e passou para o Oceano Atlântico. As cidades italianas que controlavam o comércio no Mediterrâneo entraram em crise; • houve maior facilidade para o comércio, graças ao aumento da circulação de moedas de ouro e prata, metais tirados das colônias conquistadas pelos portugueses e espanhóis; • desenvolvimento do sistema capitalista acompanhado do interesse pelo lucro, criação do sistema bancário moderno e das grandes empresas comerciais. O comércio de longa distância gerou maior circulação de dinheiro e novas formas de pagamento, como a letra de câmbio - um tipo de ordem de pagamento. Com esses papéis, os comerciantes podiam viajar sem ter que levar grandes quantias de dinheiro. Para agilizar as transações comerciais, formaram-se os primeiros bancos e surgiram os primeiros banqueiros. Com o tempo, eles passaram também a fazer empréstimos. Politicas: A formação de três grandes impérios comerciais: o espanhol, o português e o inglês, na América, África e Ásia; • Portugal e Espanha se tornaram potências; • o fortalecimento do poder absoluto do rei, enriquecido com os lucros das colônias. Sociais: • enriquecimento da burguesia; • a introdução da mão-de-obra escrava na colonização, ou seja, o restabelecimento da escravidão (primeiro indígena e depois a negra). Religiosa: • a propagação do cristianismo. Culturais: • o aumento dos conhecimentos geográficos e das ciências naturais. As consequências do expansionismo europeu deram-se, também, nas regiões conquistadas. A transformação da América e de algumas regiões da África e da Ásia em colônias europeias, trouxe profundas alterações para os povos nativos destas regiões. Os europeus dominaram estas regiões, transformando-as em riquíssimas fontes de produtos de grande valor econômico. Os povos que viviam nas mesmas perderam sua autonomia, viram sua cultura descaracterizada pela europeização dos costumes, da língua, da religião e seu sistema político e econômico foi completamente influenciado pelos europeus. Enfim, foram aculturados. Europa: comércio, riqueza e poder Em vários reinos europeus verificou-se um expressivo crescimento do comércio, que promoveu o enriquecimento da Coroa e da burguesia. Nascimento das monarquias nacionais A expansão das cidades e do comércio, o crescimento populacional e as Cruzadas foram fatores importantes na transformação política da Europa feudal. Todas essas mudanças contribuíram de modo decisivo para a transformação de vários antigos reinos germânicos em monarquias nacionais. Assim, entre os séculos XI e XVI, grande parte da Europa passou de um sistema político descentralizado, no qual o rei tinha pouco poder, para um sistema centralizado, em que o rei era muito poderoso. A necessidade de mudanças A nascente burguesia comercial precisava promover algumas reformas no feudalismo para impulsionar a atividade comercial. O transporte de mercadorias de uma cidade para outra, por exemplo, obrigava os comerciantes a cruzar vários feudos. Cada um deles, porém, estava sob a autoridade de um senhor feudal, que estipulava suas próprias leis – incluindo taxas, moedas e unidades de peso e medidas – regra especificas de cada feudo que tratavam as transações comerciais. A burguesia passou, então, a apoiar a transferência de grande parte do poder que os senhores feudais tinham em suas terras para as mãos dos reis. Dessa maneira, o rei poderia unificar a moeda, as leis, os impostos e estabelecer um sistema de pesos e medidas únicas, reduzindo o custo da comercialização das mercadorias e ampliando as possibilidades de realizar negócios. Europa: nobre e mercantil Com a criação dos Estados nacionais formou-se um novo tipo de nobreza, a nobreza togada, e uma nova política econômica, o mercantilismo. A política mercantilista As monarquias nacionais adotaram uma série de medidas para obter metais preciosos e fortalecer o reino. O conjunto de práticas adotadas pelos governos recebeu o nome de mercantilismo. Parte dos recursos necessários para manter o Estado era obtida com a cobrança de impostos, mas esses não eram suficientes. Vejam, então, as principais medidas mercantilistas tomadas pelos governos para fortalecer o Estado. • Controle da saída de metais preciosos. Como a riqueza de um reino era medida pela quantidade de metais que ele possuía (metalismo), os governos promoveram um grande controle para evitar a saída de moedas. • Balança comercial favorável. A melhor forma de controlar a saída de moedas era aumentar as exportações e reduzir as importações. Para isso, era comum a criação de taxas que encareciam os produtos importados, diminuindo sua entrada no reino. Tais ações são conhecidas como medidas protecionistas •Estimulo as manufaturas locais. A produção de bens manufaturados, como tecidos, ferramentas, louças, etc., era uma maneira de evitar importações. Além de abastecer o mercado interno, esses produtos poderiam ser exportados, rendendo moedas para a Coroa. . • Conquistas de colônias. As colônias poderiam fornecer mercadorias a preços vantajosos, caso fizessem comércio apenas com sua metrópole (monopólio comercial), e consumir as manufaturas metropolitanas. Essa possibilidade estimulou as navegações oceânicas e a conquista de territórios na África, na Ásia e na América. O protecionismo hoje Ainda hoje é comum os países estabelecerem medidas protecionistas para evitar que os produtores nacionais sofram concorrência. Externas. O meio mais utilizados com essa finalidade são: taxar os produtos importados ou limitar a importação de determinadas mercadorias. A existência de leis protecionistas frequentemente desencadeia conflitos comerciais entre os países. O que foi o Renascimento O Renascimento foi um movimento cultural que começou nas cidades italianas a partir do século XIV. ° objetivo dos pensadores e artistas renascentistas foi o de dar continuidade à obra iniciada pelos autores na Antiguidade greco-romana. Os estudiosos e artistas do Renascimento foram financiados pela rica burguesia mercantil urbana que existia ao norte e no centro da Península Itálica. Para esse grupo social, o financiamento de atividades intelectuais e artísticas passou a representar uma forma de obter status social. Além disso, essa burguesia percebeu que os objetivos culturais, estéticos e políticos do movimento renascentista valorizavam muitos aspectos do mundo burguês. Assim, entre o século XV e XVI, algumas cidades italianas viveram um período de intensa criação artística. O humanismo O humanismo foi um movimento intelectual do Renascimento que propôs restabelecer o lugar do no universo. Um novo modo de ver o mundo Uma das principais características do Renascimento foi a importância dada ao ser humano. Esse movimento, conhecido como humanismo, defendia valores diferentes dos valores medievais. • O ser humano como centro do universo, ao contrário do que ocorria na sociedade medieval, em que tudo girava em torno de Deus e da Igreja Católica. O humanismo tentou conciliar a fé em Deus com a crença na capacidade de realização do ser humano. • Volta aos estudos da Antiguidade Clássica. Os humanistas foram grandes estudiosos dos mestres da Antiguidade Clássica, especializaram-se em latim, grego e hebraico, a fim de ter acesso aos textos originais sem depender das traduções e interpretações medievais. • Reconhecimento da racionalidade humana. Os humanistas defendiam a busca da verdade por meio da investigação e da reflexão pessoal, pois entendiam que o homem é um ser racional e livre. Essa visão humanista do mundo se manifestou em todas as áreas do Renascimento. Ela expressava o entusiasmo das pessoas com as conquistas da época como, entre outras a realização das grandes viagens oceânicas. A Reforma Protestante As críticas ao domínio da Igreja Católica criaram um ambiente favorável ao desenvolvimento da Reforma Protestante. A crise religiosa Durante a Idade Média, o poder da Igreja católica era tão amplo que sua autoridade era quase inquestionável. Mesmo assim já havia quem ousasse discordar dos ensinamentos e da prática da Igreja. Essas pessoas eram consideradas hereges. As maiores críticas concentravam-se principalmente: • Na venda de cargos eclesiásticos a pessoas que não tinham vocação religiosa. • No luxo e na riqueza que desfrutavam os membros do alto clero. • No despreparo intelectual de grande parte dos padres. Esses movimentos não evoluíram devido à falta de apoio da sociedade, ainda dominada pela mentalidade medieval, e à forte repressão movida pelos governantes. No século XV, o fortalecimento da burguesia e o interesse dos reis em ampliar seu poder foram decisivos para fortalecer a crítica à Igreja Católica e provocar a sua divisão. • A burguesia pretendia aumentar seus lucros e acumular riquezas. Isso era condenado pela Igreja, embora ela mesma fosse riquíssima e grande proprietária de terras. • Os reis precisavam aumentar seu poder, mas viam na força da Igreja um obstáculo para conquistar esse objetivo. O início da Reforma Tais mudanças foram fundamentais para o surgimento da reforma religiosa do século XVI. Em 1517 o papa Leão X decretou a venda de indulgências, que assegurariam o perdão dos pecados, de uma pessoa em troca de uma quantia em dinheiro. O dinheiro seria usado no término da Basílica de São Pedro, em Roma. Na Saxônia (região na atual Alemanha) o monge Martinho Lutero revoltou-se com o escândalo das indulgencias. Como resposta, ele pregou na porta da catedral de Wittenberg um documento com 95 pontos contrários aos ensinamentos e às práticas da Igreja Católica. Assim começou a Reforma Protestante. A doutrina da Reforma A doutrina luterana tinha três pontos principais: • Justificação pela fé. A pessoa é salva por meio da fé e não pelas obras que pratica. • Sacerdócio universal. Todos os crentes podem interpretar os textos por si mesmos. •Negação da infalibilidade da Igreja. A única fonte da verdade é a Bíblia e não a tradição ensinada pela Igreja. Além disso, Lutero manteve apenas dois dos sacramentos católicos: o batismo e a eucaristia. Ele também negou a infalibilidade do papa e a existência de uma hierarquia dentro da Igreja. Por que protestantes? Em 1529, o imperador católico Carlos V, que governava a região da Alemanha, convocou uma reunião com os nobres para reafirmar que Lutero não cumpria as leis que proibiam a continuação da reforma e, por isso, estava expulso do império. Um grupo de nobres que apoiava o reformador protestou contra a ação do imperador. Desse fato surgiu o nome protestantes para os seguidores de Lutero. Outros movimentos reformadores A reforma luterana abriu caminho a novos movimentos reformadores, como o calvinismo e o anglicanismo. • O calvinismo - enquanto na Alemanha e em alguns reinos escandinavos o luteranismo ameaçava, uma reforma mais radical se iniciava na Suíça, onde havia importantes centros comerciais e uma forte burguesia mercantil. Foi na Suíça que o francês João Calvino (1509-1564) refugiou-se protegendo-se das perseguições religiosas que ocorriam na França. Defensor da reforma de Lutero, Calvino entrou em contato na Suíça, com outras ideias protestantes, que ajudaram a formar uma nova doutrina. Calvino manteve quase todos os princípios luteranos: A livre interpretação da Bíblia, o fim do culto aos santos e às imagens e a abolição de todos os sacramentos, à exceção do batismo e da eucaristia. Calvino, porém, estabeleceu uma diferença radical com o luteranismo ao criar a ideia da predestinação absoluta. Para ele, Deus já havia, desde sempre, escolhido as pessoas que seriam salvas e aquelas que estavam condenadas à morte eterna. Assim, de acordo com a doutrina calvinista, a fé não levava à salvação, mas era o sinal da graça divina, a prova de que o indivíduo pertencia ao rebanho de Deus. O eleito, então, é aquele que trabalha com afinco, para a alegria de Deus. A riqueza e o lucro deixavam de ser um pecado e passavam a ser vistos como um meio de glorificar a Deus. O calvinismo teve ampla aceitação na Suíça, fazendo de Calvino o principal líder da reforma naquela região. Da Suíça, o movimento calvinista penetrou na França (huguenotes), Inglaterra (puritanos) e Escócia (presbiterianos). • O Anglicanismo – o movimento reformador da Inglaterra teve origem essencialmente política. O rei Henrique VIII, da dinastia Tudor, desejava divorciar-se da sua esposa Catarina de Aragão (filha dos reis católicos da Espanha), porque ela não podia lhe dar sucessores, homens. Henrique VIII queria casar-se, então, com a dama da corte Ana Bolena.Diante da recusa do papa em lhe conceder o divórcio, Henrique VIII, em 1531, rompeu com a Igreja de Roma. Três anos depois, em 1534, o Parlamento inglês aprovou o Ato de Supremacia, que proclamou o rei como único e supremo chefe da Igreja na Inglaterra. O rei tornou-se, então, o chefe da Igreja inglesa, com poder de nomear bispos e desapropriar terras da Igreja Católica e distribuí-las entre nobres ingleses. Olhando o mapa da Europa, podemos observar a divisão religiosa entre países protestantes e países católicos. A Contra Reforma A Igreja Católica se mobilizou para reconquistar seus fiéis e conseguir novos adeptos. A Contra Reforma, ou Reforma Católica, surgiu no interior da Igreja Católica com a dupla finalidade de conter o avanço do protestantismo e discutir as críticas internas da própria Igreja. Mesmo antes da Reforma Protestante, havia no interior da Igreja Católica movimentos pela renovação da Instituição, sem que as críticas levassem a uma ruptura com o papa. As críticas se aprofundaram com a mudança de mentalidade que avançava por toda a Europa, inclusive graças ao Renascimento, exigindo da Igreja a reformulação de vários de seus dogmas. Associada a essa mudança, havia o crescimento dos movimentos protestantes entre a população da Europa. Nesse contexto, a Igreja tomou medidas para reorganizar sua estrutura interna. Sob orientação dos chamados papas reformadores, entre 1534 e 1590 as finanças da Igreja foram reorganizadas, exigiu-se o preenchimento dos cargos da Igreja por padres destacados pela integridade moral e adotou-se uma política intolerante com os padres de conduta duvidosa. O Concílio de Trento Entre 1534 e 1563, os cardeais da Igreja Católica, sob a direção do papa, reuniram-se na cidade de Trento, localizada na atual Itália, para discutir as reformas. Basicamente, o Concílio 1 de Trento reafirmou a doutrina católica e a organização da Igreja. Negou as mudanças doutrinárias realizadas pelos reformistas, confirmando os sete sacramentos, o culto à Virgem Maria e aos santos. Reafirmou que um bom católico é julgado por sua fé e pelas obras que faz. E por fim, confirmou que as fontes da doutrina católica são a tradição da Igreja e a Bíblia. Você sabia? Concílio: Reunião de Cardeais com a finalidade de decidir a respeito das doutrinas da Igreja católica. O concilio de Trento, acabou, assim, reafirmando a divisão da comunidade cristã, abrindo uma acirrada disputa entre católicos e protestante em busca de adeptos. A FORMAÇÃO DAS COLÔNIAS INGLESAS NA AMÉRICA As mais importantes colônias inglesas fundadas na América do Norte (região sudeste) foram aquelas que deram origem aos Estados Unidos da América (EUA). Mas quem eram esses ingleses que vieram fundar colônias? Geralmente eram pessoas que haviam fugido da Inglaterra por problemas políticos ou religiosos. Ou então elementos da burguesia que formavam empresas comerciais para tentar a obtenção de lucros. Por exemplo, a primeira colônia, Jameston (fundada em 1607), foi criada por uma companhia comercial que centralizava suas esperanças na descoberta de ouro. A segunda colônia, Plymouth, foi fundada por calvinistas, cuja religião, na Inglaterra, sofria perseguições. Então, para esses colonos, a América representava um local onde eles teriam liberdade religiosa. Outro aspecto importante: esses colonos não pretendiam voltar para a Inglaterra, eles fizeram o seu futuro nas colônias, ao contrário dos espanhóis e portugueses, que vinham para a América para enriquecer, rápido, e voltar às suas metrópoles. Assim, a maior parte do lucro das colônias portuguesas e espanholas ia para as metrópoles, que ficavam mais ricas, enquanto as colônias ficavam mais pobres. Nas colônias inglesas era diferente: boa parte dos lucros ficava com os próprios colonos. Dessa maneira, as colônias inglesas se desenvolveram mais que as colônias de Portugal e Espanha, o que se reflete nos países originários das mesmas. Basta você comparar os Estados Unidos (colonização inglesa) com a América Latina (colonização portuguesa e espanhola). . É lógico que existem outros fatores para explicar a diferença de desenvolvimento entre estas áreas, mas a herança colonial latino-americana pesou! E muito! Há historiadores que defendem que Roma foi fundada pelos etruscos. Reunidos para melhor Resistir a seus inimigos, em meados do século VIII a.C., fundaram a cidade em duas etapas. Na primeira, criaram-na materialmente, secando os pântanos entre as colinas. Propiciaram, assim, condições de vida; na segunda, deram-lhe organização política. Ou seja, Roma. Além das colônias inglesas, fundadas por comerciantes ricos ou elementos perseguidos políticos ou religiosos, havia também colônias pertencentes ao rei, ao governo inglês. Assim, a formaram-se as treze colônias que originaram os Estados Unidos, isoladas umas das outras, o que espírito de autonomia entre cada grupo, isto resultou no sistema federativo norte-americano. AS ATIVIDADES ECONÔMICAS DAS COLÔNIAS INGLESAS NA AMÉRICA Colônias Inglesas ao norte da América do Norte Dedicavam-se mais à pesca, à extração de madeira, construção naval e manufaturas para consumo local. Produziam, praticamente, tudo de que necessitavam para viver. Mantinham um comércio marítimo de madeira e rum com as Antilhas, o que estimulou a formação de uma próspera burguesia comercial. A mão-de-obra era de base familiar, com pouco uso de escravos. Colônias Inglesas do centro da América do Norte Exportavam peles, madeira para construção, peixe salgado e faziam também comércio de escravos. A predominância da atividade comercial possibilitou o aparecimento de uma burguesia e centros urbanos como Filadélfia e Nova York. A mão-de-obra era familiar, assalariada e com forte emprego de mão-de-obra escrava. Colônias Inglesas no sul da América do Norte Nesta região, grandes proprietários de terras e de escravos negros produziam o tabaco, o arroz, o anil e principalmente, o algodão. Formaram uma sociedade mais aristocrata. Os colonos, em vez de plantar vários produtos para a sua sobrevivência (como no norte), passaram a cultivar um só produto (monocultura) em grandes fazendas, com trabalhadores negros escravizados. Como você viu, às colônias inglesas ao norte e centro da América do Norte desenvolveram a indústria e o comércio, enquanto que a parte sul desenvolveu a agricultura. Com isso criou-se um comércio interno, onde umas colônias forneciam às outras o que lhes faltava e vice-versa. Esse fator muito ajudou na formação de uma burguesia próspera, e desenvolvida. Ao mesmo, os colonos tinham certa liberdade de comerciar com outros lugares do mundo e de ter indústrias próprias. Surgiram indústrias que produziam até navios, que transportavam produtos para outros lugares como às colônias francesas do Caribe ou à África. Da África os navios traziam escravos, sem a intromissão dos comerciantes ingleses. Em função disso, houve um grande desenvolvimento econômico e as colônias passaram a ter uma vida cada vez mais independente, o que não ocorreu nas colônias espanholas e portuguesas. Nestas, vigorava o sistema de monopólio comercial da metrópole, que sempre ficava com a maior parte do lucro: os colonos eram proibidos de fabricar qualquer produto que a metrópole pudesse lhes vender. Assim, a indústria e o comércio interno não se desenvolveram e nem se criou uma burguesia rica como aconteceu com as colônias inglesas (Estados Unidos, atualmente). E essa situação só começou a mudar a partir do século XIX, quando toda a América Latina deixou de ser colônia, através dos movimentos de independência. A FORMAÇÃO DAS COLÔNIAS ESPANHOLAS NA AMÉRICA A conquista das terras espanholas na América iniciou-se logo após o descobrimento, e foi realizada por aventureiros, movidos pelo desejo de riqueza e glória. Como na colonização do Brasil, as pessoas que vieram para a América espanhola tinham como objetivo a exploração e o enriquecimento rápido e, logo após, retornar à Espanha. Portanto, não havia interesse em permanecer nas colônias, em criar algo produtivo como aconteceu à América do Norte. O interesse era apenas de exploração, o que enriquecia os metropolitanos (espanhóis) e empobrecia a colônia. A conquista do território americano se faz acompanhar por medidas administrativas que visavam a organizar a colonização das novas terras. A América espanhola foi divida e organizada politicamente em Vice-Reinos (no caso da Espanha) e Capitanias-Gerais (no caso do Brasil), cujos administradores eram sempre nomeados pelo rei. Esta organização deu origem, mais ou menos, a atual divisão política da América espanhola. OS POVOS PRÉ-COLOMBIANOS Quando os espanhóis começaram a colonizar a América, no século XVI, já havia no continente vários povos, os povos pré-colombianos (que já existiam aqui antes de Colombo). Destes povos, três grupos já haviam atingido alto grau de desenvolvimento. São eles: os astecas, os maias e os incas ou quíchuas. Alguns historiadores chegam a afirmar que o desenvolvimento destas civilizações, é comparável às egípcias e mesopotâmicas. Vejamos agora alguns aspectos culturais destas civilizações. Os Astecas Habitavam o território correspondente ao atual México. Foi um povo essencialmente guerreiro, conquistando outros povos da região, que, inclusive, lhes pagavam tributos. Plantavam milho, feijão, algodão, cacau, etc. Com o cacau preparavam uma bebida quente, o “chocolate”. No seu desenvolvido comércio vendiam tecidos, cordas, sandálias, cerâmicas, fumo, sal, grande quantidade de ouro e prata. Usavam como moedas favos de cacau, ouro em pó e plumas. Os astecas não chegaram a conhecer o ferro, a roda, animais de carga e arado. Possuíam, no entanto, as maiores jazidas mundiais de ouro e prata, que os colonizadores espanhóis levaram embora usando os astecas como escravos para a exploração dessas jazidas. Desenvolveram a arquitetura construindo templos em forma de pirâmides, palácios, etc., ao contrário dos maias, construíram cidades como, por exemplo, a capital, Tenochtitlan (atual Cidade do México), construída em uma ilha de um lago e sobre ilhotas artificiais ligadas por pontes. Criaram ainda um calendário quase tão exato quanto o dos maias. Desenvolveram também um sistema de escrita. Os astecas, bem como os incas e os maias, foram escravizados pelos colonizadores espanhóis. Os Maias Os maias habitavam parte de Honduras, México e Guatemala, atuais. Quando os espanhóis aí chegaram, eles já estavam em decadência, devido ao fato de terem sido escravizados pelos astecas. Desenvolveram a arquitetura construindo templos monumentais, observatórios astronômicos, etc. Porém não construíram cidades nem conheciam o uso do ferro, da roda, do arado ou de animais de carga. Legaram-nos belas pinturas murais, peças de cerâmica, objetos de adorno, além de um calendário aperfeiçoadíssimo, quase tão perfeito quanto o nosso atual. Criaram, também, um sistema de escrita. No campo das ciências, a mais desenvolvida foi a Astronomia, estudada pelos sacerdotes que, entre outras coisas, media o tempo, dividindo o ano em 365 dias e calculando os movimentos do sol, da lua e dos planetas. Os maias acabaram sendo escravizados pelos colonizadores espanhóis. Os Incas ou Quíchuas A partir do atual Peru, dominaram regiões do Equador, Bolívia e Chile, conquistando amplo império, como guerreiros que eram. Fundaram cidades, destacando-se sua capital, Cuzco, até hoje importante cidade turística do Peru. Foram grandes construtores de estradas, algumas até hoje usadas, que corriam ao longo do Pacífico ou galgavam, em degraus, as montanhas dos Andes, atravessando precipícios, através de pontes suspensas. No desenvolvimento da agricultura usavam como adubo o guano (fezes), e para a irrigação faziam canais. Para transporte usavam a lhama (animal andino) e para o tecido, vicunhas e alpacas, cuja lã fiavam e teciam. Na metalúrgica, trabalhavam o cobre, a prata, o ouro, metais abundantes no Peru e Bolívia. Produziam objetos de bronze e cerâmica. Escritas não tinham, a não ser os quipos, cordões de diferentes cores presos em franjas a um cordão, com diversos nós que serviam de calendário, registro de produção agrícola ou de acontecimentos importantes. Com a chegada de Pizarro (1534), a riqueza em ouro acumulada pelos quíchuas despertou a cobiça dos espanhóis que, para se apoderar, arrasaram a civilização incaica. Comparação entre as principais atividades econômicas das colônias espanholas, portuguesas e inglesas As explorações econômicas das colônias espanholas, portuguesas e inglesas tiveram características próprias. Vejamos: A agricultura não se desenvolveu nas colônias espanholas, enquanto no Brasil (colônia portuguesa) e nas colônias inglesas do sul foi a base de todo o desenvolvimento econômico, usando o escravo africano como mão-de-obra predominante. A mineração foi a atividade mais importante da América espanhola usando o nativo como escravo na exploração dos metais preciosos. O Brasil também apresentou a exploração do ouro, no século XVIII, usando o escravo africano. Nas colônias inglesas, os achados de ouro só se acentuaram no século XIX, ou seja, depois de feita a independência dos Estados Unidos. A exploração de metais preciosos era monopólio (exclusividade) da Coroa, tanto nas colônias espanholas quanto na portuguesa. As metrópoles, no entanto, permitiam a exploração por particulares, mediante o pagamento de 20%, como imposto. O comércio das colônias com o exterior só era permitido com as suas respectivas metrópoles, que tinham, portanto, o monopólio mercantilista. Por exemplo: as colônias espanholas só podiam importar ou exportar da Espanha; o Brasil, por sua vez, só poderia comerciar com Portugal. Já a metrópole inglesa, embora também aplicasse as leis do monopólio mercantil às suas colônias, não usava de muita rigidez nesta aplicação. As colônias do norte, por exemplo, tinham uma relativa liberdade de comércio com o exterior e também eram livres para ter fábricas de produtos para o consumo local ou mesmo para exportação, usando mão-de-obra familiar. Nas colônias inglesas do sul, plantavam-se em grandes extensões de terra (latifúndios), o tabaco, o algodão ou o açúcar, que só podia ser exportado para a metrópole. Nesta área predominou a escravidão negra. OS PRIMEIROS ANOS DO BRASIL Antes de descobrir o Brasil, os portugueses meteram-se pelo mar adentro rumo à Ásia e encontraram o caminho que levava à Índia. A Índia era um país muito antigo e de civilização adiantada. Possuía tudo que podia despertar a ganância dos europeus: palácios maravilhosos, ouro, pedras preciosas e joias de beleza estonteante. Possuía, também, especiarias, isto é, canela, cravo, pimenta, produtos que a Europa inteira comprava a bom preço para temperar seus alimentos. O europeu que ia à Índia voltava sempre endinheirado. Com o Brasil o caso era diferente. O Brasil era uma terra nova, pobre e selvagem. Ouro e pedras preciosas devia haver, mas no fundo da terra (só serão descobertas no século XVIII). As únicas riquezas ao alcance das mãos eram ervas medicinais, macacos, araras e uma madeira avermelhada, chamada pau-brasil, que servia para tingir panos. Portugal tinha nas mãos dois países – um rico e outro muito pobre. Era natural que desse preferência ao rico. E, de fato, deu. O Brasil ficou abandonado pelo menos até 1530. A notícia de que havia no mundo uma região que o dono desprezava, correu toda a Europa. O que aconteceu? Aventureiros, contrabandistas, piratas de todas as nacionalidades vieram às costas de nosso país, ver o que isto era. Aqui chegando, encontraram nosso selvagem, que não tinha noção alguma de valores e que nada sabia do valor do dinheiro. Não havia nenhuma mercadoria capaz de enriquecer rapidamente um homem. O que de melhor havia era o pau-brasil, que os tintureiros da Europa compravam, a bom preço. E os europeus atiraram-se à explorar a madeira vermelha, o pau-brasil. A mercadoria quase nada lhes custava. Os índios eram ingênuos como crianças. Por um pedaço de pano, ou por um punhado de contas, ou por um tambor carregavam de pau-brasil os navios dos piratas. E tanto pau-brasil chegou à Europa e tanto a Europa falou em pau-brasil, que em pouco tempo, talvez menos de cinco anos, o nosso país não se chamava mais Terra de Vera Cruz, nem Ilha da Cruz, nem Terra de Santa Cruz. Chamava-se Brasil. Conquista e espanto Tudo era novo e diferente para os dois lados Os encontros dos europeus com os povos conquistados na América, África e Ásia foram sempre de muita surpresa e novidade para os dois lados. Devido às grandes diferenças físicas e culturais, o que era normal para uns revelava-se estranho para outros. Espanhóis e portugueses ficaram muito admirados, por exemplo, com a cor, a aparência física e a nudez ingênua de indígenas e africanos, além de chocados com seus costumes, como a poligamia (uma pessoa casada com vários parceiros). O espanto dos índios e dos negros não foi menor. Quando viram pela primeira vez os brancos, não sabiam se se tratava mesmo de homens, de deuses malignos ou outro bicho qualquer. Muitas vezes, sumiam na floresta, apavorados. Outras vezes, reagiam com curiosidade, como neste relato de Cadamosto, um viajante europeu, na África: Alguns me mexiam nas mãos e friccionavam-me os braços com saliva, para ver se a minha brancura provinha de qualquer pintura ou se a pele era mesmo assim. Quando verificavam isso, ficavam muito espantados. O índio questiona: Para que cortar tanta madeira? Ao contrário do europeu, o índio não se dedicava ao acúmulo pessoal de riquezas. As sociedades indígenas recusavam o trabalho excessivo, não por incapacidade ou indolência, mas por considerá-lo inútil. Sem a ambição dos brancos, limitavam-se a satisfazer suas necessidades e viviam felizes dessa maneira. Por isso, o índio não entendia por que os brancos, desde sua chegada ao Brasil, precisavam de tanta madeira das florestas. “Seria para levá-la a algum deus?”, perguntou certa vez um índio tupinambá, num diálogo ocorrido em 1558, relatado por Jean de Léry. O branco explicou que a madeira seria levada para um homem do outro lado do oceano. Ele ia fazer tinta com ela para tingir muitos tecidos, e depois vendê-los. O índio, porém, não entendeu para que vender tanto tecido e acumular tantos bens. “Esse homem não morre?”, indagou-o novamente. O branco respondeu que sim, morria, mas que acumulava bens para deixá-los aos seus descendentes quando morresse. O índio então concluiu perplexo: “Sois grandes loucos (...) trabalhais tanto para amontoar riquezas para vossos filhos ou para aqueles que vos sobrevivem! Não será a terra que vos nutriu suficiente para alimentá-los também? Temos pais, mães e filhos a quem amamos; mas estamos certos de que, depois da nossa morte, a terra que nos nutriu também os nutrirá, por isso descansamos sem maiores cuidados. ” Os povos indígenas no Brasil A história da colonização Os brancos mentem quando dizem que descobriram o Brasil. Isso porque todas as terras, a dos brancos e as dos yanomanis, foram criadas ao mesmo tempo. Um yanomami nunca diz ‘esta terra é minha’, ou ‘descobri esta terra’, porque ela sempre esteve ali, no mesmo lugar. E foi mentindo que os brancos conquistaram terras que hoje formam o Brasil. Quando chegaram aqui os brancos eram poucos, não tinham casas e mostraram-se amigos. Tudo mudou quando começaram a construir suas moradias, a fazer suas plantações, a cavar a terra para procurar ouro. Esqueceram então a amizade e começaram a matar as pessoas da floresta. Tomaram as terras para devastá-las. Tornaram doentes a floresta e as gentes que nela habitavam. E tudo isso para fazer mercadorias. Para não serem miseráveis, destruíram a floresta, sujaram os rios. Agora, só bebem água ‘embrulhada’, que precisam comprar. Essa narrativa ilustra como os índios de hoje interpretam a história que se iniciou com a chegada dos portugueses à América em 1500. Nas páginas seguintes, vamos saber um pouco dos índios da atualidade e de seus antepassados. Diversidade cultural A diversidade cultural dos povos indígenas pode ser medida pelo número de línguas faladas por eles: são mais de 180. O patrimônio cultural dos índios não se resume à língua falada. Morando na floresta e extraindo dela o que necessitam para viver, eles dominam um conhecimento único da natureza. Várias empresas multinacionais, muitas do setor farmacêutico, buscam entre os índios informações para seus produtos. Com isso elas economizam anos de pesquisa. O conhecimento dos índios auxilia ainda na preservação da natureza. A forma como cultivam alimentos não destrói a terra, pois é feito um rodízio nos locais de plantio e não há excedentes de produção, já que os alimentos não são destinados ao comércio. Todo o saber indígena é transmitido de forma oral, dos mais velhos para os mais novos, por meio dos mitos e das lendas, que contam desde o surgimento do mundo até o que os índios podem ou não fazer. O INÍCIO DA COLONIZAÇÃO A partir de 1530, Portugal mudou sua política em relação ao Brasil. Resolveu colonizar, ou seja, mandou gente para cá para trabalhar, produzir e, principalmente, garantir a posse da terra ameaçada por piratas e contrabandistas de outros países. Assim, em 1530 chegou ao Brasil uma expedição de colonizadores, que construiu núcleos de povoamento e de defesa e organizou expedições de exploração. Coordenaram também a fundação da primeira vila do Brasil, a vila de São Vicente, e depois a vila de Piratininga, ambas em São Paulo. Pela política mercantilista da época, a função da colônia (Brasil) era dar lucros à metrópole (Portugal). Como no começo não acharam ouro, os portugueses viram na produção de açúcar, a saída para a obtenção de lucros, pois este produto era muito valorizado na Europa. Dentro deste objetivo, Martim Afonso de Souza trouxe muda de cana-de-açúcar e construiu o primeiro engenho para moer a cana. Estava começando a colonização do Brasil. O COLONIALISMO PORTUGUÊS NO BRASIL Durante mais de 300 anos o Brasil foi colônia de Portugal. Mas o que isso quer dizer? Vamos estudar o que implicava esta situação, quem ganhava e quem perdia com isso e suas ligações com a atualidade, não só do Brasil como de toda a América Latina. Você deve lembrar que já estudou anteriormente alguns aspectos do colonialismo europeu sobre o continente americano em geral e sua principal consequência: os países europeus (Portugal e Espanha) enriqueceram às custas da exploração de suas colônias aqui na América Latina. O sistema colonial adotado no Brasil pelos portugueses abrangia todos os aspectos: o controle político, econômico e cultural. No aspecto político todas as pessoas que participavam da administração, do governo do Brasil eram nomeadas pelo rei de Portugal. Portanto, não tínhamos governo próprio. No aspecto econômico, o Brasil deveria dar lucros a Portugal, conforme a política mercantilista da época. Com este objetivo, Portugal adotou o sistema de monopólio comercial: só podíamos comprar ou vender, de Portugal, que também determinava os preços. Por exemplo: Portugal comprava no Brasil 1 saca de açúcar a 20 libras e vendia aos países europeus por 50. Assim lucrava, muito... Como você percebe, se tivéssemos liberdade de poder vender diretamente a outros países, sem os intermediários portugueses, venderíamos mais caro e teríamos mais lucro. Ao mesmo tempo só podíamos importar por intermédio de Portugal, que mais uma vez lucrava vendendo-nos muito mais caro do que custaria se comprássemos direto de outros países. Veja bem como este sistema colonial nos prejudicava: além de não ter liberdade de comércio, também não podíamos produzir nada que fizesse concorrência aos produtos portugueses. Por exemplo, se Portugal fabricava vinhos, nós não podíamos fazê-lo: assim éramos obrigados a comprar o vinho dos portugueses pelo preço que ele determinasse. No aspecto cultural, considerando o idioma que falamos, o catolicismo como nossa religião predominante e nossa cultura em geral, podemos constatar que o que mais pesou foram os valores portugueses. Isto se deve em grande parte ao trabalho dos padres jesuítas, que controlavam toda a instrução e catequese defendendo mais ou menos os mesmos interesses do governo português, o que não significa que não sofremos a influência da cultura negra e indígena, conforme veremos. A aculturação dos índios e dos negros à língua, à religião, aos hábitos e costumes dos colonizadores portugueses nem sempre se deu de forma espontânea e natural. Muitos livros de História e de Literatura descrevem a forma, muitas vezes cruel, através do qual o branco impôs sua cultura na América. O domínio da cultura européia se deu porque, para dominar econômica e politicamente os portugueses precisavam também submeter os nativos à sua língua, à sua religião, aos seus costumes. Dominar culturalmente era, antes de tudo, disciplinar a mão-deobra nativa. O resultado de todo este controle que Portugal exercia sobre nosso país, é o subdesenvolvimento político, econômico e cultural em que vivemos. Situação esta que se estende a todo o continente americano, com exceção dos Estados Unidos e Canadá. AS CAPITANIAS HEREDITÁRIAS Em 1534 D. João III, rei de Portugal, criou no Brasil o sistema de Capitanias Hereditárias. O Brasil foi dividido em 15 lotes (capitanias) de diferentes extensões e entregues a 12 donatários da pequena nobreza portuguesa. Esses nobres estavam em decadência e não receberam auxílio financeiro do governo. O objetivo do governo português era estimular a colonização, garantir a posse do território brasileiro e a busca de riquezas. O desenvolvimento das capitanias não deu o resultado esperado. O maior problema de muitos donatários não foi o ataque dos índios, mas a falta de recursos para colonizar a terra. O sistema de Capitanias Hereditárias continuou durante todo o período colonial e deu origem, mais ou menos, à atual divisão política do Brasil. As capitanias seriam hoje os Estados, e os donatários, os governadores. Mas, enquanto os donatários eram nomeados pelo rei de Portugal, governadores estaduais são eleitos pelo voto O GOVERNO GERAL Em 1548, o rei de Portugal criou o cargo de governador geral para o Brasil. O governador deveria ajudar os donatários e, ao mesmo tempo, defender os interesses do rei, aqui. Ele era o representante direto do rei de Portugal e os donatários deviam-lhe obediência. Assim, tínhamos o governo central chefiado pelo governador geral e os governos regionais chefiados pelos donatários. Em 1549, chegou Tomé de Souza, o nosso primeiro governador. Depois vieram Duarte da Costa, Mem de Sá e assim por diante. Entre os principais acontecimentos desses primeiros governos temos a fundação da cidade de Salvador, sede do governo central e nossa primeira capital; a fundação do Rio de Janeiro; o combate aos índios; o desenvolvimento da lavoura de cana-de-açúcar; invasão e expulsão dos franceses do Rio de Janeiro, etc. Com os governantes vieram também os padres jesuítas, responsáveis pela catequese dos índios e início da educação em nosso país, com a fundação de várias escolas. O governo geral continuou até 1808, ano da chegada de toda família real portuguesa. AS INVASÕES ESTRANGEIRAS NO BRASIL A partir do século XVI o litoral brasileiro foi visitado inúmeras vezes por navios estrangeiros. Os franceses tentaram por duas vezes organizar colônias no Brasil. A primeira tentativa foi no Rio de Janeiro, em 1555 (século XVI), com a fundação da França Antártica. O objetivo desta invasão, além da exploração econômica, era criar uma colônia onde os protestantes calvinistas tivessem liberdade para praticar sua religião, já que eles eram perseguidos pelo governo católico de seu país (França). A segunda tentativa foi no Maranhão, em 1612 (século XVII) com a fundação de uma pequena colônia chamada França Equinocial. Os franceses foram expulsos pelos portugueses em ambas as tentativas. Os holandeses, também, tentaram se estabelecer no decorrer do século XVII. Primeiro atacaram a Bahia e depois Pernambuco. Acabaram dominando um bom pedaço do litoral do Nordeste brasileiro. O plano da burguesia holandesa era apoderar-se da produção de açúcar que existia neste local, refiná-lo na Holanda e depois vender, com boa margem de lucro aos demais. Filhos da Holanda A influência holandesa no nordeste Recife já era uma cidade grande para os padrões da Colônia quando Maurício de Nassau chegou. Para os holandeses, porém, ela não passava de uma vila com características primitivas. Trazendo uma arquitetura bastante distinta da portuguesa, os holandeses construíram muitas casas, pontes e ruas, além de realizar obras de saneamento. A cidade ficou mais confortável, e a condição de vida da população melhorou. Em contrapartida, os holandeses também se adaptaram às condições locais, adotando muitos dos costumes da comunidade luso-brasileira. Casaram-se com mulheres brancas, mulatas e índias e deixaram muitos descendentes de olhos e cabelos claros. Sem falar nos nomes e sobrenomes, como Wanderley e Holanda. A EXPANSÃO DO TERRITÓRIO BRASILEIRO Você sabe por onde o Brasil começou a ser povoado? Foi a partir do seu litoral, de onde os portugueses extraiam o pau-brasil e plantavam a cana-de-açúcar. Porém, no decorrer dos séculos XVI, XVII e XVIII grupos de pessoas foram penetrando no interior e dando início ao desbravamento, exploração e povoamento do sertão brasileiro. Esses grupos, à medida que ocupavam o interior, aumentavam o nosso território que até então se limitava à linha do Tratado de Tordesilhas. Mas quem eram esses grupos que aumentaram o nosso território? Eram eles: Grupos de padres jesuítas que se dedicavam à catequização dos índios, fundando escolas e missões (aldeias de índios catequizados). Bandeiras – expedições organizadas e patrocinadas por particulares, pessoas que saíam pelo sertão procurando índios para escravizar ou em busca de metais preciosos. Nesta busca de ouro ou de índios, geralmente os bandeirantes ocupavam áreas além da linha de Tordesilhas, aumentando o nosso território. Esta é a grande importância histórica dos bandeirantes. As Entradas, que eram expedições do governo por respeitarem a linha de Tordesilhas, não contribuíram para aumentar nosso território, por isso não são tão importantes quanto as Bandeiras. Os boiadeiros penetravam o sertão em busca de novas pastagens para seus rebanhos, ocupando áreas como o interior da Bahia, do Piauí, do Maranhão, do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Com esta expansão territorial feita pelos bandeirantes, jesuítas e boiadeiros, áreas que oficialmente pertenciam à Espanha foram ocupadas por brasileiros ou portugueses. Assim, no século XVIII, Espanha e Portugal tiveram que assinar tratados de limites que deram origem, mais ou menos, às fronteiras que temos hoje. AS PRINCIPAIS ATIVIDADES ECONÔMICAS DO BRASIL-COLÔNIA Vamos agora estudar as principais atividades econômicas do período colonial (1500 a 1822) e suas características. O pau-brasil, a cana-de-açúcar e a mineração se constituíram nas principais atividades lucrativas para Portugal. O pau-brasil – árvore nativa que se encontrava em quase todo o litoral brasileiro e que servia de matéria-prima para fabricar tinta de tingir tecidos. Até 1550 foi a principal riqueza explorada pelos portugueses. Sua exploração era monopólio do governo: isto significava que ninguém poderia retirá-lo de nossas terras sem a prévia autorização do governo português. Mas quem trabalhava na extração desta madeira? A mão-de-obra predominante era o indígena. Inicialmente o índio trabalhava em troca de objetos como facas, espelhos, machados, etc. é o chamado escambo. Com o tempo, porém, os índios passaram a ser violentamente escravizados pelos exploradores de madeira. Servindo aos interesses do governo e aos ricos comerciantes, inúmeros navios levaram pau-brasil do nosso litoral. Como resultado desta intensa extração, hoje, praticamente não existe mais em nosso território. A cana-de-açúcar – maior riqueza do Brasil colonial teve seu auge de 1550 a 1650. Todo o litoral do nordeste foi ocupado por grandes lavouras de cana-de-açúcar, principalmente Pernambuco e Bahia. A cana moída no Brasil e o açúcar eram levados para a Europa onde era refinado e revendido. Na economia açucareira, como no pau-brasil, também funcionava o sistema de monopólio comercial: só podíamos vendê-lo para os portugueses. Assim, eles nos pagavam o preço que queriam para depois vender com lucros aos demais países europeus. Porém, quem mais lucrou com a exploração de açúcar brasileiro não foram os portugueses nem nossos fazendeiros, e sim a burguesia da Holanda. Esta burguesia emprestava dinheiro para a produção de açúcar, ajudava a transportá-lo para a Europa, refinava e distribuía no mercado internacional. Como você já viu, os holandeses tentaram, inclusive, dominar a área produtora de açúcar no Brasil. Toda a produção de açúcar era praticamente para exportação. Para produzir em grandes quantidades, foram plantadas em imensas extensões de terra, ou seja, era uma atividade baseada no latifúndio. O senhor de engenho (fazendeiro, dono das lavouras de cana-de-açúcar e do engenho) só produzia em grande quantidade um produto: a cana-deaçúcar. É o que chamamos de monocultura (predomínio da cultura de um só produto). O restante dos produtos necessários para a vida na colônia era importado através dos portugueses. Assim, o dinheiro que os fazendeiros ganhavam com o açúcar voltava aos europeus para as importações. Mas que tipo de mão-de-obra era usado nas lavouras de cana-de-açúcar? Inicialmente os senhores de engenho tentaram escravizar o índio, mas o que acabou predominando foi a escravidão do negro, capturado na África. Isto se deve, principalmente, a fatores econômicos: usando o negro como escravo, os traficantes portugueses obtinham grandes lucros com seu comércio. Assim, os comerciantes portugueses tiravam lucros do Brasil, não só com o açúcar, mas também através do comércio de escravos. Portanto, podemos concluir que as principais características da economia açucareira eram: exportação, latifúndio, monocultura e escravidão. Estrutura social do engenho A estrutura desta sociedade estava baseada em duas classes opostas: senhores de engenho e escravos. A autoridade do senhor do engenho sobre todas as pessoas era absoluta e se estendia por toda a região invadindo vilas e povoados. Este poder era uma consequência de seu poder econômico, baseado na posse da terra, dos escravos, do engenho e do açúcar. Podemos dizer que a sociedade açucareira era patriarcal. Isto significa que todo o poder de chefia estava concentrado na figura do pai, o senhor de engenho. Enquanto o senhor de engenho morava, com sua família, na luxuosa Casa Grande, os escravos habitavam a Senzala, levando uma vida miserável. Portanto, temos como principais características da sociedade formada em torno da atividade açucareira: era uma sociedade patriarcal, dualista (possuía duas classes distintas) e estática (não havia possibilidade de um escravo, por exemplo, se tornar fazendeiro). “O senhor de engenho era a figura central do seu grupo familiar. Determinava as funções que cada membro da casa-grande deveria desempenhar. A esposa do senhor de engenho era totalmente submissa ao marido. Vivia para ter filhos, fazer doces, costurar e bordar. Não tinha estudos. Sua vida social limitava-se a ir à igreja e a conversar com escravas. Os filhos homens costumavam passar uns tempos em casas de amigos ou parentes que lhes pudessem transmitir alguns ensinamentos fundamentais. O filho mais velho era orientado para suceder o pai na chefia do engenho. Dentre os demais filhos, um geralmente se tornava padre, outro se formava em Direito pela Universidade de Coimbra, em Portugal. O advogado ajudava a transformar em poder político o prestígio social da família. Nessa época, era comum o casamento de mocinhas de quinze anos com homens de cinquenta ou até mais idade. Os namoros e casamentos precisavam da autorização do pai. Havia casos de escravas que deletavam namoros e encontros das sinhás-moças (filhas) ou sinhás-donas (esposas). “Por vezes, essas histórias levavam o senhor a ordenar o assassinato da esposa ou de uma filha.”. Foi também no século XIX que outro hábito mais ‘sofisticado’ começou: comer à mesa utilizando talheres. Escravo “ou senhor, a maioria, agachada ou acocorada no chão e alimentava usando as próprias mãos. ” A mineração – Ciclo econômico que teve o seu apogeu entre 1700 e 1780, quando o Brasil produziu, mais ou menos, 700 toneladas de ouro e algumas de diamantes. Os principais centros produtores eram Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. Mas para onde foi parar toda esta riqueza? Veja o seguinte: 20% do ouro produzido era pago como imposto para o governo português. E a parte do ouro que ficava com os mineiros como era usada? Grande parte do ouro ia para Portugal para pagar as mercadorias importadas, já que não se produzia quase nada aqui. Outra parte era para comprar os escravos (negros) cujo comércio, no século XVIII, era controlado pelos ingleses. Outra parte do ouro era doada aos padres, o que explica o grande número de igrejas barrocas construídas na região. E todo este ouro que ia para Portugal, acabava chegando à Inglaterra para pagar as dívidas que Portugal tinha com os ingleses, que na época estavam começando a sua Revolução Industrial, com o ouro do Brasil. Agora vejamos algumas consequências que estes achados de ouro provocaram no século XVIII: Toda a população se concentrou na região centro-oeste, o centro da mineração; Aumentou a população brasileira em função da vinda de milhares de portugueses em busca do ouro; Como mão-de-obra, predominava o uso de escravos negros; Com maior riqueza circulando, desenvolveu-se o comércio, surgiram às vilas e cidades e, pela primeira vez no Brasil, surgiu uma pequena classe média, formada por comerciantes, padres, militares, artesãos, pequenos mineradores, etc.; A classe alta era formada por ricos proprietários de minas de ouro ou diamante; Formou-se uma sociedade mais democrática uma vez que os pobres podiam melhorar de vida, bastando, por exemplo, achar ouro ou se dedicar ao comércio; A capital da colônia foi transferida de Salvador para o Rio de Janeiro, que ficava mais perto da zona de mineração; Com o aumento da população a pecuária também se expandiu, principalmente em Goiás, Mato Grosso, Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul. Os escravos mineração na No início da extração aurífera, o trabalho nas minas era realizado principalmente pelos próprios descobridores, embora vários deles possuíssem escravos indígenas. Com o tempo, cresceu bastante o número de escravos negros, comprados do Rio de Janeiro, das capitanias açucareiras do Nordeste ou trazidos da África. O escravo africano tornou-se tão importante nas minas que as maiores datas eram concedidas aos proprietários com maior número de cativos. Nunca, em nenhuma região da colônia, tinha havido uma concentração tão grande de escravos como nas Minas Gerais no auge do ouro. As chances de conseguir a alforria, ou seja, a liberdade era maior que no engenho, mas ainda pequenas. Uma delas, instituída pelo governo, libertava o escravo que descobrisse um diamante de 20 quilates (4 gramas) ou mais. No entanto, pouquíssimos conseguiram essa façanha. As poucas alforrias explicam por que sempre houve mais escravas libertas do que escravos. Como o número de mulheres brancas em Minas Gerais era reduzido, muitas cativas conseguiam a liberdade por meio do casamento ou do concubinato com homens livres. O trabalho nas minas era exaustivo. Extraindo o ouro de aluvião, o escravo ficava longas horas com os pés na água, sendo frequentemente atingido pela tuberculose e por outras doenças pulmonares. Nas galerias subterrâneas, os cativos estavam sujeitos à asfixia dos gases e aos riscos de soterramento. A história das minas registra vários acidentes de desmoronamento de galerias, que provocavam centenas de mortes. As péssimas condições desse trabalho ajudaram a explicar as constantes rebeliões de escravos na área mineradora. Fugas, assassinatos de feitores e senhores e a formação de quilombos foram a resposta dos negros diante da brutalidade da escravidão. AS REBELIÕES COLONIAIS Como sabemos desde o seu descobrimento o Brasil foi explorado ao máximo por Portugal. Com o passar do tempo, a população começou a tomar consciência de quanto este sistema prejudicava o progresso do país. A população estava descontente e o resultado disso foi várias atitudes de revolta. Estas rebeliões coloniais eram de dois tipos: Aquelas que desejavam apenas algumas reformas no sistema colônia: A Revolta de Beckman (Maranhão, 1684); A Guerra dos Emboabas (Minas Gerais, 1708); Guerra dos Mascates (Pernambuco, 1710); A Revolta de Felipe dos Santos (Minas Gerais, 1720). Aquelas que pretendiam liberar o Brasil de Portugal, ou seja, fazer a nossa independência: Conjuração Mineira (Minas Gerais, 1789); Conjuração Baiana (Bahia, 1798); Revolução Pernambucana (Pernambuco, 1817). Vamos nos deter no estudo da Conjuração Mineira e Baiana que são as mais importantes. A Revolução Pernambucana será vista posteriormente. A CONJURAÇÃO MINEIRA (Minas Gerais, 1789) Na verdade, a Conjuração Mineira não foi uma revolução, pois o governo português, descobrindo o plano dos inconfidentes, prendeu os envolvidos e o movimento nem chegou a começar. Mas por que a Conjuração Mineira é tão importante? Pelo fato de ter sido a primeira tentativa de fazer a independência do Brasil. O que pretendiam estes brasileiros do século XVIII? Pretendiam libertar o Brasil de Portugal, fazer eleições para escolher o presidente da República, liberar o comércio com outros países, a abertura de fábricas, bancos, jornais e universidades. Mas que fatores influíram para que estas pessoas desejassem tais mudanças? O Brasil passava por grave crise econômica em função da violenta queda da produção do ouro. Entretanto, o governo português continuava exigindo os mesmos 1500 quilos de ouro anuais de impostos, como se a produção não tivesse diminuído. Estes impostos estavam bastante atrasados, e para cobrá-los o governo usava a Derrama. Quando era decretada a Derrama, a população entrava em pânico em função dos atos de violência cometidos pelas autoridades portuguesas (prisões, confisco de bens, invasão de casas, etc.). Outro fator que influenciou foi o conjunto de idéias de liberdade e igualdade do Iluminismo, pois jovens estudantes da elite mineira que iam fazer faculdade na Europa pretendiam aplicar estas idéias aqui no Brasil. Também foi importante a Independência dos Estados Unidos ocorrida em 1776. Se os colonos norte-americanos conseguiram se libertar do domínio inglês por que o Brasil não poderia se libertar do governo português? Dentre os principais líderes da Conjuração Mineira podemos destacar: Cláudio Manoel da Costa, Tomás Antonio Gonzaga, Alvarenga Peixoto e Joaquim José da Silva Xavier (o Tiradentes). Este último foi o único condenado à morte. A CONJURAÇÃO BAIANA (Bahia, 1798) Também conhecida como Conjuração dos Alfaiates, ocorreu na Bahia em 1798. Os líderes da Conjuração Baiana pretendiam libertar o Brasil de Portugal e proclamar uma República, com eleição para a presidência. Pretendiam, ainda, acabar com a escravidão do negro, melhorar as condições de vida do povo e abrir os portos brasileiros aos navios de todas as nações. Mas o que levou os baianos à revolta? A maioria da população vivia em grande miséria e os impostos eram altos. Os revolucionários estavam entusiasmados com as idéias de liberdade e igualdade do Iluminismo. Enquanto que em Minas o movimento foi organizado principalmente por intelectuais e ricos proprietários, na Bahia a Conjuração foi promovida por gente muito simples, incluindo alfaiates, soldados, escravos, pequenos comerciantes. Era um movimento de origem popular. A reação do governo português foi cruel, sendo que seus principais líderes foram enforcados. Apesar da violenta repressão portuguesa e do fracasso das duas tentativas de emancipação política, o ideal de independência permaneceu no Brasil até a sua concretização em 7 de setembro de 1822. FORMAÇÃO DA CULTURA BRASILEIRA Com o início da colonização do Brasil, aos poucos se deu o contato entre o branco português e o indígena que já vivia aqui. Em conseqüência houve a miscigenação racial, o cruzamento entre esses elementos de diferentes características. Depois vieram os negros da África para trabalhar como escravos. Em solo brasileiro reuniram-se, então, o negro, o indígena e o europeu, os três elementos que formaram o povo brasileiro. As características físicas e a cultura do povo brasileiro, de hoje, têm sua origem, basicamente, nesta miscigenação. A seguir veremos a herança cultural de cada um desses grupos. A herança indígena Alimentos: mandioca, milho, guaraná, palmito, etc. Objetos: rede de dormir, jangada, canoa, armadilhas de caça e pesca instrumentos musicais como o maracá. Vocabulário: palavras da língua tupi como, por exemplo: Curitiba, Piauí, Tramandaí, Jacuí, Itapoá, mandioca, taquara, arara, jacaré, sabiá, tatu, abacaxi. Técnicas: trabalhos com cerâmica, preparação de farinha de mandioca, etc. A herança negra Alimentos: inúmeros doces e pratos da cozinha baiana tais como: cocada, pé-de-moleque, quindim, vatapá, acarajé, cururu. Seitas religiosas: umbanda, candomblé, macumba. Setor musical: a música negra com sua força rítmica está presente nos lundus, nas congadas, nos sambas, nos maxixes e nos maracatus. Dos instrumentos musicais podemos destacar: atabaques, ganzá, reco-reco, agogô, berimbau, cuíca, tambores. Atualmente podemos dizer que vários estilos musicais como a lambada, as músicas de carnaval (samba) e a bossa nova são fortemente influenciados pela música negra. Vocabulário: palavras como batuque, bengala, caçula, xingar, macumba, fubá, moleque, cachimbo, samba, chuchu e cachaça. A herança portuguesa Os portugueses, como colonizadores que eram, impuseram aos índios e aos negros o uso de sua língua, de sua religião e demais padrões culturais. A influência portuguesa que Cultura brasileira sofreu é tão grande que seria impossível especificar. Apenas, a título de ilustração, vamos dar alguns exemplos: Idioma que falamos; A religião católica; O conhecimento científico e artístico europeu; A organização social, jurídica e administrativa. A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL – (XVIII) Quando o homem transforma a lã em tecido, o trigo em farinha, a pedra em cimento, ele está transformando a matéria-prima em produtos utilizáveis, isto é, ele está industrializando a matéria-prima. Portanto a transformação da matéria-prima em produto é o que chamamos de indústria. Por volta de 1760, começaram a ser inventadas, na Inglaterra, muitas máquinas utilizadas na indústria. Com as máquinas, as oficinas transformaram-se em verdadeiras fábricas. Houve, portanto, uma acelerada modificação nas técnicas de trabalho ocorrendo uma verdadeira revolução na vida do homem – a Revolução Industrial. Chamamos de Revolução Industrial ao grande desenvolvimento da indústria, iniciado na Inglaterra a partir de 1760, em função da invenção de máquinas para produzir o que até então era feito pelo trabalho braçal. Mas porque a Revolução Industrial começou na Inglaterra e não noutro país? Vejamos: ORIGENS DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL A Inglaterra reunia as melhores condições para se tornar o primeiro país industrializado da Europa. Nos séculos XVII e XVIII a Inglaterra desenvolveu intenso comércio com suas colônias na América (Estados Unidos) e com as Índias. O grande lucro que obtinha com esse comércio era aplicado em novas indústrias. A Inglaterra possuía, também, um intenso mercado consumidor (são regiões não industrializadas e que adquirem produtos industriais de outros países). Para atender a estes mercados a Inglaterra tinha que aumentar a produção. Para aumentar a produção começou a utilização de máquinas. Foi importante também, que o governo inglês, através do sistema bancário garantisse os empreendimentos comerciais e industriais. Lembramos que no século XVIII a burguesia já participava do governo, o que explica este apoio à indústria e comércio. A melhoria da alimentação e das condições higiênicas contribuiu para o aumento da população. O crescimento da população e o deslocamento dos trabalhadores do campo para a cidade, em busca de trabalho, aumentaram a mão-de-obra para as indústrias. Características da Revolução Industrial Com esse grande avanço tecnológico, a vida na Inglaterra e nos países que começaram a sua industrialização, mudou muito. O que caracteriza este movimento é: A passagem de uma sociedade agrícola e rural para uma sociedade industrial e urbana; O desenvolvimento do sistema fabril, (fábricas) com o uso da energia a vapor; O desenvolvimento do transporte e das comunicações; A expansão do capitalismo (sistema econômico) que passou a controlar quase todos os ramos da atividade econômica. Desenvolvimento da Revolução Industrial Costuma-se dividir a Revolução Industrial em fases: 1ª fase – de 1760 a 1850 2ª fase – de 1860 até os dias atuais A primeira fase (1760-1850) Caracterizou-se pelo uso do ferro como metal básico, do carvão como combustível e o vapor como energia. O primeiro ramo da indústria a ser mecanizado foi o de tecidos de algodão. Para produzir grande quantidade de fios de algodão foi inventada a máquina de fiar e depois o tear hidráulico. Para substituir a tecelagem manual foi inventado o tear mecânico. Outra invenção foi o descaroçador de algodão. Uma das maiores novidades da época foi a máquina à vapor, que promoveu o desenvolvimento mais rápido da industrialização. A máquina à vapor ajudou no incremento da indústria do ferro e também uma verdadeira revolução nos transportes com sua aplicação nas locomotivas e barcos. A segunda fase (1860 aos dias atuais) Caracterizou-se pela substituição do ferro pelo aço como metal básico, do carvão pelo petróleo como combustível e do vapor pela eletricidade como energia. Nesta fase a Revolução Industrial expandiu-se para outros países como a Bélgica, a França, a Alemanha, o Japão. Novas invenções surgiram como o dínamo, o motor de combustão interna, a lâmpada elétrica, o telégrafo, o rádio, o avião, o automóvel, a fotografia, o cinema, a televisão, as fibras sintéticas, o radar, a energia nuclear, o computador, as viagens espaciais, etc. Poluição e doenças As fábricas lançavam na ambiente substância poluente e tóxica: fuligem liberada das caldeiras e produtos usados no tratamento dos tecidos e das tintas. Doenças respiratórias como asma, bronquite, tuberculose e pneumonia se tornaram comuns nas cidades inglesas. A ausência de redes de esgoto também favorecia a ocorrência de doenças. A água contaminada das fossas se infiltrava na terra e atingia os reservatórios, provocando grandes epidemias de cólera. Agora que você tem noção do que foi a Revolução Industrial, está na hora de se perguntar: Quem fazia as máquinas se mover? Na certa você vai responder o trabalhador. Mas quem era esse trabalhador e qual suas condições de trabalho? Veremos a seguir. Na maioria dos casos, os trabalhadores que os capitalistas contratavam tinham sido lavradores que cultivavam um pedaço de terra para seu sustento. A Inglaterra, como grande produtora de tecidos de lã, tirada de seu rebanho de ovelhas, precisava mais e mais espaço para sua criação e, portanto para sua produção de tecidos. Assim desde mais ou menos 1700, os grandes proprietários de terras, e mesmo o governo inglês, começaram a ocupar as terras cultivadas pelos lavradores, para transformá-la em pasto. Ocorreu a expulsão em massa dos lavradores, que chegaram às cidades. Muitos, sem condições de viver, tornaram-se mendigos e até mesmo ladrões, severamente castigados pelo governo. Nessa situação, só havia uma maneira desses antigos lavradores continuarem vivendo – usando sua capacidade de trabalho. Por isso passaram a trabalhar nas fábricas, como trabalhadores assalariados, como operários. O trabalho nas fábricas, não era a melhor solução. O salário era baixo. A duração das horas de trabalho era de 12, 14 ou 16 horas por dia. As condições do local do trabalho geralmente eram péssimas. Não havia férias nem aposentadoria. Não havia leis trabalhistas que garantissem os direitos dos operários. A utilização das máquinas, nas fábricas, não melhorou a situação. Apesar do aumento da produção, as horas de trabalho não diminuíram. Ao contrário, os operários tiveram de aumentar o ritmo de seu trabalho, para acompanhar as máquinas. Além disso, o serviço que os operários precisavam executar ficou mais simples, e não era necessária muita força. Por isso, as fábricas começaram a empregar mulheres e crianças de 10, 7 ou cinco anos de idade. Como as fábricas passaram a empregar mulheres e crianças, o número de pessoas que procurava emprego, aumentou. Isso provocou ainda mais a queda dos salários, pois os empregadores podiam escolher as pessoas que pedissem o menor salário. Começou a crescer também o desemprego. O descontentamento dos operários era muito grande. Isso acontecia não só na Inglaterra, mas também noutros países como a Alemanha, a França, a Holanda, a Bélgica. Insatisfeitos, os operários passaram a discutir os seus problemas e começaram a se organizar. Foi então que descobriram uma forma de tentar melhorar a situação. Para conseguir melhores condições de trabalho, melhores salários ou menos horas de trabalho, os operários faziam greve, isto é, paravam de trabalhar. Pouco a pouco, os operários perceberam que não adiantava se organizar só em algumas épocas do ano. Precisavam estar sempre organizados. Assim, os operários criaram os sindicatos – uma forte organização para defender permanentemente seus interesses. Como era muito difícil conseguir suas reivindicações em apenas uma fábrica, os operários, através dos sindicatos, passaram a negociar não só com o dono de uma fábrica, mas com vários industriais. Ao mesmo tempo passaram a reivindicar leis, regulamentando as condições de trabalho, número de horas, salários, trabalho das mulheres e crianças. Com essas formas de organização, os operários foram conseguindo, aos poucos, algumas melhorias em suas condições de trabalho. Conquistaram alguns direitos: como as leis trabalhistas. Transformações econômicas e sociais decorrentes da revolução industrial O emprego das máquinas, na indústria, e a utilização de várias formas de energia causaram uma série de transformações em todos os setores de vida humana. Uma delas foi o deslocamento de milhares de pessoas do campo para a cidade. O aumento da população urbana foi extraordinário, principalmente na Inglaterra. As cidades cresceram desordenadamente. As condições de habitação eram péssimas, o mesmo acontecendo com as condições higiênicas. Tudo isso, mais a exploração dos trabalhadores e o desemprego, originou a chamada “Questão Social”. Os governos procuram resolvê-los através de leis trabalhistas, que regulamentaram o trabalho e a situação dos operários. Surgiram as doutrinas sociais, procurando soluções para a questão, defendendo os interesses dos trabalhadores. Eram contrários aos abusos do Capitalismo. Uma delas, a teoria de Karl Marx (marxismo), mais tarde serviu de base para a instalação de regimes de governos socialistas (comunistas). A Igreja Católica também se preocupou com os problemas dos operários, procurando resolver a questão através dos princípios do cristianismo. Por meio das encíclicas (documentos papais), os Papas apelaram aos empregadores para que respeitassem a dignidade de seus operários, como homens, e não os tratassem “como instrumentos para fazer dinheiro”. Uma das mais importantes consequências da Revolução Industrial foi o acúmulo de capitais (Capitalismo). Surgiram gigantescas acumulações de capital, com fusões de empresas (trustes e cartéis), sociedades anônimas. Tornaram-se, assim, as grandes empresas internacionais (multinacionais), controlando a produção e o preço, surgindo um verdadeiro imperialismo econômico. A necessidade de colocar (vender) a grande produção obtida com a industrialização, e de adquirir matéria-prima para mais produção, fez com que os países europeus procurassem novos mercados fornecedores de matéria-prima e consumidores, em regiões não industrializadas. Isso levou os países europeus a estabelecer e explorar colônias, na África e na Ásia. A Revolução Industrial não terminou. Vivemos hoje em plena era da industrialização. Com o progresso da técnica e das descobertas científicas, podemos observar uma grande melhoria nas condições de vida, como: redução da mortalidade infantil, elevação do nível de vida das populações, melhores condições de trabalho, mais facilidade nos meios de transporte e de comunicações. Com a Revolução Industrial desapareceu o uso da escravidão. Com as máquinas, aumentou a produção de mercadorias que precisavam ser vendidas. Escravo não ganha salário! E quem não ganha salário não pode comprar mercadorias. Assim, os escravos foram substituídos pelo trabalhador assalariado. REVOLUÇÃO FRANCESA (1789/1799) A pouco mais de 200 anos, em 1789, o povo francês revoltou-se contra o absolutismo dos reis surgindo o movimento que marca o início da Idade Contemporânea; a Revolução Francesa. Causas da Revolução Francesa O absolutismo Real Controlava tudo, criava lei, nomeava ministros e auxiliares, cobrava impostos, fabricava dinheiro, controlava toda a economia (Mercantilismo), enfim a vontade do rei era a lei. Portanto era o rei o Senhor absoluto do seu país e de seu povo e governava até morrer. Este tipo de governo que era conhecido como Absolutismo, foi muito forte na França. A Sociedade Francesa em 1789 era divida em três classes: a nobreza (1° Estado), o clero (2° Estado) e o restante da população formavam o terceiro estado. Os nobres ou a nobreza eram aquele grupo de pessoas que vivia para apoiar o rei em todos os seus atos. Moravam em palácios, não precisavam pagar a maioria dos impostos e muitos recebiam uma espécie de pensão. Muito ligado ao rei estava também o clero, grupo formado pelos membros da Igreja (bispos, abades, vigários, padres). Era um grupo muito forte e possuía muitas terras. Não precisava pagar impostos e, apesar de não receber nada do rei, tinha também o direito de cobrar alguns impostos dos lavradores. Aqueles que não pertenciam nem a nobreza nem ao clero (o resto da população) pertencia ao Terceiro Estado. Este grupo era formado por comerciantes, industriais, banqueiros, advogados, médicos, professores, artesãos, operários assalariados e também lavradores. Os comerciantes, os industriais e os banqueiros possuíam muito dinheiro, que era aplicado em seus negócios – comércio, indústrias ou bancos. Formavam a classe dos capitalistas, também chamada burguesia. Com o tempo o poder Absoluto do rei começou a prejudicar os negócios da burguesia. Os impostos eram pesados. Além disso, a indústria não podia produzir o que quisesse, mas só o que o rei permitisse. Os comerciantes não podiam vender as mercadorias para quem oferecesse o melhor preço: o rei fixava o preço e determinava a quem vender. A indústria, o comércio e os bancos não podiam crescer livremente. Por tudo isso, a burguesia começou a ficar descontente com o rei: queria derrubá-lo. O resto da população também estava descontente. Os lavradores eram ainda obrigados a obedecer às regras dos antigos senhores feudais (os nobres), pagando-lhes pesados impostos. Muitos lavradores passavam fome. Os outros grupos – tanto o de advogados, médicos, artesãos e operários – embora fossem em pequeno número também estavam descontentes com a situação. Após a leitura deste texto, podemos resumir as causas da Revolução Francesa. Entre as mais importantes estão: Absolutismo real; Centralização da economia nas mãos do rei; Crescimento e desejo da burguesia em participar das atividades políticas; 18 Pesados impostos que a população mais pobre era obrigada a pagar; A grande desigualdade social – vantagens para poucos e sacrifícios para muitos. Podemos também citar as causas oriundas do movimento chamado Iluminismo, que pregava a liberdade, a igualdade e a fraternidade. Para os pensadores do Iluminismo, o governo de uma sociedade deveria ser um governo que procurasse o bem-estar de todos. O governo não poderia favorecer uma pessoa e prejudicar outras. O governo, assim como a lei, deveria considerar todos com igualdade, como pessoas livres e iguais, como cidadãos. As idéias destes pensadores estavam completamente contrárias ao governo de uma só pessoa, portanto, contrárias ao Absolutismo que vigorava na França. O movimento de independência dos Estados Unidos, em 1776, também contribuiu para o desenvolvimento da Revolução Francesa. Muitos franceses, que lutaram em território americano, ao voltar transmitiram o ideal de liberdade e igualdade da Revolução Americana. Desenvolvimento da Revolução Francesa Por tudo isso, o movimento revolucionário de 1789 foi crescendo. Aos poucos o rei percebeu que crescia o descontentamento do Terceiro Estado, que não mais poderia governar o seu país como bem entendesse. Estava na hora de consultar a população, por isso, ele convocou uma Assembleia – composta por representantes da nobreza, do clero e do 3° Estado. – para tentar controlar a situação, encontrar uma solução para tantos descontentamentos, mas a votação, na Assembleia, era por classe, e não por cabeça, o que prejudicava o 3º Estado que tinha o maior número de deputados. Por isso, os representantes do 3° Estado transformaram a Assembleia em uma Assembleia Constituinte a fim de elaborar uma Constituição que valesse para todos os franceses, inclusive o rei. Nesta assembleia constituinte surgiu a designação “esquerda” e “direita”, para designar os deputados mais radicais que ficavam a esquerda e os conservadores à direita. Enquanto a Assembleia elaborava a Constituição, o povo se movimentava: começou a atacar e invadir os palácios dos reis e do clero. Foi neste período que foi invadida a Bastilha (prisão política invadida em 14/07/1789) que simbolizava o poder absoluto do rei. A Constituição ficou pronta em 1791. Os direitos dos antigos senhores feudais (nobreza) foram eliminados. O clero também perdeu suas vantagens. O rei continuaria no seu cargo, mas obedecendo à Constituição. Fases: Monarquia constitucional República: Convenção Diretório. O Diretório foi derrubado pelo General Napoleão Bonaparte, que instala na França um governo sob sua liderança – o Consulado. A subida de Napoleão ao poder marca o final da Revolução Francesa. Napoleão, mais tarde torna-se imperador dos franceses e, desejoso de expandir suas conquistas, declara guerra aos outros países da Europa. Napoleão Bonaparte, em 1808, manda invadir Portugal forçando o seu Príncipe Regente, D. João, a fugir para o Brasil com toda a sua corte. Este fato foi de extrema importância para a nossa independência em 1822. Importância da Revolução Francesa Poderíamos nos perguntar: afinal por que se fala tanto na Revolução Francesa? Qual sua importância para os dias atuais? É porque a Revolução Francesa não foi somente a derrubada de um rei. Junto com o poder absoluto do rei acabou, também, um tipo de governo em que só algumas pessoas – nobreza e clero – tinham direitos, uma sociedade em que algumas pessoas tinham mais direitos que outras. Durante a Revolução Francesa é que foi aprovada a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (26/08/1789). Esta declaração afirma, entre outras coisas, que todos os homens eram livres e iguais em direitos, e que a função dos governos é exatamente a de garantir a liberdade e igualdade de todos. 19 Em 1948, a Organização das Nações Unidas (ONU), criou a Declaração Universal dos Direitos do Homem baseada nos ideais da Revolução Francesa. A Revolução Francesa colocou a burguesia no poder, implantou o liberalismo econômico e propagou os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade, que divulgou por todo o Mundo Ocidental, princípios básicos da Democracia. Em Portugal, 1820, ocorreu uma Revolução Liberal na cidade do Porto. Com esta Revolução a burguesia portuguesa subiu ao poder e estabeleceu uma monarquia constitucional, pela qual o poder real seria limitado por lei. Eram os ideais da Revolução Francesa que saiam vitoriosos em Portugal. Dom João VI, rei português que estava no Brasil, com a Revolução do Porto teve que voltar imediatamente para Portugal. Este fato acelerou o nosso processo de independência. As conquistas da Constituição brasileira Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, em 1789, inspirou constituições democráticas em várias partes do mundo. Ainda hoje, passados dois séculos, as constituições de diferentes países expressam os princípios franceses daquela época. A Constituição brasileira, promulgada em 1988, é um exemplo. As leis atuais que limitam o poder dos governantes, que garantem o direito á liberdade de expressão e de organização em partidos políticos, o direito de influir nas decisões dos governantes, por meio de representantes eleitos pelo voto ou de plebiscitos, todas essas liberdades foram conquistas da Revolução Francesa. Repercussão da Revolução Francesa na América Latina Os ideais da Revolução Francesa não se propagaram somente pela Europa. Foram, também, divulgados na América. É preciso salientar que todos os movimentos pela independência das colônias espanholas, na América Latina, foram fortemente influenciados pelos ideais de liberdade, da Revolução Francesa. O mesmo ocorreu em relação a todo o processo de independência do Brasil, desde a Conjuração Mineira e Baiana, que foram as primeiras tentativas, até o 7 de setembro de 1822. A INDEPENDÊNCIA DOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA (EUA) América do Norte foi colonizada pela França e Inglaterra. A Espanha colonizou a América Central e a América do Sul, com exceção do Brasil que foi colonizado por Portugal. Veja o mapa: As colônias pertencentes à Inglaterra, a partir de 1776, tornaram-se independentes e deram origem aos Estados Unidos da América (EUA). Agora, vamos ver como aconteceu esse processo que levou os colonos norte-americanos a se emanciparem de sua metrópole, a Inglaterra. As causas da Independência dos EUA As colônias inglesas se desenvolveram sem sofrer, quase o controle mercantilista da metrópole (a Inglaterra), o que não ocorreu, por exemplo, nas colônias espanholas e portuguesas. Assim, essas colônias tinham uma vida independente da Inglaterra. Surgiram muitas indústrias que produziam até navios. Os navios transportavam produtos das colônias para outros lugares,ou traziam produtos de fora para a colônia, sem a intromissão dos comerciantes ingleses. Em resumo: as colônias estavam ficando independentes da Inglaterra. Ao mesmo tempo, a Inglaterra começou a ter prejuízos com tudo isso. Se os produtos das colônias não passavam pela Inglaterra para depois ser vendidos pelos comerciantes ingleses, em navios ingleses, não davam lucro aos ingleses. Além disso, como os americanos (colonos) controlavam diretamente o comércio de escravos, a Inglaterra perdia uma grande fonte de lucro: a venda de escravos para os fazendeiros americanos. A Inglaterra perdia também de vender os tecidos de algodão para vestir os escravos, pois os americanos produziam também os tecidos. 20 Para evitar todos esses prejuízos, a Inglaterra começou a tentar por em prática todas as leis que não eram aplicadas. Além disso, criou novas leis que as colônias deveriam obedecer. Por exemplo: foi proibida a produção de ferro nas colônias, sem falar nos pesados impostos cobrados. O processo de Independência Nesta situação, os interesses das colônias, dos seus comerciantes e industriais, eram completamente diferentes dos interesses dos comerciantes e industriais ingleses. Assim, começou a surgir a idéia de que os americanos deveriam decidir tudo o que fosse de seu interesse: os americanos deveriam ser governados pelos americanos e não pelos ingleses. Além disso, da Europa vinham as ideias liberais do Iluminismo, que condenava o absolutismo, a escravidão, o colonialismo, etc. Estas novas ideias do chamado iluminismo, apregoavam, defendiam que os governantes deveriam ser eleitos, deveriam obedecer a uma Constituição, que as pessoas deveriam ter liberdade de escolher sua religião, manifestar suas ideias, etc. Junto com essas ideias surgiram muitas revoltas. A Inglaterra por sua vez, mandava soldados para reprimir essas revoltas. Os americanos se organizaram. Queriam a independência. Assim, numa assembléia em 1776, com representantes dos colonos, decidiram que não poderiam permanecer ligados à metropole. Apartir destes fatos os colonos proclamaram sua independência. É claro que a Inglaterra não aceitou. Invadiu as colônias com suas tropas. Começou uma guerra que duraram dez anos, onde se destacou o General George Washington. Mas os americanos conseguiram sua independência. Expulsaram os ingleses e as várias colônias se uniram, formando os Estados Unidos da América (EUA). Também elaboraram uma Constituição onde se afirmavam a igualdade e a liberdade dos homens, e a possibilidade de todos participarem da política. Foi eleito como primeiro presidente da República, o General George Washington. E atenção: a independência dos EUA serviu de estímulo para que as colônias americanas da Espanha e Portugal também lutassem pela independência. Independência das Colônias Espanholas na América A Espanha era dona de imenso império colonial aqui nas Américas, que abrangia o México, toda a América Central e a América do Sul, com exceção do Brasil, que era colônia de Portugal. Mas a partir do final do século XVIII o colonialismo entrou em decadência. As colônias, aos poucos, foram se tornando independentes da Espanha, como já ocorrera com as colônias inglesas (EUA). O processo da independência dessas colônias espanholas se estendeu de 1810 a 1828. O que até então era colônia, deu origem aos países americanos de hoje como o México, o Peru, a Argentina, o Paraguai, Uruguai, etc. Mas o que levou os colonos a lutar pela independência? As causas da independência das Colônias Espanholas O sistema colonial que Espanha e Portugal implantaram na América, tinha como objetivo geral, explorar ao máximo as riquezas de suas colônias, em benefício das respectivas metrópoles (Espanha e Portugal). Só que para explorar as colônias, a metrópole tinha que estimular um certo desenvolvimento e a produção de riquezas, o que enriquecia a classe dominante colonial; ao mesmo tempo, a metrópole tomava medidas que dificultavam aquele desenvolvimento, por ter receio que os colonos se tornassem independentes. A metrópole cobrava cada vez mais pesados impostos, proibia que as colônias tivessem indústrias ou que fizessem comércio livremente com outros países; tudo isso prejudicava os interesses da classe dominante colonial, gerando tensões que se tornaram insuportável e explodiram na luta pela independência. A Revolução Industrial e a Independência das colônias espanholas e portuguesas na América – no final do século XVIII, começou na Inglaterra a Revolução Industrial. Com a Revolução Industrial, a Inglaterra aumentou consideravelmente a produção de bens de consumo, principalmente tecidos. Aumentando a produção, a Inglaterra tinha que aumentar também a venda de seus produtos. Para vender paras os colonos na América, a Inglaterra 21 precisava que acabasse o monopólio mercantilista nas colônias. Para acabar com o monopólio mercantilista, as colônias tinham que se tornar independentes das metrópoles, ou seja, Espanha e Portugal. Assim os comerciantes ingleses podiam vender os produtos diretamente às colônias. Daí o interesse inglês na independência das áreas coloniais, o que levou aquele país a apoiar estes movimentos. Outra causa da independência foi o pensamento liberal do Iluminismo, conjunto de ideias novas que inspirou a independência dos EUA e a Revolução Francesa. Os filhos da classe dominante, colonial, eram influenciados nas universidades européias por estas ideias de liberdade e igualdade. Para por em prática estas ideias, teriam que fazer a independência das colônias. Dentro deste amplo contexto é que podemos situar a luta pela independência das colônias aqui na América. Assim, aos poucos, entre 1810 e 1828, praticamente toda a América espanhola se tornou independente. Entre os grandes líderes dessas lutas, destacam-se as figuras de Simon Bolívar, libertador da Colômbia, Venezuela e Equador; e o de San Martin, libertador da Argentina, Chile e Peru. No entanto, o sonho de Bolívar de manter a unidade política da América, não se realizou. A luta pelo poder entre a classe dominante colonial acabou provocando a fragmentação (divisão) política, originando os vários países que formam a América Latina de hoje (México, Peru, Bolívia, Argentina, etc.) com exceção da área colonial portuguesa (Brasil) que manteve sua unidade. Outra conseqüência da independência das colônias espanholas foi o surgimento de líderes que se tornaram verdadeiros ditadores: os caudilhos. A Política Napoleônica Entre 1799 e 1815, Napoleão Bonaparte, imperador da França, dominou quase toda a Europa. Como Napoleão não conseguiu dominar a Inglaterra, decretou contra esta o Bloqueio Continental: nenhum país europeu poderia comerciar com a Inglaterra, Portugal não acatou ao bloqueio. Napoleão então mandou invadir Portugal. Resultado: a família Real Portuguesa fugiu para o Rio de Janeiro. Com o governo português no Brasil, acelerou-se o processo de independência no nosso país. A Família Portuguesa no Brasil Em 1808, chegou ao Rio de Janeiro Dom João VI, toda a família real e sua corte, formada por nobres e elementos do clero (padres) católico. Portugal fora ocupado pelas tropas do Imperador da França, o general Napoleão. Medidas tomadas por D. João VI no Brasil Como Portugal estava super-endividado com a Inglaterra, tinha que atender aos interesses ingleses. E um interesse inglês era ter liberdade de comprar e vender seus produtos no Brasil. Então, D. João VI decretou a abertura dos portos brasileiros às nações amigas, ou seja, acabou com o monopólio português sobre o nosso comércio – assim a Inglaterra passou a comerciar livremente com o Brasil. Os comerciantes ingleses acharam ótimo. No Brasil, comerciantes e fazendeiros também gostaram, pois poderiam comprar e vender com toda a liberdade. Mas quem saiu perdendo com tudo isso? A burguesia portuguesa (comerciantes), pois perdeu a exclusividade de vender e comprar no Brasil. Quando esta burguesia tomou o governo português (em 1820), tentou recolonizar o Brasil, ou seja, proibir a liberdade do comércio. Aí então, a elite brasileira, para não voltar ao antigo sistema colonial, decidiu pela independência, escolhendo Dom Pedro, filho de D. João VI, para ser nosso Imperador. Outras medidas importantes tomadas por D. João VI, foram: a liberação de abertura de indústria, a fundação do Banco do Brasil, do Jardim Botânico, a abertura de Museus, bibliotecas, etc.; surgiram também jornais, sendo que alguns tiveram muita importância na propaganda das idéias liberais do Iluminismo e de independência. 22 A Real Biblioteca Entre os objetos que deveriam acompanhar a família real em sua viagem para o Brasil estavam os caixotes de livros e documentos da Real Biblioteca da Ajuda, em Lisboa. O acervo, com cerca de 60 mil peças, entre livros, manuscritos, mapas e estampas, representava simbolicamente a história do reino português. Na pressa, os caixotes ficaram abandonados no porto e só não caíram em mãos francesas pelo extremo zelo dos bibliotecários. Apenas em 1810, os livros e os documentos do acervo real começaram a ser transferidos para o Rio de Janeiro. No ano seguinte, após três viagens, a Real Biblioteca estava novamente reunida, dessa vez em terras tropicais. Foi com parte do acervo da biblioteca de Lisboa que em 1818 D. João fundou no Rio de Janeiro, a Real Biblioteca, hoje chamada Biblioteca Nacional. Até 1814, apenas os estudiosos podiam consultar a biblioteca e, mesmo assim, mediante autorização régia. Depois dessa data, o acesso foi liberado ao público. A biblioteca funcionou no mesmo local por 50 anos, até ser transferida para outro prédio. No início do século XX, houve outra mudança e a biblioteca passou a funcionar no edifício onde está ainda hoje. Com um acervo de mais de 4 milhões de livros, a Biblioteca Nacional é, atualmente, a maior biblioteca da América Latina. A reforma sanitária Até o início do século XX, os grandes centros urbanos no Brasil apresentavam péssimas condições sanitárias e urbanísticas. Além de propagar epidemias, isso também prejudicava a economia. Muitos países não permitiam que seus navios atracassem em portos brasileiros, temendo o contágio dos tripulantes, o que dificultava o comércio. Assim, apo a proclamação da República, em 1889, muitas cidades brasileiras foram modernizadas, o que incluiu também a reforma sanitária dos principais centros urbanos. A modernização das cidades brasileiras resultou, em muitos casos, em um aumento da marginalização da população carente, provocando muitas tensões e insatisfações populares. A situação agravou-se com a aprovação, em 1904, da lei de obrigatoriedade da vacina contra a varíola. A Revolta da Vacina O momento mais tenso ocorreu na cidade do Rio de Janeiro, onde as mudanças decorrentes das intervenções urbanísticas e sanitárias, comandadas pelo prefeito Pereira Passos e pelo médico Oswaldo Cruz, haviam sido mais drásticas. Sem nenhum tipo de assistência e excluída das melhorias implantadas apenas nas áreas centrais, a população carente do Rio de Janeiro teve ainda de se submeter ao programa de vacinação obrigatória. Para garantir o sucesso dessa ação, o governo criou uma polícia sanitária com poderes para obrigar todos a tomar vacina. Quem se recusasse podia ser preso e forçado a pagar as despesas médicas caso adoecesse no cárcere. Assustada, a população reagiu contra o programa de vacinação, tanto pela falta de informação quanto pela falta de informação quanto pela maneira violenta com que foi posto em prática. Assim, em 10 de novembro de 1904, uma série de protestos ocorreu na cidade do Rio de Janeiro: tiroteios, quebra-quebras, barricadas, bondes incendiados, greves, etc. Somente em 16 de novembro, após suspender a obrigatoriedade da vacinação, o governo conseguiu controlar a rebelião, que ficou conhecida como Revolta da Vacina. 23 A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL A partir da segunda metade do século XVIII, explodem no continente americano, vários movimentos pela independência das colônias inglesas, espanholas e portuguesas. A área que primeiro se emancipou foi aquela de domínio inglês, em 1776, e que deu origem aos Estados Unidos. Entre 1810 e 1828, as colônias espanholas também se tornaram independentes. E o Brasil? A partir de quando começou a luta pela nossa emancipação? Antes do famoso “grito do Ipiranga” dia 7 de setembro de 1822, quando D. Pedro I oficializou a nossa independência, houve três revoluções que tinham como principal objetivo a nossa emancipação política: a Inconfidência Mineira – em 1789, a Conjuração Baiana ou dos Alfaiates – em 1798 e a Revolução Pernambucana – em 1817. Nenhum desses movimentos deu certo. Inclusive, como represália, o governo português mandou enforcar vários elementos envolvidos nessas revoltas, o que só serviu para aumentar o ódio dos brasileiros aos portugueses. Estas revoltas demonstram que muitos brasileiros não estavam mais suportando o domínio colonial português. Mas que fatores levaram os brasileiros a desejar a independência? Para melhor entender, é necessário vermos alguma coisa sobre Napoleão Bonaparte e a vinda da família Real Portuguesa para o Brasil. Outras causas da Independência do Brasil b) c) d) e) a) Ideias liberais do Iluminismo: aqui no Brasil essas ideias foram introduzidas por elementos jovens, que iam estudar na Europa, filhos da nossa classe dominante. Quando eles voltaram, queriam aplicar essas ideias, só que para isso teriam que, primeiro, fazer a nossa independência. Daí, as primeiras tentativas de emancipação que já citamos antes. Influência da independência dos EUA e das colônias espanholas: em 1822 os EUA e vastas áreas de colonização espanhola já haviam se libertado de suas metrópoles, o que objetivamente influenciou o desejo de liberdade entre os brasileiros. Influência de pequenos jornais: que divulgavam constantemente as ideias a favor de nossa independência. A Revolução Francesa: feita em nome dos ideais de liberdade e igualdade do Iluminismo. A Revolução Industrial: já que começara na Inglaterra e que por ter aumentado a produção exigia novos mercados consumidores. Por isso a Inglaterra apoiou movimentos de independência, pois a partir do momento em que as colônias se libertassem os ingleses, poderiam vender seus produtos aos novos países. Consequências da Independência do Brasil Ao contrário dos demais países da América espanhola, que adotaram o sistema republicano ao se tornar independentes, o Brasil adotou a Monarquia como forma de governo, o que durou até 1889. O processo de independência brasileira em nada modificou a situação das classes dominantes do país, que continuaram tendo privilégios. Os escravos continuaram escravos, e as classes baixas continuaram a viver em grande pobreza. Passamos a ter liberdade de indústria e comércio, mas passamos a depender economicamente da Inglaterra. Passamos a ter autonomia política, a ter o nosso próprio governo; talvez essa seja a principal mudança ocorrida, juntamente com a liberdade do comércio. Vocabulário: Colonizar: habitar, povoar, fazer a terra produzir. Metrópole: cidade mãe, cidade principal; nação, em relação às suas colônias. Ex.: Portugal, metrópole do Brasil Colonial. Monopólio: privilégio de exclusividade. Ex.: Portugal tinha o monopólio sobre o Brasil: Portugal era o único país que podia comerciar com o Brasil. O BRASIL IMPÉRIO Período da História do Brasil que vai de 1822, com a Independência, até 1889, ano da Proclamação da República. O Brasil Império se subdivide em 3 fases, a saber: 1) 1° Reinado: fase governada pelo Imperador D. Pedro I, vai de 1822 a 1831. 2) Regências: com a abdicação de D. Pedro I em 1831, o Brasil passou a ser governado por Regentes, uma vez que o novo Imperador tinha menos de 5 anos de idade. 3) 2° Reinado: fase governada por D. Pedro II, vai de 1840 a 1889, quando o Imperador foi derrubado por um golpe militar, e proclamada a República. 1) O Primeiro Reinado Governo de D. Pedro I, que vai de 1822 à 1831. O Brasil, ao se tornar independente em 1822, adotou como forma de governo a Monarquia. Os demais países americanos adotaram a República. O primeiro problema que D. Pedro I teve que resolver foi o do reconhecimento da nossa Independência. 1.1. O Reconhecimento da Independência Era necessário que os outros países reconhecessem a nossa independência para mantermos relações comerciais e diplomáticas com os mesmos. O primeiro a fazê-lo foram os Estados Unidos. A Inglaterra e Portugal reconheceram, em 1825, sob as seguintes condições: 1 – a Inglaterra exigiu a renovação dos tratados de 1810, que lhes dava vantagens comerciais, e o fim da escravidão. 2 – Portugal exigiu do Brasil o pagamento de uma indenização de dois milhões de libras. Como o Brasil não tinha esse dinheiro, a Inglaterra emprestou, com enormes juros. Esse empréstimo agravou a nossa situação financeira e permitiu que a Inglaterra se intrometesse nos negócios do país. Após estes reconhecimentos, todos os outros países, aos poucos, fizeram o mesmo. 1.2. A Guerra da Independência – 1823 Tropas portuguesas que ainda estavam em algumas províncias brasileiras (Bahia, Pará, Maranhão e Província Cisplatina), não queriam reconhecer a independência e a autoridade de D. Pedro I. Para combatê-las, D. Pedro I contratou mercenários e comprou navios de guerra ingleses, começando a nossa famosa dívida externa. 1.3. A Constituição de 1824 A Constituição de 1824 determinava que o Imperador seria a maior autoridade do país, tendo o poder, inclusive de dissolver o Congresso Nacional e de nomear os governadores estaduais, na época chamados de “Presidentes das Províncias”. As províncias (os Estados de hoje) não podiam fazer nada sem ter a autorização do Governo Central. Como os constituintes (fazendeiros) e o imperador não conseguiram entrar em acordo, D. Pedro I acabou dissolvendo a Assembléia e impondo, outorgando a nossa primeira Constituição: a de 1824. O Governo era dividido em quatro poderes – o Executivo, o Judiciário, o Legislativo e o Poder Moderador, que era exclusivo do Imperador e que tinha mais poder que os demais A Confederação do Equador – 1824 Revolta dos fazendeiros liberais do Nordeste (Pernambuco, Pará, Rio Grande do Norte e Ceará), contra o governo de D. Pedro I. A ideia dos rebeldes era formar uma confederação de Estados independentes – Confederação do Equador. D. Pedro I mandou reprimir violentamente este movimento, inclusive ordenando o fuzilamento de um dos líderes, o Frei Caneca, o que colocou a opinião pública contra o governo. 1.5. A Guerra da Cisplatina De 1825 a 1828, a “Província Cisplatina” (o Uruguai) lutou para se tornar independente do Brasil, território esse que havia sido conquistado em 1821, por D. João VI. Essa guerra provocou mortes e despesas que só aumentaram a crise econômica que o Brasil passava, desgastando mais ainda o governo. 1.6. A morte de D. João VI em 1826 Com a morte de D. João VI, Portugal ficou sem rei. O herdeiro do trono português era D. Pedro I, nosso imperador. Os brasileiros temiam que, se D. Pedro I se tornasse Rei de Portugal, o Brasil voltasse a ser colônia. Esse foi um fator que contribuiu para a decadência de D. Pedro I. 1.7. A queda de D. Pedro I Vários fatores contribuíram para a queda de D. Pedro I: nenhuma grande riqueza estava sendo exportada pelo Brasil, o que provocou violenta crise econômica, inflação e descontentamento. Esta crise econômica começou e foi agravada por despesas imensas do governo com a Guerra da Independência, com a Guerra do Cisplatina, com o pagamento da pesada indenização a Portugal pelo reconhecimento de nossa independência; enfim, começa aqui nossa histórica dívida externa. Outros motivos fizeram com que D. Pedro I fosse perdendo a popularidade: O desejo de descentralização administrativa, visando dar às Províncias maior autonomia; A propaganda contrária à D. Pedro I feita através da imprensa; O descontentamento da opinião pública com a escolha de ministros com tendências absolutistas. Em 1831, sem contar com o apoio da maioria dos setores básicos da sociedade brasileira, D. Pedro I achou melhor abdicar do trono, a favor de seu filho, então com menos de 05 anos de idade, o futuro D. Pedro II. Com a queda de D. Pedro I termina o 1° Reinado e começa a fase das Regências. 2) As Regências – 1831 a 1840 Com a abdicação de D. Pedro I, em 1831, ficamos sem imperador, pois o herdeiro do trono, D. Pedro II tinha menos de 5 anos de idade. Em função disso, organizou-se um governo provisório que governaria até a maioridade do herdeiro. Por ser provisório, este governo é chamado de Regencial. Até 1834, eram 3 regentes, daí a denominação Regência Trina. De 1835 a 1840, era um só Regente na chefia do Executivo, daí a denominação Regência Una. 2.1 A importância da Fase Regencial Pela primeira vez foi instalado um governo brasileiro para brasileiros. A fase Regencial representou também uma experiência republicana, já que os regentes eram eleitos; e começou também a estruturação de partidos políticos no Brasil. 2.2 Os partidos políticos Na fase Regencial deu-se a formação dos dois partidos políticos que dominaram a vida nacional até a Proclamação da República, em 1889: o Partido Liberal e o Partido Conservador. Porém, ambos representavam a classe dominante (os latifundiários), pois somente os grandes fazendeiros podiam votar ou ser votados. 2.3 As Revoltas Regenciais 4 revoltas importantes ocorreram nesta fase: a) Cabanagem, no Pará – 1833 a 1839; b) Balaiada, no Maranhão – sucessivas rebeliões, entre 1831 a 1841; c) Sabinada, na Bahia – 1837 a 1840; d) Revolução Farroupilha ou Guerra dos Farrapos, no Rio Grande do Sul – 1835 a 1845. Estas revoltas criaram um clima de grande instabilidade, o que contribuiu para a antecipação da maioridade de D. Pedro. 2.4 A economia na Fase Regencial O Brasil começou a sair da crise econômica que caracterizou o 1° Reinado, graças à expansão de uma nova riqueza nacional: o café. O café era produzido principalmente no vale do Paraíba do Sul, que abrange o Sul de Minas Gerais, o Rio de Janeiro e o Espírito Santo. Quase toda a produção era para o mercado externo, para exportar. A produção era feita em grandes lavouras (sistema latifundiário), o que enriquecia a classe dos chamados “Barões do Café”, e no trabalho predominava o escravo negro, que vivia em péssimas condições e em estado de miséria. O fazendeiro ligado ao café, só produzia café – é o que chamamos de monocultura – predomínio de um só tipo de cultura. Além do café, o Brasil continuava exportando o açúcar, o cacau, o algodão e, no Rio Grande do Sul, o charque. 3) Segundo Reinado – 1840 a 1889 Fase da nossa história, em que o Brasil foi governado pelo Imperador D. Pedro II (os Regentes deveriam governar o país até que o jovem Imperador completasse 21 anos). Porém, devido às violentas revoltas, os políticos resolveram antecipar a maioridade de D. Pedro II, na tentativa de pacificar o país. Assim, a partir de 1840, passamos a ter um novo Imperador, com menos de 15 anos de idade. 3.1 Aspectos Gerais do 2º Reinado Continuou vigorando a Constituição de 1824. A base econômica continuou sendo o café. A Inglaterra continuou a ter grande poder sobre a nossa economia e emprestando dinheiro para o Brasil. Começou na região Sudeste, a formação de pequenas indústrias, graças, principalmente, aos lucros provenientes da exportação de café. O Visconde de Mauá (Irineu Evangelista de Souza), empresário gaúcho, é um dos principais empreendedores da época, financiando a construção de estradas-de-ferro, navegação à vapor, indústria naval, etc. A partir de 1847 até 1889, vigorou no país o Parlamentarismo. A única revolução desta fase foi a Revolução Praieira, em 1848, em Pernambuco. Houve um considerável desenvolvimento cultural, destacando-se escritores e poetas, como por exemplo, Machado de Assis, José de Alencar, Castro Alves, Olavo Bilac, etc. A política externa caracterizou-se pela intervenção de tropas brasileiras nos territórios do Uruguai e Argentina, e culminou com a Guerra do Paraguai. Ocorreu no 2° Reinado o processo abolicionista. Para trabalhar nas lavouras de café como assalariados, vieram grande contingente de imigrantes, principalmente alemães e italianos. Agora vamos ver detalhadamente alguns tópicos mais importantes do 2° Reinado. 3.2 O Café Desde mais ou menos 1830, o café tornara-se o principal produto de exportação do Brasil. Até 1850, a principal área de produção era o Vale do Rio Paraíba do Sul (sul de Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo). A partir de 1850, o café passou a ser produzido muito mais no Oeste de São Paulo do que no Vale do Rio Paraíba do Sul. O café torna-se um negócio muito rendoso e, por isso, muitos fazendeiros que cultivavam a cana-de-açúcar ou algodão, transformaram suas propriedades em grandes plantações de café. Muitos fazendeiros de São Paulo começaram a investir parte do seu lucro na compra de novas máquinas; assim, aumentaram a produção de suas fazendas e, portanto, o seu lucro. Outros aplicaram, também, na construção de ferrovias para transportar o café. Mas como isso exigia muito dinheiro, os fazendeiros uniram-se a capitalistas ingleses para fundar as companhias de estradas de ferro. Os lucros do café, em São Paulo, foram investidos na indústria, na compra de máquinas, na construção de ferrovias, barcos, etc. Por volta de 1850, começaram a surgir indústrias de chapéus, velas, sabão, cerveja, tecidos de algodão, etc. Aqui, houve também a participação de capitalistas ingleses. No Rio de Janeiro e São Paulo houve melhoramento dos serviços nas cidades: iluminação com lâmpadas a gás, linhas de bondes puxados a burro, etc. O comércio nas cidades cresceu, surgiram muitos bancos. Os fazendeiros começaram a morar nas mansões, da cidade onde podiam fazer compras, frequentar teatros e matricular seus filhos na faculdade. Estes fazendeiros de São Paulo, grandes produtores de café, tornaram-se muito ricos, e por isso passaram a querer o poder político – o governo. O resultado vai ser o seguinte – os fazendeiros paulistas tornam-se Republicanos, ajudam o Exército a derrubar D. Pedro II em 1889, e passam a dominar o governo brasileiro a partir de então. Foram os fundadores do PRP – Partido Republicano Paulista. 3.3 A política externa do 2º Reinado Entre 1850 e 1889, o Brasil envolveu-se em conflitos com os países vizinhos da Região Platina. Os países da Região Platina são o Uruguai, a Argentina e o Paraguai. Desses conflitos, citamos: Guerra contra Rosas, da Argentina, e Oribe, do Uruguai em 1851 e 1852. Guerra contra Aguirre, do Uruguai, de 1863 a 1865. Guerra do Paraguai, de 1864 a 1870. Mas por que o Brasil se envolveu nestas guerras? Vejamos algumas causas: As lutas pelo poder no Uruguai entre os partidos Blanco e Colorado, pois de quando em quando os uruguaios assaltavam estâncias gaúchas durante suas lutas. As dificuldades para a livre navegação de barcos brasileiros pelos rios da região (naquela época, a única maneira de ir até o Mato Grosso era navegar pelo Rio da Prata). O interesse brasileiro em exercer influência na região. 3.4 A Guerra do Paraguai Foi à maior Guerra que o Brasil já enfrentou e durou de 1864 a 1870. O Brasil foi ajudado pelo Uruguai e Argentina. Os 3 formaram a Tríplice Aliança, e tiveram apoio financeiro da Inglaterra, de onde foi comprada a maioria dos armamentos. O Paraguai, governado por Solano Lopes, pretendia conseguir acesso direto ao Oceano Atlântico, ampliando seu território através da conquista de área do Uruguai, da Argentina e do Brasil. A Inglaterra, por sua vez, queria que a Tríplice Aliança arrasasse com o Paraguai, pois este estava tentando desenvolver a indústria nacional. O plano paraguaio era libertar o país do domínio econômico que a Inglaterra exercia sobre eles. Daí o apoio inglês à Tríplice Aliança. Alguns heróis da Guerra do Paraguai – Almirante Barroso, Marquês de Tamandaré, Marechal Osório, Duque de Caxias. As batalhas mais importantes foram: Tuiuti, Riachuelo, Lomas Valentinas. Consequências para o Brasil da guerra do Paraguai: O fortalecimento do Exército Brasileiro e a valorização dos militares, que passaram a exigir participação no governo. Os militares tornaram-se defensores da República, pois nas repúblicas platinas o Exército era muito mais importante que no Brasil, onde o governo era uma Monarquia. A intensificação do movimento abolicionista, não só porque muitos escravos obtiveram a alforria ao se incorporar ao Exército, como também porque o Brasil entrou em contato muito direto com o Uruguai e a Argentina, onde não havia mais escravidão. Aumentou consideravelmente a dívida externa brasileira, principalmente com a Inglaterra. 3.5 A Abolição da Escravatura Vamos ver que fatores levaram ao fim da escravidão no Brasil: O interesse inglês: a Inglaterra foi o 1º país a se industrializar. Com a Revolução Industrial, a Inglaterra aumentou a produção de mercadorias que precisavam ser vendidas pelo mundo todo. Mas como o escravo não ganhava nada com seu trabalho, não tinha dinheiro para gastar, não podia comprar às mercadorias vendidas no Brasil. A Inglaterra precisava de um maior número de assalariados com poder de compra. Daí o interesse em que a escravidão tivesse fim. Em função disso, os ingleses proibiam o comércio de escravos e seus navios passam a fiscalizar os mares. O governo brasileiro, por sua vez, não tinha condições de evitar os ataques dos navios ingleses. Assim, em 1850, pela lei Eusébio de Queirós, o nosso governo proibiu a importação de escravos. (Extensão do tráfico) O escravo ficou muito caro: com a proibição de importar escravos, estes ficaram extremamente caros, pois eles pararam de entrar no país, embora o seu uso continuasse aumentando, principalmente nas lavouras de café. Além de custar caro, o escravo representava despesas para a sua alimentação, moradia e roupas. É por essa época que os fazendeiros de São Paulo, ligados ao café, começam a usar trabalhadores assalariados, pois era mais barato um salário qualquer do que comprar e sustentar escravos. A propaganda abolicionista: feita por estudantes, jornalistas, escritores, poetas, alguns padres, que achavam ser desumano o uso de escravos. As fugas e revoltas dos negros eram tão constantes que muitos fazendeiros não conseguiam mais controlá-los. A Guerra do Paraguai também contribuiu para o movimento abolicionista – muitos negros que ajudaram os brancos na guerra e, além disso, dos países envolvidos (Paraguai, Uruguai e Argentina) o Brasil era o único que ainda tinha escravos. Após o final da guerra (1870) os militares negam-se a caçar negros fugitivos. Assim, chega-se a um ponto em que apenas alguns fazendeiros ainda usavam escravos, e o governo foi assinando leis que, aos poucos, acabaram com a escravidão no Brasil. As mais importantes leis foram: a Lei do Ventre Livre, declarava livres todos os filhos de escravos nascidos a partir de 1871; a Lei dos Sexagenários (1881), libertava todos os escravos com mais de 60 anos, que acabavam se marginalizando, pois não tinham condições de sobrevivência por conta própria, enquanto que o fazendeiro recebia uma indenização pela perda do escravo; a Lei Áurea, assinada em 1888, põe fim total à escravidão no Brasil. Nesta ocasião, o Governo Imperial negou-se a indenizar os fazendeiros pela perda de mais ou menos 700 mil escravos. Por isso, os fazendeiros não fizeram nada para defender a Monarquia de D. Pedro II quando, em 1889, os militares chefiados por Deodoro da Fonseca, derrubaram D. Pedro II e proclamaram a República, 3.6 A Proclamação da República No dia 15 de novembro de 1889, um movimento militar liderado pelos marechais Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto, derrubou o Imperador D. Pedro II; e proclamou a República, que é uma forma de governo onde os governantes são eleitos. Caiu o Imperador, e o Presidente da República passou a ser a figura mais importante do governo. Mas o que levou os militares e muitos fazendeiros a querer a queda da Monarquia? Os militares, desde a Guerra do Paraguai, estavam fortemente influenciados pelas idéias republicanas, pois nas Repúblicas do Uruguai, Argentina e Paraguai, os militares tinham muito mais poder que no Brasil, que era uma monarquia, onde o Exército não tinha nenhum poder. Os fazendeiros, produtores de café de São Paulo, eram os mais ricos do país, produziam a maior parte da riqueza nacional e, no entanto, não tinham participação no governo central. Daí desejaram a queda da Monarquia para ter acesso ao poder, e então defender seus interesses. As camadas médias urbanas, constituídas por estudantes, intelectuais, assalariados, pequenos empresários, eram contra uma Monarquia onde só uma minoria detinha o poder; então a população das cidades passou a defender governo republicano. Cultura Afro – Brasileira Por que os negros africanos foram trazidos para o Brasil como escravos? Apesar de a Europa estar separada da África apenas pelo mar Mediterrâneo, os povos desses dois continentes não tinham contato direto até o século XV (de 1401 até 1500). Os europeus consumiam alguns produtos da África, mas os compravam dos povos Árabes, que comercializavam diretamente com os africanos. Num determinado momento, no entanto, devido a desentendimentos comerciais entre italianos e árabes, os portugueses e os espanhóis foram forçados a buscar um novo caminho para chegar às Índias. A razão disso, é que eles não podiam mais atravessar o Mar Mediterrâneo, o qual passou a ser controlado pelos italianos e nem tão pouco seguir viagem por terra, já que os árabes passaram a controlar todo o território. Os portugueses resolveram, então, contornar a costa africana para procurar chegar às cidades orientais. E assim, comprarem os produtos que apreciavam e que lhes davam o lucro desejado. Porém, como não conheciam o tamanho do continente africano e não estavam acostumados a navegar pelo Oceano Atlântico (que é mais agitado e muito maior que o Mar Mediterrâneo), eles começaram a atracar seus navios na costa africana para descansar e, assim, foram conhecendo melhor a região. Esses lugares eram chamados de feitorias ou entrepostos comerciais. Foi nesse período que eles escravizaram os primeiros africanos e os levaram para Portugal. Não foram muitos, mas após descobrir o Brasil e começar a produzir cana-de-açúcar, e depois outras culturas, passaram a trazer cada vez mais escravos para trabalhar nas lavouras e nas demais atividades. Viagem e castigos Os negros eram aprisionados na África por comerciantes de escravos que os vendiam como se fossem mercadorias. E, na viagem para o Brasil eles eram jogados e amontoados, em condições desumanas, nos porões dos navios. Ali, eram acorrentados e sofriam com o desconforto físico e com a falta de água e comida. Durante a viagem muitos não resistiam, contraiam doenças e morriam, sendo que seus corpos eram lançados ao mar. Mas a vida aqui não era muito diferente. Nas fazendas de engenho de cana ou nas minas de ouro, a partir do século XVIII (1701-1800) partir os escravos recebiam os piores tratamentos possíveis. Eles eram mal alimentados, trabalhavam de 14 a 16 horas por dia e sofriam constantes castigos físicos por qualquer falha que cometessem. Estes eram alguns dos motivos que os levaram a fugir. Até mesmo diante de uma pequena distração no trabalho os escravos eram amarrados em um tronco de árvore e chicoteados, às vezes, até perderem os sentidos. E à noite eles eram novamente acorrentados nas senzalas (galpões escuros, úmidos, com pouca higiene) para que não fugissem. Para evitar rebeliões, os portugueses tomavam o cuidado de não colocar numa mesma fazenda muitos negros vindos de uma mesma região. Eles vendiam propositalmente lotes de escravos que não falavam a mesma língua, já que pertenciam a povos de diferentes regiões na África – como, por exemplo: nagôs, jejês, angolanos e benguelas -, justamente para dificultar contato mais próximo entre eles e evitar que se organizassem. Essa medida tinha o mesmo objetivo: diminuir as chances de os escravos se organizarem, fugirem ou se revoltarem. Negros de ganho Eram os escravos urbanos que exerciam atividades remuneradas como barbeiros, sapateiros, vendedores ambulantes, alfaiates, etc. Uma pequena parte do que ganhavam com o seu trabalho poderia ficar com eles. Muitos escravos, depois de um tempo economizando este dinheiro, compravam sua carta de alforria de seus senhores. 1. A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL A primeira Guerra Mundial foi uma das maiores guerras da humanidade, provocando a destruição e a morte de milhões de pessoas. Esta guerra começou em 1914 e acabou em 1918. Envolveu países de praticamente todos os continentes: por isso que ela foi mundial. Mas vamos ver os porquês desta guerra, as causas que levaram países como Alemanha, França, Inglaterra, Estados Unidos, Rússia, Japão, etc. a lutar entre si. 1.1 As causas da Primeira Guerra Mundial Uma das causas da I Guerra Mundial foi a rivalidade industrial entre as grandes potencias da época. A Alemanha, por exemplo, estava produzindo mais aço do que a Inglaterra ou a França, e os tecidos alemães concorriam no mundo inteiro com os tecidos ingleses. Uma vantagem que os alemães tinham é que as máquinas já haviam sido inventadas pelos ingleses; bastaria construí-las e usá-las nas suas indústrias. França e Inglaterra sentiam-se prejudicadas com esta situação. Outra causa desta Guerra foi a disputa entre as potências pelo controle de colônias. A Inglaterra e a França possuíam diversas colônias na África e Ásia, para onde exportavam seus produtos e seus capitais. E dessas colônias retiravam as matérias-primas necessárias para suas indústrias. As grandes empresas monopolistas faziam acordos entre si, para que umas não se intrometessem nos negócios das outras, assim, em colônias inglesas os franceses não se metiam e vice-versa. Mas a Alemanha começou a se intrometer: o crescimento das exportações alemãs prejudicava as exportações de outros países. Ao mesmo tempo, a Alemanha começou também a conquistar colônias na África e Ásia. Outro motivo de conflito entre os países no começo do século XX foi a disputa pelo controle da região Balcânica e Oriente Médio, entre os países em crescimento como a Alemanha, a Áustria –Hungria, a Rússia e a Sérvia. Assim, vários países queriam o controle de várias regiões. Na ânsia de garantir seus domínios e seus interesses, os países aumentavam sua produção de armas e o número de suas tropas. Nesta corrida armamentista, destacava-se a Alemanha, como país que mais investia em armamentos. Neste clima de desconfiança e concorrência, os países começaram a fazer acordos e alianças entre si. Os países aliados se comprometiam a defender um ao outro, caso um deles fosse atacado. As principais alianças foram: a TRÍPLICE ENTENTE (França, Inglaterra e Rússia) e a TRÍPLICE ALIANÇA (Alemanha, Áustria-Hungria e Itália) Este sistema de alianças, em que todos estavam comprometidos com todos, era muito perigoso, pois bastaria um pequeno conflito para que todo mundo se envolvesse, o que provocaria uma guerra mundial. Foi o que aconteceu em 1914, quando houve o assassinato do príncipe herdeiro da ÁustriaHungria, Francisco Ferdinando, gerando uma guerra entre este país e a Sérvia, o que marca o início da 1ª Guerra Mundial. 1.2 Alguns episódios importantes da 1ª Guerra Mundial Entrada dos E.U.A na guerra – em 1917, submarinos alemães atacaram barcos mercantes americanos. Este fato, mais os interesses dos banqueiros norte-americanos que tinham emprestado dinheiro à França e Inglaterra, levaram os Estados Unidos a declarar guerra à Alemanha, o que foi fundamental para a vitória dos países da Tríplice Entente. A retirada da Rússia da guerra, ocorreu também em 1917. Neste ano aconteceu uma revolução na Rússia, pela qual se instalou um Governo Socialista. O Governo Socialista assinou um acordo de paz com a Alemanha, e a Rússia, então, se retirou da guerra. A participação do Brasil na 1ª Guerra Mundial foi pequena: em 1917, o Brasil enviou uma missão médica à Europa, enviou navios que ajudaram no patrulhamento do mar mediterrâneo e oficiais do exército para lutar na Europa. Nossa participação foi ao lado da Inglaterra, França e E.U.A. 1.3 As consequências da 1ª Guerra Mundial A guerra acabou em 1918 com a derrota da Alemanha e de seus aliados (ÁustriaHungria, Turquia e Bulgária). A Itália começou ao lado da Alemanha e depois passou a apoiar o outro lado. Os vencedores foram os chamados “aliados”: França, Inglaterra, E.U.A., Japão, Portugal, Romênia, Grécia e Brasil. Para a Alemanha, a guerra teve como consequências: a perda de grande parte do seu território; proibida de ter indústrias de armas e exército com mais de 100 mil soldados; obrigada a pagar todos os prejuízos causados pela guerra. Com tudo isso, a Alemanha ficou arruinada, sem riquezas e sem força militar. Afinal, segundo a opinião dos países vencedores, a Alemanha era a grande culpada pela guerra. Estas imposições feitas à Alemanha pelos vencedores, criou entre o povo, as condições que facilitaram a subida ao poder do ditador nazista Adolf Hitler, e o desejo de revanche que acabou provocando a 2ª Guerra Mundial, a partir de 1939. Na Europa em geral, a guerra provocou a destruição de indústrias, plantações, casas, a morte de cerca de 13 milhões de soldados, além dos civis; provocou ainda, doenças, desemprego e fome. O mapa europeu também sofreu modificações. De parte do território dos países vencidos, surgiram novas nações independentes como, por exemplo: Polônia, Tchecoslováquia, Iugoslávia, Hungria, Estônia, Letônia, Lituania. Na Rússia, os problemas gerados pela grande guerra facilitaram a eclosão de uma revolução que instalou o sistema socialista no país. A Inglaterra e a França, embora vencedoras, saíram enfraquecidas da guerra e endividadas com os norte- americanos. Os Estados Unidos não chegaram a sofrer nenhuma invasão em seu território e começaram a tornar-se um dos países mais ricos do mundo, enfim, uma grande potencia, posição que vai ser reforçada com a 2ª Guerra Mundial. Para o Brasil, uma consequência da 1ª Guerra Mundial, foi o desenvolvimento da nossa indústria. Para encerrar, cabe lembrar que, o tratado de paz marca o fim da guerra de 1914 a 1918, foi o Tratado de Versalhes, assinado em 1919. 2. O PERÍODO ENTRE-GUERRAS (1919 – 1939) Período compreendido entre o final da 1ª Guerra Mundial (1918) e o início da 2ª Guerra Mundial (1939). Neste período, estão alguns dos mais importantes acontecimentos: a Revolução Russa, o Fascismo e o Nazismo. 2.1 A Revolução Russa Em 1917, ocorreu, na Rússia, a 1ª revolução socialista da História. Mas, por que o povo russo resolveu derrubar o governo? Que causas levaram o povo à revolta? 2.2 As causas da Revolução Russa O governo russo era uma monarquia absoluta, ou seja, o CZAR (o rei) governava sozinho, sem admitir a participação do povo. As classes privilegiadas que apoiavam o governo absolutista era a nobreza, proprietária de terras, a burguesia comercial e industrial e os cossacos (guarda especial). A maioria da população russa era constituída de lavradores e operários que viviam em condições miseráveis. Estes trabalhadores viviam descontentes com suas condições de vida. Este descontentamento aumentou com a entrada da Rússia na 1ª Guerra Mundial. Toda a indústria produzia armamentos, enquanto nas lojas faltava até pão, os preços subiam e os salários eram baixos. O povo começou a se revoltar exigindo aumentos salariais, o fim da carestia e da guerra, e a queda do governo. Com o apoio de boa parte do exército, em 1917 foi derrubada a monarquia russa, o Czar foi deposto e o Partido Bolchevique (comunista) tomou o poder. 2.3 Construindo a Sociedade Comunista Com os bolcheviques (comunistas) no poder, liderados por LENIN e TROTSKY, começou uma série de reformas que tornaram a Rússia o 1° país da História a por em prática ideias de Marx. MARX e ENGELS são dois grandes pensadores que criaram o conjunto de ideias que formam a teoria comunista – Mas vamos ver quais as principais reformas feitas pelos comunistas. As terras das grandes fazendas foram distribuídas entre os lavradores. As fábricas passaram a ser propriedade do governo. Em cada fábrica os operários se organizaram para dirigir a produção. A Rússia passou a se chamar UNIÃO DAS REPÚBLICAS SOCIALISTAS SOVIÉTICAS (URSS) ou União Soviética (1922). No plano externo, o novo governo fez um acordo de paz com a Alemanha, e a Rússia se retirou da 1ª Guerra Mundial. Com o tempo, o verdadeiro poder na União Soviética, passou a ser o único partido: o PARTIDO COMUNISTA. O Partido Comunista conseguiu controlar todo o país, eliminando as divergências de opiniões, impondo suas idéias. A União Soviética tornou-se um dos países mais poderosos do mundo. Mas este poder era apenas aparente pois, ultimamente a sociedade socialista não conseguia dar ao povo um modo de vida confortável – era uma sociedade burocrática e repressiva. Era uma sociedade onde os privilégios dos figurões do partido comunista faziam-se sentir com grande intensidade. As filas para conseguir os produtos do dia-a-dia, como leite, sabonete eram uma constante. Enfim, a sociedade “comunista” estava longe de ser o paraíso pintado para o mundo. No final dos anos 1980 e início dos 1990 a URSS mergulhou em profundas e crescentes crises que produziram o fim de sua hegemonia sobre o leste europeu e o seu desaparecimento em 1991. Neste período deu-se também o fim da tradicional confrontação leste-oeste, encerrando a Guerra Fria e iniciando uma nova ordem mundial. Esta nova ordem foi desencadeada a partir do governo de Mikhail Gorbatchev. O regime burocrático soviético O regime soviético se caracterizava pelo controle absoluto da economia, pelo Estado.As decisões sobre as áreas que deveriam receber investimentos eram tomadas pelos burocratas do Partido Comunista, um grupo pequeno de dirigentes que controlava o aparelho do Estado. Esse grupo seleto tinha privilégios que lhe garantiam uma vida bem mais cômoda do que a oferecida à maior parte dos cidadãos. Eles podiam obter, em armazéns oficiais, produtos de consumo importados do Ocidente, além de viver em residências mais confortáveis. A extrema centralização não existia somente na área econômica, mas também na esfera política. A população não podia eleger seus representantes políticos, e apenas o Partido Comunista tinha permissão para funcionar. Não havia liberdade de imprensa, e qualquer oposição era proibida. 2.4 O Fascismo Tipo de governo ditatorial que vigorou na Itália entre 1922 e 1945; seu grande líder e chefe foi Benito Mussolini. A Itália saiu da 1ª guerra com uma série de problemas como desemprego, miséria, fome, destruição, falência de empresas, etc. Como o governo liberal da época não estava conseguindo resolver estes problemas, boa parte do povo italiano acabou apoiando o Partido Fascista, que pregava a necessidade de um governo forte para resolver a crise econômica. Características do Fascismo Totalitarismo: ditadura do Estado; o Estado Total; o Estado controla tudo: a educação, a imprensa, a economia, a vida pessoal de cada um. Não tem Congresso, nem eleições, nem liberdade de expressão. Unipartidarismo: só era permitido um partido político: o Partido Fascista. Anti-comunismo: como o Fascismo é apoiado principalmente pelas elites, pelos ricos, o Fascismo é totalmente contra o Comunismo, pois os ricos perdem suas riquezas e privilégios. Nacionalismo: a idéia de que a Itália deveria ser uma grande nação, uma potência. A política militarista e agressiva de Mussolini e os Fascistas, juntamente com os nazistas da Alemanha, são fatores que ajudaram na eclosão da 2ª Guerra Mundial, em 1939. 2.5 O Nazismo A ditadura nazista vigorou na Alemanha de 1933 e 1945, chefiada por Adolf Hitler. Como a Itália, a Alemanha também saiu da 1ª Guerra Mundial arruinada, com muito desemprego, miséria e fome. Esta situação ficou pior ainda com a grande crise de 1929. Foi nesta situação que surgiu o PARTIDO NAZISTA. Aos capitalistas, o Partido Nazista afirmava que o perigo dos Comunistas tomarem o poder, só seria afastado com a criação de um governo forte. E o Partido Nazista é que poderia organizar um governo forte que combateria os comunistas. Para os trabalhadores, os nazistas diziam que o Capitalismo deveria ser combatido, porque os capitalistas só pensavam em seus lucros, não se importando com a miséria do povo. Para a população alemã em geral, diziam que a Alemanha tinha que se recuperar das humilhações e perdas sofridas na 1ª Guerra Mundial. Este revanchismo alemão foi causa importante da 2ª Guerra Mundial. Características do Nazismo As características do Nazismo são mais ou menos as mesmas que você já viu no Fascismo: Totalitarismo, Unipartidarismo, Anti-comunismo, Nacionalismo. Além dessas, outra característica do nazismo é: a ideia da superioridade racial e o antisemitismo ou anti-judaísmo. Superioridade racial: segundo o Partido Nazista, os homens se dividiam em raças superior e inferior. A raça superior deveria dominar o mundo e ser servida pela raça inferior. A raça superior era formada pelos alemães e a inferior por outros povos, como os negros, os mestiços, e principalmente os judeus. O Anti-judaísmo: para o Nazismo, os judeus eram os piores inimigos da Alemanha. Assim, milhões de judeus, bem como milhões de comunistas, foram exterminados, pelo governo nazista de Hitler. Em 1945, com o final da 2ª Guerra Mundial e a derrota da Alemanha, os nazistas caíram do poder, Hitler morreu e vários criminosos de guerra nazista foram condenados. Por incrível que pareça, atualmente ainda existem neo-nazistas pelo mundo. 3. A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL (1939 – 1945) A 2ª Guerra Mundial iniciou em 1939, com a Alemanha Nazista invadindo a Polônia, e acabou em 1945 quando os Estados Unidos usaram, pela primeira vez na História, a bomba atômica, sobre duas cidades japonesas: Hiroshima e Nagasaki. 3.1 A Guerra Na Alemanha, o governo nazista de Adolf Hitler incentivava a indústria de armas, aumentava suas tropas e começou a invadir territórios vizinhos. Primeiro, ocupou a Áustria e a Tchecoslováquia. Depois, em 1939, invadiu a Polônia. Com a invasão da Polônia, a Inglaterra resolveu acabar com a expansão da Alemanha e declarou-lhe guerra. Imediatamente a França também declarou com medo do avanço alemão. A estas alturas, a Itália fascista de Mussolini estava conquistando o norte da África e o Japão criava colônias em regiões da China e da Coréia. De um lado, estava a Inglaterra e a França. Do outro, o “EIXO”, nome que recebeu a aliança formada pela Itália, Alemanha e Japão. (RO-BER-TO). Com o correr da guerra, o exército alemão continuou invadindo outros países, inclusive a França. O Nazismo se espalhava pela Europa, instalando governos ditatoriais, perseguindo e matando judeus e comunistas. Faltavam 2 grandes inimigos: a União Soviética e os Estados Unidos. Afinal, a Alemanha nazista queria dominar o mundo. Em 1941, os soldados alemães começaram a invadir a União Soviética. Foi a partir deste momento que começou a derrota da Alemanha, que acabou sendo invadida pelos soviéticos. Os Estados Unidos disputaram o controle do Oceano Pacífico com os japoneses e ajudavam a França, a Inglaterra e a União Soviética contra os alemães e italianos. Em 1945, acabada a guerra, saiam como vencedores principais os Estados Unidos, a União Soviética, a França e a Inglaterra. E como perdedores a Itália, a Alemanha e o Japão. 3.2 O Brasil na 2ª Guerra Mundial O Brasil nesta época era governado pelo ditador Getúlio Vargas. Getúlio fez um acordo com os norte-americanos, permitindo-lhes que instalassem bases militares no Norte e Nordeste do Brasil. O Brasil ajudou também no patrulhamento do Oceano Atlântico para controlar os navios alemães. Quase no final da guerra, tropas brasileiras lutaram na Itália para ajudar os americanos a expulsarem os alemães do território italiano (FEB). 4. O MUNDO APÓS A 2ª GUERRA MUNDIAL 4.1 A ONU Acabada a 2ª guerra, em 1945, as grandes potências da época, como a França, a Inglaterra, os Estados Unidos e a União Soviética, lideraram a criação da ONU – Organização das Nações Unidas. A ONU, organização internacional que reúne quase todos os países do mundo foi criada para encontrar uma forma de bom relacionamento entre as nações e, assim, evitar novas guerras. A ONU deve esforçar-se por fazer os países respeitarem as liberdades, garantirem a melhoria das condições de vida e cumprir os acordos firmados entre os países. Assim, a paz estaria garantida. 4.2 A divisão da Alemanha Com o fim da guerra, a Alemanha derrotada, ficou ocupado, por tropas dos Estados Unidos, da França, da Inglaterra e da União Soviética. Todos concordavam com que a Alemanha não poderia mais ter um governo nazista. Decidiram então pela divisão da Alemanha: uma parte ficou sob influência dos Estados Unidos, França e Inglaterra, com o sistema capitalista foi a chamada Alemanha Ocidental; e a Alemanha Oriental, com sistema socialista sob influência da União Soviética. Esta divisão da Alemanha persistiu até recentemente (1990) quando então se deu a reunificação das duas Alemanhas, como parte das transformações pelas quais passou o mundo socialista. 4.3 Novos países socialistas Durante a guerra, na luta contra o Nazismo, os partidos comunistas muito se fortaleceram em vários países. Com a ajuda da União Soviética, estes partidos foram tomando o poder dando origem a novos países socialistas, como Albânia, Bulgária, Hungria, Tchecoslováquia, Iugoslávia, Polônia e Romênia. Estes países juntamente com a União Soviética, formavam até recentemente o BLOCO SOCIALISTA. 4.4 Os Estados Unidos após a 2ª Guerra Temendo pelo avanço dos comunistas, os Estados Unidos resolveram exportar grandes somas de capitais dólares, para os países arruinados pela guerra – principalmente para a França, a Itália e a Alemanha (Plano Mashall). Com isso, os americanos garantiam seu poder e influência sobre os países capitalistas, enfim, sua liderança no BLOCO CAPITALISTA. Os Estados Unidos foram quem mais lucraram com a 2ª Guerra Mundial, saindo como país mais rico, mais forte e mais importante do mundo capitalista. 4.5 A libertação das Colônias Como você viu nas causas da 1º Guerra, o continente africano e parte do asiático, haviam sido colonizados pelos países europeus. Os países europeus eram as metrópoles – Inglaterra, França, Alemanha, etc. – enfraqueceram-se, favorecendo o crescimento dos movimentos pela independência das colônias. A ONU por sua vez, afirmava que cada povo tinha o direito de ter um governo próprio, o que muito favoreceu o sentimento de libertação. Assim, aos poucos, pacificamente ou através de violentas guerras, todas as áreas africanas e asiáticas colonizadas pelas metrópoles européias, foram se libertando e formando países independentes. 4.6 A Guerra Fria Na disputa por áreas de influências e controle, de acordo com seus interesses, Estados Unidos e União Soviética, após a 2ª Guerra, passaram a produzir uma grande quantidade de armamentos. Tudo isso criou uma situação parecida com a guerra: tropas concentradas em várias partes do mundo, e armas e mais armas. Só que as armas não eram disparadas nem os soldados marchavam. Por isso deu-se a esta situação o nome de GUERRA FRIA. Mas nem sempre a guerra foi tão “fria”. Foi o caso da Guerra da Coréia e da Guerra do Vietnã. Os comunistas destes países eram ajudados pela União Soviética e os anti-comunistas pelos Estados Unidos. Tanto Estados Unidos quanto União Soviética, queriam o controle sobre estes países. O Vietnã, depois da década de guerra, tornou-se um país independente e socialista, a partir de 1976. A Coréia até hoje continua dividida entre Coréia do Norte (Socialista) e Coréia do Sul (Capitalista). AS TRANSFORMAÇÕES DO “BLOCO SOCIALISTA” As reformas de Gorbatchev Em 1984, com a eleição de Mikhail Gorbatchev para a secretaria geral do Partido Comunista, o regime burocrático da União Soviética começou a desmantelar. O novo líder soviético iniciou um ousado programa de reformas econômicas e políticas, conhecidas como perestroika (reestruturação da economia) e glasnost (transparência). Perestroika – Concedeu-se maior liberdade de ação às empresas, autorizando-as a fixar os salários dos empregados e a concorrer com outras empresas no mercado. As pequenas empresas privadas foram legalizadas. Glasnost – As reformas políticas levaram à realização de eleições diretas, liberaram a imprensa para fazer críticas ao governo e permitiram que as pessoas pudessem sair do país. Pela primeira vez, desde a época de Stalin, os soviéticos puderam debater publicamente sobre a situação geral do país. As reformas de Gorbatchev foram bem recebidas no Ocidente. Internamente, porém, elas geraram muitafs críticas, tanto dos setores ligados à antiga estrutura burocrática. Temerosos em perder seus privilégios, como dos grupos pró-capitalistas, que exigiam mais rapidez nas mudanças. O fim da União Soviética Em agosto de 1991, membros ultraconservadores do alto escalão do Partido Comunista tentaram dar um golpe de estado para depor Gorbatchev. Sob a liderança de Boris Yeltsin, presidente da Federação Russa, a população reagiu e derrotou os golpistas. Gorbatchev retornou ao poder, mas Yeltsin tinha se tornado o homem forte do país. As condições de vida da população pioravam a cada dia, principalmente pela escassez de gêneros básicos, que a obrigava a recorrer ao mercado negro onde os produtos eram bem mais caros. A crise política e econômica intensificou os movimentos nacionalistas nas repúblicas. O fim da União Soviética e a criação da Comunidade dos Estados Independentes (CEI). A extinção da União Soviética encerrou uma fase da história marcada pela rivalidade entre o socialismo e o capitalismo. Desmantelado o seu principal adversário, os Estados Unidos podiam desfrutar sozinhos, do título de maior potência econômica e militar do planeta. O fim da Guerra Fria nos leva crer que diminuirá bastante a fabricação de armas em geral, inclusive nucleares. Uma conseqüência concreta do fim da Guerra Fria, a reunificação da Alemanha ocorrida em 1990. Da Crise Da Monarquia À Instituição Da República A partir de 1870, a política conciliadora de D. Pedro II entrou em um processo de crise. Dentre os vários fatores que contribuíram para isso, destacam-se a criação do Partido Republicano, em 1870, fundado por cafeicultores paulistas, e os desentendimentos entre o rei e membros do Alto Clero e do alto escalão do Exército. O movimento republicano, inicialmente restrito a São Paulo, se expandiu para outras capitanias e cidades brasileiras,tornando-se uma tendência crescente. Esse movimento só encontrou simpatizante porque outros setores da sociedade estavam descontentes com o governo imperial, entre eles, senhores de escravizados (que se sentiram prejudicados com a abolição promulgada em 1888) e setores urbanos, como profissionais liberais, que não se sentiam representados pelo governo de D. Pedro II. Entre os fatores que culminaram na crise do Estado Imperial, estão os desentendimentos entre o governo e altos oficiais do exército, que saiu fortalecido com a vitória na Guerra do Paraguai e exigia maior participação política (a chamada Questão Militar). A não aceitação de parte do Alto Clero católico da submissão da Igreja ao Estado, vigente desde a Constituição de 1824, ocasionaria outra crise: a chamada Questão Religiosa. O movimento republicano Ao longo da década de 1870, o ideal republicano foi ganhando adeptos entre membros do Exército, insatisfeitos com o modo pelo qual o Imperador vinha tratando a Instituição. Também nessa década, partidos republicanos começaram a surgir nas províncias do Império; o mais significativo e atuante foi o partido Republicano Paulista (PRP), composto, sobretudo, por representantes da elite cafeeira. Duas tendências foram, lentamente, se afirmando entre esses partidos: Revolucionária: pleiteava a chegada ao poder por meio de uma revolução popular. Entre seus principais líderes, estava Silva Jardim. Evolucionista: acreditavam que o Partido Republicano deveria chegar ao poder por meio de eleições. O principal líder era Quintino Bocaiúva. A pressão pelo fim do Império foi ganhando espaço nos principais centros urbanos, e, a essa altura, os republicanos mais radicais já alardeavam a tomada de poder por meio de uma revolução popular. Temerosa quanto aos rumos que o movimento poderia tomar se fosse conduzido pelo povo, a elite cafeeira associou-se aos setores do exército que também queriam o fim do Império, entre eles, o Marechal Deodoro da Fonseca, que assumiu a função de líder do movimento. Boatos sobre a suposta prisão de Deodoro e de Benjamin Constant (outro importante expoente republicano) serviram de pretexto para a deflagração de um levante militar que teve a cidade do Rio de Janeiro como centro, em 14 de novembro de 1889. No dia seguinte, lideranças militares marcharam pela capital anunciando a Proclamação da República, No entanto, para muitas pessoas, aquela movimentação parecia uma parada militar, pois o movimento não partiu da iniciativa popular, e sim de representantes políticos de determinados interesses e setores da população. D. Pedro II foi avisado de que a monarquia caíra e sua família devia se retirar do Brasil. A transição de um governo monárquico para o regime republicano foi, como visto, realizada por setores da sociedade que não envolviam as camadas populares. A legitimidade do novo regime, então, foi "construída", como você vê a seguir: Mas a maré de mudanças não se restringiu aos nomes e formalidades. [...] Era preciso reescrever a história do país, criar uma nova memória, que encontrasse agora motivos republicanos. [...] . Outros símbolos nacionais, como a bandeira e o hino, seriam [...] rapidamente modificados. O hino conservou a melodia imperial a bandeira manteve as cores dos' Bragança e Habsburgo, mudando-se, porém, a explicação das mesmas. [...] Além disso, enquanto o indígena foi o símbolo dileto durante o Império para a exaltação e para a crítica, a partir da República é a representação da mulher heroica, numa evidente alusão à alegoria francesa, que ganha à cena. Nos anúncios de produtos, nas imagens oficiais e até na pena crítica das revistas ilustradas é agora a figura feminina que representa a República. Aí estava, sem dúvida, uma seleção um pouco artificial em um ambiente em que as mulheres mal e mal eram vistas na paisagem pública. Para as senhoras da elite era reservado o primado dos salões e dos bailes, ou o famoso “reinado do lar”. O mundo da política e da participação era ainda um privilégio bem guardado dos “cavalheiros”. A primeira fase da República brasileira é também conhecida como República dos Marechais ou República da Espada, pois, nos seis primeiros anos do regime, o poder esteve nas mãos do Exército. Embasados pelos ideais do positivismo, teoria de origem francesa, defendiam um governo republicano forte, centralizado e concentrado na figura do governante, pois só assim, segundo acreditavam, o país atingiria o progresso técnico e científico que o tornaria uma potência econômica. Eram partidários do lema positivista de que só a ordem traria o progresso, lema, aliás, que até hoje estampa o centro da bandeira do Brasil. A constituição republicana e a exclusão da maioria A Proclamação da República trouxe a necessidade de uma nova constituição. Com esse propósito, reuniu-se uma Assembleia Nacional Constituinte e, em 1891, foi promulgada a primeira constituição republicana do Brasil. Essa constituição estabelecia o Estado laico, ou seja, a separação entre Igreja e Estado. Instituía também o voto para maiores de 21 anos, independentemente de renda, no entanto, isso não significou a extensão da participação política para a maioria da população, conforme mostra o trecho a seguir. Na tentativa de acalmar os ânimos dos produtores e incentivar o desenvolvimento industrial do país, o Ministro da Fazenda, Rui Barbosa, instituiu o aumento de 75% da emissão do papel moeda vigentes e autorizou a liberação de empréstimos para grandes produtores rurais e empresários que se comprometessem a abrir indústrias. No entanto, com tanto dinheiro circulando, houve quem preferisse investi-lo em ações de Bolsas de Valores. Fazendeiros e industriais acabaram se endividando e o resultado foi uma grave crise econômica seguida de inflação de mais de 300%, conhecida como crise do encilhamento. Essa crise tornou o mandato de Deodoro (eleito presidente pela Assembleia) ainda mais indesejável entre a elite cafeeira. Em virtude de desentendimentos com o Parlamento, o presidente decretou estado de sítio e dissolveu o congresso. Parlamentares ligados aos cafeicultores paulistas redigiram um manifesto de protesto e Deodoro foi obrigado a renunciar em 1891. Seu vice, Marechal Floriano Peixoto, assumiu o poder terminando seu mandato em 1894. Sob o curto mandato de Floriano Peixoto eclodiu a Revolta Armada, no Rio de Janeiro, episódio em que almirantes da Marinha rebelaram-se contra o governo e mantiveram a capital, o Rio de Janeiro, sob a mira de canhões e bombardeios por vários dias. Floriano enfrentou também a Revolução Federalista no Rio Grande do Sul, além do inicio do movimento de Canudos, no Sertão Nordestino. A dura repressão a esses movimentos valeu ao presidente o titulo de Marechal de Ferro. Em 1894, com a eleição do primeiro presidente civil, o paulista Prudente de Morais, começava um novo período da historia política do Brasil: a chamada Republica do café com leite. Crise do encilhamento: o barulho e a agitação dos especuladores que apostavam títulos na Bolsa de Valores se assemelhavam ao barulho característico do encilhamento de cavalos de corrida, daí o nome da crise. Bolsa de Valores: instituição financeira em que são vendidas e compradas cotas (ações) de empresas. As ações são movimentadas por corretoras mediante títulos que equivalem às cotas. Estado de Sítio: estado de exceção em que são suspensos os direitos dos cidadãos e o poder Executivo governa com plenos poderes, submetendo o Judiciário e o Legislativo. Sedição de Juazeiro e o Padre Cícero (1897 – 1934) Na cidade de Juazeiro, no sul do Ceará, existiu também um chefe religioso, o Padre Cícero. Considerado santo pelos sertanejos, ganhou grande prestígio político por ter conseguido acabar com as lutas sangrentas entre os chefes daquela região. Como ocorreu nos movimentos narrados anteriormente, o Governo Federal (preocupado com o poder do Padre Cícero), enviou forças militares com a intenção de por fim ao prestígio do Padre Cícero. O comandante, porém, notando a grande influência do padre sobre a população, usou de uma política diferente. Achou mais conveniente indicar para a presidência do Estado um outro presidente, que agradasse ao Padre Cícero, cujo poder continuou a predominar na região até a sua morte, em 1934. Até hoje Padim Ciço (como é chamado pelos sertanejos) é venerado como santo pelo povo do sertão nordestino. Política dos Governadores, Política do Café-Com-Leite Durante a Primeira República só podiam votar pessoas do sexo masculino que tivessem mais de 21 anos de idade e fossem alfabetizados. Esses brasileiros privilegiados que podiam votar eram apenas 3% da população. Portanto, a grande maioria da população não tinha direito ao voto. Além disso, a maior parte dos presidentes desta época eram de São Paulo – fazendeiros do café – e de Minas Gerais – produtores de leite e derivados. Os grandes fazendeiros que dominavam a política fizeram um acordo entre eles: mineiros e paulistas se revezariam na Presidência da República. Este acordo ficou conhecido como Política do café-com-leite. Coube ao Presidente Campos Sales (1989 – 1902) oficializar o poderio de paulistas e mineiros ao elaborar sua Política dos Governadores ou Política dos Estados, como ele chamou. Os fazendeiros que apoiassem as medidas do Governo Federal teriam o apoio do Presidente. Isso veio a fortalecer ainda mais os estados de São Paulo e Minas Gerais que já eram os mais ricos e mais populosos e dominavam a política nacional. Mas não havia eleições? Sim, só que eram uma farsa. Eram feitas, apenas, para que houvesse uma aparência de legitimidade. O governo lançava os candidatos, e estes se saiam vitoriosos; todos eram eleitos graças ao fraudulento processo eleitoral. O Coronelismo Ainda durante o Império a Guarda Nacional concedia, aos grandes proprietários de terra, o título de coronel. Estes coronéis vão adquirir grande poder durante a República, não apenas em suas fazendas, como em todo o município. Eram eles que mandavam em tudo e em todos: no advogado, no padre, no professor, nas pessoas que trabalhavam em suas fazendas. Em troca de alguns favores (emprego, dinheiro emprestado, cuidados médicos, etc.) todas as suas ordens e exigências eram fielmente obedecidas. Este fenômeno é conhecido como coronelismo. As eleições demonstravam claramente o poder do coronel. O candidato apoiado por ele sempre saia vencedor. Como o voto nesta época não era secreto, o coronel sabia quem não tinha votado de acordo com suas ordens. Essas pessoas sofriam pesadas punições. Por isso o voto da República Velha é conhecido como voto de cabresto. Além disso, era muito comum as fraudes (falsificações): alguns eleitores votavam várias vezes: colocavam nas listas de eleitores pessoas já falecidas, acrescentavam votos a certos candidatos, etc. Como você pode perceber, quem detinha o poder eram os ricos fazendeiros, especialmente os de São Paulo e Minas Gerais, – os coronéis. Assim os seus interesses eram priorizados, em detrimento da população em geral. A Economia da República Velha Agora você já estudou como o Brasil foi governado durante a República Velha, vai conhecer sobre as riquezas econômicas que sustentavam o país. O Café Durante a República Velha a agricultura continuou sendo a nossa principal atividade econômica. E o café, que se destinava à exportação, era o principal produto agrícola do Brasil. Ainda, durante o Império, a lavoura cafeeira desenvolveu-se rapidamente, nos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e, principalmente São Paulo. São Paulo e Rio de Janeiro se transformaram nos principais centros econômicos do país. Quando chegou a República, o Brasil já era o maior produtor mundial de café. A Borracha De 1870 até 1910, o Brasil foi também o maior produtor mundial de borracha. Sua exportação era feria no Pará, no Amazonas e no Acre. O Brasil era, então, o único produtor dessa matériaprima, cuja procura era grande devido ao aparecimento dos automóveis e dos pneumáticos. Podíamos impor os preços, já que não havia concorrentes. Esta época foi chamada A Era da Borracha. Mas os ingleses desenvolveram grandes plantações de seringueiras (árvore de onde se extrai a borracha) na Ásia, e elas passaram a fazer concorrência aos seringais nativos do Brasil. A Indústria A República Velha não foi favorável à indústria, isto porque governo era regido por grupos poderosos, ligados a lavoura. Como eles não tinham interesse em proteger a indústria nacional, entravam no país produtos estrangeiros desincentivando a produção nacional. Mesmo assim algumas condições tornaram possível o aumento das indústrias no Brasil: ∙Grande número de imigrantes, muitos dos quais eram operários; ∙A riqueza criada pela cultura do café propiciou o desenvolvimento de um mercado interno, ou seja, os brasileiros passaram a comprar mais, portanto, as indústrias tinham de produzir mais; ∙Aproveitamento de algodão para a indústria de tecidos; ∙Existência de mão-de-obra barata – grande número de trabalhadores que recebiam baixos salários. As principais indústrias fabricavam tecidos, alimentos, produtos químicos, artigos de couro, madeira, metal, etc. A Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918) favoreceu a indústria brasileira. Como? Com a guerra vários países europeus deixaram de fornecer certos produtos que o Brasil vinha comprando, surgiu então a necessidade desses produtos serem fabricados aqui. Como consequência disso, novas indústrias surgiram em vários pontos do país. Imigrantes Uma das realizações mais importantes da Primeira República foi o incremento da imigração. Com apoio e fiscalização do governo, foram criadas companhias que se encarregavam de organizar a vinda de europeus para o Brasil. Cerca de quatro milhões de imigrantes entraram no Brasil durante a República Velha. A maioria destes imigrantes eram italianos, que se dirigiam, principalmente, para São Paulo, onde hoje seus descendentes formam boa parte da população. Em seguida vieram os portugueses, numerosos espanhóis, japoneses, sírio-libaneses, alemães, poloneses, lituanos, russos, húngaros e outros. Esses elementos fixaram-se, de preferência, nos estados do Sul do Brasil, onde melhor se adaptaram ao clima e às condições de vida. Os imigrantes tiveram um papel muito importante na formação do Brasil. Com sua ajuda, técnicas, conhecimentos e trabalho foram abertos os caminhos, principalmente no Rio Grande do Sul e São Paulo, para grandes indústrias metalúrgicas, vinícolas, de fundição e tecelagem, e ainda o crescimento da agricultura e do comércio. Veja alguns exemplos: os japoneses nos trouxeram suas artes marciais (judô, caratê, etc.), suas técnicas agrícolas; os italianos nos legaram diversos hábitos como o consumo de diversos tipos de massas, pizzas, vinhos, polenta, etc.; os alemães influíram também na culinária, na arte, na religião, nos tipos de habitação, nas construções (enxaimel), na educação. O Tenentismo Tenentismo foi o nome dado aos movimentos revolucionários ocorridos entre 1922 e 1930, liderados por jovens oficiais das Forças Armadas. Mas como surgiu o tenentismo? Os militares, principalmente a oficialidade – cadetes, tenentes e capitães – não estavam contentes com o governo. Não suportavam mais defender um governo que fraudava as eleições, que tinha um sistema eleitoral controlado pelos “coronéis”, etc., tudo isto fez com que os jovens militares pensassem em usar as armas para mudar a situação política do país. E foi o que fizeram. Vejamos quais foram esses movimentos. 1. Revolta do Forte de Copacabana (1922) Durante o governo de Epitácio Pessoa, os oficiais que serviam na Escola Militar e no Forte de Copacabana pegaram em armas para derrubar o governo. A reação contra eles foi enérgica e os revoltosos foram massacrados. 2. A Revolução de 1924 (1924) No governo de Artur Bernardes, aumentou ainda mais a revolta contra as velhas e corruptas oligarquias (governo de poucas pessoas, pertencentes ao mesmo partido, classe ou família). Em São Paulo, no dia 5 de julho de 1924 (exatamente dois anos após a Revolução do Forte de Copacabana), os jovens oficiais revoltosos, comandados pelo General Isidoro Dias Lopes, ocuparam a cidade durante 23 dias. Seus quartéis foram bombardeados pelas tropas legalistas (favoráveis ao governo) e os revoltosos retiraram-se para o Paraná, onde se uniram a outro grupo de oficiais vindos do sul – a Coluna Prestes. 3.A Coluna Prestes (1924 – 1926) A Coluna Prestes foi à terceira revolta tenentista. Tratava-se de uma coluna de guerrilheira que partiu do Rio Grande do Sul, em 1924, liderada pelo então capitão Luis Carlos Prestes. Durante dois anos e meio essa coluna percorreu o interior do país com o objetivo de obter o apoio do povo para derrubar o governo. No final, a Coluna retirou-se para a Bolívia, o Paraguai e a Argentina, onde alguns de seus membros se exilaram. Nessa marcha pelo Brasil os tenentes viram a miséria e a explosão que sofria o povo brasileiro e, convictos, apoiaram a Revolução de 1930. Mas Luis Carlos Prestes achava que a simples mudança do governo – a saída dos fazendeiros de São Paulo e Minas Gerais para a entrada de outros – não resolvia o problema do povo que precisava de terra, trabalho, educação e saúde. Por isso Prestes não apoiou a Revolução de 1930. Mais tarde ingressou no Partido Comunista, do qual foi secretário-geral de 1943 a1980. Como você viu, os que mais se beneficiaram dos governos da Primeira República foram os fazendeiros, principalmente os do café. O governo garantia o preço do café, utilizando para isso o dinheiro dos impostos, pagos por toda a população. Havia, portanto, uma transferência de recursos da maioria da população para uma minoria – os fazendeiros do café. Grande parte da população estava descontente com o governo: os trabalhadores, classe média, os industriais, os militares e até mesmo os fazendeiros de outros estados, fora do eixo São Paulo e Minas Gerais. Neste clima de insatisfação, vai acontecer um movimento que dará novos rumos a História do Brasil – a Revolução de 1930. A REVOLUÇÃO DE 1930 O ano de 1930 foi muito importante a História da República brasileira. A revolução trouxe grandes modificações políticas, pôs fim a República Velha e iniciou uma nova fase, dominada pela figura de Getulio Vargas. Quais as razões desta revolução? Existem, principalmente, razões políticas (insatisfação com o domínio de mineiros e paulistas demonstrada através das revoltas tenentistas) e razões econômicas: a crise do café. Com a crise mundial de 1929, o mundo inteiro parou de comprar nosso café. A situação era de descontentamento em quase todos os segmentos da sociedade republicana. E é nesta atmosfera crítica que acontecem as eleições para Presidente da República. Havia o revezamento de mineiros e paulistas na presidência e Antonio Carlos de Andrada (governador mineiro) esperava que o seu nome fosse indicado para candidato já que o atual presidente era o paulista Washington Luis. Porém, o nome é de outro paulista: Júlio Prestes. Foi quebrada a política do café-com-leite. Antonio Carlos une-se, então, a Getúlio Vargas (Rio Grande do Sul) e João Pessoa (Paraíba) formando-se a Aliança Liberal que apresenta o nome de Getúlio Vargas para a chapa de oposição. Nas eleições, fraudulentas como sempre, a vitória é de Júlio Prestes. Outro fato vem agravar os acontecimentos. João Pessoa é assassinado, causando grande comoção. Júlio Prestes, que fora “eleito”, não pode ocupar o cargo e Vargas assume o poder. Inicia assim a “Era de Getúlio Vargas”. A ERA DE GETÚLIO VARGAS OU SEGUNDA REPÚBLICA (1930 – 1945) Esta fase da República pode ser subdividida em três períodos: 3º. O Governo Provisório (1930 – 1934) 3º. O Governo Constitucional (1934 – 1937) 3º. O Estado Novo (1937 – 1945) 1º. O Governo Provisório (1930 – 1934) Getúlio Vargas, com plenos poderes, governou o Brasil sem seguir a Constituição. Nomeou, imediatamente, os seus ministros, dissolveu o Congresso Nacional, as Assembléias Legislativas Estaduais e as Câmaras Municipais. Em seguida, criou dois novos ministérios: o da Educação e Saúde Pública e do Trabalho, Indústria e Comércio. Os governadores foram afastados de seus cargos e substituídos pelos interventores (políticos de confiança nomeados por Getúlio). Durante os anos iniciais o governo, presidido por Vargas, enfrentou vários problemas. Em São Paulo ocorreu a Revolução Constitucionalista de 1932 e em outros Estados, também, houve movimento de revolta. A Revolução Constitucionalista de 1932 Os paulistas, juntamente com os mineiros, dominavam a política durante a República Velha. Com a Revolução de 1930 estes elementos perderam o seu poder, pois Getúlio governava apoiado por outros grupos (tenentes, trabalhadores e classe média). Os paulistas não se conformavam com a não obediência de Getulio à Constituição, e não aceitavam o interventor que fora nomeado para São Paulo. Eles queriam reconquistar o poder perdido. Com o apoio de outros Estados os revolucionários conseguiram algum sucesso, mas acabaram sendo derrotados pelas tropas do governo. Embora vencidos, os paulistas rebeldes de 1932 conseguiram, mais tarde, a realização de um os objetivos de sua luta: a eleição para a escolha dos membros da Assembléia Constituinte que elaborou a Constituição de 1934. Inicia um novo período de governo, ainda sob a chefia de Getúlio Vargas. O Governo Constitucional (1934 – 1937) Na Assembléia Nacional que elaborou a Constituição de 1934, eram numerosos os representantes da classe média e dos trabalhadores brasileiros. Por isso fizeram uma Constituição mais voltada para os interesses do povo. A Constituição era, portanto, uma Constituição bem mais preocupada com os problemas sociais (educação, trabalho, etc.). Veja algumas mudanças introduzidas pela nova constituição: Eleição do Presidente por quatro anos, através de eleições diretas, incluindo o voto das mulheres (até então não votavam). O Voto passou a ser secreto. Garantia de igualdade de todos perante a lei e liberdade política e religiosa. Foi estabelecido o salário mínimo, a limitação da jornada de trabalho a oito horas, direito a férias, indenização e assistência médica. Determinava que as minas e demais riquezas do subsolo, bem como as quedas d’água eram propriedade do Estado. Ficou estabelecido também que, o primeiro Presidente seria eleito pela Assembléia Nacional Constituinte de forma indireta (os representantes eleitos pelo povo é que votariam para Presidente). A Assembléia elegeu Getúlio Vargas para Presidente. Existiam grupos que não concordavam com estas mudanças da Constituição (latifundiários, industriais e grandes comerciantes) que se beneficiavam da situação existente, até então, no país. Destas divergências surgiram duas correntes políticas opostas: a Aliança Nacional Libertadora (ANL) e a Ação Integralista Brasileira. A Aliança Nacional Libertadora surgiu da união ente elementos do Partido Comunista Brasileiro (PCB – que estava proibido de funcionar) com outros grupos de ideias semelhantes. Tinha como presidente Luis Carlos Prestes. Os aliancistas, como eram chamados, pretendiam derrubar o governo e fazer uma transformação profunda na sociedade, isto é, uma revolução(dentro da política costuma-se chamar estas forças de esquerda). A Ação Integralista Brasileira era completamente oposta da ANL. Os integralistascombatiam os comunistas e tinham a simpatia do governo. Em julho de 1935 o governo proibiu as atividades da ANL. Mesmo assim os aliancistas continuaram agindo e organizaram uma rebelião contra o governo. Porém, o governo agiu rápido e conseguiu controlar a situação, facilmente. Este fato entrou para a nossa História com o nome de Intentona Comunista. A maioria dos aliancistas foram presos e submetidos às mais cruéis torturas. Luis Carlos Prestes e sua mulher Olga Benário Prestes foram presos em 1936. Prestes ficou confinado em uma solitária até o final do governo de Getúlio, e Olga foi entregue à Gestapo (Polícia Nazista Alemã) porque era judia e alemã. Acabou sendo executada na câmara de gás em um campo de concentração nazista. Depois do movimento de 1935 o governo de Getúlio Vargas organizou uma violenta campanha de repressão ao comunismo. Em 1937, a “ameaça esquerdista” foi usada pelo Presidente como pretexto para o do golpe de Estado, que marcou o início do Estado Novo. O Estado Novo (1937 – 1945) O mandato de Getúlio deveria terminar no começo de 1938, quando haveria novas eleições presidenciais. No decorrer de 1937 surgiram três candidatos à disputa: Armando de Sales Oliveira ex-governador de São Paulo; José América de Almeida apoiado por Getúlio; e Plínio Salgado, líder integralista. Embora simulasse apoio a José Américo, Getúlio pretendia na verdade continuar no poder. Para isso, contava com o apoio do alto comando militar, do qual faziam parte os generais Eurico Gaspar Outra e Góis Monteiro. Em setembro de 1937, os aliados de Getúlio anunciaram a descoberta de um plano terrorista atribuído aos comunistas. Conhecido como Plano Cohen, o documento previa a eclosão de uma revolução comunista seguida do assassinato de centenas de pessoas. O plano era falso, mas se transformou no pretexto de que Getúlio precisava para dar o golpe de Estado que instituiu o Estado Novo, em 10 de novembro de 1937. No mesmo dia em que anunciou a implantação do novo regime, Getúlio comunicou também que o país passava a ter outra Constituição. Inspirada nas constituições fascistas da Itália e da Polônia, a Carta de 1937 suprimiu o que restava da autonomia dos estados e substituiu a democracia representativa por um sistema de governo autoritário e centralizado. Os partidos foram extintos e a Imprensa passou a sofrer censura. Entretanto a legislação trabalhista foi mantida. Getúlio Vargas anuncia pelo rádio o estabelecimento do Estado Novo, novembro de 1937. Para concretizar o golpe de Estado, Getúlio contou com o apoio do Exército, chefiado pelo ministro da Guerra, general Eurico Gaspar Outra (à direita, de braços cruzados), e de todo o aparato de repressão, comandado pelo policial Filinto Müller (de bigode atrás de Outra). O Desenvolvimento Industrial e o Novo Papel do Estado No âmbito econômico, as principais características do Estado Novo foram o impulso à industrialização, o nacionalismo, o protecionismo e a intervenção do Estado na economia. Assim, Vargas suspendeu o pagamento da dívida externa em 1937, mas manteve as negociações destinadas a atrair capitais externos para projetos de desenvolvimento econômico, como o da construção da primeira usina siderúrgica brasileira, instalada em Volta Redonda, Rio de Janeiro, em 1941, com o auxílio de capitais norte-americanos. Essa política de desenvolvimento teve como elemento dinamizador a intervenção do Estado nas atividades econômicas, com a criação de empresas estatais diretamente ligadas à produção industrial, como a Companhia Siderúrgica Nacional de Volta Redonda (1941), a Companhia Vale do Rio Doce (1942), voltada para a mineração, e a Fábrica Nacional de Motores (1943), além de várias outras. O processo de industrialização foi também favorecido, a partir de 1939, pela Segunda Guerra Mundial, que dificultou as importações e estimulou a produção interna de manufaturados. A caminho da democracia Em 1945 as Forças Armadas, juntamente com outros grupos políticos, depuseram Getúlio Vargas. De 29 de outubro de 1945 a 31 de janeiro de 1946 o governo do Brasil esteve a cargo de José Linhares, Presidente do Supremo Tribunal Federal. O período que vai de 1946 a 1964 pode ser considerado um bom momento da História do Brasil. Durante esta fase se procurou chegar, realmente, a uma democracia na qual o povo participasse da escolha de seus governantes e estes trabalhassem de acordo com o interesse do povo. Porém esta caminhada democrática encontrou uma série de obstáculos, em 1964, as Forças Armadas instalaram no país uma ditadura militar que nos governou até 1985, quando teve início a abertura política e a Nova República. O GOVERNO DUTRA (1945 – 1950) Com o fim da Era Vargas, em 1945, as eleições aconteceram com a vitória do marechal Eurico Gaspar Dutra. O governo Dutra, do ponto de vista político, foi marcado pela redemocratização, pois em 1945 foi feita uma nova constituição. Esta foi à quarta Constituição do período republicano e apresenta um grande avanço democrático em relação à Constituição do Estado Novo. Restabeleceu as eleições diretas para a escolha dos governantes em todos os níveis, para presidente, governadores, prefeitos, senadores, deputados federais, estaduais e vereadores. Trouxe de volta as liberdades da Constituição de 1934 que haviam sido suprimidas com a ditadura (Estado Novo) em 1937: igualdade de todos perante a lei, liberdade de pensamento, sem censura, a não ser em espetáculos e diversões públicas; inviolabilidade do sigilo de correspondência, etc. Com o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, o mundo ficou dividido em duas zonas de influência: de um lado os países Capitalistas, liderados pelos Estados Unidos, e de outro, os países Comunistas, sob a liderança da União Soviética. O Brasil ficou ao lado dos países capitalistas, ou seja, sob a zona de influência dos Estados Unidos. O presidente Dutra rompeu relações com a União Soviética, fechou o Partido Comunista Brasileiro, caçou os políticos de esquerda, mandou a polícia invadir sindicatos e perseguir aqueles que eram contra o governo. Durante o seu governo houve uma forte pregação anticomunista. O governo Dutra foi, portanto, um governo bastante conservador e sem muitas iniciativas. GETÚLIO VARGAS (1951 – 1956) Durante o período governamental do Presidente Dutra, Getúlio Vargas continuou atuando na política brasileira, pois conseguiu eleger-se senador. Quando foram realizadas as eleições presidenciais, em 1950, Getúlio apresentou-se como candidato pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e derrotou facilmente seus adversários. As condições em que ele assumiu eram bastante diferentes da época anterior, e seu governo foi marcado por forte oposição política, em parte, devido ao ódio que havia criado nos meios políticos, como ditador (Estado Novo). As acusações de corrupção contra o presidente e seus companheiros de governo eram constantes, movidas principalmente, pelo jornalista carioca Carlos Lacerda. A tentativa de assassinato deste jornalista culminou com a morte do Major Rubens Florentino Vaz (da equipe de segurança de Lacerda) foi o golpe de misericórdia no governo, pois havia indicações de pessoas de corpo de segurança de Getúlio estariam envolvidas no atentado, levando a crer que o atentado teria sido ordenado pelo próprio Getúlio. As pressões contra o presidente aumentaram: os grandes empresários, as multinacionais, a Embaixada dos Estados Unidos, os grandes jornais, alguns chefes militaresreuniram-se com o presidente para obrigá-lo a renunciar. Getúlio respondeu: “Daqui só sairei morto.” Por fim concordou em entrar em licença, passando o poder ao seu substituto legal. No entanto, os militares oposicionistas exigiram seu afastamento definitivo. Diante disto, Getúlioretirou-se para seus aposentos e suicidou-se com um tiro no peito. As razões desse último gesto foram deixadas por escrito numa carta-testamento. O período que se seguiu foi dos mais agitados e nos dezessete meses seguintes à morte de Vargas três presidentes ocuparam o poder: João Café Filho (de 25/08/1954 a 08/11/1955), Carlos Coimbra da Luz (de 08 até 11/11/1955) e Nereu de Oliveira Ramos (de 11/11/1955 até 31/01/1956) quando Dr. Nereu Ramos transmitiu o cargo de presidente ao candidato eleito Juscelino Kubitschek de Oliveira. JUSCELINO KUBITSCHEK DE OLIVEIRA (1956 – 1961) Ao assumir o poder Kubitschek estabeleceu um plano ambicioso de realizações prometendo “cinquenta anos de progresso em cinco de governo”. A construção de hidrelétricas, de estradas e a fabricação de veículos eram as três metas mais importantes do governo. Para conseguir isso, Juscelino recorreu á técnica e ao capital estrangeiro. Instalaram- se no Brasil as fábricas de veículos: Ford, General Motors, Willys e a Volkswagen. Mas sua grande realização foi a mudança da capital do Rio de Janeiro para Brasília. Juscelino viu, aí, uma oportunidade de entrar para a história. Buscou trabalhadores nordestinos (candangos), convocou os arquitetos Lúcio Costa e Oscar Niemeyer, mandaram transportar de avião os materiais necessários para a construção da cidade, e conseguiu inaugurar a nova capital no dia 21 de abril de 1960. O governo Juscelino foi um parêntese dentro da crise política por que passava o país. Dotado de grande simpatia pessoal, conseguiu contornar alguns incidentes, logo no início de sua administração, e o restante do tempo transcorreu sem maiores problemas. No período seguinte o presidencialismo ficou em decadência. Fora eleito Jânio Quadros com uma votação estrondosa. No entanto seu curto período de governo (7 meses) foi bastante contraditório como veremos a seguir. JÂNIO DA SILVA QUADROS (31/01/1961 – 25/08/1961) Jânio Quadros foi eleito com o maior número de votos dados a um candidato a presidente em toda a história da República brasileira: de um total de 11.700.000 votos, Jânio recebeu 5.600.000 (47,9%). Como vice-presidente foi eleito João Goulart. Desde a campanha eleitoral Jânio demonstrava um estilo político diferente (de caráter populista). O símbolo de sua campanha com a vassoura com a qual pretendia varrer a corrupção e colocar os ladrões e malandros na cadeia. Logo que Jânio assumiu vieram às decepções. Aqueles que tinham apoiado (militares, empresários, multinacionais e políticos da UDN) começaram a se preocupar com as atitudes do novo presidente, que se assemelhavam muito as de Getúlio Vargas: ameaçou controlar os lucros que as grandes empresas mandavam para fora do país; falava em reforma agrária; adotou uma política externa independente e progressiva (restabeleceu relações com União Soviética, iniciou negócios com a China comunista, foi contra a expulsão de Cuba socialista da Organização dos Estados Americanos, como queria os Estados Unidos, etc.). Ao mesmo tempo adotou uma política interna conservadora e autoritária. Através de seus famosos bilhetinhos dava ordens e fazia proibições sobre os mais absurdos e insignificantes assuntos. Proibiu, entre outras coisas, as brigas de galo e uso de biquíni. A oposição ao governo de Jânio Quadros se intensificava na medida em que este promovia a aproximação com os governos de Cuba e da União Soviética (comunistas). A imprensa, o Congresso Nacional e os militares acusavam Jânio de abrir as portas ao comunismo. Em 25 de agosto de 1961 Jânio renuncia alegando pressões de “forças ocultas”. Quem deveria assumir a presidência da República era o vice-presidente João Goulart. Como ele estava em missão oficial à China, assumiu interinamente o presidente da Câmara dos Deputados, Pascoal Ranieri Mazzilli. JOÃO BELCHIOR GOULART Enquanto João Goulart não chegava ao país, surgiu forte oposição à sua posse. Alegando motivos de segurança nacional, os ministros militares recusavam-se a aceitar Jango (este era o apelido pelo qual Goulart era popularmente conhecido) como presidente. No entanto, o Congresso Nacional e alguns governadores exigiram que a Constituição fosse respeitada, e que Jango assumisse. No Rio Grande do Sul o governador Leonel Brizola liderou a “Campanha da Legalidade”, com o apoio do povo e dos próprios militares sediados no Estado. Os legalistas defendiam o cumprimento da Constituição que afirmava que, com a renúncia do presidente, quem deveria assumir era o vice-presidente, no caso, Jango. Formou-se então a “cadeia da legalidade” integrada pelos rádios de todo o Brasil, juntamente com a rádio Farroupilha de Porto Alegre. Através desta rede de rádio- comunicação, Brizola falava ao povo que se armasse e resistisse contra a tentativa de golpe dos militares. Jango voltou da China e entrou no Brasil pelo Rio Grande do Sul, passando a exigir que a Constituição fosse cumprida. O país estava a beira de uma guerra civil. A solução encontrada foi a elaboração de uma emenda à Constituição que estabelecia o sistema parlamentarista no país. Entretanto, o sistema parlamentar não encontrou condições de sucesso e em janeiro de 1963 um plebiscito decidiu pela volta do presidencialismo. Jango, com os poderes de volta, pretendia colocar em prática um amplo programa de reformas de base (reforma agrária, educacional, bancária, etc.). Entretanto o presidente não teve tempo para realizá-lo, pois as multinacionais, os latifundiários, os chefes militares, os grandes empresários, os órgãos da imprensa, entre outros segmentos da sociedade já haviam organizado uma conspiração para tirá-lo do poder. Na noite de 31 de março de 1964, tropas de Juiz de Fora, comandadas pelo General Olímpio Mourão Filho (integralista que elaborou o falso Plano Cohen em 1937) – marcharam para o Rio de Janeiro. No dia seguinte Jango partiu para o exílio no Uruguai, e os militares ocuparam o poder. Parlamentarismo: sistema político em que os ministros do Estado são responsáveis perante o parlamento; é uma divisão do poder entre o presidente (no caso do Brasil), e o primeiro ministro. POPULISMO O período da História republicana no Brasil, que vai da queda do Estado Novo (1945) ao movimento militar de 1964 que depôs João Goulart, é comumente conhecido como o período do populismo. O populismo é um tipo de política que visa atrair a simpatia e o apoio do povo. É uma política demagógica, pois, sob o disfarce de uma constante preocupação com os interesses populares, se esconde o desejo de atrair o povo para os objetivos do político ou do governo populista. O próprio aumento de salários, muitas vezes, pode ser apontado como uma medida populista, servindo para conquistar o apoio popular e não para melhorar realmente a vida da população, uma vez que o aumento salarial seria logo neutralizado pelo aumento dos preços. A DITADURA MILITAR Com a vitória do movimento militar e a destituição do presidente constitucional João Goulart, quem assume o comando do país são três ministros militares – Arthur da Costa e Silva, do Exército; Correia de Melo, da Aeronáutica e Augusto Rademaker, da Marinha. O governo militar ganhou poderes excepcionais, passando por cima da Constituição e do Congresso Nacional através dos Atos Institucionais. O primeiro foi AI-1, baixado no dia 09 de abril de 1964 que, entre outras coisas, estabelecia: Eleição indireta para presidente da República; Autorização para o presidente cassar mandatos e suspender poderes políticos por dez anos; A suspensão, por seis meses, das garantias constitucionais. O presidente da República, Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco (chefe da conspiração contra Goulart), foi escolhido pelos três ministros militares. Este foi o primeiro de uma série de presidentes militares que nos governariam até 1985. HUMBERTO DE ALENCAR CASTELO BRANCO (11/04/64 a 15/03/67) O primeiro ato de Castelo Branco foi a anulação das reformas de Jango. Iniciou uma violenta repressão contra todos os que se opunham ao regime militar: Cassou os direitos políticos de 378 pessoas, entre as quais os ex-presidentes Juscelino, Jânio, e Jango, seis governadores e 55 membros do Congresso Nacional; Demitiu 10.000 funcionários públicos; Mandou instaurar 5.000 inquéritos, envolvendo 40.000 pessoas. O presidente liberou as remeças de lucros para o exterior, ou seja, as empresas multinacionais estavam livres para mandar dinheiro para fora do país. Além disso, para que as empresas aumentassem seus lucros, criou o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) que acabou com a estabilidade dos trabalhadores no emprego. Controlou rigidamente os salários e o movimento operário. Em outubro de 1965 baixou o Ato Institucional número 2 que estabelecia: ∙Maiores poderes para o presidente fazer o Congresso aprovar leis; ∙Competência da Justiça Militar para julgar civis que, de acordo com o governo, tivessem cometido crimes contra a segurança nacional (ação de DOPS); ∙Fim dos antigos partidos políticos e criação de apenas dois: um para defender o governo (ARENA – Aliança Renovadora Nacional) e outro para fazer oposição (MDB – Movimento Democrático Brasileiro). Em fevereiro de 1966, novo Ato Institucional, o número 3, através do qual a democracia recebeu duros golpes: os governadores também seriam eleitos indiretamente e os prefeitos das capitais não seriam eleitos, mas nomeados pelos governadores. Era o fim da democracia. Tudo sob o controle dos militares. Quem discordasse do governo era condenado à prisão, à cassação, à clandestinidade. Nesta época Sindicatos e Universidades foram invadidos e até depredados. Muitos professores, estudantes e trabalhadores foram presos e submetidos a Inquéritos Policiais Militares (os IPM). Ainda em 1966, o Gel. Castelo Branco baixou um novo Ato Institucional, número 4, pelo qual convocava deputados e vereadores para elaborar uma Constituição, e eleger seu sucessor. A nova Constituição foi aprovada em 21/01/67 sob forte pressão militar, a qual tinha como objetivo legitimar o Estado autoritário. Foi eleito o Gel. Arthur da Costa e Silva para suceder Castelo Branco, que assumiu em 15/03/67. ARTHUR DA COSTA E SILVA (15/03/67 a 31/08/69) No governa Costa e Silva a situação modifica-se, parecia que o país voltaria a normalidade. Porém, a oposição aumentou, e começaram a surgir muitas manifestações contra a ditadura militar. Em 1968 as greves e passeatas intensificaram-se e a resposta do governo foi mais um Ato Institucional, o número 5 (AI-5), que dava ainda mais poderes ao presidente. O Congresso entrou em recesso e novas cassações foram feitas. Em agosto de 1969 o Gel. Costa e Silva adoeceu e foi declarado impedido de continuar a exercer a presidência. Durante dois meses o governo ficou a cargo de uma junta militar que, neste pequeno espaço de tempo, modificou a Constituição de 1967 dando ainda mais poderes ao presidente. Após dez meses de recesso o Congresso é aberto já sem os deputados cassados peloAI-5 e é indicado o nome do Gel. Emilio Garrastazu Médici para a presidência da República. GARRASTAZU MÉDICI (30/10/69 a 15/03/74) O governo general Emilio Garrastazu Médici caracterizou-se pelo fechamento político e o “milagre econômico”. Médici assume o poder exatamente no momento em que as manifestações públicas da oposição estudantil haviam sido contidas pela repressão militar e, os políticos do MDB, silenciados através do AI-5. Como você já deve ter percebido a oposição ao regime militar não era permitida em nenhum grau, quer radical, quer moderna. Dentro deste contexto alguns setores da esquerda, sem dispor de meios de exprimir sua opinião, começaram a se organizar para a luta armada. Iniciam-se uma série de assaltos a bancos e seqüestros. Era a guerrilha urbana assombrando o país. Mas logo o governo começou a atuar com maior seriedade contra os guerrilheiros, e os principais chefes começaram a ser caçados e mortos. Não é exagero afirmar que quem fazia oposição ao governo do general Médici corria risco de vida. A situação do país era de extrema gravidade. Entretanto, toda esta situação não foi percebida pela maioria da população brasileira pois foi massacrada pelos chamados “milagre econômico” que se consolidou através de slogans como: “Ninguém segura este país”, “Brasil, ame-o ou deixe-o”. A atenção dos brasileiros era desviada da grave situação política por meio de uma intensa propaganda do governo. O clima de euforia foi reforçado ate pelo futebol quando nossa seleção conquistou o título mundial de 1970. Assim, havia um Brasil da propaganda, aonde tudo ia bem; e um Brasil real, com censura, perseguições políticas, torturas e mortes. ERNESTO GEISEL (15/03/74 a 15/03/79) Com o término do governo de Garrastazu Médici, outro general é indicado e eleito indiretamente para presidência da República: o general Ernesto Geisel. No período de governo iniciou-se a chamada abertura política, apresentando um projeto de eleições normais, formações de partidos políticos e maior liberdade de imprensa. Porém, ainda foram tomadas medidas excepcionais: em 1977 o Congresso Nacional foi fechado e foi adotada uma política conhecida como “pacote de abril” que estabelecia, entre outras coisas, a eleição indireta de um senador por Estado (os senadores biônicos). O Ato Institucional número 5 foi revogado em função desta abertura política. No plano econômico, foi uma época de grandes dificuldades devido à alta do petróleo imposta pelos países árabes que detém quase o monopólio da produção. Este presidente foi substituído por outro general, o presidente João Baptista de Oliveira Figueiredo. GENERAL JOÃO BAPTISTA DE OLIVEIRA FIGUEIREDO (15/03/79 a 1 5/03/85) Durante o governo do General Figueiredo as manifestações populares cresceram bastante: operários, funcionários públicos, professores, começaram a fazer greves em vários estados. O Governo ora cedia, ora endurecia. Até que em agosto de 1979 a lei de anistia foi aprovada pelo Congresso. Assim, os brasileiros que haviam sido exilados (expulsos do país) puderam voltar e os políticos cassados poderiam novamente disputar eleições. Em razão disso puderam retornar ao Brasil líderes políticos como Miguel Arraes, Leonel Brizola, Luis Carlos Prestes e outros. Formaram-se cinco partidos políticos: PDS – Partido Democrata Social, PMDB – Partido do Movimento Democrático Brasileiro, PDT – Partido Democrata Trabalhista, PTB – Partido Trabalhista Brasileiro, PT – Partido dos Trabalhadores. Foram realizadas eleições diretas para os cargos de governadores de Estado que, até então, eram escolhidos pelo presidente da República. As eleições representaram uma vitória das oposições que elegeu a maioria dos governadores, além de asseguram a maioria no Congresso Nacional. No campo econômico, continuamos enfrentando sérias dificuldades, com a alta taxa de inflação, o aumento do desemprego, a dívida externa, etc. A REDEMOCRATIZAÇÃO Mesmo nos anos mais duros da ditadura militar, o povo nunca deixou de se manifestar contra a repressão, a censura, os baixos salários, etc. Com a anistia, o país começou a encaminhar para a redemocratização e, no final de 1983, iniciou a campanha pelas eleições diretas para presidente da República. Milhões de pessoas foram às ruas pedindo o fim da ditadura militar e eleições diretas para a escolha do sucessor do general Figueiredo. Porém a emenda das diretas não foi aprovada pelo Congresso Nacional e a frustração tomou conta da nação. Na eleição direta do novo presidente votaram apenas 686 brasileiros: os senadores, os deputados federais e seis representantes de cada Assembléia Legislativa. O vencedor foi Tancredo Neves, com a grande maioria dos votos. Porém Tancredo não tomaria a posse. Na véspera de sua posse, foi internado com fortes dores abdominais e, após sete cirurgias, faleceu no dia 21 de abril de 1985. Quem assumiu o governo foi o vice-presidente José Sarney, ex-presidente do PDS que passara para o PMDB há poucos meses para concorrer com Tancredo. O GOVERNO SARNEY No governo de Sarney acontecem coisas importantes no campo político: foram restabelecidas eleições diretas em todos os níveis e os partidos políticos puderam funcionar livremente. Também foi elaborada uma nova Constituição, bastante democrática, pela Assembléia Nacional Constituinte e, a eleição direta do presidente da República ocorreu em 1989. As eleições presidenciais foram realizadas em dois turnos. No primeiro turno concorreram candidatos de todos os principais partidos e saíram vencedores Fernando Collor de Mello do PRN (Partido da Reconstrução Nacional) e Luis Inácio Lula da Silva, da Frente Brasil Popular (PT, PSB, PC do B). No segundo turno o vencedor foi Fernando Collor de Mello, com pequena diferença de votos. No campo econômico, o governo Sarney adotou uma medida de impacto que foi o Plano da Estabilização Econômica (Plano Cruzado). O cruzeiro foi substituído pelo cruzado (cada cruzado correspondia a mil cruzeiros) e os preços foram congelados por um ano. No início a população apoiou as medidas do governo fiscalizando e denunciando as infrações. Logo surgiram problemas: falta de mercadorias, “disfarces” nos produtos para aumentar os preços, o valor dos aluguéis novos disparou etc. No final de 1986 a inflação subiu e a crise econômica agravou-se. No final do governo Sarney a inflação era de mais de 70% ao mês. O GOVERNO COLLOR Fernando Collor de Mello assumiu a presidência da República no dia 15 de março de 1990. Era o primeiro presidente eleito diretamente pelo voto popular em quase 30 anos. A situação econômica era bastante grave e a expectativa da população era grande. O plano econômico do novo presidente incluía as seguintes medidas: ∙Bloqueio de grande parte do dinheiro que as pessoas e as empresas tinham em conta corrente nos bancos ou cadernetas de poupança e em outras formas de aplicação, o objetivo desta medida era diminuir o volume de dinheiro em poder do público, que seria a causa da inflação; ∙Venda de diversas empresas do governo à iniciativa privada; ∙Fechamento dos órgãos do governo, e a venda de carros, casas e apartamentos de propriedades do governo; ∙Demissão de milhares de funcionários públicos. Essas medidas causaram grande impacto na opinião pública. A atenção do governo Collor voltou-se, desde os primeiros meses de governo, no combate à inflação. Através do Plano Collor, o presidente procurou encarnar a modernidade e a esperança de justiça social. Suas medidas mostraram-se audaciosas e temerárias. Mas em 1992, com enredo digno de novelas tão ao gosto de brasileiros, Fernando Collor foi acusado pelo próprio irmão de farsante, corrupto, imoral e usuário de drogas. Terminou no “impeachment”. No campo econômico, o jovem presidente iniciou um amplo programa de privatização de empresas estatais e abertura da economia brasileira. Foi substituído por Itamar Franco cujo ministro da Fazendo foi Fernando Henrique Cardoso que implementou neste período o Plano Real; a partir de então, foi desencadeado um projeto econômico que pôs o Brasil no caminho da normalidade econômica, da estabilização da moeda e a inserção do país na economia mundial. Fernando Henrique Cardoso prosseguiu no enxugamento da máquina do Estado, privatizando estatais, numa perspectiva neoliberal. Governou o país de 1995 a 1998, sendo reeleito até 2002. Seu sucessor, o ex-metalúrgico e ex-sindicalista, Luis Inácio Lula da Silva teve o grande mérito, de dar continuidade a política econômica bem sucedida, de FHC. Vencendo as eleições em 2002 e reeleito em segundo turno em 2006, cumpriu seu mandato até 2010. A eleição presidencial de 2010 leva a candidata Dilma Rousseff, lançada pelo expresidente, Luiz Inácio Lula da Silva, a se eleger em segundo turno. É a primeira vez que uma mulher assume a Presidência na historia do Brasil. HISTÓRIA DO RIO GRANDE DO SUL Em 1494, Espanha e Portugal assinaram o Tratado de Tordesilhas. Por este tratado as duas potências europeias tentavam demarcar as terras que estavam sendo descobertas. Esta era a época das grandes navegações, quando então os europeus descobriram a América, o caminho marítimo para às Índias (Ásia), o Brasil, etc. Pelo Tratado de Tordesilhas, a linha que dividiria as terras entre portugueses e espanhóis aqui na América do Sul, passaria em Belém (Pará) e em Laguna (Santa Catarina). As terras a leste seriam de Portugal e a oeste, da Espanha. Portanto, por este tratado, o Rio Grande do Sul pertenceria aos espanhóis. Vamos ver, agora, quem foram os primeiros ocupantes do território gaúcho e como o Rio Grande do Sul (RS) passou para o domínio português, ou seja, a fazer parte do Brasil. O RS passou a ter esta denominação com a proclamação da República; na época do Império chamava-se Província de Rio Grande, no período colonial, Rio Grande de São Pedro. A ocupação do Rio Grande de São Pedro Os primeiros ocupantes do RS, além dos índios, foram padre jesuítas portugueses que a partir de 1605, fundaram reduções (aldeias de índios catequizados) desde o rio Mampituba até Gravataí. Estas reduções, no entanto, não prosperaram. Em 1626, padres jesuítas espanhóis fundaram reduções na zona de Ijuí, Piratini, Taquari, Guaíba, Rio Pardo, Jacuí, Ibicuí. Nestas áreas os jesuítas, usando os índios catequizados como trabalhadores, dedicaram-se à agricultura e a criação de gado. Estas reduções jesuíticas eram constantemente atacadas por bandeirantes paulistas. Este pessoal, vindo de São Paulo, atacava as missões, e aprisionava índios que eram vendidos como escravos aos fazendeiros do Nordeste açucareiro. Para os bandeirantes paulistas, estes índios das missões eram valiosa mão-de-obra, pois já estavam mais ou menos treinados para o trabalho, disciplinados e obedientes. A partir de 1640, os padres e índios abandonaram as missões, mas aqui deixaram os rebanhos de gado que se reproduziam à solta, e xucros. Esta reserva de gado xucro ficou conhecidas como “Vacaria del mar”. E para buscar este gado xucro é que se deu a ocupação, por bandeirantes paulistas, do território rio-grandense. Em 1682, os padres jesuítas espanhóis retornaram e fundaram os chamados Sete Povos Missioneiros: São Miguel, São Luiz Gonzaga, São Borja, São Nicolau, São Lourenço, São João Batista e Santo Ângelo. Nestas missões, além das estâncias para a criação de gado e extração de couro, era muito importante, também, a produção de erva-mate, além de produtos artesanais. Em nome de Deus O dia-a-dia de uma missão jesuítica Os padres católicos buscaram mudar os hábitos dos índios, para os padrões cristãos e europeus no dia-a-dia da aldeia. A rotina diária de catequese nas missões começava bem cedo com a missa. Depois, uma parte dos índios partia para a roça, onde as plantações eram coletivas. A outra parte ficava na aldeia, trabalhando com artesanato. Enquanto os adultos supriam todas as necessidades materiais da aldeia, as crianças estudavam, aprendendo a ler, escrever e contar. Por serem mais receptivas que os adultos, recebiam também aulas de moral e religião. Com isso os jesuítas pretendiam fazer com que elas influenciassem, depois, os mais velhos. Outra maneira de romper com os costumes das tribos foi dar à cada família indígena uma casa separada. Isso interferiu na estrutura socializante da vida tribal, onde a casa (oca) era comunitária, nela vivendo em harmonia mais de 100 pessoas. O texto do Conselho Indigenista Missionário nos mostra a distorção que se imprimiu à cultura indígena: “Nos aldeamentos, os índios eram obrigados a aprender os costumes dos brancos. Eram proibidos de praticar seus próprios costumes. Eram proibidos de usar os enfeites deles, de fazer as festas deles, de tratar os doentes com os pajés deles. “Os missionários ensinavam a religião católica.” SÉCULO XVIII: A MINERAÇÃO E A PECUÁRIA GAÚCHA Nos finais do século XVII, começa no Brasil o ciclo da mineração, que se estende mais ou menos até 1780. Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso produzem cerca de 700 toneladas de ouro. Esta região torna-se super povoada e muito rica. Toda esta atividade, com grande concentração populacional, passou a exigir muito animal para o transporte, e carne para alimentação. Assim, criou-se na zona da mineração um mercado consumidor para a pecuária gaúcha. Tropeiros, contrabandistas, bandeirantes paulistas, desciam até o extremo sul do Brasil para caçar o gado xucro e levá-lo à zona do ouro. Em 1676, fundou-se Laguna (SC) que se tornou o foco irradiador da descida para o Sul. Toda esta expansão, interessava, também, ao governo português que pretendia estender seus domínios até o Rio da Prata (entre Uruguai e Argentina). Para estender seus domínios até o Rio da Prata, o governo português decidiu ocupar o Rio Grande do Sul. Assim, por volta de 1730, passou a distribuir terras a tropeiros ou a militares que quisessem aqui se instalar e se afazendar (começando por Tramandaí, Viamão, Gravataí, Porto Alegre). Nestas áreas constituíram-se estâncias de gado com trabalhadores livres – os peões. No final do século XVIII, com a decadência da mineração, caiu muito a procura dos rebanhos gaúchos. Porém, a economia se mantém em desenvolvimento graças à expansão da lavoura de trigo e as charqueadas. Nestas atividades predominou como mão-de-obra, o escravo negro. Como estamos vendo, aos poucos o RS foi sendo ocupado, seja por padres jesuítas catequizando índios e fundando missões, por estancieiros criadores de gado ou fazendeiros produtores de trigo, charqueadores ou ainda por militares que recebiam terras do governo português. Em 1801, as fronteiras já estavam mais ou menos delimitadas, uma vez que, neste ano, a região dos Sete Povos das Missões passou para o controle definitivo do governo português, ou seja, a fazer parte do Brasil. Quando o Brasil se tornou independente, em 1822, no RS já havia uma classe social dominante, formada por fazendeiros enriquecidos pela pecuária. E, à medida que os interesses destes fazendeiros entram em choque com os interesses do governo central, começaram a surgir os motivos que levaram a elite gaúcha a tentar a separação através da Revolução Farroupilha. A REVOLUÇÃO FARROUPILHA – 1835 A 1845 Com a Independência do Brasil, em 1822, o RS não passou por nenhuma grande transformação. Em 1831, com a queda de D. Pedro I, o Brasil foi governado pelos Regentes. Em 1840 assumiu o poder o Imperador D. Pedro II. Portanto, a revolução gaúcha que agora estudaremos, começou durante a Regência, em 1835, e acabou em 1845, já no governo de D. Pedro II. Mas o que foi a Revolução Farroupilha? Foi uma Revolução feita por uma boa parte dos estancieiros gaúchos e seus peões e charqueadores contra o governo central brasileiro. Mas por que os rebeldes estavam descontentes? As causas da Revolução Farroupilha Descontentamento com os pesados impostos que eram cobrados sobre a légua de terra e a comercialização do principal produto gaúcho, o charque. A concorrência do charque uruguaio e argentino, que era vendido no Brasil mais barato que o charque gaúcho. Descontentamento com os pesados impostos cobrados sobre a importação do sal usado na fabricação do charque. A marginalização política do RS – os políticos gaúchos não tinham nenhuma participação nas decisões do Governo Central; A elite gaúcha queria o direito de, pelo menos, escolher o Presidente provincial, que seria hoje o Governador de Estado. Em 1835, era governado por um elemento que, além de não ser gaúcho, não fora escolhido pelos gaúchos. Assim, em 20 de setembro de 1835, o estancieiro e militar, Bento Gonçalves da Silva, com suas tropas revolucionárias, invadiu Porto Alegre e derrubou o Presidente da Província. A expansão do movimento Começou, então, uma guerra entre as tropas farroupilhas e as forças do governo, que se estendeu por toda a Província. Em 1836, os rebeldes proclamaram a República Rio- Grandense, declarando a separação do resto do país. A capital seria a Vila de Piratini. Em 1839 conquistaram Laguna (SC), onde foi proclamada a República Juliana. Outros líderes da revolução, além de Bento Gonçalves, foram Davi Canabarro, Giuseppe Garibaldi e Antônio Neto. Em 1845, o Império enviou, para pacificar a Província, o General Luiz Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias. A proposta de paz trazia o atendimento da maioria das reivindicações dos gaúchos, e, assim, acabou a guerra, com a assinatura da Paz de Ponche Verde. Para os gaúchos a Paz de Ponche Verde foi vantajosa. Como se avizinhava o conflito contra os países do Prata (Uruguai e Argentina) o governo Imperial precisava dos gaúchos e por isso acenou com medidas para colocar um ponto final na Revolução Farroupilha. Até mais ou menos 1860 a economia gaúcha ia muito bem, com muita produção e exportação de charque, com estancieiros muito ricos e escravos na miséria. A partir de 1860 recomeça a crise devido à concorrência do charque platino (Uruguai) que era mais barato e melhor que o nosso. Em 1884, em função da crise do charque, o RS se antecipou à Lei Áurea e libertou todos os seus escravos. Farrapos Farrapos ou farroupilhas são expressões sinônimas, que significam “maltrapilhos”, gente vestida com farrapos [...] Os adversários dos farrapos gaúchos deram a eles esse apelido paradepreciálos. Mas a verdade é que, se suas tropas podiam ser farroupilhas, os dirigentes pouco tinham disso, pois representavam a elite dos estancieiros, criadores de gado da província.Boris Fausto, História do Brasil Anita e José O italiano Giuseppe Maria Garibaldi (em português, José Garibaldi), o “herói de dois mundos”, foi um dos mais notáveis líderes populares do século XIX. Fugido da Europa em 1836, ele lutou na Guerra dos Farrapos, no Brasil, e, mais tarde, no Uruguai. Retornando à Itália, lutou pela unificação desse país. Ana Maria de Jesus Ribeiro da Silva, mais conhecida como Anita Garibaldi, nasceu em Morrinhos, Santa Catarina, em 1821. De origem humilde, era casada com um sapateiro quando se apaixonou por José Garibaldi, que lutava na Guerra dos Farrapos. Sempre ao lado de José, Anita revelou-se uma companheira destemida, participando nos combates tanto no Brasil quanto na Itália. Por causa disso, também recebeu o título de “heroína de dois mundos”. Adaptado de [WWW.virtual.epm.br/uati/corpo/Anita_garibaldi.htm]. Acesso em Maio 2014 Anita Garibaldi e José Garibaldi Curiosidades: Guerra dos Farrapos Muitos escravos foram libertados para participar ao lado dos farroupilhas nos combates da guerra dos Farrapos. Eles chegaram a formar o chamado corpo dos Lanceiros Negros, pois lutavam portando lanças, geralmente a pé. Entretanto, é importante destacar que os farroupilhas, em sua maioria, nunca defenderam o fim da escravidão. Os escravos foram recrutados porque não havia homens brancos suficientes para os combates. Para convencer os cativos a lutar ao lado do exército rebelde, os farroupilhasprometiam-lhes a liberdade. Além disso, muitos dos estancieiros mandavam um trabalhador escravo para lutar em seu lugar ou no lugar de algum de seus filhos. Os escravos libertos geralmente serviam nas posições mais baixas e eram comandados por oficiais brancos. Grande parte deles acabou morrendo durante a guerra. Ao fim da revolta, os negros que haviam sobrevivido passaram a ser vistos como um grande perigo tanto pelos farroupilhas quanto pelos imperiais. Ilustra bem isso, a famosa batalha de Porongos, em 1844, na qual mais de uma centena de combatentes (em sua imensa maioria negros) foram massacrados. Eles estavam despreparados para a luta, supostamente por causa de uma traição de Canabarro, que mandou desarmar as tropas na noite que antecedeu a batalha. Os imigrantes na Província do Rio Grande Durante o século XIX foi grande o número de imigrantes que vieram para o RS, bem como para outras províncias brasileiras. Em 1824 começaram a chegar os alemães, e, em 1875, os italianos. Tanto alemães como italianos, receberam pequenas propriedades e se estabeleceram como colonos, plantando vários produtos, e usando o próprio grupo familiar como mão-de-obra. Neste meio, aos poucos, surge a figura do comerciante, dono da venda, ou o que leva os produtos da colônia para os centros consumidores (Porto Alegre, São Leopoldo) e destas cidades para a colônia. Estes comerciantes é que, à medida que acumulam capital, vão criando as várias indústrias na região. No vale dos Sinos, onde se destacam São Leopoldo e Novo Hamburgo, temos um grande número de indústrias, principalmente de artigos de couro, onde predominam os descendentes de alemães. Na serra, Caxias do Sul, Bento Gonçalves, Garibaldi, etc., foram fundadas por imigrantes italianos. Em resumo: se observarmos veremos que a maioria das indústrias gaúchas é de descendentes de imigrantes, sejam eles alemães, italianos ou de outras nacionalidades. A imigração italiana no RS Sim, eram imigrantes: contadini, trabalhadores pobres que partiam da Itália rumo à América, fugindo da fome, da pelagra, dos baixos salários do alto aluguel da terra. No século XIX, a unificação italiana e a incorporação da península ao sistema capitalista não incluíram as camadas populares. Os camponeses foram expulsos da terra. O pequeno artesanato foi parcialmente destruído. A indústria mostrou-se incapaz de absorver a mão-de-obra disponível. Assim, os italianos pobres foram obrigados a buscar, em outros países, as condições de vida que sua pátria lhes negava. No total, 24 milhões de peninsulares partiram da Itália, entre 1869 a 1926, para diferentes regiões do mundo. A maioria dos imigrantes chegados ao sul do Brasil partiu do porto de Gênova. A travessia, que durava pouco mais de um mês, era feita em navios sobrecarregados. As doenças eram frequentes e a mortalidade elevada. Do Rio de Janeiro, após quarentena na Casa dos Imigrantes, os viajantes eram transportados em vapores para Porto Alegre, numa viagem de dez ou mais dias. Ao chegarem à capital, eram alojados em prédio precário ou dormiam em ruas próximas. De Porto Alegre, seguia em pequenas embarcações para Montenegro, São Sebastião do Caí ou Rio Pardo. A viagem do porto à serra era feita, em dois ou três dias, a pé, no lombo de animais ou em carretas, através de picadas abertas na mata. Ao chegarem à colônia, os imigrantes eram alojados em barracões, e depois enviados aos lotes. A Hospedaria dos imigrantes foi construída em 1886 no bairro paulistano do Brás. O local destinava-se a acolher os imigrantes chegados à cidade de São Paulo para trabalhar nas lavouras, nos núcleos coloniais ou nas indústrias. Ao chegar à hospedaria, os imigrantes recebiam uma refeição e eram informados a respeito do regulamento interno. Em seguida eram encaminhados aos dormitórios, onde, além das camas, havia lavatórios e vasos sanitários. No dia seguinte, pela manhã, eram vacinados e orientados sobre vagas de trabalho disponíveis, pela Agência Oficial de Colonização e Trabalho. Cada família tinha o direito de permanecer até seis dias no local, exceto em caso de enfermidade, quando o prazo era estendido por toda a convalescença. Para as crianças que tivessem ficado órfãs durante a viagem, a hospedaria disponibilizava o serviço de creche. De 1886 até 1978, quando foi desativada, passaram por ela mais de 2,5 milhões de imigrantes de quase 70 nacionalidades. Em 1993, parte das instalações da antiga hospedaria passou a abrigar o Museu da Imigração. O acervo reúne lista de passageiros, objetos, fotografias, depoimentos, cartas e outros registros que preservam a memória de milhões de pessoas que vieram para o Brasil em busca de um sonho. “Interesses” do governo imperial Brasileiro A imigração italiana para o Rio Grande do Sul foi iniciativa do governo imperial brasileiro. O movimento tinha como objetivo “importar mão-de-obra” europeia e vender as terras devolutas do Império, visando aumentar tanto a população como a produção agrícola. A passagem da Europa ao Rio Grande do Sul era financiada pelas autoridades brasileiras. Os lotes e os eventuais subsídios governamentais, ferramentas, sementes, alimentos, etc., deveriam ser pagos no prazo de cinca a dez anos. Transformações de colônia e vida social dos imigrantes Os imigrantes, ao chegarem ao seu lote, dedicavam-se à abertura de clareiras nas matas e construíam abrigos provisórios de pau-a-pique, cobertos de galhos. Era um momento difícil. O pinhão, a caça e a coleta ajudaram os colonos nos primeiros tempos. Algumas vezes, a venda da madeira e, eventualmente, o trabalho assalariado, durante quinze dias por mês, na abertura de estradas e caminhos, financiaram os colonos até a primeira colheita. Não sabemos quantos imigrantes fracassaram nessa etapa, mudaram-se para as cidades, voltaram para a Itália ou foram enterrados nos primeiros e improvisados cemitérios. Não raro, morria-se de fome no “país da cucagna”. Em poucos, anos a paisagem foi transformada. As grápias, os louros, os cedros, as cabriúvas, as canjeranas e as araucárias foram cedendo lugar ao trigo, centeio, linho e muitas especiarias. Pão, vinho, polenta e linho. A mesa tornou-se menos pobre, a casa um pouco mais confortável. Os que haviam se arrependido de imigrar e os que tinham coração cheio de esperança, começaram a achar que a vida, ali, era possível... Fiar e tecer linho, fazer a dressa com palha de trigo, fabricar sportas, chapéus e, ainda, crochê, filé e bordado eram formas de trabalho artesanal para o embelezamento das rústicas residências e, eventualmente, ganho extra para comprar o enxoval da filha, prestes a casar... O lote era a unidade de base da economia familiar colonial. Praticava-se uma divisão etária, sexual e familiar das tarefas. Os homens responsabilizavam-se pelos trabalhos ligados à agricultura e ao trato de animais de maior porte. Às mulheres, as tarefas caseiras e o cuidado da pequena criação. Entretanto, elas intervinham, ativamente, ao lado dos homens, nos trabalhos agrícolas. Segundo suas forças, as crianças trabalhavam desde os oito anos. Havia igualmente tarefas artesanais masculinas e femininas. “Rezar e trabalhar. Estes sim são os meus jogos. Criar a melhor receita, dar o ponto certo na geleia, fazer a dressa mais parelha, conhecer ervas para cada doença. Eu jogo enquanto teço, jogo enquanto remendo, jogo enquanto descasco as frutas para a marmelada. Estes sim são meus jogos...” Os homens jogavam bocha, quatrilho, escova, mora. Participavam de apostas, cavalhadas, sorteios. Jogavam argolas em direção à árvore da fortuna. E cantavam... Ah! La Bela Violeta, Quel Massolin de Fiori, La verginela... O isolamento era rompido quando se reuniam pra rezar. Rezavam o rosário sob uma árvore ou na casa de algum morador, por ocasião de uma festa ou de um enterro ou, ainda, na cozinha quando se encontravam para o filó. Em todas as linhas, os moradores reuniram-se em mutirões e construíram capelas de madeira, pedra ou alvenaria, que decoravam primorosamente: altares e imagens em madeira, janelas com vidros coloridos, alfaias de metal e até um sino de bronze no campanário. O fantasma da solidão no meio da mata foi se distanciando. Os pais dotavam os filhos com terras e as filhas com enxoval, que consistia em uma máquina de costura, uma arca com roupas, uma vaca ou uma mula. Mascates percorriam as linhas, levando mercadorias e novidades. Tropeiros e carreteiros, com suas mulas bruaqueiras e carretas, levavam e traziam produtos entre os centros consumidores e os portos fluviais. Personagens conhecidos nesse mundo medido em estações, em safras. O contato com os gaúchos possibilitou trocas de mercadorias, de conhecimentos e de costumes. Em cada travessão, em cada núcleo colonial surgiram ferreiros, seleiros, funileiros, pedreiros, oleiros, sapateiros, alfaiates, marceneiros. Serrarias e moinhos foram levantados para beneficiarem grãos e madeiras. Matadouros, curtumes, barbaquás, ferrarias, cervejarias, alambiques, tecelagens... Uma nova era se anunciava. A casa de comércio de linha, o baratilho ou venda, articulava-se com o comércio de maior porte dos centros urbanos regionais e estes “exportavam” para centros urbanos maiores. Os agricultores entregavam suas reservas monetárias aos comerciantes das linhas, em troca de baixos juros. As grandes casas comerciais realizaram o que os colonos não conseguiram, isto é, acumular capitais... O RIO GRANDE DO SUL DURANTE A REPÚBLICA VELHA Em 1889 tropas do Exército brasileiro, lideradas pelos Marechais Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto, derrubaram o Império (D. Pedro II) e proclamaram a República. Começou então, a 1ª República ou “República Velha”, período da História do Brasil que vai de 1889 até 1930. Vamos ver os principais aspectos da história do RS durante a República Velha. A REVOLUÇÃO FEDERALISTA – 1893 A 1895 Revolução contra Júlio de Castilhos que foi o primeiro presidente do Estado do RS logo após a proclamação da República. Júlio de Castilhos, líder do Partido Republicano Rio- Grandense, representava parte da elite gaúcha que defendia a República e subira ao poder em 1889. A revolução, feita pela oposição da época, foi liderada por Gaspar Silveira Martins, líder do Partido Federalista Brasileiro. Gaspar Martins representava a outra parte da elite gaúcha, que era monarquista e que tivera o poder até o golpe de 1889, que derrubou a monarquia e proclamou a República. [ Portanto tínhamos, em 1893, dois partidos políticos, ambos representantes da elite gaúcha (estancieiros criadores de gado e charqueadores): o PRR (Partido Republicano Rio- Grandense), que estava no poder, e o PFB (Partido Federalista Brasileiro) liderado por Gaspar Martins. Os Federalistas (PFB) também eram chamados de “maragatos” enquanto que os Castilhistas de “pica-paus”. Os pica-paus mais tarde passaram a ser conhecidos como “chimangos”. Portanto, a Revolução Federalista foi a luta pelo poder, entre chimangos e maragatos. Em 1895 acabou a guerra, com a vitória dos republicanos do PRR, chimangos (pica- paus). Júlio de Castilhos se consolidou no poder e, em 1898, foi sucedido por Borges de Madeiros. Borges de Medeiros deu seguimento à obra de Castilhos, consolidando o regime republicano autoritário e centralizado. Este autoritarismo e centralização são sinais da influência da filosofia Positivista sobre a Constituição do estado Rio-Grandense. Borges de Medeiros governou o RS quase até o final da República Velha: em 1928. Borges de Medeiros foi presidente do estado por cerca de 25 anos, entre 1898 e 1908 e entre 1913 e 1928. No mandato de 1908 a 1913, o presidente do estado foi Carlos Barbosa, homem da confiança de Borges de Medeiros e que manteve suas políticas. O Governo de Borges de Medeiros – 1898 A 1928 Vamos destacar alguns fatos marcantes do governo do famoso caudilho, líder dos “chimangos”: Houve a encampação da Viação Férrea e do Porto do Rio Grande, que eram de empresas estrangeiras e passaram para o controle do Governo do Estado. O auge da economia do governo borgista foi durante a 1ª Guerra Mundial (1914 a 1918) quando os frigoríficos gaúchos passaram a exportar em grande escala. Em 1917 houve grande movimento operário com uma greve geral que paralisou a capital, liderada pelo anarco-sindicalista. O RS continuava não tendo participação nas decisões do governo central (Rio de Janeiro); um grande líder gaúcho até 1915 foi o Senador Pinheiro Machado. Em 1923, uma revolução armada feita por uma parcela da classe dominante gaúcha (os fazendeiros), tentou derrubar Borges; foram liderados por Assis Brasil. Os chamados “chimangos” de Borges de Medeiros saíram vencedores e a paz foi assinada em Pedras Altas (pacto de Pedras Altas). Em relação à economia do RS na República Velha, continuávamos produzindo charque, arroz, banha, vinho, etc. Em 1927 surgiu a FARSUL (Federação das Associações Rurais do RS). Na Revolução de 1930 o nosso Estado, juntamente com Minas Gerais e Paraíba, formaram a Aliança Liberal. A Aliança Liberal liderou o movimento que depôs o Presidente Washington Luiz e colocou no poder o gaúcho Getúlio Vargas. O RIO GRANDE DO SUL DURANTE A REPÚBLICA NOVA (1930 – 1937) A chamada “revolução de 1930” liderada pelo gaúcho Getúlio Vargas inicia na História do Brasil, o período chamado República Nova. Vamos ver aqui alguns aspectos importantes da História do RS durante a República Nova: Flores da Cunha foi o interventor nomeado por Getúlio para governar o nosso Estado, cargo que ocupou até 1937. O RS continuou sendo considerado como fornecedor de gêneros de subsistência para o mercado consumidor nacional, e o charque continuou sendo o principal produto de exportação. O charque continuava enfrentando a concorrência da produção e dos frigoríficos estrangeiros estabelecidos no estado (Swift e Armour). Além do charque, produzíamos também arroz, trigo, cebola, frutas de sobremesa, milho, etc. Na indústria, destaque para o vinho, a banha, conservas de frutas, óleos vegetais, tecidos, farinha de trigo, etc. Em 1932, a Revolução Constitucionalista, iniciada em São Paulo, contra Getúlio, teve o apoio de parte da elite gaúcha. Flores da Cunha, no entanto, manteve seu apoio a Getúlio Vargas. Em 1934, Flores da Cunha proporcionou a criação do Instituto Sul-Rio-Grandense de Carnes. Promoveu também a construção de um matadouro – modelo de entreposto frigorífico no cais do porto da capital. Em 1937, a firma Oderich criou em Canoas os “Frigoríficos Nacionais Sul - Brasileiros”. Em 1937, Getúlio Vargas, com o apoio do Exército, tornou-se ditador, começando o período chamado “Estado Novo”, que vai até 1945. Flores da Cunha, por não concordar com a ditadura varguista teve que fugir para o Uruguai. Getúlio então nomeou, para governar o nosso Estado, o General Daltro Filho. O RIO GRANDE DO SUL DURANTE O ESTADO NOVO Em 1937, Getúlio Vargas, com o apoio do Exército, deu um golpe de Estado, cancelou as eleições presidenciais, outorgou uma nova Constituição e se tornou ditador. Esta ditadura getulista, considerada a nossa experiência fascista, ficou conhecida pelo nome de Estado Novo e durou até 1945, quando foi forçado a renunciar. O RS continuou funcionando como centro fornecedor de alimentos para o mercado interno, como “celeiro do país”. Continuávamos produzindo vinhos e banha, conservas alimentícias e tecidos de lã. Com a 2ª Guerra Mundial (1939 a 1945), as nossas metalúrgicas se expandiram, como por exemplo, a Eberle. A pecuária gaúcha, em crise ou não, continuava importante, sendo que um dos problemas era a concorrência dos frigoríficos estrangeiros que controlavam os preços da carne. Nos anos 40, as charqueadas foram desaparecendo e dando lugar às cooperativas, que adotavam métodos mais modernos de transformação da carne. Na agricultura verificou-se a expansão da lavoura de trigo e de arroz, ao mesmo tempo em que crescia o êxodo rural (os camponeses abandonando o campo, pela cidade), aumentando o número de marginalizados nas cidades, principalmente em Porto Alegre. Na área dos transportes, a criação do Departamento Autônomo de Estradas e Rodagem (DAER) ajudou o desenvolvimento do sistema rodoviário no Estado. Neste período do Estado Novo, o RS foi governado por interventores nomeados por Getúlio: Daltro Filho, Cordeiro de Farias, Ernesto Dornelles. Em 1943 começou a “campanha de redemocratização” que exigia o fim da ditadura, eleições, assembleia constituinte, etc. Começa, então, o surgimento de novos partidos políticos: a UDN, o PL, o PTB, o PSD, etc. O PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) teve no gaúcho Alberto Pasqualini o seu principal teórico. Em 1945 Getúlio foi obrigado a renunciar, encerrando-se, assim, o período chamado“Estado Novo”. O RS NO PERÍODO POPULISTA (1945 A 1964) A partir de 1945, com a redemocratização, o Brasil voltou a ter eleições diretas em todos os níveis: vereadores, prefeitos, governadores, deputados, senadores e presidente da República. Este período é conhecido como “Período Populista”. Entre 1945 e 1964, o RS foi governado por Valter Jobim (PSD), Ernesto Dornelles (PTB), Ildo Meneghetti (PSD), Leonel Brizola (PTB) e novamente Meneghetti. Economia - O nosso Estado continuou produzindo arroz, trigo, vinho, banha, conservas de frutas, doces, tecidos, calçados, fumo, produtos químicos e metalúrgicos. Uma novidade foi o surgimento de frigoríficos de capital nacional para a transformação da carne bovina e ovina, ao lado das antigas Oderich e Renner que operavam mais com carne suína. Na exportação, lideravam empresas estrangeiras como Swift, Armour, Wilson e Anglo. A criação da CEE – em 1947, no governo de Valter Jobim (Companhia Estadual de Energia Elétrica), para suprir as falhas do atendimento das empresas estrangeiras. A CEE aumentou a nossa produção de energia. No governo de Brizola (1958 a 1961) foram encampadas as empresas estrangeiras que operavam no setor da eletricidade e dos serviços telefônicos (Companhia Telefônica Rio-Grandense, CRT). Nos transportes – Na década de 50, foram construídas várias estradas de rodagem e inaugurada a BR-116; foi aumentada a produção de carvão que era combustível para a Viação Férrea; no governo Meneghetti foi construída a ponte sobre o rio Guaíba; no governo Brizola, a construção da “Estrada da Produção”, para escoar até a capital os produtos do Alto Uruguai (rio). A Campanha da Legalidade Em 1961, o presidente Jânio Quadros, que havia sucedido a Juscelino Kubistchek, renunciou ao seu mandato após apenas sete meses de governo. O vice de Jânio era o gaúcho João Goulart, o Jango. Os mesmos grupos que haviam combatido o governo de Getúlio Vargas e que o levaram ao suicídio em 1954 (grandes empresas estrangeiras e nacionais e grandes jornais) passaram, com forte apoio das Forças Armadas, a tentar impedir a posse de João Goulart como presidente da República. Eles tinham o receio de que Jango implementasse em seu governo medidas que favorecessem o povo e prejudicassem os seus interesses. Por isso, esses grupos organizaram um golpe para evitar que o vice-presidenteassumisse o governo. Nesse momento, o governador gaúcho Leonel Brizola organizou a Campanha da Legalidade para tentar garantir a posse de Jango na Presidência da República, como estabelecia a Constituição. Através do rádio – o meio de comunicação mais popular na época -, Brizola incentivou a população a resistir ao golpe. Milhares de pessoas foram às ruas, principalmente em Porto Alegre, para apoiar Brizola. O governador conseguiu o apoio dos militares do Rio Grande do Sul e, com medo de que ocorresse uma grande luta, os golpistas aceitaram a posse de Jango. Mas, para que Goulart assumisse, ele teve de aceitar o regime parlamentarista de governo, que lhe tirava a maioria dos poderes. Para evitar uma provável guerra civil foi feito um acordo: o Congresso Nacional aprovou a adoção do Parlamentarismo. Por que isso? Porque com o Parlamentarismo, Jango, embora presidente, não teria quase poder, pois no Parlamentarismo quem tem mais poderes é oPrimeiroMinistro. Assim, de 1961 a 1963 tivemos a experiência Parlamentarista no Brasil. Portanto, o “Movimento da Legalidade” teve como objetivo garantir a posse de João Goulart como Presidente da República, após a renúncia de Jânio Quadros. Em 1963 foi feito um plebiscito que determinou o fim do Parlamentarismo e a volta do Presidencialismo. Em 31/03/1964 os militares deram um golpe, derrubaram Jango e instalaram a ditadura militar, que durou até 1985, quando foi eleito Tancredo Neves e José Sarney. O RS DURANTE A DITADURA MILITAR (1964 A 1985) Neste período da Ditadura Militar (1964 a 1985) o RS teve os seguintes governadores: Perachi Barcelos (que foi eleito), Euclides Triches, Sinval Guazzelli e Amaral de Souza. Estes três últimos foram escolhidos pelo Governo Central. Em 1982 voltou a eleição direta para governador, quando então foi eleito o Sr. Jair Soares, depois Pedro Simon, Alceu Colares, Antônio Britto, Olívio Dutra, Germano Rigotto e Yeda Crusius, sucessivamente. No período militar, as exportações gaúchas foram lideradas pelo trigo e soja. Na área da indústria foi criada a Aços Finos Piratini, o III Pólo Petroquímico e a Termoelétrica de carvão. Crise Política: Em 2007, a Polícia Federal realiza a Operação Rodin, para desmantelar um esquema de corrupção no Departamento Estadual de Trânsito (Detran) gaúcho, que teria desviado 44 milhões de reais. Em 2008, uma acusação pública do próprio vice-governador,Paulo Afonso Feijó (DEM), envolve a governadora Yeda Crusius (PSDB) no caso Detran e deflagra uma crise política que leva a um pedido de impeachment contra Crusius. Em Outubro, o pedido de impeachment é votado e arquivado na Assembleia Legislativa. Crusius tenta se reeleger em 2010, mas perde para Tarso Genro (PT). Eleições: No primeiro turno das eleições de 2012, José Fortunati (PDT) é reeleito prefeito de Porto Alegre, com 62,5% dos votos válidos. Gaúcho – o homem do Rio Grande Como vimos, o estado do Rio Grande do Sul foi formado por vários povos: indígenas de diferentes etnias, portugueses, espanhóis, negros, alemães, italianos e muitos outros, cada um com seus costumes e cultura própria. Quem é o gaúcho? Homem “sem chefe, sem leis, sem polícia”. (Nicolau Dreys) O que faz? “Buenas me espalho! Nos pequenos dou de prancha e nos grandes dou de talho!” (Érico Veríssimo) Um de seus artigos de fé: “Mulher, arma e cavalo de andar, nada de emprestar.” (Simões Lopes Neto) O gaúcho é definido pela literatura popular como um indivíduo machista, altivo, irreverente, guerreiro. Legítimo “centauro dos Pampas”. O gaúcho era o peão das fazendas de gado próximas à fronteira. Podia ser da Província do Rio Grande, do Uruguai ou da Argentina. Seu prato predileto é o churrasco, carne assada no espeto. Sua bebida preferida é o chimarrão e, para isso, não dispensa a bomba e a cuia apropriadas. O vestuário característico do gaúcho é: o chapéu de couro, de abas largas; o lenço de cores vivas e amarrado ao pescoço; a camisa de lã ou de pano grosso; o “poncho” ou a pala sobre os ombros; a “guaiaca” (cinto largo) na cintura, onde traz a faca, a garrucha, os documentos, o dinheiro, o fumo, etc.; as “bombachas”, que são calças largas apertadas em cima do tornozelo; as botas; a boleadeiras. Símbolos rio-grandenses O nosso estado também é representado por símbolos: a bandeira, o escudo de armas e o hino estadual. Eles têm origem na Revolução Farroupilha, devido ao profundo significado que esse movimento teve em nossa história. Foi a nossa luta em defesa dos interesses do Rio Grande, pelo regime republicano e pelo liberalismo, que levaria à maior autonomia das províncias. A nossa bandeira atual foi instituída pela Lei nº 5213, de 5 de janeiro de 1966. Seu desenho é de Bernardo Pires. O nosso hino é o Hino da Revolução Farroupilha. A letra foi escrita por Francisco Pinto da Fontoura e a música é de Joaquim José de Mendanha. O nosso Escudo de Armas é uma criação de Mariano de Matos, que homenagearam Revolução Farroupilha. Exercícios 01- De uma definição de História. 02- Tradicionalmente, como estão dividido os períodos históricos? 03- Que conseqüências tiveram a expansão marítima européia nos séculos XV e XVI? 04- Citar três características da Sociedade Feudal. 05- Quais países europeus que se destacaram nos Descobrimentos Marítimos? 06- Que foi o Renascimento Comercial? 07- Citar as principais causas da Reforma Religiosa. 08- O que diferenciava as colônias inglesas do norte com as do sul na América do Norte? 09- Que era o escambo? (Prática comum nos primeiros contados entres portugueses com índios). 10- Que conseqüências tiveram para o Brasil o período da mineração? 11- Na Primeira Guerra Mundial, quais eram as alianças militares envolvidos no conflito? 12- Qual o marco inicial da Segunda Guerra Mundial e o que ocasionou a entrada dos EUA? 13- No que consideramos República Velha no Brasil, o que era o “voto de cabresto”? 14- Quais os motivos principais da Revolução de 1930 no Brasil e quem foi seu maior líder? 14- Quais as principais características econômicas no governo de Juscelino Kubitscheck? 15- Quais os fatos que proporcionaram o início da Revolução Industrial na Inglaterra? 16- Quais as principais causas da Revolução Francesa de 1789? 17- Quais a principais características do Nazismo? 18- Na Segunda Guerra Mundial quais nações formaram o EIXO e quais eras os Aliados? 19- Que foi a Guerra Fria? 20- Como foi o fim da União Soviética? REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FARIA, Sheila de Castro. Nossa História, ano 2, n. 16, fev. 2005, p. 60. ALENCAR, Francisco Ramalho e Ribeiro. História da Sociedade Brasileira. Rio de Janeiro, Ao Livro Técnico S/A, 1991 – 1984. MOTA, Carlos Guilherme. História Moderna e Contemporânea. São Paulo, Ed. Moderna, 1986. PILLETTI, Nelson e Claudino. História e Vida – volume 2. São Paulo, Ática, 1990. PILLETTI, Nelson. História do Brasil. São Paulo, Ática, 1990. Projeto Araribá. São Paulo, Ed Moderna, 2006. ALMANAQUE ABRIL 2013. Ano 37. Ed. Abril: São Paulo, 2013. PELETTI, Felipe. História do Rio Grande do Sul: História Regional, 4º ou 5º ano. São Paulo: Ática, 2011. SILVA, E. A.; SOUSA, C. M. de W.J. EJA: 6º ao 9º: História Manual do Educador, 3ª ED - São Paulo: IBEP, 2013. – (Coleção tempo de Aprender). LOBO, A. Educação de Jovens e Adultos: Alcance EJA: História: Anos Finais do Ensino Fundamental/ Curitiba: Positivo, 2013. SILVA, da R. D. Sociedade em Construção: História e Cultura Afro-brasileira. São Paulo: Gráfica e Editora Direção, 2009. 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