Novos Mercados e Novas Oportunidades

Propaganda
Vida Associativa
XXXIV Congresso da APAVT
Novos Mercados
e Novas Oportunidades
Macau foi mais uma vez o país
anfitrião de um Congresso
anual da APAVT, desta vez na
sua 34ª edição. Numa altura em
que a palavra crise está na
ordem do dia, a Associação
Portuguesa de Agências de
Viagem e Turismo voltou a
reunir os profissionais deste
sector para debater quais as
soluções e estratégias de futuro
para o turismo nacional.
O
XXXIV Congresso da APAVT 2008
abriu dedicado ao tema "Novos
Mercados, Novas Oportunidades" e, como
não poderia deixar de ser dada a realização
do evento em Macau, abordando a
importância de mercados como a China,
considerado pelo World Travel & Tourism
Council (WTTC) como o principal mercado
emissor de turismo do futuro.
Numa breve introdução, Jean Claude
Baumgarten, presidente do WTTC, fez
questão de falar das grandes tendências
observadas nos principais mercados
emissores, realçando neste âmbito a
conjuntura económica difícil que o sector
turístico enfrenta actualmente. 2009 e os
primeiros meses de 2010 serão os momentos
mais preocupantes mas o responsável
adianta que o sector poderá encontrar
alguma estabilidade e a recuperação gradual
nos meses que se seguirão. Baumgarten
está aliás optimista e considera que o
Turismo tem conseguido reagir à crise melhor
do que outros sectores económicos e que
deverá sair da actual situação mais forte e
apresentando-se com uma nova dinâmica de
crescimento.
24
Deste primeiro painel fez parte Pansy Ho,
Managing Director da Shun Tak, um dos
grandes grupos a investir em Macau, que
abordou os desafios enfrentados pela sua
empresa nesta fase da economia global. A
oradora apelou à importância das parcerias
público-privadas para o sucesso do Turismo
e, em geral, da economia. "Mudar de imagem
é quase impossível, é preciso fazê-la evoluir,
pegar no core business de cada país e fazêlo evoluir, e para isso é fundamental a
Jean-Claude Baumgarten
parceria entre os sectores público e
privado", sublinhou Pansy Ho. Claro que a
responsável não poderia deixar de assumir a
importância do Jogo na economia local e na
oferta turística, mas realçou também que
esta tem de ser melhorada e mais
diversificada, abrindo assim caminho a novas
oportunidades de negócio.
Ainda nesta primeira parte Yao Hue Can,
Presidente da CITS (China International
Travel Service), teve ocasião de falar da
realidade do incoming e o outgoing no
mercado turístico chinês, bem como das
suas enormes potencialidades. De referir
que em 2007 os turistas na China
atingiram os 132 milhões, dos quais mais
de 26 milhões estrangeiros, o que
correspondeu a um aumento de 17,6%.
No que diz respeito aos chineses que
viajaram em turismo o crescimento foi de
18,6% para 40.9 milhões. Para fazer
face à actual crise, o Governo central
chinês está a fazer esforços no sentido de
estimular a procura interna, mas Yao Hue
Can reconhece que é "um desafio
desenvolver a China noutros segmentos
variados, como o Sol, a Neve ou os
REVISTA APAVT • JANEIRO/FEVEREIRO 2009
Vida Associativa
Himalaias, para que os turistas possam vir
mais do que uma vez".
A realização dos Jogos Olímpicos e a
subsequente notoriedade que o país obteve
com as transmissões televisivas à escala
mundial, para já não falar da construção das
infra-estruturas para este mega-evento e o
investimento na formação de dezenas e
milhares de pessoas fez com que a China
ganhasse 10 anos no processo de
desenvolvimento enquanto destino turístico,
revela Yao Hue Can.
O orador quis ainda deixar uma mensagem a
Portugal que, apesar de não ser um destino
de primeira opção para os chineses, deve
clarificar a sua mensagem e focalizá-la em
torno de temas fortes e diferenciadores para
captar este grande mercado.
A completar o painel esteve Peter Vilax,
administrador da Hovione, empresa familiar
portuguesa com uma actividade industrial em
Macau e que, neste momento, está a iniciar
uma operação industrial na China em
parceria com empresários locais. "Vir para a
China apenas porque é "trendy" não basta e
as probabilidades de insucesso serão
fortes", alerta o orador, acrescentando que
é necessário ter um plano, recursos e manter
o rumo mesmo perante dificuldades e
acidentes de percurso.
Peter Vilax não quis também deixar de
apontar o dedo à lacuna do mercado chinês
ao nível do desenvolvimento das infraestruturas e acessibilidades, para além da
necessidade de ter de apostar na formação
do seu pessoal, nomeadamente a nível de
outras línguas, para que possa trazer mais
turistas de outros mercados. "A China deve
ter um desenvolvimento mais global, para
enriquecer outros pontos turísticos",
resume.
P ORTUGAL,
E UROPA
A
C OSTA O ESTE
da BBDO reforça a ideia de que é "preciso
mudar o filtro como somos vistos e
apresentar um novo Portugal que se
reposiciona".
Já Vítor Neto, administrador da TFN, revelou
as suas reservas em relação à proposta da
Costa Oeste para Portugal e sublinhou que é
necessário "apostar na qualificação da nossa
oferta".
A representar o Turismo de Portugal, o seu
Pansy Ho
Yao Yue Can
Peter Villax
A
Neste painel o objectivo foi abordar a
imagem de Portugal, a sua proposta de
valor, diferenciação face à concorrência,
recursos e o papel dos DMC. Num confronto
animado de ideias e teorias, de onde ficou
evidente que o posicionamento do país a
Oeste nada tem de pacífico, a verdade é que
nenhum dos presentes acabou por
apresentar uma alternativa consistente a
esta estratégia. A conclusão foi de que com
diálogo e comunicação é possível chegar a
REVISTA APAVT • JANEIRO/FEVEREIRO 2009
um consenso e a uma acção coordenada e
eficaz.
Pedro Bidarra, vice-presidente da BBDO, e
responsável pela campanha em questão, foi
um dos oradores convidados, aproveitando
a ocasião para explicar a sua estratégica
face ao script facultado pelo cliente e
adiantando que estavam previstos
desenvolvimentos a nível de campanha que,
até à data, não chegaram a concretizar-se.
Na sua opinião, Portugal tem que se
reposicionar, isto se quer "captar
investimento, vender melhor, atrair talento,
negociar melhor, ser competitivo".
Explicando o porquê da Costa Oeste, Pedro
Bidarra lembrou que este posicionamento
lembra Sol, praia, qualidade de vida,
desportos e actividades ao ar livre, cinema,
criatividade, entretenimento, tecnologia,
estilos de vida alternativos, sociedade
aberta e multicultural, bem como liberdade.
Portugal na Costa Oeste representa, para
este orador, um "primeiro passo para uma
identidade clara, um lugar isolado num
segmento novo". Em suma, o representante
Costa Antunes, Jorge Sampaio e João Passos
25
Vida Associativa
presidente, Luís Patrão, mostrou-se
totalmente disponível para trabalhar com os
diferentes agentes na promoção do país nos
mercados externos, bem como apoiar
acções que lhe sejam apresentadas, como o
caso da assinatura do protocolo entre a TAP
e o Turismo de Portugal, que vão permitir
abrir rotas de Portugal para Moscovo,
Varsóvia e reforçar a rota de Helsínquia.
Telmo Correia, deputado da Assembleia da
República, alertou para o facto de "não
podermos perder voos, temos que manter os
mercados tradicionais mas não há mercados
para toda a vida".
Também a propósito da importância do
transporte
aéreo,
David
Marks,
administrador da MM & Company, referiu que
da sua experiência, os clientes não querem
visitar países nos quais há instabilidade na
permanência de companhias de aviação,
pois querem sim um acesso fácil ao seu
destino final. Além disso, os clientes também
querem um bom preço e, na opinião deste
orador, Portugal não é um destino barato
mas está bem cotado. Por fim, os clientes
querem segurança, e isso Portugal já lhes
oferece. David Marks admitiu que a imagem e
maneira como Portugal é visto no exterior
têm de mudar e ousou mesmo sugerir, para
atrair a nova geração de turistas: "porque
não desenvolver a Costa Oeste como um
destino de surf?".
Duarte Correia, CEO a TUI Portugal,
abordando a componente do produto,
referiu neste painel que Portugal, sobretudo
na região do Algarve, denota uma falta de
produto - nomeadamente hotéis de 4
estrelas e unidades tudo incluído - para
determinados clientes e mercados,
especialmente nesta nova conjuntura
económica. O orador queixou-se de que "as
Luis Patrão
26
Vitor Neto
Telmo Correia
campanhas publicitárias que têm sido feitas
com muita dificuldade atingem o nosso
cliente", e apelou a uma "concentração de
recursos", bem como à aposta em
direccionar as campanhas numa estratégia
de continuidade e não isoladamente.
Entrando num novo painel, Luís Correia da
Silva, actual CEO da TT Thinktur, veio
reafirmar a importância do transporte aéreo
na economia e, em particular, na economia
do turismo. Apontando números, o
responsável adiantou que o tráfego aéreo
internacional, a nível mundial, se deteriorou
significativamente a partir de Setembro de
2008, caindo 2,9%, sendo que as maiores
quebras se registaram nas regiões da ÁsiaPacífico, Europa e América do Norte. A
realidade é que as companhias aéreas
europeias registaram, nessa data, as
primeiras quebras desde a epidemia de SARS
em 2003, e o tráfego intra-regional na
Europa está hoje "em franco declínio", bem
como o tráfego long haul da Europa para a
Ásia e América do Norte. Luís Correia da Silva
reconhece que o facto de a maioria das
companhias ter reduzido a oferta de lugares
desde essa data tem sido "insuficiente para
atenuar as consequências do forte colapso
verificado na procura".
Hoje, os grandes desafios das companhias
aéreas são, segundo o orador, manter a
solidez e o equilíbrio financeiro de forma a
continuarem a financiar planos de expansão
ou renovação de frotas; prever e/ou
antecipar os desenvolvimentos a curto e
médio prazo na economia mundial, bem como
a volatilidade dos preços dos combustíveis;
analisar as vantagens e viabilidade de
concretizar operações de concentração
(fusões/aquisições), pensando na cobertura
de rotas e presença em mercados
concorrentes ou complementares, no
planeamento e gestão conjunta de frotas,
rotas e mercados, ou no reforço da condição
financeira e ganhos de massa crítica;
maximizar a eficiência energética e, por fim,
tornar mais eficiente a comercialização e
distribuição.
Luís Correia da Silva apresentou uma
Duarte Correia
Guilhermino Rodrigues
TRANSPORTE AÉREO: REALIDADES E
DESAFIOS
REVISTA APAVT • JANEIRO/FEVEREIRO 2009
REVISTA APAVT • JANEIRO/FEVEREIRO 2009
27
Vida Associativa
Margarida Blatmann
Luiz Mór
António Loureiro
previsão do Banco Blue Star Securities que
aponta possíveis falências de companhias
aéreas em consequência da crise económica
global, e consequentes processos de
concentração em empresas. Neste estudo,
na Europa, e num prazo de três a cinco anos,
estarão activas no mercado apenas nove a
10 grandes companhias aéreas, entre as
quais a TAP Portugal (de referir que se trata
de um estudo efectuado com a projecção do
petróleo a 140 USD/barril).
Luiz Mór, vice-presidente da TAP, sublinhou
que como empresa de nicho a companhia
portuguesa tem a postura de aproveitar
oportunidades, como aconteceu no Brasil.
Mas o responsável admite que a crise terá
um efeito significativo, sendo que a TAP irá
sofrer no tráfego intra-europeu, e o Brasil
continuará a crescer, mas a um menor ritmo.
"Pretendemos continuar a crescer, por isso
queremos aumentar o nosso share, roubar
passageiros a outras companhias aéreas. Vai
ser um ano muito duro mas nestas alturas
podem surgir oportunidades interessantes,
por isso vamos estar atentos", salientou Luiz
Mór, acrescentando ainda que a TAP irá
continuar agressiva na redução de custos.
Por outro lado, o orador assumiu
publicamente o seu desconforto com a falta
de transparência das práticas ocorridas no
plano da política de captação de novas rotas.
Guilhermino Rodrigues, CEO da ANA,
reconheceu as falhas apontadas e
apressou-se a afirmar que no presente, e no
futuro, os erros cometidos não serão
repetidos. Ainda durante a sua intervenção,
o responsável reconheceu também os custos
que as infra-estruturas aeroportuárias tem
para o sector da aviação, e que a gestão
conjunta das mesmas tem um impacto no
pricing praticado no Aeroporto de Lisboa, o
que, acrescendo ao volume de tráfego do
mesmo, agrava a sua posição competitiva
face a aeroportos concorrentes. Guilhermino
Rodrigues lembrou pois que é fundamental
observar de perto esta situação e encontrar
soluções que minimizem estes efeitos, não
penalizando as operações de transporte
aéreo e o turismo e, em particular, em
segmentos e rotas sujeitos a uma maior
competição.
Do lado da distribuição, António Loureiro,
CEO da Galileo Portugal, deixou claro que as
companhias aéreas têm de estar presentes
na Internet. O responsável explicou que os
custos da distribuição directa das
companhias de aviação são superiores aos
custos do canal agência de viagens, já com
os custos GDS incluídos, sendo que os GDS
fornecem
muitos
serviços
às
transportadoras que vão além dos que são
indispensáveis ao canal agência de viagens.
Ficou também evidente que a qualidade da
receita angariada pelo canal agência de
viagens é muito superior ao do canal
Internet das companhias aéreas.
Da parte das companhias aéreas, tanto a
TAP como a SATA (presente através do seu
CEO, António Menezes) e a Aer Lingus
(representada pela Sales Manager Aisling
Lyons), as três presentes no painel,
transmitiram a ideia de que, num contexto de
exigência crescente quanto à avaliação da
oferta do transporte aéreo, a gestão tem de
ser flexível e rápida na acção, sendo que as
companhias devem aumentar e diminuir a
oferta de forma a adequá-la à procura,
controlando os custos operacionais. E,
nesse sentido, todas elas estão atentas ao
surgimento de novas oportunidades de
negócio, inevitáveis no âmbito da
O grupo de imprensa
28
REVISTA APAVT • JANEIRO/FEVEREIRO 2009
Vida Associativa
JORGE SAMPAIO APONTA SOLUÇÕES E CAMINHOS PARA A
PROMOÇÃO DE PORTUGAL
Michel De Blust
Justin Fleming
reestruturação da oferta por parte dos seus
concorrentes.
D ISTRIBUIÇÃO: D INÂMICA DE
MUDANÇA, N OVAS COMPETÊNCIAS
O painel que encerrou este XXXIV Congresso
da APAVT em Macau contou com a presença
de Michel de Blust, Secretário-Geral da
ECTAA, cuja apresentação se baseou nas
consequências da crise financeira na
indústria turística. Num ambiente de
recessão na Zona Euro e de contracção do
crescimento do turismo internacional em
2008, as perspectivas para este ano que
agora iniciou, segundo a UNWTO, apontam
para o facto dos consumidores ainda
quererem viajar mas a realidade é que
irão viajar menos e gastar menos. Além
disso, os destinos mais próximos,
incluindo as viagens internas, deverão
ser privilegiados, e espera-se uma queda
da duração da estadia e despesas
médias.
Michel de Blust reconheceu que a crise
está a atingir os diferentes Estados
REVISTA APAVT • JANEIRO/FEVEREIRO 2009
A abrir o painel “Portugal, a Costa Oeste da Europa”, o convidado foi o ex-presidente da
República Jorge Sampaio, marcando decisivamente este congresso da APAVT ao apontar
não só as falhas do actual modelo de promoção do país como também as soluções e
caminhos, já testados por terceiros e com sucesso.
A importância das marcas, associadas a regiões ou países, foi um dos pontos realçados no
discurso de Jorge Sampaio, dando o exemplo da Marca Espanha, “um projecto exemplar de
«Marca-País» que, pela coerência e pela força da aposta, se revelou de grande eficácia”.
Daqui destacou o facto desta iniciativa resultar de uma parceria entre o Estado, as
empresas e os profissionais, unindo entidades públicas e privadas para transmitir a
importância de uma boa imagem de Espanha como país, tratando-se assim de um “projecto
nacional”. O ex-presidente da República salientou ainda que uma marca é um conceito e
não apenas um símbolo, pois “pretende corrigir percepções porque as percepções
vendem”.
Para Jorge Sampaio, a marca país não deve pois esgotar “as iniciativas de comunicação dos
vários agentes económicos e das várias regiões. Uma marca país é um processo que deve
unir e potenciar esforços e não reduzir ou anular dinâmicas sectoriais ou regionais”. Por
isso, o orador adiantou que é fundamental não haver “descoordenação de mensagens,
canibalização de percepções e cacofonia de imagens”, indo ainda mais além ao afirmar que
“a descoordenação de mensagens e percepções é fatal para a sustentabilidade de uma
marca-país”.
Referindo-se concretamente ao caso de Portugal, que ao longo dos tempos tem vindo a
tentar implementar uma estratégia de afirmação de marca-país, Jorge Sampaio fez
questão de salientar é importante “conciliar as aproximações de curto prazo,
consubstanciadas por campanhas específicas e dirigidas, com um esforço mais lato de
afirmação de uma marca-país”.
Para o ex-presidente da República, existem pois 10 princípios de uma marca-país
ganhador, a saber:
1.
Coerência –- valores e percepções coerentes
2.
Arrojo – anseio da mudança
3.
Visão – orgulho do passado numa óptica de futuro
4.
Respeito – a percepção deve ser um contínuo
5.
Transversalidade – vários esforços sectoriais e regionais unidos
6.
Integração das marcas sectoriais ou regionais
7.
Vida – suportes sensoriais que transmita percepção vibrante
8.
Profissionalismo – importância de uma equipa formada
9.
Longo Prazo – uma acção estrutural
10.
Sustentabilidade – não alterar o rumo
29
Vida Associativa
Membros da ECTAA a níveis distintos. Na
Alemanha, Reino Unido, Finlândia e
Espanha, por exemplo, as tendências de
reservas para o Inverno 2008-2009
parecem resistir, enquanto que noutros
países se regista alguma estabilidade ou
mesmo pequeno abrandamento. O que
parece um facto é que os segmentos
dirigidos a um mercado com mais poder de
compra, como os cruzeiros, são
aparentemente os menos afectados. Nas
viagens de negócios, prevê-se uma
redução nos orçamentos das empresas
para 2009 no que diz respeito a viagens.
E espera-se uma quebra igualmente nas
reservas. Michel de Blust refere que as
empresas estão a cortar custos de
viagens desnecessárias e a realizar as
reuniões através de videoconferências.
No transporte aéreo, a ECTAA fala de um
declínio geral com excepção da
Alemanha, Suíça e Eslováquia. E quanto
às tendências no sector dos operadores
turísticos, Michel de Blust admite haver
ainda muita incerteza, com os cruzeiros a
parecerem estar em expansão apesar de
não ser seguro se o crescimento
expectável deste sector vá exceder a
procura.
Justin Fleming, presidente da ABTA, falou
por experiência própria reconhecendo
que o Reino Unido foi mais afectado do
que a maioria dos outros países. Embora
também fale de incerteza quanto às
reservas para o próximo Inverno,
acrescenta que "haverá uma tendência
para reservar mais em cima da hora".
Agora o desafio é manter as pessoas que
viajam a viajar e a gastar dinheiro, e
Justin Fleming prevê que os mais novos
vão continuar a viajar, enquanto que as
faixas etárias mais altas estarão mais
cautelosas. "As pessoas vão tirar menos
férias, durante menos dias e vão optar
mais pelos Tudo-Incluídos", concluiu o
orador.
Quanto a previsões para o futuro, o
responsável acredita que a ideia de "selfpackage" irá crescer mas não tem certeza
se a ideia de férias Tudo-Incluído será
para continuar, já que teremos turistas
mais sofisticados e mais aventureiros. Os
vencedores serão as agências de viagens
com propostas bem definidas, que
dependam pouco dos descontos e que
30
apostem numa mistura do seu portfólio e
de destinos.
No que se refere à Internet, o presidente
da ABTA referiu que a revolução da
Internet está a abrandar, tendo
contribuído para diferenciar o mercado.
"As pessoas sofrem de um excesso de
informação na Internet, enquanto que se
forem a uma agência de viagens
encontrarão mais conhecimentos para
escolherem a melhor viagem", explica o
responsável.
Por sua vez Margarida Blattmann, CEO da
Gecontur, revelou que o ano de 2008
começou "muito bem" e que, apesar de
estarem
cautelosos,
ficaram
"positivamente
surpreendidos".
Referindo-se ao sector das low-cost, a
oradora afirmou acreditar mais na
concentração do que numa visão de
crescimento, algo que aliás se estende a
todos os negócios do sector das viagens.
"As fusões e parcerias serão ainda mais
importantes
para
as
empresas
sobreviverem ou ficarem ainda mais
fortes", sublinhou.
Workshop
A representante da Gecontur disse
também que há um processo de educar o
consumidor para que perceba a
importância do papel dos agentes de
viagens face à Internet, por exemplo.
"Porque a nossa profissão é criar valor
acrescentado", justifica. Por este
motivo, Margarida Blattmann admite que
é necessário olharmos para dentro das
próprias agências e ver o que pode fazer
a diferença; e a diferença está nos
recursos humanos. "Há muito que fazer
em termos de formação, não é a
suficiente", alerta.
No futuro, as agências que quiserem
continuar como meros intermediários irão
sair do mercado, prevê a oradora, e
acrescenta que as agências que não
estão tecnologicamente preparadas ou
que não têm bons sistemas de informação
também terão tempos difíceis.
No geral, o que ficou deste painel foi que
a Internet deixou de ser uma questão
quando a discussão gira em torno do
presente e do futuro das agências de
viagens. Enquanto que há uns anos se
falava que este canal iria ocupar o
espaço dos agentes de viagens, hoje
discute-se como é que estes agentes se
podem posicionar neste canal e tirar partido dele. Uma outra conclusão a tirar
neste ultime debate é da necessidade do
reforço da aproximação do agentes de
viagens ao cliente, pois esta deve ser
uma relação próxima, de confiança e
personalizada, sendo que é imbatível. m
outro tema levantado foi a importância
de esclarecer a questão da segurança
dos consumidores face a fenómenos
como falências de companhias aéreas.
Costa Antunes e João Passos na hora da despedida
REVISTA APAVT • JANEIRO/FEVEREIRO 2009
Vida Associativa
Conclusões e Recomendações
O XXXIV Congresso nacional das Agências de
O Congresso conclui pela urgente alteração do
aos melhores preços e a livre escolha do canal de
Viagens e Turismo, reunido de 30 de Novembro a
regime do IVA de forma a afastar a concorrência
distribuição. O Congresso recomenda ainda que
5 de Dezembro de 2008, em Macau, com a
fiscal entre as nossas empresas e os seus mais
as empresas que resultarem destes fenómenos de
presença de 420 participantes, deliberou, em
directos concorrentes.
concentração sejam controladas de forma eficaz,
resultado das comunicações apresentadas e
de molde a não permitir o abuso de posição
debates produzidos durante as diferentes sessões
4ª Conclusão
dominante que irão deter por essa via em
plenárias, apresentar as seguintes conclusões.
o Considerando que apesar das inúmeras
determinados mercados e rotas.
previsões, mais dez anos depois de ter sido
1ª Conclusão
declarada a extinção da actividade dos agentes de
3ª Recomendação
o Considerando que está a ser elaborado, a nível
viagens, os mercados continuam a reconhecer o
o Considerando o impacto que a falta de
nacional, um novo quadro legal para regulamenta-
valor acrescentado dos servicos prestados.
comunicação e sintonia entre os diferentes
ção do sector aeroportuário;
o Considerando que nada substitui o papel do
operadores na economia do Turismo - públicos e
o Considerando a importância da regulação na
agente de viagens como consultor no
privados - cria;
economia, que os recentes acontecimentos no
aconselhamento dos clientes
o Considerando as entropias que essa
sector financeiro vieram evidenciar;
Considerando a responsabilidade acrescida das
dessincronização provoca na eficácia da promoção
O Congresso conclui da necessidade de o
empresas face as exigências e necessidades do
e venda do destino Portugal
Governo envolver o sector privado nesse
mercado
O Congresso recomenda-se que se reforcem e se
processo ouvindo as suas posições e entrando em
O Congresso conclui que o sector deve apostar no
tornem fluidos os fóruns e diversos canais de
linha de conta com as suas contribuições.
reforço das suas competências, nomeadamente na
comunicação entre as entidades que tutelam o
formação dos seus recursos humanos
sector e as Associações Empresariais.
o Considerando o papel das DMC's na promoção
1ª Recomendação
4ª Recomendação
e venda do destino Portugal nos mercados
o Considerando a dimensão e o potencial do
o Considerando a actual crise financeira e o seu
externos:
mercado chinês, quer na vertente de outgoing,
impacto no acesso ao financiamento das
o Considerando que este sector representa 600
quer na vertente de incoming;
empresas;
milhões de Euros de Negócio fidelizado e de alto
o Considerando a comemoração, no próximo ano,
o Considerando que as pequenas e médias
valor acrescentado;
do décimo aniversário da Passagem de administra-
empresas tem um peso dominante da Economia
o Considerando que a simples existência de infra-
ção;
do Turismo
estruturas e de oferta turística sem um interface
o Considerando que urge promover Portugal no
o Considerando que essas empresas tem
especializado, como são os DMC's, não permite a
mercado da China e da China no mercado
dificuldades acrescidas no acesso ao financiamen-
potenciação das mesmas;
português;
to;
O Congresso conclui pela necessidade da Tutela
O congresso recomenda que seja realizado, a
O Congresso recomenda que o Governo assegure
da Economia do Turismo interiorizar e assumir que
breve trecho, um ano de Portugal em Macau, e
condições para o acesso, a custos razoáveis, ao
os DMC, através da sua associação são peça
nesse âmbito concretizar um conjunto de iniciativas
financiamento por parte das mesmas.
fundamental na promoção e venda do destino
para promoção do nosso país no mercado da china.
turístico Portugal;
O Congresso recomenda ainda que Macau seja
5ª Recomendação
O Congresso conclui ainda que estas entidades
considerado como um destino a considerar para a
o Considerando que a actividade das agências de
têem de ser ouvidas atempadamente na definição
realização de eventos turísticos
viagens é fortemente regulamentada;
2ª Conclusão
de estratégias e contempladas no próprio discurso
o Considerando que as práticas de fiscalização da
2ª Recomendação
actividade não correspondem aos objectivos da
o Considerando as actuais e previsíveis operações
regulamentação existente;
3ª Conclusão
de fusão e concentração de companhias aéreas a
o Considerando que tais práticas não evitam
o Considerando e especificidade do regime fiscal
nível global, com fortes implicações no espaço
actividades ilegais que competem com empresas
do IVA aplicável às Agências de Viagens;
europeu;
que cumprem a Lei;
o Considerando o procedimento de infracção de
o Considerando que estas operações podem pôr
O Congresso recomenda uma maior fiscalização
que Portugal é alvo, na Comissão Europeia, por
em causa a livre e sã concorrência e,
das empresas que actuam no mercado nacional,
incorrecta aplicação do regime comunitário;
consequentemente, os direitos dos consumidores:
exercendo actividades para as quais não estão
o Considerando que esta incorrecta aplicação
O Congresso recomenda ao Governo para que
licenciadas.
afecta de forma gravosa as empresas nacionais
este a nível nacional e a nível comunitário garanta
vis a vis os seus concorrentes directos da vizinha
aos consumidores o acesso à totalidade das tarifas
As presentes conclusões e recomenda-
Espanha;
oferecidas, numa forma que assegure a compra
ções foram aprovadas por aclamação.
do Governo.
REVISTA APAVT • JANEIRO/FEVEREIRO 2009
31
Download