CIRURGIA BARIÁTRICA Entrevista Especial com o Dr. Juliano Borges Barra 1 - Como é realizada a Cirurgia Bariátrica? Quais são os tipos? As diferentes técnicas de Cirurgia Bariátrica dividem-se em restritivas, disabsortivas e mistas. As cirurgias restritivas funcionam através de importante limitação da capacidade de ingestão de alimentos. O objetivo é que haja saciedade com pequeno volume de alimento. Os principais tipos são a gastrectomia vertical e a banda gástrica ajustável. Banda Gástrica ajustável O objetivo das cirurgias disabsortivas é reduzir a capacidade de absorção dos nutrientes. Grande parte do intestino delgado é desviado do trânsito alimentar e o paciente emagrece, pois não absorve grande parte das calorias. O índice de complicações nutricionais e intestinais deste tipo de cirurgia é elevado, por isso esta técnica é realizada numa porcentagem muito pequena de pacientes. São conhecidas popularmente como "cirurgias do intestino". A cirurgia mais comum e com melhores resultados em todo o mundo é o By Pass Gástrico em Y de Roux, ou Cirurgia de Capella. Há uma importante redução do volume gástrico, ficando com cerca de 50 ml e um desvio intestinal curto, sem comprometer a absorção de macronutrientes (carboidratos, lipídeos e proteínas). Esta técnica obtém perda de cerca de 30 a 35% em longo prazo com baixíssimos índices de complicações. Imagem Google By Pass Gástrico - Cirurgia de Capella Imagem Google Na banda gástrica ajustável, é instalada uma prótese na entrada do estômago, limitando a passagem do alimento, ligado a um dispositivo que regula o grau desta limitação. Imagem Google Gastrectomia vertical Imagem Google A gastrectomia vertical (Sleeve Gastrectomy) é sempre realizada por videolaparoscopia e consiste na retirada de grande parte da câmara gástrica, permanecendo o estômago remanescente de 10 a 15% de sua capacidade. Além das cirurgias citadas, é importante salientar uma técnica endoscópica de tratamento da obesidade, conhecida como Balão Intragástrico. É um procedimento feito por endoscopia, sem internação, em que um balão de silicone de cerca de 600 ml é colocado no estômago proporcionando saciedade com menor volume de alimento. O Balão permanece por 6 meses, quando então deve ser retirado. O emagrecimento médio no final deste tratamento é de 15 a 20% do peso inicial, podendo ser realizado em pacientes com Obesidade Grau I, ou seja, com IMC entre 30 e 35 kg/m2. Balão Intragástrico Os pacientes com Obesidade são classificados de acordo com o Índice de Massa Corporal. Esse índice é calculado pela seguinte fórmula: Peso ( kg ) / Altura ( m ) x Altura ( m) Os pacientes com IMC maior que 40 kg/m2 ou aqueles com IMC entre 35 e 40 kg/m2 portadores de doença causada pela obesidade têm indicação de cirurgia. Além disso, os pacientes devem ter histórico de Obesidade por pelo menos 5 anos e terem sido submetidos a tratamento clínico 2 anos. Em resumo, a Cirurgia Bariátrica é reservada para os casos graves de obesidade refratários ao tratamento clínico e comportamental. 3 - Quais os riscos da cirurgia? As complicações mais sérias e mais temidas são aquelas do Período Perioperatório. São graves, porém, felizmente raras. A fístula é o vazamento das secreções digestivas para a cavidade peritoneal. Ocorre em virtude da má cicatrização da sutura mecânica ou da sutura manual usada na cirurgia. Ocorrem em cerca de 1% dos casos. A embolia pulmonar é ainda mais rara, cerca de 0,5% dos casos, e também muito grave. Consiste na obstrução da circulação arterial do pulmão por um coágulo, impedindo a oxigenação sanguínea. A mortalidade da cirurgia na literatura é de cerca de 0,4% e na casuística do nosso grupo, felizmente, ainda menor. Ao mencionar as complicações do tratamento cirúrgico é importante comparar com a mortalidade das patologias associadas à obesidade. A relação risco x benefício do tratamento cirúrgico é muito compensador. foto wikipédia 2 - Como identificar que o indivíduo tem necessidade de realizar a cirurgia?