A Nova Ciência das Organizações: Uma Reconceituação da Riqueza das Nações Programa de Pós-Graduação em Administração UDESC-ESAG Mestrando: Jeferson Dahmer Alberto Guerreiro Ramos? • Nasceu em Santo Purificação na Bahia; Amaro da • Graduado em Filosofia e Direito. Foi Jornalista e Deputado Federal; • Assessor do Presidente Getúlio Vargas (ISEB e DASP); • Professor da FGV, UFSC e USC; • É autor de 10 livros e diversos artigos; • Faleceu em Los Angeles em 1982. (1915 – 1982) A Nova Ciência das Organizações “Neste livro, apresento o arcabouço conceitual de uma nova ciência das organizações. Meu objetivo é contrapor um modelo de análise de sistemas sociais e de delineamento organizacional de múltiplos centros ao modelo atual centralizado no mercado, que tem dominado as empresas privadas e a administração pública nos últimos 80 anos. Sustento, em termos gerais, que uma teoria da organização centralizada no mercado não é aplicável a todos, mas apenas a um tipo especial de atividade. (...) Argumento, ainda, que o modelo de alocação de mão-deobra e de recursos, (...), não leva em conta as exigências ecológicas e não se vincula, portanto, ao estágio contemporâneo das capacidades de produção. Afirmo, finalmente, que a maneira pela qual é ensinado o modelo dominante é ilusória e desastrosa, porque não admite explicitamente sua limitada utilidade funcional.” (p. XI) A Nova Ciência das Organizações “(...). O livro proclama que tal ciência [a ciência social] nada mais é do que uma ideologia legitimadora da sociedade centrada no mercado, e propõe a sua substituição por uma nova ciência, entendida essencialmente como teoria da delimitação dos sistemas sociais.” (p. XV) “(...). Em outras palavras, este modelo restaura o que a sociedade centrada no mercado deformou, ou em parte, destruiu: os elementos permanentes da vida humana.” (p. XVI) 1. Crítica da Razão Moderna e sua Influência sobre a Teoria da Organização • “A teoria da organização, tal como tem prevalecido, é ingênua.” (p. 1) Husserl → Ciência Natural Hoobes – Razão como “Cálculo Utilitário de Consequências” A Crítica da Razão Moderna... Max Weber – “Resignição” (Renúncia Consentida); Mannheim – “Visão Limitada de Racionalidade”; Horkheimer – “Indignação Moral” (Escola de Frankfurt); Habermas – “Crítica Integrativa” (Escola de Frankfurt); Eric Voeglin – “O esforço restaurador”; 1. Crítica da Razão Moderna e sua Influência sobre a Teoria da Organização Considerações de Ramos quanto às Críticas da Razão Moderna: • Concordâncias daqueles estudiosos em colocar a racionalidade, na sociedade moderna, como categoria sociomórfica, isto é, interpretada como um atributo dos processos históricos e sociais, e não como uma força ativa na psique humana. Porém, não são suficientemente sistemáticos na apresentação de suas opiniões; • O esforço em se demonstrar os erros históricos da abordagem de Marx é positivo (Escola de Frankfurt – Horkheimer e Habermas). Mas há um porém...; • Caráter excessivamente restaurador de Voegelin (conhecimentos perenemente válidos dos clássicos). Entretanto, é o único que sustenta que a razão moderna exprime uma experiência deformada da realidade; • A Ciência Social estruturou-se a partir de pressupostos precários, embasados numa visão única de racionalidade, atraente ao sistema de mercado. 2. No Rumo de uma Teoria Substantiva da Vida Humana Associada Trabalha as distinções entre a racionalidade funcional e a substantiva. Há três qualificações que realçam tal distinção: • Os conceitos da teoria substantiva são conhecimentos derivados do e no processo de realidade, enquanto os conceitos da teoria formal são apenas instrumentos convencionais de linguagem, que descrevem procedimentos operacionais. (...).” (pp. 26 – 27) • “Segundo, (...), é graças às peculiaridades da época moderna, através dos quais o conceito de razão foi escamoteado pelos funcionalistas de várias convicções, que temos que presentemente qualificar o conceito como substantivo.” (p. 27) • “A terceira (...) é a de que a teoria substantiva, (...), envolve uma superordenação ética da teoria política, sobre qualquer eventual disciplina que focalize questões da vida humana social.” (p. 28) 2. No Rumo de uma Teoria Substantiva da Vida Humana Associada Formal I. II. III. IV. V. Os critérios de ordenação das associações humanas são dados socialmente; Uma condição fundamental da ordem social é que a economia se transforme em um sistema auto-regulado; O estudo científico das associações humanas é livre do conceito de valor: há uma dicotomia entre valores e fatos; O sentido da história pode ser captado pelo conhecimento, que se revela através de uma série de determinados estados empírico-temporais; A ciência natural fornece o paradigma teórico para a correta focalização de todos os assuntos e questões suscitados pela realidade; Substantiva I. Os critérios para a ordenação das associações humanas são racionais, isto é, evidentes por si mesmos ao senso comum individual, independente de qualquer processo de socialização; II. Uma condição fundamental da ordem social é a regulação política da economia; III. O estudo científico das associações humanas é normativo: a dicotomia entre valores e fatos é falsa, na prática, e, em teoria, tende a produzir uma análise defectiva; IV. A história torna-se significante para o homem através do método paradigmático de autointerpretação da comunidade organizada. Seu sentido não pode ser capturado por categoria serialistas de pensamento; V. O estudo científico adequado as associações humanas é um tipo de investigação em si mesmo, distinto dos fenômenos naturais, e mais abrangente que está; 2. No Rumo de uma Teoria Substantiva da Vida Humana Associada “(...). Karl Polanyi, fundador da teoria econômica substantiva, assinala que os conceitos formais, extraídos da dinâmica específica do mercado, na melhor das hipóteses são válidos como instrumentos gerais de análise e formulação dos sistemas sociais apenas numa sociedade capitalista, durante um período em que o mercado esteja relativamente livre da (p. 27) regulação política. (...). Polanyi corretamente afirma que, uma vez que a economia sempre esteve ‘engastada na sociedade’, a sociedade capitalista tem que ser entendida como um caso excepcional e não como um padrão para avaliar a história social e econômica. (...).” (p. 28) “Toda teoria da organização existente pressupõe uma ciência social da mesma natureza epistemológica. A contrapartida da atual teoria da organização é a ciência social formal. A contrapartida da nova ciência da organização é a ciência social substantiva. (...)” (p. 45) 3. A Síndrome Comportamentalista “A teoria organizacional em voga não consegue proporcionar uma compreensão exata da complexidade da análise e desenho dos sistemas sociais e essa falha resulta, em grande parte, de seus alicerces psicológicos. Portanto, o desenvolvimento de uma nova ciência das organizações exige uma explicação analítica dessa base psicológica. (...).” (p. 50) “(...), as organizações são sistemas cognitivos; os membros de uma organização em geral assimilam, interiormente, tais sistemas e assim, sem saberem, tornam-se pensadores inconscientes. Mas o pensamento organizacional pode mesmo passar a ser consciente e sistemático, quando articulado de maneira fundamentalista. (...).” (p. 50) 3. A Síndrome Comportamentalista “A síndrome comportamentalista é uma disposição socialmente condicionada, que afeta a vida das pessoas quando estas confundem as regras e normas de operações peculiares a sistemas sociais episódicos com regras e normas de sua conduta como um todo.” (p. 51) Os sustentáculos dessa síndrome seriam: • • • • A Fluidez da Individualidade; Perspectivismo; Formalismo; Operacionalismo; “O indivíduo torna-se uma criatura que se comporta” 4. Colocação Inapropriada de Conceitos e Teoria da Organização “O campo da teoria da organização tem sido tão indiscriminadamente receptivo a influências vindas de tantas áreas diferentes de conhecimento que parece agora ter perdido a consciência de sua missão específica. (...), é hora de uma séria avaliação da condição desse campo, para que ele não se transforme numa mera confusão de divagações abstratas, desprovidas de força e de direção. (...)” (p. 69) “A formulação teórica, no campo organizacional, tem-se verificado mais frequentemente como resultado: a) da criação original direta; b) do acesso de uma feliz descoberta (serendipity); c) da colocação apropriada de conceitos.” (p. 69) 4. Colocação Inapropriada de Conceitos e Teoria da Organização • A deslocação transforma-se em colocação inapropriada: “(...) a extensão de um modelo de teoria ou conceito do fenômeno a ao fenômeno b não se justifica, após minuciosa análise, porque o fenômeno b pertence a um contexto peculiar, cujas características específicas só limitadamente correspondem ao contexto do fenômeno a. (...).” (p. 71) • A ilusão da autenticidade corporativa: “(...) a autenticidade é um atributo intrínseco do indivíduo: não pode, jamais, ser conquistada definitivamente. (...).” (p. 72) 4. Colocação Inapropriada de Conceitos e Teoria da Organização • A alienação moral mal compreendida: Diversas interpretações de alienação ao longo da história a posicionam como um exemplo de colocação inapropriada de conceitos. (Reducionismo?) • Sanidade organizacional, uma denominação incorreta: “O conceito de sanidade organizacional relaciona-se diretamente com a psicologia do ajustamento e não reconhece a autonomia individual. Não é uma categoria científica, mas um instrumento ideológico disfarçado: é um recurso pseudocientífico, dirigido à total inclusão do indivíduo no contexto da organização.” (p. 78) 4. Colocação Inapropriada de Conceitos e Teoria da Organização • Pessoas e modelos de sistemas: “Minha intenção aqui não é rejeitar os modelos de sistemas, mas sim argumentar contra sua inadequada utilização para a análise e planejamento administrativos. Em princípio, os modelos de sistema têm utilidade, no campo administrativo, principalmente quando as funções de manutenção estrutural dos sistemas devem ser, de forma legítima, controladas e estimuladas. Mas quando se detêm sobre as funções de articulação e modificação estrutural dos sistemas, os analistas deveriam estar preparados para lidar com a verdadeira natureza da dinâmica dos sistemas, da qual é parte constitutiva a tensão entre pessoas e as estruturas sociais.” (p. 80) A ideologia integracionista (sistemas) quer adequar o indivíduo a organização, quando deveria auxiliá-lo na minimização daquela tensão. 5. Política Cognitiva – a psicologia da sociedade centrada no mercado Ciência da Organização A prática e o ensino da disciplina administrativa nas escolas de administração pública e privada... 1 Não Crítica de si mesma (Ciência Social) 2 Colocação Inapropriada de Conceitos 3 Política Cognitiva 5. Política Cognitiva – a psicologia da sociedade centrada no mercado “Política cognitiva, (...), consiste no uso consciente e inconsciente de uma linguagem distorcida, cuja finalidade é levar as pessoas a interpretarem a realidade em termos adequados aos interesses dos agentes diretos e /ou indiretos de tal distorção.” (p. 87) (...), Platão mostra, através de Sócrates, que o retórico típico ‘não tem necessidade de conhecer a verdade das coisas, mas de descobrir uma técnica de persuasão’. (...), isto é, a retórica constitui uma técnica para adular a multidão e a ser usada perante aqueles que não têm o hábito de pensar, uma vez que o retórico sofístico não pode ser convincente entre os que possuem sabedoria. (...). (p. 87) 5. Política Cognitiva – a psicologia da sociedade centrada no mercado “(...). Aristóteles considera a retórica, em relação a outras disciplinas, como um ‘ramo de estudos dialéticos e também éticos’. Elabora ele, ainda, sobre essa relação quando adverte o leitor de que ‘estudos éticos podem ser chamados de políticos’ e, por essa razão, a retórica ás vezes ‘disfarça-se como ciência política’ (...). Portanto, Aristóteles tem (p. 88) aguda percepção da relação entre o poder da palavra e as muitas máscaras usadas em nome da legitimação da política. O assunto da retórica é compatível com o projeto de Platão de purificar a retórica da distorção sofística, assinalando que o que distingue o retórico do sofista é o propósito moral do indivíduo no uso da retórica.” (pp. 88 – 89) 5. Política Cognitiva – a psicologia da sociedade centrada no mercado Sociedades pré-industriais → Sociedades industriais “Nos dias de hoje, o mercado tende a transformar-se na força modeladora da sociedade como um todo, e o tipo peculiar de organização que corresponde às suas exigências assumiu o caráter de um paradigma, para a organização de toda a existência humana. Nessas circunstâncias, os padrões de mercado, para pensamento e linguagem, tendem a tornar-se equivalentes aos padrões gerais de pensamento e linguagem; esse é o ambiente da política cognitiva. A disciplina organizacional ensinada nas escolas e universidade não é um saber critico consciente destas circunstâncias. É assim ela própria uma manifestação do sucesso da política cognitiva.” (p. 92) 5. Política Cognitiva – a psicologia da sociedade centrada no mercado • Visão paroquial da natureza humana: “(...) a definição do homem como um ser econômico, atenuada e disfarçada como frequentemente o é, continua a determinar as ações dos planejadores organizacionais e dos formuladores de políticas. O arcabouço macroinstitucional da sociedade centrada no mercado é controlado por diretrizes baseadas nessa definição do homem. A ciência social estabelecida constitui ainda a fonte principal de onde emanam as políticas estratégicas dos governos. Para ter sucesso nesse tipo de sociedade, de acordo (p. 93) com suas regras de recompensa e castigo, e seus critérios gerais de alocação de mão-de-obra e recursos, o indivíduo tem que se programar como um ser econômico.” (pp. 93 – 94) 5. Política Cognitiva – a psicologia da sociedade centrada no mercado O alegre detentor de emprego, vítima patológica da sociedade centrada no mercado 5. Política Cognitiva – a psicologia da sociedade centrada no mercado A psicologia da comunicação instrumental 6. Uma abordagem substantiva da organização “A disciplina organizacional contemporânea não desenvolveu a capacidade analítica necessária à crítica de seus alicerces teóricos e, em vez disso, em grande parte toma emprestadas capacidades exteriores. (...).” (p. 118) “A formulação de uma abordagem substantiva para a organização inclui duas tarefas distintas: a) o desenvolvimento de um tipo de análise capaz de detectar os ingredientes epistemológicos dos vários cenários organizacionais; b) o desenvolvimento de um tipo de análise organizacional expurgado de padrões distorcidos de linguagem e conceitualização.” (p. 118) 6. Uma abordagem substantiva da organização • Tarefa 1 – a organização como sistema epistemológico: “(...) a teoria é uma dimensão nuclear e quando essencialmente alterada expõe a organização a grave fratura, na medida em que a mudança possa afetar: a) sua auto-interpretação; b) a definição de suas metas; c) a natureza e o alcance de suas operações; d) suas transações com o mundo exterior.” (p. 120) • Tarefa 2 – pontos cegos da teoria organizacional corrente “(...) a teoria da organização nunca examinou, em termos de crítica, a epistemologia inerente ao sistema de mercado.” (p. 121) 6. Uma abordagem substantiva da organização Os pontos cegos da atual teoria da organização podem ser, assim caracterizados: 1. O conceito de racionalidade predominante na vigente teoria organizacional conduz à identificação do comportamento econômico como constituindo a totalidade da natureza humana. 2. A presente teoria da organização não distingue, sistematicamente, entre o significado substantivo e o significado formal da organização. 3. A presente teoria da organização não tem clara compreensão do papel da interação simbólica, no conjunto dos relacionamentos interpessoais. 4. A presente teoria da organização apoiá-se numa visão mecanomórfica da atividade produtiva do homem, e isso fica patente através de sua incapacidade de distinguir entre trabalho e ocupação. 6. Uma abordagem substantiva da organização Uma abordagem substantiva da organização se caracteriza pelas seguintes considerações: 1. (...), as organizações econômicas, tendo exigências próprias que não coincidem, necessariamente, com aquilo que é requerido pela boa qualidade da existência humana em geral, devem ser consideradas como pertencentes a um enclave conceitual pragmaticamente limitado dentro do espaço vital humano. 2. A conduta individual, no contexto das organizações econômicas, está, fatalmente, subordinada a compulsões operacionais, formais e impostas. Assim sendo, o comportamento administrativo é intrinsecamente vexatório e incompatível com o pleno desenvolvimento das potencialidades humanas. 6. Uma abordagem substantiva da organização Uma abordagem substantiva da organização se caracteriza pelas seguintes considerações: 3. A importância do comportamento administrativo diminui, quando se parte de sistemas sociais planejados para a obtenção de lucro e se caminha no sentido de sistemas sociais mais adequados à atualização humana. 4. Uma abordagem substantiva da teoria organizacional preocupa-se, sistematicamente, com os meios de eliminação de compulsões desnecessárias agindo sobre atividades humanas nas organizações econômicas e nos sistemas sociais em geral. (...). 5. ‘Nenhuma atividade pode vir a ser excelente, se o mundo não proporcionar um lugar adequado para seu exercício’ (Arendt, 1958, p. 49). (...).” (pp. 134 – 135) 7. Teoria da Delimitação dos Sistemas Sociais: Apresentação de um Paradigma 8. A Lei dos Requisitos Adequados e o Desenho de Sistemas Sociais “A sociedade multicêntrica é um empreendimento intencional. Envolve planejamento e implementação de um novo tipo de estado com o poder de formular e pôr em prática diretrizes distributivas de apoio não apenas de objetivos orientados para o mercado, mas também de cenários sociais adequados à atualização pessoal, a relacionamentos de convivência e a atividades comunitárias dos cidadãos. Uma sociedade assim requer também iniciativas partidas dos cidadãos, que estarão saindo da sociedade de mercado sob sua própria responsabilidade e seu próprio risco.” (p. 155) “Essa delimitação advoga uma variedade de cenários diferenciados como imperativo vital de sadia vida humana associada, isto é, envolve o conceito de que a atualização dos indivíduos é bloqueada quando eles são coagidos a se ajustar a uma sociedade antecipadamente dominada pelo mercado, ou por qualquer outro tipo de enclave social. De modo especifico, a lei dos requisitos adequados estabelece que a variedade de sistemas sociais é qualificação essencial de qualquer sociedade sensível às necessidades básicas de atualização de seus membros, e que cada um desses sistemas sociais determina seus próprios requistos de planejamento.” (p. 156) 8. A Lei dos Requisitos Adequados e o Desenho de Sistemas Sociais Segundo Ramos, a lei dos requisitos necessários contempla algumas dimensões principais dos sistemas sociais: 1. 2. 3. 4. 5. Tecnologia; Tamanho; Cognição; Espaço; Tempo; 9. Paraeconomia: paradigma e modelo multicêntrico de alocação “(...), usei esta palavra [paraeconômico] para definir uma abordagem de análise e planejamento de sistemas sociais em que as economias são consideradas apenas como uma parte do conjunto da tessitura social. Contudo, a paraeconomia pode ser entendida também como proporcionadora da estrutura de uma teoria política substantiva de alocação de recursos e de relacionamentos funcionais entre enclaves sociais, necessários à estimulação qualitativa da vida social dos cidadãos. (...).” (p. 177) “(...), o paradigma paraeconômico fornece um arcabouço sistemático para o desenvolvimento de um impulso multidimensional e delimitativo, em relação ao processo de formulação de política. Esse paradigma, (...), parte do pressuposto de que: 9. Paraeconomia: paradigma e modelo multicêntrico de alocação 1. “O mercado deve ser politicamente regulado e delimitado, como um enclave entre outros enclaves que constituem o conjunto da tessitura social. (...), a qualidade da vida social de uma nação resulta das atividades produtivas que elevam o sentido de comunidade de seus cidadãos. Nessa conformidade, tais atividades não devem, necessariamente, ser avaliadas do ponto de vista inerente ao mercado. Sendo assim, a delimitação dos sistemas sociais conduz a estratégias de alocação de recursos e de mão-de-obra, a nível nacional, que refletem uma integração funcional de transferências de sentido único ou nos dois sentidos. É preciso que venha ser desenvolvida uma pericia especializada – expertise – destinada à formulação de políticas públicas, ao planejamento econômico e à elaboração orçamentária, que seja adequada à delimitação dos sistemas sociais.” (p. 184) 9. Paraeconomia: paradigma e modelo multicêntrico de alocação 2. “A natureza do homem atualiza-se [realiza-se] através de várias atividades, entre as quais estão aquelas requeridas pela sua condição incidental de detentor de emprego. A atualização [realização] humana é inversamente proporcional ao consumo individual de produtos e artigos de mercado e, (p. 184) mais particularmente, ao tempo exigido por esse tipo de consumo. Tal concepção significa que um indivíduo completamente socializado é, necessariamente, menos do que aquilo que uma pessoa deveria ser e pode ser. Significa, também, que o sistema educacional deveria, sobretudo, estar interessado no crescimento dos indivíduos como pessoas e, só secundariamente, como detentores de emprego. Além disso, na medida em que o consumo ilimitado de produtos de mercado é poluidor e conduz ao esgotamento dos recursos naturais, em última análise deve ser considerado contrário à ética.” (p. 185 -185) 9. Paraeconomia: paradigma e modelo multicêntrico de alocação 3. “O desenvolvimento de adequadas organizações e instituições, em geral, é avaliado do ponto de vista de sua contribuição direta ou indireta para o fortalecimento do senso de comunidade do indivíduo. Isso conduz ao tipo multidimensional de teoria política e organizacional (e de sua prática) conceitual e operacionalmente qualificada para o encorajamento, tanto das atividades produtivas dos cidadãos quanto de seu senso de significativa atualização pessoa e social.” (p.185) O Paradigma paraeconômico pressupõe um novo modelo/conceito de desenvolvimento, liberto da relação exclusiva com a economia, onde a riqueza das nações não é mensurada única e exclusivamente pelo seu PIB, disponibilidade de empregos, pela oferta de bens e serviços. Voltase para uma orientação mutuária que permita a realização do homem. 10. Visão Geral e Perspectivas da Nova Ciência Ramos faz uma síntese sobre a “nova ciência”... • Ciência Social Convencional: - Retoma a distinção entre Racionalidades; Sociedade Centrada no Mercado (últimos 300 anos da História); A Ciência Social deve libertar-se de sua obsessão com o desenvolvimento; Auto-atualização (Realização Pessoal). • A Organização Resistente: - O pressuposto fundamental da nova ciência está no conceito de perduração (a produção é uma questão técnica e moral); A perduração é uma categoria da existência física, humana e social. - Enfim... “A esta altura deveria estar claro, para o leitor, o fato de que num sentido a nova ciência das organizações não é realmente nova, por que é tão velha quanto o senso comum. O que é novo são as circunstâncias, nas quais precisamos, mais uma vez, começar a dar ouvidos ao nosso eu mais íntimo.” (p. 201 – Capítulo 10) Obrigado pela atenção! ... E Sem Crises Existenciais! Jeferson Dahmer – UDESC/ESAG