Fisiologia II Data: 10 de Março (3ª aula) Tema da aula: O coração como bomba. O ciclo cardíaco. Variações da pressão e volume no ciclo. Docente: Prof. Mário Gomes Marques Desgravado por: Adriana Carapucinha, Ana Madeira Quais são as principais diferenças entre o músculo esquelético e o cardíaco? Ambos têm uma relação comprimento/força semelhante e a força é máxima quando o músculo começa a contracção do sarcómero (comprimento em repouso é de 2 a 2,4 micrómetros). O músculo cardíaco tem uma característica muito particular que é a afinidade da troponina C para o cálcio, que aumenta com o aumento do comprimento do sarcómero em repouso. Isto é que vai dar origem à Lei de Frank-Starling. Lei de Frank-Starling (ver gráfico do 3º slide – ‘Relação comprimento força’) Tradução da relação entre o comprimento inicial da fibra miocárdica e a força que é desenvolvida para expulsar o sangue do coração. Se considerarmos o comprimento inicial da fibra miocárdica (o comprimento que a fibra tem no final do enchimento, portanto, no final da diástole) até determinados valores, consoante aumenta esse comprimento, vai aumentando a pressão que é desenvolvida pelo ventrículo. A partir de determinado limite, esta relação deixa de ser verídica porque as pontes de interacção entre a actina e miosina já não estão no máximo contacto possível e, a partir daí, começa a diminuir a força de contracção e o coração entra em insuficiência cardíaca. No fundo, a Lei de Frank-Starling, diz-nos que um aumento do comprimento da fibra miocárdica no final da diástole provoca uma contracção ventricular mais forte e esta lei só se aplica na porção ascendente da curva. Na porção descendente deixa de ser verdadeira. Sabemos que no coração normal a força máxima de contracção é atingida com pressões, no final da diástole, de cerca de 12 mm de Hg, que equivale a um comprimento do sarcómero de 2,2 micrómetros. Geralmente as pressões no final da diástole variam entre 0 e 7 mm de Hg, portanto só há uma contracção máxima quando o coração já está em esforço, quando o coração já está a encher mais do que em condições de repouso (por exemplo, um indivíduo a fazer exercício). Mas, mesmo com pressões muito mais altas, isto é, pressões mesmo superiores a 50 mm de Hg, o comprimento do sarcómero não ultrapassa os 2,6 micrómetros. Por mais que depois aumente o sangue que está a chegar ao ventrículo (aumenta porque provavelmente o ventrículo não está a conseguir expulsar o sangue), as pressões vão aumentando brutalmente mas a fibra não dilata mais do que 2,6 micrómetros. Mesmo assim, começa a expulsar cada vez menos sangue (encontra-se na fase descendente da curva de Frank-Starling). Ciclo cardíaco Fases da sístole1 contracção isovolumétrica ejecção rápida ejecção lenta Fases da diástole1´ proto-diástole de Wiggers (descrito por alguns autores, apenas) relaxamento isovolumétrico enchimento rápido enchimento lento ou diástase sístole auricular2 1 - Quando falamos de sístole /diástole (sem nada depois), em medicina, referimo-nos a sístole/diástole ventricular. Quando queremos referir-nos especificamente à sístole/diástole auricular utilizamos o termo auricular depois. 2 – Sístole auricular é a última fase da diástole (como não digo tem nada depois, refiro-me à diástole ventricular!). Sístole No início da sístole (onde se começa a descrever o ciclo cardíaco, classicamente) o ventrículo esteve a encher antes, portanto as válvulas auriculo-ventriculares (tanto no coração esquerdo, como no direito) estão abertas e as sigmoideias fechadas. Mal se inicia a contracção, quase imediatamente as válvulas auriculo-ventriculares vão encerrar (praticamente instantâneo, pelo que não se considera nenhuma fase entre o início da contracção e o encerramento das válvulas auriculo-ventriculares). Então, temos uma cavidade estanque, com as válvulas sigmoideias e as auriculo-ventriculares encerradas, e o volume a diminuir, o que faz com que a pressão aumente brutalmente de uma maneira muito rápida (fase de contracção isovolumétrica), onde há um aumento muito grande da pressão ventricular e não há variação do volume porque está tudo fechado na câmara, logo não sai sangue. A partir de dada altura, a pressão dentro do ventrículo vai ultrapassar a pressão a jusante (considerando como exemplo o coração esquerdo: a pressão no ventrículo esquerdo ultrapassa a na aorta). Quando isso acontece, abrem-se as válvulas sigmoideias e começa a haver expulsão de sangue. Como o ventrículo de início está muito cheio de sangue da diástole, sai uma grande quantidade de sangue (fase de ejecção rápida) e o volume ventricular começa a diminuir rapidamente. No fim da contracção ventricular há uma fase em que a expulsão é um pouco mais lenta por unidade de tempo (fase de ejecção lenta), até que o ventrículo se relaxe. Desde que a válvula aórtica (no caso do coração esquerdo) está aberta até praticamente ao início da descontracção, as pressões aórtica e ventricular acompanham-se (a pressão intraventricular é ligeiramente superior, se não, não haveria passagem de sangue). Diástole De repente, o ventrículo pára de contrair, relaxa e rapidamente a pressão ventricular sofre uma quebra. Como a válvula sigmoideia está aberta, quando a pressão no ventrículo baixa, a tendência da coluna de sangue era voltar para o ventrículo, só que bate nas válvulas sigmoideias. É esse pequeno batimento que vai provocar na onda de pulso arterial (ver pressão aórtica no gráfico) uma incisura (chamada dicurta) e uma onda principal. Isto verifica-se na pressão aórtica e em qualquer pressão arterial (se fizermos uma curva de pressão no pulso obtemos uma curva daquele tipo). Alguns autores acham que esse pequeno intervalo de tempo entre o início do relaxamento e o encerramento das válvulas sigmoideias, que demora um tempo muito curto mas ligeiramente mais longo que na sístole, que se deve designar por proto-diástole (o início da diástole, de protos). Como foi Wiggers o autor que descreveu pela primeira vez a proto-diástole, é chamada proto-diástole de Wiggers3 (podemos descrever o ciclo cardíaco com proto-diástole ou sem ela, temos é que a referir e saber que, segundo alguns autores, não se separa essa fase, mas classicamente separa-se). A partir daí, há outra vez uma cavidade estanque, com as válvulas aurículo ventriculares encerradas, bem como as sigmoideias e o ventrículo continua a relaxar. A pressão tem uma quebra abrupta, sem qualquer saída de volume de sangue (fase de relaxamento isovolumétrico/ descontracção isovolumétrica). O ventrículo continua a dilatar e a baixar a sua pressão, até que a pressão que existe na aurícula ultrapassa a que existe no ventrículo. Quando isso acontece, abrem-se as válvulas auriculoventriculares e começa a passar uma quantidade de sangue razoavelmente grande de sangue no início para o ventrículo (fase de enchimento rápido) e, a partir dessa altura, é praticamente o sangue que vai chegando ao coração que vai passando para o ventrículo. De início temos as aurículas “cheias de sangue”, portanto passa sangue de forma muito rápida e depois é praticamente o sangue que vai retornado ao coração que passa (fase de enchimento lenta). Por último há uma fase que tem a ver com a contracção auricular. Devemos interpretar a contracção auricular como um mecanismo que temos de aumentar o rendimento do coração, porque como ainda há algum sangue dentro da aurícula, se a contrair antes de o ventrículo se contrair, ainda consegue enviar uma pequena quantidade de sangue para o ventrículo, aumentando o seu rendimento (sístole auricular). Electrocardiograma Se olharmos para o electrocardiograma (ver fig.anterior), o complexo QRS (equivale à contracção ventricular), na fase de roturização ventricular, e imediatamente antes da contracção auricular, a onda P, que equivale à despolarização das aurículas. Se estivermos a auscultar um doente, os dois ruídos (S1 e S2), o primeiro está relacionado com o início da sístole, isto é, com o encerramento das válvulas auriculo-ventriculares e o segundo ruído está relacionado com o início da diástole, isto é, com o encerramento das válvulas sigmoideias. O som que ouvimos não tem nada a ver com as válvulas a bater ou a encerrar. Tem a ver sim com a vibração que a coluna de sangue, as cordas tendinosas do ventrículo, no caso das válvulas auriculo-ventriculares, fazem. Em termos de raciocínio é útil pensar que tem a ver com o encerramento das válvulas, mas não são as válvulas a encerrar que fazem o ruído, são as acelerações e desacelerações de sangue e as vibrações das paredes ventriculares e da aorta que provocam esses ruídos. Pré-carga e pós-carga Este conceito provém de estudos de fisiologistas em músculos isolados (por exemplo músculo esquelético de rãs), há mais de um século. Alguns destes conceitos foram transpostos para o coração intacto. Se tiver um músculo em repouso (com um suporte e uma carga/peso), no ar, nem sequer sob tensão. Isto no coração equivale à fase do fim do relaxamento isovolumétrico (não há carga nenhuma a chegar a ventrículo). A seguir, ia pondo cargas pequeninas no músculo (pré-carga) até que o músculo ficasse estirado (sob tensão, mas sem rasgar), como na maior parte dos nossos músculos (tónus muscular, contracção muscular no indivíduo, mesmo em repouso). Daí vem o conceito de précarga. No fundo, a pré-carga no coração é aquela carga de que necessito para que o músculo tenha um determinado comprimento antes de se começar a contrair (no ciclo cardíaco corresponde ao fim da diástole). É no fim da diástole que o comprimento da fibra vai dar origem à força de contracção (Lei de Frank-Starling). Portanto, a quantidade de sangue que está no ventrículo no fim da diástole é que dá o equivalente à pré-carga numa fibra muscular isolada. Agora juntava, além da pré-carga, uma pós-carga (um peso adicional no músculo, mas o comprimento ficava na mesma). Depois dava um estímulo eléctrico ao músculo isolado e a fibra muscular contraía. Das duas uma: ou o afterload (pós-carga) era suficientemente pequeno para o músculo ter força para o levantar e encurtar ou, caso tenhamos uma pós-carga enorme, o músculo contraía mas apenas desenvolvia tensão (não havia movimento, daí os conceitos de contracção isotónica e isométrica). No coração isto equivale ao fim da contracção isovolumétrica (ainda não houve movimento da carga). A seguir abrem-se as válvulas auriculo-ventriculares e o músculo contrai e eleva a pré-carga e a pós-carga (corresponde à fase de ejecção da sístole ventricular) É importante reter que isto corresponde à passagem do conceito do músculo esquelético isolado para o coração intacto. Em termos práticos: volume telediastólico determina pressão arterial determina pré-carga pós-carga Hipertensão arterial No indivíduo com hipertensão arterial a pós-carga vai estar muito aumentada em relação à do indivíduo normal. Caso o seu coração não seja tratado, ao longo dos anos vai hipertrofiando, vai ter de estar sistematicamente a vencer uma pós-carga superior à pós-carga normal e portanto vai contrair com um inotropismo (uma força de contracção) superior ao normal. Isto só dura algum tempo e depois o coração entra em falência (insuficiência cardíaca). Portanto, o que é típico de uma hipertensão arterial é nas fases iniciais da doença haver uma hipertrofia ventricular que compensa a pressão aumentada (o afterload) mas, ao fim de uns tempos, inexoravelmente, se o indivíduo não for tratado, entra em insuficiência cardíaca, daí que seja de extrema importância tratar precocemente indivíduos com hipertensão arterial. Saíram agora novas guidelines e cada vez se faz uma terapia mais agressiva e para valores mais baixos, isto é, os valores considerados normais de pressão arterial têm vindo a baixar ao longo dos anos. Desde que as pessoas não tenham sintomas graves, o melhor é viverem com pressões baixas (e vivem mais tempo). Os efeitos do aumento da pós-carga Quanto mais aumenta a pressão (pós-carga), maior tem de ser a pressão desenvolvida no ventrículo esquerdo, se não consegue vencer essa resistência mas há um ponto limite a partir do qual a pós-carga pode aumentar mas a pressão ventricular já não aumenta e aí o coração entra em falência. O outro efeito relaciona-se com a velocidade de contracção do ventrículo (da fibra), sendo que quanto maior for a pós-carga, mais lenta será a contracção da fibra cardíaca para conseguir vencer esse obstáculo. (ver imagens do 12º e o 13º slide - ‘Efeitos de aumentos na pós-carga’) Parâmetros usados para avaliar a função cardíaca: Confundimos, habitualmente, função cardíaca com função ventricular. É obvio que a função auricular é importante, mas o indivíduo em fibrilhação auricular, com fibras descoordenadas, a pressão as aurículas mantém-se e esse indivíduos, do ponto de vista hemodinâmico, vivem perfeitamente bem. A contracção auricular contribui com 20 a 30% de sangue que chega ao ventrículo. Temos que tratar pois os indivíduos têm tendência a formar trombos na parede das aurículas que se desprendem e podem dar origem a embolias cerebrais. Mas em termos de função o prejuízo não é muito grande. A função também se confunde com função hemodinâmica. Se eu falar em desrritmia o que me preocupa e é a função hemodinâmica que me preocupa. São 3 determinantes de função ventricular: pré-carga, pós-carga e o inotropismo (contractilidade). É a partir destes três determinantes que estudamos a função ventricular. Pré-carga – stress a que a parede ventricular fica submetida no fim da diástole, a medida da précarga é o volume telediastólico que vai exercer maior ou menor pressão sobre a parede ventricular; Pós-carga – stress a que a parede ventricular fica submetida ao longo da sístole; Stress – tensão suportada por cada cm2 na área de qualquer secção da parede; Stress circunferencial da parede ventricular: considera-se que o ventrículo, que tem uma forma complexa que varia muito entre a diástole e a sístole, se pode comparar a um elipsóide (que tem a ver com a pressão ventricular, com a grossura da parede e com o eixo do mesmo). Parâmetros usados para avaliar a função diastólica O volume telediastólico é útil para o final da diástole, para sabermos como o ventrículo relaxa. Há muitas situações em que o problema principal é a diástole. Mas não indica nada sobre a forma como a diástole decorreu: sabemos como ela chega ao fim mas não sabemos como as várias fases decorreram. Para estudar a lusitropia (descontracção activa que existe no início da diástole ventricular), equivalente à protodiástole e início do relaxamento isovolumétrico, usamos um parâmetro que é – dp/dtmax – quanto mais rápido baixar a pressão em ordem ao tempo menor está a ser a função diastólica. Na sístole é semelhante: na fase de contracção isovolumétrica é também a derivada da pressão em ordem ao tempo que nos dá a força com que o ventrículo se está a contrair. No entanto isto tem um problema: quando exijo ter uma pressão tenho obrigatoriamente que por um cateter para obter essa pressão pois não há medidas indirectas das pressões ventriculares. Para estudar profundamente a actividade cardíaca de um indivíduo e ser quer obter pressões não há outra hipótese, é necessário fazer um cateterismo cardíaco. Ecografia (ou ecodoppler) é também uma técnica muito usada. Permite calcular volumes e velocidades de fluxo mas de uma forma não invasiva, daí que seja o exame mais pedido. Só em casos depois seleccionados é que se pede um cateterismo cardíaco (para avaliar melhor as fases do ciclo cardíaco do indivíduo). 1- Parâmetros usados para avaliar a fase de enchimento rápida 1) Valor máximo da quantidade de sangue que entra no ventrículo por unidade de tempo – dv/dt 2) Tempo entre a abertura da válvula aurículo-ventricular e o momento desse valor máximo – dV/dt 3) Fracção de enchimento que tem lugar durante o primeiro terço da diástole - V Sabemos que no início o enchimento é rápido, mas posteriormente temos a fase de enchimento lento. Se eu vir qual é a percentagem de enchimento que existe no primeiro terço eu fico com uma ideia muito razoável da função no primeiro terço da diástole. 4) Velocidade do fluxo de sangue entre a aurícula e o ventrículo. O ecodoppler dá a informação. Quanto maior for a velocidade (e isto sem patologia) maior a quantidade de sangue que está a passar. Há patologias de estenoses das válvulas onde a velocidade está aumentada mas a quantidade de sangue está diminuída. 2- Parâmetros usados para avaliar a fase de enchimento lento 1) Complience (adaptabilidade ou complacência) – que é a maior ou menor dificuldade com que os ventr+iculos acomodam o sangue que chega das aurículas. A medida mais comum de complacência é a derivada do volume em relação à pressão (dv/dp). 2) Também se pode usar o dp/dv (inverso da anterior) que é a rigidez. 3- Parâmetros usados para avaliar a sístole auricular 1) Fracção de volume telediastólico que deriva da sístole auricular (equivalente ao estudo da fase de enchimento rápido). Se virmos todo o volume de enchimento e depois a fracção desse enchimento (20% a 30%) que equivale à sístole auricular. 2) Ecodoppler - podemos ver a velocidade transorificial do sangue no decurso da sístole auricular. 4- Parâmetros usados para avaliar a sístole isovolumétrica 1) Velocidade máxima de encurtamento dos elementos contrateis velocidade vs força – criticável em corações intactos pois é difícil de medir; 2) dp/dtmax Considerado o melhor índice da função sistólica (indivíduo com insuficiência cardíaca tem este índice francamente diminuído); 3) dp/dt ao nível de 40mmHg A pressão arterial normalmente não está abaixo de 40mmHg por isso qual o porque do uso deste nível? Porque deste modo é independente da pós-carga, não tem a ver com a pressão da artéria aorta ou da pulmonar. Quando a válvula abre, o dp/dt torna-se dependente também da pós-carga e não só da força de contracção do coração. 5- Parâmetros usados para avaliar a fase de ejecção 1) Fracção de ejecção - Muito usada; - O volume que está no final da diástole não é todo expulso em cada sístole (fica lá sempre uma pequena quantidade de sangue: habitualmente a fracção de ejecção ronda os 70%, sendo que 30% do sangue que está no início da sístole fica lá); - Se pusermos o volume que é ejectado sobre o volume telediastólico obtemos a fracção de ejecção; 2) Fracção de encurtamento do eixo transversal - Usado com imagiologia; 3) Velocidade média de encurtamento circunferencial do ventrículo 4) Velocidade máxima desse encurtamento Curvas de pressão-volume intraventriculares Estamos a estudar a função cardíaca mas a obter valores dependentes da pré e da pós-carga. Temos grande dificuldade em medir apenas o inotropismo cardíaco. As curvas de pressão-volume intraventriculares permitem ter uma ideia concreta da função sistólica, que é independente da pré e da pós-carga. É um método usado, na sua grande maioria, apenas em investigação. Também é realizado pela introdução de um cateter que consiga medir pressões e volumes ao mesmo tempo. A pressão fica nas ordenadas e o volume nas abcissas. Interpretação do gráfico: (1) A contracção isovolumétrica começa: o volume mantém-se mas a pressão aumenta brutalmente. (2) Começa a fase de ejecção: o volume diminui e a pressão mantém-se praticamente constante; (3) Começa a diástole. Fecham as válvulas e começa o relaxamento isovolumétrico. (4) Enchimento com pequeno aumento da pressão. O que se sabe é que se aumentarmos a pós carga e formos estudando as variações do gráfico conseguimos obter uma medida muito fiável do inotropismo do coração em causa. Curvas de pressão-volume intraventriculares Reógrafo linear Se fizermos passar um sinal eléctrico, com uma frequência muito elevada, entre dois pontos é evidente que, quanto maior a condutância mais fácil é a corrente passar de um lado para o outro. Como sabemos que no nosso organismo o que conduz melhor é o sangue, então essas variações são fundamentalmente dependentes da quantidade de sangue que está entre esses dois pontos. Pensemos agora que metemos um cateter com dois eléctrodos para dentro do coração e fazemos passar uma corrente. Quanto mais sangue estiver no coração mais fácil é a passagem da corrente. Depois trabalhamos o sinal e obtemos uma curva com essa reografia. As variações que obtemos com o reógrafo linear são lineares com a variação de volume e assim tornou-se simples fazer as anças de pressão-volume. Púnhamos o cateter que fazia passar a corrente dentro do ventrículo, abria-se o cateter com um transdutor de pressão na ponta para obtermos (também) a pressão. O melhor índice de contractilidade que existe é o valor da inclinação/declive da recta nas curvas de pressão-volume. Quando aumentamos a pós carga (pondo o cateter para a aorta e enchendo um balão) o ventrículo responde aumentando a pressão para vencer o aumento da pós-carga. Se continuarmos a aumentar a pós carga ele continua a aumentar as pressões para ser capaz de expulsar o sangue. Declive baixo – baixo índice de contractilidade Declive alto – alto índice de contractilidade (o professor não considera a parte anterior muito relevante, achou que devia dar uma ideia pois é uma coisa que se trabalha no instituto há muitos anos) Potência ventricular Pressão x Débito Instantâneo (num determinado momento) Trabalho externo Área da laçada de curva pressão-volume em cada ciclo. Rendimento Relação entre a potência ventricular máxima e o volume de oxigénio consumido por unidade de tempo. Coisas a retirar da aula: - Perceber o ciclo cardíaco; - Ter noção dos parâmetros para avaliação do ciclo cardíaco (principalmente a importância do ecodoppler); - Curva pressão-volume é o melhor para estudar mas que é mais usado em investigação mas pouco na prática clínica;