DIVERSIDADE DE CERAMBYCIDAE (COLEOPTERA) DO PARQUE

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DIVERSIDADE DE CERAMBYCIDAE (COLEOPTERA) DO PARQUE
NACIONAL DO IGUAÇU, FOZ DO IGUAÇU, PR: LISTA DE ESPÉCIES E
INCORPORAÇÃO NA COLEÇÃO ENTOMOLÓGICA DO MUSEU DE
ZOOLOGIA DA UEL
Karina Rossi da Silva (Bolsista Fundação Araucária/Inclusão Social); Carlos
Eduardo de Alvarenga Júlio (Orientador); e-mail: [email protected]
Universidade Estadual de Londrina, Centro de Ciências Biológicas,
Departamento de Biologia Animal e Vegetal
Área e subárea do conhecimento: Zoologia/Taxonomia dos Grupos
Recentes
Palavras-chave: Fragmento florestal, Floresta Estacional Semidecidual, serrapau.
Resumo
O Brasil é um país com rica biodiversidade e variações climáticas, tornando-se
necessário esforços para a realização de estudos científicos e implementação
de ações de conservação e manejo dos ecossistemas e suas espécies. Dessa
forma, o presente trabalho teve como objetivo contribuir para os estudos das
espécies que habitam o Parque Nacional do Iguaçu e para com o acervo
entomológico do Museu de Zoologia da Universidade Estadual de Londrina.
Utilizando a técnica de coleta armadilha luminosa do tipo Luiz de Queiroz, os
insetos foram capturados e eutanasiados. Obteve-se 2097 indivíduos
distribuídos em 314 espécies. O esforço amostral foi verificado através de uma
curva de rarefação na qual não foi observado a formação de um platô
assintótico, evidenciando a grande diversidade do grupo. O padrão de riqueza
e abundância para a família Cerambycidae segue o que é usualmente
observado na literatura: elevado número de espécies com baixa abundância e
com apenas algumas espécies dominantes na comunidade.
Introdução e objetivo
O Parque Nacional do Iguaçu representa o último grande remanescente de
floresta Atlântica da região sul do país, correspondendo a mais de 1% de toda
cobertura vegetal original do Estado (Koch, Boçon, 1994). O vigente cenário
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ambiental encontrado no Paraná é formado por extensas áreas desmatadas, e
sua antiga vegetação natural é representada por pequenos fragmentos
florestais, imersos em uma matriz de campos agrícolas e pecuários. Dessa
forma, a demanda por estudos mais detalhados nos remanescentes ainda
existentes torna-se cada dia mais necessária, envolvendo levantamentos e
estudos faunísticos e genéticos.
Devido à sua importância em diversos processos ecológicos e o alto
número de espécies descritas, a família Cerambycidae caracteriza-se por ser
uma das principais famílias da ordem Coleoptera. Devido à grande diversidade
de habitats e às estratégias de alimentação destes insetos, aliadas à
necessidade atual de reconhecimento de áreas de conservação, enfatiza-se a
necessidade de se conhecer a diversidade deste grupo nos poucos fragmentos
florestais restantes.
O objetivo geral do presente trabalho foi elaborar um levantamento da
diversidade dos representantes da família Cerambycidae que ocorrem no
Parque Nacional do Iguaçu e, com isso, ampliar o conhecimento da
entomofauna Neotropical, especialmente de insetos-praga de essências
florestais e frutícolas.
Procedimentos metodológicos
O presente trabalho foi realizado no Parque Nacional do Iguaçu, na base de
pesquisa do Poço Preto localizada próxima à cidade de Foz do Iguaçu e em
trilhas localizadas na região norte do parque, próximo à cidade de Santa
Tereza do Oeste.
As coletas tiveram início em outubro de 2014 e término em dezembro de
2015, focando a época das chuvas, maior período de atividade dos insetos,
totalizando 10 meses amostrais.
A técnica de coleta utilizada para a captura dos cerambicídeos
constituiu-se na armadilha luminosa do tipo Luiz de Queiroz, descrito em
Silveira Neto e Silveira (1969), na qual se utiliza de um meio físico, a luz, para
atrair os insetos. As coletas foram realizadas durante as noites de Lua Nova,
pois a ausência da luz potencializa a captura dos insetos através das
armadilhas luminosas, que se configuram como fontes artificiais de luz,
atraindo diversos grupos noturnos de insetos alados (Almeida et al., 2012).
As armadilhas foram instaladas ao crepúsculo, próximo às 19h e
permaneciam ligadas até 1h da manhã do dia seguinte, totalizando assim, 6
horas de esforço amostral por noite em campo. Os insetos capturados foram
eutanasiados em recipientes com álcool 70% e, em laboratório, foram triados e
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acondicionados em camadas de algodão. Pequenas caixas de plástico, tipo
tupperware, foram usadas para estocar esse material. Para melhor
conservação, foi adicionada naftalina moída. Os cerambicídeos foram
montados em alfinetes entomológicos e identificados por comparação com
exemplares da coleção entomológica do Museu de Zoologia da Universidade
Estadual de Londrina (MZUEL) e do Museu de Zoologia da Universidade de
São Paulo (MZUSP), seguindo a classificação adotada por Bezarck e Monné
(2013). Todo o material coletado e fixado está depositado na coleção
entomológica do MZUEL.
Resultados e discussão
Foram coletados, no período de outubro de 2014 a dezembro de 2015, 2097
espécimes, contemplando 314 espécies distribuídas em 166 gêneros e 46
tribos. Seguindo a classificação de Bezarck, Monné (2013), 148 espécies
pertencem à subfamília Cerambycinae (a mais abundante); 152 espécies
pertencem a subfamília Lamiinae (a mais rica); 7 espécies pertencem a
subfamília Prioninae; 5 espécies pertencem a subfamília Parandrinae; 2
espécies pertencem a subfamília Lepturinae.
As tribos mais abundantes por subfamília foram: subfamília Lamiinae Acanthocinini (45 espécies); subfamília Cerambycinae - a tribo Neoibidionini foi
a mais representativa (44 espécies); para a subfamília Prioninae foi
Callipogonini (3 espécies); as subfamílias Parandrinae e Lepturinae foram
representadas apenas por uma tribo cada, Parandrini (5 espécies) e Lepturini
(2 espécies) respectivamente.
Apesar do alto número de espécies coletadas, a curva de rarefação,
acompanhada do estimador de riqueza Jacknife 2, não tende à formação de
um platô assintótico, o que demonstra que ainda existe uma grande riqueza de
Cerambycidae a ser amostrada no PNI.
O padrão de distribuição de riqueza e abundância, segue o que é
usualmente observado para essa família (Morillo, 2007; Gatti, 2015): um alto
número de espécies com baixa abundância e poucas espécies dominantes. A
curva espécie-abundância indica um padrão com alta uniformidade na
distribuição das espécies do PNI, com elevada proporção de espécies raras,
destaque para Praxithea derourei e Nyssodrysina lignaria, espécies dominantes
no PNI.
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Conclusões
O Parque Nacional do Iguaçu possui extrema importância como último grande
reduto de muitas espécies no oeste do estado do Paraná. Apesar do ineditismo
na pesquisa, metodologia utilizada e do elevado número de espécies
amostradas, a família Cerambycidae ainda se encontra subamostrada no PNI.
Enfatiza-se a importância do estudo por contribuir com o conhecimento
acerca das espécies de Cerambycidae que ocorre no Paraná, além de
incorporar uma importante coleção de referência para este grupo no Museu de
Zoologia da UEL.
Agradecimentos
Agradeço à Universidade Estadual de Londrina pela estrutura física, ao meu
orientador e aos alunos de pós-graduação do laboratório de entomologia
sistemática da UEL pelo apoio, e à Fundação Araucária/Inclusão social pelo
auxílio financeiro.
Referências
ALMEIDA, Lucia; RIBEIRO-COSTA, Cibele; MARINONI, Luciane. Coleta,
montagem, preservação e métodos para estudo. In: RAFAEL, J. A.; MELO,
G. A. R. de; CARVALHO, C. J. B. de; CASARI, S. A. (Org.). Insetos do Brasil:
Diversidade e Taxonomia. Ribeirão Preto: Holos, Editora, 2012.
BEZARK, Larry G., MONNÉ, Miguel A. Checklist of the Oxypeltidae,
Vesperidae, Disteniidae and Cerambycidae (Coleoptera) of the Western
Hemisphere.
2013.
Disponível
em:
http://plant.cdfa.ca.gov/byciddb/checklists/WestHemiCerambycidae2013.pdf.
(Acesso 25 Fev. 2016).
GATTI, Felipe. Biodiversidade de Besouros Longicórneos (Coleoptera:
Cerambycidae) da Estação Ecológica do Tripuí, Ouro Preto, MG.
Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto. 2015. 90 fls.
KOCH, Zig.; BOÇON, Roberto. Guia ilustrado das aves comuns do Parque
Nacional do Iguaçu. Curitiba: Maxi Gráfica e Editora, 1994.
MORILLO, Sandra. Biodiversidade e análise faunística de Cerambycidae
(Insecta: Coleoptera) em reserva de Mata Atlântica, Viçosa, MG.
Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Viçosa, 2007. 165 fls.
SILVEIRA, Neto S.; SILVEIRA, A.C. Armadilha luminosa, modelo "Luiz de
Queiroz". O Solo. 1969. v61 (2), p19-21.
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