RELATÓRIO TÉCNICO Avaliação Clínica da Marcha LABIOMEP: Laboratório de Biomecânica do Porto Porto, 09 de setembro de 2015 Rua Dr. Plácido Costa, 91 4200-450 Porto Telef.:220 425 237 www.labiomep.up.pt [email protected] ÍNDICE DE CONTEÚDOS Dados do Paciente 2 Protocolo de Avaliação 2 Parâmetros Espaciotemporais 3 Cinemática Angular da Marcha 4 Forças de Reação do Solo 6 Conclusões 8 Ficha de Interpretação 9 Avaliação Complementar: Momento de Força Isocinético Bilateral 11 Página 1 Rua Dr. Plácido Costa, 91 4200-450 Porto Telef.:220 425 237 www.labiomep.up.pt [email protected] AVALIAÇÃO CLÍNICA DA MARCHA Dados do Paciente Realizado em 03/09/2015 Nome do paciente: ID: Prescritor: Part.01/15 Altura: 1,65 m Particular Massa: 65 kg Género: Feminino Data de nascimento: 1983 Tipo de avaliação: Análise de marcha com forças de reação do solo Protocolo de avaliação Marcadores refletores foram colocados em pontos anatómicos relevantes e os movimentos dos segmentos corporais registados por um conjunto de 12 câmaras retrofletoras de infravermelhos (Qualisys AB, Suécia) a operarem a uma frequência de aquisição de 200 Hz. A força de reação do solo foi registada com recurso a cinco plataformas de força extensiométricas (Bertec, EUA) e uma plataforma piezoelétrica (Kistler, EUA) a operarem a uma frequência de aquisição de 2000 Hz. A paciente foi instruída a caminhar de forma natural, descalça, e a uma velocidade confortável ao longo de um corredor de marcha de 10 m. Foram realizadas cinco (5) recolhas válidas para posterior processamento em software de análise biomecânica Visual3D (C-Motion, EUA). Os dados de referência apresentados para comparação foram obtidos através da avaliação de uma voluntária saudável, do género feminino, na mesma faixa etária que a paciente e com massa corporal idêntica. Diagnóstico Tetraplegia AIS D nível neurológico C4. Diminuição de força e da sensibilidade dos quatro membros. Parestesias dos membros inferiores e de D3-D5 bilateralmente (mais direita) e dor à mobilização da anca do lado direito. Sumário dos Resultados Aumento do período de duplo apoio do membro inferior direito, em particular na fase final do membro direito. Retroversão da pélvis excessiva na fase de apoio e insuficiente na fase de balanço. Rotação da pélvis para a esquerda em todo o ciclo de marcha. Anca com amplitude de flexão/extensão reduzida. Aumento da rotação interna da anca na fase de apoio. Joelho apresenta flexão excessiva no início das fases de apoio e de balanço. Tornozelo apresenta dorsiflexão excessiva no início das fases de apoio e de balanço. Tornozelo em inversão e supinador em todo o ciclo de marcha. Posicionamento dos marcadores do modelo de corpo inteiro convencional para análise da marcha. Página 2 Rua Dr. Plácido Costa, 91 4200-450 Porto Telef.:220 425 237 www.labiomep.up.pt [email protected] Parâmetros Espaciotemporais Velocidade média da marcha 1,09 m/s Comprimento médio da passada 1,120 ± 0,028 m Largura média da passada 0,118 ± 0,016 m Valores para dez passadas (n=10) Lado direito Lado esquerdo Valor de referência* Variável Absoluto Normalizado Absoluto Normalizado Absoluto Normalizado 0,568 ± 0,018 m - 0,545 ± 0,020 m - 0,696 ± 0,008 m - Tempo do passo 0,54 ± 0,02 s 52,4% 0,49 ± 0,02 s 48,0 % - 50% Tempo de apoio 0,64 ± 0,01 s 62,1% 0,63 ± 0,02 s 61,8% - 60% Tempo de balanço 0,40 ± 0,02 s 38,8% 0,38 ± 0,01 s 37,3% - 40% Duração do ciclo de marcha 1,03 ± 0,02 s 100% 1,02 ± 0,02 s 100% 1,05 ± 0,03 s 100% Comprimento do passo Valor de referência* Variável Absoluto Normalizado Absoluto Normalizado Tempo de duplo apoio 0,25 ± 0,02 s 24,3% - 20% Tempo de duplo apoio inicial direito 0,11 ± 0,01 s 10,7% - 10% Tempo de duplo apoio final direito 0,14 ± 0,01 s 13,6% - 10% Legenda * Valores de referência obtidos de J. Perry and J. M. Burnfield, Gait Analysis: Normal and Pathological Function: SLACK, 2010. ** Ilustrações adaptadas de J. Richards, Biomechanics in Clinic and Research: An Interactive Teaching and Learning Course: Churchill Livingstone/Elsevier, 2008. Página 3 Rua Dr. Plácido Costa, 91 4200-450 Porto Telef.:220 425 237 www.labiomep.up.pt [email protected] Cinemática Angular da Marcha Anteversão (+) / Retroversão (-) Flexão Lateral Dir. (+) / Esq. (-) Rotação Dir. (+) / Esq. (-) PÉLVIS b c a Flexão (+) / Extensão (-) Abdução (+) / Adução (-) Rotação Interna (+) / Externa (-) f ANCA d h e g Flexão (+) / Extensão (-) Abdução (+) / Adução (-) JOELHO k l j n i m Dorsiflexão (+) / Plantiflexão (-) TORNOZELO Rotação Interna (+) / Externa (-) Eversão (+) / Inversão (-) Pronação (+) / Supinação (-) t r o s p q u Legenda: Dados normativos (Cinzento) | Lado Direito (Azul) | Lado Esquerdo (Vermelho) | Bilateral (Verde) | Dir. e Esq. são abreviaturas de direito e esquerdo, respetivamente | Eixo vertical representa a angulação em graus | Eixo horizontal representa a duração de um ciclo de marcha expresso em percentagem. Página 4 Rua Dr. Plácido Costa, 91 4200-450 Porto Telef.:220 425 237 www.labiomep.up.pt [email protected] Letra Tipo Variável Segmento/ Articulação Lateralidade Instante do Ciclo de Marcha a Insuficiente anteversão da pélvis bilateralmente durante o inicio do apoio b Insuficiente retroversão da pélvis bilateralmente no inicio da fase de voo do pé c Aumento rotação para a esquerda da pélvis bilateralmente ao longo de todo o ciclo d Demasiada extensão da anca direita durante a fase de apoio e Insuficiente extensão da anca bilateralmente no final da fase de apoio f Insuficiente abdução da anca bilateralmente na fase de apoio g Insuficiente abdução da anca bilateralmente h Decréscimo rotação interna da anca bilateralmente esquerda no final da fase de apoio e inicio da fase de voo na fase de apoio ao longo de todo o ciclo i Demasiada extensão do joelho direito no inicio da fase de apoio j Insuficiente flexão do joelho direito no inicio da fase de balanço k Atraso abdução do joelho direito no inicio da fase de balanço l Demasiada abdução do joelho direito a meio da fase de balanço m Demasiada adução do joelho esquerdo n Demasiada rotação interna do joelho bilateralmente ao longo de todo o ciclo o Demasiada dorsiflexão do tornozelo bilateralmente no inicio da fase de apoio p Insuficiente plantiflexão do tornozelo bilateralmente no inicio da fase de balanço q Insuficiente eversão do tornozelo esquerdo ao longo de todo o ciclo r Diminuição da extensão da amplitude inversão e eversão do tornozelo bilateralmente ao longo de todo o ciclo s Demasiada pronação do tornozelo bilateralmente ao longo de todo o ciclo t Diminuição da extensão da amplitude pronação do tornozelo esquerdo ao longo de todo o ciclo u Insuficiente supinação do tornozelo direito Página 5 no inicio da fase de balanço no início da fase de balanço Rua Dr. Plácido Costa, 91 4200-450 Porto Telef.:220 425 237 www.labiomep.up.pt [email protected] Análise das Forças de Reação do Solo Força Antero-Posterior Evento iii Dir.FA1 ii Dir.FA2 Dir.FA3 i Esq.FA1 Esq.FA2 Esq.FA3 Força Médio-Lateral Evento Dir.FM1 Dir.FM2 Dir.FM3 Esq.FM1 Esq.FM2 Esq.FM3 Força Vertical v Evento vi vii Dir.FZ1 iv Dir.FZ2 Dir.FZ3 Esq.FZ1 Esq.FZ2 Esq.FZ3 Amplitude Instante da fase de apoio (Referência) (Referência*) -13,5±1,9% (-20%) 0,0% (0,0%) 10,2±1,0% (20%) -11,9±1,2% (-20%) 0,0% (0,0%) 14,4±1,4% (-20%) 9,9±6,7% (18%) 63,3±2,2% (55%) 85,8±1,2% (87%) 6,7±2,5% (18%) 48,2±15,4% (55%) 87,3±1,2% (87%) Amplitude Instante da fase de apoio (Referência) (Referência*) -5,7±2,6% (-4%) 2,5±0,3% (4%) 6,5±0,8% (5-10%) 6,9±1,4% (5-10%) -3,3±1,9% (-4%) 6,7±0,8% (5-10%) 6,3±0,9% (5-10%) 26,1±6,8% (23%) 70,3±6,8% (80%) 2,6±0,5% (4%) 31,1±0,9% (23%) 70,6±2,3% (80%) Amplitude Instante da fase de apoio (Referência) (Referência*) 102,3±4,2% (120%) 83,0 ±2,7% (70%) 103,0±2,7% (120%) 97,4±4,4 (120%) 81,9±2,7 (70%) 114,5±4,3 (120%) 24,9±2,0% (23%) 43,0±5,2% (50%) 75,7±2,0% (77%) 27,7±2,7% (23%) 49,8±2,8% (50%) 75,0±1,9% (77%) Legenda: Dados normativos (Cinzento) | Lado Direito (Azul) | Lado Esquerdo (Vermelho) | Bilateral (Verde) | Dir. e Esq. são abreviaturas de direito e esquerdo, respetivamente | FA, FM e FZ são eventos chave do gráfico a que correspondem (ver glossário). Eixo vertical representa a força de reação do solo normalizada ao peso corporal e expressa em percentagem | Eixo horizontal representa a duração de um apoio do pé, expresso em percentagem. * Dados normativos retirados de J. Richards, Biomechanics in Clinic and Research: An Interactive Teaching and Learning Course: Churchill Livingstone/Elsevier, 2008. Página 6 Rua Dr. Plácido Costa, 91 4200-450 Porto Telef.:220 425 237 www.labiomep.up.pt [email protected] Número Tipo i Instante da fase de apoio Variável Lateralidade Insuficiente descarga de travagem bilateralmente ii Declive anormal transição de força entre o calcanhar e o ante-pé do pé direito iii Insuficiente força de propulsão bilateralmente na fase de propulsão iv Anormal amplitude de pico bilateralmente no início da fase de apoio v Demasiado tarde transição do peso corporal bilateralmente no início da fase de apoio vi Insuficiente transição de força entre o calcanhar e o ante-pé bilateralmente a meio da fase de apoio vii Insuficiente aplicação de força no ante-pé esquerdo Página 7 no inicio do apoio a meio do apoio na fase de propulsão Rua Dr. Plácido Costa, 91 4200-450 Porto Telef.:220 425 237 www.labiomep.up.pt [email protected] Conclusões Verifica-se um aumento do período de duplo apoio, em particular pelo membro inferior direito durante a fase de duplo apoio final, e do período do passo do membro inferior direito. O período de balanço mantém-se preservado e similar entre membros. A pélvis apresenta amplitude de variação reduzida ao longo do ciclo de marcha, caraterizada por insuficiente anteversão no início da fase de apoio, e insuficiente retroversão na fase de propulsão. A flexão lateral da pélvis mantém-se preservada, verificando-se no entanto um aumento na rotação no sentido esquerdo ao longo de todo o ciclo de marcha. O início do apoio do membro inferior direito é realizado com uma extensão da anca superior à verificada no membro contralateral e ao padrão de referência. Existe ainda uma extensão insuficiente em ambos os membros no final da fase de apoio. Abdução da anca bilateralmente insuficiente na fase de apoio e insuficiente adução na fase de balanço em ambos os membros inferiores. Em termos de rotação, verifica-se bilateralmente um incremento na rotação externa da anca durante a fase de apoio, sendo que durante a fase de balanço o membro direito assume uma rotação dentro dos padrões de referência. O joelho direito apresenta extensão excessiva no início da fase de apoio, não realizando flexão suficiente para alcançar os padrões de referência no início da fase de balanço. O joelho esquerdo apresenta flexão/extensão dentro dos padrões de referência. Abdução e rotação do joelho com caraterísticas anormais bilateralmente. Excessiva dorsiflexão do tornozelo no início da fase de apoio, bem como no início da fase de balanço, não efetuando a flexão plantar necessária para atingir os padrões de referência. Inversão excessiva do tornozelo esquerdo na fase de apoio. Redução substancial da amplitude de movimento de ambos os membros, e insuficiente inversão no momento de remoção da ponta do pé do solo. O membro inferior direito apresenta um aumento da pronação, mas com um padrão de movimento semelhante ao de referência, embora com uma reduzida supinação no início da fase de balanço. O membro esquerdo apresenta-se normalmente pronador, com valores superiores ao membro contralateral e com uma menor amplitude de movimento ao longo de todo o ciclo de marcha. Registos da força exercida no solo revelam uma insuficiente descarga de força no momento de contato com o solo (ver item i), o que se repercute na existência de um pico anormal na força vertical (item iv) e num atraso na aplicação do peso corporal no solo (item v). A curva de transição de força do calcanhar para o ante-pé direito apresenta-se anormal, possivelmente correlacionada com a excessiva dorsiflexão. Força de propulsão ântero-posterior reduzida em ambos os membros, bem como insuficiente propulsão vertical no membro inferior direito. O membro inferior esquerdo apresenta uma diminuição da força propulsiva ânteroposterior, transferindo-a para impulsão vertical. Curva de força médio-lateral com pouca demarcação dos eventos FM2 e FM3 devido à excessiva pronação de ambos os pés. Amplitude do vale da força vertical demasiado elevada, revelando uma transição de força entre o calcanhar e o ante-pé realizada muito rapidamente, em conformidade com a diminuição de amplitude dos movimentos articulares do tornozelo. O diretor do laboratório: João Paulo Vilas-Boas, PhD Página 8 Rua Dr. Plácido Costa, 91 4200-450 Porto Telef.:220 425 237 www.labiomep.up.pt [email protected] Ficha de Interpretação Glossário: PASSO (comprimento): distância entre dois apoios de calcanhar consecutivos (Dir.-Esq. ou Esq.-Dir.). FORÇA VERTICAL: componente perpendicularmente ao solo. PASSADA (comprimento): distância entre dois apoios de calcanhar consecutivos do mesmo pé, intercalados por um apoio do pé contralateral. FORÇA NORMALIZADA: Normalização da força em função de uma determinada variável, normalmente o peso corporal, sendo a força posteriormente expressa em percentagem do peso corporal. CICLO DE MARCHA: período compreendido entre o início do apoio de calcanhar de um pé e a ocorrência de um novo apoio de calcanhar desse mesmo pé. Um ciclo é composto por uma fase de apoio, fase de balanço e nova fase de apoio. Os momentos em que o pé contralateral também se encontra em fase de apoio denominam-se fases de duplo-apoio. da força exercida EVENTOS CARATERIZADORES DA FORÇA: pontos notáveis na curva força-tempo que permitem a sua caraterização. Usualmente são considerados os eventos apresentados na seguinte figura: CICLO DE MARCHA NORMALIZADO: Normalização do ciclo de marcha em função da sua duração, sendo posteriormente expressa em percentagem, na qual 0% corresponde ao primeiro contato de calcanhar, e 100% ao segundo ataque de calcanhar do mesmo pé. FASE DE APOIO: Período durante o qual um dos pés se encontra em contacto com o solo. A fase de apoio normalizada é usada nos gráficos de força de reação do solo, sendo expressa em percentagem, na qual 0% corresponde ao contato de calcanhar, e 100% à retirada da ponta do pé do solo. FASE DE BALANÇO: Período compreendido entre duas fases de apoio consecutivas na qual um dos pés não se encontra em contato com o solo. FORÇA DE REACÇÃO DO SOLO: As forças que atuam no corpo como resultado da sua interação com o solo. Estas forças são iguais, e com sentido oposto, àquelas aplicadas pelo corpo no solo, de acordo com a 3ª Lei de Newton. Pode ser decomposta em três componentes: força antero-posterior, médio-lateral e vertical. FORÇA ANTERO-POSTERIOR: exercida na direção da marcha. componente da força FORÇA MÉDIO-LATERAL: componente da força exercida perpendicularmente à direção da marcha. Pictogramas de avaliação cinemática: Aumento (em todo o ciclo) Decréscimo (em todo o ciclo) Demasiado (em parte do ciclo) Insuficiente (em parte do ciclo) Demasiado cedo Demasiado tarde Demasiado longo Demasiado curto Aumento na extensão da amplitude Diminuição na extensão da amplitude Declive anormal Declive anormal ? Dentro dos limites normais Outras caraterísticas Possível artefacto Adaptado dos pictogramas utilizados na University of Salford (Reino Unido). Página 9 Rua Dr. Plácido Costa, 91 4200-450 Porto Telef.:220 425 237 www.labiomep.up.pt [email protected] Página 10 Rua Dr. Plácido Costa, 91 4200-450 Porto Telef.:220 425 237 www.labiomep.up.pt [email protected] AVALIAÇÃO ADICIONAL RELATÓRIO DE DINAMOMETRIA ISOCINÉTICA Realizado em 09-03-2015 Dados do paciente Nome do paciente: Altura: 1,65 m Género: Feminino Massa: 65,0 kg Articulação: Joelho Lado afetado: Direito Data de nascimento: 1983 Diagnóstico: Diminuição de força e da sensibilidade dos quatro membros. Tipologia da avaliação Protocolo: Isocinético bilateral Tipo de contração: Concêntrica (CON/CON) (quadríceps e isquiotibiais) Movimento: Extensão/Flexão Velocidade de teste: 60º/s, 300º/s Análise de função muscular Recorreu-se a um dinamómetro isocinético Biodex 4 (Biodex Medical Systens Inc., Nova Iorque, EUA) para efetuar a análise de função muscular dos membros inferiores do paciente. A calibração do dispositivo foi verificada antes de começar qualquer medição. Depois de um aquecimento de 5 min com o dinamómetro livre, foi implementado um protocolo isocinético bilateral para averiguação da ocorrência de diferença na produção de força entre o membro inferior esquerdo e o membro direito, conforme descrito na seguinte tabela: Ordem de execução Velocidade Número de repetições 1 60º/s 5 2 300º/s 10 Período de repouso entre velocidades Tipo de contração Extensão/Flexão 180 s CON/CON O paciente foi posicionado no dispositivo conforme as recomendações do fabricante, o tronco imobilizado através da utilização das cintas torácicas e o membro inferior em avaliação através da respetiva cinta. O protocolo foi iniciado pelo membro dominante (direito) e decorreu com forte encorajamento verbal. Página 11 Rua Dr. Plácido Costa, 91 4200-450 Porto Telef.:220 425 237 www.labiomep.up.pt [email protected] Resultados de dinamometria isocinética Velocidade de Teste: 60º/s (CON/CON) Extensão Membro Membro Direito Esquerdo #Rep. Direita: 5 #Rep. Esquerda: 5 Torque Máximo Défice Flexão Membro Membro Direito Esquerdo Défice N.m 133,0 142,9 6,9% 54,2 71,7 24,4% Torque Máximo/Massa Corporal % 204,9 220,1 6,9% 83,6 110,5 24,3% Tempo até Torque Máximo ms 430,0 400,0 630,0 470,0 Ângulo ao Torque Máximo grau (º) 64,0 66,0 55,0 47,0 watt 85,2 94,3 9,7% 37,7 54,3 30,6% J 540,9 562,8 3,9% 256,0 342,3 25,2% Tempo de Aceleração ms 30,0 20,0 30,0 40,0 Tempo de Travagem ms 60,0 50,0 170,0 60,0 40,8% 50,2% Potência Média Trabalho Razão Isquiotibiais/Quadríceps Torque = momento de força (N.m). Velocidade de Teste: 300º/s (CON/CON) Extensão Membro Membro Direito Esquerdo #Rep. Direita: 10 #Rep. Esquerda: 10 Torque Máximo Défice Flexão Membro Membro Direito Esquerdo Défice N.m 41,2 64,3 35,9% 24,0 43,4 44,7% % 63,5 99,0 35,9% 37,0 66,8 44,6% Tempo até Torque Máximo ms 120,0 140,0 130,0 130,0 Ângulo ao Torque Máximo grau (º) 67,0 63,0 26,0 29,0 watt 70,1 123,1 43,1% 17,2 72,8 76,4% 42,4% 75,9% Torque Máximo/Massa Corporal Potência Média Trabalho J 285,3 495,0 82,9 344,2 Tempo de Aceleração ms 80,0 90,0 80,0 70,0 Tempo de Travagem ms 100,0 80,0 180,0 140,0 58,3% 67,5% Razão Isquiotibiais/Quadríceps Torque = momento de força (N.m). Avaliação concêntrica do movimento de extensão/flexão: amplitude e razão entre torque máximo (TM). Amplitude de movimento* Razão TM Flexores / Extensores Velocidade de teste Membro direito Membro esquerdo Membro direito Membro esquerdo 60º/s 300º/s 77,4º 85,7º 73º 88,5º 40,8% 58,3% 50,2% 67,5% *A posição angular foi medida a partir de 90º de flexão do joelho; Torque = momento de força (N.m) Défices: 1 a 10%: sem diferenças significativas entre membros; 11 a 25%: é recomendada reabilitação para melhorar o equilíbrio muscular; > 25%: enfraquecimento funcional significativo; Défice negativo (-) indica que o membro afetado apresentou uma performance superior ao membro saudável Página 12 Rua Dr. Plácido Costa, 91 4200-450 Porto Telef.:220 425 237 www.labiomep.up.pt [email protected] Valores de referência: A literatura científica apresenta diversas referências quando a valores normativos e de referência. São aqui apresentados alguns valores de fontes consideradas fidedignas e resultantes de estudos com amostras estatisticamente significativas. Torque Máximo/Massa Corporal Razão Isquiotibiais/Quadríceps Velocidade de teste Homens Mulheres Velocidade de teste Homens Mulheres 60º/s 256-343 238-283 60º/s 61% 62% 180º/s 173-224 149-194 180º/s 72% 76% 300º/s 119-164 89-134 300º/s 78% 79% Torque Máximo/Massa Corporal e Razão Flexores/Extensores a 90º/s (CON/CON ) Homens Mulheres Idade (anos) Extensão Flexão Razão Flex./Ext. Extensão Flexão Razão Flex./Ext. 16-29 30-39 215±41 212±22 106±30 96±18 41-49% 47-50% 138±17 145±23 76±9 67±12 45-47% 42-49% 40-49 50-49 192±29 179±40 94±17 106±37 50-65% 52-57% 127±17 118±18 58±12 60±13 47-54% 47-50% 60-69 >70 166±32 146±18 91±21 72±16 44-54% 44-53% 101±22 92±12 49±12 48±9 49-55% 55-55% Geral 185,4±39,2 95,1±26 44-53% 121,5±24,5 59,3±13,9 55-55% *Razão Flex./Ext. = Razão Isquiotibiais/Quadríceps Razão Flexores/Extensores em desportistas saudáveis e lesionados Razão Flex./Ext. (CON/CON) Velocidade de teste Membro saudável Membro lesionado Referência 60º/s 65±13% 71±13% Gibson et al. (2000)1 240 º/s 69,5±8,9% - Zabka (2011)2 300 º/s - - - Razão TM Flexores (CON) / Extensores (CON) (60º/s) Razão TM Flexores (CON) / Extensores (CON) (240º/s) Joelho saudável Joelho lesionado Referência 64±12% 68±12% Kannus et al. (1988)3 65±13% 71±13% Gibson et al. (2000) 55,3% - Glena (1991)4 69,5±8,9% - Zabka (2011) 1 St Clair Gibson, A., Lambert, M. I., Durandt, J.J., Scales, N., Noakes, T.D. (2000). Quadriceps and Hamstrings Peak Torque Ratio Changes in Persons With Chronic Anterior Cruciate Ligament Deficiency. Journal of Orthopaedic & Sports Physical Therapy. Volume 30(7):418-427.Kannus, Pekka (1988). Ratio of Hamstring to Quadriceps Femoris Muscles' Strength in the Anterior Cruciate Ligament Insufficient Knee: Relationship to Long-term Recovery. Journal of Orthopaedic & Sports Physical Therapy. Volume 68:961-965. 2 Zabka, F.F.; Valente, H.G., Pacheco, A.M.. “Isokinetic evaluation of knee extensor and flexor muscles in professional soccer players” (2011). Revista Brasileira de Medicina do Esporte [online], Volum 17(3):189-192. 3 Kannus, Pekka (1988). Ratio of Hamstring to Quadriceps Femoris Muscles' Strength in the Anterior Cruciate Ligament Insufficient Knee: Relationship to Long-term Recovery. Journal of Orthopaedic & Sports Physical Therapy. Volume 68:961-965. 4 Glena, D., Kurth A.L., Thomas M. (1991). Moment characteristics of the quadríceps and harmstring muscles during concentric and eccentric loading. Journal of Orthopaedic & Sports Physical Therapy 14:149-154. Página 13 Rua Dr. Plácido Costa, 91 4200-450 Porto Telef.:220 425 237 www.labiomep.up.pt [email protected] Curvas Momento de Força Velocidade de Teste: 60º/s (CON/CON) Velocidade de Teste: 300º/s (CON/CON) Observações Velocidade 60º/s Indício de tensão músculo-tendinosa bilateralmente. Velocidade 300º/s Indícios de potencial subluxação patelar do membro inferior direito. *Conferir guia de interpretação das curvas no final do documento Legenda As curvas apresentadas representam o perfil de momento de força isocinética realizada ao longo da amplitude de movimento pré-estabelecida. A curva a azul representa o membro inferior esquerdo, a curva a rosa o membro inferior direito e a curva a verde o ângulo do joelho. O eixo vertical esquerdo representa o momento de força expresso em N.m, o eixo vertical direito representa o ângulo do joelho expresso em graus, e o eixo horizontal representa o tempo e execução médio expresso em segundos. Página 14 Rua Dr. Plácido Costa, 91 4200-450 Porto Telef.:220 425 237 www.labiomep.up.pt [email protected] Conclusões: Verifica-se um défice permanente na produção de momento de força, potência e trabalho entre o membro direito (afetado) e o esquerdo, sendo exacerbado com o aumento da velocidade de teste, em particular nos movimentos de flexão. Comparativamente aos dados normativos, e à velocidade de 60º/s, constata-se uma redução da capacidade de produção de força durante a extensão em aproximadamente 14 a 28% no membro inferior direito, e de 8 a 23% do membro inferior esquerdo. Em termos da extensão, existe uma redução de 65 a 75% no membro inferior direito e de 54 a 62% do membro inferior esquerdo de produzir momento de força. A razão entre a produção de força dos quadríceps e isquiotibiais também se encontra reduzida face aos valores normativos (-10 a -20%), devido à reduzida capacidade de produção de momento de força dos isquiotibiais (flexão). À velocidade de 300º/s mantêm-se as mesmas conclusões, embora com uma redução de momento de força menor face aos dados normativos. A esta velocidade o comprometimento do membro inferior direito torna-se mais notório devido ao aumento do défice entre membros. A razão isquiotibiais/quadríceps aproxima-se das metas estabelecidas pela literatura científica. A análise das curvas de momento de força revela a existência de tensão músculo-tendinosa em ambos os membros, bem como indícios de uma subluxação patelar do membro inferior direito. Recomendam-se exercícios de fortalecimento dos quadríceps, em particular do membro inferior direito. O diretor do laboratório: João Paulo Vilas-Boas, PhD Página 15 Rua Dr. Plácido Costa, 91 4200-450 Porto Telef.:220 425 237 www.labiomep.up.pt [email protected] Glossário AÇÃO MUSCULAR CONCÊNTRICA: encurtamento muscular sob tensão, o qual ocorre quando o momento de força gerado pelo músculo e seus sinergistas é superior ao momento de força causado por forças externas agindo sobre o segmento ao qual o músculo se encontra ligado. AÇÃO MUSCULAR EXCÊNTRICA: Alongamento muscular sob tensão, o qual ocorre quando o momento de força externo a atuar sobre um segmento ao qual o músculo se encontra ligado causa um momento de força superior àquele gerado pelo músculo e seus sinergistas. AÇÃO MUSCULAR ISOCINÉTICA: ação muscular na qual a razão de encurtamento e alongamento do músculo é constante, através da aplicação de velocidade linear ou angular constante. Embora não reflita de forma precisa os ciclos de encurtamento e alongamento naturais, é um método que permite uma avaliação padronizada. FORÇA: qualquer ação que cause uma mudança de posição ou alteração da direção e velocidade de movimento. TORQUE: momento de força, função da força e distância desde o eixo de rotação do dispositivo Isocinético. TORQUE MÁXIMO: valor máximo de torque realizado ao longo da amplitude de movimento. TORQUE/MASSA CORPORAL: Razão entre o valor máximo de roque produzido e a massa corporal do sujeito. TEMPO ATÉ AO TORQUE MÁXIMO: medida de tempo desde o início da contração muscular até ao ponto de desenvolvimento de maior torque. Indicador da capacidade funcional de produzir torque rapidamente. ÂNGULO DO TORQUE MÁXIMO: ponto na amplitude de movimento em que é atingido o torque máximo. Tarefa específica da capacidade funcional de uma articulação. O torque máximo irá normalmente ocorrer sempre próximo da mesma posição para movimentos similares. TRABALHO: produto da força pela distância produzida ao longo de toda a amplitude de movimento. Área sob a curva de força. 𝑤 = 𝑓 × 𝑑. POTÊNCIA: razão entre trabalho e o tempo necessário para realizar a tarefa. Providencia uma medida de intensidade de trabalho. O valor médio pode ser usado para encontrar a velocidade de exercício mais eficiente para o individuo. 𝑃 = 𝑊/𝑡 = 𝑓 × 𝑣. POTÊNCIA MÉDIA: Trabalho total dividido pelo tempo necessário para realizar a tarefa. É usado como medida de eficiência muscular. 𝑃𝑀é𝑑𝑖𝑎 = 𝑊𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 /𝑡. TEMPO DE ACELERAÇÃO: Tempo total necessário para atingir a velocidade isocinética. Indica a capacidade neuromuscular para mover o membro no início da amplitude de movimento. TEMPO DE TRAVAGEM: Tempo total necessário para atingir velocidade nula. Indica a capacidade neuromuscular para controlar excentricamente o membro no final da amplitude de movimento. AMPLITUDE DE MOVIMENTO: Valor máximo de amplitude alcançada pela articulação durante a tarefa. RAZÃO ISQUIOTIBIAIS/QUADRÍCEPS: Razão entre músculos recíprocos. Desequilíbrio excessivo pode indicar risco de lesão da articulação. DÉFICE: Défices percentuais entre 1-10% indicam que não existem diferenças significativas entre grupos musculares. Percentagens entre 11-25% indicam a recomendação de reabilitação para melhorar o equilíbrio muscular. Percentagens superiores a 25% indicam enfraquecimento funcional significativo. Défices negativos indicam que o membro afetado apresentou uma performance superior à do membro saudável. Análise de Curvas: Curva normal Síndroma da plica sinovial Condromalacia patelar Subluxação patelar Tensão músculo-tendinosa Lesão do Menisco Página 16