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RELATÓRIO TÉCNICO
Avaliação Clínica da Marcha
LABIOMEP: Laboratório de Biomecânica do Porto
Porto, 09 de setembro de 2015
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4200-450 Porto
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ÍNDICE DE CONTEÚDOS
Dados do Paciente
2
Protocolo de Avaliação
2
Parâmetros Espaciotemporais
3
Cinemática Angular da Marcha
4
Forças de Reação do Solo
6
Conclusões
8
Ficha de Interpretação
9
Avaliação Complementar:
Momento de Força Isocinético Bilateral
11
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AVALIAÇÃO CLÍNICA DA MARCHA
Dados do Paciente
Realizado em 03/09/2015
Nome do paciente:
ID:
Prescritor:
Part.01/15
Altura:
1,65 m
Particular
Massa:
65 kg
Género:
Feminino
Data de nascimento:
1983
Tipo de avaliação:
Análise de marcha com forças de reação do solo
Protocolo de avaliação
Marcadores refletores foram colocados em pontos anatómicos relevantes e os movimentos dos segmentos corporais
registados por um conjunto de 12 câmaras retrofletoras de infravermelhos (Qualisys AB, Suécia) a operarem a uma
frequência de aquisição de 200 Hz. A força de reação do solo foi registada com recurso a cinco plataformas de força
extensiométricas (Bertec, EUA) e uma plataforma piezoelétrica (Kistler, EUA) a operarem a uma frequência de
aquisição de 2000 Hz.
A paciente foi instruída a caminhar de forma natural, descalça, e a uma velocidade confortável ao longo de um
corredor de marcha de 10 m. Foram realizadas cinco (5) recolhas válidas para posterior processamento em software
de análise biomecânica Visual3D (C-Motion, EUA).
Os dados de referência apresentados para comparação foram obtidos através da avaliação de uma voluntária
saudável, do género feminino, na mesma faixa etária que a paciente e com massa corporal idêntica.
Diagnóstico
Tetraplegia AIS D nível neurológico C4.
Diminuição de força e da sensibilidade dos quatro
membros.
Parestesias dos membros inferiores e de D3-D5
bilateralmente (mais direita) e dor à mobilização da
anca do lado direito.
Sumário dos Resultados
Aumento do período de duplo apoio do membro inferior
direito, em particular na fase final do membro direito.
Retroversão da pélvis excessiva na fase de apoio e
insuficiente na fase de balanço. Rotação da pélvis para
a esquerda em todo o ciclo de marcha.
Anca com amplitude de flexão/extensão reduzida.
Aumento da rotação interna da anca na fase de apoio.
Joelho apresenta flexão excessiva no início das fases
de apoio e de balanço.
Tornozelo apresenta dorsiflexão excessiva no início das
fases de apoio e de balanço. Tornozelo em inversão e
supinador em todo o ciclo de marcha.
Posicionamento dos marcadores do modelo de corpo
inteiro convencional para análise da marcha.
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Parâmetros Espaciotemporais
Velocidade média da marcha
1,09 m/s
Comprimento médio da passada
1,120 ± 0,028 m
Largura média da passada
0,118 ± 0,016 m
Valores para dez
passadas
(n=10)
Lado direito
Lado esquerdo
Valor de referência*
Variável
Absoluto
Normalizado
Absoluto
Normalizado
Absoluto
Normalizado
0,568 ± 0,018 m
-
0,545 ± 0,020 m
-
0,696 ± 0,008 m
-
Tempo do
passo
0,54 ± 0,02 s
52,4%
0,49 ± 0,02 s
48,0 %
-
50%
Tempo de
apoio
0,64 ± 0,01 s
62,1%
0,63 ± 0,02 s
61,8%
-
60%
Tempo de
balanço
0,40 ± 0,02 s
38,8%
0,38 ± 0,01 s
37,3%
-
40%
Duração do
ciclo de
marcha
1,03 ± 0,02 s
100%
1,02 ± 0,02 s
100%
1,05 ± 0,03 s
100%
Comprimento
do passo
Valor de referência*
Variável
Absoluto
Normalizado
Absoluto
Normalizado
Tempo de duplo apoio
0,25 ± 0,02 s
24,3%
-
20%
Tempo de duplo apoio inicial direito
0,11 ± 0,01 s
10,7%
-
10%
Tempo de duplo apoio final direito
0,14 ± 0,01 s
13,6%
-
10%
Legenda
* Valores de referência obtidos de J. Perry and J. M. Burnfield, Gait Analysis: Normal and Pathological Function: SLACK, 2010.
** Ilustrações adaptadas de J. Richards, Biomechanics in Clinic and Research: An Interactive Teaching and Learning Course: Churchill
Livingstone/Elsevier, 2008.
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Cinemática Angular da Marcha
Anteversão (+) / Retroversão (-)
Flexão Lateral Dir. (+) / Esq. (-)
Rotação Dir. (+) / Esq. (-)
PÉLVIS
b
c
a
Flexão (+) / Extensão (-)
Abdução (+) / Adução (-)
Rotação Interna (+) / Externa (-)
f
ANCA
d
h
e
g
Flexão (+) / Extensão (-)
Abdução (+) / Adução (-)
JOELHO
k
l
j
n
i
m
Dorsiflexão (+) / Plantiflexão (-)
TORNOZELO
Rotação Interna (+) / Externa (-)
Eversão (+) / Inversão (-)
Pronação (+) / Supinação (-)
t
r
o
s
p
q
u
Legenda: Dados normativos (Cinzento) | Lado Direito (Azul) | Lado Esquerdo (Vermelho) | Bilateral (Verde) | Dir. e Esq.
são abreviaturas de direito e esquerdo, respetivamente | Eixo vertical representa a angulação em graus | Eixo horizontal
representa a duração de um ciclo de marcha expresso em percentagem.
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Letra
Tipo
Variável
Segmento/
Articulação
Lateralidade
Instante do
Ciclo de Marcha
a
Insuficiente
anteversão
da pélvis
bilateralmente
durante o inicio do apoio
b
Insuficiente
retroversão
da pélvis
bilateralmente
no inicio da fase de voo do pé
c
Aumento
rotação para a
esquerda
da pélvis
bilateralmente
ao longo de todo o ciclo
d
Demasiada
extensão
da anca
direita
durante a fase de apoio
e
Insuficiente
extensão
da anca
bilateralmente
no final da fase de apoio
f
Insuficiente
abdução
da anca
bilateralmente
na fase de apoio
g
Insuficiente
abdução
da anca
bilateralmente
h
Decréscimo
rotação interna
da anca
bilateralmente
esquerda
no final da fase de apoio e
inicio da fase de voo
na fase de apoio
ao longo de todo o ciclo
i
Demasiada
extensão
do joelho
direito
no inicio da fase de apoio
j
Insuficiente
flexão
do joelho
direito
no inicio da fase de balanço
k
Atraso
abdução
do joelho
direito
no inicio da fase de balanço
l
Demasiada
abdução
do joelho
direito
a meio da fase de balanço
m
Demasiada
adução
do joelho
esquerdo
n
Demasiada
rotação interna
do joelho
bilateralmente
ao longo de todo o ciclo
o
Demasiada
dorsiflexão
do tornozelo
bilateralmente
no inicio da fase de apoio
p
Insuficiente
plantiflexão
do tornozelo
bilateralmente
no inicio da fase de balanço
q
Insuficiente
eversão
do tornozelo
esquerdo
ao longo de todo o ciclo
r
Diminuição
da extensão
da amplitude
inversão e eversão
do tornozelo
bilateralmente
ao longo de todo o ciclo
s
Demasiada
pronação
do tornozelo
bilateralmente
ao longo de todo o ciclo
t
Diminuição
da extensão
da amplitude
pronação
do tornozelo
esquerdo
ao longo de todo o ciclo
u
Insuficiente
supinação
do tornozelo
direito
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no inicio da fase de balanço
no início da fase de balanço
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Análise das Forças de Reação do Solo
Força Antero-Posterior
Evento
iii
Dir.FA1
ii
Dir.FA2
Dir.FA3
i
Esq.FA1
Esq.FA2
Esq.FA3
Força Médio-Lateral
Evento
Dir.FM1
Dir.FM2
Dir.FM3
Esq.FM1
Esq.FM2
Esq.FM3
Força Vertical
v
Evento
vi
vii
Dir.FZ1
iv
Dir.FZ2
Dir.FZ3
Esq.FZ1
Esq.FZ2
Esq.FZ3
Amplitude
Instante da
fase de apoio
(Referência)
(Referência*)
-13,5±1,9%
(-20%)
0,0%
(0,0%)
10,2±1,0%
(20%)
-11,9±1,2%
(-20%)
0,0%
(0,0%)
14,4±1,4%
(-20%)
9,9±6,7%
(18%)
63,3±2,2%
(55%)
85,8±1,2%
(87%)
6,7±2,5%
(18%)
48,2±15,4%
(55%)
87,3±1,2%
(87%)
Amplitude
Instante da
fase de apoio
(Referência)
(Referência*)
-5,7±2,6%
(-4%)
2,5±0,3%
(4%)
6,5±0,8%
(5-10%)
6,9±1,4%
(5-10%)
-3,3±1,9%
(-4%)
6,7±0,8%
(5-10%)
6,3±0,9%
(5-10%)
26,1±6,8%
(23%)
70,3±6,8%
(80%)
2,6±0,5%
(4%)
31,1±0,9%
(23%)
70,6±2,3%
(80%)
Amplitude
Instante da
fase de apoio
(Referência)
(Referência*)
102,3±4,2%
(120%)
83,0 ±2,7%
(70%)
103,0±2,7%
(120%)
97,4±4,4
(120%)
81,9±2,7
(70%)
114,5±4,3
(120%)
24,9±2,0%
(23%)
43,0±5,2%
(50%)
75,7±2,0%
(77%)
27,7±2,7%
(23%)
49,8±2,8%
(50%)
75,0±1,9%
(77%)
Legenda: Dados normativos (Cinzento) | Lado Direito (Azul) | Lado Esquerdo (Vermelho) | Bilateral (Verde) | Dir. e Esq. são abreviaturas
de direito e esquerdo, respetivamente | FA, FM e FZ são eventos chave do gráfico a que correspondem (ver glossário). Eixo vertical
representa a força de reação do solo normalizada ao peso corporal e expressa em percentagem | Eixo horizontal representa a duração
de um apoio do pé, expresso em percentagem. * Dados normativos retirados de J. Richards, Biomechanics in Clinic and Research: An
Interactive Teaching and Learning Course: Churchill Livingstone/Elsevier, 2008.
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Número
Tipo
i
Instante da
fase de apoio
Variável
Lateralidade
Insuficiente
descarga de travagem
bilateralmente
ii
Declive
anormal
transição de força entre o calcanhar e
o ante-pé
do pé direito
iii
Insuficiente
força de propulsão
bilateralmente
na fase de propulsão
iv
Anormal
amplitude de pico
bilateralmente
no início da fase de apoio
v
Demasiado
tarde
transição do peso corporal
bilateralmente
no início da fase de apoio
vi
Insuficiente
transição de força entre o calcanhar e
o ante-pé
bilateralmente
a meio da fase de apoio
vii
Insuficiente
aplicação de força no ante-pé
esquerdo
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no inicio do apoio
a meio do apoio
na fase de propulsão
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Conclusões
Verifica-se um aumento do período de duplo apoio, em particular pelo membro inferior direito durante a
fase de duplo apoio final, e do período do passo do membro inferior direito. O período de balanço mantém-se
preservado e similar entre membros.
A pélvis apresenta amplitude de variação reduzida ao longo do ciclo de marcha, caraterizada por
insuficiente anteversão no início da fase de apoio, e insuficiente retroversão na fase de propulsão. A flexão
lateral da pélvis mantém-se preservada, verificando-se no entanto um aumento na rotação no sentido
esquerdo ao longo de todo o ciclo de marcha.
O início do apoio do membro inferior direito é realizado com uma extensão da anca superior à verificada
no membro contralateral e ao padrão de referência. Existe ainda uma extensão insuficiente em ambos os
membros no final da fase de apoio. Abdução da anca bilateralmente insuficiente na fase de apoio e insuficiente
adução na fase de balanço em ambos os membros inferiores. Em termos de rotação, verifica-se bilateralmente
um incremento na rotação externa da anca durante a fase de apoio, sendo que durante a fase de balanço o
membro direito assume uma rotação dentro dos padrões de referência.
O joelho direito apresenta extensão excessiva no início da fase de apoio, não realizando flexão suficiente
para alcançar os padrões de referência no início da fase de balanço. O joelho esquerdo apresenta
flexão/extensão dentro dos padrões de referência. Abdução e rotação do joelho com caraterísticas anormais
bilateralmente.
Excessiva dorsiflexão do tornozelo no início da fase de apoio, bem como no início da fase de balanço,
não efetuando a flexão plantar necessária para atingir os padrões de referência. Inversão excessiva do
tornozelo esquerdo na fase de apoio. Redução substancial da amplitude de movimento de ambos os
membros, e insuficiente inversão no momento de remoção da ponta do pé do solo. O membro inferior direito
apresenta um aumento da pronação, mas com um padrão de movimento semelhante ao de referência,
embora com uma reduzida supinação no início da fase de balanço. O membro esquerdo apresenta-se
normalmente pronador, com valores superiores ao membro contralateral e com uma menor amplitude de
movimento ao longo de todo o ciclo de marcha.
Registos da força exercida no solo revelam uma insuficiente descarga de força no momento de contato
com o solo (ver item i), o que se repercute na existência de um pico anormal na força vertical (item iv) e num
atraso na aplicação do peso corporal no solo (item v). A curva de transição de força do calcanhar para o
ante-pé direito apresenta-se anormal, possivelmente correlacionada com a excessiva dorsiflexão. Força de
propulsão ântero-posterior reduzida em ambos os membros, bem como insuficiente propulsão vertical no
membro inferior direito. O membro inferior esquerdo apresenta uma diminuição da força propulsiva ânteroposterior, transferindo-a para impulsão vertical. Curva de força médio-lateral com pouca demarcação dos
eventos FM2 e FM3 devido à excessiva pronação de ambos os pés. Amplitude do vale da força vertical
demasiado elevada, revelando uma transição de força entre o calcanhar e o ante-pé realizada muito
rapidamente, em conformidade com a diminuição de amplitude dos movimentos articulares do tornozelo.
O diretor do laboratório:
João Paulo Vilas-Boas, PhD
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Ficha de Interpretação
Glossário:
PASSO (comprimento): distância entre dois apoios de
calcanhar consecutivos (Dir.-Esq. ou Esq.-Dir.).
FORÇA VERTICAL: componente
perpendicularmente ao solo.
PASSADA (comprimento): distância entre dois apoios de
calcanhar consecutivos do mesmo pé, intercalados por um
apoio do pé contralateral.
FORÇA NORMALIZADA: Normalização da força em função de
uma determinada variável, normalmente o peso corporal, sendo
a força posteriormente expressa em percentagem do peso
corporal.
CICLO DE MARCHA: período compreendido entre o início do
apoio de calcanhar de um pé e a ocorrência de um novo apoio
de calcanhar desse mesmo pé. Um ciclo é composto por uma
fase de apoio, fase de balanço e nova fase de apoio. Os
momentos em que o pé contralateral também se encontra em
fase de apoio denominam-se fases de duplo-apoio.
da
força
exercida
EVENTOS CARATERIZADORES DA FORÇA: pontos
notáveis na curva força-tempo que permitem a sua
caraterização. Usualmente são considerados os eventos
apresentados na seguinte figura:
CICLO DE MARCHA NORMALIZADO: Normalização do ciclo
de marcha em função da sua duração, sendo posteriormente
expressa em percentagem, na qual 0% corresponde ao
primeiro contato de calcanhar, e 100% ao segundo ataque de
calcanhar do mesmo pé.
FASE DE APOIO: Período durante o qual um dos pés se
encontra em contacto com o solo. A fase de apoio normalizada
é usada nos gráficos de força de reação do solo, sendo
expressa em percentagem, na qual 0% corresponde ao contato
de calcanhar, e 100% à retirada da ponta do pé do solo.
FASE DE BALANÇO: Período compreendido entre duas fases
de apoio consecutivas na qual um dos pés não se encontra em
contato com o solo.
FORÇA DE REACÇÃO DO SOLO: As forças que atuam no
corpo como resultado da sua interação com o solo. Estas forças
são iguais, e com sentido oposto, àquelas aplicadas pelo corpo
no solo, de acordo com a 3ª Lei de Newton. Pode ser
decomposta em três componentes: força antero-posterior,
médio-lateral e vertical.
FORÇA ANTERO-POSTERIOR:
exercida na direção da marcha.
componente
da
força
FORÇA MÉDIO-LATERAL: componente da força exercida
perpendicularmente à direção da marcha.
Pictogramas de avaliação cinemática:
Aumento (em todo o ciclo)
Decréscimo (em todo o ciclo)
Demasiado (em parte do ciclo)
Insuficiente (em parte do ciclo)
Demasiado cedo
Demasiado tarde
Demasiado longo
Demasiado curto
Aumento na extensão da amplitude
Diminuição na extensão da amplitude
Declive anormal
Declive anormal
?
Dentro dos limites normais
Outras caraterísticas
Possível artefacto
Adaptado dos pictogramas utilizados na University of Salford (Reino Unido).
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AVALIAÇÃO ADICIONAL
RELATÓRIO DE DINAMOMETRIA ISOCINÉTICA
Realizado em 09-03-2015
Dados do paciente
Nome do paciente:
Altura:
1,65 m
Género:
Feminino
Massa:
65,0 kg
Articulação:
Joelho
Lado
afetado:
Direito
Data de nascimento:
1983
Diagnóstico:
Diminuição de força e da sensibilidade
dos quatro membros.
Tipologia da avaliação
Protocolo:
Isocinético bilateral
Tipo de contração:
Concêntrica (CON/CON)
(quadríceps e isquiotibiais)
Movimento:
Extensão/Flexão
Velocidade de teste:
60º/s, 300º/s
Análise de função muscular
Recorreu-se a um dinamómetro isocinético Biodex 4 (Biodex Medical Systens Inc., Nova Iorque, EUA) para
efetuar a análise de função muscular dos membros inferiores do paciente. A calibração do dispositivo foi
verificada antes de começar qualquer medição.
Depois de um aquecimento de 5 min com o dinamómetro livre, foi implementado um protocolo isocinético
bilateral para averiguação da ocorrência de diferença na produção de força entre o membro inferior esquerdo
e o membro direito, conforme descrito na seguinte tabela:
Ordem de
execução
Velocidade
Número de
repetições
1
60º/s
5
2
300º/s
10
Período de
repouso entre
velocidades
Tipo de contração
Extensão/Flexão
180 s
CON/CON
O paciente foi posicionado no dispositivo conforme as recomendações do fabricante, o tronco imobilizado
através da utilização das cintas torácicas e o membro inferior em avaliação através da respetiva cinta. O
protocolo foi iniciado pelo membro dominante (direito) e decorreu com forte encorajamento verbal.
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Resultados de dinamometria isocinética
Velocidade de Teste: 60º/s (CON/CON)
Extensão
Membro
Membro
Direito
Esquerdo
#Rep. Direita: 5
#Rep. Esquerda: 5
Torque Máximo
Défice
Flexão
Membro
Membro
Direito
Esquerdo
Défice
N.m
133,0
142,9
6,9%
54,2
71,7
24,4%
Torque Máximo/Massa
Corporal
%
204,9
220,1
6,9%
83,6
110,5
24,3%
Tempo até Torque Máximo
ms
430,0
400,0
630,0
470,0
Ângulo ao Torque Máximo
grau (º)
64,0
66,0
55,0
47,0
watt
85,2
94,3
9,7%
37,7
54,3
30,6%
J
540,9
562,8
3,9%
256,0
342,3
25,2%
Tempo de Aceleração
ms
30,0
20,0
30,0
40,0
Tempo de Travagem
ms
60,0
50,0
170,0
60,0
40,8%
50,2%
Potência Média
Trabalho
Razão Isquiotibiais/Quadríceps
Torque = momento de força (N.m).
Velocidade de Teste: 300º/s (CON/CON)
Extensão
Membro
Membro
Direito
Esquerdo
#Rep. Direita: 10
#Rep. Esquerda: 10
Torque Máximo
Défice
Flexão
Membro
Membro
Direito
Esquerdo
Défice
N.m
41,2
64,3
35,9%
24,0
43,4
44,7%
%
63,5
99,0
35,9%
37,0
66,8
44,6%
Tempo até Torque Máximo
ms
120,0
140,0
130,0
130,0
Ângulo ao Torque Máximo
grau (º)
67,0
63,0
26,0
29,0
watt
70,1
123,1
43,1%
17,2
72,8
76,4%
42,4%
75,9%
Torque Máximo/Massa
Corporal
Potência Média
Trabalho
J
285,3
495,0
82,9
344,2
Tempo de Aceleração
ms
80,0
90,0
80,0
70,0
Tempo de Travagem
ms
100,0
80,0
180,0
140,0
58,3%
67,5%
Razão Isquiotibiais/Quadríceps
Torque = momento de força (N.m).
Avaliação concêntrica do movimento de extensão/flexão: amplitude e razão entre torque
máximo (TM).
Amplitude de movimento*
Razão TM Flexores / Extensores
Velocidade de
teste
Membro direito
Membro esquerdo
Membro direito
Membro esquerdo
60º/s
300º/s
77,4º
85,7º
73º
88,5º
40,8%
58,3%
50,2%
67,5%
*A posição angular foi medida a partir de 90º de flexão do joelho; Torque = momento de força (N.m)
Défices:
1 a 10%: sem diferenças significativas entre membros;
11 a 25%: é recomendada reabilitação para melhorar o equilíbrio muscular;
> 25%: enfraquecimento funcional significativo;
Défice negativo (-) indica que o membro afetado apresentou uma performance superior ao membro
saudável
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Valores de referência:
A literatura científica apresenta diversas referências quando a valores normativos e de referência. São aqui
apresentados alguns valores de fontes consideradas fidedignas e resultantes de estudos com amostras
estatisticamente significativas.
Torque Máximo/Massa Corporal
Razão Isquiotibiais/Quadríceps
Velocidade de teste
Homens
Mulheres
Velocidade de teste
Homens
Mulheres
60º/s
256-343
238-283
60º/s
61%
62%
180º/s
173-224
149-194
180º/s
72%
76%
300º/s
119-164
89-134
300º/s
78%
79%
Torque Máximo/Massa Corporal e Razão Flexores/Extensores a 90º/s (CON/CON )
Homens
Mulheres
Idade
(anos)
Extensão
Flexão
Razão
Flex./Ext.
Extensão
Flexão
Razão
Flex./Ext.
16-29
30-39
215±41
212±22
106±30
96±18
41-49%
47-50%
138±17
145±23
76±9
67±12
45-47%
42-49%
40-49
50-49
192±29
179±40
94±17
106±37
50-65%
52-57%
127±17
118±18
58±12
60±13
47-54%
47-50%
60-69
>70
166±32
146±18
91±21
72±16
44-54%
44-53%
101±22
92±12
49±12
48±9
49-55%
55-55%
Geral
185,4±39,2
95,1±26
44-53%
121,5±24,5
59,3±13,9
55-55%
*Razão Flex./Ext. = Razão Isquiotibiais/Quadríceps
Razão Flexores/Extensores em desportistas saudáveis e lesionados
Razão Flex./Ext.
(CON/CON)
Velocidade de teste
Membro saudável
Membro lesionado
Referência
60º/s
65±13%
71±13%
Gibson et al. (2000)1
240 º/s
69,5±8,9%
-
Zabka (2011)2
300 º/s
-
-
-
Razão TM
Flexores (CON) / Extensores (CON)
(60º/s)
Razão TM
Flexores (CON) / Extensores (CON)
(240º/s)
Joelho saudável
Joelho lesionado
Referência
64±12%
68±12%
Kannus et al. (1988)3
65±13%
71±13%
Gibson et al. (2000)
55,3%
-
Glena (1991)4
69,5±8,9%
-
Zabka (2011)
1
St Clair Gibson, A., Lambert, M. I., Durandt, J.J., Scales, N., Noakes, T.D. (2000). Quadriceps and Hamstrings Peak Torque Ratio Changes in Persons With Chronic Anterior Cruciate
Ligament Deficiency. Journal of Orthopaedic & Sports Physical Therapy. Volume 30(7):418-427.Kannus, Pekka (1988). Ratio of Hamstring to Quadriceps Femoris Muscles' Strength
in the Anterior Cruciate Ligament Insufficient Knee: Relationship to Long-term Recovery. Journal of Orthopaedic & Sports Physical Therapy. Volume 68:961-965.
2
Zabka, F.F.; Valente, H.G., Pacheco, A.M.. “Isokinetic evaluation of knee extensor and flexor muscles in professional soccer players” (2011). Revista Brasileira de Medicina do
Esporte [online], Volum 17(3):189-192.
3
Kannus, Pekka (1988). Ratio of Hamstring to Quadriceps Femoris Muscles' Strength in the Anterior Cruciate Ligament Insufficient Knee: Relationship to Long-term Recovery. Journal
of Orthopaedic & Sports Physical Therapy. Volume 68:961-965.
4
Glena, D., Kurth A.L., Thomas M. (1991). Moment characteristics of the quadríceps and harmstring muscles during concentric and eccentric loading. Journal of Orthopaedic &
Sports Physical Therapy 14:149-154.
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Curvas Momento de Força
Velocidade de Teste: 60º/s (CON/CON)
Velocidade de Teste: 300º/s (CON/CON)
Observações
Velocidade 60º/s
Indício de tensão músculo-tendinosa bilateralmente.
Velocidade 300º/s
Indícios de potencial subluxação patelar do membro inferior direito.
*Conferir guia de interpretação das curvas no final do documento
Legenda
As curvas apresentadas representam o perfil de momento de força isocinética realizada ao longo da amplitude de movimento
pré-estabelecida. A curva a azul representa o membro inferior esquerdo, a curva a rosa o membro inferior direito e a curva a verde o
ângulo do joelho. O eixo vertical esquerdo representa o momento de força expresso em N.m, o eixo vertical direito representa o ângulo
do joelho expresso em graus, e o eixo horizontal representa o tempo e execução médio expresso em segundos.
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Conclusões:
Verifica-se um défice permanente na produção de momento de força, potência e trabalho entre o membro direito
(afetado) e o esquerdo, sendo exacerbado com o aumento da velocidade de teste, em particular nos movimentos de
flexão.
Comparativamente aos dados normativos, e à velocidade de 60º/s, constata-se uma redução da capacidade de
produção de força durante a extensão em aproximadamente 14 a 28% no membro inferior direito, e de 8 a 23% do membro
inferior esquerdo. Em termos da extensão, existe uma redução de 65 a 75% no membro inferior direito e de 54 a 62% do
membro inferior esquerdo de produzir momento de força. A razão entre a produção de força dos quadríceps e isquiotibiais
também se encontra reduzida face aos valores normativos (-10 a -20%), devido à reduzida capacidade de produção de
momento de força dos isquiotibiais (flexão).
À velocidade de 300º/s mantêm-se as mesmas conclusões, embora com uma redução de momento de força menor
face aos dados normativos. A esta velocidade o comprometimento do membro inferior direito torna-se mais notório devido
ao aumento do défice entre membros. A razão isquiotibiais/quadríceps aproxima-se das metas estabelecidas pela
literatura científica.
A análise das curvas de momento de força revela a existência de tensão músculo-tendinosa em ambos os membros,
bem como indícios de uma subluxação patelar do membro inferior direito.
Recomendam-se exercícios de fortalecimento dos quadríceps, em particular do membro inferior direito.
O diretor do laboratório:
João Paulo Vilas-Boas, PhD
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Glossário
AÇÃO MUSCULAR CONCÊNTRICA: encurtamento muscular
sob tensão, o qual ocorre quando o momento de força gerado
pelo músculo e seus sinergistas é superior ao momento de
força causado por forças externas agindo sobre o segmento ao
qual o músculo se encontra ligado.
AÇÃO MUSCULAR EXCÊNTRICA: Alongamento muscular
sob tensão, o qual ocorre quando o momento de força externo
a atuar sobre um segmento ao qual o músculo se encontra
ligado causa um momento de força superior àquele gerado pelo
músculo e seus sinergistas.
AÇÃO MUSCULAR ISOCINÉTICA: ação muscular na qual a
razão de encurtamento e alongamento do músculo é constante,
através da aplicação de velocidade linear ou angular constante.
Embora não reflita de forma precisa os ciclos de encurtamento
e alongamento naturais, é um método que permite uma
avaliação padronizada.
FORÇA: qualquer ação que cause uma mudança de posição
ou alteração da direção e velocidade de movimento.
TORQUE: momento de força, função da força e distância desde
o eixo de rotação do dispositivo Isocinético.
TORQUE MÁXIMO: valor máximo de torque realizado ao longo
da amplitude de movimento.
TORQUE/MASSA CORPORAL: Razão entre o valor máximo
de roque produzido e a massa corporal do sujeito.
TEMPO ATÉ AO TORQUE MÁXIMO: medida de tempo desde
o início da contração muscular até ao ponto de
desenvolvimento de maior torque. Indicador da capacidade
funcional de produzir torque rapidamente.
ÂNGULO DO TORQUE MÁXIMO: ponto na amplitude de
movimento em que é atingido o torque máximo. Tarefa
específica da capacidade funcional de uma articulação. O
torque máximo irá normalmente ocorrer sempre próximo da
mesma posição para movimentos similares.
TRABALHO: produto da força pela distância produzida ao
longo de toda a amplitude de movimento. Área sob a curva de
força. 𝑤 = 𝑓 × 𝑑.
POTÊNCIA: razão entre trabalho e o tempo necessário para
realizar a tarefa. Providencia uma medida de intensidade de
trabalho. O valor médio pode ser usado para encontrar a
velocidade de exercício mais eficiente para o individuo.
𝑃 = 𝑊/𝑡 = 𝑓 × 𝑣.
POTÊNCIA MÉDIA: Trabalho total dividido pelo tempo
necessário para realizar a tarefa. É usado como medida de
eficiência muscular. 𝑃𝑀é𝑑𝑖𝑎 = 𝑊𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 /𝑡.
TEMPO DE ACELERAÇÃO: Tempo total necessário para
atingir a velocidade isocinética. Indica a capacidade
neuromuscular para mover o membro no início da amplitude de
movimento.
TEMPO DE TRAVAGEM: Tempo total necessário para atingir
velocidade nula. Indica a capacidade neuromuscular para
controlar excentricamente o membro no final da amplitude de
movimento.
AMPLITUDE DE MOVIMENTO: Valor máximo de amplitude
alcançada pela articulação durante a tarefa.
RAZÃO
ISQUIOTIBIAIS/QUADRÍCEPS:
Razão
entre
músculos recíprocos. Desequilíbrio excessivo pode indicar
risco de lesão da articulação.
DÉFICE: Défices percentuais entre 1-10% indicam que não
existem diferenças significativas entre grupos musculares.
Percentagens entre 11-25% indicam a recomendação de
reabilitação para melhorar o equilíbrio muscular. Percentagens
superiores a 25% indicam enfraquecimento funcional
significativo. Défices negativos indicam que o membro afetado
apresentou uma performance superior à do membro saudável.
Análise de Curvas:
Curva normal
Síndroma da plica sinovial
Condromalacia patelar
Subluxação patelar
Tensão músculo-tendinosa
Lesão do Menisco
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