o que é o street workout? - SWA – Associação Portuguesa de Street

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SWA – Associação Portuguesa de Street Workout
SWA - ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE STREET WORKOUT
Stanislav Nosov
O QUE É O STREET WORKOUT?
Braga, 2016.
SWA – Associação Portuguesa de Street Workout
SWA - ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE STREET WORKOUT
O QUE É O STREET WORKOUT?
por
Stanislav Nosov
Entrevista apresentada no âmbito de apoio
académico, a pedido, e sob a orientação do
Dr. João Henrique, FURB - Universidade
Regional de Blumenau de Brasil.
Braga, 2016.
SWA – Associação Portuguesa de Street Workout
Resumo
Esta entrevista representa uma investigação e compilação de informações de diferentes
fontes de informação, relativamente ao fenómeno social identificado como o desporto
Street Workout.
Como base do método da pesquisa proponho as teorias do filósofo Rene Gerard “Desejo
Mimético” e “Bode Expiatório”. Para identificar as consequências da mesma, irei
conduzir este texto com quatro tipos de abordagem: a) análise das raízes do Street
Workout e da sua natureza; b) as influências históricas e políticas; c) as relações sociais,
o desejo de competição e a religiosidade; d) o conceito da violência em subculturas da
sociedade.
O maior objetivo deste texto é prestar um maior entendimento sobre o fenómeno social
do Street Workout como um desporto e movimento cultural.
As questões abordadas nesta entrevista foram redigidas pelo Dr. João Henrique da
FURB.
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Esquema de Trabalho

O que é o Street Workout? Quando e onde surgiu?

Quem foi(foram) o(s) criador(es)?

O Street Workout pode ser caracterizado em algum tipo de prática? Modalidade,
desporto, ou atividade?

Existem regras que regem o funcionamento dessa prática?

Se existem órgão(s) regulamentador(es), qual(quais) é(são)?

Essa prática tem como base outro(s) desporto(s), se sim, quais?

O Street Workout possui algum embasamento teórico/científico para dar suporte
à prática?

Quais são os equipamentos/materiais utilizados?

Há competições desta prática? Se sim, como funcionam?

Alguma outra informação importante?
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O que é o Street Workout? Quando e onde surgiu?
Relativamente à definição de Street Workout (SW), ouso propor o meu ponto de vista,
tendo em conta que participo no desenvolvimento do mesmo em Portugal desde o ano
2012. Uma vez que o SW é um desporto em desenvolvimento, sobretudo, ideológico,
arrisco-me a referir coisas que dentro de algum tempo poderão já não fazer sentido
algum. Seja como for, penso que uma boa definição influencie o seu próprio
desenvolvimento como desporto digno e não discriminatório, e o proteja de interesses
corruptos e outros, ainda piores, profanos que ousam a interferir cada vez mais.
Com o termo corrupção devemos compreender os interesses financeiros que muitas
empresas, tendo em conta a popularidade de SW, tendem implantar no desporto
modificando a sua estrutura e tradições conforme lhes é mais fácil de comercializar.
Para perceber melhor do que se trata temos o exemplo da sobrevalorização da estética.
Um mundo da revista e da imagem que prescinde de pensamento autocritico, tendo em
vista um único objetivo - cinco minutos de fama por um like. O grande problema de
esteticismo não toca apenas nas àreas do fisioculturismo como muitos o poderiam
imaginar. Antes pelo contrário, a sociedade de hoje está submissa à moda de boa forma
física e diversos modos de vida saudável, porém sem padrões concretos e com
delimitações efémeras. Um mundo plural, com a varidade das escolhas sem fim (desde
Vegetarianismo ao Cross-Fitt) com aparentemente tudo permitido para as mais diversas
ideologias podendo cada uma chegar ao seu extremo, não se aprecebe que tem por trás
uma gigantesca indústria de produtos cosméticos, alimentares, religiosos e outros na
perspetiva de criar cada vez mais consumo. Isto não é mais uma das teorias da
conspiração do youtube, é a realidade que vivemos aqui e agora. O objetivo que pela
norma é alcansado ao longo dos anos com muito “suor e sangue derramado”, passou
para um conceito de objetivo “quero já!”. É um objetivo de viver “aqui e agora”
abdicando do sonho de um bom futuro, apoiado pela constante avaliação social externa
de like nas redes sociais. O “eu” próprio deixou de julgar, quem julga são os “outros
eu”. O eu está à espera do que os outros aprovam. Partilha-se a vida própria e vive-se a
vida dos demais como referêncial. No final de contas vive-se um copy-paste da mesma
imagem. Se esta imagem é credível ou não, não importa. Pensar não tem valor, mas sim
satisfazer os cinco sentidos de forma hedonista. Pois, com tantos “egos” de incerteza a
corrupção não tarda tempo a inserir os seus tentáculos em todos os ramos sociais
criando as novas imagens de padrão que se “deve viver”. Neste caso o SW não é uma
exclusão. Persiste um receio do futuro que é efemero e valoriza-se o Carpe Diem, a vida
de aqui e agora.
Relativamente a interesses de profanidade quero transmitir que estes são as ideologias
individualistas1, baseadas na má compreenção das liberdades de cada um, provenientes
1
Quando falo em individualismo, refiro-me às tendencias sociais modernas, concordando com a crítica
do sociólogo Zygmund Bauman (19 de Novembro de 1925) relativamente ao conceito de Modernidade
Líquida.
Resumidamente, a modernidade líquida é a época atual em que vivemos. É o conjunto de relações e
instituições, além de sua lógica de operações, que se impõe e que dão base para a contemporaneidade.
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da falta de autoeducação e autodisciplina, resultante de transposições no SW como
desporto e como movimento cultural sobretudo. Geralmente estes indivíduos ou por
vezes até grupos pequenos de indivíduos fazem “ataques” com determinadas intenções
ao SW. Estes podem ser tentativas de reduzir a atividade desportiva para um
determinado padrão que lhes é conveniente. Convencer as pessoas a aceitar
determinados valores ou propostas simplistas mal fundamentadas. Separar o desporto
em modas, estilos, seitas e etc… Em grande medida há sempre uma tentativa de
sobrepôr a sua opinião individualista sobre o unanimemente acordado pela maioria dos
praticantes e pelas organizações gestoras do desporto, evitando assim no máximo
possível o diàlogo com os mesmos. Ou seja, a figura do indivíduo está acima de tudo e
como se tivesse um direito de evitar um processo democrático. Parece pouco provável
que esta política vá longe, mas estas propostas ganham força quando apoiadas por
interesses corruptos que procuram de simplificar e profanizar para fazer um melhor
negócio. O Capitalismo requer produtos simples e standarizados, ou seja, mais vale um
do que dois em um. Por exemplo, os X músculos definidos = Y do suplemento. Estas
profanações são sem fim, mas só para que possamos perceber melhor de que se trata
vou indicar os mais populares exemplos:
Uma, talvez, das mais abordadas profanações seja a especulação com a própria
etimologia da expressão “Street Workout”. Por vezes especulam-se os termos para
atribuir as falsas origens ao desporto, como por exemplo, o caso da falácia que o SW
nasceu nos EUA devido à origem da expressão. Por outras vezes, especula-se para
separar o desporto em diversas disciplinas, como o caso da outra falácia de que a
Calistenia não é um atributo, mas um desporto à parte do SW. Mais a frente, o texto
abordará estes assuntos detalhadamente.
Outra profanação muito popular é a dita guerra entre os atletas que preferem
desenvolver só os elementos estáticos ou só os dinâmicos. Ou seja, cada casta pensa
que tem razão, em vez de se preocupar com um desenvolvimento completo. É
importante referir aqui que tanto uns como outros querem competir, não treinam
somente por gosto da manutenção física e desejam ser bem avaliados. Obviamente, com
este tipo de fundamentalismos, são frequentemente mal avaliados nas competições. O
que dá em resultado são as rivalidades entre grupos e tentativas de acusar os júris das
competições de uma má gestão.
Por fim parece-me bastante interessante opinião de alguns atletas, apologistas de figuras
estáticas, tentarem afirmar com toda a seriedade que os elementos estáticos em
movimento (por ex. as flexões em planche ou elevações em Front-Lever) podem ser
considerados dinâmicos. Digo eu, que qualquer júri responsável por avaliação de
elementos dinâmicos concordará comigo que para um elemento de acrobacia ser
considerado dinâmico, o corpo do atleta deverá, no mínimo dos mínimos, abandonar as
É uma época de liquidez, de fluidez, de volatilidade, de incerteza e insegurança. É nesta época que toda
a fixidez e todos os referenciais morais da época anterior, denominada pelo autor como modernidade
sólida, são retirados do palco para dar espaço à lógica do agora, do consumo, do gozo e da
artificialidade.
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estruturas utilizadas e permanecer no ar nem que fosse um meio de segundo. Daí ser
lógico, a meu ver, que a dinâmica requer não só o movimento, mas também a
explosividade e a separação das estruturas. Tudo isto são saltos mortais, piruetas e
giratórias de todo tipo, e não menos que isso.
Veremos então o que me parece sobre uma boa definição do SW.
“Street Workout é um desporto de raiz calisténica e urbana, que visa a preparação do
corpo e da mente do ser humano com fins de manutenção física e competitivos.”
A expressão “Street Workout” nasceu por volta do ano 2007 nos Estados Unidos. Daí
deriva a falácia de que o SW provém de Estados Unidos. No entanto as minhas
investigações revelam que a prática de SW existe há muito mais que uma dezena de
anos, mas foi simplesmente reapresentada com nomes e abordagens ideológicas
diferentes. Enquanto mera condição de prática metódica de exercícios físicos, já
encontrados por volta de 2600 a.C., nas civilizações da China, da Índia e do Egito, onde
se valorizava o equilíbrio, a força, a flexibilidade e a resistência, utilizando inclusive
materiais de apoio, como pesos e lanças. Este conceito começou a desenvolver-se pela
prática grega, que o expandiu através do Helenismo e do Império Romano.
Vejamos algumas das mais influentes manifestações de cultura física que desencadeou
posteriormente o desenvolvimento do SW e outras artes da ginástica.
Ponto 1 - CALISTENIA:
A primeira prática de desporto ao ar livre, registada em inúmeros documentos
históricos, provém da Grécia antiga. Daí deriva a palavra “Calistenia” - (grego kállos, eos, beleza + grego sthénos, -eos, -ous, força + -ia) Em dias de hoje é mais
compreendida como ginástica rítmica ou exercícios físicos dinâmicos com o peso do
próprio corpo.
O conceito da beleza na Grécia antiga ocupa um papel fundamentalmente pautado na
conceção platónico-aristotélica do mundo e, para eles, a vida e a arte fazem-se baseadas
em equilíbrio, simetria, harmonia e proporcionalidade. Para os gregos, um corpo bonito
era uma prova de uma mente brilhante (no sentido de dom divino). Este conceito de
completude era chamado pelos gregos de kalos kai agathos (καλός καi αγαθός), que
significa literalmente belo e bom, ou belo e virtuoso. O desporto, portanto, ocupava um
papel crucial. A beleza era frequentemente um motivo de competição. Concursos de
beleza chamados de “kallisteia” eram realizados regularmente nos centros de treino das
Olimpíadas em Elis e nas ilhas de Tenedos e Lesbos, destinados maioritariamente às
mulheres. Estas eram julgadas pela maneira como caminhavam. Os homens também
participavam nas competições, amarrando fitas nas partes do corpo que queriam
destacar. As partes mais apreciadas, por exemplo, eram uma perna bem torneada ou um
bíceps grande e redondo.
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Ponto 2 – GINÁSTICA:
“A ginástica2 é um conceito que engloba modalidades competitivas e não competitivas e
envolve a prática de uma série de movimentos exigentes de força, flexibilidade
e coordenação motora para fins únicos de aperfeiçoamento físico e mental”.
Desenvolveu-se, efetivamente, a partir dos exercícios físicos realizados pelos soldados
da Grécia Antiga, incluindo habilidades para montar e desmontar um cavalo e
habilidades semelhantes executadas num circo, como fazem os chamados acrobatas.
Naquela época, os ginastas praticavam o exercício nus (gymnos – do grego, nu), nos
chamados gymnasios, patronados pelo deus Apolo. A prática só voltou a ser retomada com ênfase desportiva e militar - no final do século XVIII, na Europa, através de Jean
Jacques Rousseau, do posterior nascimento da escola alemã de Friedrich Ludwig Jahn
(criador da barra fixa), - de movimentos lentos, ritmados, de flexibilidade e de força - e
da escola sueca, de Pehr Henrik Ling que introduziu a melhoria dos aparelhos na prática
do desporto. Tais avanços geraram a chamada ginástica moderna.
Anos mais tarde, a Federação Internacional de Ginástica foi fundada, para regulamentar,
sistematizar e organizar todas as suas ramificações surgidas posteriormente.
As práticas não competitivas popularizaram-se e difundiram-se pelo mundo de
diferentes formas e com diversas finalidades e praticantes. As mais características delas
são o Street Workout, Parkour, Breakdance e as Artes Circences.
Ponto 3 - PTD:
O termo base “Preparado para o Trabalho e Defesa” da URSS, (russo: Готов к труду и
обороне СССР "ГТО"). Era um programa de treino e preparação física generalizada em
toda a União Soviética, fundado em 11 de Março 1931 pela iniciativa do
partido Komsomol. Também, era uma espécie de complemento para o Sistema de
Classificação Desportiva da URSS. Enquanto o último era destinado apenas aos atletas,
o PTD em geral era um programa para toda a população soviética, independentemente
da idade. Até 1976, mais de 220 milhões de pessoas já tinham sido premiadas com os
distintivos da PTD, e em 1986 passaram nos testes 33,9 milhões de pessoas.
Estes números, que à primeira vista podem parecer fora do vulgar, são uma realidade
que se deve ao sistema de apoio gratuito e bem estruturado. A grande aderência dos
cidadãos deve-se à oportunidade de ocupar o seu tempo livre sem encargos, retirando
um contributo enorme a nível da cultura e saúde. Ainda hoje, os países de leste, em
especial a Rússia e a Ucrânia (lideres de SW a nível mundial) são literalmente
detentores de "florestas" de parques de SW que sobram do antigo regime soviético.
2
Ginástica. Disponivel em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Gin%C3%A1stica Acesso em 7 de Abril de 2016.
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Além disto, ainda hoje não estão em falta os novos investimentos. Sem risco de
exagerar, podemos dizer que quase cada bairro tem um parque de SW.
Com o desmembramento da URSS, em 1990 o programa PTD deixa de existir. Deixam
de existir quaisquer apoios, param as competições lúdicas, deterioram-se os programas
de educação física nos ensinos básico e superior. O que resta para a população,
praticante de desportos ao ar livre (atletas não profissionais) são os imponentes
monumentos de parques de SW por todo espaço pós-soviético. A atividade PTD, que
então continha programas de desenvolvimento físico em diversas áreas desportivas, é
transformada pelos entusiastas numa espécie de Ghetto-Workout ou como era
popularmente chamado, antes da vinda do termo SW - Turnik, em russo:
Tурник (Barra). Este movimento teve grandes influências da ginástica de aparelhos e
do movimento colombiano Gimbarr.
Ponto 4 - GIMBARR:
Gimbarr é um dos mais artísticos estilos da ginástica de rua que tem as suas origens na
Colômbia nos anos 50 do séc. XX, nas localidades de Fontibon, Engativa, Kennedy e
Bogota.
É um desporto praticado na barra fixa, que integra em si a força, flexibilidade, agilidade
e elegância. O seu objectivo é inventar e realizar sequências ou linhas de figuras
próprias, mas também podendo as mesmas ser combinadas com figuras de ginástica
artistica.
No período de 1998-2002 Gimbarr teve um desenvolvimento intensivo. Chegou a ser
divulgado na televisão, recebeu apoios de estado, inclusive atingiu o reconhecimento do
estado como um desporto nacional. As equipas colombianas mais conhecidas são: “La
Vieja Guardia” e “Guerreros de Guerreros”.
Em 2010 nasce uma nova corrente de Gimbarr na Rússia chamada, conforme eu já
referi no ponto três, “Турник” (Barra).
Querendo uma distinção, seria difícil fazer uma comparação entre os estilos de Gimbarr
russo e colombiano. Contemplando o estilo “Турник”, a priori, apetece dizer que é um
estilo mais agressivo e que talvez destaque os elementos estéticos de choque, quando o
estilo colombiano, por sua vez, é mais elegante. Gimbarr colombiano também pode ser
conhecido através do estilo FBX (figuras de barra extreme).
Em 2010 surgiu a primeira equipa russa de Gimbarr chamada “Gimbarr Russia
Guardia”. Em 2011, com apoio de jornal Mens Helth saiu o primeiro vídeo-tutorial nº 9,
sobre o elemento de Gimbarr “Ocho”, redigido pelo ideólogo e grande contribuidor
russo da ginástica de rua Mihail Baratov3. Nos dias 8 e 9 de Dezembro de 2011
3
Mihail Viktorovych Baratov (russo: Михаил Ви́ кторович Бара́тов) – 2 de Janeiro 1992, ideólogo russo
de um dos principais movimentos da ginástica de rua.
O que é Street Workout?
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realizou-se o primeiro Campeonato das Nações de Street Workout no complexo
Olimpico Luzniky (russo: Лужники) em Moscovo. O ano 2013 já contava com uma
comunidade Barristica (barrista é um praticante de Gimbarr ou que pratique na barra
fixa) significativa. Um dos mais populares grupos na rede social russa “ВКонтакте”
contava com 11000 participantes, 7000 dos quais eram russos.
Ponto 5 – STREET WORKOUT:
O termo Street Workout, popular desde o início, surge nos Estados Unidos da América,
por volta de finais do ano 2009 ou início do ano 2010, devido à necessidade de dar uma
definição a toda a gama crescente de exercícios praticados na rua.
A primeira atividade calisténica de cariz urbana nos EUA tem sido registada por volta
do ano 2005, nos condados Brooklyn e de Bronx do Estado de Nova Yorque,
denominada como o Bar-Hitting. Este tipo de desporto, tal como o Gimbarr é praticado
na barra fixa, mas também com a utilização de barras paralelas, e na semelhança com o
PTD russo, é praticado nos parques públicos de manutenção física. O mais conhecido
contribuidor deste movimento é o Hanibal For King4. No entanto, deve-se salientar que
a mais importante parte do contributo foi realizada pelos grupos de entusiastas de Ruff
Ryders e Bartendaz. Este movimento, como inclusive aconteceu em muitos de outros
países, é uma influência de políticas militaristas, sobre as quais falaremos mais a frente
neste texto. A corrente de treino básico de Barhitting ainda é frequente ser chamada de
Bodyweight (exercícios com o peso do próprio corpo).
Com o surgimento do site Youtube no ano 2006 surge a possibilidade de partilha do
vídeo caseiro (sem direitos autorais) para todo o mundo. Dois anos mais tarde, em 2008,
os grupos de Bar-Hitting dos EUA atingem uma massiva divulgação da sua atividade e,
como resultado, um ainda maior desenvolvimento dos desportos de rua.
A massiva divulgação e a rapidez da troca de informações na internet desencadeou por
sua vez, um massivo processo de reconhecimento e de troca de experiências de
diferentes grupos de barristas e acrobatas de todo mundo. Surgiu uma grande mistura de
estilos de ginástica de aparelhos, Gimbarr, Calistenia e enclusive Parkour. Deste modo,
a maior dificuldade da população, bem como de muitos novos adeptos que observavam
o desenvolvimento da pluralidade de estilos e exercícios de desportos praticados ao ar
livre, era dar um termo geral ao que se praticava. Assim surge a expressão popular
“Street Workout” que literalmente significa em português o exercício/treino de rua. Ou
seja, Street Workout é uma expressão que descreve/generaliza toda a gama de desportos
praticados na rua e que são de raiz calisténica ou ginástica. No seguimento desta
Desde 2010 até hoje, preside o projeto Escola de Barra (russo: Школа турника).
4
Hanibal The King – Nascido no Egito em 1979. Ideólogo e treinador de movimento de Calistenia nos
EUA. Popularmente é considerado como um ídolo de SW. Neste momento reside na cidade de New
York, e é mebro da equipa BarStarzz.
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expressão devem advir as respetivas particularidades e variações dos desportos que se
praticam na rua. Por exemplo: Gimbarr, Parkour, Bar-Hitting, FBX, etc.
Em 2011 o termo Street Workout atinge o reconhecimento como desporto internacional
através da realização do primeiro Campeonato do Mundo de Street Workout, realizado
nos dias 27 e 28 de Agosto em Riga, Latvia, organizado pela World Street Workout and
Calisthenics Federation (WSWCF). Os primeiros nove países participantes, entre quais
Estónia, Noruega, EUA, Rússia, Latvia, Ucrânia, Espanha, Bulgaria e Lituânia, deram
início à internacionalização e reconhecimento de Street Workout como um desporto
lúdico e competitivo. No dia 28 de Agosto de 2011 foi realizado o Memorandum
Understanding, onde os 9 países participantes assinaram o acordo de reconhecimento e
apoio da WSWCF e dos seus objetivos. Desde 2011 até a data existe uma tradição de
competições nacionais e internacionais de países membros da WSWCF. Na época de
hoje os campeonatos mundiais realizam-se com a participação de mais de setenta países
do mundo.
Ponto 6 – INFLUÊNCIA POLÍTICA:
Neste ponto quero chamar a especial atenção que, a política da Guerra Fria, tendo
decorrido entre duas potencias mundiais EUA e URSS, tem sido uma espécie de change
point na estatística da proliferação da calistenia no âmbito urbano.
Os exercícios físicos, no âmbito escolar, enquanto jogos, dança, ginásticas, equitação,
como já foi referido mais acima, surgem na Europa em meados do século XVIII e início
do século XIX. Foi durante esse período que se construiu e se consolidou a sociedade
capitalista e a Educação Física teria um papel de destaque, pois para essa nova
sociedade, tornava-se necessário “construir” um novo homem: mais forte, mais ágil,
mais empreendedor. (SOARES et al, 1992, p. 51).
O supervisor foi enquadrado perfeitamente nessa lógica de alienação dos sujeitos e
submissão ao poder central pois, “foi pensado para ser o mediador entre as políticas
educacionais oficiais e sua efetiva implementação na unidade escolar” (FONTES, 2003,
p. 58). As aulas de Educação Física eram ministradas por homens do exército, que
traziam consigo todo o rigor, disciplina e hierarquia das instituições militares. Até o
início dos anos 40, os professores de Educação Física que trabalhavam nas escolas eram
formados por instituições militares.
No século XX, a Educação Física escolar de muitos países sofreu influências de
correntes de pensamento filosófico, tendências políticas, científicas e pedagógicas.
Assim, até a década de 50, a Educação Física sofreu influências provenientes da
filosofia positivista, da área médica (por exemplo, o higienismo), de interesses militares
(nacionalismo, instrução pré-militar), acompanhou as mudanças no próprio pensamento
pedagógico (por exemplo, a vertente escola-novista na década de 50). (Parâmetros
Curriculares Nacionais: Educação Física, 1998, p. 21).
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Busca-se então a eficiência e eficácia no desporto, através do aperfeiçoamento do gesto
motor, denominada de pedagogia tecnicista, que imperou durante o período pós-70. Por
se configurar na década de 70 como tecnicistas, o supervisor “permitia o mascaramento
de possíveis antagonismos capital/trabalho e o conveniente esvaziamento do conteúdo
político de um processo educativo”. (BUENO, 2000, p. 30).
Posteriormente o supervisor deixou de ser fiscal do processo pedagógico e passou a ser
concebido como o articulador desse mesmo processo. Deve refletir e investigar a sua
prática, através de pesquisa, que deve acompanhar o ensino, apontando caminhos,
criando atalhos, produzindo outras ações, reformulando conceções, produzindo ruturas e
continuidades na prática pedagógica. (FONTES, 2003, p. 58)
Segundo Soares et al (1992, p. 55 e 56), nas décadas de 70 e 80 emergem movimentos
“renovadores” na Educação Física como a Psicomotricidade, a pedagogia humanista e
um movimento chamado Desporto Para Todos (DPT). A psicomotricidade privilegia o
estímulo ao desenvolvimento psicomotor, a estruturação do esquema corporal e as
aptidões motoras. Na pedagogia humanista, o conteúdo passa a ser meio para promover
relações interpessoais e facilitar o desenvolvimento da natureza, “em si boa”, da
criança. E no DPT, a antropologia serve de base, colocando a autonomia do ser humano
no centro.
No início dos anos 90 é configurada uma proposta sistematizada para Educação Física:
A Educação Física Crítico-Superadora que tem como objeto de estudo a Cultura
Corporal, Soares (1992, p. 38) afirma que, são: “formas de representação do mundo que
o homem tem produzido no decorrer da história, exteriorizadas pela expressão corporal:
jogos, danças, lutas, exercícios ginásticos, malabarismo, contorcionismos, mímica e
outros”.
Na contemporaneidade, a ação supervisora se encaminha para continuar no sentido
progressista adotado a partir dos anos 80, porém ainda encontra resistência se
confrontando com as ideias de uma supervisão tecno-burocrática de tempos passados.
Agindo assim «como um intelectual orgânico tradicional, por mais “inovadoras” que
sejam suas práticas.» (BUENO, 2000, p. 45).
De qualquer modo, o modelo DPT em tempos da ausência de “fortes programas de
estado” tem sido eficaz e foi aplicado no âmbito de programas sociais em muitos países
da UE, inclusive em Portugal nos dias de hoje (Lei de Bases da Actividade Física e do
Desporto, 2007).
In Lei n.º 5/2007, “1 - Todos têm direito à actividade física e desportiva,
independentemente da sua ascendência, sexo, raça, etnia, língua, território de origem,
religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição
social ou orientação sexual”.
O que é Street Workout?
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In Lei n.º 5/2007 , “2 - A actividade física e o desporto devem contribuir para a
promoção de uma situação equilibrada e não discriminatória entre homens e
mulheres.”
Como resultado tem contribuído para a prática de desporto gratuita e não
discriminatória dos sujeitos não profissionais na área desportiva. Tem contribuído para
desenvolvimento das Artes Urbanas e formas de desporto inovadoras como o SW.
Também tem contribuído para a construção de novos objetos de utilização pública como
as pistas de recreio, parques de manutenção física e parques de desportos radicais. Este
contributo não é tão notório em comparação com os anos 60, no entanto tem
apresentado muito bons resultados no investimento de países pós-soviéticos.
Hoje, é popular, principalmente entre os barristas, a partilha de vídeo-arquivos com o
nome “Fisical Education USA 1960´s” ou “Fisical Education URSS 1950-1960´s”.
Como se isto fosse o retro SW dos anos 60. É importante compreender que isto de modo
algum foi o SW, mas sim o resultado de financiamento e superorganização de grandes
programas de estado. O SW por sua vez é o resultado da criatividade dos indivíduos da
classe social economicamente carenciada no plano de pós-padecimento destes mesmos
programas governamentais. Em grande medida, o SW é uma criação artística,
descendente de uma cultura física desenvolvida no conflito de ordem
política, militar, tecnológica, económica, social e ideológica entre duas nações: EUA e
URSS.
Mas também, o SW é uma nova cultura física que renasce e se reorganiza nas ruínas de
parques públicos de manutenção física dos antigos regimes, não obstante, fora do
financiamento de estado. Sendo uma prática gratuita, esta é sustentável e acessível para
muitos, o que posteriormente, em tempos da crise económica de 2009, ganha um
critério de popularidade em plateias sociais mais carenciadas.
A corrida pela construção de um grande arsenal de armas nucleares foi o objetivo
central dos EUA e URSS durante a primeira metade da Guerra Fria, estabilizando-se na
década de 1960 até à década de 1970 e sendo reativado nos anos 1980 com o projeto do
presidente dos Estados Unidos Ronald Reagan chamado de "Guerra nas Estrelas". Este
tipo de política militarista visava a criação progressiva de massas saudáveis e
resistentes, prontas a entrar em combate no caso de um conflito militar. Por exemplo: o
programa PTD da URSS, literalmente quer dizer que o cidadão está “Preparado para
Trabalho e Defesa”. Ou seja, o próprio nome do programa fala por si. Nos anos 80, a
paranoia dos EUA para com URSS, atingiu tal ponto que a sua população construía
búnqueres subterrâneos para se abrigar no caso de um ataque nuclear. A construção
massiva de parques de manutenção física por todo território da URSS e nos EUA recai
essencialmente nos anos 1960-1962.
Após a Segunda Guerra Mundial, o Método Desportivo Generalizado proliferou por
todos os países, sob influência da cultura europeia como elemento predominante nas
práticas corporais. Podemos associar esse facto à Guerra Fria, pois igualmente os países
do Bloco Socialista e do Bloco Capitalista começaram a investir mais no desporto,
O que é Street Workout?
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acreditando ser, este, um meio de demostrar a superioridade de um sistema sobre o
outro.
Quem foi(foram) o(s) criador(es)?
É difícil falar em nomes concretos de criadores, porque o SW, como o mostra a história
inicial, foi bastante nuclear no seu crescimento, desenvolvendo-se em cada país na sua
forma particular. Para demonstrar esta tendência, deveria fazer uma lista de países com
os nomes de principais contribuidores do movimento de SW. Para um artigo de história
de SW sem dúvida seria de louvar, mas não para este texto, que a meu ver, o tornaria
demasiado extenso.
Deste modo, proponho uma contemplação de contribuintes de SW quando este já é
reconhecido internacionalmente como um termo geral e como um desporto, e não como
determinados movimentos particulares.
Há porem mais dois critérios base que, a meu ver, um bom lider ou entidade de SW
deve corresponder: o Altruísmo e o Cosmopolitismo. O SW não só depende destes
critérios, mas também exige os mesmos para um bom funcionamento como um
desporto. Sem estes critérios o SW nem sequer seria o que representa hoje. “One love,
one family” é o lema internacional de SW. Parece utópico, mas em analise é toda uma
ética que envolve o funcionamento de concretos procedimentos. Quando falo em
altruísmo, de modo algum estou a supor uma forma de autodestruição ou de completa
entrega ao outro. Falo de um simples ato humano gratuito que, penso tem lugar em todo
lado, para poder construir uma boa relação social. Por exemplo, a partilha de materiais
educativos sobre o treino de SW; organização de treinos e convívios gratuitos;
organização de eventos e competições gratuitos e com fins de coesão social; criação de
projetos de infraestruturas necessárias; organização de projetos de intercambio de SW;
interação e colaboração com as entidades nacionais e internacionais de estado e de setor
privado, desenvolvimento e produção de materiais de treino, etc. Podia ser uma lista
sem fim de ações para com o SW que foram feitas e continuam a ser feitas em prol de
um bom desenvolvimento e reconhecimento de SW como um desporto oficial.
Em relação aos nomes concretos conforme do acima referido, a meu ver enquadram-se
poucos deles:





WSWCF – World Street Workout and Calithecnics Federation, Latvia.
Mihail Baratov, Rússia.
Bartendaz Team, EUA.
Kenguru Professional (empresa), Rússia.
MADBARZ GROUP (comunidade).
O que é Street Workout?
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SWA – Associação Portuguesa de Street Workout
SW pode ser caracterizado em algum tipo de prática? Modalidade, desporto, ou
atividade?
Todo exercício e a manifestação artística de raiz calisténica é análogo à SW. No
entanto, o próprio Street Workout não pode ser caracterizado com outros desportos
porque não esgota perante as demais analogias toda a sua complexidade e dimensão do
que representa como um desporto. Uma pessoa que se diz um workouter/barrista
pressupõe por si determinadas pertenças de cariz cultural, artístico, e desportivo. Não
obstante, existe um grande abismo de polissemia em relação à estética de Street
Workout e do urbanismo moderno em geral. Deve-se compreender que o SW, visto
nestas dimensões, não representa simplesmente um desporto, mas sim um fenómeno
socio-cultural, e deve ser reconhecido com a denominação própria e que ainda se
encontra em desenvolvimento.
A calistenia deve ser compreendida essencialmente como um termo intrínseco à prática
de exercício físico com o peso do próprio corpo. Esta é um dos atributos do SW e nunca
ao contrário.
Existem regras que regem o funcionamento dessa prática?
Sim, relativamente a vários tipos de competição existem regras. Modelos mais clássicos
foram elaborados pela WSWCF em 2011 e são internacionalmente reconhecidas pela
comunidade de SW. Até agora, as mesmas têm sofrido algumas alterações e
provavelmente ainda serão mais modificadas devido a serem readaptadas a novas
realidades do desenvolvimento desportivo. Estas podem ser consultadas no site oficial
da WSWCF (www.wswcf.org).
Relativamente à prática desportiva não competitiva, não existem especificações quanto
tal.
Se existem órgãos regulamentadores, quais são?
O órgão regulamentador internacionalmente reconhecido é a WSWCF. Existem outras
organizações internacionais com a pretensão a este patamar (devido a fins políticos e
comerciais), mas a meu ver sem grande cabimento lógico. Estas são as federações da
Ucrânia e dos EUA. A WSWCF é a primeira organização que assumiu o cargo de
gestão de politica internacional de SW, bem como é a mais antiga, e a que realizou o
maior volume de trabalho com contributo de coesão social, turismo, solidariedade e
competições de SW. As demais organizações, na escrupulosa análise nem de longe se
apresentam com o mesmo leque de política de utilidade para com a sociedade.
O que é Street Workout?
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SWA – Associação Portuguesa de Street Workout
Os órgãos regulamentadores nacionais de cada país são as associações, ou federações,
ou demais organizações sem fins lucrativos, reconhecidas pelo governo, membros da
WSWCF.
A prática de SW tem como base outro(s) desportos(s), se sim, quais?
Como já acima referido, as duas bases fundamentais são: a Calistenia e a Ginástica de
Aparelhos. O atletismo, que é visto, por vezes, em separado da calistenia devido a sua
dinâmica própria, também constitui uma das bases essenciais do SW.
SW possui algum embasamento teórico/científico para dar suporte à prática?
Relativamente às origens do SW, com certeza que sim. Existem inúmeros documentos
históricos. Alguns deles podem ser encontrados nas referências deste texto. A história
do SW é bastante simples e linear, inclusive para os investigadores menos escrupulosos.
No entanto, não se pode dizer o mesmo sobre a sua vertente teórica, nem do treino dos
atletas.
Na abordagem teórica existe um problema - aliás, de momento, um grande problema de como deveria ser um atleta de SW. Toda a discussão que dá “pano para as mangas”
está de volta de dois ideologismos: ora, se o SW deveria ser composto só de calistenia e
elementos (figuras) de força, como por exemplo, Planche ou Front Lever, com a
valorização da estética corporal? Ou se o SW deva ser acrobático, de preferência
dinâmico, sem a valorização de força extrema e da estética corporal? Estes
ideologismos acarretam toda uma série de mais inúteis discussões que não faz sentido
referir aqui, mas que com certeza não contribuem para uma boa visão de SW como um
desporto de massas.
As regras de competição clássica não entram em discussão com estes ideologismos
porque possuem um mecanismo justo e eficaz de avaliação de atletas. As regras não
excluem nenhuma das opiniões, simplesmente exigem, na melhor das hipóteses uma
execução combinada de elementos de força e dinâmicos. O que no fundo é justo,
esteticamente atraente, e tem rigor de um argumento forte perante os ideologismos. No
entanto, os próprios atletas continuam a discutir entre eles sem fim do assunto.
Acontece isto, porque além das competições clássicas existem outras, em forma de
“battle”.
Dito de grosso modo, uma competição battle valoriza a individualidade do atleta e não
dispõe de um sistema de avaliação por pontos de cada elemento como acontece na
competição clássica de SW. Ou seja, por vezes, o atleta pode ser avaliado com uma nota
máxima somente por um elemento de extrema dificuldade, ou só pelo seu carisma, ou
por demais seus critérios individuais. Isto sem dúvida facilita a vitória de atletas
“incompletos”, ou seja, aqueles que predominam apenas em um determinado estilo de
O que é Street Workout?
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elementos de Freestyle. Na competição clássica, este tipo de atletas, obviamente, perde
pontos numa ou várias das categorias de avaliação. Na competição clássica o atleta é
avaliado por três tipos de júri: a) Elementos Estáticos, b) Elementos Dinâmicos, c)
Combinação de Elementos.
O porquê dos atletas “incompletos” encontra-se conspirado na falácia da não
discriminação. Em ginástica de competição, pela norma, não são aceites os atletas
iniciantes maiores de 12 anos de idade. Mas, segundo a filosofia de SW qualquer pessoa
pode ser o atleta e inclusive competir se o tal desejar. Segundo opinião de alguns a
individualidade de atleta não deve ser criticada. Ora, como este atleta vai competir,
dependerá, em muito, não só do seu treino, por mais rigoroso que ele seja, mas também
em grande parte, das suas capacidades físicas individuais. Acontece que os atletas que
começaram a prática de SW, por exemplo, na idade de 18-24 anos (a esmagadora
maioria), não são capazes de se desempenhar na melhor das exigências da competição
clássica de SW. As habilidades do corpo humano formam-se melhor em fases de idade
bem concretas. Por exemplo, as bases de coordenação e elasticidade na ginástica
implementam-se no período entre 6 a 12 anos de idade. O desenvolvimento de todos os
tipos de força é compreendido entre 12 a 17 anos de idade. Com 30 anos de idade os
ginastas, na sua grande maioria, acabam as práticas competitivas, quando no SW,
muitos, ainda querem tentar a sua sorte. A maior parte dos resultados negativos que daí
derivam são evidentes. Os resultados positivos por sua vez não são impossíveis, mas
dependem de muitas restrições da natureza física do atleta. A falácia da não
descriminação, neste caso, atua sobre os atletas menos hábeis. Como se pelo facto do
estilo de Freestyle que lhes é favorável, não se deva exigir pelo máximo nas
competições. Ou então na hipótese mais radical, querem alguns, excluir as atividades
competitivas do SW apelando que este é uma modalidade de rua e refere-se apenas a
exercício físico em seja quais for estruturas urbanas.
Relativamente à preparação física dos atletas existe muito fundamento científico que
proveio da ginástica e que pode ser considerado como certo e eficaz na preparação de
determinadas figuras de Freestyle. Este sempre foi utilizado e continua a ser utilizado.
No entanto, é muito importante salientar que o SW dispõe de uma dimensão de novos
elementos, e outros que estão sempre a surgir, e que, de momento, não possuem
fundamento científico algum. É no fundo, uma completamente nova corrente de
utilização de aparelhos que deve passar por um processo de estudo, e reconhecimento
académico. É de extrema importância haver uma formação de treinadores profissionais
de SW que ainda não existe como oficialmente reconhecida. Muitos treinadores de SW
servem-se de cursos básicos de Personal Trainer para dar as suas aulas, mas que nada
tem a ver com a prática em questão. Outros dão as aulas de SW, mas cobrem as mesmas
com os nomes de desportos reconhecidos cientificamente. Isto não é justo em nenhuma
das hipóteses. É apenas uma questão de segurança para defender a sua posição
profissional na sociedade, mas que não ajuda a defender o SW como um desporto.
O que é Street Workout?
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SWA – Associação Portuguesa de Street Workout
Quais são equipamentos/materiais utilizados em SW?
A partir do ano 2015 houve uma grande mudança nas exigências das estruturas de SW.
Se em 2009 era suficiente ter uma barra fixa e as barras paralelas para realizar uma
competição, em 2013 já era obrigatório ter uma barra fixa com determinadas dimensões,
um Monkey Bar, e as barras paralelas. Também aumentam as exigências quanto a
resistência do material utilizado.
Na conclusão, em 2016 já se compete largamente nos complexos de estruturas que
representam uma espécie de um miniparque, a posição das quais possibilita uma
deslocação do atleta mais fluida entre as estruturas. Em vez de uma barra fixa, usa-se 4
barras em forma de um quadrado. As barras paralelas em vez de duas passaram a ser 3 e
às vezes 4, dependendo do espaço. Há, portanto, uma grande diferenciação dos
equipamentos de SW para com os da ginástica de aparelhos. Pode-se dizer com toda a
certeza que o SW tem um conceito muito próprio não só em nível de treino, mas
também nos aparelhos utilizados.
Há competições desta prática? Se sim, como funcionam?
Conforme já foi falado, sim existem competições de SW. A nível federativo são
organizadas três principais competições por ano. Estas são:



World Freestyle Championship
World Cup
World Power and Strenght Championship
A nível não federativo organizam-se battles por todas as organizações interessadas.
Estes são igualmente atraentes e bem aceites pelo público e pela comunidade de SW em
geral. O mais vistoso battle que se pode dar referência é o “King of the Barz”, que se
realiza em Espanha.
As competições da WSWCF tem um sistema de avaliação de elementos de Freestyle por
pontos e um júri específico para cada categoria de elementos (estáticos, dinâmicos e a
combinação dos mesmos).
World Freestyle Championship é um campeonato mundial que procura identificar a
cada ano os melhores atletas do mundo. Inicialmente são realizados os campeonatos
nacionais em todos os países membros da federação. Depois, os melhores atletas
selecionados representam os seus países na copa mundial e onde são selecionados os
melhores três atletas do mundo.
World Cup é uma competição mundial (copa mundial) de SW que se realiza por etapas
em vários países do mundo. Podem participar nesta competição todos os atletas
interessados que passam uma seleção eliminatória para a competição final da copa. É
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possível uma participação de um mesmo atleta em várias etapas na tentativa de
melhorar os seus resultados prestados na etapa anterior, se assim o preferir.
World Power and Strenght Championship é um campeonato mundial que se realiza com
objetivo de identificar o melhor atleta através de realização de uma prova de forças
específica. Os atletas competem nos exercícios básicos realizados com peso e na
resistência de figuras estáticas.
Relativamente aos battles, estes não representam uma via oficial de competições. São
realizados com objetivo de diversão e show para o público. De facto são atividades de
extrema popularidade e com muita aderência do público. A avaliação do atleta é
realizada em forma de opinião pessoal de cada júri. O maior objetivo do atleta neste
caso é impressionar psicologicamente os elementos de júri e o público. Isto nem sempre
depende de elementos de Freestyle, mas também, em muito, da própria criatividade do
atleta.
Conclusão:
Na conclusão deste texto, que parece mais histórico e explicativo do que analítico,
podemos identificar alguns problemas do SW bem evidentes. Resumimos os mais
importantes:
1) O erro que a origem de SW são os EUA, consta na falta de formação quanto à
radicação de SW como a prática desportiva. Deste modo, o que induz o
equívoco é o surgimento de uma nova expressão (Street Workout), mas não de
um novo desporto. Se quiséssemos falar de SW fora das raízes da Ginástica e da
Calistenia da Grécia Antiga, mesmo assim o pai de SW seria o Gimbarr
colombiano e não os EUA com o seu treino militar. Gimbarr representa desde
seu início uma vertente não só de preparação física, mas sobretudo artística, o
que não acontece com o treino militar dos EUA.
2) A separação de SW em vertentes unilaterais ideológicas, como por exemplo,
só a dinâmica ou só a estática. Por um lado, podia dizer-se que isto é normal
acontecer porque o desporto está em desenvolvimento e os sujeitos estão numa
escolha da melhor forma de se relacionar. No entanto surge a questão de
perceber para quê desunir algo que desde sempre foi uno. Desunir o SW em
núcleos significa diminuir as exigências, o que levará a uma baixa de valores
socias da comunidade de SW. Os atletas “incompletos” são um claro exemplo. A
queda de normativas físicas é um prejuízo menor dos que ainda possam derivar
da ideologia da separação. A sociedade dividida em núcleos é, a meu ver, um
caminho para minorias sociais dependentes do poder político corrupto seja qual
ele for. Ora, além das hipóteses propostas por ideólogos do SW não se deve
desconsiderar os interesses dos capitalistas que em muito interferem para moldar
O que é Street Workout?
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a opinião social a seu favor. O SW uno, sendo um movimento, é a posse de
criação e implementação de valores e éticas sociais, como por exemplo o
cosmopolitismo.
3) O “Esteta vs Religioso” é um dos não menos graves problemas de SW. O
Religioso, nesta conceção, implica aquele que procura um desenvolvimento
integral que unifique todos os planos. A religião nesse caso não deve ser
compreendida como pretença a uma determinada igreja, mas sim no sentido de
“Religar” ou criar vinculos de compreenção e resposta com o mundo que rodeia
os sujeitos. O Esteta, pelo contrário, procura apenas a melhoria do aspeto que
lhe é sensível e com o qual identifique o seu eu. Em palavras simples é mais um
erro que representa uma sobrevalorização da estética corporal no caso de SW. O
corpo que está separado do pensamento reflexivo e da educação. Simplificando
ainda mais, acontece que, em vez de “Mens sana in corpore sano” é apenas
“corpore” com todos os seus desejos. A força e a estética corporal constituem o
maior interesse do sujeito. O que é sensível é um objeto concreto a alcançar. A
compreensão do objeto não tem prioridade e até pode ser inconsciente. Em
resultado, os aspetos do religioso (mente/psique) sofrem uma espécie de fome de
informação, na falta da qual revertem para uma busca equívoca da felicidade que
se considera obrigatória5. O objetivo de ter um corpo bonito por vezes pode
parecer solução para tal.
Desejo Mimético:
Sendo multifatorial e interdisciplinar, o SW, além de tudo, possui uma tendência, a meu
ver imutável, do desejo de competição. Os três problemas acima resumidos revertem na
sua totalidade a desejo de competição, ou melhor, denominado “desejo mimético”. Estes
problemas podem ser abordados pela filosofia, pela sociologia, pela psicologia e pelos
estudos de religião, apenas para citar algumas áreas. No desejo de competição há um
pensamento a ele ligado, que atua como motivação gerando condições cognitivas para
que o objeto de seu desejo seja realizado. É o “desejo mimético”, termo cunhado por
Girard (2009, p. 13), possuindo relações com o pensamento. Desejo e pensamento são
relações que partem de um mesmo ponto, não podendo afirmar-se se o pensamento
provoca o desejo ou se o desejo formula o pensamento. Este pensamento está ligado a
uma motivação consciente e real. Contudo, o viés do mimetismo possibilita a análise do
comportamento social de modo que uma temática seja vista na perspetiva de um todo,
de uma coletividade. Desejo, objetivação e consequências no corpo são relações em
cadeia de uma analogia obtida pela internalização de uma rivalidade mimética, onde
vários sujeitos daquele mesmo grupo possuem o mesmo desejo por tentativa de
imitação ou competição (GIRARD, 2009, p. 13).
5
Voltando a crítica de Z. Bauman sobre os tempos pós-modermos. Os prazeres sensíveis não constituem
um santo remédio para a felicidade de um ser humano. A felicidade não é possível ser um bem
obrigatório a adquirir. A infelicidade também é uma parte natural da vida humana.
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O termo mimético remete a “mimesis”, que seria reproduzir as características exatas de
outro sujeito em si mesmo. Convém esclarecer desde já que, quando falo de desejo de
competição em SW, não estou a falar das competições de Freestyle. Desejo de
competição remete a tudo que são relações sociais em SW. A competição de sujeitos
nesse caso é competir através da mimesis para ser como outro sujeito. No desejo de
competição um sujeito vê outro sujeito na relação “Doble Bind” (negativo e positivo na
relação). Ou seja, o sujeito ao mesmo tempo é um objeto rival e modelo para
alcançar/imitar. Isto em análise pode ser visto em três aspetos:
Primeiro é a concessão platónica de objeto, quando este é intrinsecamente desejado (ex.
bom, belo, etc.). Os objetos são desejados porque possuem as qualidades boas em si
mesmas. Em vez de parecer que chegamos a um ponto desesperador, no qual o eu
desaparece, e não resta nada além de diversos mimetismos dirigindo cada uma de nossas
vontades, chegamos na verdade a um ponto de libertação. Se tomo a consciência do
mimetismo, posso dirigi-lo. Posso simplesmente escolher os meus modelos.
O segundo aspeto tem a ver com o desejo pulsional do próprio sujeito. Ou seja, o sujeito
é antes de mais um ser desejante. Em palavras simples a causa do mimetismo não
provem só das qualidades dos objetos em si boas, mas também da vontade do próprio
sujeito que deseja uma realidade.
O terceiro aspeto é a inter-relação entre a nossa vontade e os objetos. Nesse caso o
nosso desejo é sempre uma imitação de outrém.
A competição no SW, portanto, apresenta-se como o desejo triangular mimético
segundo os três aspetos acima referidos. Para proceder-se a resolução de problemas
derivados deste fenómeno social, com certeza, seria uma maior tomada de consciência
para com o movimento de SW em geral.
Relativamente à terminologia do SW deve-se distinguir corretamente a respeito do seu
nome como um desporto e dos seus atributos.
A expressão “Street Workout” constituiu o nome/designação geral da prática como um
desporto. SW representa, portanto, uma prática desportiva ao ar livre de raiz calisténica,
que visa a preparação do corpo e da mente com fins de manutenção física e
competitivos.
Calistenia é um termo que identifica uma determinada prática de exercício físico.
Nomeadamente, a calistenia é exercício físico com o peso do próprio corpo. Não
obstante, a calistenia é um atributo do desporto Street Workout.
O que é Street Workout?
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SWA – Associação Portuguesa de Street Workout
Bode Expiatório:
A teoria Bode Expiatório do Rene Gerard é um tema muito extenso e complexo, o que
engloba questões interessantes sobre violência e competição das classes sociais.
Abordar todos estes assuntos neste texto não vejo necessário. Limitarei-me, portanto, a
apresentar a parte funcional desta teoria, que me parece explica as tendências das
relações sociais no fenómeno de SW. Resumindo deste modo, o bode expiatório seria
uma vítima inocente que, num grupo de sujeitos assolado por rivalidades e por disputas,
consegue unir o grupo, que a acusa como origem de todos os seus conflitos. Em muitos
casos a vítima é violentada ou sancionada. O grupo, após descontar a sua violência
sobre a vítima, sente-se apaziguado, e assim passa a ver nela alguém capaz de
desestabilizá-lo e de restabilizá-lo.
Como já vimos da teoria mimética, o SW é um desporto que implica o desejo de
competição. Ora, tanto podemos competir nas competições desportivas, como competir
com nós mesmos na tentativa de superar os nossos limites sempre em vista de algum
padrão a imitar. Por sua vez, os conflitos entre indivíduos são o fruto do desejo de
competição. A violência dos indivíduos transforma-se-á em criação de Bodes
Expiatórios. Em palavras muito simples, quando o mal acontece, as pessoas procuram
alguém para deitar as culpas, mesmo que este alguém não seja culpado.
A competição em si não é uma tarefa fácil porque presupõe superar os seus limites para
ser melhor que alguém ou pelo menos corresponder a um modelo de competição. Esta
dinâmica implica o imergir de conflitos a nível pessoal e interpessoal dos sujeitos em
competição. Um exemplo de conflito pessoal podia ser o complexo de inferioridade,
quando um sujeito julga que os seus resultados desportivos são inferiores aos demais
sujeitos, e o que acarreta um problema psicológico interior. Exemplos de conflito
interpessoal podem ser quaisquer tipos de insatisfação para com outro sujeito. A mítica
rivalidade entre os atletas de freestyle e os “calisténicos” é um mais do que claro
exemplo. Neste caso o alvo da discussão não é quem será o melhor atleta, mas de quem
será o mérito de ocupar o pódio do SW.
Outro aspeto importante a refletir é que se os conflitos são sempre alvo de uma
resolução pelo mal menor. Pela norma acontece pelo mal “pior”, quando a voz da
maioria não se submete a análise e nem sequer a uma dúvida das suas afirmações. A
opinião é sempre popular e o que é proclamado pela maioria é sempre com razão. Não
obstante existem sujeitos interessados em moldar a opinião popular para lucrarem com
o conflito. Muitas vezes são estes mesmos sujeitos os criadores de todo tipo de conflitos
porque isto lhes convém politicamente.
No ramo do SW as vítimas de Bode Expiatório são organizações dirigentes do desporto
e pessoas que assumem altos cargos de responsabilidade para com as atividades. Estes
podem ser os juris de competições, presidentes das associações, responsáveis de
projetos desportivos, etc. Os conflitos, por sua vez, normalmente são criados por
pessoas que vêem a politica de desenvolvimento de SW de forma superficial, exigindo
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resultados a seu favor dos orgaõs gestores do desporto, como se estes tivessem um don
salvador.
Por outro lado, parece-me que a regulamentação de SW tanto a nível nacional como
internacional, não é de todo perfeita. Elaboração de novos regulamentos de SW, tendo
em vista as experiências negativas acumuladas permitirá evitar novos conflitos e
problemas no futuro. Este aperfeiçoamento deveria tocar não somente nas competições
desportivas, mas também para com as tendências de SW de forma a reflectir as mesmas
racionalmente.
Uma das mais importantes tendências que a meu ver deverá a ser reflectida é o
reconhecimento social do SW como um desporto nacional em cada país, e não como
uma prática desportiva gratuita das classes sociais carenciadas. A ambição do SW ser
um desporto de massas deve passar do papel para a prática. Sem dúvida esta não é uma
tarefa fácil, mas que está a ser realizada ao longo dos anos de trabalho contínuo. Para tal
é fulcral a criação da diversidade de novos projetos desportivos que englobam o SW.
Também é importante atrair para a prática da modalidade as classes sociais financeira e
racionalmente capazes de contribuir para um maior desenvolvimento da prática.
Desenvolver estudos e relações académicos que possibilitem a legalização da prática
como desporto com todas as respetivas advertências (formar treinadores, criar
infraestruturas, apoiar as competições, etc). Os estudos académicos vão possibilitar a
criação de melhores formas de treinamento e professionalização de SW. Só desta forma
será possível o salto qualitativo de um desporto associativo para um desporto
profissional federativo com uma ampla saída laboral para atletas, treinadores, e gestores
de SW.
Sobre a Essencia do SW:
Por último, penso importante salientar que o SW é a base de todos os desportos. E antes
que os críticos me acusem de usar um argumento falacioso, analisemos o seguinte: na
escrupulosa análise de exercício físico em deporto escolar, ginásios, centros de
fisioterapia e demais clubes de seja qual for o desporto, quais são os exercícios
preliminares e essenciais que se focalizam no desenvolvimento muscular, na
recuperação muscular, no fortalecimento - tendonal e de articulações, no
desenvolvimento de equilíbrio e coordenação motora? A resposta é clara e evidente,
estes são, maioritariamente, os exercícios calisténicos, ou seja, aqueles que visam o
trabalho com o peso do próprio corpo. São utilisados pelo ser humano, sem exagerar, há
milhares de anos com o objetivo de conseguir os mais diversos objetivos. A resposta
para a sua eficácia e popularidade não é porque estão na moda, mas porque são naturais
ao corpo humano. Outra questão é perceber o que faz estes exercícios transformarem-se
num desporto denominado SW. Para tal, a resposta, porém evidente, não é tão simples
de ser explicitada. O SW é uma corrente de treino artística. A meu ver é fulcral
afixarmos a nossa atenção neste pormenor. O desporto em si não é um bem obrigatório
a adquirir. Na semelhança de preparação física militar que visa um objetivo concreto,
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SWA – Associação Portuguesa de Street Workout
por exemplo, a preparação para guerra, a preparação física desportiva visa tais aspetos
como o divertimento, a felicidade, o afeto e a competição. A maior dificuldade neste
ponto é perceber o que é Arte e porque o ser humano tende a desenvolver-se através da
arte. De qualquer modo, não vou estender mais neste ponto, caso contrário, entramos no
campo da Filosofia. O importante perceber desta explicação é que a calistenia está fora
do campo artístico. Calistenia é o exercício em si. Quando os indivíduos passam a
utilizar os exercícios calisténicos com fins estéticos, sejam estes a diversão, a beleza
corporal ou a competição, entramos no ramo de SW, campo este artístico.
Outro aspeto, superimportante a meu ver, é a gratuidade do SW. Em palavras simples só
não pratica quem não quer. Além de tudo, conseguem-se os benefícios profissionais. O
SW começa na rua e pode ser praticado não só nas estruturas apropriadas, mas também
sobre quaisquer estruturas urbanas ou naturais. A gama de exercícios é praticamente
infinita. Isto possibilita a qualquer atleta começar a prática de SW absolutamente do
zero, sem pagar um cêntimo. Se o atleta trabalhar com zelo e tiver boas qualidades
físicas, poderá conseguir patrocínios, treinar em locais mais apropriados para o seu
maior e melhor desenvolvimento e levar a sua vida profissionalmente. Em resultado
poderá ser atleta de competição, viajar o mundo e competir nas competições
internacionais com tudo pago. Poderá ser treinador e ganhar a vida com isto. Poderá ser
um organizador de eventos ou gestor da área. Pergunto eu se isto não será uma forte e
bela essencia que o SW tem? E quantos mais desportos conseguem dar este exemplo de
autonomia e liberdade da escolha?
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AGRADECIMENTOS:
Apesar de este texto ser um trabalho modesto que se estende em poucas páginas, o
mesmo envolveu o dispensar do seu tempo de pessoas a quem sinto a minha amizade e
gratidão.
Agradeço ao Henrique Cachetas (Vice-presidente da SWA) pela correcção ortografica e
redição do texto.
Agradeço ao Dr. Artur Galvão (Universidade Católica Portuguesa de Braga) pelas
críticas contextuais.
Agradeço ao Dr. João Henrique (FURB - Universidade Regional de Blumenau de
Brasil) pelo interesse académico manifestado e por ter incentivado e orientado este
trabalho.
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