título do resumo

Propaganda
IDENTIFICAÇÃO DOS GENOTIPOS G (VP7) E P (VP4) DE ROTAVÍRUS
GRUPO A EM REBANHOS BOVINOS DA REGIÃO SUDESTE DO BRASIL
Crystal Andrade Pannunzio (PIBIC/CNPq – UEL); Alice Fernandes Alfieri
(Orientadora). e-mail: [email protected]
Universidade Estadual de Londrina/ Departamento de Medicina
Veterinária Preventiva/CCA.
Área e sub-área do conhecimento: Ciências Agrárias/Medicina Veterinária.
Palavras-chave: bezerros, diarreia, rotavírus.
Resumo
A diarreia é um dos principais problemas sanitários que acometem a pecuária
bovina, destacando-se o rotavírus (RV) como agente etiológico viral. O objetivo
deste estudo foi identificar os genotipos G (VP7) e P (VP4) de RV grupo A
(RVA) em fezes diarreicas de bezerros de rebanhos de corte e leite da região
sudeste do Brasil. Quarenta e seis amostras de fezes diarreicas de bezerros
com até 60 dias de idade foram coletadas em 2014, de bezerros vacinados
(n=10), não vacinados (n=19) ou sem informação (n=17) sobre a vacinação
para controle da diarreia neonatal. As amostras foram submetidas à
eletroforese em gel de poliacrilamida e à reação em cadeia da polimerase
precedida pela transcrição reversa e o RVA foi detectado em nove (19,6%) das
amostras avaliadas. A análise das sequências G e P obtidas de oito amostras
possibilitou a identificação dos genotipos G6, G10, P[5] e P[11] e das
combinações G6P[5] (n=4), G6P[11] (n=2) e G10P[11] (n=2). Em bezerros de
corte, foram encontradas as combinações G6P[5] e G6P[11] e em bezerros de
leite G6P[11] e G10P[11]. Todas as amostras fecais provenientes de bezerros
vacinados foram negativas para RVA. Dos bezerros não vacinados, sete
(36,8%) amostras foram positivas para RVA (G6P[5] e G10P[11]). Duas
(11,7%) amostras sem informação sobre a vacinação foram positivas para RVA
(G6P[11]). Os resultados obtidos demostraram a presença do RVA em
episódios de diarreia neonatal em bezerros de corte e leite da região sudeste
do Brasil e a eficácia da vacinação, já que o RVA não foi detectado em
bezerros nascidos de matrizes vacinadas.
Introdução
A pecuária no Brasil é a atividade que ocupa a maior extensão de terras,
destacando sua importância econômica para o país. A diarreia neonatal é um
1
dos principais problemas relacionados à pecuária, causando grandes perdas
econômicas. Dentre os agentes etiológicos responsáveis pela diarreia, destacase o rotavírus grupo A (RVA) devido à sua grande disseminação (ALFIERI et
al., 2006).
O RV pertence à família Reoviridae, gênero Rotavirus. Seu genoma é
constituído por 11 segmentos de RNA fita dupla segmentado, que codificam
seis proteínas estruturais (VP) e seis proteínas não estruturais (NSP). As
proteínas VP7 e VP4, encontradas na camada externa do capsídeo, são
responsáveis pelas interações iniciais do vírus com a célula hospedeira,
induzem a produção de anticorpos neutralizantes e determinam a classificação
viral em sorotipos/genotipos G e P, respectivamente.
Até o momento, 27 diferentes genotipos G e 37 genotipos P de RVA
foram descritos. As combinações de genotipos G e P mais comumente
encontradas nos rebanhos de corte e leite no Brasil são G6P[1], G6P[5],
G6P[11], G8P[1] e G10P[11] (ALFIERI et al., 2004; FREITAS et al., 2011).
A grande excreção de partículas virais, a existência de animais
assintomáticos e a resistência do vírus no meio ambiente são motivos que
aumentam a incidência do RV nos rebanhos bovinos. O controle das infecções
por RV depende do manejo adequado dos rebanhos e utilização de vacinas.
Porém, devido à diversidade de genotipos G e P existentes, é possível que
haja evasão antigênica, ocasionando diarreia mesmo em animais vacinados
(BARREIROS et al., 2004).
O estudo realizado teve como objetivo identificar os genotipos G e P
circulantes nos quadros de diarreia neonatal em bezerros de corte e leite na
região sudeste do Brasil e, além disso, verificar se há ou não diversidade de
genotipos.
Material e Métodos
Foram analisadas 46 amostras de fezes diarreicas de bezerros de corte ou leite
com até 60 dias de idade dos estados de São Paulo (n=36) e Minas Gerais
(n=10), no ano de 2014. Dez amostras de fezes eram provenientes de bezerros
vacinados; 19 de não vacinados e 17 sem informação sobre a vacinação para
controle da diarreia neonatal. As amostras pertencem ao Laboratório de
Virologia animal/DMVP/CCA da UEL e ao projeto aprovado pela Comissão de
Ética no Uso de Animais da UEL (N° 072/2013, parecer n.6371.2013.43).
A extração do ácido nucleico foi realizada de acordo com Alfieri et al.
(2006). As amostras foram submetidas à técnica de eletroforese em gel de
poliacrilamida (ss-PAGE) para verificar a presença do RVA e as amostras
positivas na ss-PAGE foram submetidas à RT-PCR para a amplificação de
1,062 pb do gene VP7 (genotipo G) e 876 pb do gene VP4 (genotipo P)
(GOUVEA et al., 1990; GENTSCH et al., 1992). Posteriormente, oito produtos
2
da RT-PCR foram sequenciados utilizando ABI3500 Genetic Analyzer e as
sequências de nucleotídeos (nt) foram analisadas no BLASTn e no programa
RotaC v2.0 para identificar os genotipos.
Resultados e Discussão
Das 46 amostras de fezes analisadas, nove (19,6%) foram positivas para RVA
na ss-PAGE e na RT-PCR, corroborando a grande disseminação desse vírus
em rebanhos bovinos (ALFIERI et al., 2006). Das nove amostras positivas, oito
foram sequenciadas e a análise das sequências de nt obtidas referentes à
amplificação dos genes VP7 e VP4 possibilitou a identificação dos genotipos
G6, G10, P[5] e P[11] e das combinações G6P[5] (n=4), G6P[11] (n=2) e
G10P[11] (n=2). Os genotipos G6, G10, P[5] e P[11] já foram anteriormente
detectados na região sudeste do Brasil (São Paulo) (FREITAS et al., 2011).
A combinação G6P[5] (n=4) foi detectada somente nas amostras de
fezes de bezerros de corte, e em bezerros com esta mesma aptidão foi
detectada a combinação G6P[11]. Já nas amostras de bezerros de leite, duas
das três amostras sequenciadas apresentaram o genotipo G10P[11], sendo
que a outra apresentou o genotipo G6P[11]. A combinação G6P[5] já foi
relatada na Argentina como a mais comumente encontrada em bezerros de
corte (GARAICOECHEA et al., 2006). A combinação G10P[11] também já foi
relatada na Argentina como uma das principais combinações de genotipos G e
P circulantes em rebanhos leiteiros (BADARACCO et al., 2012).
As 10 amostras de fezes de bezerros vacinados foram negativas para
RVA em ss-PAGE, sugerindo que a diarreia neonatal nesses casos não foi
ocasionada pelo RVA. Nos animais não vacinados, sete (36,8%) das 19
amostras avaliadas foram positivas para RVA na ss-PAGE e na RT-PCR; seis
delas foram sequenciadas e identificaram as combinações G6P[5] (n=4) e
G10P[11] (n=2), corroborando resultados já descritos por Barreiros et al.
(2004), nos quais o genotipo G6P[5] é considerado um dos principais genotipos
circulantes em rebanhos não vacinados.
Outras duas (11,7%) amostras das 17 provenientes de bezerros sem
informação sobre a vacinação foram positivas e sequenciadas. A combinação
G6P[11] foi verificada nas duas amostras. Essa combinação já foi descrita em
rebanhos brasileiros (MEDEIROS et al., 2014).
Conclusões
Os resultados obtidos neste estudo demostraram a presença do RVA em
episódios de diarreia em bezerros de corte e leite da região sudeste do Brasil e
também demonstraram que os genotipos G6P[5], G6P[11] e G10P[11] foram
detectados nas amostras avaliadas e que estão circulantes nesta região do
3
Brasil. Desta forma, é interessante a utilização de vacinas comerciais que
contenham esses genotipos G e P de RVA em rebanhos bovinos para o
controle das diarreias neonatais.
Referências
ALFIERI, A.F. et al. G and P genotypes of group A rotavirus strains circulating
in calves in Brazil, 1996-1999. Veterinary Microbiology, v.99, p.167-173,
2004.
ALFIERI, A.A. et al. Frequency of group A rotavirus in diarrhoeic calves in
Brazilian cattle herds, 1998-2002. Tropical Animal Health and Production,
v.38, p.521-526, 2006.
BADARACCO, A. et al. Bovine rotavirus strains circulating in beef and dairy
herds in Argentina from 2004 to 2010. Veterinary Microbiology, v.158, p.394399, 2012.
BARREIROS, M.A.B. et al. G and P genotypes of group A rotavirus from
diarrhoeic calves born to cows vaccinated against the NCDV (P[1], G6)
rotavirus strain. Journal of Veterinary Medicine Series B, v. 51, n. 3, p. 104109, 2004.
FREITAS, P.P.S. et al. Rotavírus bovino: fatores de risco, prevalência e
caracterização antigênica de amostras em rebanhos leiteiros no estado de São
Paulo. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.63, n.4,
p.820-827, 2011.
GARAICOECHEA, L. et al. Molecular characterization of bovine rotavirus
circulating in beef and dairy herds in Argentina during a 10-year period (1994–
2003). Veterinary Microbiology, v.118, n.1-2, p.1-11, 2006.
GENTSCH, J.R. et al. Identification of group A rotavirus gene 4 types by
polymerase chain reaction. Journal of Clinical Microbiology, v.30, p.13651373, 1992.
GOUVEA, V. et al. Polymerase chain reaction amplification and typing of
rotavirus nucleic acid from stool specimens. Journal of Clinical Microbiology,
v.28, p.276-282, 1990.
MEDEIROS, T.N.S. et al. Severe diarrhea outbreak in beef calves (Bos indicus)
caused by G6P[11], an emergent genotype of bovine rotavirus group A.
Pesquisa Veterinária Brasileira, v.34, p.717-722, 2014.
4
Download