Escola Estadual de Educação Profissional - EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Química Química Inorgânica Industrial Governador Cid Ferreira Gomes Vice Governador Domingos Gomes de Aguiar Filho Secretária da Educação Maria Izolda Cela de Arruda Coelho Secretário Adjunto Maurício Holanda Maia Secretário Executivo Antônio Idilvan de Lima Alencar Assessora Institucional do Gabinete da Seduc Cristiane Carvalho Holanda Coordenadora da Educação Profissional – SEDUC Andréa Araújo Rocha Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Escola Estadual de Educação Profissional - EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Química QUÍMICA INORGÂNICA INDUSTRIAL TEXTOS DE APOIO 2012/1 Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Sumário 1. Configuração eletrônica e Tabela Periódica......................................................07 2. Propriedades Periódicas......................................................................................09 2.1 Carga Nuclear Efetiva.........................................................................................11 2.2 Raio Atômico........................................................................................................12 2.3 Energia de Ionização............................................................................................13 2.4 Afinidade Eletrônica............................................................................................18 2.5 Eletronegatividade...............................................................................................20 Exercícios....................................................................................................................21 2.6 Raio Iônico............................................................................................................22 2.7 Regras de Fajans .................................................................................................22 2.8 Hidrólise de Cátions.............................................................................................23 Exercícios....................................................................................................................28 3.Teoria da Ligação de Valência..............................................................................29 3.1 Hibridação dos Orbitais Atômicos....................................................................30 3.1.1 Hibridação do tipo sp3.....................................................................................31 3.1.2 Ligações π: Hibridação do tipo sp2 e sp.........................................................32 3.1.3 Expansão do Octeto.........................................................................................34 3.2 Teoria da Repulsão dos pares de elétrons da Camada de Valência...............37 3.3 Ressonância.........................................................................................................42 4. Conceitos Ácido-Base...........................................................................................43 4.1 Arrhenius a Bronsted-Lowry............................................................................43 4.2 O Conceito Ácido-Base de Lewis.......................................................................45 Exercícios...................................................................................................................49 5. Compostos de Coordenação.................................................................................50 5.1 Histórico...............................................................................................................50 5.2 Classificação dos Ligantes e Nomenclatura de Complexos............................53 5.3 Isomeria em Compostos de Coordenação.......................................................57 Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 5.4 A Teoria da Ligação de Valência Aplicada a Compostos de Coordenação..58 5.5 A teoria do Campo Cristalino (TCC)...............................................................61 5.6 A Origem das Cores dos Compostos de Coordenação Segundo a TCC.......66 Exercícios...................................................................................................................69 6. Gases......................................................................................................................72 6.1 Estrutura, Propriedade, Obtenção e Aplicação...............................................72 6.1.1 Oxigênio............................................................................................................72 6.1.2 Nitrogênio.........................................................................................................77 6.1.2.1 Ciclo do Nitrogênio.......................................................................................78 6.1.2.2 Amônia...........................................................................................................79 6.1.2.3 Sais de Amônio..............................................................................................82 6.1.2.4 Hidrazina.......................................................................................................82 6.1.2.5 O Processo Haber-Bosch..............................................................................83 6.1.2.6 Ureia...............................................................................................................85 6.1.2.7 Óxidos de Nitrogênio....................................................................................86 6.1.2.8 Óxido Nitroso................................................................................................86 6.1.2.9 Óxido Nítrico ...............................................................................................86 6.1.3 Hidrogênio........................................................................................................88 6.1.3.1 Características Gerais .................................................................................88 6.1.3.2 Ocorrências....................................................................................................88 6.1.3.3 Preparação do Hidrogênio...........................................................................88 6.1.3.4 Preparação do Hidrogênio a partir da água...............................................88 6.1.3.5 Preparação do Hidrogênio a pelo seu deslocamento de ácidos................90 6.1.3.6 Preparação do Hidrogênio, pelo seu deslocamento em soluções ácidas...90 6.1.3.7 Preparação Comercial do Hidrogênio.........................................................91 6.1.3.8 Reações de Hidrogênio.................................................................................92 6.1.3.9 Propriedades Físicas e Isótopos do Hidrogênio..........................................93 6.1.3.10 Uso do Hidrogênio.......................................................................................93 Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 6.1.4 Água ................................................................................................................94 6.1.4.1 Propriedades da Água.................................................................................94 6.1.4.2 Ponto de Fusão e Ponto de Ebulição...........................................................94 6.1.4.3 capacidade Térmica......................................................................................95 6.1.4.4 PH da Água....................................................................................................95 6.1.4.5 Água Dura ....................................................................................................96 6.1.4.6 Água Pesada..................................................................................................97 6.1.4.7 Água Potável.................................................................................................97 6.1.5 Enxofre.............................................................................................................98 6.1.5.1 Ciclo do Enxofre...........................................................................................98 6.1.5.2 Compostos de Redução do Enxofre............................................................99 6.1.5.3 Dióxido de Enxofre.....................................................................................100 6.1.5.4 Ácido Sulfúrico...........................................................................................101 6.1.5.5 Aplicação Industrial...................................................................................104 6.1.6 Cloro-Soda.....................................................................................................105 6.1.6.1 Processo de Produção................................................................................106 6.1.6.1.1 Soda e cloro..............................................................................................106 6.1.6.1.2 Barrilha....................................................................................................107 6.1.6.1.3 Processo Solvay.......................................................................................107 6.1.6.1.4 Bicarbonato de Sódio..............................................................................108 7. Metais e Metalurgia...........................................................................................109 7.1 Ocorrência e Distribuição dos Metais............................................................109 7.2 Minerais............................................................................................................109 7.3 Metalurgia.........................................................................................................110 7.4 Pirometalurgia..................................................................................................111 7.5 Pirometalurgia do Ferro.................................................................................112 Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 7.6 Formação do Aço........................................................................................................114 7.7 Hidrometalurgia...........................................................................................................115 7.7.1 Hidrometalurgia do alumínio...................................................................................116 7.8 Eletrometalurgia..........................................................................................................116 7.8.1 Eletrometalurgia do Sódio.......................................................................................117 7.8.2 Eletrometalurgia do Alumínio..................................................................................117 7.9 Eletrorefinamento do Cobre........................................................................................119 8. Química de Alguns Metais de Transição......................................................................120 8.1 Cromo.............................................................................................................................121 8.2 Ferro...............................................................................................................................121 8.3 Cobre..............................................................................................................................123 9. Aula Esperimental...........................................................................................................124 Referências Bibliográficas.............................................................................................193 Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional QUÍMICA INORGÂNICA INDUSTRIAL APRESENTAÇÃO A Química Inorgânica é uma ciência que se ocupa da investigação experimental e interpretação teórica das propriedades e reações de todos os elementos e seus compostos exceto os hidrocarbonetos e muitos de seus derivados. Para garantir o domínio e a abrangência do assunto, este material está focado nas tendências em reatividade, estrutura e propriedades dos elementos e seus compostos em relação à sua posição na tabela periódica. Essas tendências periódicas gerais são à base do entendimento inicial. Os compostos inorgânicos variam dos sólidos iônicos, que podem ser descritos pelas aplicações simples da eletrostática clássica, aos compostos covalentes e aos metais, que são mais bem descritos pelos modelos que têm sua origem na mecânica quântica. Para a racionalização e a interpretação da maioria das propriedades inorgânicas, usamos os modelos qualitativos baseados na mecânica quântica, como as propriedades dos orbitais atômicos e seu uso para formar orbitais moleculares. Dois tipos de reações fundamentais ajudam a sistematizar a química inorgânica. As reações de ácidos e bases resultantes da transferência de um próton ou compartilhamento de pares de elétrons e aquela que ocorre pela oxidação e pela redução. Os complexos metálicos, nos quais um único átomo central metálico ou íon está rodeado por vários átomos ou íons, têm um papel importante em química inorgânica, especialmente para os elementos do bloco d. Compreender essa importância no contexto da indústria química inorgânica é também objeto desse material, através do conhecimento das principais matérias-primas e a ocorrência dos elementos na superfície terrestre e de alguns processos produtivos relevantes e tecnologias utilizadas pela indústria. A partir desse conhecimento podemos relacionar aspectos microscópicos da matéria a questões tecnológicas e ambientais; Discutir os aspectos relevantes da Química Inorgânica referentes às propriedades, aplicações e obtenção dos principais compostos inorgânicos. Familiarizando os estudantes com a literatura da área e com os processos industriais inorgânicos. No final de cada capitulo você encontrará uma lista de exercícios, os quais servem para consolidar o seu entendimento. Finalizando esta apresentação vejamos o que Shriver e Atkins (2003) relatam sobre o desenvolvimento da química inorgânica. ....“Grandes áreas da química inorgânica permanecem inexploradas, assim compostos inorgânicos novos e incomuns estão constantemente sendo sintetizados. A síntese inorgânica exploratória continua a enriquecer o campo com compostos que nos fornecem perspectivas novas sobre estruturas, ligação e reatividade. A indústria química é fortemente dependente da química inorgânica. Esta é essencial para a formulação e o melhoramento de materiais modernos, como catalisadores, semicondutores, guias de luz, dispositivos ópticos não lineares, supercondutores e materiais cerâmicos avançados. O impacto ambiental da química inorgânica também é imenso. Nesse contexto, a função abrangente dos íons de metal em plantas e animais conduz à rica área da química bioinorgânica...”. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 1. Configuração Eletrônica e Tabela Periódica A configuração eletrônica de um átomo no estado fundamental, segue algumas regras que são conhecidas como o princípio de Aufbau. A primeira das regras está relacionada com a ordem de ocupação dos orbitais pelos elétrons. A distribuição eletrônica começa no orbital de menor energia, o 1s, e os elétrons restantes entram no próximo orbital vazio de menor energia – até que todos os elétrons do átomo sejam distribuídos. A ordem de energia pode ser prevista pelo diagrama de Pauling: A distribuição dos elétrons segue a ordem das 1s diagonais, indo de cima para baixo como indicam as 2s 2p 3s 3p 3d 4s 4p 4d 4f 5s 5p 5d 5f 5g 6s 6p 6d 6f 6g 6h 7s 7d 7f 7g 7h 8s 7p setas. Dessa forma, a ordem de energia dos orbitais é: 1s<2s<2p<3s<3p<4s<3d<4p<5s<4d<5p<6s<... Os orbitais marcados em azul são, normalmente, omitidos no diagrama de Pauling, pois os elementos conhecidos até então não têm elétrons suficientes para 7i (...) (...) ocupar estes orbitais quando no estado fundamental. No entanto, com a síntese de novos elementos artificiais, isto pode mudar no futuro. A segunda regra está relacionada com o Princípio da Exclusão de Pauli e pode ser enunciada de várias formas. A maneira mais fácil de entendê-lo é que o número máximo de elétrons que podem ocupar um mesmo orbital são dois – e neste caso, os spins dos elétrons devem ser necessariamente contrários. A terceira regra é conhecida como Regra de Hund. Quando um subnível possui orbitais degenerados, primeiro ocupa-se todos os orbitais com um elétron para, então, entrar com segundo elétron. Um exemplo da Regra de Hund pode ser visto na Figura 01. Seguindo estas regras, chega-se à configuração eletrônica do estado fundamental dos átomos. Algumas exceções são observadas, como o cobre, prata, ouro, platina, molibidênio e grande parte dos elementos da série dos lantanídeos e actnídeos. Quando se determina a configuração eletrônica destes elementos se observa que um orbital de maior energia está ocupado no lugar de um de menor energia (segundo a prioridade do diagrama de Pauling). Alguns exemplos são mostrados na Tabela 1. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Tabela 1. Algumas exceções ao diagrama de Pauling. Configuração eletrônica Elemento Diagrama de Pauling 9 [Ar] 4s 3d 2 4 [Kr] 5s 4d 29Cu [Ar] 4s 3d 42Mo [Kr] 5s 4d 2 14 [Xe] 6s 4f 78Pt Experimental 2 8 1 10 1 5 1 5d 14 [Xe] 6s 4f 9 5d A configuração eletrônica dos elementos e a maneira que a Tabela Periódica está organizada têm grande relação. A Tabela Periódica moderna foi montada a partir da tabela feita por Mendeleev em 1869. Mendeleev colocou os 63 elementos que eram conhecidos naquela época em ordem crescente de massa atômica em linhas horizontais, que chamou de período. Os elementos com propriedades semelhantes foram organizados em linhas verticais, que foram chamadas de grupos ou famílias. As propriedades dos elementos, principalmente a reatividade, estão relacionadas com a configuração eletrônica destes elementos. Portanto, nos grupos da Tabela Periódica estão elementos com configuração eletrônica semelhante. Fazendo a distribuição eletrônica do lítio, sódio, potássio e rubídio – todos do grupo 1 (ou 1A) – podemos perceber isso: 1s 2 2s1 3Li 19K 1s 2 2s2 2p6 3s1 11Na 37Rb 1s 2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s1 1s 2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d10 4p6 5s1 Todos os elementos do grupo 1 da tabela têm seu último elétron ocupando um orbital s. 1 A configuração eletrônica de todos termina com ns , onde n é o período da tabela periódica que o elemento se encontra. Fazendo o mesmo para os elementos do grupo 2 da tabela, como o berílio, magnésio, cálcio e estrôncio, temos: 4Be 12Mg 2 2 2 2 1s 2s 6 1s 2s 2p 3s 2 Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial 2 2 6 2 6 2 2 2 6 2 6 2 20Ca 1s 2s 2p 3s 3p 4s 38Sr 1s 2s 2p 3s 3p 4s 3d 2 5s 10 6 4p Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 2 A configuração eletrônica dos elementos do grupo 2 na tabela termina com Xs , onde X é o período da tabela periódica que o elemento se encontra. Se fizermos isto para todos os grupos, iremos verificar que os elementos do mesmo grupo sempre têm o mesmo número de elétrons no mesmo subnível. Apenas o número da camada é que muda. Assim, podemos dividir a tabela periódica de acordo com os subníveis e número de elétrons, como mostra a Figura 02. Uma vez que conhecemos a configuração eletrônica dos elementos e sua relação com a Tabela Periódica, podemos então avançar nossos estudos sobre as propriedades periódicas dos elementos. 1 s 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 1 18 6 p s 2 1 p 1 d 2 d 3 d 4 5 d d 6 d 7 d 8 d 9 d 2 p 3 p 4 p 5 p 10 d Bloco “p” Bloco “s” Bloco “d” 1 f 2 f 3 f 4 f 5 f 6 f 7 f 8 f 9 f 10 f 11 f f 12 13 f 14 f Bloco “f” Figura 02. A Tabela Periódica e sua relação com a configuração eletrônica dos elementos. 2. Propriedades Periódicas 2.1 – Carga Nuclear Efetiva (Z* ou Zeff) Considere um átomo com dois elétrons, como o mostrado na Figura 0 3. O elétron A está sobre influência direta do núcleo. Toda a carga nuclear irá atrair este elétron. Já o elétron B, não estará sob influência de toda a carga nuclear. De certa forma, o elétron A funciona como uma barreira da carga nuclear, atenuando-a. É como se uma parte da carga nuclear se perdesse ao atrair o elétron A, sobrando apenas uma fração da carga nuclear total para atrair o elétron B. Dizemos então que o elétron A blinda a carga nuclear para o elétron B. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Figura 03. Um núcleo e dois elétrons A e B. A influência do núcleo é diferente para os elétrons. Dessa forma, define-se o termo carga nuclear efetiva (Z* ou Zeff) como sendo a fração da carga nuclear que chega ao elétron. Podemos expressar a carga nuclear efetiva como sendo: Z* = Z – σ (1) onde Z é a carga nuclear e σ representa a blindagem. Consideremos um átomo com cinco elétrons. Entre o último elétron e o núcleo estão os quatro elétrons anteriores. Estes quatro elétrons estão blindando a carga nuclear para o último elétron que, portanto, terá o menor valor de Z* dentre os cinco elétrons deste átomo. Já o primeiro elétron não possui blindagem, logo Z* = Z. Portanto, um dado elétron é blindado por todos os elétrons de camadas anteriores a sua. A eficiência da blindagem depende basicamente do número de elétrons e do tipo de orbitais que estão sendo ocupados. A influência do tipo dos orbitais na eficiência da blindagem está relacionada com o número de planos nodais que o orbital possui (plano nodal ou nó angular é a região onde a função de onda radial passa pelo zero). Considere um orbital do tipo s, um do tipo p e um do tipo d. O orbital s, por ser esférico, blinda a carga nuclear em todas as direções. Já o orbital p possui um plano nodal. Na posição do plano nodal, a probabilidade de se encontrar o elétron é nula. Dessa forma, existe uma posição no espaço onde a carga nuclear pode passar sem ser atenuada pelos elétrons. Da mesma forma, orbitais d possuem dois planos nodais que permitem a passagem da carga nuclear sem ser atenuada pelos elétrons. Portanto, existe uma relação direta entre o número de planos nodais (e os tipos de orbitais) e a eficiência da blindagem. Resumindo, a blindagem varia da seguinte maneira: orbitais s > orbitais p > orbitais d > orbitais f > ... Embora a carga nuclear efetiva possa ser determinada (quantitativamente ou qualitativamente) para todos os elétrons de um átomo, normalmente o interesse principal está nos elétrons da camada de valência, pois são eles os maiores responsáveis pela reatividade e propriedade de um elemento. Dessa forma, a partir de agora, quando a carga nuclear efetiva for citada, esta se refere aos elétrons da camada de valência. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional A carga nuclear efetiva varia nos períodos de maneira regular, aumentando da esquerda para a direita. Para compreender esta tendência, tomemos o segundo período da Tabela Periódica como referência. A carga nuclear, Z, aumenta do lítio (Z=3) para o neônio (Z=10). Fazendo a distribuição eletrônica dos elementos deste período, encontra-se: 3Li 2s 4Be 2s 1s 2 1s 2 1 2 2 2 5B 1s 2s 1 2p 6C 1s 2s 2p 7N 1s 2s 3 2p 2 2 1s 2s 4 2p 8O 2 2 2 2 2 2 9F 1s 2s 2p 10Ne 1s 2s 6 2p 2 2 5 2 Os orbitais sublinhados são os que devem ser considerados para o efeito de blindagem do último elétron. O lítio e o berílio têm a mesma blindagem, realizada pelos dois elétrons do orbital 1s. Como a carga nuclear do berílio (Z=4) é maior que a do lítio (Z=3), pela equação (3) pode-se verificar que a carga nuclear efetiva aumenta do lítio para o berílio. Indo para a direita no período, a blindagem tem uma mudança: a partir do boro, os elétrons do orbital 2s se juntam aos do orbital 1s no termo de blindagem para o orbital 2p. Do boro ao flúor, a blindagem é mesma, enquanto a carga nuclear aumenta. Portanto, teremos um aumento na carga nuclear efetiva ao seguirmos o aumento do número atômico em um mesmo período da Tabela Periódica. Mas como comparar as cargas nucleares efetivas de elementos com blindagens diferentes, como, por exemplo, berílio e boro? Para isso, é necessário buscar parâmetros quantitativos para que se possa calcular de fato o termo de blindagem de cada elemento e, então, subtraí-lo da carga nuclear. Uma maneira de calcular o termo de blindagem foi proposta por John Clarke Slater, mas não iremos nos aprofundar em seu trabalho. Ao invés disso, analisaremos os valores calculados, apresentados na Tabela 3, para tirarmos algumas conclusões. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Tabela 3. Valores de carga nuclear efetiva (Z*) para diferentes elementos. Li Be B C N O F Ne Z Z*(2s) 3 4 5 6 7 8 9 10 1,28 1,91 2,58 3,22 3,85 4,49 5,13 5,76 Z*(2p) – – 2,42 3,14 3,83 4,45 5,10 5,76 Pelos valores apresentados na Tabela 3, pode-se verificar dois pontos principais. O primeiro é o da tendência de Z* aumentar ao longo do período. O segundo é que a eficiência da blindagem do orbital 2s para o orbital 2p não é muito grande. Os valores de Z*(2s) mostram que o orbital 1s blinda aproximadamente metade da carga nuclear. Ao comparar os valores de Z*(2s) com os de Z*(2p) verifica-se que a adição do orbital 2s na blindagem (presente no termo Z*(2p)) tem pouco peso. Por esta razão, utiliza-se a aproximação de que elétrons de uma mesma camada não blindam uns aos outros; de forma que a blindagem é exercida pelos elétrons das camadas anteriores. Nos grupos, a situação é problemática. Adotando uma parte do grupo 1 da Tabela Periódica como caso de estudo, teremos a seguinte situação: 3Li 11Na 19K 37Rb 2 1 2 2 6 1 2 2 6 2 6 1 2 2 6 2 6 2 1s 2s 1s 2s 2p 3s 1s 2s 2p 3s 3p 4s 10 1s 2s 2p 3s 3p 4s 3d 6 4p 5s 1 Como avaliar a tendência da variação de Z* se tanto a blindagem (orbitais sublinhados) quanto a carga nuclear estão variando de maneira significativa? Aqui, a análise só é possível em termos quantitativos. Para avaliar as propriedades periódicas nos grupos é mais conveniente usar um outro parâmetro para a atração núcleo-elétron: o raio atômico. 2.2 – Raio Atômico Desde o modelo atômico proposto por Rutherford, o tamanho do átomo está relacionado com a posição dos elétrons em relação ao núcleo. Portanto, define-se raio atômico como a distância entre o núcleo e o último elétron do átomo. Como sabermos se um elétron está mais ou menos afastado do núcleo? Considere dois núcleos diferentes atraindo um elétron qualquer. O núcleo que atraí-lo com mais força, terá o menor raio, pois a distância entre este núcleo e o elétron será menor. Portanto, o raio de um átomo é uma função direta da capacidade do núcleo em atrair o seu último elétron e, como foi visto no item anterior, o melhor parâmetro desta força é a carga nuclear efetiva. Na Figura 04 pode-se ver a relação entre o aumento da carga nuclear efetiva e a diminuição do raio atômico para os elementos do segundo e terceiro período da tabela periódica. Dentro dos períodos o raio atômico diminui da esquerda para a direita, acompanhando o aumento de Z*. Nos grupos, o raio atômico aumenta conforme o número de camadas aumenta. Novamente, usaremos o grupo 1 como exemplo. A distribuição eletrônica de alguns dos elementos deste grupo é Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 3Li 2 1 2 2 6 1 2 2 6 2 6 1 2 2 6 2 6 2 1s 2s 11Na 1s 2s 2p 3s 19K 1s 2s 2p 3s 3p 4s 37Rb 10 1s 2s 2p 3s 3p 4s 3d 6 4p 5s 1 Tem-se sempre o aumento de camadas de um elemento para o outro. Dessa forma, o último elétron está sempre uma camada além do que o último elétron do elemento anterior e, portanto, o raio atômico aumentará conforme o número de camadas cresce. 7 Raio Atômico (angstrons) Carga Nuclear Efetiva 6 Li C F Si Na Cl 5 4 3 2 1 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 Número atômico Figura 04. Variação da carga nuclear efetiva e do raio atômico para o segundo e terceiro períodos da Tabela Periódica. Tanto o raio atômico como a carga nuclear efetiva são parâmetros para entender a variação de duas propriedades importantes dos átomos: a energia de ionização e a afinidade eletrônica. 2.3 – Energia de Ionização (EI) A energia de ionização é definida como a energia necessária para remover-se 1 mol de elétrons de 1 mol de átomos (ou íons) no estado gasoso, segundo a reação + M(g) → M (g) + 1e - M(g) → M + – Para remover um elétron de um átomo é preciso dar energia ao sistema, dessa forma, a energia de ionização é sempre positiva. Como o raio atômico, a EI varia de acordo com a Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional força com que o núcleo atrai o elétron. Quanto maior for força de atração, mais difícil é a retirada do elétron. Existem várias energias de ionização, dependendo de quantos elétrons o elemento já perdeu. Resumindo: M(g) → M+(g) + 1e– M+(g) → M2+(g) + 1e– M2+(g) → M3+(g) + 1e– M3+(g) → M4+(g) + 1e– M(n–1)+(g) → Mn+(g) + 1e– 1° EI 2° EI 3° EI 4° EI enésima EI – M(g) →conforme M+ A EI sempre aumenta mais elétrons são retirados, isto é 1° EI < 2° EI < 3° EI < 4° EI < ...< enésima EI. A explicação para isto é simples. Quando retiramos um elétron, fazendo do elemento um cátion, a atração do núcleo sobre os elétrons restantes aumenta. Assim, a saída do próximo elétron necessitará de mais energia que a do elétron anterior. A variação da EI nos períodos segue uma tendência governada pela carga nuclear efetiva. Quanto maior Z*, maior será a EI e por isso, são os gases nobres os elementos com maiores valores de energia de ionização. O mesmo raciocínio pode ser aplicado usando o raio atômico como referência. Se o raio atômico é menor, considera-se que o elétron está sendo mais atraído pelo núcleo. Então, para raios atômicos menores, teremos valores de EI maiores. Na Tabela 4 estão listadas as energias de ionização para alguns elementos da Tabela Periódica. Observando os valores da Tabela 4, vemos que a variação da EI ao longo do período não é constante. Quando passamos do grupo 15 para o 16, ao invés de observarmos o aumento na EI, acompanhando o aumento de Z* (ver Tabela 3), tem-se uma diminuição da EI. O mesmo ocorre entre os grupos 2 e 13. Precisa-se, então, compreender a natureza dessas anomalias. Começaremos tentando compreender o problema entre o grupo 2 e o 13. Para isso, precisamos da configuração eletrônica dos elementos. Para o berílio e o boro: 4Be 1s2 2s 2 5B 1s 2s 2p 2 2 1 O elétron que será removido no berílio está emparelhado no orbital 2s. Já no boro, o elétron retirado é o do orbital 2p. Essa questão está relacionada com a degenerescência dos orbitais do subnível 2p. O subnível 2p do boro, que possui três orbitais p degenerados, tem apenas um elétron em um dos orbitais. Manter três orbitais com a mesma energia pode ter um custo energético para o átomo. Se todos os orbitais de um mesmo subnível estiverem nas mesmas condições, isto é, ou todos desocupados ou todos com um elétron ou todos com dois elétrons, tem-se um equilíbrio de energia. Caso a ocupação não seja a mesma, como é o caso no subnível 2p do boro, há um custo energético. Aqui se pode utilizar uma analogia com uma balança de dois pratos. Se as massas nos dois pratos forem iguais, os pratos ficarão equilibrados naturalmente. Mas, se as massas forem diferentes, alguém terá que intervir, Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional puxando o lado com menor massa para baixo, tentando manter os pratos equilibrados. Ou seja, há um custo energético para manter os pratos no mesmo nível. Tendo isto em mente, voltemos ao caso do berílio e do boro. O berílio irá perder um dos elétrons do orbital 2s. Já o boro, irá perder o elétron do subnível 2p, que possui três orbitais p que devem ter a mesma energia. Como só um dos três está ocupado, o custo para o átomo manter estes orbitais em um mesmo patamar energético é grande. Com a saída deste elétron, todos os orbitais 2p estarão desocupados, todos em uma mesma situação. Com a saída do elétron, não haverá mais um custo adicional para manter a degenerescência dos orbitais do subnível 2p. Por conta disso, a saída do elétron do boro demanda menos energia que a retirada do elétron do berílio, apesar da carga nuclear efetiva ser maior para o boro. Da mesma forma, isto acontece em outros períodos destes grupos. Tabela 4. Valores em eV da primeira energia de ionização de alguns elementos. Grupos 1 H 13,60 2 13 14 15 16 17 18 He 24,59 Li 5,32 Be 9,32 B 8,30 C 11,26 N 14,53 O 13,62 F 17,42 Ne 21,56 Na 5,14 Mg 7,64 Al 5,98 Si 8,15 P 10,48 S 10,36 Cl 12,97 Ar 15,76 K 4,34 Ca 6,11 Ga 6,00 Ge 7,90 As 9,81 Se 9,75 Br 11,81 Kr 14,00 Este efeito do “equilíbrio dos orbitais” também é o responsável pela anomalia entre o grupo 15 e o 16. Usemos como exemplo o nitrogênio e o oxigênio. As configurações eletrônicas destes elementos são: 2 3 7N 1s2 2s 2p 8O 1s 2s 2p 2 2 4 O nitrogênio tem três elétrons no subnível 2p, um elétron para cada um dos orbitais. Então, estes orbitais estão equilibrados e não há um custo adicional para mantê-los degenerados. Já o oxigênio, possui quatro elétrons no subnível 2p, o que significa que um dos orbitais tem dois elétrons enquanto os outros dois têm um elétron cada. Portanto, existe um desequilíbrio entre os orbitais p do oxigênio e, assim como o boro no caso anterior, haverá um custo extra de energia para manter a degenerescência destes orbitais. Temos então os orbitais do nitrogênio “equilibrados” e os do oxigênio “desequilibrados” (Figura 05). Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional (a) (b) Figura 05. A distribuição dos elétrons no subnível 2p para: (a) nitrogênio e (b) oxigênio. Se o nitrogênio perder um elétron, ele passará a uma situação de desequilíbrio. Em contrapartida, o oxigênio ao perder um elétron cai exatamente na situação do nitrogênio, com três elétrons para os três orbitais p. Portanto, a saída do elétron do nitrogênio é altamente desfavorável (quebra o “equilíbrio”), enquanto a saída do elétron do oxigênio torna os orbitais do subnível p “equilibrados”. Então, observa-se que as EIs para os elementos do grupo do nitrogênio são maiores que as do grupo do oxigênio, apesar da carga nuclear efetiva aumentar do grupo 15 para o 16. A variação ao longo dos grupos acompanha a variação do raio atômico. Raios maiores são um indicativo de forças de atração núcleo-elétron menores. A conseqüência é que o elétron estará menos preso ao átomo, sendo mais fácil retirá-lo. Por isso, a EI será menor quando se desce nos grupos. Um outro ponto interessante para se destacar sobre a variação da energia de ionização vem dos grupos 1, 2 e 13. A Tabela 5 mostra as três primeiras energias de ionização de alguns elementos destes grupos. Tabela 5. Os três primeiros potenciais de ionização em eV de alguns elementos. Grupos 1 2 13 Li Be B 5,32 9,32 8,30 75,63 18,21 25,15 122,4 153,85 37,93 Na 5,14 47,28 71,63 Mg 7,64 15,03 80,14 Al 5,98 18,83 28,44 K 4,34 31,62 45,71 Ca 6,11 11,87 50,89 Ga 6,00 20,51 30,71 Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Nota-se que para a 1° EI, os menores valores no período são sempre dos elementos do grupo 1. Já para a 2° EI, os menores valores são os do grupo 2. E, para a 3° EI, os menores valores observados são os do grupo 13. Então, podemos dizer que os elementos do grupo 1 perdem, preferencialmente um elétron. Enquanto os elementos do grupo 2 formam cátions do 2+ tipo M com maior facilidade. Já os do grupo 13, são os que consomem menos energia para 3+ formar cátions M . Esta variação está diretamente relacionada com a configuração eletrônica destes elementos. Tomando como exemplo o terceiro período da tabela periódica (sódio, magnésio e alumínio) tem-se 2 2 6 1 2 2 6 2 2 2 6 2 11Na 1s 2s 2p 3s 12Mg 1s 2s 2p 3s 13Al 1s 2s 2p 3s 3p 1 Como são do terceiro período, todos irão perder primeiramente os elétrons da terceira camada. Como a carga nuclear efetiva do sódio é a menor dentre estes elementos, a saída do primeiro elétron do sódio demanda uma menor energia do que para os outros. Após a saída do primeiro elétron os elementos teriam a seguinte configuração: + 11Na + 12Mg + 13Al 2 2 6 2 2 6 1 2 2 6 2 1s 2s 2p 1s 2s 2p 3s 1s 2s 2p 3s Na segunda energia de ionização, a saída do segundo elétron, tem-se uma situação diferente da anterior. O cátion sódio perderia um elétron da segunda camada, enquanto magnésio e alumínio ainda possuem elétrons na terceira camada. Isto significa que o sódio perderá um elétron de uma camada mais interna que magnésio e alumínio. Portanto, a energia para retirar o segundo elétron do sódio é muito maior que para os outros elementos aqui analisados. E isto irá se repetir para todos os elementos do grupo 1 quando comparados aos elementos do grupo 2 e 13. Da mesma forma, o magnésio, após a 2° EI terá uma camada a menos, enquanto o alumínio continuará tendo um elétron na terceira camada. Desta forma, a 3° EI será menor para o alumínio do que para o sódio e o magnésio. A Tabela 5 mostra ainda outro fato curioso. Avançando nos grupos, observa-se uma diminuição nos valores de EI – menos entre o alumínio e o gálio. A diminuição dos valores de EI dentro dos grupos é esperada, uma vez que o raio aumenta descendo nos grupos e, portanto, a energia de ionização deve diminuir. Portanto, é preciso entender por que isto não é observado entre os elementos alumínio e gálio. Assim como as outras variações não esperadas, a razão para a anomalia reside na configuração eletrônica destes elementos: 13Al 31Ga Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial 2 2 2 2 6 2 1s 2s 2p 3s 3p 6 2 6 1 10 1s 2s 2p 3s 3p 3d 2 1 4s 4p Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional O gálio possui elétrons em orbitais do tipo d. Como exposto anteriormente, orbitais deste tipo têm pouca eficiência na blindagem dos próximos elétrons. Dez dos dezoito elétrons que o gálio tem a mais que o alumínio tem pouco efeito para a blindagem. Portanto, a blindagem do gálio varia de maneira discreta quando confrontada com o aumento do número de elétrons. Se a blindagem não varia de maneira significativa devido a estes dez elétrons em orbitais d, o mesmo não pode ser dito sobre a carga nuclear do gálio. Os dezoito prótons a mais fazem a força de atração do núcleo do gálio ser muito maior do que a do alumínio. A soma dos dois fatores (grande aumento na carga nuclear e um aumento relativamente pequeno da blindagem) faz a carga nuclear efetiva do gálio ser maior que a do alumínio. Assim, a energia para retirar um elétron do gálio é maior que no alumínio, apesar do gálio ter uma camada a mais. Alguns desses efeitos eletrônicos são observados também no ganho de elétrons, como será visto adiante. 2.4 – Afinidade Eletrônica (AE) A energia de ionização representa o quão fácil (ou difícil) um átomo perde um elétron. Já a afinidade eletrônica mede a tendência de um átomo se tornar um ânion. A afinidade eletrônica pode ser definida como sendo a energia envolvida na reação de 1 mol de átomos no estado gasoso com 1 mol de elétrons: M(g) + 1e → M – – (g) Ao contrário da EI, que é sempre positiva, o ganho de elétrons pode ter valores positivos ou negativos. A afinidade eletrônica definida nestes termos também é chamada de entalpia de ganho de elétron (ΔHge). Outra definição da afinidade eletrônica é considerá-la o oposto da entalpia de ganho de elétrons, isto é AE = – ΔHge e será esta definição que usaremos aqui. Assim, valores positivos de AE significam liberação de energia enquanto valores negativos representam processos onde há absorção de energia ao se ganhar o elétron. Quanto maior for a AE, maior é a tendência do átomo de ganhar um elétron. Esta tendência seguirá, basicamente, três parâmetros: a configuração eletrônica, a carga nuclear efetiva e o raio atômico. A configuração eletrônica dos elementos terá a mesma influência que para o caso da EI. Para orbitais degenerados, como os do tipo p, haverá um custo adicional de energia se a distribuição eletrônica não é simétrica. Já a carga nuclear efetiva funciona como um parâmetro de atração ao elétron que irá entrar no átomo. Quanto maior for Z*, mais fácil é a entrada do elétron, portanto, maiores serão os valores de afinidade eletrônica. O raio atômico tem um papel importante para a afinidade eletrônica. Técnico em Química - Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional A entrada de um novo elétron em um subnível sofrerá repulsão dos elétrons que já o ocupam. Quanto mais elétrons, maior a repulsão. Se o raio atômico for grande, a repulsão será minimizada, pois os elétrons podem se dispersar em um volume maior. Para átomos com raios menores, a repulsão será mais forte, dificultando a entrada do elétron. A Tabela 6 mostra os valores de afinidades eletrônicas para alguns átomos. Pode-se perceber que a tendência seria a AE aumentar ao longo do período, acompanhando o aumento de Z*. É possível verificar algumas exceções a esta tendência, como o grupo 2 e o grupo 15, além do grupo 18. Como foi dito antes, a explicação para os valores de EI (Tabela 4) mais altos que o esperado está relacionada com a distribuição simétrica dos elétrons em orbitais degenerados. A saída de um elétron quebra este arranjo simétrico (para o nitrogênio, Figura 16a). Da mesma forma, a entrada de um elétron também produz um desequilíbrio na distribuição dos elétrons nestes orbitais. Portanto, a entrada de um novo elétron será altamente desfavorável, o que leva aos valores negativos para alguns dos elementos (como o nitrogênio, berílio e magnésio) ou valores próximos de zero para alguns outros elementos. Tabela 6. Valores de afinidade eletrônica (em eV) para alguns elementos. Grupos 1 2 13 14 15 16 H 0,754 17 18 He – 0,5 Li 0,618 Be <0 B 0,277 C 1,263 N – 0,07 O 1,461 F 3,399 Ne – 1,2 Na 0,548 Mg <0 Al 0,441 Si 1,385 P 0,747 S 2,077 Cl 3,617 Ar – 1,0 K 0,502 Ca 0,02 Ga 0,30 Ge 1,2 As 0,81 Se 2,021 Br 3,365 Kr – 1,0 Rb 0,486 Sr 0,05 In 0,3 Sn 1,2 Sb 1,07 Te 1,971 I 3,059 Xe – 0,8 A influência do raio atômico é mais sutil e menos constante. Pode-se usar o flúor e o cloro como exemplos para ilustrar isto. O cloro é maior que o flúor e, por isso, o elétron que entrará no átomo será menos atraído pelo núcleo. Consequentemente a entrada do elétron seria menos favorecida. No entanto, com o aumento do raio atômico, ao mesmo tempo em que o elétron fica mais distante do núcleo também ficará distante dos outros elétrons do cloro, diminuindo a repulsão. No caso do flúor, a atração do núcleo ao elétron que irá entrar é grande, já que o raio é menor que o do cloro. Mas, se o raio é pequeno, a repulsão dos outros elétrons em relação ao novo elétron também é grande. Então, temos no cloro uma menor atração, mas também uma menor repulsão, enquanto o flúor tem maior atração e repulsão. O resultado deste quebracabeça energético é que a entrada do elétron para o átomo de cloro é mais favorecida que para o flúor. Portanto, entre flúor e cloro, a repulsão é o fator determinante. Mas, se continuarmos descendo no grupo, veremos que a atração passará a governar o valor da AE. Técnico em Química - Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Por conta de todas essas variáveis, a afinidade eletrônica é uma propriedade de difícil previsão quando comparada com a energia de ionização, a carga nuclear efetiva ou o raio atômico. Um outro ponto importante a ser destacado, são os valores negativos para as afinidades eletrônicas dos gases nobres. Isto indica que é preciso dar energia aos elementos do grupo 18 para que aceitem o elétron. Curiosamente são os elementos desse mesmo grupo, que apresentam os maiores valores de energia de ionização nos períodos. 2.5 – Eletronegatividade (χ) Em uma ligação química com elementos diferentes, um atrai mais os elétrons que o outro. A eletronegatividade é a propriedade que representa a força de atração de um átomo pelos elétrons de uma ligação. Esta propriedade está diretamente relacionada com as outras duas aqui apresentadas: a energia de ionização e a afinidade eletrônica. Um elemento eletronegativo é aquele que: 1) não perde elétrons com facilidade – ou seja, tem um valor elevado de EI; 2) aceita elétrons com facilidade – valores elevados de AE. Ao contrário da EI e AE, não existe uma medida experimental para a eletronegatividade; ao invés de uma definição experimental, têm-se diversas definições teóricas para a eletronegatividade. Uma definição bastante usada e muito ilustrativa é a proposta por Mulliken: χM = (EI + AE) 2 (4) Uma outra escala de eletronegatividade, muito mais popular que a de Mulliken, foi proposta por Pauling, que levou em consideração que a eletronegatividade não era uma propriedade de um átomo isolado. Com isso, os valores da escala de Pauling são ligeiramente mais coerentes que os de Mulliken. A Tabela 7 mostra alguns valores de eletronegatividade para ambas as escalas. Tabela 7. Eletronegatividades de Pauling (P) e Mulliken (M) de alguns átomos. Grupos 1 2 13 14 15 16 17 Li Be B C N O F 0,98 (P) 1,57 (P) 2,04 (P) 2,55 (P) 3,04 (P) 3,44 (P) 3,98 (P) 1,28 (M) 1,99 (M) 1,83 (M) 2,67 (M) 3,08 (M) 3,22 (M) 4,43 (M) Na Mg Al Si P S Cl 0,93 (P) 1,31 (P) 1,61 (P) 1,90 (P) 2,19 (P) 2,58 (P) 3,16 (P) 1,21 (M) 1,63 (M) 1,37 (M) 2,03 (M) 2,39 (M) 2,65 (M) 3,54 (M) 18 He – 5,5 (M) Ne – 4,60 (M) É importante lembrar que o uso da eletronegatividade só faz sentido ao se tratar de fenômenos relacionados às ligações químicas. Técnico em Química - Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Exercícios 01 – Defina orbital. 02 – Defina o que é região nodal. Qual sua relação com o número quântico principal? 03 – Dê a definição da Regra de Hund e do Princípio da Exclusão de Pauli. 04 – Explique o que é blindagem e como esse parâmetro varia com o tipo dos orbitais. 05 – Defina carga nuclear efetiva. 06 - Qual sofrerá a maior carga nuclear efetiva, os elétrons no nível n = 3 em Ar ou os do nível n = 3 em Kr? Qual será o mais próximo do núcleo? Explique. 07 – Explique como a carga nuclear efetiva varia ao longo de um período da tabela periódica. 08 – Qual a relação entre a carga nuclear efetiva e o raio atômico? 9 – Explique porque o raio atômico diminui do Boro para o Flúor. 10 – Explique porque a primeira energia de ionização do Lítio é menor que o do Berílio. 11 – Consulte a Tabela 4 e explique: a) a variação da energia de ionização ao longo dos períodos; b) a variação da energia de ionização ao longo dos grupos. 12 – Explique a variação da energia de ionização entre os grupos 15 e 16. 13 – Qual o significado físico dos valores positivos ou negativos da afinidade eletrônica? 14 – Por que a energia de ionização é sempre positiva? 15 – Por que a afinidade eletrônica do nitrogênio é negativa? 16 – Sabe-se que os gases nobres, em sua grande maioria, são inertes. Relacione esse comportamento com a energia de ionização e a afinidade eletrônica destes elementos. 17 – Defina eletronegatividade. 18 – Por que não existem valores de eletronegatividade de Pauling para o hélio e o neônio? 19 - (a) Por que os raios de íons isoeletrônicos diminuem com carga nuclear crescente? (b) Qual sofre a maior carga nuclear efetiva, um elétron 2p em F-, um elétron 2p em Ne, ou um elétron 2p em Na+? 20 - (a) Qual é a relação geral entre o tamanho de um átomo e sua primeira energia de ionização? (b) Qual elemento na tabela periódica tem a maior energia de ionização? E qual tem a menor? Técnico em Química - Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 2.6 – Raio Iônico Quando um átomo perde ou ganha elétrons, seu tamanho varia em relação ao do átomo neutro. Então, o raio atômico não serve como parâmetro para o tamanho dos íons. Ao perder um ou mais elétrons, o tamanho do átomo diminui porque uma camada antes ocupada pode ficar sem elétrons (casos dos grupos 1 e 2) e também por conta da maior atração exercida pelo excesso de prótons em relação ao número menor de elétrons. Logo, quanto maior for a carga do cátion, menor será seu raio. No caso contrário, quando são formados ânions, o raio aumenta. A atração do núcleo para cada elétron diminui, uma vez que existem mais elétrons para “dividir” a força de atração do núcleo. Outro motivo é a repulsão entre os elétrons. Quanto maior for o número de elétrons em excesso, maior será a repulsão. Portanto, quanto maior for a carga do ânion, maior será o raio iônico. A medida de raios iônicos é muito mais complicada que a de raios atômicos. Fatores como a estrutura dos sólidos iônicos, número de coordenação e caráter covalente devem ser levados em conta. 2.7 – Regras de Fajans: Poder Polarizante e Polarizabilidade O poder polarizante representa o quanto um íon pode polarizar a nuvem eletrônica de um outro íon em sua direção. Ou seja, o quanto um núcleo de um átomo atrai os elétrons de outro átomo. Tanto o cátion, como o ânion, polarizam um ao outro. Normalmente costuma-se tratar de poder polarizante apenas para cátions, uma vez que o efeito do poder polarizante dos ânions em cátions são muito mais fracos. O poder polarizante depende de dois parâmetros principais: o raio iônico e a carga do cátion. Para avaliar corretamente o efeito de cada parâmetro no poder polarizante, variaremos um de cada vez (embora este seja um exercício puramente teórico). n+ Primeiramente, considere dois cátios de mesma carga, M , mas de raios iônicos Diferentes. Uma mesma carga, quando em distâncias diferentes, terá forças de atrações diferentes. Como a força (ou a energia de atração) é inversamente proporcional à distância. Para o cátion de menor raio a força do núcleo será mais atuante na periferia do núcleo. Portanto, quanto menor for o raio iônico do cátion, maior será seu poder polarizante. Da mesma forma, considere dois cátions de cargas diferentes, mas com o mesmo raio + iônico. A variável agora é Z . A força de atração aumentará sempre que a carga aumentar. Portanto, o cátion de maior carga atrairá os elétrons do ânion de forma mais efetiva. Mas, é preciso que se lembre, carga e raio iônico estão intimamente ligados. Portanto, quando a carga do cátion aumenta, o raio diminui. Assim, para melhor descrever o poder polarizante, usa-se a razão carga-raio dos cátios. Cátions de elevada razão carga-raio, são mais polarizantes que cátions de razão carga-raio pequena. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional A polarizabilidade pode ser descrita como o inverso do poder polarizante. É quanto um íon se permite polarizar na presença de outro íon. Novamente, esta medida é dependente da carga e do raio do ânion. Ânions grandes, dos últimos períodos da Tabela Periódica, são muito polarizáveis. Da mesma forma, ânions de carga elevada (em módulo) tendem a ser mais polarizáveis, uma vez que seus elétrons não estão sofrendo grande atração do próprio núcleo. O que acontece quando temos um cátion com grande poder polarizante e um ânion extremamente polarizável? Quando o ânion se deixa polarizar, seus elétrons vão à direção ao cátion, dando um caráter covalente a esta ligação. Então, o poder polarizante e a polarizabilidade são importantes parâmetros na análise de da ligação iônica. Sabe-se que existe um grau de covalência nas ligações iônicas e isto é governado por estes dois parâmetros. Fajans resumiu estas idéias em quatro regras, que são conhecidas como Regras de Fajans: 1) Um cátion pequeno favorece a covalência. Em íons pequenos a carga positiva se concentra em um pequeno volume. Com isto o íon se torna altamente polarizante e, por isso, tenderá a distorcer mais o ânion. 2) Um ânion grande favorece a covalência. Íons grandes são altamente polarizáveis, já que os elétrons de periferia estão afastados da influência próprio núcleo, ficando suscetíveis a influência de núcleos vizinhos, como os do cátion. 3) Carga elevada (em módulo), em qualquer um dos íons, favorece a covalência. Como foi visto, a carga elevada aumenta o poder polarizante do cátion e também a polarizabilidade do ânion. 4) O poder polarizante de cátions sem a configuração de gases nobres favorece a covalência. Este é um aspecto interessante. Os cátions sem a configuração de gases nobres, são, normalmente, elementos dos blocos d ou f da Tabela Periódica. Neste caso, a péssima blindagem dos orbitais do tipo d e/ou f causa um grande aumento na carga nuclear efetiva destes cátions. A consequência é que seu poder polarizante é ainda maior que de um cátion com configuração de gás nobre. 2.8 – Hidrólise de Cátions Uma vez que grande parte da química é feita em meio aquoso, temos que conhecer as propriedades dos compostos neste meio. O estudo da dissociação em meio aquoso trouxe vários conceitos novos e muito importantes para o dia a dia da química. O mais importante destes conceitos é, sem dúvida, o de ácidos e bases. O Sueco Svante Arrhenius definiu um – + ácido como composto que, em água, liberava íons H , enquanto uma base liberaria íons OH . Mais de 20 anos depois, o dinamarquês Johannes N. Brønsted e o inglês Thomas M. Lowry, separadamente, formularam novas idéias sobre ácidos e bases. O conceito de ácido é de uma + substância capaz de doar um próton (comumente tratado como o íon H ) enquanto a base é a substância que irá acomodar o próton. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Como as reações ácido-base de Brønsted-Lowry são reações em equilíbrio, podem-se determinar as constantes de destes equilíbrios e, então, montar uma escala chamada de pH, para classificar as substâncias como ácidas, neutras ou básicas. No meio aquoso, um ácido segundo Brønsted e Lowry se comporta da seguinte forma: HA + H2O – + 1 H3O + A enquanto uma base apresentaria a seguinte reação: B + H2O + HB + OH – 2 – Considere o ânion A , a base conjugada do ácido HA na reação (1). Ao dissolvermos – um sal MA em água, o ânion A sofrerá um processo que chamamos de hidrólise, representado + na equação abaixo (considerando que M é um íon espectador). – A + H2O HA + OH – 3 + Da mesma forma, o ácido conjugado HB sofrerá uma hidrólise se um sal HBX for – dissolvido em água (considerando X um íon espectador): + + HB + H2O H3O + B 4 Na reação 3 a hidrólise é do tipo básica enquanto na reação 4 a hidrólise foi + ácida. Se, por exemplo, o sal fosse formado pelo cátion HB tipos de hidrólise acontecendo. Mas, nem - e o ânion A teríamos os dois todos os cátions e ânions apresentam reações de hidrólise. Por exemplo, as bases conjugadas de ácidos fortes não se comportam – como o ânion A . O mesmo se aplica para cátions de bases fortes: não apresentam hidrólise. No entanto, a hidrólise de cátions é um processo menos trivial do que para os ânions. A questão vai além de ser derivado de uma base forte ou fraca. Como explicar que uma solução de cloreto férrico ou de alumínio tem pH ácido? Quando um sólido iônico é dissolvido, há a quebra da ligação entre cátion e ânion, mas também há a formação de ligações entre soluto e solvente. Isto é, os cátions e os ânions formam ligações (em grande parte intermoleculares) com o as moléculas do solvente, o que chamamos de solvatação. Quando o solvente é a água, chamamos este processo de hidratação. A água é um solvente sabidamente polar, então, suas partes positivas, os hidrogênios, se aproximam dos ânions enquanto a parte negativa, o oxigênio, interage com os cátions. Para os cátions há a formação de espécies chamadas de complexos aquo-íons, tipicamente na proporção de um cátion para seis moléculas de água como mostra a Figura 28. É a partir desses aquo-íons que o fenômeno de hidrólise acontece. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional n+ OH2 H2O OH2 M H2O OH2 OH2 [M(H2O)6]n+ Figura 06. Um aquo-íon de um cátion de carga +n, com número de coordenação igual a seis. n+ Dependendo das características do cátion M , a interação com o oxigênio da água pode ser intensa. Tão intensa a ponto de o oxigênio preferir uma ligação com o cátion do que com um dos hidrogênios. Quanto mais o cátion atrair o par de elétrons, isto é, quanto maior for o poder polarizante do cátion, mais intensa será a interação. Conforme a interação cátionoxigênio se torna forte, a ligação oxigênio-hidrogênio enfraquece, até que a ligação se rompe, + n+ liberando um íon H para o meio. Isto faz do aquo-íon [M(H2O)6] um ácido de Brønsted. Para uma solução de cloreto férrico, existirão os seguintes equilíbrios em solução: O hidróxido de férrico, [Fe(H2O)3(OH)3], é um precipitado cor ferrugem que, normalmente, está presente nas soluções de ferro (III). Para evitar sua formação, adiciona-se um pouco de ácido à solução, deslocando as reações de equilíbrio no sentido inverso. De maneira contrária, a adição de base favorece a formação do hidróxido. Dependendo do cátion, os hidróxidos podem apresentar comportamento anfótero. Um composto é dito anfótero quando reage tanto com ácidos como com bases. O hidróxido de alumínio, insolúvel, quando em presença de ácidos ou bases, se dissolvendo segundo as reações abaixo: Al(OH)3 + 3H3O Al(OH)3 + OH – + 3+ Al + 6H2O – [Al(OH)4] Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional um processo semelhante ao do hidróxido de zinco: Zn(OH)2 + 2H3O Zn(OH)2 + OH + – 2+ Zn + 4H2O – [Zn(OH)3] O mesmo tipo de reação é observado para óxidos e/ou hidróxidos de berílio, gálio, ferro (III), cromo (III) e outros. Podem-se observar outras consequências do aumento do caráter covalente das ligações iônicas. Exemplos deste fator aparecem em propriedades como o ponto de fusão e ebulição, solubilidade e estabilidade térmica. A Tabela 08 reúne os pontos de fusão de alguns compostos para a análise do efeito da polarização da ligação iônica. É possível perceber que o ponto de fusão é menor nos compostos com maior caráter covalente. Comparando-se compostos do mesmo ânion e com cátions de um mesmo grupo (mesma carga), percebe-se o este efeito mais facilmente. O BeCl2 possui um ponto de fusão menor que o CaCl2. Segundo as regras de Fajans, cátions com menor raio, favorecem a covalência. Da mesma forma, comparando-se compostos de mesmo cátion e ânions de um mesmo grupo, como os haletos de lítio ou potássio, tem-se que quanto maior for o raio do ânion, maior é o caráter covalente da ligação iônica, menor será o ponto de fusão. Tabela 08. Pontos de fusão de alguns compostos. Composto Ponto de Fusão Composto Ponto de Fusão BeCl2 405 °C NaBr 747 °C CaCl2 782 °C MgBr2 700 °C HgCl2 276 °C AlBr3 97,5 °C LiF 845 °C KCl 771 °C LiCl 605 °C KBr 734 °C LiI 449 °C KI 681 °C Um outro fator importante a ser considerado é a carga dos íons. A comparação entre os brometos de sódio, magnésio e alumínio mostram que o cátion com o maior poder polarizante – portanto maior razão carga/raio – terá o menor ponto de fusão. Há ainda o último fator evidenciado por Fajans, cátions sem a configuração de gás nobre possuem maior poder polarizante aumentando o caráter covalente da ligação iônica. Ao analisar os valores de ponto de fusão dos cloretos de cátions +2, BeCl2, CaCl2 e HgCl2 notase que o ponto de fusão do último é menor, caracterizando um acentuado caráter molecular. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Embora seja claro o efeito da polarização da ligação iônica, deve-se tomar cuidado neste tipo de análise, afinal a fusão de compostos não é uma função apenas do caráter da ligação. Um exemplo claro é visto na Tabela 08 O brometo de sódio tem ponto de fusão maior que o brometo de potássio, embora o cátion sódio seja menor que o cátion potássio (o que aumentaria o caráter covalente). É conveniente lembrar que além de favorecer a covalência, um cátion menor também diminui a energia do retículo cristalino, estabilizando o composto iônico no estado sólido, como se pode analisar pela equação . Desta forma, nem sempre a covalência será o fator determinante, principalmente nos casos onde o poder polarizante não é tão pronunciado, como para os cátions sódio e potássio. Também se pode correlacionar a polarização da ligação iônica com a temperatura de decomposição de carbonatos. Os carbonatos de metais alcalinos terrosos se decompõem na seguinte ordem: BeCO3 (instável), MgCO3 (350 °C), CaCO3 (900 °C), SrCO3 (1290 °C) e BaCO3 (1360 °C). Este comportamento pode ser explicado com base na polarização do íon carbonato pelos cátions, forçando sua decomposição no óxido e em CO2. Dessa forma, quanto maior for o poder polarizante do cátion, mais fácil é a decomposição do carbonato. Este argumento pode ser usado também para explicar a baixa temperatura de decomposição de carbonatos como os de cádmio e chumbo (II) (por volta de 350 °C). Uma vez que são cátions sem a configuração de gás nobre, possuem alto poder polarizante e, portanto, facilitam a decomposição. O mesmo raciocínio pode ser usado para a decomposição de nitratos, sulfatos e fosfatos. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Exercícios 1 – Por que os compostos iônicos não conduzem eletricidade no estado sólido, mas o fazem quando dissolvidos ou fundidos? 2 – Explique porque compostos iônicos possuem pontos de fusão elevados quando comparados com compostos covalentes. 3 – Defina polarizabilidade e poder polarizante. 4 – Segundo as regras de Fajans, a ligação entre um cátion pequeno e um ânion grande será mais covalente que a ligação entre um cátion grande e um ânion grande. Explique este efeito. + 5 – A tabela a seguir mostra a comparação entre a soma dos raios iônicos do cátion Ag e os + – haletos (r +r ) e os valores experimentais observados. + – Composto r +r (pm) rexperimental (pm) erro AgF 248 246 0,81 % AgCl 296 277 6,86 % AgBr 311 289 7,61 % AgI 320 281 13,88 % + – Os raios iônicos utilizados para a soma “r +r ” foram compilados por Shannon e Prewitt (Shannon, R. D. Acta Crystallogr., A32, 751 – 767, 1976) baseados em dados experimentais. Compostos iônicos como fluoretos e óxidos foram usados para determinar os raios de cátions enquanto o raio dos ânions, como os haletos, foi extraído de compostos iônicos com os metais alcalinos. Com base nesta informação e de posse com os dados da tabela, explique as razões + – que levam ao erro crescente entre os dados teóricos (r +r ) e os dados experimentais. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 3 – Teoria da Ligação de Valência A Teoria da Ligação de Valência (TLV) cresceu diretamente das idéias de Lewis sobre o emparelhamento de elétrons de dois diferentes átomos. Em 1927, W. Heitler e F. London propuseram um modelo baseado na recém formulada mecânica quântica para tratar a molécula de hidrogênio. Este tratamento quântico ficou conhecido como método da ligação de valência e foi desenvolvido nos anos seguintes, principalmente por Linus Pauling e John C. Slater. Não serão abordados aqui os aspectos matemáticos da TLV, apenas suas consequências e os avanços que trouxe para o entendimento da ligação química. A idéia central da TLV vem do entrosamento dos orbitais atômicos de cada átomo para formar ligações químicas. Se os orbitais se encontram de maneira frontal (Figura 30a), tem-se uma ligação do tipo sigma (σ). Se os orbitais estão paralelos (Figura 07b), forma-se uma ligação do tipo π. Figura 07. (a) Ligação σ entre orbitais do tipo s e p e (b) Ligação π entre dois orbitais do tipo p. Usaremos a molécula do CH4 para compreender estas ideias. As configurações eletrônicas dos átomos desta molécula são: 6C 2 2 2 = 1s 2s 2p 1H = 1s 1 considerando apenas as camadas de valência de ambos os átomos, tem-se: Para o Carbono: Para os 4 Hidrogênios: 4 orbitais 1s 2s 2p Sabe-se que o carbono fará uma ligação com cada hidrogênio e como é preciso um elétron de cada um dos átomos para formar estas ligações, os elétrons emparelhados no orbital 2s do carbono precisarão ser desemparelhados. Além disso, um desses elétrons precisará ser excitado até o orbital p vazio. Isto é chamado de promoção do elétron. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Por conta da promoção do elétron, o carbono estará com quatro orbitais com um elétron cada, podendo então ligar-se a quatro outros átomos. Então, as ligações do CH4 se formam da seguinte maneira: Carbono 2s 2p Hidrogênios 1s 1s 1s 1s Segundo a TLV, tem-se uma ligação entre dois orbitais do tipo s e três ligações entre orbitais s do hidrogênio e os do tipo p do carbono . Uma conclusão disto é que uma das ligações do metano será diferente das demais, já que os orbitais envolvidos são diferentes. Porém, resultados experimentais dizem o contrário: todas as ligações entre carbono e hidrogênio na molécula de CH4 são iguais em comprimento e em termos energéticos. Para justificar observações como esta, foi introduzido um novo conceito dentro da TLV: o de hibridação dos orbitais atômicos. Figura 08. Tipos diferentes de ligações: (a) entre dois orbitais s e (b) entre um orbital s e um p. 3.1 – Hibridação dos Orbitais Atômicos Voltemos à etapa de promoção de um dos elétrons do orbital 2s para o orbital vazio do subnível 2p. Existe um gasto de energia para promover o elétron para um orbital de maior energia, que será compensado depois com a formação da ligação. Este gasto de energia seria inexistente se os orbitais dos subníveis 2s e 2p tivessem a mesma energia. No entanto, só orbitais do mesmo tipo podem ser degenerados. Aqui entra uma particularidade dos orbitais. Como são as representações espaciais das funções de onda, estas podem ser combinadas de diversas maneiras, de forma que a energia total da molécula seja minimizada. A combinação das funções de onda dá origem a outras funções, que geram outros orbitais, que são as combinações dos orbitais iniciais. Este é o fundamento da hibridação dos orbitais atômicos. Eles se combinam de forma a minimizar a energia da molécula e, por fim, justificar as observações experimentais Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 3.1.1 – Hibridação do tipo sp 3 3 Na hibridação do tipo sp um orbital do tipo s irá se combinar com três orbitais do tipo p 3 que formarão quatro orbitais híbridos do tipo sp . É este o tipo de hibridação com os orbitais do carbono no metano, para citar um exemplo. No carbono do metano, representa-se a hibridação da seguinte maneira: 2s 2p 4 orbitais híbridos do tipo sp3 3 São estes quatro orbitais híbridos do tipo sp do carbono que irão se ligar aos quatro átomos de hidrogênio. Com o modelo da hibridação, todos os orbitais do carbono envolvidos nas ligações com os átomos de hidrogênio são iguais, explicando porque as quatro ligações no metano são idênticas. A hibridação dos orbitais também define a geometria da molécula. Como os orbitais se combinam buscando minimizar a energia do sistema, eles se distribuem no espaço tentando minimizar as repulsões entre as ligações. Isto é, eles se afastarão o máximo possível um do outro. Se houvessem duas ligações, o ângulo entre elas seria de 180°. Com quatro ligações 3 (quatro orbitais do tipo sp ) a maior distância possível é encontrada quando o ângulo entre as ligações é de 109,47°. Este arranjo espacial é chamado de tetraedro (Figura 09). O tetraedro tem quatro faces triangulares e quatro vértices. O átomo central, o carbono no CH4, se posiciona no centro do tetraedro enquanto os outros átomos, os de hidrogênio neste exemplo, ocupam os vértices do tetraedro (Figura 09). Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Figura 09. O tetraedro. H H 109,47o C C H H H H H H Figura 10. Algumas maneiras de visualizar a geometria tetraédrica do CH4. 3.1.2 – Ligações π: Hibridação do tipo sp e sp 2 As ligações π têm uma particularidade: os orbitais que formarão este tipo de ligação precisam estar paralelos. Por esta razão, os orbitais que participarão de uma ligação do tipo π não podem ser híbridos. Tomemos as móleculas de eteno (C2H4) e o dióxido de carbono (CO2) como exemplos. Suas estruturas de Lewis são mostradas na Figura 34. Cada carbono da molécula de eteno tem uma ligação do tipo π e três do tipo σ. No dióxido de carbono são duas ligações π para um só carbono. Então, cada carbono do eteno terá que “reservar” um dos orbitais p para fazer a ligação π. Da mesma forma, o carbono do CO2 terá de “reservar” dois de seus orbitais do tipo p. H H C H O C C O H Figura 11. As estruturas de Lewis do eteno e do dióxido de carbono. 2 Então, a hibridação dos carbonos seria do tipo sp , conforme o esquema abaixo: 2s 2p 2s 2p 1 orbital s + 2 orbitais p = 3 orbitais híbridos sp2 Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Ligação π Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional São os três orbitais híbridos do tipo sp que farão as três ligações σ de cada carbono 2 na molécula de eteno. Estas ligações definem um plano e têm um ângulo de 120° entre elas. Este arranjo é chamado de trigonal plano (ou trigonal planar) e a ligação π é perpendicular ao plano das ligações σ (Figura 35). H Orbitais p não hibridizados que formarão a ligação π H C 120 o C H H Figura 12. A geometria trigonal plana e a posição dos orbitais p não hibridizados. Já para a molécula de dióxido de carbono, a hibridação será do tipo sp, uma vez que apenas um dos orbitais p estará disponível para combinar-se com o orbital s: 2s 2s 2p 2p 1 orbital s + 1 orbital p = 2 orbitais híbridos sp Para duas ligações π As duas ligações σ, formadas pelos orbitais híbridos sp, estarão separadas por um ângulo de 180°, dando origem a uma geometria angular (Figura 12). As ligações π são perpendiculares entre si (como os orbitais p não hibridizados). Na Figura 12, uma das ligações π é formada ao longo do eixo z (orbitais p azuis) enquanto a outra é formada no eixo x (orbitais p vermelhos). z z z O C O 180o O C O x Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial x x y Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Figura 12. A geometria linear com os orbitais híbridos sp e as ligações π. 3 2 As hibridações do tipo sp , sp e sp descrevem de maneira correta os compostos onde o átomo central é um elemento que segue a regra do octeto. Moléculas que têm como átomo central elementos do segundo período da Tabela Periódica apresentarão uma destas hibridações citadas acima. No entanto, a formação de orbitais híbridos com apenas orbitais do tipo s e p não conseguem explicar a existência de alguns compostos, como o PCl5 ou o SF6. 3.1.3 – Expansão do Octeto Tanto o PCl5 como o SF6 são exemplos de compostos onde o átomo central ultrapassa o número de ligações esperado pela regra do octeto. Para formar um maior número de ligações, os átomos centrais precisam de mais orbitais disponíveis que os do tipo s e p. E a partir do terceiro período da Tabela Periódica estes novos orbitais, do tipo d, estão disponíveis. Para melhor entender este fenômeno, deve-se olhar em particular cada caso. O fósforo é o átomo central da molécula de PCl5. Situado no grupo 15, o mesmo do nitrogênio, no bloco p da Tabela Periódica, o fósforo precisaria de três ligações para completar o octeto. E isso é observado em alguns de seus compostos como nas moléculas de PH3 ou PCl3. A configuração eletrônica do fósforo é: 15P 2 2 6 2 3 = 1s 2s 2p 3s 3p É a partir da terceira camada que o subnível d começa, estando disponível para hibridizar com os orbitais do subnível 3s e 3p do fósforo. Aqui está a razão central da expansão do octeto. Átomos que tenham orbitais d vazios em suas camadas de valência podem usá-los para fazer um número maior de ligações. Como estes orbitais d vazios têm energias próximas a dos outros orbitais preenchidos da camada de valência, a hibridação com orbitais de um subnível vazio não tem um custo energético muito grande. No final, a energia liberada com o maior número de ligações compensará o gasto na hibridação. É por isso que os elementos do segundo período não expandem o octeto, pois em suas camadas de valência (a segunda), não existem subníveis com orbitais vazios de energia próxima da dos ocupados. A hibridação do fósforo pode ser vista na Figura 37. 3 Com cinco orbitais híbridos do tipo sp d, o fósforo pode fazer as cinco ligações 3 observadas no composto PCl5. Na hibridação do tipo sp d tem-se um arranjo espacial bipiramidal triangular, pois a figura corresponde a duas pirâmides que dividem a mesma base triangular (Figura 38). As ligações da base das pirâmides (ligações equatoriais) estão separadas por ângulos de 120° entre si e por um ângulo de 90° com as ligações axiais (Figura 15). Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional E 1 orbital s + 3 orbitais p + 1 orbital d 3d 3p 3s E 4 orbitais do tipo d não hibridizados 5 orbitais híbridos sp3d Figura 13. A hibridação sp3d do fósforo. Cl Cl Cl Cl P Cl P Cl Cl Cl Cl Figura 14. A geometria bipiramidal triangular em diversas representações. Cl Cl o 90 o 120 Cl Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial P Cl Cl Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Cl Figura 15. Ângulos da geometria bipiramidal triangular. O caso do enxofre no SF6 será semelhante ao observado para o fósforo no PCl5. A diferença está no número de ligações e no número de elétrons do enxofre em relação ao fósforo. A configuração eletrônica do enxofre é 16S 2 2 6 2 4 = 1s 2s 2p 3s 3p Como precisa formar uma ligação a mais do que o fósforo no PCl5, o enxofre usará um 3 2 orbital d a mais, formando seis orbitais híbridos, do tipo sp d (Figura 40). E 1 orbital s + 3 orbitais p + 2orbitais d 3d 3p 3s E 3 orbitais do tipo d não hibridizados 6 orbitais híbridos sp3d2 3 2 Figura 16. A hibridação sp d do enxofre. A distribuição das ligações no espaço segue um arranjo octaédrico (Figura 17). Um octaedro pode ser descrito como sendo duas pirâmides unidas por uma base quadrada. Todas as ligações fazem ângulos de 90° entre elas. Existem outros tipos de hibridação de orbitais, mas ou não são muito comuns ou são 3 pequenas variações dos tipos que foram apresentados, como a hibridação sd que apresenta 3 as mesmas características da sp , mas usa orbitais d ao invés dos orbitais p. De toda forma, Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional estas variações também são incomuns. F F F S F F F F S F F F F F F S F F F F F Figura 17. Diferentes maneiras de se representar um octaedro. 3.2 – Modelo da Repulsão dos Pares de Elétrons da Camada de Valência No início dos anos 40, N.V. Sidgwick e H.M. Powell fizeram um levantamento das estruturas das moléculas até então conhecidas e perceberam que era possível prever suas formas aproximadas a partir do número de pares de elétrons na camada de valência do átomo central da molécula. Anos mais tarde, em 1957, R.J. Gillespie e R.S. Nyholm aperfeiçoaram as idéias de Sidgwick e Powell e desenvolveram o que se chamou de Modelo da Repulsão dos Pares Eletrônicos da Camada de Valência (ou Modelo VSEPR, sigla do inglês Valence Shell Electron Pair Repulsion). O modelo da VSEPR é extremamente útil para se determinar a geometria das moléculas partindo apenas da estrutura de Lewis. Além disso, é mais simples usar o modelo VSEPR que a teoria da hibridação, sendo que ambos darão, obrigatoriamente, o mesmo resultado para as estruturas moleculares. De certa maneira, é mais fácil usar a teoria VSEPR para descobrir a hibridação a partir da geometria do que o contrário. A teoria da VSEPR é bem simples e sustenta que o arranjo das moléculas no espaço é determinado pelas repulsões entre os pares de elétrons presentes no nível de valência, uma vez que qualquer par de elétrons, ligante ou não ligante, ocupa espaço e repelem um ao outro. Pares de elétrons isolados repelem mais que os que participam de uma ligação, uma vez que só são atraídos por um núcleo, enquanto que os pares ligantes são atraídos por dois núcleos. Por conta dessa maior repulsão, eles “ocupam mais espaço” que os demais e, com isso, causam distorções no arranjo espacial da molécula. As ligações duplas apresentam maior repulsão que as simples, pois a densidade eletrônica entre os dois átomos envolvidos é maior quando há ligações múltiplas. Pelo menos motivo, a ligação tripla apresenta maior repulsão que a dupla. Embora sejam consideradas em termos repulsivos, as ligações π não são consideradas como pares de elétrons ligantes para a definição da geometria molecular. Isto é, se um átomo central tem três ligações σ e uma do tipo π, para o modelo da VSEPR só devem-se contar apenas três pares de elétrons, uma vez que o par que forma a ligação π estará restrito ao espaço definido pela ligação σ. A repulsão aumenta conforme a sequência: ligações simples < ligações duplas < ligações triplas < pares isolados. O par de elétrons de maior repulsão afasta os outros pares de elétrons de si. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Também é preciso definir a diferença entre o arranjo espacial de uma molécula e sua geometria. O arranjo espacial leva em conta qualquer par de elétrons, ligante ou isolado. Está diretamente ligado à hibridação do átomo central. Por outro lado, a geometria só leva em consideração as posições nucleares, isto é, só os átomos e ligações são considerados. Os pares de elétrons que não participam de ligações são ignorados na geometria molecular. No entanto, ambos os conceitos estão relacionados. A geometria da molécula é dependente do arranjo espacial (e da hibridação). A Tabela 09 mostra a relação entre o número de pares de elétrons, arranjos espaciais, hibridação e a geometria das moléculas. A Figura 18 mostra alguns os exemplos citados na Tabela 09. Tabela 09. Relação entre número de pares de elétrons e parâmetros da geometria molecular. Legenda: M = átomo central, L = pares de elétrons de ligações σ e E = pares de elétrons não ligantes. N° de pares de elétrons Tipo de molécula Arranjo espacial Hibridação Geometria Exemplo 2 ML2 Linear sp Linear BeH2 3 ML3 Trigonal Planar sp 2 Trigonal Planar BCl3 3 ML2E Trigonal Planar sp 2 Angular SO2 4 ML4 Tetraédrico sp 3 Tetraédrica CH4 3 Piramidal NH3 3 Angular H2O 3 Bipiramidal Trigonal PCl5 3 Tetraédro Distorcido TeCl4 3 Forma de “T” ClF3 3 Linear I3– 3 2 Octaédrica SF6 3 2 Piramidal de Base Quadrada BrF5 3 2 Quadrado Planar XeF4 4 ML3E Tetraédrico sp 4 ML2E2 Tetraédrico sp 5 ML5 Bipiramidal Trigonal sp d 5 ML4E Bipiramidal Trigonal sp d 5 ML3E2 Bipiramidal Trigonal sp d 5 ML2E3 Bipiramidal Trigonal sp d 6 ML6 Octaédrico sp d 6 ML5E Octaédrico sp d 6 ML4E2 Octaédrico sp d Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Uma forma simples de compreender como funciona o modelo VSEPR é analisando o caso do CH4, NH3 e H2O. Na Figura 43 estão representadas as estruturas de Lewis para estas moléculas. Em todas as moléculas o átomo central tem quatro pares de elétrons: no CH4 são quatro pares ligantes; no NH3 um não ligante e três ligantes e na molécula de H2O são dois de cada tipo. Então, nas três moléculas, o arranjo espacial será tetraédrico. Este arranjo define a hibridação do tipo sp 3 para todas as moléculas. A geometria molecular, como já foi dito, depende apenas dos átomos (ou dos pares ligantes). Portanto o metano tem geometria tetraédrica, a amônia tem geometria piramidal, e a água é angular. Na amônia, como a repulsão do par de elétrons não ligante é maior, os demais ângulos serão menores, em torno de 107° entre as ligações, como mostra a Figura 44. Na água a repulsão será ainda maior, pois são dois os pares não ligantes. Por isso, o valor do ângulo entre as ligações da água será o menor observado entre estas moléculas, por volta de 104,5° (Figura 45). H Be F H O Cl H B Cl Cl H F F Cl Cl F Cl S O P Cl F S Cl O F Cl F F F H Cl Cl C H H Te F F Cl H F Br Cl F F I F N H Xe I H F I H Figura 18. Estruturas das moléculas citadas na Tabela 11. H Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial F F Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] H C Ensino Médio Integrado à Educação Profissional H H H N H Figura 19. As estruturas de Lewis das moléculas de CH4, NH3 e H2O. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] H H O Ensino Médio Integrado à Educação Profissional H Com uma teoria de argumentos simples como a TLV e a VSEPR pode-se prever, partindo-se das estruturas de Lewis, a geometria molecular e a hibridação das moléculas. Mas isto ainda não é suficiente para compreender o comportamento de todas as moléculas que se conhece. O “problema” do íon nitrito, NO2 , de ter duas estruturas equivalentes é muito comum e tem – grande importância nas propriedades destas moléculas. A Teoria da Ligação de Valência propôs uma primeira explicação para este fenômeno, que hoje é conhecido por ressonância. Maior Repulsão N H 107o H H Figura 20. A geometria da amônia e seus ângulos. Grande Repulsão O Repulsão H H Figura 21. A geometria da água e seus ângulos. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 3.3 – Ressonância Na Figura 46 podem ser vistas algumas moléculas que possuem mais de uma estrutura de Lewis equivalente. N N O O O 2 O C O 2 O O C O O C O S O O S O O 2 O O O Figura 22. Algumas moléculas com mais de uma estrutura de Lewis. Uma só estrutura é insuficiente para descrever estas moléculas, de forma que a estrutura “real” da molécula seria uma mistura de todas estas estruturas, uma média de todos os estados. A “média” dessas estruturas é chamada de estrutura de ressonância (Figura 49). A ressonância é a explicação para interessantes fenômenos nas moléculas. O caso mais representativo deste fenômeno vem do benzeno e a grande estabilidade de seu conjunto de ligações insaturadas quando comparado a outras moléculas contendo insaturações onde não existe a ressonância. Tem-se, então, que a ressonância é um efeito estabilizador, principalmente em sistemas com ligações π conjugadas ou em íons onde a carga é distribuída por vários elementos. Alguns outros exemplos são os carboxilatos, ânions e cátions vinílicos e outras substâncias aromáticas como o benzeno. Por conta deste efeito, tem-se uma última regra para a construção das estruturas de Lewis: considerar todas as estruturas de ressonância de uma espécie. A estrutura mais representativa é, normalmente, a que tem os valores de cargas formais mais próximos a zero. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 2 O N O C O S O O O O Figura 23. Estrutura de ressonância para o nitrito, carbonato e dióxido de enxofre. 4. Conceitos Ácido-Base 4.1 – De Arrhenius a Brønsted-Lowry A primeira teoria ácido-base foi proposta pelo sueco Svante Arrhenius. Em seus estudos de condutividade em solução aquosa, dentre outras coisas, ele convencionou que uma + substância seria considerada um ácido se originasse íons H . Por outro lado, uma base daria origem a íons OH–. Foi o primeiro sentido químico para ácidos e bases. O modelo de Arrhenius carregava o “problema” de apenas tratar de sistemas aquosos. No entanto, suas idéias sobre os íons H + e OH – foram o início da caracterização de ácidos e bases. A história diz que as idéias de Arrhenius não foram bem aceitas no início, e em seu exame de doutorado sua nota foi a menor possível para a aprovação. Como a ciência nunca está parada, a situação se modificou e, por seu trabalho sobre de dissociação de eletrólitos, Arrhenius foi laureado com o Prêmio Nobel de Química de 1903. Em 1923, o dinamarquês Johannes N. Brønsted e o inglês Thomas M. Lowry apresentaram suas idéias sobre ácidos e bases. A particularidade deste modelo é que eles trabalharam de maneira independente e chegaram numa mesma formulação, numa mesma época. O conceito ácido-base de Brønsted-Lowry pode ser considerado uma extensão das idéias de Arrhenius. A primeira vantagem da teoria de Brønsted-Lowry é que ela não é restrita ao meio aquoso. Além disto, uma nova definição de ácido e base é proposta. É chamada de + ácido uma espécie capaz de doar um próton (o íon H ), enquanto a base é a espécie que irá receber o próton. A partir desta definição, chegava-se a novos conceitos, como o de ácidos e bases conjugados. Numa reação ácido-base, teríamos dois pares de ácidos e bases conjugadas. Na equação ácido1 + base2 o ácido1 base conjugada1 + ácido conjugado2 transfere um próton para a base2 mesma forma, a base2 e assim origina a base conjugada1. Da ao ser protonada, origina o ácido conjugado2. A equação mostra o equilíbrio entre duas reações ácido-base. O parâmetro termodinâmico energia livre de Gibbs, ΔG, indica o sentido preferencial da reação num equilíbrio. Além de ΔG, também é muito utilizada a constante de equilíbrio do sistema. Para simplificar a notação, a equação será escrita da forma Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] HA + B Ensino Médio Integrado à Educação Profissional + A + HB A constante de equilíbrio, Kc, para esta reação é Kc = [A − ] ⋅ [HB + ] [HA] ⋅ [B] Para o estado gasoso, a constante de equilíbrio e o parâmetro ΔG se relacionam por c ΔG = –RT.ln Kc onde R é a constante dos gases ideais e T a temperatura. Para uma melhor análise, extraindose o logaritmo em , encontra-se: –ΔG/RT Kc = e Dessa forma é mais simples entender a dependência entre ΔG e Kc. Se o valor de ΔG é negativo, o valor de Kc será sempre maior que um. Neste caso, o sentido direto é o favorecido. Por outro lado, se ΔG é positivo, Kc terá valores menores que um, ou seja, a reação mais favorecida é a do sentido inverso. Dessa forma estabeleceu-se o conceito de força de ácidos e + bases. O ácido HA será mais forte que HB se o Kc da reação for maior que um. Da – mesma forma que B será uma base mais forte que A . Portanto, um ácido forte terá uma base conjugada fraca e vice e versa. Em meio aquoso, as constantes de equilíbrio de ácidos e bases foram medidas em relação à água. A forma de dedução para a constante é a mesma feita para o Kc. Considerando um sistema aquoso e um ácido HA, tem-se: HA + H2O c A + H3O+ Normalmente para o estado gasoso a constante de equilíbrio é denotada Kp. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Como a água é o solvente, sua concentração é muito maior que as das outras espécies envolvidas no equilíbrio. Desta forma, convencionou-se que a concentração da água é constante em relação às outras espécies do equilíbrio. A expressão da constante de equilíbrio para esta reação será: + + − − O+ ] [A − ] ⋅ [H 3 O ] ⇒ K = [A ]⋅ [H 3 O ] K c = [A ]⋅ [H 3 ⇒ K c ⋅ [H 2 O] = a [HA] ⋅ [H 2 O] [HA] [HA] Uma outra forma de se expressar estas constantes é usar o valor de pKa e pKb, que são definidos como pKa = –log Ka pKb = – log Kb Neste caso, quanto menor o valor de pKa (ou pKb) mais forte é o ácido (ou base). 4.2 – O Conceito ácido-base de Lewis O modelo ácido-base de Brønsted-Lowry demonstrou uma grande evolução em relação ao de Arrhenius. Um outro conceito ácido-base, proposto por Gilbert Lewis, é ainda mais + completo. Segundo Brønsted-Lowry ácidos eram as espécies que transferiam íons H para as bases que, por sua vez, nada mais eram que ânions ou espécies neutras com alguma característica especial. Foi Lewis quem percebeu essa característica, de que a base só poderia receber o íon hidrogênio do ácido se tivesse ao menos um par de elétrons para uma nova ligação. Ademais, ter um par de elétrons disponível era o requisito para formar ligações com cátions. A visão de Lewis para a situação era muito clara: não era a transferência do íon hidrogênio que era importante e sim a disponibilidade dos elétrons na base. Portanto, era preciso uma nova definição para ácidos e bases. E foi assim que Lewis definiu uma base como sendo uma espécie doadora de par de elétrons enquanto o ácido é a espécie que receberia o par de elétrons. Embora Lewis tenha introduzido seu conceito no mesmo ano de que Brønsted e Lowry, suas idéias só tiveram a devida atenção a partir da década de 30. O modelo de Lewis pode ser aplicado a uma série inimaginável de reações químicas. Um exemplo seria em reações orgânicas. As reações de substituição eletrofílica ou nucleofílica são simplesmente reações entre um ácido e uma base de Lewis. Também as de eliminação e adição. Um exemplo clássico disto são as reações de alquilação de Friedel-Crafts (Figura 50). Neste tipo de reação há uma grande seqüência de reações intermediárias que podem ser interpretadas como reações ácido-base de Lewis. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] C2H5 Cl Ensino Médio Integrado à Educação Profissional C2H5Cl + AlCl3 + C2H5 Cl AlCl3 C2H5 AlCl3 Cl H + AlCl3 C2H5 + AlCl3 + HCl Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Figura 24. Uma alquilação de Friedel-Crafts. Na primeira etapa, o cloroetano (C2H5Cl), faz o papel da base de Lewis através do átomo de cloro. O cloreto de alumínio (AlCl3) é o ácido de Lewis, e tem papel de catalisador nesta reação. Na segunda etapa, o benzeno atua como base de Lewis, enquanto que o composto C2H5ClAlCl3, através do carbono, é o ácido. Na terceira etapa, temos novamente o cloro, ou – mais precisamente o AlCl4 como base de Lewis e o hidrogênio como ácido de Lewis. Para o estudo de química inorgânica as idéias de Lewis são fundamentais. Os metais são facilmente identificados como ácidos de Lewis. Nas reações de formação de complexos, os ligantes são as bases de Lewis que irão doar o par eletrônico para o metal central. Nem só com metais isso é observado. Reações deste tipo também são vistas com ametais e semi-metais, como por exemplo, em compostos de enxofre, silício e boro. Estes são apenas alguns exemplos de reações envolvendo ácidos e bases de Lewis, mas qualquer reação que envolva doação de par de elétrons pode ser interpretada como sendo uma reação ácido-base de Lewis. O exemplo da formação do oleum é muito importante na discussão de ácidos e bases. Nesta reação, o anidrido sulfúrico, SO3, é o ácido de Lewis que receberá o par de elétrons do ácido sulfúrico, a base de Lewis nesta reação (Figura 25). Vemos aqui o ácido sulfúrico, um ácido forte em meio aquoso segundo Brønsted-Lowry, atuando como uma base segundo Lewis. Este comportamento é, talvez, o mais ilustrativo do que realmente são os conceitos ácido-base. O O O S O S OH O OH Figura 25. A formação do Oleum, que envolve a dissolução de SO3 em ácido sulfúrico é um exemplo interessante de reação ácido-base de Lewis. Aqui o ácido sulfúrico é a base de Lewis, enquanto o SO3 é o ácido. Sistematizar o estudo de força de ácidos e bases de Lewis é uma tarefa mais complicada do que para o conceito de Brønsted-Lowry. Isto se deve ao fato de que no conceito + de Brønsted-Lowry o ácido é sempre fixo (o íon H ) e quanto maior afinidade da base em relação a este íon, mais forte ela é. No conceito ácido-base de Lewis, o ácido pode ser uma infinidade de compostos ou íons. E a particularidade de cada sistema influenciaria na construção de uma “escala de força” para ácidos ou bases de Lewis. De maneira geral, podese dizer que quanto mais fácil é para uma espécie a doação de elétrons, mais forte é a base de Lewis. Enquanto que, para um ácido, o inverso é verdadeiro. Quanto mais ávido por elétrons for a espécie, mais forte será o ácido de Lewis. Existem outros conceitos ácido-base, uns com aplicação restrita, outros com aplicação Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional mais ampla. Assim como no caso da TLV e da TOM, não há um conceito certo e o outro errado. Não existe um ácido absoluto, dependendo do modelo que se escolhe, o comportamento pode variar. Vale citar uma frase encontrada no início do capítulo sobre ácidos e bases do livro de James E. Huheey: “Podemos fazer um ácido ser o que quisermos – a diferença ente os vários conceitos ácidobase não está em qual é o certo, mas qual é o mais conveniente para o uso em uma situação particular.” Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Exercícios 1 – Descreva como a Teoria da Ligação de Valência explica a formação de uma ligação covalente entre dois átomos. 2 – Escreva as estruturas de Lewis para as moléculas de NH3 e H2O e também para os íons + + NH4 e H3O . Construa o diagrama dos orbitais atômicos para os átomos centrais, mostrando a + hibridação em cada caso e explique que mudanças a entrada do íon H nas moléculas trará para os ângulos de ligação destes íons em relação às moléculas neutras. 3 – Por que os elementos a partir do terceiro período da tabela periódica podem expandir o octeto e os do segundo período não o fazem? 4 – Escreva as estruturas de Lewis para cada espécie abaixo. Escreva também as cargas formais para cada átomo, a hibridação do átomo central e a geometria de cada espécie. a) H2O b) SO2 – c) PCl3 d) PCl5 e) BrF5 f) O3 + i) NH3 j) CH2O k) CO2 l) I + o) ClF3 p) BH3 q) SF6 r) XeF4 2– u) CO3 x) TeCl4 z) TeCl6 g) NO2 h) NO2 m) SO3 n) CH 3 – s) NO3 2– t) SO4 3– v) PO4 3 – – 2– 5 – Escreva todas as estruturas de ressonância para os íons SO 4 e NO3 e para as moléculas SO3 e XeO3. Escreva o híbrido de ressonância e escolha a estrutura de Lewis mais significativa para cada espécie. 6 – Identifique que moléculas ou íons do exercício 4 possuem átomos centrais que poderiam atuar como bases de Lewis. 7 – Nas reações abaixo, identifique o ácido e a base de Lewis: a) HCl(aq) + NaOH(aq) → NaCl(aq) + H2O( ) l b) BH3 + NaH → NaBH4 c) CsF + SF4 → Cs[SF5] 8 – Em reações de substituição nucleofílica de primeira ordem há a formação de carbocátions. A estabilidade dos carbocátions segue a seguinte ordem: + + + + C(CH3)3 > CH(CH3)2 > CH2CH3 > CH3 Explique porque a estabilidade diminui – ou seja, a reatividade aumenta – quando o número de grupos alquila ligados ao carbono positivo diminui. 9 – Use argumentos da Teoria da Ligação de Valência para mostrar que os compostos de boro do tipo BX3 (X = H, Cl, Br e I) são ácidos de Lewis. Qual deve ser o ácido mais forte dentre os citados? Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado _à Educação Profissional 5. Compostos de Coordenação 5.1 – Um breve histórico sobre Compostos de Coordenação Atribui-se a Alfred Werner o início do estudo com compostos de coordenação. Werner estudava sais que possuíam seis moléculas de amônia em sua fórmula química como o CoCl2.6NH3. Outros como C.W. Blomstrand e P.T. Cleve além de S.M. Jørgensen também tentaram desvendar a possível estrutura desses compostos. A sugestão inicial, feita por Blomstrand, era de que as moléculas de amônia estariam ligadas como numa corrente (Figura 52a). Um grande número de compostos contendo diferentes números de amônia foi sintetizado, como a série de compostos CoCl3.xNH3 (onde x = 3, 4, 5 ou 6), tornando a questão estrutural um desafio para os pesquisadores. Alguns experimentos feitos pelo grupo de Werner com estes compostos mostrou alguns fatos interessantes. Através da precipitação com sais de prata sabia-se que o comportamento dos ânions destes compostos era diferente dependendo do número de moléculas de amônia presentes no composto. As reações abaixo mostram este comportamento: CoCl3.6NH3 + Ag (em excesso) → 3 AgCl + (s) CoCl3.5NH3 + Ag (em excesso) → 2 AgCl (s) CoCl3.4NH3 + Ag (em excesso) → 1 AgCl (s) + + Para explicar esses resultados, foi proposto que o íon cloreto poderia estar ligado diretamente ao cátion colbato III e nesta condição ele não precipitaria. Portanto, se o ânion está ligado ao metal, sua ligação é mais forte; enquanto que se o ânion está no final da “corrente” de amônia, sua ligação é mais fraca. Jørgensen propôs então um outro modelo para as ligações em compostos deste tipo, onde o cloreto poderia trocar de posição com a amônia, se ligando diretamente ao metal (Figura 52b). Assim, ao perder uma molécula de amônia, o cloreto iria se ligar ao cobalto III, não precipitando com adição de íons prata. a) b) NH3 NH3 Cl NH3 NH3 NH3 Cl NH3 Co Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial X H 3N X H 3N Co NH3 NH3 NH3 NH3 X Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado _à Educação Profissional Figura 26. a) Proposta de representação da molécula de CoCl2.6NH3. A amônia e cloreto numa disposição em corrente. b) Modelo proposto por Jørgensen para um composto com cobalto III. Em negrito estão as moléculas que podem trocar de posição. O modelo proposto por Jørgensen permitia entender a característica dos ânions presentes nestes compostos. Pois às vezes só havia um deles ligado diretamente ao metal, às vezes dois e às vezes nenhum. No entanto, este modelo ainda seria abalado pela constatação de Werner, que mais de dois ânions poderiam estar ligados diretamente ao metal. Desta forma, ele concluiu que as moléculas de amônia não poderiam estar ligadas numa corrente. Além disso, Werner se deparou com outro resultado intrigante. Os compostos de cobalto III com amônia tinham cores diferentes, como mostra a Tabela 13. Tabela 10. Compostos CoCl3.xNH3 (onde x = 4, 5 ou 6) e suas cores. Composto Cor CoCl3.6NH3 Amarelo CoCl3.5NH3 Roxo CoCl3.4NH3 Verde CoCl3.4NH3 Violeta O fato do composto CoCl3.4NH3 ter duas cores indicava a presença de isômeros. Portanto, a estrutura destes compostos deveria explicar também este fato. A estrutura proposta por Jørgensen (Figura 52b) não era capaz de atender as últimas observações feitas por Werner. O arranjo em corrente deveria ser abandonado em favor de um outro. Werner propôs uma estrutura diferente, um arranjo onde as seis moléculas de amônia estariam ligadas diretamente ao metal . Este arranjo possibilitaria a ligação de um, dois ou três íons cloretos, trocando de posição com as moléculas de amônia. H3N H3N H3N Figura 27 Proposta de Werner para a estrutura de hexamino sais. M representa um metal de carga +3 e X um ânion de carga –1. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial M NH3 NH3 NH3 X X X Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado _à Educação Profissional O grande problema desta proposta era o número de ligações feitas pelo metal, que ia contra as idéias de ligação daquele período. Nesta época Lewis ainda não havia proposto seu modelo de ligações químicas e a valência era tratada como uma capacidade dos átomos de se combinarem. Segundo esta definição de valência, um metal com carga positiva de três, deveria se combinar três vezes com um outro composto que fosse monovalente. É aqui que se percebe como a idéia de Werner foi revolucionária. Ele percebeu que para explicar o comportamento destes compostos era preciso romper com o conceito de valência (ao observar os outros dois modelos propostos, nas Figuras 52a e 52b, vê-se claramente o acordo com o conceito de valência da época). Esta capacidade adicional do metal em fazer mais ligações foi chamada por Werner de “valência secundária”, enquanto conceito original foi chamado de “valência primária”. Hoje em dia, os termos cunhados por Werner são chamados de número de coordenação (valência secundária) e estado de oxidação (valência primária). Além de sais de cobalto, Wener também utilizou sais de cromo III para formar compostos com amônia, que foram chamados de complexos. Werner observou a troca de moléculas de amônia por moléculas de água e concluiu que os sais hidratados também eram complexos. O composto CrCl3.4H2O, assim como o CoCl3.4NH3, apresenta duas cores: verde-escuro e azul violáceo. Werner conseguiu demonstrar que o cloreto de cromo (III) azul era um composto com formula [Cr(H2O)6]Cl3 (seis moléculas de água estavam ligadas diretamente ao cromo). Já no verde, a fórmula poderia ser escrita como [CrCl2(H2O)4]Cl.2H2O (dois cloretos estão ligados diretamente ao metal). Novamente, um complexo com fórmula química do tipo [MA4B2] apresentava isomeria. A síntese de outros complexos com esta estequiometria levava sempre à mesma conclusão: dois isômeros. Era preciso descobrir que geometria possibilitaria a formação de isômeros. Werner postulou que os seis ligantes iriam se distribuir de maneira simétrica ao redor do metal. Desta forma, ele chegou a três estruturas básicas: um hexágono planar, uma forma prismática e de um octaedro (Figura 54). Em um complexo com todos os seis ligantes iguais, não haveria como diferenciar as estruturas, visto que todas as posições seriam equivalentes. No entanto, com ligantes diferentes, em proporções diferentes, isto poderia ser feito. O número de isômeros de um complexo formado por um metal (M) e dois ligantes diferentes (A e B), de fórmula [MA4B2] era conhecido de isômeros e apenas uma das estruturas levava ao número correto de isômeros: um hexágono planar apresentaria três os isômeros. O mesmo número de isômeros seria encontrado para a forma prismática. Já na estrutura octaédrica, um complexo de fórmula MA4B2 teria apenas dois isômeros. Em um complexo de fórmula MA3B3 se observaria exatamente o mesmo número de isômeros para cada uma das diferentes estruturas. Bastaria Werner investigar quantos isômeros eram formados em complexos do tipo MA3B3. O resultado observado foi que o número de isômeros era sempre dois, independente de metais e ligantes. Desta forma, Werner teve argumentos sólidos para propor que os complexos formados por seis ligantes tinham geometria octaédrica. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado _à Educação Profissional Em 1917, Werner ganhou o prêmio Nobel de química “pelo seu trabalho na ligação de átomos em moléculas, o qual trouxe uma nova luz nas recentes investigações e abriu um novo campo de pesquisa especialmente em química inorgânica”. Embora brilhante, o trabalho de Werner não esgotava as perguntas deixadas pelos complexos. Por que as cores diferentes? Como estes compostos realmente são formados? Por que alguns são mais estáveis que outros? Estas perguntas encontrariam suas respostas em diferentes modelos propostos para explicar a formação dessa nova classe de compostos: os complexos ou compostos de coordenação. A A A A A A A A A A A A A A (i) A (ii) A A A (iii) Figura 28. As estruturas propostas por Werner para um complexo MA6. (i) Um hexágono plano, (ii) em forma de prisma e (iii) o octaedro. O metal (omitido nas figuras) se posiciona no centro das estruturas. 5.2 – Classificação dos ligantes e nomenclatura de complexos Os ligantes são classificados, principalmente, de acordo com o número de ligações que podem fazer com o metal. Existem ligantes monodentados, que são aqueles que fazem somente uma ligação e ligantes ditos quelantes, onde há mais de um ponto de coordenação com o metal. Os ligantes quelantes também são chamados de ligantes polidentados. Existem diversos tipos, como os bidentados (dois pontos de coordenação), tridentados (três pontos de coordenação) ou tetradentados (quatro pontos de coordenação) e assim por diante. Existem também ligantes do tipo ambidentados. São ligantes que possuem dois pontos de coordenação, mas não é possível usá-los juntos com o mesmo metal. Isto é, ou se ligam por um dos pontos ou pelo outro. São, portanto, ligantes monodentados, mas com mais de uma opção de coordenação. São clássicos ligantes – ambidentados o SCN , que pode se ligar pelo enxofre ou pelo nitrogênio e, também, o NO2 – que pode se ligar tanto pelo nitrogênio como pelo oxigênio. A Figura 55 mostra a estrutura de alguns ligantes comuns em compostos de coordenação. A nomenclatura de complexos segue uma sistemática própria definida pela IUPAC. As regras básicas são: a) O nome do ânion antecede ao do cátion. b) Quando há vários ligantes iguais são usados os prefixos di, tri, tetra, penta, etc para indicar a quantidade de cada ligante. A exceção desta regra se dá quando o nome do ligante já contém a indicação de um número, como por exemplo, etilenodiamina ou bipiridina. Nestes casos usam-se Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado _à Educação Profissional outros prefixos para indicar o número de ligantes: bis, tris e tetraquis, como nome do ligante sendo colocado entre parênteses. O uso destes prefixos está resumido na Tabela 14. c) Ao escrever o nome do complexo, os ligantes são citados em ordem alfabética, qualquer que seja a sua carga e não levando o prefixo em consideração. O nome do metal deve seguir os dos ligantes, com a indicação de seu estado de oxidação entre parênteses, utilizando algarismos romanos. Não há espaço entre nenhum dos nomes, prefixos ou parênteses. Os ligantes e seus nomes para o uso em nomenclatura de compostos de coordenação, bem como abreviações, estão listados na Tabela 12. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] O Ensino Médio Integrado _à Educação Profissional O N O N H2N O Acetilacetonato (acac) Bipiridina (bipy) (NC5H4)2 (CH3COCHCOCH3) O O Glicinato (gly) NH2CH2CO2 N N H2N NH2 O Etilenodiamina (en) O O Oxalato (ox) NH2CH2CH2NH2 C2O4 2 Piridina (py) O O O Nitrito ou Nitro NO2 NC5H5 O N ou O O N N S O O N ou O S O C C N Tiocianato SCN ou O Etilenodiaminotetraacetato (edta ou Y) Isotiocianato NCS Figura 29. Alguns ligantes importantes para os compostos de coordenação. Em vermelho os átomos que se coordenam ao metal e entre parênteses as abreviações para alguns dos ligantes. Tabela 11. Prefixos para indicar o número de ligantes. Prefixos Número de ligantes Prefixos Número de ligantes Mono (opicional) 1 Hepta 7 Di, bis 2 Octa 8 Tri, tris 3 Nona 9 Tetra, tetraquis 4 Deca 10 Penta, pentaquis 5 Undeca 11 Hexa 6 Dodeca 12 Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado _à Educação Profissional d) Ao escrever a fórmula química de um composto de coordenação, deve-se agrupar o metal e ligantes com colchetes. O metal é escrito primeiro, seguido dos ligantes em ordem de carga. Primeiro os negativos, seguido dos neutros e, então, os positivos. No caso de dois ou mais ligantes de cada tipo, considera-se a ordem alfabética de acordo com o símbolo do elemento coordenado ao metal. e) O nome de íons complexos positivos ou de complexos neutros não sofre qualquer alteração. f) Ao nome de íons complexos negativos deve ser adicionado o sufixo “ato”. Existem outras regras, para complexos com mais de um centro metálico ou para ligantes em ponte, mas estas regras ou complexos deste tipo não serão abordados. Tabela 12. Nome de alguns ligantes para nomenclatura dos complexos. Espécie 1 Nome no complexo Espécie Nome no complexo Fluoro Piridina (py) Piridino Cloro Bipiridina (bipy) Bipiridino Bromo Etilenodiamina (en) Etilenodiamino Iodo Trifenilfosfina (P(C6H5)3)2 Trifenilfosfino Ciano Amido Água (H2O) Aquo Hidroxo Amônia (NH3) Amin Óxido (O ) Oxo Peroxo Monóxido de carbono (CO) Carbonil Peróxido (O2 ) Acetato (CH3COO ) Acetato Óxido Nítrico (NO) Nitrosil Acetilacetonato (acac) Acetilacetonato Gás oxigênio (O2) Dioxigênio Carbonato Gás nitrogênio (N2) Dinitrogênio – Fluoreto (F ) – Cloreto (Cl ) – Brometo (Br ) – Iodeto (I ) – Cianeto (CN ) – Amideto (NH2 ) – Hidroxido (OH ) 2– 3 2– – 2– Carbonato (CO3 ) Glicinato (gly) – Nitrato (NO3 ) Glicinato - Hidreto (H ) Hidrido – Tiocianato (SCN ) Sulfato (SO4 ) 2– Sulfato Tiocianato (NCS ) Isotiocianato Oxalato (ox) Oxalato Nitrito (ONO–) Nitrito6 Fenil (C 6H *, 5 Ph ou φ) Fenil Nitrito (NO 2 ) 1 Tiocianato 4 Nitrato – – Nitro 5 7 2 O ligante etilenodiaminotetraacetato, edta, permanece com o mesmo nome. P(C6H5)3, PPh3 ou Pφ3. 4 5 Também se encontra o uso de “amino”. Quando ligado pelo enxofre. Quando ligado pelo nitrogênio. 6 7 Quando ligado pelo oxigênio. Quando ligado pelo nitrogênio. 3 Por exemplo, os complexos [Co(NO2)3(NH3)3] e K4[Fe(CN)6] são nomeados, segundo as regras citadas, como triamintrinitrocobalto(III) e hexacianoferrato(II) de potássio, respectivamente. Analisando cada caso separadamente, começando pela fórmula química do [Co(NO2)3(NH3)3], – como o NO2 é um ânion e a amônia é uma molécula neutra, o primeiro aparece antes na fórmula – química. O NO2 é um ligante ambidentado e, portanto, tem duas opções de coordenação. Da maneira que a fórmula está escrita, nota-se que é o nitrogênio que está ligado ao metal – o que Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado _à Educação Profissional leva ao nome nitro. A amônia, NH3, quando coordenada recebe o nome de amin e, portanto, vem antes no nome do complexo. Como são três espécies NO2 – e NH3, usa-se o prefixo “tri”. Por fim, o estado de oxidação do cobalto é descoberto pelo somatório das cargas. O complexo como um todo é neutro e cada íon nitrito possui carga –1, dando um total de três cargas negativas. Portanto, o cobalto no complexo citado acima deverá ser +3. O outro composto, normalmente chamado de ferrocianeto de potássio, possui um cátion + 4– (K ) que não faz parte do íon complexo, que é a parte abrigada entre os colchetes: [Fe(CN)6] . Como cada íon cianeto tem carga –1 o estado de oxidação para o ferro é +2. Sendo seis o número de ligantes, usa-se o prefixo “hexa” antes de “ciano”, que é a nomenclatura para o íon cianeto quando coordenado. Por se tratar de um ânion, é preciso adicionar o sufixo “ato” ao final do nome. 5.3 – Isomeria em compostos de coordenação Existem diversas formas de isomeria em compostos de coordenação, mas o foco aqui será apenas em dois tipos de isomeria: a geométrica e a de ligação. A isomeria geométrica vem de diferentes arranjos com os mesmos ligantes em um complexo octaédrico ou quadrado planar. O primeiro caso de isomeria em geometria octaédrica vem de complexos com fórmula química MA4B2. Como se pode ver na Figura 56, há dois arranjos para esta fórmula. Este arranjo faz lembrar o caso de isomeria cis- e trans- de compostos orgânicos cíclicos. E este é da mesma forma que chamamos estes isômeros. O isômero transapresenta os mesmos ligantes (B) em lados opostos em relação a um plano contendo os outros ligantes. No isômero cis-, os ligantes iguais estão em posições adjacentes no octaedro. Complexos com geometria quadrado planar também apresentarão este tipo de isomeria, mas para complexos do tipo MA2B2. A denominação cis- ou trans- para o complexo deve vir antes do nome do mesmo. B B A A M A B M A A A A A Isômero cis B Isômero trans Figura 30. Isomeria geométrica em complexos do tipo MA4B2. Nos complexos octaédricos ainda existe outro tipo de isomeria, para compostos com dois tipos de ligantes, de fórmula MA3B3. A Figura 57 mostra os dois isômeros, nomeados de mer- e fac-. No isômero mer-, que deriva de meridional, os três ligantes iguais estão contidos em um mesmo plano que passa pelo centro do octaedro, ou seja, um plano que contém o metal. No Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial 68 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado _à Educação Profissional isômero fac-, que significa facial, os três ligantes iguais estão contidos em uma das faces do octaedro. Assim como no caso para os isômeros cis- e trans-, o caso de isomeria mer- e fac- deve ser escrita no nome do complexo. A A B A M B M A B B A A B B Isômero mer Isômero fac Figura 31. Isomeria geométrica em complexos do tipo MA3B3. Em vermelho a face do octaedro com três ligantes do mesmo tipo. A isomeria de ligação ocorre quando o complexo tem um ligante que é ambidentado. Por conta disto, existirão complexos com a mesma fórmula, mas estrutura diferente, como mostra a Figura 58. Neste caso de isomeria não é preciso acrescentar nada ao nome dos compostos de coordenação, já que o nome do ligante muda dependendo do ponto de coordenação. (I) 2+ (II) 2+ NH3 NH3 NH3 Co H3N H 3N O Co H3N N NH3 O NH3 O H 3N N O NH3 Figura 32. Isomeria com o ligante NO 2– em um complexo [Co(ONO)(NH3)5]2+ (I) (pentaaminonitritocobalto(III)) 2+ e [Co(NO2)(NH3)5] (II) (pentaaminonitrocobalto(III)). 5.4 – A Teoria da Ligação de Valência Aplicada a Compostos de Coordenação Sobre o ponto de vista da Teoria da Ligação de Valência (TLV) a formação de um íon complexo é uma reação entre uma base de Lewis (ligante) e um ácido de Lewis (metal ou íon metálico). A base de Lewis doa elétrons ao ácido, formando uma ligação covalente entre as duas espécies. Como esta ligação pode ser classificada como uma ligação coordenada (ou dativa) os compostos deste tipo ficaram conhecidos como compostos de coordenação. Técnico em Química - Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado _à Educação Profissional A abordagem da TLV para os compostos de coordenação se dá através da hibridação de orbitais atômicos do átomo central, o ácido de Lewis, em conjunto com as propriedades magnéticas destes compostos. Por exemplo, os complexos do cátion Pt 2+ são normalmente tetracoordenados (número de coordenação = 4), diamagnéticos e têm geometria quadrado planar. Como base nestas informações, é possível deduzir a hibridação do complexo. O cátion Pt 2+ possui oito elétrons em orbitais d da quinta camada. A Figura 59 mostra o diagrama de orbitais atômicos 2+ para a espécie Pt . 6p 6s 5d 2+ Figura 33. Diagrama de orbitais atômicos para o cátion Pt . Como os complexos de platina(II) possuem na maioria das vezes quatro ligantes, é preciso que o cátion possua quatro orbitais atômicos vazios para receber os quatro pares de elétrons dos ligantes. Na Figura 8, vemos que o cátion Pt 2+ pode utilizar os quatro orbitais vazios da sexta camada. No entanto, sabe-se que os complexos de platina(II) deste tipo são diamagnéticos. Se os quatro pares de elétrons dos ligantes utilizarem os orbitais dos subníveis 6s e 6p o complexo será paramagnético, pois existem dois elétrons desemparelhados no subnível 5d. Para levar em conta a propriedade magnética, precisa-se considerar o emparelhamento de elétrons no subnível 5d, como mostra a Figura 60. 6p 6s 5d 6p 6s 5d Figura 34. Emparelhamento de elétrons no subnível 5d para o cátion Pt íon metálico e L = Ligante). 2+ em complexos do tipo [ML4] (M = A se considerar o emparelhamento, um dos orbitais do subnível 5d fica vazio e, portanto, será usado na hibridação. Dessa forma, ao invés de se obter uma hibridação do tipo sp 3 se terá 2 uma hibridação do tipo dsp (um orbital 5d, o orbital 6s e dois orbitais 6p, Figura 61). Isto também é consistente com a geometria observada dos complexos. No caso de uma hibridação sp Técnico em Química - Química Inorgânica Industrial 3 a Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado _à Educação Profissional 2 geometria do complexo seria tetraédrica. Já com a hibridação do tipo dsp a geometria é quadrado planar, como a observada experimentalmente. 6p 6s 5d p 4 orbitais híbridos do tipo dsp2 5d Figura 35. Esquema de hibridação dos orbitais atômicos para o cátion platina(II). O níquel(II) também possui oito elétrons em orbitais d e existem diversos complexos com o cátion Ni 2+ que possuem as mesmas características dos complexos de platina(II). No entanto, existem também alguns complexos onde o ligante é o mesmo, o número de coordenação é o mesmo, mas com propriedades são diferentes. Um exemplo deste tipo são os complexos [PtCl4] 2– 2– e [NiCl4] . O complexo tetracloroplatinato(II) é diamagnético. Já o complexo tetracloroniquelato(II) é paramagnético. Além disso, as geometrias dos dois são diferentes. Isto pode ser explicado pela TLV utilizando o mesmo raciocínio anterior. O complexo tetracloroplatinato(II) por ser diamagnético terá uma hibridação dsp 2 e geometria quadrado planar. Já o complexo tetracloroniquelato(II), por ser paramagnético, mantém os seus elétrons desemparelhados no subnível 3d. Portanto, os quatro orbitais atômicos usados para a hibridação serão o 4s e os três do subnível 4p. Como a hibridação 3 será sp (Figura 62) a geometria do ânion [NiCl4] 2– é tetraédrica. 4p 4s 3d 4 orbitais hibrídos do tipo sp3 3d 2– Figura 62. Hibridação do níquel(II) no complexo [NiCl4] . Técnico em Química - Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado _à Educação Profissional Embora a TLV explique alguns pontos da química dos compostos de coordenação, ela falha em alguns pontos. Como na explicação das cores dos complexos ou por usar um dado experimental para prever outras propriedades do composto. Por conta disto, outras teorias surgiram para descrever a ligação, estrutura e propriedades dos complexos. 5.5 – A Teoria do Campo Cristalino (TCC) Quando Bohr teve sucesso na descrição do espectro atômico do hidrogênio através de sua teoria das órbitas quantizadas, ficou claro que espectroscopia e a configuração eletrônica das espécies estavam intimamente ligadas. Para entender, por exemplo, as cores dos compostos de coordenação, era preciso uma teoria que envolvesse a configuração eletrônica destes. A Teoria do Campo Cristalino (TCC) foi uma das teorias que surgiram para explicar o comportamento eletrônico dos compostos de coordenação. Com argumentos bastante simples, a TCC explicava diversas propriedades dos compostos de coordenação e, por isso, passou a ser utilizada para prever e explicar o comportamento desses compostos. Segundo a TCC cada ligante é tratado como um ponto esférico de densidade negativa que, ao se aproximar do metal, entra em repulsão com os elétrons que ocupam orbitais do tipo d dos metais. A repulsão causada pelos ligantes irá depender do arranjo destes em relação ao metal (e seus orbitais d). Quando são seis os ligantes, a geometria é octaédrica (o que se chama na TCC de campo octaédrico). Para quatro ligantes, o campo é tetraédrico (se a geometria for tetraédrica). No campo octaédrico, os ligantes se aproximam na direção dos eixos espaciais x, y e z. Os orbitais do tipo d, posicionados nos eixos, experimentarão uma maior repulsão do que os posicionados na região entre os eixos (Figura 63). Quando analisamos os cinco orbitais d, os dois que estão posicionados nos eixos ( d 2 x − y2 e d z 2 ) aumentarão de energia, enquanto os três entre os eixos (dXY, dXZ e dYZ) terão uma energia menor (Figura 64). Há, portanto, uma quebra na degenerescência dos cinco orbitais d, dando origem ao desdobramento dos orbitais d, onde os orbitais d 2 2 x −y e d z2 são chamados de orbitais eg e os orbitais dXY, dXZ e dYZ são chamados de t2g. A diferença de energia entre os orbitais eg e t2g é chamada de parâmetro de desdobramento do campo cristalino, simbolizado por Δo (Dq ou 10Dq também são usados para expressar esta diferença de energia). Técnico em Química - Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado _à Educação Profissional Figura 36. Orbitais d do metal em um campo octaédrico. eg +3/5 orbitais d Δo Δo -2/5 Δo t2g Figura 37. Desdobramento dos orbitais d em um campo octaédrico. A estabilidade dos complexos (e algumas outras propriedades) dependerá de como os elétrons estarão distribuídos. Define-se a energia de estabilização do campo cristalino, EECC, como sendo EECC = (−0,4n t 2g + 0,6n e g )Δ O onde n é o número de elétrons que ocupa os orbitais. Quanto mais negativa for EECC, maior é o 3+ ganho em estabilidade causado pelo desdobramento. Por exemplo, o íon Cr Portanto seus três elétrons irão ocupar os orbitais t2g. Então a energia de estabilização para um complexo deste íon seria: EECCCr = ( −0,4 ⋅ 3 + 0,6 ⋅ 0)ΔO = −1,2ΔO Técnico em Química - Química Inorgânica Industrial 3 tem configuração d . Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado _à Educação Profissional A partir de íons com configuração d 4 existem duas possibilidades: ou ocupar os orbitais de maior energia (eg) ou ter elétrons emparelhados nos orbitais de menor energia. Sempre que a energia de desdobramento (ΔO) for maior que a energia gasta para o emparelhamento de elétrons (P) o sistema terá elétrons emparelhados. Estes complexos são chamados de complexos de campo alto ou de spin baixo. Entretanto, se o desdobramento for menor que a energia de emparelhamento, o elétron ocupa um orbital de maior energia. Os complexos com configuração eletrônica deste tipo são chamados de complexos de campo fraco ou de spin alto. Por tais motivos torna-se de fundamental importância saber que fatores influenciam na magnitude de ΔO. E são dois os mais importantes: o metal (quanto ao número de oxidação e a série de transição a que pertence) e o ligante. O metal exerce forte influência no desdobramento. Ao aumentarmos a carga do metal o desdobramento aumenta, pois quanto maior é a carga, maior é a atração entre o metal e o ligante. Ademais, séries de transição mais elevadas geram maiores desdobramentos. Tal comportamento é explicado, pois orbitais mais volumosos necessitam de menor energia para o emparelhamento de elétrons e, por serem mais difusos (maior polarizabilidade), geram maiores interações com os ligantes. Como exemplo deste efeito podemos citar o [Fe(H2O)6]3+ que possui ΔO = 14000 cm-1 (1,74 eV) enquanto o [Ru(H2O)6] eV). tem ΔO = 28600 cm 3+ -1 (3,55 A natureza do ligante também é responsável pela magnitude do desdobramento. Os ligantes que forçam o emparelhamento ou, em outras palavras, causam um grande desdobramento, são chamados de ligantes de campo forte. Já os ligantes que irão formar um complexo de spin alto são chamados de ligantes de campo fraco. A determinação dos valores de ΔO se dá por espectroscopia. Analisando-se as transições e energias envolvidas podem-se calcular os valores de ΔO. Com base nesses dados, construiu-se a série espectroquímica : a – – 2– – – – – – 2– 2– I <Br <S <SCN <Cl <NO2 <<F <OH <C2O4 (ox)<O <H2O – <NCS <CH3CN<NC5H5 (py)<NH3<NH2CH2CH2NH2 (en) – – – <2,2´-NC5H5C5H5N (bipy)<NO2 <P(C6H5)3<CH3 <CN <CO Os ligantes do início da série são considerados de campo fraco e os do final os de campo forte. A TCC não consegue explicar a ordem dos ligantes na série espectroquímica. Levando-se em conta a força da interação eletrostática era de se esperar que um ligante carregado causasse uma ligação mais intensa do que ligantes neutros (e, portanto, um maior desdobramento). Outro exemplo da imprecisão da TCC na série espectroquímica é que a água é um ligante mais fraco que a amônia, mesmo tendo um momento de dipolo maior. A série espectroquímica foi explicada mais tarde por uma outra teoria, baseada nos orbitais moleculares. a Em negrito está o átomo que fará a ligação em ligantes ambidentados. As abreviações são: oxalato (ox); piridina (py), etilenodiamina (en) e bipiridina (bipy). Esta série é resultado de uma média de parâmetros, podendo haver inversões em alguns casos. Técnico em Química - Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado _à Educação Profissional A abordagem feita para o campo octaédrico também foi feita para o tetraédrico. A diferença é a posição dos ligantes em relação aos orbitais d. Em um complexo octaédrico, os ligantes estão posicionados nos eixos (Figura 63), enquanto no campo tetraédrico, os ligantes estão posicionados fora dos eixos. Portanto, os ligantes de um complexo com geometria tetraédrica irão afetar os orbitais d do metal de forma diferente da observada em um campo octaédrico. Os orbitais d fora do eixo (dXY, dXZ e dYZ) serão mais afetados pela presença dos ligantes e, por isso, serão os de maior energia no diagrama dos orbitais – onde são identificados como orbitais t2. Já os dois orbitais que ficam nos eixos serão os de menor energia, chamados de orbitais e. A Figura 38 mostra o desdobramento dos orbitais d para um campo tetraédrico. A magnitude do parâmetro de desdobramento do campo cristalino para complexos tetraédricos (Δtd) é menor que para os complexos do mesmo metal em um campo octaédrico. Normalmente, os complexos tetraédricos são de campo fraco: Δtd é menor que a energia de emparelhamento dos elétrons. t2 +2/5 orbitais d -3/5 Δtd Δtd Δtd e Figura 38. Desdobramento dos orbitais d em um campo octaédrico. A geometria tetraédrica não é a única possível para o número de coordenação 4. Há também a geometria quadrado planar. A geometria quadrado planar pode ser vista como um caso extremo do efeito de Jahn-teller. O efeito de Jahn-Teller causa uma distorção geométrica em complexos octaédricos, principalmente em complexos onde os metais possuem configuração eletrônica d8 e d9. A distorção causada pelo efeito de Jahn-Teller pode ou alongar ou encurtar as ligações de alguns dos ligantes e isto leva a uma mudança no diagrama de orbitais. A Figura 39 mostra as distorções que levará até um complexo com geometria quadrado planar. Técnico em Química - Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado _à Educação Profissional L a) c) b) L L M L L L L L M L L L M L L L L L Figura 39. Uma distorção causada pelo efeito de Jahn-Teller. a) Um complexo octaédrico regular; b) os ligantes no eixo z se afastam; e c) um complexo com geometria quadrado planar. Ao considerar que os ligantes do eixo z irão se distanciar, até que não haja mais ligação entre eles e o metal, admite-se que a repulsão nos orbitais localizados no eixo z irá diminuir. Assim, um novo desdobramento irá ser observado, onde os orbitais com componentes no eixo z terão energia menor do que no campo octaédrico, enquanto os outros orbitais sofrem um acréscimo energético em relação à situação anterior (Figura 4 0 ). Os complexos quadrado planar são, tipicamente, de campo forte. Desta forma, os elétrons são emparelhados antes de se ocupar um orbital de maior energia. Quadrado Planar Octaédrico dx2-y2 dx2-y2 eg dz2 dxy dz2 orbitais d dxy t2g dxz dyz dxz dyz Figura 40. Desdobramento em um complexo com geometria quadrado planar. Técnico em Química - Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado _à Educação Profissional 5.6 – A Origem das Cores dos Compostos de Coordenação Segundo a TCC Segundo a TCC, muitas vezes as cores observadas nos complexos têm origem em transições eletrônicas entre os orbitais d do metal sendo, portanto, um reflexo do desdobramento destes orbitais. Quanto maior for desdobramento, mais energia será necessária para as transições eletrônicas acontecerem. Dessa forma, o comprimento de onda absorvido será menor. b Quando a luz branca (luz visível) atravessa o composto, este absorve um dado comprimento de onda com energia idêntica ao da magnitude do desdobramento dos orbitais d, e os outros comprimentos de onda presentes passam sem serem absorvidos. Portanto, enxergamos uma mistura de cores de todos os comprimentos de onda – menos o que foi absorvido. É o que chamamos de cores complementares. A Tabela 13 mostra as cores e suas cores complementares. Voltando ao caso descrito por Werner para os isômeros CrCl3.6H2O. Quando se tinha o 3+ complexo [Cr(H2O)6] , era observada uma cor azul para violácea. Isto significa que a absorção se dá numa faixa entre 560 e 595 nm. Já o complexo [CrCl2(H2O)4] + exibe uma cor verde escura, sinal de que absorve o comprimento de onda característico da cor vermelha, na faixa de 650 à 750 nm. Isto está de acordo com a série espectroquímica. O cloreto é um ligante mais fraco que a água e, portanto, a troca de moléculas de água por íons cloreto causa uma diminuição na magnitude do desdobramento dos orbitais. Portanto, observa-se que o íon-complexo [CrCl2(H2O)4] + tem seu máximo de absorvância num comprimento de onda maior (de menor energia) que o do íon3+ complexo [Cr(H2O)6] . Medindo-se o comprimento de onda absorvido por um complexo em uma transição eletrônica do tipo d-d (entre os orbitais t2g e eg) determina-se o valor experimental do parâmetro de desdobramento do campo cristalino (ΔO). Tabela 13. Cores e suas cores complementares. Comprimento de onda (nm) Cor Absorvida Cor Complementar 400 – 435 Violeta Amarelo esverdeado 435 – 480 Azul Amarelo 480 – 490 Azul esverdeado Laranja 490 – 500 Verde azulado Vermelho 500 – 560 Verde Roxo 560 – 580 Amarelo esverdeado Violeta 580 – 595 Amarelo Azul 595 – 650 Laranja Azul esverdeado 650 – 750 Vermelho Verde azulado b Lembre-se: pela relação de Planck, E = h.c/λ. Então, quanto menor o comprimento de onda (λ) maior é a energia (E). Técnico em Química - Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado _à Educação Profissional O princípio é muito simples, semelhante a qualquer fenômeno de absorção/emissão de energia por um átomo. Porém, nem todas as transições eletrônicas são possíveis entre os orbitais d do metal. Existem transições que são prováveis, que são chamadas de transições permitidas, e outras pouco prováveis, as ditas transições proibidas. Para classificar as transições eletrônicas como permitida ou proibida, usam-se duas regras de seleção: a) Regra de seleção por spin Esta regra define que em uma transição eletrônica provável não há mudança de spin de um elétron. Na Figura 68, como os orbitais eg estão vazios qualquer um dos elétrons nos orbitais t2g pode ser excitado aos orbitais eg sem a necessidade de inversão do spin. Têm-se então cinco transições permitidas no caso ilustrado na Figura 41. O número de transições permitidas influencia na intensidade de absorção e, portanto, na intensidade da cor observada. eg orbitais d t2g Figura 41. Exemplo de desdobramento dos orbitais d em um campo octaédrico forte. Neste caso, qualquer um dos cinco elétrons pode ser excitado aos orbitais eg sem que haja inversão do spin. A Figura 4 2 mostra um sistema diferente. Existe a possibilidade de transição eletrônica, porém os elétrons em orbitais t2g, ao serem excitados, precisam mudar de spin para ocupar os orbitais eg sem violar o Princípio da Exclusão de Pauli. Portanto, qualquer transição neste sistema seria uma transição proibida. Compostos nesta situação possuem coloração muito pálida ou incolor. eg A transição só é possível através da inversão do spin. orbitais d t2g Figura 42. Exemplo de desdobramento dos orbitais d em um campo octaédrico fraco. Para que um dos três elétrons possa ser excitado aos orbitais eg é preciso que haja inversão do spin. Técnico em Química - Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] b) Regra de Laporte Ensino Médio Integrado _à Educação Profissional A regra de Laporte afeta mais os complexos de geometria octaédrica. Segundo esta regra, as transições eletrônicas entre orbitais de mesma paridade (isto é, orbitais classificados como “g”) são proibidas. Teoricamente esta regra anularia qualquer transição eletrônica de complexos octaédricos, pois as transições são entre os orbitais t2g e eg. Na prática, como as ligações não são estáticas e estão sempre vibrando o complexo nem sempre será um octaedro perfeito levando a uma perda de simetria dos orbitais. Como as transições eletrônicas são muito mais rápidas que as vibrações das ligações, há a possibilidade de transição de elétrons entre os orbitais d durante estas distorções geométricas. Tal problema não ocorre entre os complexos tetraédricos, já que nesta geometria não há centro de inversão e, portanto, os orbitais não recebem a classificação “g”. Alguns complexos possuem cores oriundas de outras transições eletrônicas que não as do tipo d-d. Como não se pode explicá-las de maneira satisfatória através da TCC, não iremos abordá-las. Técnico em Química - Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado _à Educação Profissional Exercícios 1 – Nomeie os compostos abaixo: a) Ni(CO)4 e) Fe(CO)5 i) [Co(H2O)6]Cl2 b) Fe[CoF6] f) K3[Fe(CN)6] j) Na2[Zn(OH)4] c) [RuCl2(NH3)4]Cl g) [Cr(NH3)3(H2O)3]Cl3 l) [Fe(acac)(NH3)4]Br d) [Co(NH3)6][NiCl4] h) [AgCl2] – m) Na[Fe(EDTA)] 2 – Considere um complexo formado pelo íon cobalto (III), dois ânions tiocianato e quatro amônias. a) Quantos são os isômeros para este complexo? b) Escreva a fórmula estrutural de todos os isômeros. c) Nomeie todos os isômeros. 3 – Com base nas informações experimentais fornecidas, deduza a hibridação do metal e geometria dos complexos listados abaixo: 2+ a) [Ni(CO)4] é diamagnético. 3+ b) [Co(NH3)6] c) [CoF6] 3– é diamagnético. é paramagnético. 3– 4 – Explique porque o complexo [Ru(ox)3] é um complexo de campo forte enquanto o [Fe(ox)3] de campo baixo. Mostre também o diagrama dos orbitais d para cada complexo. 3– é 5 – Por que a TCC não pode ser usada para explicar a ordem de força dos ligantes? Por exemplo, – – F e OH são ligantes mais fracos que P(C6H5)3 e CO. 6 – Por que os orbitais d z e d 2 x 2 − y2 são os de maior energia quando a geometria é octaédrica e de menor energia quando a geometria é tetraédrica? 7 – Preveja qual dos compostos apresentará o maior Δo e justifique sua escolha: 3– 3– a) [CoF6] ou [Co(CN)6] 3– ou [Fe(CN)6] 3– ou [Fe(CN)6] b) [Ru(CN)6] c) [Fe(CN)6] 3– 4– 8 – Preveja, com base nas informações dadas, se os complexos são de campo forte ou fraco. Justifique suas escolhas. 2+ a) O complexo [Mn(H2O)6] é incolor. b) O complexo [Ru(NH3)6] 2+ é diamagnético. 9 – Ordene os complexos abaixo conforme o aumento do comprimento de onda absorvido. Justifique a ordem escolhida. 2+ 2– 3– 2– [Co(H2O)6] ; [Co(SCN)4] ; [Co(CN)6] ; [CoCl4(H2O)2] Técnico em Química - Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional I 10. Determine o numero de oxidação da espécie central em cada um dos seguintes complexos: a) [Pt(NH3)4]2+ 2b) [HgCl4] c) [PF6] d) [Ag(CN)2] e) [Cr(H2O)6]3+ f) [Al(OH)(H2O)5]2+ 11. Determine o numero de coordenação da espécie metálica nos seguintes complexos: a) [PtCl4]2- b) [Au(CN)2] c) [Al(OH)4]d) [Co(dipy)2Cl2]. 12. Escreva os nomes das seguintes espécies: [CuCl2][Ag(NH3)2]+ [AuCl2][HgCl2] [BF4][AlCl4][Li(H2O)4]+ [Ni(CO)4] [Zn(NH3)4]2+ [UF7]3+ [Ce(NO3)6]2-. 13. Escreva as fórmulas dos seguintes complexos: a) íon aminaclorobis(etilenodiamina)cobalto(III) b) íon penta(amina)isotiocianatocobalto(III) c) íon tetra(amina)cloronitrocobalto(III) d) íon cis e trans – tetra(amina)diclorocobalto(III) e) íon fac-mer – tri(amina)tricloroplatina(IV) 14. Escreva e desenhe as fórmulas: a) Sulfato de cis-tetra(amina)diclorocobalto(III) b) Nitrato de cis- aminaclorobis(etilenodiamina)cobalto(III) 15. Indique como poderiam ser distinguidos os isômeros em cada um dos seguintes pares: a) Cis- trans-[CoCl2(en)2]Cl b) {Co(NH3)3(NO2)3] e [Co(NH3)4(NO2)2][Co(NH3)2(NO2)4] c) [Co(NH3)5Br]SO4 e [Co(NH3)5SO4]Br Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional I Utilizando a TLV, escreva, na forma de diagramas de quadrículas as configurações eletrônicas 16. dos íons abaixo e quantos elétrons desemparelhados cada um deles possui? OBS: Apenas o 1o é de spin baixo. a) [Mn(CN)6]3b) [Mn(ox)3]317. Predizer o número de elétrons desemparelhados para cada um dos seguintes íons: a) Um íon d6 tetraédrico. b) [Co(OH2)6]2+ . c) [Cr(OH2)6]3+ . 18. Dos compostos dados a seguir, determine qual é paramagnético. Explique sua escolha e estime seus momentos magnéticos. [Fe(CN)6]4─, [CoF6]3─. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 6. Gases 6.1Estrutura, propriedades, obtenção e aplicação 6.1.1 Oxigênio Os elementos do grupo 16 são comumente denominados calcogênios, nome que significa “formador de sais”, como eram antigamente chamados os óxidos. Os calcogênios possuem caráter metálico menos intenso que os elementos que se encontram no grupo 15, ou inferior; o oxigênio e o enxofre são os que possuem maior caráter não metálico do grupo. Estes elementos possuem configuração eletrônica da camada de valência igual a s2p4, e apresentam a capacidade de formar pelo menos um íon com carga negativa igual a -2. O polônio é o único elemento deste grupo que não forma íon com carga -2. Abundância: O oxigênio é o elemento mais abundante de todos os elementos. Ele existe na forma livre, como moléculas de O2, perfazendo 20,9% em volume e 23% em peso na atmosfera. O oxigênio constitui 46,6% em peso da crosta terrestre, sendo o principal constituinte dos silicatos minerais. Compostos oxigenados: A combinação do oxigênio com outros elementos forma óxidos, cuja reação com a água produz oxiácidos e bases. A combinação dos quais existem numerosas famílias e variedades, presentes na natureza na maioria dos fenômenos geológicos. Inúmeras substâncias orgânicas, como álcoois, ésteres, aldeídos, cetonas, ácidos carboxílicos e ésteres, também possuem átomos de oxigênio em sua estrutura. A reação espontânea de qualquer substância com o oxigênio é denominada oxidação. Quando a reação é imediata e produz calor e luz, chama-se combustão. São exemplos de processos de oxidação a corrosão do ferro e a putrefação da madeira, que formam óxidos de ferro e de carbono, respectivamente. De acordo com a teoria de ligação de valência (TLV), a formação de uma ligação covalente se dá através do entrosamento (superposição) entre dois orbitais atômicos monoocupados, sejam eles híbridos ou não. A descrição de uma ligação química à luz da TLV reflete as idéias intuitivamente químicas de formação de uma ligação através da aproximação de dois átomos e conseqüente interação entre suas camadas de valência. De acordo com a TLV clássica, a molécula de oxigênio (O2) exibe todos os elétrons emparelhados. Em outras palavras: a TLV clássica sugere que a molécula de O2 seja diamagnética. É importante ressaltar que o O2 desempenha um papel importante em diversas transformações químicas, sejam elas de relevância bioquímica, ambiental ou tecnológica. Por isso, é extremamente importante descrever corretamente a estrutura química do dioxigênio em seu estado eletrônico fundamental e também em seus estados excitados. Estrutura de Lewis para o O2. No final da década de 1920 foi realizado um experimento para verificar a natureza magnética do O2. Primeiramente, O2 foi resfriado até ser liquefeito. O2 líquido foi então colocado entre os pólos de um magneto. Ao invés de fluir (ser repelido) por ambos os pólos, o líquido ficou “agarrado” (atraído) pelos pólos. Descobriu-se, portanto, que a molécula de O2 é paramagnética, ou seja, tem elétrons desemparelhados e, conseqüentemente, momento magnético de spin permanente. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional O dado experimental acerca do paramagnetismo do dioxigênio contradiz a descrição de Lewis e da TLV clássica. Estudos comprovaram que, no estado eletrônico fundamental, O2 é, na verdade, um bi-radical, isto é, tem dois elétrons desemparelhados. Agora você pode até imaginar uma maneira de reescrever a estrutura de Lewis para o O2 levando em conta seu paramagnetismo. Uma proposta seria: Estrutura de Lewis proposta para o bi-radical O2. Em azul estão os elétrons desemparelhados. Há contração de octeto. Ligue-se: Quando, numa molécula, existem elétrons desemparelhados (espécies radicalares), ocorre paramagnetismo, isto é, a molécula é atraída por um campo magnético; se os elétrons estão emparelhados, a molécula não apresenta momento magnético de spin, sendo então diamagnética. Os materiais mais comuns são diamagnéticos; logo, tendem a ser repelidos por um campo magnético externo. Compostos paramagnéticos tendem a se mover na direção do campo magnético e parecem pesar mais na presença de um campo magnético do que na ausência dele. Para entender a questão do magnetismo usa-se a Teoria dos Orbitais Moleculares(TOM). Nesta teoria, a idéia de orbital atômico localizado é substituída pela idéia de orbitais moleculares (OMs),deslocalizados por toda a molécula (Figura 43). Os OMs são construídos a partir da combinação linear de orbitais atômicos de átomos distintos. Vale relembrar que a idéia apresentada aqui é diferente da idéia que está por trás da hibridação de orbitais atômicos. Neste último caso, é feita uma combinação entre orbitais atômicos de um mesmo átomo. Um orbital molecular, por sua vez, é construído pela combinação linear de orbitais atômicos de átomos diferentes. Figura 43. Orbital molecular (s1s) construído pela superposição entre dois orbitais 1s Um OM pode ter energia menor ou maior que a dos orbitais atômicos usados na sua construção. Os orbitais atômicos são como ondas estacionárias centradas (localizadas) nos núcleos atômicos. Entre núcleos distintos, as ondas podem interferir construtivamente entre si, de maneira a aumentar a amplitude total da onda na região internuclear. Nesse ponto, é possível indicar uma região de grande probabilidade de o elétron ser encontrado, caracterizando um sistema ligado. O primeiro princípio da teoria dos orbitais moleculares diz que N orbitais atômicos se combinam linearmente, formando Norbitais moleculares. Para o hidrogênio molecular (H2) são esperados dois orbitais moleculares, que resultam da combinação linear entre dois orbitais atômicos 1s. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional I Um dos OMs gerados apresenta amplitude não-nula (Figura 43) na região da ligação (região internuclear). Esse orbital molecular, construído pela interferência construtiva (combinação positiva) entre os orbitais 1s, é chamado orbital molecular ligante, denominado orbital σ1s. Na formação do segundo orbital molecular, os dois orbitais 1s interferem de maneira destrutiva. Assim, a densidade de elétrons aumenta nas regiões distantes do espaço entre os átomos, mas é zero na região internuclear. Existe um plano nodal na região internuclear. Este OM é, então, denominado orbital molecular antiligante (σ*1s). O asterisco (*) é usado para designar um orbital molecular antiligante. O segundo princípio diz que o OM ligante tem energia mais baixa que os orbitais atômicos dos quais ele é originado, e o OM antiligante tem energia mais alta. O terceiro princípio diz que os elétrons da molécula são distribuídos sucessivamente nos orbitais moleculares em ordem crescente de energia, conforme o Princípio de Pauling e a Regra de Hund. O quarto princípio diz que a combinação de orbitais atômicos para formar OMs é mais eficaz quando os orbitais atômicos têm energias e simetrias semelhantes. Veja nas Figuras 44 e 45 os diagramas de orbitais moleculares para H2 e He2, respectivamente. Figura 44. Diagrama de orbitais moleculares para H2. Figura 45. Diagrama de orbitais moleculares para He2. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Como você determina uma configuração eletrônica para um átomo, é possível determinar configurações eletrônicas para moléculas em termos dos orbitais moleculares. Para o H2 tem-se a configuração (s1s)2, e no He2, a configuração(s1s)2(s*1s)2. Na estrutura de Lewis a ordem de ligação de uma molécula é definida como o número de pares de elétrons que une os átomos. Na TOM, a ordem de ligação é definida pela expressão: Pelas configurações eletrônicas moleculares, é possível calcular as ordens de ligação nas moléculas de H2 e He2 (Figuras 44 e 45). No H2, a ordem da ligação é igual a um e no He2 é zero. Isso significa que não há ligação química no He2,evidenciando a instabilidade dessa molécula. É curioso perceber que, apesar de a molécula de He2 ser instável, a molécula de He2+ [(s1s)2(s*1s)1]pode existir, já que neste último exemplo a O.L. = ½. Olhando para a configuração eletrônica do Li (1s2 2s1), é possível construir um diagrama de orbitais moleculares para o Li2(Figura 46). Pela Figura 4, a configuração eletrônica do Li2 é (s1s)2(s*1s)2(s2s)2, o que resulta numa O.L. = 1. Figura 46. Diagrama de orbitais moleculares para o Li2. No Li2, o efeito ligante dos elétrons no orbital σ1s é cancelado pelo efeito antiligante dos elétrons no orbital σ*1s. A ligação química se deve ao par de elétrons que ocupa o orbital σ2s, sendo a O. L. igual a 1. Como todos os elétrons estão emparelhados nos orbitais moleculares, a molécula de Li 2 é diamagnética. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Observe na Figura 46. um diagrama de OMs para a molécula de O2. Figura 47. Diagrama de orbitais moleculares da molécula de O2. A configuração eletrônica para o dioxigênio é: (s1s)2(s*1s)2(s2s)2(s*2s)2(s2pz)2(p2px)2(p2py)2(p*2px)1(p*2py)1. A partir desta configuração, a O.L. para o O2 é igual a 2. Experimentalmente, a molécula de O2 é paramagnética, pois apresenta elétrons desemparelhados. Pelo diagrama de orbitais moleculares do O2 , você pode perceber que os dois últimos orbitais preenchidos têm um elétron (desemparelhado) cada. O modelo TOM tem sido, então, vastamente empregado para explicar as propriedades magnéticas do O2 e de diversas outras moléculas com razoável sucesso. O ozônio(O3), outra forma molecular de oxigênio puro, com uma elevadíssima reatividade, é também um composto de grande importância. Pode ser utilizado como oxidante e é um dos principais constituintes da camada superior da nossa atmosfera, a conhecida “camada de ozônio”, que nos protege da radiação exterior. O ozônio é também um componente importante, pela negativa, na poluição atmosférica causada pelo trânsito automóvel, sendo a concentração de ozônio um dos parâmetros mais importantes na medição da qualidade do ar nas cidades. Uma classe relevante de compostos de oxigênio é a dos óxidos. De fato, o oxigênio forma compostos binários com quase todos os elementos da tabela periódica (com exceção dos gases nobres mais leves). Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional As propriedades dos óxidos são tão variadas como as dos elementos que os constituem em par com o oxigênio. A própria água é um óxido, o óxido de hidrogênio, e uma grande parte da crosta terrestre são constituídos por silicatos, que são óxidos de silício, por óxidos de alumínio ou de ferro. O estado de oxidação preferencial do oxigênio é o -2, estado em que se encontra nos óxidos. No entanto, é também possível que o oxigênio se encontre no estado de oxidação -1, comum nos peróxidos. Entre os peróxidos, o peróxido de hidrogênio é, talvez, o mais conhecido. Este composto, que apresenta um grande potencial oxidante, é utilizado como um oxidante industrial e como antisséptico. 6.1.2 Nitrogênio Embora o nitrogênio constitua 78% da atmosfera terrestre, ele não é um elemento abundante na crosta terrestre. Todos os nitratos são solúveis em água, de modo que não são comuns na crosta terrestre, embora sejam encontrados depósitos em algumas regiões desérticas. O maior deles é um cinturão de 720 km de extensão ao longo do litoral norte do Chile, onde NaNO3 (salitre do Chile) é encontrado combinado com pequenas quantidades de KNO3, CaSO4 e NaIO3. Pequenas quantidades de N2 muito puro podem ser obtidas aquecendo-se cuidadosamente o azoteto de sódio, NaN3, a cerca de 300°C. A decomposição térmica do NaN3 é utilizada para inflar os airbags dos automóveis. NH4Cl + NaNO2 NaCl + NH4NO2 4 NH3 + 3 Ca(ClO)2 N2 + 2 H2O 2 N2 + 3 CaCl2 + 6 H2O 8 NH3 + 3 Br2 2 NaN3 aquec. 300 o C N2 + 6 NH4Br 3 N2 + 2 Na O nitrogênio é um gás incolor, insípido, inodoro e diamagnético, sendo encontrado na forma de moléculas diatômicas. Contem uma ligação tripla N N curta, com comprimento de 10,9 nm. Essa ligação é muito estável e consequentemente sua energia de dissociação é muito alta (945,4 kJ mol). Isso torna a molécula N2 altamente estável (o gás nitrogênio é muito pouco reativo – de fato é o 1 gás mais inerte depois dos gases nobres), mas sua reatividade aumenta com a temperatura, podendo reagir diretamente com elementos dos grupos 2, 13 e 14, com H2 e com alguns metais de transição. O nitrogênio pode ser ativado passando-se uma faísca elétrica através de N2 gasoso, a baixas pressões. Nessa condição forma-se nitrogênio atômico, estando o processo associado a um brilho amarelo róseo. O nitrogênio atômico reage com diversos elementos e muitas moléculas normalmente estáveis. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 6.1.2.1 O ciclo do nitrogênio Muitos compostos contendo nitrogênio são encontrados na natureza, pois este elemento químico possui grande capacidade de fazer ligações químicas, com números de oxidação variando de (–3 ) a (+5). É o mais abundante elemento químico na atmosfera terrestre, contribuindo com aproximadamente 78% de sua composição. A molécula de N2 é extremamente estável e quase não desempenha papel químico importante, exceto na termosfera (altitude maior que 90 km) onde pode ser fotolizada ou ionizada. Os constituintes minoritários, tais como óxido nitroso (N2O), óxido nítrico (NO), dióxido de nitrogênio (NO2), ácido nítrico (HNO3) e amônia (NH3) são quimicamente reativos e têm importantes papéis nos problemas ambientais contemporâneos, incluindo a formação e precipitação ácida (chuva ácida), poluição atmosférica (smog fotoquímico), aerossóis atmosféricos e a depleção da camada de ozônio. Os óxidos de nitrogênio, NO e NO2, são rapidamente interconversíveis e existem em equilíbrio dinâmico. Por conveniência a soma das duas espécies é geralmente referida como NOx (NOx ⇌ NO + NO2). O nitrogênio é essencial à vida, sendo necessário, por exemplo, na constituição das proteínas e do DNA que contém as informações genéticas. A atmosfera é o principal reservatório de nitrogênio, sob forma de N2, embora as plantas e animais não possam utilizá-lo diretamente. Os animais necessitam do nitrogênio incorporado em compostos orgânicos (aminoácidos e proteínas), enquanto que plantas e algas necessitam do nitrogênio sob a forma de íons nitrato (NO3-) ou íons amônio (NH4+). O ciclo do nitrogênio, ilustrado na Figura 4, é um dos mais importantes e complexos dos ciclos globais. Este ciclo descreve um processo dinâmico de intercâmbio de nitrogênio entre a atmosfera, a matéria orgânica e compostos inorgânicos. Porém, esse processo fornece apenas 5 a 10% do nitrogênio utilizável por todos os ecossistemas, porque a energia necessária para que ele ocorra é muito grande. Assim, deve haver outra forma de fixação do nitrogênio atmosférico. E essa forma é a fixação biológica, promovida por bactérias de vários gêneros, como as cianobactérias e Azotobacter, que podem viver livres, ou as Rhizobium, que necessitam estabelecer simbiose com as raízes de plantas (especialmente leguminosas como feijão, soja e amendoim). Essas bactérias são capazes de transformar o N2 em compostos como nitritos, nitratos e amônio, retirando desse processo a energia que necessitam. Esses compostos são, então, absorvidos pelas plantas, que os utilizarão em seus processos metabólicos. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional O ciclo do nitrogênio, Figura 48 Atividades antrópicas, como por exemplo a produção de amônia ou ácido nítrico, também contribuem para a fixação de nitrogênio em processo denominado de fixação industrial de nitrogênio. O nitrogênio também pode ser oxidado a nitritos (NO2-) ou nitratos (NO3-) num processo chamado de nitrificação, o qual é facilitado pela presença de certas bactérias e pode ser resumido nas reações abaixo. Os óxidos nítrico (NO) e nitroso (N2O) são subprodutos destas reações, as quais também contribuem para a emissão destes gases para a atmosfera. 2 NH4++ 3 O2 → 2 NO2- + 2 H2O + 4 H+ 2 NO2- + O2 → 2 NO3- Além do nitrogênio gasoso, os mais importantes compostos de nitrogênio presentes na atmosfera são a amônia e os óxidos de nitrogênio. 6.1.2.2 Amônia Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Apesar do seu tempo de vida relativamente curto, de aproximadamente 10 dias, é o terceiro composto de nitrogênio mais abundante na atmosfera, ficando atrás apenas do N2 e N2O. A sua concentração é variável no espaço e no tempo, sendo os valores característicos na faixa de 0,110 mL/m3. As principais fontes incluem a decomposição enzimática da uréia proveniente de urina e excremento animais, emissão pelo solo, queima de biomassa e perdas durante a produção e aplicação de fertilizantes, que representam a emissão global de cerca de 104,5 MtN/ano como amônia. A amônia é principalmente um produto da atividade biológica, bem como um subproduto da agricultura e do processo de produção de excrementos por seres humanos e animais. O uso de fertilizantes inorgânicos e a produção de excremento, particularmente em áreas onde há concentração ou confinamento de animais, aceleram a emissão de amônia pelo solo, devido ao aumento das concentrações de NH3 e NH4+. A amônia é um gás naturalmente alcalino, sendo de grande importância na neutralização da chuva ácida na atmosfera, como exemplificado na reação a seguir, configurando-se o processo representado por esta reação num dos principais sorvedouros do NH3atmosférico. 2 NH3 + H2SO4 → (NH4)2SO4 . A conversão para aerossóis, através da reação de amônia com H2SO4 e HNO3, resulta, portanto, na formação de sulfatos e nitratos, sob forma de partículas, as quais são removidas do ar atmosférico por deposição seca ou úmida. O NH3 é um gás incolor de odor pungente. O gás é bastante tóxico e dissolve facilmente em água liberando calor. Em solução, a amônia forma o hidróxido de amônio, NH4OH, uma base fraca: NH3 + H2O NH4+ + OH- Tanto o NH3 quanto o NH4OH reagem com ácidos, formando sais de amônio. Estes, por sua vez, são facilmente decompostos quando aquecidos: a) se o ânion não for oxidante (por exemplo: Cl-, CO32-, SO42-), há liberação de amônia. NH4Cl calor NH3 + HCl calor (NH4)2SO4 2 NH3 + H2SO4 b) se o ânion for mais oxidante (por exemplo: NO3-, NO2-, ClO4-, Cr2O72-), então o NH4+ é oxidado a N2 ou N2O. NH4NO2 NH4NO3 (NH4)2Cr2O7 calor calor calor N2 + 2 H2O N2O + 2 H2O N2 + 4 H2O + Cr2O3 O NH3 queima em oxigênio com uma chama amarela pálida: 4 NH3 + 3 O2 Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial 2 N2 + 3 H2O Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional O NH3 é preparado em laboratório aquecendo-se um sal de amônio com NaOH. Esse é o teste padrão para detectar compostos de NH4+ no laboratório. NH4Cl + NaOH NaCl + NH3 + H2O A maior parte da amônia produzida no mundo vem do chamado processo Haber-Bosch, o qual consiste na reação direta do N2 e do H2, em altas pressões e temperatura. Mas ela pode ser preparada também pela hidrólise da cianamida de cálcio, CaNCN. Esse composto é usualmente empregado como fertilizante, sendo que a reação de hidrólise ocorre lentamente no solo. CaNCN + 3 H2O 2 NH3 + CaCO3 A cianamida é também utilizada na preparação de melamina, uréia e tiouréia. A figura49, sintetiza os métodos, industrial, biológico e laboratorial para a produção do NH3. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 6.1.2.3 Sais de amônio Todos os sais de amônio são muito solúveis em água, e reagem com NaOH, liberando NH3. Alguns dos sais importantes são: a) Cloreto de amônio (NH4Cl) – utilizado em pilhas secas, e como fundente na solda e estanhação de metais. b) Nitrato de amônio (NH4NO3) – composto deliqüescente (XXX) usado amplamente como fertilizante nitrogenado. Como ele pode provocar explosões, é freqüentemente misturado com CaCO3 ou (NH4)2SO4 para torná-lo seguro. Também é usado como explosivo, pois se aquecido acima de 300°C ou com auxílio de um detonador, é possível provocar sua rápida decomposição. O sólido ocupa um volume irrelevante, mas produz sete volumes de gás, provocando a explosão: 2 NH4NO3 2 N2 + O2 + 4 H2O 6.1.2.4 Hidrazina (N2H4) A hidrazina é um líquido covalente, fumegante quando exposto ao ar, e com odor semelhante ao do NH3. Queima com facilidade ao ar, liberando uma grande quantidade de energia: N2H4 + O2 N2 + 2 H2O H = -621 kJ mol-1 Os derivados metilados MeNHNH2 e Me2NNH2 são misturados com N2O4 e usados como combustível de foguetes, ônibus espaciais e de mísseis teleguiados. Também foi usado nos módulos lunares da série Apollo. Quando dissolvida em água (em soluções neutras ou alcalinas), a hidrazina ou seus sais são agentes redutores fortes. São usados para fabricar espelhos de prata e de cobre, e para precipitar os metais do grupo da platina. Também reduz I2 e O2. N2H4 + 2 I2 N2H4 + 2 O2 N2H4 + 2 CuSO4 4 HI + N2 2 H2O2 + N2 Cu + N2 + 2 H2SO4 A hidrazina é fabricada pelo processo Rasching, no qual a amônia é oxidada pelo hipoclorito de sódio, em solução aquosa diluída: NH3 + NaClO 2 NH3 + NH2Cl Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial NH2Cl + NaOH NH2NH2 + NH4Cl (rápida) (lenta) Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Uma reação secundária entre a cloramina e a hidrazina pode destruir parte ou todo o produto: N2H4 + 2 NH2Cl N2 + 2 NH4Cl 6.1.2.5 O Processo Haber-Bosch O processo mais importante de produção de amônia foi desenvolvido no início do século 20 pelos cientistas alemães Fritz Haber e Carl Bosch; Haber descobriu como combinar diretamente, em laboratório, N2 e H2, Bosch desenvolveu os equipamentos necessários para a produção industrial da amônia. A reação pode ser equacionada como: N2(g) + 3 H2(g) 2 NH3(g) H = -22 kcal/mol A reação é reversível, e o princípio de Le Chatelier sugere que são necessárias altas pressões e baixas temperaturas para deslocar o equilíbrio para a direita. A pressão de trabalho é de 200 atm, e a temperatura está na faixa de 380°C a 450°C. Temperaturas menores dão maior rendimento, mas tornem o processo lento e economicamente inviável. A reação também necessita de um catalisador, obtido pela fusão de Fe3O4 (magnetita) com KOH, juntamente com materiais refratários (MgO, SiO2 ou Al2O3). O sólido assim obtido é quebrado em pequenos fragmentos e introduzido no conversor de amônia, onde o Fe3O4 é reduzido, formando pequenos cristais de ferro dentro de uma matriz refratária. Esse é o catalisador ativado. As instalações reais são bastante complicadas, uma vez que é necessária a obtenção dos reagentes (N2 e H2). Existem várias maneiras de se obter o hidrogênio. Uma delas é pela reação de metano e outros hidrocarbonetos com água, em altas temperaturas: 750ºC CH4 + 2 H2O CO2 + 4 H2 750ºC CH4 + H2O CO2 + 3 H2 Adiciona-se ar (N2 : O2 = 4 : 1) – o O2 reage com parte do H2 até que a proporção N2 : H2 = 1 : 3 seja alcançada: (4 N2 + O2) + 2 H2 4 N2 + 2 H2O Ainda, é necessária a retirada do CO, pois o mesmo atua como veneno do catalisador: CO + H2O Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial CO2 + H2 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Figura 50 Os passos são: 1. Introduz-se a mistura gasosa N2 e H2 no reator. 2. Após o estabelecimento do equilíbrio, essa mistura é transferida para um condensador, onde o NH3 liquefeito é retirado rapidamente do sistema. 3. A parte da mistura de N2 e H2 que não reagiu é levada novamente para o reator, repetindo-se o processo. A reação é: A temperatura é de 400 a 600 ºC e a pressão de 140 a 340 atm. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional O catalisador usado é FeO com pequenas impurezas de AlO, MgO, CaO e K2O. A partir dessas informações e conhecendo o Principio de Le Chatelier, podemos prever as condições que favorecem a produção de grandes quantidades de NH3: - Baixas temperaturas Como a reação é exotérmica, a diminuição da temperatura provoca um deslocamento de equilíbrio para a direita. - Altas pressões O aumento de pressão provoca contração de volume, o que desloca o equilíbrio para o lado direito, ou seja, para o lado de menor volume. - Remoção do NH3 formado Quanto mais intensa e rápida for a retirada do NH3, mais intensamente o equilíbrio será deslocado para a direita. - Catalisador Embora o catalisador não desloque o equilíbrio, ele aumenta a velocidade das reações, permitindo que o equilíbrio seja alcançado mais rapidamente. A amônia apresenta diversas aplicações: Fabricação de HNO3 – o qual é, por sua vez, utilizado na fabricação de fertilizantes e explosivos. Obtenção de caprolactana – náilon-6 Obtenção de hexanometilenodiamina – nálion-66 Fabricação de hidrazina e hidroxilamina - problemas associados a nitratos: Presentes em fertilizantes, podem provocar crescimento de algas; Suspeita de provocar metemoglobina – síndrome da doença azul; Desnitrificação gera óxidos de nitrogênio – destruição da camada de ozônio 6.1.2.6 Ureia A ureia é largamente usada como fertilizante nitrogenado, e também é utilizada como fonte protéica de baixo custo na produção de rações para bovinos confinados e também como fator de incentivo ao consumo de forragens volumosas de baixa qualidade. Ela é muito solúvel e portanto de ação rápida, mas é também facilmente lixiviada pela água. Tem um conteúdo muito elevado de nitrogênio (46%). A ureia é obtida a partir da amônia, utilizando um processo em dois estágios: Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 180-200ºC 2 NH3 + CO2 altas pressões NH2COONH4 NH2 – CO – NH2 + H2O carbamato de amônio ureia No solo, a ureia lentamente sofre hidrólise formando carbonato de amônio. NH2CONH2 + 2 H2O (NH4)2CO3 6.1.2.7 Óxidos de nitrogênio Todos os óxidos e oxi-ácidos de nitrogênio apresentam ligações múltiplas p -p entre átomos de nitrogênio e oxigênio. Isso não ocorre com os elementos mais pesados do grupo. Consequentemente, o nitrogênio forma uma série de compostos que não tem análogos de P, As, Sb ou Bi. 6.1.2.8 Óxido nitroso (N2O) O óxido nitroso (N2O) é liberado para a atmosfera predominantemente do solo e da água, sendo os solos tropicais, provavelmente, as mais importantes fontes naturais deste gás. As emissões devidas ao uso de fertilizantes na agricultura representam a maior contribuição antrópica global de óxido nitroso. Várias outras fontes antrópicas (atividade industrial, queima de biomassa) contribuem, em menor escala, com o aumento da concentração do N2O atmosférico. O conjunto destas fontes representa a emissão global de cerca de 23,7 MtN/ano como óxido nitroso. O óxido nitroso tem um tempo de vida global na atmosfera de 130-150 anos, é considerado um gás estufa e é relativamente inerte na troposfera. Entretanto, configura-se na principal fonte de nitrogênio reativo na estratosfera. A remoção de N2O da atmosfera ocorre primariamente através da fotólise e, em menor extensão, pela reação com oxigênio atômico na estratosfera , que resulta na formação de NO e de N2 e O2. Através destas reações, o óxido nitroso contribui para a depleção da camada de ozônio. N2O + hν → N2 + O fotólise N2O + O → 2 NO ( 58%) → N2 + O2 (42%) É importante na obtenção de azoteto de sódio e, conseqüentemente, de outros azotetos: N2O + 2 NaNH2 NaN3 + NH3 + NaOH O N2O é usado como anestésico, principalmente por dentistas. É conhecido como “gás hilariante", porque a inalação de pequenas quantidades desse composto provoca euforia. 6.1.2.9 Óxido nítrico (NO) O NO é um gás incolor, sendo um importante intermediário na fabricação do ácido nítrico pela oxidação catalítica da amônia (processo Ostwald). É um óxido neutro, não sendo anidrido de nenhum ácido. A molécula de NO possui 11 elétrons de valência. Logo, é impossível que todos estejam emparelhados, pois a molécula possui um número ímpar de elétrons, e esse gás é paramagnético. O NO prontamente forma compostos de coordenação com íons de metais de transição. Esses complexos são denominados nitrosilas. A reação de Fe2+ e NO forma o complexo [Fe(H2O)NO]2+, pentaaquonitrosilaferro (II), responsável pela cor marrom no “teste do anel” na análise qualitativa de nitratos. Dióxido de nitrogênio (NO2) e tetróxido de dinitrogênio (N2O4) Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional I O NO2 é um gás tóxico castanho-avermelhado, produzido em larga escala por oxidação do NO no processo Ostwald para obtenção do ácido nítrico. Possui número ímpar de elétrons, sendo por isso paramagnético. No entanto, sofre dimerização, formando N2O4, molécula com número par de elétrons, e portanto, diamagnética. O N2O4 é um anidrido misto, porque reage com água formando uma mistura de ácido nítrico e nitroso: N2O4 + H2O HNO2 + HNO3 A mistura NO2-N2O4 se comporta como um agente oxidante forte, sendo capaz de oxidar HCl a Cl2 e CO a CO2. Pentóxido de dinitrogênio (N2O5) O N2O5 é preparado cuidadosamente pela desidratação do HNO3 com P2O5, a baixas temperaturas. Trata-se de um sólido incolor deliqüescente, altamente reativo e sensível à luz. É um forte agente oxidante, e é o anidrido do ácido nítrico. Oxiácidos do nitrogênio ácido nitroso: é uma importante fonte de nitrito, o qual é utilizado como aditivo em alimentos, como carnes industrializadas, salsichas, bacon e congêneres. A ação do NO2- é de inibir o crescimento de bactérias, particularmente o Clostridium botulinum, responsável pelo botulismo (e pela toxina conhecida como Botox). O íon nitrito é um bom ligante, formando muitos compostos de coordenação. ácido nítrico: é o oxo-ácido de nitrogênio mais importante. Quando puro, é um líquido incolor, mas quando exposto à luz adquire coloração castanha, devido a sua fotodecomposição em NO2 e O2. Trata-se de um ácido forte e se encontra totalmente dissociado nos íons H3O+ e NO3quando em solução aquosa diluída. Forma um grande número de sais muito solúveis em água. É um excelente oxidante, principalmente quando concentrado e a quente, sendo capaz de oxidar metais nobres, como o cobre e a prata. O ouro é solúvel em água régia: mistura de 25% de HNO3 e 75% de HCl concentrados. Sua maior capacidade de dissolver metais se deve ao poder oxidante do HNO3 associado ao poder do Cl- de complexar os íons metálicos. A obtenção do HNO3 merece algum destaque. Diversas vezes no presente texto foi citado o processo Ostwald, que se inicia pela formação de amônia, a qual é oxidada a NO, que por sua vez passa a NO2. Este reage com água, originando o HNO3. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I 6.1.3 Hidrogênio Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 6.1.3.1 Características Gerais O hidrogênio é o mais leve dos elementos naturais. Na sua forma estável, ele existe sob a forma de moléculas diatônica H2. O hidrogênio é essencial à vida porque entra na fórmula de compostos que formam as plantas e os animais. O hidrogênio, o primeiro elemento da tabela periódica, apresenta a estrutura atômica mais simples, sendo constituído por um núcleo de carga +1 e um elétron circundante. Como os metais alcalinos, apresenta um elétron no nível externo, no entanto o hidrogênio mostra pouca tendência a perder este elétron, tendendo a parear este elétron formando ligações covalentes, como também assemelha-se aos elementos da família dos halogênios, que necessitam de um elétron para atingir uma configuração eletrônica estável de gás nobre. Em muitas reações os halogênios recebem um elétron, para formar íons negativos, no entanto o hidrogênio só apresenta este comportamento frente a metais fortemente eletropositivos. Este comportamento é explicado pela estrutura atômica, pelo tamanho extremamente reduzido dos átomos de hidrogênio, e pela baixa., eletronegatividade. Estas propriedades únicas do hidrogênio, que diferem dos demais elementos dos Grupos I e VII, faz com que este elemento possa ser incluído, em ambos os grupos ; ou poderia perfeitamente constituir um grupo, a parte. 6.1.3.2 Ocorrências A atmosfera contém hidrogênio livre, H2, em quantidades mínimas - cerca de uma parte por milhão. Quimicamente combinado a outros elementos ele aparece em diversos compostos da natureza, sendo o mais importante água, cuja composição entra na proporção de 1 parte em 9 de oxigênio, em peso. O hidrogênio também é componente em muitos combustíveis, tais como o gás natural e o petróleo. Encontra-se ainda, na forma combinada, em todas as substâncias que constituem os tecidos vegetais e animais. no sol e na maioria das estrelas, o hidrogênio é ti elemento mais abundante. 6.1.3.3 Preparação do Hidrogênio Os compostos de hidrogênio que servem como matéria-prima para a produção cio gás hidrogênio são a água, certos ácidos ( compostos de hidrogênio com elementos não-metálicos ou íons poliatômicos negativos), certas bases ( compostos de um metal com o grupo hidroxila, OH-) e hidrocarbonetos. 6.1.3.4 Preparação do Hidrogênio a partir da água O hidrogênio pode ser deslocado da água pela ação de metais fortemente eletropositivos, ou pela eletrólise. Também pode ser preparado pela reação do hidretos de metais fortemente eletropositivos, tais como LiH e o CaH2 com água, em temperaturas ordinárias ou mais baixas. A temperaturas elevadas, o hidrogênio pode ser deslocado da água por metais menos eletropositivos e alguns não-metais. Embora nenhuma destas reações seja especialmente conveniente para uso em laboratório, algumas tem possibilidades comerciais. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I I. Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Reações de metais com água a temperaturas ordinárias. Só metais fortemente eletropositivos como potássio, sódio e cálcio podem deslocar o hidrogênio a temperaturas ordinárias. 2Na + 2H2O H2 + 2Na+ + OH- 2K + H2O H2 + 2K+ + 2OH- Ca + 2H2O H2 + Ca(OH)2 Estas experiências devem ser conduzidas com muita precaução porque são muito violentas e podem ser explosivas. II - Reações de Hidretos Metálicos com água fria. Hidretos de metais eletropositivos como LiH e CaH2 reagem com água fria, formando hidrogênio, H2, e os hidróxidos metálicos correspondentes, LiOH e Ca(OH)2. LiH + 2H2O H2 + LiOH CaH2 + 2H2O H2 + Ca(OH)2 III - Reações de Metais e Não-Metais com água a temperatura elevadas Alguns metais como Ca, Mg, Zn e Fe, não deslocam o hidrogênio da água á temperatura ambiente, mas o fazem se os metais foram aquecidos e se a água estiver no ambiente de vapor de vapor. Mg(aquecido) + H2O(vapor d’água) H2 + MgO H = -86,0 Kcal/mol Zn(aquecido) + H2O(vapor d’água) H2 + ZnO H = -25,4 Kcal/mol 3Fe(aquecido) + 4H2O(vapor d’água) 4H2 + FeO.Fe2O3 H = -35,8 Kcal/mol C(aquecido) + H2O(vapor d’água) H2 + CO Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial H = Kcal/mol +31,4 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 6.1.3.5 Preparação do Hidrogênio pelo seu deslocamento de ácidos. O ácido sulfúrico diluído, H2SO4, e o ácido clorídrico concentrado e diluído, HCl, reagem rápida e calmamente com muitos metais sem oxidar o hidrogênio formado. Estes ácidos são, portanto; os mais convenientes para a preparação do hidrogênio no laboratório. Zn + H2SO4(diluído) H2 + 2Na+ + OH- Zn + 2HCl(diluído ou concentrado) H2 + 2K+ + 2OH- Mg + H2SO4(diluído) H2 + Ca(OH)2 Mg + H2SO4(diluído ou concentrado) H2 + MgCl2 Sn + 2HCl(diluído) H2 + SnCl2 Agentes desidratantes: cloreto de cálcio, hidróxido de potássio ou óxido de fósforo (V). 6.1.3.6 Preparação do Hidrogênio, pelo seu deslocamento de soluções aquosas de bases fortes. Metais como Zn, Al, Sn reagem com soluções aquosas concentradas de hidróxido metálicos fortemente básicos, como NaOH e KOH, produzindo hidrogênio gasoso, H2, e hidroxocomplexos do metal. Zn + 2NaOH + 2H2O H2 + Na2[Zn(OH)4] 2Al + 2NaOH + 6H2O 3H2 + 2Na(Al(OH)4] Sn + 2NaOH + 2H2O H2 + Na2(Sn(OH)4] Metais como Zn, Al e Sn, que deslocam os íons hidrogênio das soluções aquosas de ácidos e bases, são chamados metais anfóteros. O silício, que é um elemento não metálico, reage com uma solução aquosa concentrada de hidróxido de sódio, produzindo H2 e silicato de sódio, Na2SiO3. Si + 2NaOH + H2O Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial 2H2 + Na2SiO3 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 6.1.3.7 Preparação comercial do Hidrogênio. Os únicos materiais de partida usados na preparação industrial de hidrogênio que satisfazem os requisitos de baixo custo e abundância são a água, o carvão e os hidrocarbonetos gasosos derivados do petróleo; consequentemente, todos os métodos de preparação do hidrogênio utilizam algumas combinações destes materiais. - O Processo Bosh a) C(s) + H2O C(s) + O2(g) b) CH4 + H2O(vapor) CO + H2O(vapor) H2(g) + CO(g) CO2(g) H = +31,4 Kcal/mol H = -94,1 Kcal/mol 3H2 + CO H2 + CO2(g) H = +49,3 Kcal/mol H = -9,9 Kcal/mol Hidretos Compostos binários de hidrogênio com outros elementos são chamados hidretos. :O tipo de hidreto formado por um elemento depende de sua eletronegatividade, podemos considerar três tipos de hidretos: a) Hidretos iônicos ou salinos Somente elementos de baixa eletronegatividade podem transferir elétrons ao hidrogênio e fornecer hidretos salinos. Incluem-se aqui os metais alcalinos (Li, Na, K, Rb, Cs) e metais alcalinos 'terrosos mais pesados (Ca, Sr, Ba) e possivelmente lantanídeos e actinídeo. Estes hidretos são sólidos possuem retículos iônicos e apresentam ponto de fusão elevados. Quando fundidos conduzem corrente elétrica, liberando hidrogênio no ânodo confirmando assim que contém o íon hidreto H-. LiH + H2O LiOH + H2 São poderosos redutores, sobretudo a temperaturas elevadas. Apresentam elevados calores de formação, são sempre estequiométricas e suas densidades são mais elevadas que as dos metais correspondentes. Hidretos iônicos possuem características salinas típicas. São sólidos cristalinos, brancos, com retículos compostos de íons metálicos e íons hidretos. Todos os hidretos dos metais têm estrutura de NaCl. b) Hidretos covalentes São formados por hidrogênio e elementos de elevada eletronegatividade, já que pequenas diferenças de eletronegatividade favorecem o pareamento de elétrons e a formação de ligações covalentes. Os elementos que formam este tipo de hidreto, de fórmula geral XH(8-n), onde n é o grupo da Tabela Periódica ao qual pertence o elemento X. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Os Hidretos Covalentes formam retículos moleculares constituídos por moléculas covalentes, mantidas no retículo por ação de forças fracas de Van der Waals e (em alguns casos) por pontes de hidrogênio. Isto explica a baixa dureza, os baixos pontos de fusão e ebulição, o volatilidade, e a não condução de corrente elétrica. Aos Hidretos covalentes são dados nomes comuns: SiH, é chamado silano, AsH3 arsina e SbH3 estibina, por exemplo. c) Hidreto metálicos Os elementos do bloco d ou transição, e Be e Mg formam hidretos metálicos, se apresentam alguma reação com hidrogênio. a composição química é variável, isto é, são não- estequiométricos (Ex. Ti H1,7, Zr H1,9). Os hidretos metálicos são menos densos que o correspondente metal. O hidrogênio parece ocupar posições intersticinais do retículo metálico formando uma solução sólida. Isto é acompanhado por uma expansão considerável do sólido. Na maioria dos casos, estes hidretos apresentam propriedades semelhantes ás dos metais de origem, e suas propriedades fortemente redutoras sugerem a presença do hidrogênio na forma atômica. Os hidretos do bloco f são de difícil classificação, devido ao fato de serem menos densos que os metais de origem, o que sugerem semelhança com hidratos intersticiais, e por outro lado, a eletronegatividade dos metais é mais próxima dos elementos dos grupos I e II. Estes hidretos podem ser considerados como uma transição entre salinos e os intersticiais. Os hidretos metálicos apresentam brilho metálico e condução metálica ou semicondução, muitas vezes dependente da concentração de átomos de hidrogênio no composto. Eles são geralmente fracos e quebradiços. 6.1.3.8 Reações de Hidrogênio a) Com óxidos de metais. A tendência pronunciada do hidrogênio para a combinação com o oxigênio, tornando-o capaz de remover o oxigênio dos óxidos de muitos metais, resultando, então, no metal livre e água. HgO + H2 Hg + H2O FeO + H2 Fe + H2O 2Fe2O3 + 6H2 4Fe + 6H2O CuO + H2 Cu + H2O Cu2O + H2 2Cu + H2O Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional A reação do hidrogênio com monóxido de carbono, sob pressão elevada e em presença de catalisadores, tem aplicação econômica importante na produção de compostos orgânicos especiais. CO H2 ZnO/Cr2O3 CH3OH A reação do hidrogênio com alguns óleos vegetais em presença de catalisador (Níquel metálico em pó) é uma reação de importância econômica, na obtenção de gorduras sólidas. Muitas variedades de margarina são produzidas deste modo, cuja reação é chamada de hidrogenação. 6.1.3.9 Propriedades Físicas e Isótopos de Hidrogênio O hidrogênio gasoso, puro, H2, é incolor, inodoro e insípido, apenas ligeiramente solúvel em água. Tem ponto de ebulição muito baixo: -252,7°C. Numa temperatura um pouco mais baixa, -259°C (14 K), sob hidrogênio: líquido se transforma num sólido transparente. pressão normal, o O hidrogênio é a substância mais leve que se conhece, 1 litro de hidrogênio medido a 0°C e 1 atm de pressão pesa apenas 0,08987g. O hidrogênio comum contém 99,984% do isótopo H, e 0,016% do isótopo D, de modo que suas propriedades são praticamente as do isótopo H. Os isótopos são átomos de um mesmo elemento que têm o mesmo número de prótons; mas um número diferente de nêutrons no seu núcleo. Portanto, os isótopos de um elemento têm o mesmo número atômico, mas diferentes massas atômicas. São três os isótopos de, hidrogênio: 1H ou H; o deutério, 2H ou D, o trítio, 3H ou T, contendo no núcleo um próton, e 0, 1 ou 2 neutrons respectivamente. A “água pesada” é representada pela fórmula D2O, seu ponto de ebulição é 101,42°C e seu ponto de congelamento 3,82°C. O deutério, D2, a água pesada, D2O, e vários compostos do deutério têm-se mostrado extremamente úteis na pesquisa moderna. O trítio é radioativo e apresenta uma meia-vida de 12,26 anos. Ocorre apenas na proporção de uma parte de T para 1017 partes de H e pode ser preparado por meio de reações nucleares entre o lítio e nêutrons. Este isótopo é instável e se decompõe dando um elétron e um átomo de hélio. 6.1.3.10 Usos do Hidrogênio. O hidrogênio, H2, é produzido e usado em larga escala na indústria moderna; como matéria-prima importante. Muitos dos usos do hidrogênio são baseados no seu comportamento químico, por exemplo, grandes quantidades de gás, geralmente misturadas com outros gases são usados como combustível. O hidrogênio é largamente usado na síntese da amônia, NH3, do álcool metílico, CH3OH, e dos óleos vegetais hidrogenados sólidos, além de na manufatura de hidrocarbonetos líquidos sintéticos. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional I Outros usos do hidrogênio são baseados nas suas propriedades físicas. É usado como um gás no enchimento de balões de observação meteorológica, por causa da sua baixa densidade. É utilizado também, como meio de transferência de calor em instalações de transformadores elétricos, em virtude da sua capacidade calorífica elevada. 6.1.4 Água 6.1.4.1 PROPRIEDADES DA ÁGUA A água é o composto mais abundante na natureza, existe 6 vezes mais água que feldspato. A molécula da água (composta por um átomo de oxigênio e dois de hidrogênio), apesar de ser eletricamente neutra, apresenta uma polarização: um de seus extremos é mais positivo e o outro é mais negativo pela distribuição desigual da densidade de elétrons. O átomo de oxigênio compartilha um elétron com cada um dos átomos de hidrogênio. A ligação entre os dois átomos de hidrogênio forma um ângulo de 104° e esse ângulo aumenta para 109º quando a água congela. Os átomos de hidrogênio têm carga positiva e unitária, enquanto que o átomo de oxigênio têm duas cargas negativas. Todavia, o arranjo final das moléculas é de tal maneira que as cargas elétricas não se neutralizam (as cargas poderiam estar neutralizadas se o ângulo fosse 180° ao invés de 105°). • Assim água tem uma carga negativa parcial ( ) junto ao átomo de oxigênio, por causa dos pares de elétrons não-compartilhados, e tem cargas positivas parciais ( ) junto aos átomos de hidrogênio. Uma atração eletrostática entre as cargas positivas parciais dos átomos de hidrogênio e a carga negativa parcial do átomo de oxigênio resulta na formação de uma ligação chamada ponte de hidrogênio, que conferem forte coesão entre as moléculas, e determinam as características anômalas da água se comparada a outras substâncias semelhantes.• Assim, as pontes de hidrogênio são as ligações de um átomo de oxigênio de uma molécula com um átomo de hidrogênio de outra. • As pontes de hidrogênio explicam a capacidade de ser solvente da água e também o fato da água entrar em ebulição e se congelar em temperaturas maiores que outras moléculas semelhantes. De toda água existente na Terra, apenas 0,001% está em forma gasosa na atmosfera. 6.1.4.2 Altos pontos de fusão e ebulição A água comporta-se como se fosse uma substância com peso molecular 5 vezes maior (PM cerca de 100) devido a coesão de suas moléculas. Se não fosse sua estrutura molecular (pontes de hidrogênio) possuiria ligação bem mais fracas que ocorrem em substâncias semelhantes (força de Van der Waals). Se não fossem as pontes de hidrogênio a ebulição da água (que ocorre em 100ºC) seria a -90ºC e o congelamento da água (que ocorre em 0ºC na água doce) seria a -10ºC, não sendo possível a existência de água na terra. A água possui o maior calor latente de vaporização e fusão, isso significa que é necessário adquirir ou perder grande quantidade de energia para mudar do estado líquido para o gasoso (vaporização) e do estado gasoso para o líquido (fusão). É a única substância que pode ser encontrada nos 3 estados físicos da matéria. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I 6.1.4.3Alta capacidade térmica Ensino Médio Integrado à Educação Profissional A água possui o maior calor específico dentre os sólidos e líquidos comuns. Calor específico é a propriedade que define a quantidade de calor necessária para elevar em 1°C a temperatura de uma grama de substância. Essa propriedade faz com que a água resista muito à mudanças de temperatura, concentrando e conduzir calor antes de mudar de estado. Nesse sentido a água é determinante no equilíbrio térmico do planeta devido ao transporte de calor pelas correntes marinhas, de regiões equatoriais para altas latitudes. Anomalia térmica O gelo possui densidade menor que a água líquida, é por isso que o gelo flutua (geralmente, as substância no estado sólido tem suas moléculas mais próximas tornando a substância mais densa e pesada). As ligações hidrogênio mantêm as moléculas de água mais afastadas no sólido do que no líquido. Caso o gelo afundasse dificilmente se descongelaria, e os fundos dos mares ficariam eternamente congelados. A maior densidade da água doce é em 4ºC. Na água salgada, com salinidade de 35, o ponto de congelamento é -1,9°C. Alto poder de solução A habilidade dos íons e de certas moléculas de se dissolver na água é devida à polaridade. A água possui a capacidade de dissolver mais substâncias e em maior quantidade do que qualquer outro líquido. Através da reação de hidratação a água é capaz de quebrar ligações iônicas (ligações fortes). Ex.: 350g do sal NaCl dissolve-se completamente em 1 litro de água. 6.1.4.4 PH O pH da água é determinado pela quantidade de hidretos (H+) ou hidroxilas (OH-). Quanto mais hidretos mais a solução é ácida e quanto mais hidroxilas mais a solução é básica. A escala de acidez e de alcalinidade varia de 1 a 14, sendo que quanto mais ácida uma solução menor o valor do seu pH. Quando ocorrem números iguais de íons, o pH é neutro e possui valor 7. A água do mar é alcalina devido a presença de íons alcalinos em maior quantidade que os ácidos. O pH da água do mar varia de 7,4 a 8,5. Água pura [H+] = [OH-] [H+] [OH-] = 1 x 10-14 M - pH Neutro pH (potencial hidrogeniônico) Kw = [H+] [OH-] = [H+]2 [H+] = √Kw = √1 x 10-14 M2 = 1 x 10-7 M [H+] = [OH-] Quando [H+] >1 x 10-7 M a [OH-] sempre será < 1 x 10-7 M - Kw constante é base para escala de pH Keq água pura (25 ºC), mede grau de ionização da H2O Keq = [H+] [OH-] [H2O] - Produto iônico da água (Kw) (a 25 °C) Kw = [H+] [OH-] = Keq [H2O] = (55,5 M) (1,8 x 10 Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial -16 M)= 1 x 10 -14 2 M Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 6.1.4.5 Água dura: é quando há na água sais de cálcio e magnésio, bicarbonato e sulfatos dissolvidos nela. Pelo fato de conter os sais de cálcio e magnésio ocorre à formação de precipitados como os sais sódicos de ácidos graxos, por isso, ela não produz espuma com sabões. Nas caldeiras a água dura forma uma crosta de sais de cálcio, o que resulta em explosões. Porém, a água dura possui a vantagem de ser calcificante de ossos e dentes. Amolecimento da água dura - dureza temporária: água que contém bicarbonatos, e se aquecido, precipita CaCO 3, e por filtração é eliminado, e para eliminar a dureza pode-se adicionar Ca(OH)2. - dureza permanente: água que contém sulfato, para amolecer essa água é preciso passa - lá por uma camada de zeólito ou permutita (mineiral). O zeólito é uma resina que atua como trocadora de íons. Observe: Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Outra possibilidade é eliminar pela adição de NaCO3. 6.1.4.6 Água pesada: possui óxido de deutério, e é parecida com a água ordinária em suas propriedades químicas, porém diferentes nas físicas. Deutério é o isótopo do hidrogênio, que possui 1 próton, 1 nêutron, 1 elétron. 6.1.4.7 Água potável Água potável é para se beber, ela não deve ter microorganismos. Ela pode conter quantidades pequenas de sais, e ar dissolvidos, lembrando que ela deve ser límpida. Para tornar água de um rio potável é necessário que o tratamento obedeça o seguinte processo: - adição da mistura de sulfato de alumínio, e hidróxido de cálcio. - Floculação Ocorre uma reação entre o sulfato de alumínio e o hidróxido de cálcio: Observe: Al2(SO4)3 + 3Ca(HO)2 → 2Al(OH)3 + 3CaSO4 O hidróxido de alumínio não é solúvel em água, por este fato, ele forma um precipitado gelatinoso que forma flocos no qual estão presas as partículas sólidas em suspensão. - decantação ou sedimentação: os flocos sedimentam-se (afundam) em um tanque. - filtração: contendo areia nesse filtro, as partículas retêm as impurezas. - cloração: para eliminar os microorganismos adiciona-se cloro (Cl2). - fluoretação: para proteger o esmalte dos dentes e diminuir a probabilidade de cáries, adiciona-se sal de flúor. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 6.1.5 Enxofre Muitos compostos contendo enxofre são encontrados na natureza, pois este elemento possui grande capacidade de fazer ligações químicas, com números de oxidação variando de (–2) a (+6). O enxofre é um elemento essencial à vida na Terra, sendo alguns de seus compostos de grande importância biológica: organismos vivos, incluindo plantas, assimilam espécies de enxofre, enquanto que ao mesmo tempo, várias formas de enxofre são emitidas como produto final de seus metabolismos. O enxofre representa aproximadamente 0,5% da massa seca de plantas e microrganismos e 1,3% do tecido animal. 6.1.5.1 Ciclo do enxofre O ciclo global do enxofre compreende um conjunto de transformações entre as espécies de enxofre presentes na litosfera, hidrosfera, biosfera e atmosfera (Figura 5). Compostos reduzidos de enxofre, principalmente o sulfeto de hidrogênio (H2S), são formados por atividade bacteriana anaeróbica, no processo de oxidação de carbono orgânico a dióxido de carbono e redução de sulfato (SO42-) a sulfeto (S2-). Parte deste, ao reagir com íons metálicos é fixado na litosfera, na forma de rochas e sedimentos. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Figura transformação de espécies de enxofre na troposfera Na presença de oxigênio, bactérias aeróbicas também podem produzir sulfeto, pela decomposição de matéria biológica contendo enxofre. Compostos reduzidos de enxofre como o sulfeto de hidrogênio (H2S), o dimetilsulfeto (CH3SCH3 ou DMS), o sulfeto de carbonila (COS) e o dissulfeto de carbono (CS2) são voláteis e rapidamente escapam para a atmosfera. A transformação destes compostos na troposfera (oxidante) exibe tendência aos estados de oxidação mais altos. Os mais importantes gases que contém enxofre e estão presentes na atmosfera são dimetilsulfeto, sulfeto de carbonila, sulfeto de hidrogênio, disulfeto de carbono e dióxido de enxofre. 6.1.5.3 Compostos Reduzidos de Enxofre Dimetilsulfeto (CH3SCH3) é o principal composto biogênico do enxofre, sendo emitido predominantemente por certas algas marinhas, por exemplo, a alga vermelha Polysiphonia fastigiata. Parte do enxofre deste organismo está na forma de ácido dimetilssulfopropiônico, que sofre decomposição produzindo o DMS, formando um grande reservatório desta espécie nos oceanos. Cerca de 3% a 10% do DMS presente na água do mar é perdido para a atmosfera, porém o oceano é responsável por 99% do fluxo global de DMS, sendo estimado um valor de 16 MtS/ano. O restante está relacionado com emissões terrestres a partir de vegetação e solos. Uma vez na atmosfera, o DMS reage principalmente com radical hidroxila OH•, que é o principal responsável pela sua remoção. As árvores e outras espécies de plantas são as principais fontes de sulfeto de carbonila (COS) para a atmosfera. O fluxo de cerca de 0,3 MtS/ ano é estimado para fontes terrestres e oceânicas. A queima da biomassa constitui a maior fonte direta antrópica de COS (12% do total). Devido à baixa reatividade química, o COS é o gás contendo enxofre, mais abundante na atmosfera. Seu tempo de vida médio é de 1,5 ano, o que permite que atinja a alta atmosfera, sendo uma importante fonte de SO2 e de sulfato particulado para a estratosfera. O sulfeto de hidrogênio (H2S) é um gás de cheiro desagradável, sendo o principal produto da atividade bacteriana. Fontes de H2S para a atmosfera incluem emissões vulcânicas, oceânicas, a partir de solos e vegetação, queima da biomassa e emissões industriais. Uma vez na atmosfera, é rapidamente oxidado pelo radical OH•. O disulfeto de carbono (CS2) é um gás produzido na atmosfera pelo ataque de radicais OH• ao sulfeto de carbonila (COS). Fontes desta espécie incluem também atividades industriais, destacando-se a indústria de celulose. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 6.1.5.3 Dióxido de Enxofre (SO2) Grandes quantidades de enxofre são lançadas na atmosfera na forma de dióxido de enxofre, um dos mais comuns poluentes atmosféricos. As principais fontes de emissão deste gás são a queima de combustíveis fósseis e atividades industriais (refino de petróleo, metalurgia, cimento), enquanto que a atividade vulcânica é a principal fonte associada a emissões naturais de SO2. A queima da biomassa também tem sido considerada uma fonte importante de enxofre atmosférico, principalmente nas regiões tropicais. Estimativas da produção total de SO2 de origem antrópica indicam cerca de 99 MtS/ano. Conversão das Espécies de Enxofre Existem algumas incertezas com relação às fontes, reações e destino das espécies de enxofre na atmosfera, porém os processos mais importantes relacionados com estas espécies estão representados na Figura . A atmosfera atua como um meio oxidante: compostos reduzidos de enxofre reagem principalmente com radicais OH• e NO3•, sendo oxidados principalmente a SO2. Uma vez formado ou emitido para a atmosfera, SO2 é oxidado, tanto na fase gasosa, quanto na fase aquosa (chuva, neblina, nevoeiro), produzindo ácido sulfúrico (H2SO4) ou partículas neutralizadas sob forma de sulfato. A seqüência de reações abaixo representa o processo de conversão do H2S a SO2, que se inicia com o ataque pelo radical OH• sendo, em seguida, observada uma série de reações subseqüentes (reações 20 a 24) de espécies intermediárias com outros oxidantes presentes na atmosfera: OH• + H2S → H2O + HS• HS• + O3 → HSO• + O2 HS• + NO2 → HSO• + NO HSO• + NO3 → HSO2• + O2 HSO2• + O2 → HO2• + SO2 Para todos os outros compostos reduzidos de enxofre, também a reação com radical OH•é o processo de oxidação mais importante na fase gasosa atmosférica. No caso do DMS, a reação com radical NO3•, por ser rápida, torna-se também um processo importante de remoção deste gás, em atmosferas poluídas por óxidos de nitrogênio (NOx). O dióxido de enxofre, SO2, além de ser lançado na atmosfera em grandes quantidades pela queima de combustíveis, é também o principal produto formado devido à oxidação de todos os compostos reduzidos de enxofre. A oxidação por radical hidroxila tem sido também considerada como a principal reação responsável pela conversão do SO2 na fase gasosa atmosférica: OH• + SO2 + M → HOSO2• + M HOSO2• + O2 → HO2• + SO3 O trióxido de enxofre (SO3) formado reage rapidamente com a água, tanto na fase gasosa, quanto pela interação com gotas atmosféricas, produzindo ácido sulfúrico (H2SO4): SO3 + H2O → H2SO4 Como o dióxido de enxofre, SO2, exibe uma boa solubilidade em água, a fase aquosa atmosférica contém SO2 dissolvido, ou espécies de enxofre no estado de oxidação +4, sulfito (SO32-) e bissulfito (HSO3-), de acordo com os equilíbrios: SO2(g) + H2O(l) ⇌ SO2.H2O(aq) SO2.H2O(aq) + H2O ⇌ HSO3-(aq) + H3O+ HSO3-(aq) + H2O ⇌ SO32-(aq) + H3O+ Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial H = 1,23 mol L-1 atm-1 K = 1,32 x 10-2 mol L-1 K = 6,42 x 10-8 mol L-1 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Figura : Esquema representativo da transferência de SO2(g) para a fase aquosa atmosférica Na faixa de pH correspondente à água atmosférica (pH 2 a 6), a maior parte do SO2 dissolvido encontra-se na forma do íon bissulfito, HSO3-. A conversão das espécies de S(IV) a S(VI) via solução aquosa apresenta uma química complexa e depende de diversas variáveis, o que inclui: concentração de espécies oxidantes, presença de íons metálicos, tamanho e composição da gota e condições meteorológicas. Possíveis agentes oxidantes para o processo incluem: O2, O3, H2O2, radicais livres tais como OH • e HO2• e espécies de nitrogênio, NO, NO2, HONO, HNO3. A oxidação por H2O2 parece ser a mais favorável devido à alta velocidade da reação. Muitos íons metálicos presentes na atmosfera, principalmente Fe(III) e Mn(II), são reconhecidos como agentes catalisadores importantes para a reação de oxidação do S(IV) em fase aquosa. Íons metálicos encontram-se no aerossol atmosférico provenientes da erosão dos solos, indústrias metalúrgicas, de construção e emissões veiculares. Além da possibilidade de múltiplas reações ocorrerem no processo de oxidação de S(IV) a S(VI) em gotas atmosféricas, é necessário também considerar os processos físicos envolvendo a retirada de SO 2 da fase gasosa até a transformação final em sulfato na fase aquosa. 6.1.5.4 Ácido sulfúrico Desde o século X, já se conhecia o ácido sulfúrico. E uma das primeiras metodologias relatadas na literatura para a sua produção envolvia a destilação seca do sulfato de ferro (II) heptahidratado (FeSO4.7H2O) ou do sulfato de cobre (II) pentahidratado (CuSO4.5H2O). Hoje sabemos que a decomposição térmica destes sais leva à formação dos correspondentes óxidos de ferro (II) e de cobre (II), além da liberação de água e do gás trióxido de enxofre, que posteriormente reagem entre si produzindo uma solução diluída de ácido sulfúrico. Este ácido era comumente conhecido como óleo de vitríolo, palavra que advém do latim "vitrum", referindose a aparência dos cristais dos sais inorgânicos mencionados. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional No século XV, Basilius Valentinus usou a queima usou a queima do nitrato de potássio (salitre) com enxofre para a preparação do ácido sulfúrico. A industrialização efetiva da produção deste ácido, porém, na concentração de apenas 35-40%, tornou-se possível através do método de Ward em câmaras recobertas por chumbo. Estas câmaras foram introduzidas por John Roebuck, em 1746, e são resistentes ao ácido sulfúrico, sendo capazes de ganhar grande escala, pela sua resistência mecânica. A síntese do ácido sulfúrico através deste processo utiliza como catalisadores óxidos de nitrogênio, tais como óxido nítrico e dióxido de nitrogênio, e envolve alguns aspectos da química verde, quanto a utilização dos átomos, uma vez que os átomos dos reagentes e do catalisador são incorporados no produto final (economia atômica de 100%), conforme mostrado nas equações a seguir . A otimização deste processo industrial pelos químicos Joseph Louis Gay-Lussac e John Glover aumentou a concentração da solução de ácido sulfúrico para 78%. Entretanto, este processo caiu em desuso, devido principalmente à limitação de não permitir a produção do ácido em concentração superior à 78% em . Em 1831, o comerciante de vinagre britânico Peregrine Phillips patenteou um processo bem mais econômico de produção de trióxido de enxofre e ácido sulfúrico concentrado, conhecido como processo de contato. Praticamente toda a produção mundial atual de ácido sulfúrico utiliza este método que envolve as seguintes etapas: 1) Obtenção do dióxido de enxofre (SO2) a partir da reação de combustão do enxofre, conforme mostrado na reação. 2) Conversão catalítica do dióxido de enxofre em trióxido de enxofre (SO3) A reação de obtenção do SO3 é reversível, sendo o equilíbrio e a velocidade influenciados pela temperatura, a pressão e a concentração de SO3. De acordo com o princípio de Le Chatelier, quando alguma ação é realizada sobre um sistema em equilíbrio, ocorre uma reação na direção que tende a diminuir a ação realizada. Por exemplo, o aumento da temperatura desloca o equilíbrio para a esquerda (reação endotérmica), de modo a consumir parte do calor adicionado ao sistema, favorecendo assim a produção dos gases SO2 e O2. Assim, por consequência, a constante de equilíbrio diminui quando cai a concentração de SO3. Ao contrário, a diminuição da temperatura desloca o equilíbrio para direita (reação exotérmica), favorecendo a formação do SO3.A síntese do SO3 também é influenciada pelo catalisador pentóxido de vanádio (V2O5), que aumenta a velocidade da reação pela redução da energia de ativação. Numa situação de equilíbrio, a diminuição da energia de ativação produzida pelo catalisador tem o mesmo valor para as reações direta e inversa. Por outro lado, sabe-se que a eficiência de um catalisador aumenta com a elevação da temperatura. Entretanto, cuidados devem ser tomados durante o processo industrial do gás SO3, uma vez que o aumento da temperatura de uma reação exotérmica desloca o equilíbrio para a esquerda (princípio de Le Chatelier). Resumindo, uma operação que visa à maximização da produção de SO3 requer um balanço apropriado entre os efeitos opostos da velocidade da reação e do equilíbrio químico. No processo industrial, uma mistura de ar-e SO2 em uma temperatura de cerca de 665°C é resfriada em trocadores de calor para 435°C, e flui para torre de conversão de SO2/SO3 que possui quatro leitos catalíticos de V2O5. A mistura ar-SO2 entra em contato com o primeiro leito de catalisador à aproximadamente 400°C. Esta temperatura deve ser mantida ao longo dos leitos, uma vez que a faixa entre 400 e 450°C é a temperatura ótima para a atividade do catalisador. Como a reação de oxidação do SO2 a SO3 é exotérmica, a cada passagem de um leito para outro há um trocador de calor para manter a temperatura dentro da faixa pré-estabelecida. Com isso a passagem da mistura ar-SO2 pelos quatros leitos catalíticos permite atingir uma taxa de conversão do SO2 a SO3 da ordem de 98,5 a 99,5%. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 3) A última etapa do processo envolve a absorção do trióxido de enxofre pelo ácido sulfúrico, gerando o oleum (H2S2O7), também conhecido como ácido sulfúrico fumegante (Equação 4), que posteriormente é diluído levando à formação de ácido sulfúrico (Equação 5). Outra forma de obtenção do ácido sulfúrico é pela dissolução direta do trióxido de enxofre em água (Equação 6), porém essa reação não é viável como processo industrial pois é tão exotérmica que acaba gerando vapores de ácido sulfúrico. Além de ser difícil condensar os vapores deste ácido, este método é pouco atraente por ser de custo elevado. Esquema das obtenções de ácido nítrico e sulfúrico. Propriedades Físico-Químicas O ácido sulfúrico, H2SO4, é um ácido mineral diprótico forte, incolor e inodoro, e nas condições normais apresenta-se na forma líquida (P.F. = 10oC, P.E. = 337oC, d= 1,84 g/mL). O ácido sulfúrico ao ser dissolvido em água sofre ionização. Este processo é altamente exotérmico e ocorre em duas etapas com a formação do íon hidrônio (H3O+) ou hidroxônio, conforme mostrado a seguir. A primeira etapa de ionização exibe caráter ácido tipicamente forte ao passo que a segunda etapa tem caráter ácido mais fraco. Este fato deve-se a menor carga líquida a ser distribuída no íon HSO4- em relação ao (SO4)-. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 6.1.5.5 Aplicações Industriais A ação desidratante deste ácido é importante na absorção de água formada em determinadas reações químicas, como a esterificação e a sulfonação, além de ter o poder de protonar o ácido nítrico para a formação do íon nitrônio, o agente de nitração de anéis aromáticos. Este agente eletrofílico é usado para a produção de corantes e de explosivos nitrados, como nitrocelulose (utilizada em algumas pólvoras), TNT (trinitrotolueno) e nitroglicerina (utilizada no tratamento de angina, e quando misturada às terras diatomáceas, um tipo de sílica, origina a dinamite). O ácido sulfúrico é, também, um excelente agente de sulfonação. As reações de sulfonação, envolvendo principalmente compostos aromáticos, têm inúmeras aplicações na indústria química e em síntese orgânica. Como exemplo de aplicação industrial, temos a produção de detergentes sintéticos, bactericidas sulfonados (antibióticos conhecidos como sulfas), pesticidas, adoçantes artificiais, corantes e pigmentos, etc. Outro agente de sulfonação bastante conhecido derivado do ácido sulfúrico é o ácido clorossulfônico (ClSO3H), também conhecido como ácido clorossulfúrico. Este pode ser preparado pela reação do pentacloreto de fósforo (PCl5) com ácido sulfúrico concentrado ou pela ação direta do ácido clorídrico com trióxido de enxofre. Na química orgânica este ácido pode ser usado na reação de sulfonação de alcoóis, aminas, além da sulfonação e clorossulfonação de compostos aromáticos. A reação a seguir, mostra a síntese do ciclamato de sódio, um edulcorante artificial (adoçante), a partir da Nsulfonação da ciclo-hexilamina. A importância do ácido sulfúrico é tão significativa que, o consumo per capita deste produto químico, é um dos indicadores para medir o desenvolvimento industrial de um país. Este ácido é um dos produtos químicos mais fabricados e utilizados no mundo, e sua produção mundial gira em torno de 200 milhões de toneladas por ano.Seu principal uso (cerca de 60%da produção mundial) engloba a fabricação de fertilizantes fosfatados, a partir da produção de ácido fosfórico. Tais fertilizantes têm como matériaprima rochas fosfáticas, cujo principal componente é o mineral fluoroapatita, que ao reagir com o ácido sulfúrico produz ácido fosfórico e outras substâncias. A síntese de fertilizantes denominados sulfatados, como sulfato de amônio, também utiliza o ácido sulfúrico como matériaprima. Além disso, o ácido sulfúrico reage com a maioria dos metais, formando hidrogênio gasoso e o sulfato do metal em questão. O chumbo e o tungstênio são exemplos de metais inertes ao ácido sulfúrico.O ácido sulfúrico é usado na produção de ácido clorídrico, no processamento de minérios, no refino do petróleo e na síntese de sulfato de alumínio, uma matéria prima usada na fabricação de papel, além de ser um agente coagulante utilizado no tratamento da água na etapa de floculação. Em especial, a utilização deste ácido no processo de fabricação do Nylon-6 está na síntese do monômero da caprolactama, via rearranjo de Beckmann da oxima da ciclohexanona .O ácido sulfúrico é empregado na síntese do laurilsulfato de sódio (dodecilsulfato de sódio), detergente que atua na remoção de sujeira e gordura, muito utilizado em formulações de produtos de higiene e beleza. No refino do petróleo, é usado na síntese do iso-octano ou 2,2,4-trimetilpentano, uma substância que aumenta a octanagem da gasolina, melhorando a qualidade de combustão do combustível.A síntese do iso-octano consiste na reação de alquilação do íon carbênio, gerado a partir da protonação do isobutileno . Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Outras Informações Como a reação de hidratação do ácido sulfúrico é termodinamicamente favorável (ΔH = -880 kJ/mol), este é um poderoso agente desidratante, sendo capaz de reagir com açúcares, amido e celulose, removendo água e levando à formação de carbono elementar . O ácido sulfúrico causa significativos problemas ambientais, pois é um dos constituintes da chamada "chuva ácida", que polui rios e lagos, causando danos à flora e fauna aquáticas e à vegetação. Grandes quantidades de dióxido de enxofre são lançadas na atmosfera. As principais fontes de emissão deste gás são a queima de combustíveis fósseis e atividades industriais (refino de petróleo, metalurgia), enquanto a atividade vulcânica é a principal fonte associada a emissões naturais de SO2. Uma vez formado ou emitido para a atmosfera, o SO2 é oxidado a trióxido de enxofre, que após ser formado reage rapidamente com a água produzindo ácido sulfúrico.A exposição crônica ao ácido sulfúrico pode gerar alguns sintomas graves como: irritação nos olhos, nariz e garganta, edema pulmonar, bronquite, enfisema, conjuntivite, estomatite, erosão dentária, etc. Deve-se manuseá-lo com cuidado e evitar o contato com a pele e olhos, pois causa queimaduras severas. 6.1.6 CLORO-SODA É uma das mais importantes atividades econômicas do mundo. Têm como principais consumidores os seguintes setores da economia: Papel e Celulose, Química e Petroquímica, Alumínio, Construção Civil, Sabões e Detergentes, Têxtil, Metalúrgica, Tratamento de Água, etc. As aplicações do cloro são muito variadas, o que lhe dá o titulo de reagente mais empregado na indústria química, participando direta ou indiretamente em mais de 50% da produção química mundial. Tão antigo como a humanidade, o sal já foi objeto de culto e ate mesmo troca (dinheiro), sua distribuição foi ate mesmo utilizada como armas políticas pelos antigos governantes e nos países do oriente eram grandes os impostos sobre o sal. O sal é hoje uma mercadoria básica para a vida quotidiana e também matéria-prima básica para muitos compostos químicos como o hidróxido de sódio, o carbonato de sódio, o sulfato de sódio, o acido clorídrico, os fosfatos de sódio, o clorato e o clorito de sódio. Praticamente a totalidade do cloro produzido na indústria atual é produzido a partir do cloreto de sódio, essa indústria é responsável pelo consumo de 45% do sal nos Estados Unidos, sendo apenas 11% utilizado na indústria alimentícia. Nos principais países produtores as reservas de sal são enormes, porém não se conhece o respectivo grau de pureza desse sal. O sal pode ser obtido de três maneiras diferentes: • 1. Pela evaporação solar da água do mar na costa do pacífico, ou nas salmouras dos lagos ocidentais, tendo uma pureza entre 98 e 99% • 2. Pela mineração do sal gema, que tem composição amplamente variável dependendo assim do seu local de origem, certos tipos podem chegar a uma pureza de 99,5%. Essa mineração utiliza métodos análogos à mineração do carvão. 3. A partir das salmouras dos poços, se obtém essa salmoura com a injeção de água em depósitos de sal, possui cerca de 98% de pureza. Essa pureza vai depender em grande parte da pureza da água utilizada para dissolver o leito do sal gema. O método mais utilizado para a extração do sal dessa salmoura é a evaporação a vácuo de múltiplo efeito. • A pureza vai depender em grande parte da pureza da água utilizada para dissolver o leito do sal gema. O método mais utilizado para a extração do sal dessa salmoura é a evaporação a vácuo de múltiplo efeito. Os processos de evaporação solar e das minas muitas vezes fornecem um sal com pureza suficiente para o emprego direto, entretanto uma grande parte deve ser purificada para remover matérias como cloreto. • No Brasil apenas as plantas da TRIKEM em Maceió(AL) e da Dow em Aratu(BA) são abastecidas por minas de sal gema. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I 6.1.6.1 PROCESSO DE PRODUÇÃO Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 6.1.6.1.1 Soda Cáustica e Cloro A soda cáustica e o cloro são produzidos simultaneamente, pela eletrólise de sal, numa proporção molar de 2:1. Reações: • Anodo: • 2Cl→ 1Cl2 + 2e • Catodo: • Na+ + e → Na • 2Na + 2 H2O → 2NaOH + H2 Como a massa molar do Cl2 é 71 e o NaOH é 40, deduz-se que a eletrólise fornece 40 partes em peso de NaOH para 35,5 partes de cloro. Isso corresponde a 1 tonelada de Cl2, para 1,12 ou 1,13 tonelada de NaOH, sendo o processo eletrolítico o empregado em mais de 95% da produção mundial de cloro. Processos • Para a produção de cloro-soda cáustica existem três tipos de tecnologia: • - diafragma, • - mercúrio e • - membrana. • O processo de diafragma, é o mais utilizado no mundo 46%, seguido pelo processo de membrana 32% e de mercúrio 22%. No Brasil a tecnologia mais utilizada é o diafragma 71%, mercúrio com 25% e membrana com apenas 4%. Tipos de tecnologia utilizadas em plantas de cloro soda: • Tecnologia de mercúrio: processo mais antigo e ainda de maior utilização no mundo. é a tecnologia mais sujeita a restrições ambientais. • Os Produtos são de excelente qualidade. As matérias primas não precisam ser de alta pureza. O mercúrio é poluente, mas pode ser eficientemente controlado. O mercúrio é o único metal que se mantém liquido e é volátil à temperatura ambiente. Causa diversas doenças crônicas, tais como: lesões celulares, que ataca principalmente o tubo digestivo, os rins e o sistema central, até atingir níveis de concentração letais. Livre no ambiente uma grande parte do mercúrio é absorvida direta ou indiretamente por plantas e animais aquáticos, iniciando o processo de "bio-acumulação".Assim os seres humanos acabam recebendo a maior carga química tóxica no final desse processo acumulativo denominado "bio-magnificação". Tecnologia de diafragma • Tecnologia de diafragma ocupa a segunda posição em antiguidade, eficiência energética e restrição ambiental. Emprega diafragma poroso à base de amianto. As matérias-primas precisam ser de alta pureza. Os produtos da célula são impuros. O amianto é um material agressivo a saúde e deve ser corretamente manipulado. No sistema de eletrólise de uma solução de cloreto de sódio por células de diafragma, há formação de cloro no ânodo e de soda cáustica e hidrogênio no cátodo. Os ânodos passaram de carbono para grafite, e mais tarde para titânio revestido. Os cátodos tiveram poucas modificações em termos de material, mantendo-se em aço, mas evoluíram no aspecto energético. Os diafragmas podem ser feitos a partir de fibras de amianto e de fibras sintéticas com nomes comerciais tais como Poliramix e Tephram (Lopes,2003). O solo e água são potencialmente contaminados com mercúrio e/ou PCDD/PCDF (tecnologias de células de mercúrio e/ou diafragma com utilização de ânodos de grafite). Esta contaminação é proveniente de: Deposição de emissões difusas de mercúrio; Deposição de resíduos contaminados com mercúrio. Deposição de resíduos contaminados com PCDD ou PCDF. Medidas para controle/minimização: Armazenamento de peças e resíduos contaminados em locais fechados, isolados e impermeabilizados; Remoção dos resíduos contaminados para tratamento e/ou deposição em aterro; Controle de qualidade do solo, águas superficiais e subterrâneas potencialmente contaminadas com Hg e PCDD/PCDF. Tecnologia de membrana • Tecnologia de membrana têm alta eficiência energética e não sofre qualquer restrição de ordem ambiental. Processo moderno, de tecnologia recente e com poucas unidades instaladas no mundo. • Qualidade dos produtos similar aos obtidos pela célula de mercúrio. Elevada pureza da salmoura. Custo de reposição de membranas é alto. Produz soda cáustica de alta pureza. No sistema de eletrólise com células de membrana, ocorre produção de: cloro no ânodo, soda cáustica (32-35%) e hidrogênio no cátodo. É a tecnologia que deve prevalecer no futuro e já vem sendo a preferida para uso em plantas novas; é a única empregada no Japão. Há necessidade de remover o hidrogênio e dióxido de carbono do cloro produzido, em algumas situações. Necessidade de concentrar a solução de soda cáustica até 50%. Emissões para atmosfera: Cl2 CO2 CCl4. Emissões para água: Sulfatos, Oxidantes livres, Cloretos, Cloratos, Bromatos, Metais, e CCl4. Estas emissões são geradas nos seguintes processos: Evaporação da solução de soda cáustica (concentração final). Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional I Secagem do cloro • Purificação da salmoura (lavagem das resinas de permutação iônica); Purgas do circuito da salmoura (evitar acumulação de contaminantes). Resíduos são gerados na sua maioria durante a purificação secundária da salmoura: Materiais e revestimentos de celulose (filtros para lama/ redução da dureza da salmoura). • Resinas de permuta iônica. • Lamas. Entradas no processo: Independente da tecnologia utilizada, as principais entradas no processo são: Cloreto de sódio ou cloreto de potássio. Água utilizada para: preparação da salmoura circuito de soda cáustica(manter o balanço de água na reação de formação de NaOH) unidade de absorção do cloro arrefecimento -Energia -Matérias auxiliares, utilizadas para remoção das impurezas da salmoura(carbonatos e bicarbonatos), para ajuste do pH no tratamento da salmoura(HCl), para secagem do Cl2 (H2SO4). Saídas do processo: De acordo com o tipo de sal utilizado e independente da tecnologia utilizada, a quantidade do produto final produzido, por cada 1000 kg de cloro produzidos é: 1128 kg de NaOH (100%), se for utilizado NaCl como matéria prima. • 1577 kg de KOH (100%), se for utilizado KCl como matéria prima. • 28 kg de Hidrogênio. Descarga e armazenamento do sal ( em local fechado, evitando emissões de suas partículas e contaminação). Purificação e saturação da salmoura (circuito da salmoura). 6.1.6.2 Barrilha • Sólido leve, moderadamente solúvel em água, contendo em geral, cerca de 99% de Na2CO3. • Principais utilizações: – Vidro – Sabão e detergentes – Polpa de papel – Tratamento de água – Metais não ferrosos • O processo antigo de produção de barrilha, denominado LeBlanc, foi desenvolvido em 1773. • Baseava-se na calcinação do sulfato de sódio com carvão e calcário num forno rotatório, seguido pela lixiviação do produto pela água. Ocorria a hidrólise dos sulfetos, que eram convertidos a carbonato pelo tratamento com dióxido de carbono dos fornos de calcinação. No processo LeBlanc ocorrem as seguintes reações químicas: • Reação do sal comum com o ácido sulfúrico: 2NaCl + H2SO4 →Na2SO4 + 2 HCl • Reação de calcinação do Na2SO4 com calcário e carvão: Na2SO4 + CaCO3 + 2C →Na2CO3 + CaS + 2CO2 Em 1861, Ernest Solvay, químico belga, desenvolveu o processo amônia-soda. O processo Solvay só substituiu completamente o processo LeBlanc por volta de 1915. Utilizou como matérias primas, o cloreto de sódio (sal comum) , o amoníaco e o carbonato de cálcio (pedra calcária), conseguindo tornar mais barata a obtenção do sal e eliminar alguns dos problemas que apresentava o método Leblanc. Trona é um mineral composto de carbonato e bicarbonato de sódio hidratado (Na3HCO3CO3·2H2O). É extraído como fonte primária para a obtenção do carbonato de sódio nos Estados Unidos, substituindo Processo Solvay usado no resto do mundo para a produção do carbonato de sódio. 6.1.6.3 Processo Solvay MATÉRIAS-PRIMAS: • Sal – usado na forma de salmoura natural ou artificial, Saturada • Calcário – deve ter pequena quantidade de impurezas, principalmente sílica, britado a um tamanho entre 10 e 20cm • Coque – calcina o calcário e fornece CO2 • Amônia – reagente cíclico no processo – participa das reações e é recuperada, sendo pequena a quantidade perdida. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I REAÇÕES: CaCO3 → CaO + CO2 (1) C(amorfo) → CO2 (2) CaO + H2O → Ca(OH)2 (3) NH3 + H2O → NH4OH (4) 2NH4OH + CO2 → (NH4)2CO3 + H2O (5) (NH4)2CO3 + CO2 + H2O → 2NH4HCO3 (6) NH4HCO3 + NaCl → NH4Cl + NaHCO3 (7) 2NaHCO3 → calc. Na2CO3 + CO2 + H2O (8) 2NH4Cl + Ca(OH)2 → 2NH3 + CaCl2 + 2H2O (9) Ensino Médio Integrado à Educação Profissional REAÇÃO GLOBAL: CaCO3 + 2NaCl Na2CO3 + CaCl2 6.1.6.1.4 Bicarbonato de sódio • NaHCO3 : bicarbonato de sódio ou carbonato ácido de sódio ou carbonato de hidrogênio e sódio Não se obtém a partir do bicarbonato de sódio separado nos filtros do processo Solvay porque: – Difícil de secar – Perda da amônia presente – Odor devido a traços de amônia – Outras impurezas • Utilização: fabricação de água carbonatada, artigos de couro, extintores de incêndio, manufatura de levedura em pó. Prepara-se uma solução saturada de barrilha, que é introduzida no topo de uma coluna semelhante à torre de carbonatação da fabricação da barrilha. Na base da torre injeta-se CO2 comprimido e a temperatura é mantida em torno de 40ºC. A suspensão de bicarbonato que se forma é removida pela base da torre, filtrada e lavada num filtro a tambor rotativo. Depois da centrifugação, o material é seco numa esteira transportadora contínua, a 70ºC. O bicarbonato obtido por esse processo tem uma pureza de 99,9%. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 7. Metais e Metalurgia Os metais têm tido papel importante no desenvolvimento da civilização. A história antiga é normalmente dividida em Idade da Pedra, Idade do Bronze e Idade do Ferro, com base nas composições das ferramentas usadas em cada era. As sociedades modernas contam com uma variedade de metais para a fabricação de ferramentas, máquinas e outros itens. Os químicos e outros cientistas têm encontrado utilização até para os menos abundantes dos metais à medida que buscam materiais para atender às necessidades tecnológicas em evolução. Para ilustrar esse ponto, a Figura 1 mostra a composição aproximada de um motor a jato de alto desempenho. Observe que o ferro, por muito tempo o metal dominante da tecnologia, não está nem sequer presente em extensão significativa. Neste capítulo consideraremos as formas químicas nas quais os elementos metálicos ocorrem na natureza e os meios pelos quais obtemos os metais a partir dessas fontes. Examinaremos, também, a ligação nos sólidos e veremos como os metais e as misturas de metais, chamadas ligas, são empregados na tecnologia moderna. Finalmente, olharemos especificamente as propriedades dos metais de transição. Como veremos, os metais têm química variada e interessante. 7.1 Ocorrência e distribuição dos metais A parte do nosso ambiente que constitui a terra sólida abaixo de nossos pés é chamada litosfera. A litosfera fornece a maioria dos materiais que usamos para nos alimentar, nos vestir, nos abrigar é nos entreter. Apesar de grande parte de a Terra ser sólida, temos apenas acesso a uma minúscula região próxima da superfície. Enquanto o raio da Terra é 6.370 km, a mina mais funda estende-se tão-somente a uma profundidade de cerca de 4 km abaixo da superfície do planeta. Muitos dos metais mais úteis não são especialmente abundantes na porção da litosfera na qual temos fácil acesso. Conseqüentemente, a ocorrência e a distribuição dos depósitos concentrados desses elementos em geral têm um papel importante nas políticas internacionais à medida que os países competem pelo acesso a esses materiais. Os depósitos que contêm metais em quantidades economicamente exploráveis são conhecidos como minérios. Normalmente, os compostos ou elementos que desejamos devem ser separados de uma grande quantidade de material não desejado e processados quimicamente para torná-Ios úteis. Aproximadamente 2,3 x 104 kg (23 toneladas) de materiais são extraídos da litosfera e processados anualmente para sustentar cada pessoa nos Estados Unidos. Como as fontes mais ricas de muitas substâncias estão se esgotando, pode ser necessário no futuro processar volumes maiores de material bruto de qualidade mais baixa. Em decorrência, a extração dos compostos e elementos que precisamos custaria mais tanto em energia quanto em termos de impacto ambienta! 7.2 Minerais Com exceção do ouro e dos metais do grupo da platina (Ru, Rh, Pd, Os, Ir e Pt), a maioria dos elementos metálicos é encontrada na natureza em compostos inorgânicos sólidos chamados minerais. A Tabela 23.1 relaciona as principais fontes minerais de vários metais comuns, três dos quais são mostrados na Figura 2. Observe que os minerais são identificados pelos nomes comuns em vez de seus nomes químicos. Os nomes dos minerais são geralmente baseados nos locais onde eles foram descobertos, na pessoa que os descobriu ou em algumas características como a cor. O nome malaquita, por exemplo, vem da palavra grega malache, o nome de um tipo de árvore cujas folhas são da cor do mineral. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Comercialmente, as fontes mais importantes de metais são os minerais de óxido, sulfeto e carbonato. Os minerais de silicato são muito abundantes, mas geralmente são difíceis de concentrar e reduzir. Portanto, a maioria dos silicatos não Comercialmente, as fontes mais importantes de metais são os minerais de óxido, sulfeto e carbonato. Os minerais de silicato são muito abundantes, mas geralmente são difíceis de concentrar e reduzir. Portanto, a maioria dos silicatos não são fontes econômicas de metais. 7.3 Metalurgia A metalurgia é a ciência e a tecnologia de extração de metais a partir de suas fontes naturais e de sua preparação para uso prático. Ela geralmente envolve várias etapas: (1) mineração, (2) concentração do minério ou de outra forma de prepará-lo para tratamento adicional, (3) redução do minério para obter o metal livre, (4) refinamento ou purificação do metal, e (5) mistura do metal com outros elementos para modificar suas propriedades. Esse último processo produz uma liga, um material metálico que é composto de dois ou mais elementos Depois de ser minerado, um minério é geralmente triturado e moído e a seguir tratado para concentrar o metal desejado. O estágio de concentração baseia-se nas diferenças das propriedades do mineral e no material não desejado que o acompanha, chamado ganga. O minério de ferro bruto, por exemplo, é enriquecido e transformado em pelotas. Depois que um minério é concentrado, uma variedade de processos químicos é usada para obter o metal em pureza apropriada. Examinaremos alguns dos processos metalúrgicos mais comuns . Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 7.4 Pirometalurgia Um grande número de processos metalúrgicos utilizam altas temperaturas para alterar o mineral quimicamente e para no final das contas reduzi-lo a metal livre. O uso do calor para alterar ou reduzir o mineral é chamado pirometalurgia. (Piro significa 'a alta temperatura'.) A calcinação é o aquecimento de um minério para realizar sua decomposição e a eliminação de um produto volátil. O produto volátil pode ser, por exemplo, CO 2 ou H20. Os carbonatos geralmente são calcinados para eliminar CO2, formando óxido metálico. Por exemplo: A maioria dos carbonatos decompõe-se de maneira razoavelmente fácil em temperaturas na faixa de 400°C a 500°C, apesar de CaC03 necessitar de uma temperatura de aproximadamente 1.000 oCo A maioria dos minerais hidratados perde H20 em temperaturas na ordem de 100 a 300°C. A ustulação é um tratamento térmico que provoca reações químicas entre o minério e a atmosfera dos fornos. A ustulação pode levar à oxidação ou à redução e pode ser acompanhada pela calcinação. Um importante processo de ustulação é a oxidação dos minerais de sulfeto, nos quais o metal é convertido a óxido, como nos seguintes exemplos: 2ZnS(s) + 302(g) 2ZnO(S) + 2S02(g) 2MoS2(s) + 702(g) 2Mo03(s) + 4S02(s) O minério de sulfeto de um metal menos ativo, como o mercúrio, pode ser ustulado no metal livre: HgS(s) + 02(g) Hg(g) + S02(g) Em muitas instâncias o metal livre pode também ser obtido ao se usar uma atmosfera redutora durante a ustulação. O monóxido de carbono fornece uma atmosfera desse tipo, e é normalmente usado para reduzir os óxidos metálicos: PbO(s) + CO(g) Pb(l) + CO2(g) Entretanto, esse método de redução não é sempre possível especialmente com metais ativos, que são difíceis de reduzir. A fusão é um processo em que os materiais formados durante as reações químicas são separados em duas ou mais camadas. A fusão geralmente envolve um estágio de calcinação no mesmo forno. Dois dos importantes tipos de camadas formadas no fundidor são metais fundidos e escória. O metal fundido pode consistir quase inteiramente em um único metal, ou ele pode ser uma solução de dois ou mais metais. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial .-..... Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional A escória consiste principalmente em minerais de silicato fundidos, com aluminatos, fosfatos e outros compostos iônicos como constituintes. Uma escória é formada quando um óxido metálico básico, como a CaO, reage a altas temperaturas com sílica fundida (Si02): As operações pirometalúrgicas podem envolver não apenas a concentração e redução de um mineral, mas também o refinamento do metal. O refinamento é o tratamento de um produto metálico relativamente impuro e bruto a partir de um processo metalúrgico para melhorar sua pureza e para definir melhor sua composição. Algumas vezes o objetivo do processo de refinamento é a obtenção do metal em sua forma pura. Entretanto, o objetivo pode também ser produzir uma mistura com composição bem definida, como na produção de aços a partir do ferro bruto. 7.5 Pirometalurgia do ferro A mais importante operação pirometalúrgica é a redução do ferro. O ferro está presente em muitos minerais diferentes, mas as mais importantes fontes são dois minerais de óxido de ferro - a hematita (Fe203) e a magnetita (Fe304). À medida que os depósitos de mais alto grau desses minerais têm se exaurido, os minérios de grau mais baixo têm sido abertos. A taconita, que consiste em sílica finamente triturada com proporções variáveis de hematita e magnetita, tem aumentado em importância como uma fonte de ferro da grande Cordilheira Mesabi, localizada a oeste do Lago Superior. A redução dos óxidos de ferro pode ser realizada em um alto forno, como ilustrado na Figura 23.4. Um alto-forno é basicamente um reator químico enorme capaz de operação contínua. Os maiores fornos têm mais de 60 m de altura e 14 m de largura. Quando operando com capacidade total, eles produzem até 10 mil toneladas de ferro por dia. O alto-forno é carregado até o topo com uma mistura de minério de ferro, coque e calcário. Coque é carvão aquecido na ausência de ar para eliminar os componentes voláteis. Ele tem aproximadamente de 85 a 90% de carbono. O coque serve como combustível, produzindo calor à medida que é queimado na parte mais baixa do forno. Também é fonte dos gases redutores CO e H 20 calcário (CaCO3) funciona como fonte do óxido básico CaO, que reage com silicatos e outros componentes do minério para formar a escória. O ar, que entra no alto-forno na base após o pré-aquecimento, também é uma importante matéria-prima; ele é necessário para a combustão do coque. A produção de 1 kg de ferro bruto, chamado ferro gusa, necessita de aproximadamente 2 kg de minério, 1 kg de coque, 0,3 kg de calcário e 1,5 kg de ar. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional No forno o oxigênio reage com o carbono no coque para formar monóxido de carbono: 2C (s) + O2 (g) → ∆H = -221 KJ 2CO (g) O vapor de água presente no ar também reage com o carbono, formando tanto monóxido de carbono quanto hidrogênio: ∆H = +131 kJ A reação do coque com o oxigênio é exotérmica e fornece calor para a operação do forno, enquanto sua reação com vapor de água é endotérmica. A adição de vapor de água ao ar fornece, assim, um meio de controlar a temperatura do forno. Na parte superior do forno, o calcário decompõe-se para formar CaO e CO2. Aqui, também, os óxidos de ferro são reduzidos por CO e H2. Por exemplo, as reações importantes para Fe304 são: Fe304(s) + 4CO(g) Fe304(s) + 4H2(g) 3Fe(s) + 4C02(g) 3Fe(s) + 4H20(g) ∆H = -15 kJ ∆H = +150 kJ A redução de outros elementos presentes no minério também ocorre nas partes mais quentes do forno, onde o carbono é o principal agente redutor. O ferro fundido é coletado na base do forno, como mostrado na Figura 23.4. É revestido com camada de escória fundida formada pela reação de CaO com a sílica presente no minério. A camada de escória sobre o ferro fundido ajuda a protege-lo da reação com o ar que entra. Periodicamente o forno é sangrado para liberar a escória e o ferro fundido. O ferro produzido no forno pode ser fundido em lingotes. Entretanto, a maior parte é usada diretamente na fabricação de aço. Para esse propósito, ele é transportado, enquanto ainda líquido, para as usinas de aço. A produção de ferro gusa usando alto-forno tem diminuído nos tempos atuais por causa dos processos de redução alternativos e do uso crescente de restos de ferro na usina de aço. Os altos-fornos, todavia, permanecem como meio significativo de redução de óxidos de ferro. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 7.6 Formação do aço O aço é uma liga de ferro. A produção de ferro a partir de seu minério é um processo de redução química que resulta em um ferro bruto contendo muitas impurezas indesejáveis. O ferro de um alto-fomo normalmente contém de 0,6 a 1,2% de silicio, 0,4 a 2,0% de manganês e quantidades menores de fósforo e enxofre. Além disso, existe uma quantidade considerável de carbono dissolvido. Na produção do aço esses elementos de impurezas são removidos pela oxidação em um recipiente chamado conversor. Em usinas de aço modernas, o agente oxidante é O, puro ou O2 diluído com argônio. O ar não pode ser usado diretamente como fonte de O2 porque N2 reage com o ferro fundido para formar nitrito de ferro, que faz com que o aço se tome quebradiço. Uma visão transversal do projeto de um conversor aparece na Figura 23.6. Nesse conversor O 2, diluído com argônio, é soprado diretamente no metal fundido. O oxigênio reage exotermicamente com carbono, silício e muitas impurezas metálicas, reduzindo as concentrações desses elementos no ferro. O carbono e o enxofre são expelidos como gases CO e S02, respectivamente. O silicio é oxidado a Si0 2 e adiciona-se a qualquer escória que possa estar presente inicialmente no metal fundido. Os óxidos metálicos reagem com Si02 para formar silicatos. A presença de uma escória básica também é importante para a remoção do fósforo: Aproximadamente todo o O2, soprado dentro do conversor é consumido nas reações de oxidação. Pelo monitoramento das concentrações de O 2 no gás saindo do conversor, é possível dizer quando a oxidação está praticamente completa. A oxidação das impurezas presentes no ferro normalmente necessita de cerca de 20 minutos. Quando a composição desejada for atingida, os conteúdos do converso r são drenados para dentro de uma concha grande. Para produzir o aço com vários tipos de propriedades, os elementos da liga são adicionados á medida que a concha é preenchida. A mistura ainda fundida é, a seguir, derramada dentro dos moldes, onde se solidifica. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Conversor para refinamento do ferro. Uma mistura de oxigênio e argônio é soprada por meio de ferro fundido e escória. O calor gerado pela oxidação das impurezas mantém a mistura no estado fundido. Quando a composição desejada é atingida, o conversor é inclinado para derramar o conteúdo. 7.7 Hidrometalurgia As operações pirometalúrgicas necessitam de grandes quantidades de energia e, geralmente, são uma fonte de poluição atmosférica, sobretudo pelo dióxido de enxofre. Para alguns metais, outras técnicas têm sido desenvolvidas nas quais o metal é extraído de seus minérios por meio de reações aquosas. Esses processos são chamados hidrometalurgia (hidro significa 'água'). O processo hidrometalúrgico mais importante é a lixiviação, na qual o composto desejado contendo o metal é dissolvido seletivamente. Se o composto for solúvel em água, esta em si é um agente lixiviador apropriado. Mais comumente, o agente lixiviador é uma solução aquosa de um ácido, base ou sal. Geralmente o processo de dissolução envolve a formação de um íon complexo. Como exemplo, podemos considerar a lixiviação do ouro. O ouro metálico é em geral encontrado relativamente puro na natureza. Como os depósitos concentrados de ouro elementar têm sido exauridos, fontes de grau mais baixo têm se tornado mais importante. O ouro de minérios de grau mais baixo pode ser concentrado NaCN sobre ele. Na presença de CN- e ar, o ouro é oxidado, formando o íon estável Au(CN) 2, solúvel em água: Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Depois que um íon metálico é lixiviado seletivamente de seu minério, ele é precipitado da solução como metal livre ou como um composto iônico insolúvel. O ouro, por exemplo, é obtido a partir de seu complexo cianeto pela redução com zinco em pó: 2Au(CN)2- (aq) + Zn(s) Zn(CN)42- (aq) + 2Au(s) 7.7.1 Hidrometalurgia do alumínio Entre os metais, o alumínio só perde para o ferro no uso comercial. A produção mundial de alumínio é de aproximadamente 1,5 x 1010 kg (15 milhões de toneladas) por ano. O mais útil mineral de alumínio é a bauxita, na qual AI está presente como óxidos hidratados, Al 2O3. xH2O. O valor de x varia, dependendo do mineral em particular presente. Em virtude de os depósitos de bauxita nos Estados Unidos serem limitados, a maioria do mineral usado na produção de alumínio deve ser importada. As principais impurezas encontradas na bauxita são SiO2 e FeZ03. E essencial separar Al2O3 dessas impurezas antes que o metal possa ser recuperado por redução eletroquímica, como descrito na Seção 23.4. O processo usado para purificar a bauxita, chamado processo de Bayer, é um procedimento hidrometalúrgico. O mineral é primeiro triturado e moído, depois digerido em uma solução aquosa concentrada de NaOH, em torno de 30% em massa de NaOH, a uma temperatura na faixa de 150°C a 230°C. Uma pressão suficiente, até 30 atm, é mantida para prevenir a ebulição. Al2O3 dissolve-se nessa solução, formando o íon complexo aluminato, AI(OH)-4: Os óxidos de ferro (III) não se dissolvem na solução fortemente básica. Essa diferença no comportamento dos compostos de ferro e alumínio origina-se porque A13+ é anfótero, enquanto o íon Fe3+ não. Portanto, a solução de aluminato pode ser separada dos sólidos contendo ferro por filtração. O pH da solução é reduzido, fazendo com que o hidróxido de alumínio se precipite. Depois que o hidróxido de alumínio precipitado é filtrado, ele é calcinado na preparação para a eletrorredução do metal. A solução recuperada da filtração é reconcentrada de tal forma que possa ser usada novamente. Esse objetivo é atingido pelo aquecimento para evaporar a água da solução, procedimento que requer mais energia e é a parte mais cara do processo de Bayer. 7.8 Eletrometalurgia: Uma das eletrólises ígneas mais importantes atualmente na indústria, é a eletrólise do Al2O3 na produção de alumínio metálico. Muitos processos usados para reduzir minerais metálicos ou metais refinados são baseados na eletrólise. Coletivamente esses processos são chamados eletrometalurgia. Os procedimentos eletrometalúrgicos podem ser muito diferenciados de acordo com o fato de se envolver eletrólise de sal fundido ou de solução aquosa. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Os métodos eletrolíticos são importantes para a obtenção de metais mais ativos, como sódio, magnésio e alumínio. Esses metais não podem ser obtidos a partir de soluções aquosas porque a água é reduzida mais facilmente que os íons metálicos. Os potenciais-padrão de redução da água sob condições tanto ácida quanto + 2+ 3+ básica são mais positivos que os de Na (Eº red = -2,71 V), Mg (E red = -2,37V) e AI (Eº red = -1,66 V): Para formar tais metais por redução eletroquímica, conseqüentemente devemos empregar um meio de sal fundido no qual o íon metálico de interesse é a espécie mais facilmente reduzida. 7.8.1 Eletrometalurgia do sódio Na preparação comercial do sódio, NaCl fundido é eletrolisado em uma célula especialmente desenvolvida, chamada célula de Downs, ilustrada na Figura 23.7. O c1oreto de cálcio (CaCI 2) é adicionado para abaixar o ponto de fusão do NaCl fundido a partir do ponto de fusão normal de 804°C para algo em torno de 600 ºC Na(l) e Cl2(g) produzido na eletrólise são mantidos de forma a não entrar em contato e formar novamente NaCl. Além disso, deve-se prevenir que Na entre em contato com o oxigênio porque o metal oxidaria rapidamente sob condições de alta temperatura da célula de reação. Célula de Downs usada na produção comercial de sódio. 7.8.2 Eletrometalurgia do alumínio Abordamos o processo de Bayer, no qual a bauxita é concentrada para produzir hidróxido de alumínio. Quando esse concentrado é calcinado a temperaturas acima de 1.000 °C, forma-se óxido anidro (Ab03). O óxido anidro de alumínio funde-se acima de 2.000 °C Essa temperatura é muito alta para permitir seu uso como um meio fundido para a formação eletrolítica do alumínio livre. O processo eletrolítico usado comercialmente para produzir alumínio é conhecido como processo de Hall, que recebe esse nome em homenagem a seu inventor, Charles M. Hall (veja o quadro "Um olhar mais de perto" nesta seção). A1203, purificado é dissolvido em um condutor eficiente de corrente elétrica. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Um diagrama esquemático da célula de eletrólise é mostrado na Figura 23.8. Tubos de grafite usados como anodos e consumidos no processo de eletrólise. As reações do eletrodo são como seguem: Célula de eletrólise típica do processamento de Hall para formar metal alumínio por redução. Como o alumínio fundido é mais denso que a mistura de criolita (Na3AIF6) e Al2O3, o metal é coletado no fundo da célula. Quantidade de bauxita, criolita, grafite e energia necessária para produzir 1.000 Kg de alumínio. As quantidades de matéria-prima e energia necessárias para produzir 1.000 kg de alumínio metálico a partir da bauxita por esse procedimento estão resumidas na Figura Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Eletrorrefinamento do cobre 7.9 Ensino Médio Integrado à Educação Profissional ELETRÓLISE EM SOLUÇÃO AQUOSA COM ELETRODOS INERTES O esquema da célula eletrolítica é o mesmo para eletrólise ígnea, no entanto os íons se encontram livres em solução aquosa e não fundidos (considere o NaCl em solução aquosa). Na eletrólise em solução aquosa é preciso considerar a ionização ou dissociação iônica do eletrólito e a própria auto-ionização da água. Para o eletrólito NaCl temos: Nesse caso haverá a competição entre o cátion proveniente do eletrólito (Na+) e o H+ proveniente da H2O para que sofram descarga no pólo negativo (redução). Do mesmo modo haverá competição entre o ânion proveniente do eletrólito (CO-) e o OH- proveniente da água para que sofram descarga no pólo positivo (oxidação). Assim teremos que nos recordar da prioridade de descarga dos cátions e dos ânions. Além do cobre, também o Zinco, o chumbo e outros metais são purificados por este processo. O cobre é muito utilizado para fazer fiação elétrica e em outras aplicações que utilizam alta condutividade elétrica. O cobre bruto, em geral obtido por métodos pirometalúrgicos, não é apropriado para satisfazer às aplicações elétricas porque suas impurezas diminuem enormemente a condutividade elétrica do metal. A purificação do cobre é realizada por eletrólise, como ilustrado na figura. Grandes placas de cobre bruto funcionam como anodos na célula, e folhas finas de cobre puro funcionam como catados. O eletrólito consiste em uma solução ácida de CuSO4. A aplicação de uma voltagem apropriada aos eletrodos provoca a oxidação de cobre metálico no anodo e a redução de Cu2+ para formar cobre metálico no catado. Essa estratégia pode ser usada porque o cobre é tanto oxidado quanto reduzido mais facilmente que a água. A facilidade relativa de redução de Cu2+ e água é vista quando se comparam seus potenciais-padrão de redução: Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Célula eletrolítica para o refinamento do cobre. À medida que o ânodo se dissolve, os cátodos nos quais o metal é depositado crescem. 8. Química de alguns metais de transição Vamos agora considerar brevemente um pouco da química dos três elementos mais comuns da primeira série de transição: cromo, ferro e cobre. À medida que você ler esse material procure por tendências que ilustrem as generalizações destacadas anteriormente. O tubo á esquerda contém o íon violeta hidratado cromo (III), Cr(H2O)63+. O tubo à direita contém o íon verde [(H2O)4Cr(OH)2Cr(H2O)4]4+. O cromato de sódio Na2CrO4 (à direita), e o dicromato de potássio, K2CrO27 (à esquerda, ilustram a diferença na cor dos íons cromato e dicromato. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 8.1 Cromo O cromo dissolve-se lentamente em ácido clorídrico ou sulfúrico, liberando hidrogênio. Na ausência de ar, a reação resulta na formação de uma solução de cor azul-celeste de íon cromo (II) ou cromoso: Na presença de ar, o íon cromo(II) é rapidamente, oxidado por O2 para formar o íon cromo(III). A reação produz o íon verde [(H2O)4Cr(OH),Cr(H2O)4]4+. Em uma solução fortemente ácida, esse íon reage lentamente com íons H+ para formar o íon violeta [Cr(H2O)6]3+, em geral representada simplesmente como Cr3+(aq). A reação total em solução ácida é quase sempre dada simplesmente como mostrada na equação: O cromo é freqüentemente encontrado em soluções aquosas no estado de oxidação +6. Em solução básica o íon cromato amarelo (CrO42-) é o mais estável. Em solução ácida o íon dicromato (CrO72-) é formado: A equação é uma reação condensada, na qual a água é rompida a partir de dois íons HCrO4-. Reações semelhantes ocorrem entre os oxiânions de outros elementos, como o fósforo. O equilíbrio entre os íons dicromato e cromato é facilmente observável porque CrO4- é amarelo-claro e Cr2O72- é laranja-escuro. O íon dicromato em solução ácida é um agente oxidante forte, como evidenciado por seu grande potencial de redução. Em contraste, o íon cromato em solução básica não é um agente oxidante particularmente forte. 8.2 Ferro Já abordamos a metalurgia do ferro com detalhes relevantes. Aqui consideraremos parte de sua importante química em solução aquosa. O ferro existe em solução aquosa nos estados de oxidação +2 (ferroso) ou +3 (férrico). Ele geralmente aparece nas águas porque estas entram em contato com depósitos de FeC03 (Kps = 3,2 x 10 -11). CO2 dissolvido na água pode, então, ajudar a dissolver esse mineral: Fe2+ dissolvido, com Ca2+ e Mg2+, contribui para a dureza da água. Os potenciais-padrão de redução no Apêndice E revelam muito sobre o tipo de comportamento químico que poderíamos esperar que fosse observado para o ferro. O potencial de redução do estado de oxidação +2 para o metal é negativo; entretanto, a redução do estado +3 para o estado +2 é positiva. O ferro, por isso, deve reagir com ácidos não-oxidantes como o ácido sulfúrico diluído para formar Fe 2+(aq), como de fato reage. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Entretanto, na presença de ar, Fe2+(aq) tende a ser oxidado a Fe3+(aq), como mostrado pela fem padrão positiva para a equação: Você pode ter visto ocasiões nas quais a água gotejando de uma torneira ou outra saída deixa uma mancha marrom. A cor marrom deve-se ao óxido de ferro (III) insolúvel, formado pela oxidação do ferro (II) presente na água: leva a A presença de sais de ferro no abastecimento de água manchas de depósitos de Fe2O3. Quando o ferro metálico reage com um agente oxidante como ácido nítrico diluído quente, Fe 3+(aq) é formado diretamente: No estado de oxidação +3 o ferro é solúvel em soluções ácidas como o íon hidratado, Fe (H2O)63++. Entretanto, esse íon hidrolisa rapidamente: Quando uma solução ácida de ferro (III) se torna mais básica, um precipitado marrom avermelhado gelatinoso, mais exatamente descrito como óxido hidratado, Fe 2O3 . nH2O, é formado. Nessa formulação n representa um número indefinido de moléculas de água, dependendo das condições precisas da precipitação. Geralmente, o precipitado que se forma é representado meramente como Fe (OH) 3 A solubilidade de Fe(OH)3 é muito baixa (Kps = 4 x 10-38). Ele se dissolve em solução fortemente ácida, mas não em solução básica. O fato de ele não se dissolver em solução básica é a base do processo de Bayer, no qual o alumínio é separado das impurezas, principalmente ferro(III). Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 8.3 Cobre Em sua química em solução aquosa, o cobre exibe dois estados de oxidação: +1 (cuproso) e +2 (cúprico). No estado de oxidação +1 o cobre possui configuração eletrônica 3d 10. Os sais de Cu+ em geral são insolúveis em água e possuem cor branca. Em solução o íon Cu+ rapidamente se desproporciona: Por causa dessa reação· e porque o cobre (I) é facilmente oxidado a cobre (II) sob a maioria das condições de solução, o estado de oxidação +2 é de longe o mais comum. Muitos sais de Cu2+, inclusive Cu (N03)2, CuS04 e CuCl2, são solúveis em água. O sulfato . de cobre penta-hidratado (CUS04 . 5H20), um sal bastante usado, tem quatro moléculas de água ligadas ao íon cobre e uma quinta molécula presa ao íon SO42- pela ligação de hidrogênio. O sal é azul. (Ele é geralmente chamado vitríolo azul. As soluções aquosas de Cu2+, nas quais o íon cobre está coordenado pelas moléculas de água, também são azuis. Entre os compostos insolúveis de cobre (II) está Cu (OH) 2, formado quando NaOH é adicionado a uma solução aquosa de Cu2+. Esse composto azul perde água rapidamente com aquecimento para formar óxido de cobre (II) preto : CuS é um dos compostos de cobre (II) menos solúveis (K ps = 6,3 x 10-36). Essa substância preta não se dissolve em NaOH, NH3, ou ácidos não-oxidantes como HCl. Entretanto, ele se dissolve em HNO3, o qual oxida o sulfeto a enxofre: CuS04 é em geral adicionado á água para deter o crescimento de algas e fungos, e outras preparações de cobre são usadas para borrifar ou pulverizar as plantas a fim de protegê-las de microrganismos e insetos. Os compostos de cobre normalmente não são tóxicos aos seres humanos, exceto em quantidades muito elevadas. Nossa dieta diária frequentemente inclui de 2 a 5 mg de cobre. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Exercícios 01.Dois dos metais mais utilizados são o alumínio e o ferro. Quais são as fontes naturais mais importantes desses elementos? Em qual estado de oxidação cada um desses elementos e encontrado na natureza? 02. Escreva uma equação química para a reação que ocorre quando PbS é ustulado ao ar. Por que uma fabrica de ácido sulfúrico pode ser localizada próxima a uma fábrica que ustula minérios de sulfeto? 03. Explique por que os metais alumínio, magnésio e sódio são obtidos por eletrólise em vez de ser obtidos por redução com agentes redutores químicos. 04. Faça uma lista de agentes redutores químicos empregados na produção de metais. Para cada um deles, identifique um metal que possa ser formado usando aquele agente redutor. 05. Escreva as equações químicas balanceadas para cada uma das seguintes descrições verbais: a) óxitricloreto de vanádio (VOCl3) é formado pela redução do cloreto de vanádio III com o oxigênio. b) óxido de nióbio V é reduzido a metal com gás hidrogênio. c) o íon ferro III em solução aquosa é reduzido ao íon ferro II na presença de pó de zinco. d) o cloreto de nióbio V reage com água para produzir cristais de ácido nióbico (HNbO3). e) NiO(s) pode ser solubilizado por lixiviação com ácido sulfúrico aquoso. f) Após a concentração, um minério contendo o mineral carrolita ( CuCo2S4 ) e lixiviado com ácido sulfúrico aquoso para produzir uma solução que contem íons cobre e íons cobalto. g) O dióxido de titânio é tratado com cloro na presença de carbono com um agente redutor para formar TiCl4. g) Sob pressão de oxigênio, ZnS(s) reage a 150 °C com ácido sulfúrico aquoso para formar sulfato de zinco solúvel, com deposição de enxofre elementar. 06. O cobre bruto submetido a eletrorrefinamento, contém impurezas de selênio e telúrio. Descreva o provável destino desses elementos durante o eletrorrefinamento e relacione sua resposta com as posições relativas dos elementos na tabela periódica. 07. O sódio é uma substância altamente maleável, equanto o cloreto de sódio não é. Explique essa diferença nas propriedades. 08. o que significa os seguintes termos: a) Calcinação b) Lixiviação c) Fusão d) Escória ? Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 09. complete e faça o balanceamento de cada uma dessas seguintes equações: a) PbS(s) + O2(g) Δ b) PbCO3(s) Δ c) WO3(s) + H2 (g) Δ d) ZnO(s) + CO(g) Δ 10. Complete e faça o balanceamento de cada uma das seguintes equações: a) CdS(s) + O2(g) Δ b) CoCO3(s) Δ c) Cr2O3(s) + Na(l) d) VCL3(g) + K(l) e) BaO(s) + P2O5(l) 11. Uma amostra contendo PbSO4 deve ser refinada a metal Pb por calcinação, seguida de ustulação. a) Quais produtos voláteis você espera que sejam produzidos pela calcinação? b) Proponha uma atmosfera apropriada para acompanhar a ustulação. c) Escreva equações químicas balanceadas para as duas etapas. 12. Suponha que um metalúrgico queira usar o carbonato de cobalto(II) como uma fonte do metal cobalto. a) Quais produtos você esperaria da calcinação dessa substancia ? b) Com qual reagente você poderia reagir o produto da calcinação em uma operação de ustulação para formar metal Co ? c) Escreva equações químicas balanceadas para os processos abordados nos itens (a) e (b). Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I 9. Aula Experimental Comportamento Químico dos Compostos Iônicos Obtenção e Propriedades do Hidrogênio Obtenção e Propriedades do Peróxido de Hidrogênio Estudo do Cromo, Manganês, Ferro, Cobalto e Cobre Compostos de Coordenação Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Comportamento Químico dos Compostos Iônicos 1) Hidratação e Deliqüescência (Demonstrativo) Coloque uma pequena porção de cloreto de cálcio e cloreto de sódio em dois vidros de relógio. Observe-os no final da aula. 2) Hidrólise, Deslocamento de Equilíbrio e Anfoterismo 2.1 – a) Adicione 1,0 mL de solução de sulfato de alumínio em um tubo de ensaio. Verifique o pH da solução usando papel indicador universal. b) Acrescente ao tubo um pedaço lixado de fita de magnésio, observando o conteúdo do tubo e da fita de magnésio após o término da liberação gasosa. c) Para um efeito comparativo, repita o teste substituindo a solução de sulfato de alumínio por soluções de ZnSO4, MgSO4, Na2SO4 e Fe2(SO4)3. 2.2 – a) Adicione 1,0 mL de uma solução aquosa de cloreto, nitrato ou sulfato de alumínio em dois tubos de ensaio e meça o pH da solução (se já foi medido no item 2.1 não é necessário repetir). b) Adicione, gota a gota, solução de hidróxido de sódio 5% até observar o término da precipitação nos dois tubos. c) Em um dos tubos contendo o precipitado, adicione, gota a gota, solução aquosa de HCl 10%. No outro tubo, continue adicionando NaOH até que se tenha grande excesso da base. Observe se há dissolução do precipitado nos tubos. d) Repita a experiência 2.2 para soluções aquosas (cloretos, nitratos ou sulfatos) dos 2+ seguintes cátions: Zn , Mg 2+ 3+ e Fe . 3) Decomposição Térmica a) Coloque em um tubo de ensaio uma pequena porção de nitrato de alumínio sólido. Na capela, aqueça o tubo e registre o tempo até o aparecimento de um gás castanho. b) Repita o procedimento acima utilizando os nitratos de cobre II, cálcio e sódio. Compare os resultados obtidos. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Obtenção e Propriedades do Hidrogênio 1. Obtenção do gás hidrogênio 1.1 – Reação entre metais e ácidos Em um tubo de ensaio, coloque uma pequena porção de zinco metálico. Adicione ao tubo 1,0 mL de solução aquosa 6,0 mol/L de ácido clorídrico ou ácido sulfúrico e observe. Repita o mesmo procedimento trocando o zinco metálico por ferro, alumínio e cobre. Aqueça o tubo de ensaio se necessário. 2. Propriedades do gás hidrogênio 2.1 – Preparação e recolhimento Encha com água cerca de 2/3 da capacidade de uma cuba e introduza dois tubos de ensaio nela. Verifique se não há bolhas no interior dos tubos. Em um tubo de ensaio com saída lateral, coloque uma pequena porção de zinco metálico. Adicione cerca de 5 mL de solução aquosa de ácido clorídrico ou ácido sulfúrico (6,0 mol/L) ao tubo, fechando o sistema em seguida. Introduza o tubo de látex na cuba e despreze as primeiras bolhas de gás. Recolha o gás nos dois tubos de ensaio. Segure os tubos de ensaio de cabeça para baixo e realize, imediatamente, as experiências descritas no item 2.2. Aproveite o sistema gerador de gás para a experiência 2.3.1. 2.2 – Testes de comburência e combustibilidade Comburência: Introduza um palito de fósforo (ou barbante) em brasa no interior de um dos tubos contendo hidrogênio e observe. Combustibilidade: Aproxime a chama de um palito de fósforo do gargalo de um dos tubos contendo hidrogênio e observe. 2.3 – Reatividade do hidrogênio molecular e hidrogênio nascente 2.3.1 – Hidrogênio molecular Introduza o tubo de látex da experiência 2.1 em um tubo de ensaio contendo solução aquosa de Fe(NO3)3 e 3 gotas de ácido sulfúrico. Observe. Repita o mesmo procedimento usando soluções de KMnO4 e K2Cr2O7 ao invés da solução de Fe(NO3)3. 2.3.2 – Hidrogênio nascente Coloque 2 mL de Fe(NO3)3, KMnO4 e K2Cr2O7 em diferentes tubos de ensaio. Adicione uma pequena quantidade de zinco metálico e 2 mL de ácido clorídrico ou sulfúrico em todos os tubos e observe. Compare os resultados das experiências 2.3.1 e 2.3.2. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Obtenção e Propriedades do Peróxido de Hidrogênio 1) Obtenção Em uma cuba, prepare um banho refrigerante com gelo (misture sal grosso se necessário). Em seguida, transfira para um béquer de 150 mL, cerca de 80 mL de água deionizada. Introduza o béquer na cuba e espere alguns minutos até que a água fique gelada. Adicione lentamente 10 mL de uma solução aquosa de ácido sulfúrico 2,0 mol/L no béquer contendo a água gelada e meça o pH ao final da adição usando um papel indicador universal. Acrescente, agitando continuamente com um bastão de vidro, cerca de 2 g de peróxido de sódio em pequenas porções. Verifique o pH do meio com o papel indicador universal a cada adição de peróxido de sódio. Interrompa a adição do peróxido de sódio quando o meio estiver fracamente ácido (pH = 6). Use esta solução de peróxido de hidrogênio para os ensaios posteriores. 2) Teste de identificação Em um tubo de ensaio, junte 2,0 mL de solução de dicromato de potássio e 1,0 mL de ácido sulfúrico 2,0 mol/L. Adicione em seguida 2,0 mL de éter etílico ou álcool amílico. Então, adicione 2,0 mL da solução de peróxido de hidrogênio preparada. Agite levemente o tubo e observe a cor na camada orgânica. 3) Propriedades 3.1 – Ação oxidante a) Adicione cerca de 3 mL da solução de peróxido de hidrogênio em um tubo de ensaio e, em seguida, 2 mL de iodeto de potássio amidonado. Observe até o fim da prática. b) Umedeça uma tira de papel de filtro com solução de acetato de chumbo II. Na capela, exponha o papel ao gás sulfídrico. Observe a coloração do papel. Adicione algumas gotas da solução de peróxido de hidrogênio ao papel e observe. c) Transfira 1 mL de uma solução de cloreto de cromo para um tubo de ensaio. Em seguida, adicione hidróxido de sódio até a dissolução do precipitado. Adicione a solução de peróxido de hidrogênio, gota a gota, e observe. 3.2 – Ação redutora a) Em um tubo de ensaio contendo 0,5 mL de permanganato de potássio 0,01 mol/L, 2 mL de água e 1 mL de ácido sulfúrico 2 mol/L, adicione 5 mL da solução de peróxido de hidrogênio. Observe. b) Em um tubo contendo 1 mL das soluções de ferricianeto de potássio e cloreto férrico, adicione 3 mL da solução de peróxido de hidrogênio. Observe. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional I PRÁTICA - NITROGÊNIO E SEUS COMPOSTOS 1. OBJETIVOS: 1.1. Preparar Nitrogênio e verificar propriedades; 1.2. Preparar e identificar amônia através de propriedades; 1.3. Analisar a hidrólise /Decomposição térmica de diferentes sais de amônio; 1.4. Verificar propriedades do ácido nítrico. 2. MATERIAL NECESSÁRIO: 2.1. SOLUÇÕES / REAGENTESMetais: Cu Ácidos: HNO3 p.a. e HNO3 6M; Bases: Ba(OH)2 0,1M e KOH 1M Sais: Solução saturada de NH4Cl; Solução saturada de NaNO2; NH4Cl(s);NH4CH3COO e (NH4)2Cr2O7(s). Diversos: indicador fenolftaleína. 2.2. VIDRARIA/ PORCELANABastão de vidro; Béquer cap. 100ml; Proveta cap. 50ml; Tubos de ensaio e tubos de desprendimento; Tubo de vidro aberto nas extremidades; Vidro de relógio. 2.3. OUTROS MATERIAISBico de Bunsen; Estante de Madeira para tubos de ensaio; Papel de filtro e Papel indicador; Pinça de madeira para tubos de ensaio; Tripé. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 3. FUNDAMENTOS TEÓRICOS: 3.1. NITROGÊNIOO nitrogênio pode ser obtido no laboratório através do aquecimento de uma solução saturada de cloreto de amônio juntamente com uma solução também saturada se nitrito de sódio. Também pode ser preparado por aquecimento a seco do dicromato de amônio: (NH4)2Cr2O7 (s) N2 + Cr2O3 + 4H2O É um gás pouco solúvel em água, incolor, inodoro e insípido. É quimicamente inerte. Não é combustível nem comburente. A característica principal do nitrogênio é a sua inatividade química, devido ao calor de dissociação da molécula de nitrogênio que é de -171,14 Kcal/mol de N2. No entanto, a elevadas temperaturas, se combina com certos metais formando nitretos, reage com não metal, tais como o oxigênio e com compostos. Identifica-se habitualmente o nitrogênio de uma maneira negativa. Assim, uma amostra de gás que não mantém a combustão, que não queima, que é incolor, neutra e não reage com os reagentes habituais (por exemplo: água de cal) é, provavelmente, nitrogênio. 3.2. ESTUDO DA AMÔNIA E DOS SAIS AMONIACAIS: O composto hidrogenado mais simples do nitrogênio é a amônia. É bastante solúvel em água e uma solução aquosa de amônia tem propriedades alcalinas sendo comumente chamada de hidróxido de amônio. Uma solução de hidróxido de amônio comporta-se como uma base. Assim, por exemplo, precipita muitos hidróxidos metálicos das soluções de seus sais, que às vezes, dissolvem-se em excesso de solução de amônio, devido à formação de íons complexos. Os sais de amônio são substâncias cristalinas muito semelhantes aos respectivos sais dos metais alcalinos, principalmente os sais de potássio, uma vez que o raio do íon NH4+ é quase igual ao do íon K+. A semelhança dos sais dos metais alcalinos, todos os sais de amônio, são solúveis na água e são eletrólitos fortes, uma vez que em solução aquosa se encontram completamente dissociados em íons. Por isso, os sais de amônio devem intervir em reações de troca com outros sais. Os sais de amônio se preparam de dois modos: pela ação direta do amoníaco gasoso com os ácidos e pela reação destes com o NH4OH. Os sais de amônio quando hidrolisados apresentam pH que depende do ácido e da base de origem. Por exemplo: um sal de um ácido forte e uma base fraca, quando hidrolisado apresenta pH menor que seis. Já um sal de um ácido fraco, quando hidrolisado, apresenta pH em torno de sete e oito. Os sais de amônio são voláteis e, muitos, quando aquecidos se decompõem em ácido e NH3. No entanto, os sais de amônio de ácidos oxidantes, tais como o nitrito de Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional I amônio e o dicromato de amônio, não dão amoníaco ao aquecê-los, mas sim, N2, e, às vezes, óxidos de nitrogênio, por oxidação da NH3. 3.3. ÁCIDO NÍTRICO E NITRATOS: O HNO3 quimicamente puro é um líquido incolor, fumegante ao ar, de odor especial e fortemente ácido, cuja densidade é 1,52 a 15oC. Pela ação da luz e do calor se decompõe em água, oxigênio e peróxido de nitrogênio, Se dissolve em água. É extremamente corrosivo capaz de causar graves queimaduras nos olhos e na pele e os seus vapores, especialmente os gases de decomposição (óxidos de nitrogênio), são capazes de provocar lesões nos pulmões. Vapores do ácido nítrico podem ser facilmente identificados pelo cheiro ácido. Vapores de óxidos de nitrogênio tem cheiro levemente doce e, quando a emanação for muito intensa, a névoa resultante apresenta cor marrom avermelhada. O HNO3 diluído pode ter qualquer concentração abaixo de 68%, porém o termo é normalmente empregado para designar uma solução de aproximadamente 10% de ácido nítrico, preparado por diluição de uma parte de ácido nítrico concentrado normal com 5 partes de água. HNO3 diluído tem um efeito muito corrosivo sobre metais, especialmente alumínio. Além disso, o HNO3, em várias concentrações, é utilizado para fabricação de corantes, explosivos, ésteres orgânicos, fibras sintéticas, nitrificação de compostos alifáticos e aromáticos, galvanoplastia, nitroglicerina, nitrocelulose, ácido pícrico, ácido benzóico, nylon, etc. É um ácido forte usado como agente oxidante e de nitração. Quimicamente pode reagir de três maneiras: a) como ácido forte; b) como agente oxidante; c) como agente de nitração. Como ácido forte, o ácido nítrico reage com produtos alcalinos, os óxidos e as substâncias básicas, formando sais. Um destes, o nitrato de amônio, junto com outras soluções de nitrogênio feitas a partir do ácido nítrico é usado em larga escala na indústria de fertilizantes. A reação de oxidação do ácido nítrico faz possível sua aplicação mais espetacular. É um oxidante eficaz tanto em soluções concentradas como diluídas. Em condições adequadas o HNO3 ataca todos os metais, exceto Au, Pt, Rh, Os, Ru e Ir. Alguns metais como Al e Fe, tornam-se passivos sob a ação do HNO3 a certa concentração. Fazendo-se agir HNO3 sobre os metais, não há desprendimento de H2. Forma-se um ou outro dos muitos produtos possíveis da redução do ácido, cuja natureza depende do metal e das condições da experiência. 4. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL: 4.1. NITROGÊNIO - PREPARAÇÃO E PROPRIEDADESEm um tubo de ensaio grande, pirex, colocar 2 mL de solução saturada de NH4Cl e 2 mL de solução saturada de NaNO2. Colocar o tubo de desprendimento e aquecer. Borbulhar o gás que se desprende em um béquer contendo água destilada e testar o pH. Em seguida borbulhar o gás em um tubo de ensaio contendo solução de Ba(OH)2 0,1N. Aproximar um palito de fósforo aceso da abertura do tubo de ensaio onde ocorre o desprendimento de gás. Observar e anotar! Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I COMPOSTOS DE NITROGÊNIO: 4.2. Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 4.2.a. AMÔNIA - PREPARAÇÃO E PROPRIEDADESEm 01 tubo de ensaio colocar 0,5g de NH4Cl e 2 mL de solução de KOH 1 N. Aquecer e sentir o odor do gás que se desprende, umedecendo papel de filtro com água destilada e aproximando-o do tubo. Cheirar o papel de filtro cuidadosamente! Em seguida colocar um pedaço de papel indicador umedecido sobre um vidro de relógio e sobrepô-lo ao tubo que está sendo aquecido. Observar. 4.2.b. SAIS DE AMÔNIO: HIDRÓLISE E DECOMPOSIÇÃONumerar 04 tubos de ensaio e realizar os testes abaixo: Tubo 1 - Colocar 0,5g de NH4Cl e 5 mL de água destilada; Agitar e verificar o pH. Tubo 2 - Colocar 0,5g de NH4CH3COO e 5 mL de água destilada; Agitar e verificar o pH. Tubo 3 - Colocar 0,5g de NH4Cl; Aquecer e procurar sentir o odor do gás que se desprende Tubo 4 - Colocar 0,5g de (NH4)2Cr2O7; Aquecer cuidadosamente ,sentir o odor do gás que s e desprende. Observar o que ocorre. 4.2.c. ESTUDO DO ÁCIDO NÍTRICO: * Relembrar reatividades frente a óxidos, hidróxidos e sais * Numerar 2 tubos de ensaio e realizar os testes abaixo: Tubo 1 - Cu + HNO3 p.a. Tubo 2 - Cu + HNO3 6N 5. PÓS-LABORATÓRIO: a. Escrever a equação da reação de preparação do N2. Mostrar a sua identificação. b. Escrever a equação da reação de preparação de NH3 e descrever as propriedades. c. Que conclusões você pode tirar sobre a decomposição dos sais de amônio? d. Explicar o porquê do pH das soluções de NH4Cl e NH4CH3COO. e. Equacionar reações do HNO3 frente a metais, não-metais e compostos. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional PRÁTICA 06: OXIGÊNIO, ENXOFRE E SEUS COMPOSTOS 1. OBJETIVOS: 1.1.Preparar e identificar oxigênio através de propriedades; 1.2.Preparar enxofre plástico; 1.3. Observar a reatividade do oxigênio e enxofre; 1.4. Preparar óxidos e hidróxidos e observar propriedades; 1.5. Analisar o comportamento do peróxido de hidrogênio. 1.6. Preparar e verificar propriedades de compostos de enxofre. 2. MATERIAL NECESSÁRIO: 2 .1. SOLUÇÕES/REAGENTES: Metal: cobre Não metal: S pulverizado e I2. Ácidos: HCl p.a e 6N; H2SO4 p.a. Bases: NaOH 6N e 1N; Ba(OH)2 1M; KOH 30%. Óxidos e Peróxido: MgO; Cr2O3; ZnO; H2O2 10% Sais: KMnO4 0,5N; MnCl2,1N; NH4Cl 1N; AgNO3 0,1N; CuSO4 0,1N; K2Cr2O7 0,1N; KIO3 0,1N; Outros: C2H5OH; açúcar; amido. 2.2. VIDRARIA/ PORCELANA: Bastão de vidro; Béquer capacidade 50ml; Cápsulas de porcelana. Pipetas de 5ml e de 10ml; Tubos de ensaio; Tubo de desprendimento. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 2.3. OUTROS MATERIAIS: Bico de Bunsen. Estante de madeira para tubos de ensaio; Espátulas; Pinça de madeira; Papel indicador; Pétalas de rosa; Tela de amianto; Tripé. 3. FUNDAMENTOS TEÓRICOS: O oxigênio pode ser obtido em laboratório pela decomposição térmica de compostos oxigenados, tais como óxidos e sais de oxiácidos; pela ação do ácido sulfúrico sobre o bióxido de manganês, dicromato de potássio, permanganato de potássio ou outros sais ricos em oxigênio. Também é obtido, ao mesmo tempo em que o hidrogênio, na eletrólise da água. O oxigênio é um gás solúvel na água, incolor, inodoro e insípido. É o comburente de maior atividade. É utilizado para queimar os combustíveis no maçarico. Sob condições normais de temperatura, o oxigênio é apenas levemente reativo, mas em temperaturas mais elevadas ele se torna extremamente reativo. Conseqüentemente, muitos elementos e compostos que reagem à temperatura ambiente com o oxigênio, lentamente, reagem vigorosamente às temperaturas elevadas. A temperaturas apropriadas, o oxigênio é capaz de formar compostos pela reação direta com aproximadamente todos os outros elementos. O enxofre é um sólido amarelo, inodoro, insípido, podendo se apresentar na forma amorfa e cristalina. Neste estado, apresenta várias formas alotrópicas devido à existência de moléculas de enxofre com distintos graus de complexidade. Funde facilmente a uma temperatura um pouco superior à temperatura de ebulição da água, formando um líquido muito fluido, transparente e com cor amarelo palha. Se continuar o aquecimento, a certa altura, o líquido começa a escurecer e a tornar-se viscoso, de modo que, se o tubo de ensaio onde ele estiver sendo aquecido, for invertido, ele já não escorrerá. Aumentando a temperatura e com o arrefecimento rápido, obtém-se uma massa transparente, parecida com a borracha, pelas suas propriedades físicas. Trata-se de uma variedade alotrópica de enxofre que tem o nome de enxofre plástico. Cita-se ainda o enxofre coloidal. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Uma mistura de enxofre e ferro em pó, após aquecimento, continua por si só, em combustão, devido a uma reação exotérmica, quando se obtém FeS. Uma mistura de enxofre e cobre ou zinco, se inflama, arde instantaneamente, com um brilho intenso e a formação de seus respectivos sulfetos. Com alguns metais, o enxofre reage à temperatura ambiente, como por exemplo, com o Hg. O enxofre reage diretamente com o hidrogênio e com o oxigênio. Reage com não metais também com compostos. Reduz o ácido sulfúrico e o ácido nítrico, com aquecimento; reage com soluções saturadas de bases fortes formando sulfetos e tiosulfatos. 3.1. COMPOSTOS DE OXIGÊNIO ESTUDO DOS ÓXIDOS, HIDRÓXIDOS E DO PERÓXIDO DE HIDROGÊNIO Os compostos dos elementos com o oxigênio denominam-se óxidos e são substâncias importantes. Na área industrial, encontram-se aplicações dessa classe de compostos como: gases industriais e na fabricação de certo tipo de fibras, como ingredientes básicos. Os óxidos dos metais alcalinos e alcalinos terrosos (Ca, Sr, Ba) se dissolvem em água produzindo hidróxidos. Todos esses óxidos são iônicos. Os demais óxidos são insolúveis em água. A maioria dos óxidos dos não metais é óxido ácido; muitos deles reagem com a água formando oxiácidos. Reagem por adição com água, dando ácidos e reagem com as bases formando sal e água. Já os óxidos básicos, com a água, formam bases, e frente aos ácidos, se comportam como uma base e da reação, resulta a formação de sal e água. Os óxidos anfóteros, diante dos ácidos reagem como óxidos básicos e frente às bases comportam-se como óxidos ácidos. O peróxido de hidrogênio puro é um líquido incolor, inodoro e viscoso, solúvel em água em todas as proporções formando soluções que recebem o nome de água oxigenada. Representa-se comercialmente a concentração das soluções aquosas pelo número de volumes de oxigênio que 1ml de solução fornece por decomposição. Assim, 1ml de solução a 10 volumes, dará ao decompor-se, 10 ml de oxigênio. O peróxido de hidrogênio apresenta propriedades oxidantes e redutoras. Os hidróxidos são compostos sólidos, sem brilho. Os hidróxidos dos metais alcalinos são solúveis na água, possuindo reação alcalina intensa. Já os dos metais alcalinos terrosos, são pouco solúveis em água e os demais hidróxidos, são insolúveis. Dentre os processos para a preparação de hidróxidos em laboratório, citam-se: ação de metais muito eletropositivos, frente à água (exemplo: reação entre Na e H2O) e a ação de hidróxidos solúveis sobre os sais das bases insolúveis, quando se formam bases insolúveis. Certas bases precipitadas são solúveis em excesso de reagente. É por exemplo, o caso dos hidróxidos de Zn e Al, que são obtidos na forma de precipitados brancos. Com excesso de hidróxidos alcalinos, os precipitados se dissolvem devido à formação de sais complexos (zincatos e aluminatos). Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 3.2. ESTUDO DE COMPOSTOS DE ENXOFRE: 3.2.1. SO2 - O dióxido de enxofre é um gás incolor, possuindo odor característico de enxofre em combustão. É duas vezes mais pesado que o ar. A solução aquosa é fortemente ácida apresentando propriedades gerais características dos ácidos. O dióxido de enxofre úmido e suas soluções são poderosos agentes redutores, devido à facilidade com que o ácido sulfuroso se oxida a ácido sulfúrico. Reduz o cloro a HCl, os permanganatos a sais manganosos, os cromatos a sais crômicos, os sais férricos a sais ferrosos, os iodatos a iodo, etc. Os efeitos descorantes do ácido sulfuroso são devidos as suas propriedades redutoras. O dióxido de enxofre pode ser preparado queimando enxofre ao ar (recordar). Obtêm-se também pela redução do ácido sulfúrico com metais. O carbono e o enxofre também reduzem o ácido sulfúrico concentrado, a quente, dando SO2. No laboratório, pode-se preparar convenientemente SO2, fazendo gotejar ácido sulfúrico em uma solução concentrada de bissulfito de sódio ou de tiossulfato de sódio. SO2 é usado na fabricação de ácido sulfúrico, como agente refrigerante, como solvente para extração de cola, gelatina, etc, na conservação de carnes e vinhos. Impede o crescimento de certos fungos, destrói alguns germes patogênicos; é usado na fabricação do açúcar e para alvejar a palha, seda e lã. O branqueamento com este composto dá lugar à formação de substâncias incolores relativamente instáveis, que usualmente queimam com o tecido. Visto que a luz decompõe estes compostos, os sombreiros de palha e papel, amarelam lentamente por exposição à luz solar. 3.2.2. H2SO4 - O ácido sulfúrico é um líquido incolor, oleoso e inodoro. É extremamente corrosivo para a pele e todos os tecidos do organismo e, devido a isto, ocasiona queimaduras muito sérias. É extremamente solúvel em água e a mistura de H2SO4 e H2O se verifica com grande desprendimento de calor. Por isto, sempre se deve misturar o ácido sulfúrico com a água, com grande precaução, vertendo o ácido sobre a água, pouco a pouco, agitando constantemente para que toda a água e não apenas uma reduzida parte dela, absorva o calor desenvolvido. Se não fizer assim, este calor será suficiente para converter a água em vapor e espalhar o ácido concentrado e quente. A grande afinidade do ácido sulfúrico pela água torna-o um útil agente dessecante. Daí o seu uso em dessecadores, no interior das caixas de balança para manter a atmosfera seca e secagem de gases. Atua sobre substâncias sólidas e líquidas, privando-as de água ou mesmo decompondo-as, removendo os elementos da água, quando não exista água já formada. Devido à separação de carbono, que acompanha a eliminação dos elementos da água, a madeira, o papel, o açúcar, o amido, e muitas substâncias orgânicas, enegrecem quando tratadas pelo ácido sulfúrico concentrado. Apresenta todas as propriedades ordinárias de um ácido forte. O ácido diluído, reage com metais liberando Hidrogênio; o ácido concentrado, a frio, não reage com os metais, independentemente do lugar que estes ocupam na série eletroquímica. Deste modo, os ácidos sulfúrico concentrado e diluído diferem pela sua ação sobre os metais, como se fossem duas substâncias diferentes. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional I O elevado ponto de ebulição do ácido sulfúrico permite que ele desloque os ácidos de menor ponto de ebulição, especialmente o HCl e HNO3. Oxida muitos não metais. Oxida brometos e iodetos. Ao reagir com alguns metais, óxidos metálicos, hidróxidos ou carbonatos, forma sais conhecidos como sulfatos. Preparam-se também os sulfatos, aquecendo ácido sulfúrico com sais de ácido mais volátil, tais como HCl. Forma duas séries de sais: sulfatos ácidos e normais. Existem também sulfatos duplos importantes, os alúmens. São bastante solúveis em água. 4. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL 4.1. PREPARAÇÃO DE OXIGÊNIO: * Em um tubo de ensaio grande, colocar 3 mL de solução de KMnO4 5N e gotas de H2SO4. Adicionar lentamente solução de peróxido de hidrogênio 10%. Observar o desprendimento de oxigênio e aproximar um palito de fósforo em brasa, da abertura do tubo de ensaio verificando sua propriedade comburente. 4.2. REATIVIDADE DO OXIGÊNIO E DO ENXOFRE: 4.2.1 – FRENTE A METAIS e NÃO METAIS* Relembrar a reação entre sódio e oxigênio . * (Demonstração, na capela) Em uma cápsula de porcelana colocar uma pequena quantidade de cobre pulverizado e enxofre. Misturar bem com a ajuda de um bastão de vidro e em seguida aquecer a mistura, tendo o cuidado de ficar agitando sempre. Observar. * (Demonstração, na capela) Aquecer com a ajuda de um bastão de vidro, uma pequena quantidade de enxofre pulverizado, até início da combustão. Observar. 4.2.3 - FRENTE A COMPOSTOS* Em um tubo de ensaio contendo 2mL de solução 1N de MnCl2, adicionar 2mL de solução 1N de NaOH, com leve agitação. Observar a cor do precipitado e deixar a tubo na estante até o final da aula, quando deverá observar novamente. * Em um tubo de ensaio, colocar uma pequena quantidade de enxofre pulverizado e 2 mL de H2SO4 p.a.. Aquecer CUIDADOSAMENTE. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional * Em um tubo de ensaio, colocar uma pequena quantidade de enxofre pulverizado e 2 ml de solução de NaOH. 6N. Aquecer CUIDADOSAMENTE. 4.3. COMPOSTOS DE OXIGÊNIO E ENXOFRE: 4.3.1. ÓXIDOS/HIDRÓXIDOS: RELEMBRAR: Preparação e Reatividade. DIÓXIDO DE ENXOFRE: PREPARAÇÃO: * ESTE PREPARAÇÃO DEVERÁ SER FEITA PARA TODA A TURMA: Em um sistema montado na capela colocar tiossulfato de sódio (Na2S2O3 - sólido) e adicionar HCl p.a., gota a gota. Borbulhar o gás desprendido em um tubo de ensaio contendo solução de K2Cr2O7 0,1N. Observar. 4.3.2. PERÓXIDO DE HIDROGÊNIO: * Numerar 2 tubos de ensaio e realizar os testes abaixo: Tubo 01: Colocar 2mL de solução de KI 0,1N e 1mL de H2O2 10%; Tubo 02: Colocar 1mL de solução de AgNO3 0,1N e 1mL de solução de NaOH 1N. Observar a formação de precipitado. Adicionar 1mL de H2O2 10%, gota a gota; 4.3.3. PROPRIEDADES DO ÁCIDO SULFÚRICO: - COMO AGENTE DESIDRATANTE: * Utilizar 4 cápsulas de porcelana. Colocar em cada uma, separadamente, uma pequena quantidade de açúcar, amido, papel e madeira. Em seguida, adicionar a cada cápsula 3 mL de solução concentrada de H2SO4 p.a.. Aguardar alguns minutos e observar. Tirar conclusões sobre o que ocorreu e anotar. COMO OXIDANTE: * RELEMBRAR: Reação do H2SO4 p.a. e metais como Mg, Zn e Pb REAÇÕES QUE SÃO DEVIDAS AO SEU ELEVADO PONTO DE EBULIÇÃO: * Em um tubo de ensaio colocar uma pequena quantidade de NaCl(s) e 2 mL de solução de H2SO4 p.a.. Verificar o que ocorre e anotar. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional ATUANDO COMO ÁCIDO: * Em uma cápsula de porcelana fazer reagir CuO e H2SO4 p.a.. 5. PÓS-LABORATÓRIO: a. Analisar a solubilidade dos óxidos em água. b. Fazer uma análise dos métodos empregados na preparação dos óxidos e hidróxidos. c. Quais as propriedades observadas, do peróxido de hidrogênio? d) Escrever as equações das reações que mostram a reatividade do enxofre. e) Que propriedades do H2SO4 foram verificadas no laboratório? Estudo do Cromo, Manganês, Ferro, Cobalto e Cobre 1) Cromo 2– 1.1 – Redução do íon Cr2O7 Adicione a um tubo de ensaio 1,0 mL de solução de dicromato de potássio e 2,0 mL de ácido sulfúrico 0,10 mol/L. Em outro tubo de ensaio (de preferência seco), transfira alguns cristais de sulfito de sódio. Verta a mistura do primeiro tubo no tubo contendo o sulfito de sódio e observe. 1.2 – Caráter anfótero do Cr(OH)3 Transfira 1,0 mL de solução de cloreto de cromo III para dois tubos de ensaio. Em seguida, adicione solução de hidróxido de sódio 5% nos dois tubos até observar a precipitação do hidróxido de cromo III. A um dos tubos, adicione solução de ácido clorídrico e observe. Ao outro tubo, adicione cuidadosamente excesso da solução de hidróxido de sódio 5%. Observe o resultado e reserve este tubo para a experiência 1.3. 2– 1.3 – Oxidação ao íon CrO4 Transfira cerca de 2,0 mL do conteúdo do tubo de ensaio da experiência 1.2 para outro tubo. A este tubo, adicione solução de peróxido de hidrogênio gota a gota e observe. 2) Manganês 2.1 – Números de oxidação do manganês (Demonstrativo) Aqueça em um cadinho uma pequena porção de permanganato de potássio até a liberação de gás. Verta o sal aquecido em uma proveta (2 L) cheia de água e observe. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I – Formação do íon manganato 2.2 Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Em um tubo de ensaio contendo 2,0 mL de solução de permanganato de potássio e 3,0 mL de solução de hidróxido de sódio 5%, adicione um ou dois cristais de sulfito de sódio. Aguarde até cerca de dois minutos e observe se há mudança de coloração. Caso a cor permaneça, aqueça o tubo. – 2.3 – Poder oxidante do íon MnO4 2.3.1 – Meio ácido Em um tubo de ensaio adicione 2,0 mL de solução de permanganato de potássio e 1,0 mL de solução de ácido sulfúrico 0,10 mol/L. Em seguida, transfira 1,0 mL de solução de iodeto de potássio para o tubo. Observe a coloração. Adicione duas gotas de goma de amido ao sistema e observe. 2.3.2 – Meio básico Repita o procedimento anterior, trocando a solução de ácido sulfúrico por solução de hidróxido de sódio 5%. Adicione a goma de amido e observe. 3) Ferro 2+ 3.1 – Identificação do Fe Em quatro tubos de ensaio contendo 2 mL de solução de sulfato ferroso amoniacal, adicione algumas gotas das seguintes soluções (uma em cada tubo): a) Ferricianeto de potássio (K3[Fe(CN)6]); b) Tiocianato de potássio (KSCN); c) Ferrocianeto de potássio (K4[Fe(CN)6]); d) Hidróxido de sódio. 3+ 3.2 – Identificação do Fe Em quatro tubos de ensaio contendo 2 mL de solução de cloreto férrico, adicione algumas gotas das seguintes soluções (uma em cada tubo): a) Ferricianeto de potássio (K3[Fe(CN)6]); b) Tiocianato de potássio (KSCN); c) Ferrocianeto de potássio (K4[Fe(CN)6]); d) Hidróxido de sódio. Compare os resultados dos procedimentos 3.1 e 3.2 e escolha a melhor forma de diferenciar e identificar os íons Fe 2+ 3+ e Fe . 2+ 3.3 – Oxidação do íon Fe a íon Fe 3+ A um tubo de ensaio contendo 1,0 mL de solução de sulfato ferroso amoniacal, juntar 1,0 mL de solução de ácido sulfúrico diluído. Em seguida, adicionar ao tubo, gota a gota, solução de permanganato de potássio. Faça o teste de identificação de Fe 2+ 3+ ou Fe para caracterizar a espécie presente após a reação. 0 3.4 – Oxidação de Fe A um tubo de ensaio contendo 5,0 mL de solução 5% (m/v) de ácido clorídrico adicione uma pequena porção de ferro metálico. Observe (aqueça o sistema se necessário). Deixe o tubo em repouso e faça o teste de identificação de Fe Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial 2+ ou Fe 3+ para caracterizar a espécie Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I presente após a reação. Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 4) Cobalto 2+ 4.1 – Oxidação do íon Co Juntar em um tubo de ensaio 2,0 mL de solução de Co 2+ com 2,0 mL de uma solução de NaOH. Adicionar ao produto formado um pouco de solução de peróxido de hidrogênio. Observe. 5) Cobre 5.1 – Redução do íon Cu 2+ ao íon Cu + Em um tubo de ensaio contendo 2,0 mL de solução de sulfato de cobre II adicionar gotas de solução de iodeto de potássio até parar a precipitação ocorrida. Observe todas as mudanças ocorridas. Em seguida, adicionar algumas gotas de uma solução de goma de amido. Observe novamente. 5.2 – Redução do íon Cu 2+ a Cu 0 Em um tubo contendo 3,0 mL de solução de sulfato de cobre II, introduza um pedaço de ferro metálico (sem sinais de oxidação). Observe. 0 5.3 – Oxidação do Cu ao íon Cu 2+ Na capela, coloque em um tubo de ensaio um pedaço de cobre metálico e 2,0 mL de ácido nítrico concentrado. Observe. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Compostos de Coordenação 1) Complexos de Cobre II a) Em um tubo de ensaio contendo 2,0 mL de solução de sulfato de cobre II 0,1 mol/L adicione lentamente, na capela, solução aquosa concentrada de amônia. Observe a coloração da solução. Adicione água deionizada lentamente e observe. b) Em um tubo de ensaio contendo 2,0 mL de solução de sulfato de cobre II 0,1 mol/L adicione cloreto de sódio sólido em pequenas quantidades até a saturação da solução. Observe o efeito da adição de cloreto de sódio. Adicione água deionizada lentamente e observe. 2) Complexos de Cobalto II Faça uma diluição (1:2) de 4,0 mL de uma solução de cloreto de cobalto II 3%. a) Transfira para um tubo de ensaio 0,5 mL da solução aquosa de cloreto de cobalto II diluída. Na capela, adicione cuidadosamente ácido clorídrico concentrado ao sistema e observe. Após isto, adicione água deionizada e observe. b) Transfira 2,0 mL da solução aquosa de cloreto de cobalto II diluída para um tubo de ensaio. Adicione 5,0 mL de uma solução aquosa de oxalato de sódio 0,125 mol/L e observe. Reserve o tubo para comparação na experiência “2d.” c) Em um tubo de ensaio contendo 2,0 mL da solução de cloreto de cobalto II diluída e adicione 5,0 mL de solução aquosa saturada de tiocianato de potássio e observe. Reserve o tubo para comparação na experiência “2d.” d) Em um tubo de ensaio contendo 1,0 mL de solução aquosa de cloreto de cobalto II diluída adicione 2,5 mL de solução aquosa de oxalato de sódio 0,125 mol/L. Ao mesmo tubo, adicione 2,5 mL de solução concentrada de tiocianato de potássio e observe. Refaça a experiência trocando a ordem de adição dos ligantes tiocianato e oxalato (Se preciso, compare a coloração com os tubos das experiências “2b” e “2c”). 3) Complexos de Ferro III a) Transfira 1,0 mL de uma solução aquosa de cloreto férrico 0,10 mol/L para três tubos de ensaio. Adicione ao primeiro tubo 4,0 mL de solução aquosa de oxalato de sódio 0,125 mol/L. Ao segundo tubo, adicione 4,0 mL de solução aquosa de fluoreto de sódio 0,25 mol/L. Acrescente 4,0 mL de água deionizada ao terceiro tubo. Observe atentamente as cores das soluções. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Aos três tubos adicione gota a gota solução de tiocianato de potássio (ou amônio) de concentração 0,10 mol/L até mudança de coloração. Conte o número de gotas gasto para provocar a mudança em cada tubo. b) Transfira para dois tubos de ensaio 0,5 mL de solução aquosa de cloreto férrico 0,10 mol/L e 2 mL de uma solução de oxalato de sódio 0,125 mol/L. Observe a cor da solução nos tubos de ensaio. Adicione em seguida 2,0 mL de uma solução de fluoreto de sódio 0,25 mol/L em um deles e no outro 2,0 mL de água deonizada. Observe. c) Transfira para dois tubos de ensaio 0,5 mL de solução aquosa de cloreto férrico 0,10 mol/L e 2,0 mL de uma solução de flureto de sódio 0,25 mol/L. Observe a cor da solução nos tubos de ensaio. Adicione em seguida 2,0 mL de uma solução de oxalato de sódio 0,125 mol/L em um deles e no outro 2,0 mL de água deonizada. Observe. Compare os resultados dos tubos de ensaio das experiências “3b” e “3c”. 4) Complexos de Prata a) Coloque cinco gotas de uma solução de nitrato de prata 0,10 mol/L em dois tubos de ensaio diluindo em seguida com cerca de 1,0 mL de água deionizada. Em um béquer, prepare cerca de 20 mL de solução saturada de cloreto de sódio. Utilizando uma pipeta, adicione de três a cinco gotas da solução saturada de cloreto de sódio nos tubos de ensaio. Observe a formação de precipitado. b) Em um dos tubos contendo precipitado, continue adicionando a solução de cloreto de sódio, lentamente, agitando vigorosamente o tubo de ensaio. Só pare a experiência uma vez que tenha adicionado grande excesso da solução saturada de cloreto de sódio. Observe o efeito da adição de cloreto de sódio em excesso. Após isto, adicione uma gota de uma solução 0,10 mol/L de nitrato de prata e observe. c) Adicione, na capela, algumas gotas de solução aquosa concentrada de amônia ao outro tubo da experiência “4a" contendo o precipitado e observe (ATENÇÃO! Conte o número de gotas ou leia o volume adicionado de solução de amônia concentrada). d) Em um tubo de ensaio coloque cinco gotas de nitrato de prata e acrescente em seguida cerca de 1,0 mL de água deionizada. Adicione de três a cinco gotas de iodeto de potássio para formação de precipitado. Na capela, adicione ao tubo o mesmo número de gotas (ou o mesmo volume) de solução aquosa concentrada de amônia utilizado no procedimento “4c” e observe. Compare os resultados dos ensaios “4c” e “4d”. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I 9.1 A Química dos Elementos Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Elementos do Bloco “S” I.I – Metais Alcalinos – Grupo I O Lítio (Li), o Sódio (Na), o Potássio (K), o Rubídio (Rb), o Césio (Cs) e o Frâncio (Fr), constituem a família dos metais alcalinos. Todos os elementos deste grupo apresentam um elétron no orbital mais externo – um elétron S num orbital esférico. Sem considerar os níveis internos completos, poderíamos observar sua configuração eletrônica como: 2S1, 3 S1, 4 S1, 5 S1, 6 S1, 7 S1. As semelhanças nas configurações eletrônicas destes elementos levam a supor semelhanças de comportamento químico. Os elementos deste grupo são metais moles, extremamente reativos, univalentes, que formam compostos iônicos incolores. O Lítio mostra diferenças consideráveis em relação aos demais elementos do grupo, devido ao seu tamanho. O elemento mais pesado do grupo, o Frâncio, é radioativo, com meia vida da ordem de 21 minutos, não ocorre na natureza, ele só tem sido obtido artificialmente. Em virtude de sua radioatividade e instabilidade, a química do Frâncio não será discutida aqui. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I.1I Ocorrência Ensino Médio Integrado à Educação Profissional O Sódio e o Potássio são o sexto e o sétimo elemento em abundância na crosta terrestre. A maior fonte de Sódio é o sal (NaCl), ou como sal marinho, Salitre do Chile (NaNO3) e o Bórax (Na2B4O7.4H2O) O Potássio ocorre como KCl na água do mar ou corno carnalita (KCl.Mg.Cl2.6H2O) e o Feldspato (K2O.Al2O3.3SiO2) em depósito minerais. O Lítio ocorre em quantidades relativamente pequenas sob a forma do mineral Espodumênio (Li2O.Al2O3.2SiO2), o Rubídio e o Césio também ocorrem, em certa extensão, em minerais que são óxidos mistos. I.2 Métodos de Preparação Como os metais alcalinos (M), ocorrem na natureza como compostos que contém os seus íons monopositivos (M+), a preparação de um metal alcalino sempre envolve, como etapa fundamental, a redução do íon metálico (M+), ao átomo metálico (M). Podemos fazê-lo por eletrólise ou fazendo-o reagir com um outro metal, que, sob as condições empregadas, seja um redutor mais forte que o próprio metal alcalino. Processo Downs – O Sódio metálico é preparado industrialmente pela eletrólise do Cloreto de Sódio fundido. Neste processo a adição de pequenas quantidades de Cloreto de Cálcio ao Cloreto de Sódio torna possível processar a reação eletrolítica, economicamente, a temperaturas mais baixas. 2Na Cl - (l) Energia Elétrica CaCl2 2Na (l) Cl 2(g) (no cátodo) (no ânodo) Outros métodos - Os metais alcalinos podem ser preparados pela redução de seus hidróxidos, óxidos, sulfetos ou carbonatos por um metal menos eletropositivo, como o Ca, Mg ou Al , a temperaturas moderadamente elevadas. Na2O(s) + Mg(s) Na2(g) + MgO(s) 2Na(s) + 2KCl 2NaCl + K2(g) I.3 Propriedades Gerais Os maiores átomos de cada período na tabela periódica são os correspondentes aos metais alcalinos. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional O íon M+, formado por estes elementos, será menor que o átomo correspondente. Ainda assim, os íons são bastante grandes, aumentado de tamanho do Li ao Fr. Por causa de seu grande tamanho, estes elementos apresentam propriedades características como: - densidades baixas; as energias de ionização e eletronegatividade muito baixas, tendem a formar ligações iônicas; quando irradiadas com luz, estes elementos podem emitir elétrons; apresentam baixa coesão, e por isso são moles; baixos pontos de fusão e ebulição; os íons destes elementos apresentam configuração de gás nobre, sendo portanto diamagnéticos e incolores; os elétrons também podem ser excitados a níveis eletrônicos mais elevados, dando origem às cores características no teste da chama (o Li é vermelho-carmi, o Na amarelo, K violeta, Rb e Cs violeta-azulados). Raio Atômico (A ) Raio Iônico (A ) Densidade Energia Eletronegativida (g/cm3) de de Ionizaçã o (KJ/mol) PF ( C) Abudância na Crosta Terrestre (ppm) Li 1,23 0,60 0,54 520 1,0 181 65 Na 1,57 0,95 0,97 496 0,9 98 28.300 K 2,03 1,33 0,86 419 0,8 63 25.900 Rb 2,16 1,48 1,53 403 0,8 39 310 Cs 2,35 1,69 1,87 375 0,7 29 7 I.4 Reações Estes Elementos são muito reativos, no ar perdem rapidamente o brilho, formando os óxidos correspondentes. A reação com água torna-se mais violenta do Lítio ao Césio, liberando hidrogênio e formando, que são as bases inorgânicas comuns mais fortes que se conhecem. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional EQUAÇÃO GERAL OBSERVAÇÕES 2M + H2O 2M+ + 2OH- + H2 Li, lentamente, Na, K Rb, Cs muito rápida 2m + X2 2M+X- Todos os metais alcalinos reagem violentamente com todos os halogênios 4M + O2 2M2O Li somente 2M + O2 M2O2 Na somente M + O2 MO2 Principalmente K, Rb e Cs 6M + N2 2M3N Li somente 2M + 2NH3(g) 2MNH2 + H2 Todos os metais alcalinos 2M + 2NH3(L) 2MNH2 + H2 Todos os metais alcalinos em presença de um catalisador 2M + H2 2MH Todos os metais alcalinos produzem hidretos iônicos I.5 Compostos a) Óxidos dos Metais Alcalinos Os óxidos de metais alcalinos se combinam com oxigênio para formar óxidos de três classes diferentes: óxidos regulares ou monóxidos (M2O); os peróxidos (M2O2); e os superóxidos (MO2). Em todos estes compostos o íon do metal está como íon monopositivo (M+), e as diferentes fórmulas nascem das diferentes cargas e estruturas dos ânions. Os monóxidos dos metais alcalinos (M2O), são compostos cristalinos, extremamente solúveis em água, com o qual eles formam hidróxidos M+(aq) + OH-(aq) Os peróxidos dos metais alcalinos (M2O2), são compostos cristalinos, que contém o íon + metálico (M ) e o íon peróxido,. .. .. :O:O: 2 , que reagem com água produzindo H2O2 e uma .. .. solução de hidróxido do metal alcalino. Os superóxidos (MO2) são compostos iônicos que contém o íon do metal alcalino (M +) e o íon superóxido mononegativo, .. .. :O:O: 2 ; eles se .. .. ., decompõem sem solução aquosa para formar o hidróxido metálico, juntamente com H2O2 e O2. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional b) Hidróxidos O hidróxido de sódio (NaOH), é um sólido iônico, branco, cristalino, composto dos íons Na+ e OH arranjados regularmente em uma rede cristalina – não existe ligações de hidrogênio entre os íons OH- adjacentes no cristal NaOH. O NaOH é muito higroscópico, e quando exposto ao ar deliqüesce; sua solubilidade em água é limitada, e quando se dissolve libera grande quantidade de calor. - Os hidróxidos KOH, RbOH e CsOH são muito semelhantes ao NaOH, com exceção da solubilidade em água e a força básica, que aumenta do NaOH ao CsOH com o aumento da dimensão do cátion. O hidróxido de Lítio tem propriedades diferentes no LiOH sólido, existe ligação de hidrogênio externa entre os íons OH- na rede cristalina, além disso, a solubilidade em água é muito mais baixa que a do NaOH. O LiOH é uma base mais fraca, devido a dificuldade de dissociar os íons Li+ e OH. c)Haletos Todos os metais alcalinos, reagem rápida e exotermicamente com todos os halogênios (X 2), para formar halogenetos cristalinos, iônico, M+X-. Os haletos de metais alcalinos reagem com os halogênios e compostos interhalogenados, formando polihaletos iônicos: KI + I2 K[I3] KBr + ICl K[BrICl] KF + BrF3 K[BrF4] Todos os halogenetos de metais alcalinos são solúveis em água, e os sais de Lítio e o Iodeto de Sódio também são solúveis em solventes orgânicos como o etanol (C2H5OH), e acetona (CH3COCH3). c) Organo – metálicos e complexos Os metais alcalinos podem substituir H ácido de ácidos orgânicos, formando sais, tais como acetato de sódio (CH3COONa), benzoato de potássio (C6H5COOK). Os sais de sódio de ácidos graxos (de cadeia longa) como o Palmítico, Esteárico, Oléico e Linoléico são importantes por constituírem os sabões. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Os metais alcalinos combinam-se com diversos radicais alquil e aril. O n-butil-lítio é um reagente muito versátil em sínteses orgânicas. Compostos alquilados de Na, K, Rb e Cs também podem ser preparados: 2K + HgR2 Hg + 2KR Estes compostos são iônicos e extremamente reativos (M+R-). Inflamam-se ao ar, reagem violentamente com a maioria dos compostos, exceto nitrogênio e hidrocarbonetos saturados, e são, por isso, de manuseio difícil. Os metais alcalinos formam complexos covalentes, com compostos alquilados, LiCH3 e NaC2HS. Os íons metálicos são grandes demais para poderem formar complexos com facilidade, mas formam-se quelatos com moléculas orgânicas, como aldeído salicílico e acetil acetonato. O número de coordenação do metal é geralmente seis. I.6 Usos dos metais alcalinos e de seus compostos Pelo fato de serem moles e reativos, os metais alcalinos não podem ser utilizados para fins estruturais. O Sódio tem sido aproveitado como trocador de calor em reatores nucleares por causa da sua alta condutividade térmica. Válvulas de exaustão contendo Sódio são empregados em motores a gasolina e diesel. O Césio apresenta um forte efeito fotoelétrico, por causa de sua energia de ionização muito baixa, e por isso é aplicado em fotocélulas de fetocondutividade. Essa célula contém um par de eletrodos de cargas opostas e um bulbo ou cela evacuado. O eletrodo negativo é pintado com Césio ou uma liga de Césio e emite elétrons para a região entre os eletrodos, quando é atingido pela luz: Esses eletrodos completam o circuito e permitem a passagem de corrente através de um circuito externo. Essa corrente pode ser aproveitada para abrir portas, tocar campainhas, etc. Os hidróxidos de Sódio e Potássio são industrialmente importantes. O Hidróxido de Sódio (cujo nome comum é soda cáustica) e o Hidróxido de Potássio (potassa cáustica) são usados na fabricação de um número incontável de produtos, como sabões, tintas, pigmentos, graxas etc. Os Saís de Lítio foram aplicados com sucesso no tratamento de algumas formas de doença mental. (PMD) Elementos do Bloco “S” I. 2 – Metais Alcalinos – Terrosos – Grupo II Os elementos do grupo II-A – Berílio (Be), Magnésio (Mg), Cálcio (Ca), Estrôncio (Sr), Bário (Ba) e Rádio (Ra) – que constitui a família dos metais alcalinos-terrosos, apresentam dois elétrons S no orbital mais externo. Tipicamente bivalentes, constituem uma série gradual de metais muito reativos, formando geralmente compostos iônicos incolores, e menos básico que os do Grupo I. O Berílio mostra consideráveis diferenças do comportamento do restante do grupo, e reações diagonais com o Alumínio no Grupo III. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional O Rádio (Ra), que é o elemento mais pesado da família, é um elemento fortemente radioativo e relativamente escasso e, não discutiremos suas propriedades. No entanto, as propriedades conhecidas do Rádio são paralelas do seu homólogo mais leve, o Bário exceto, naturalmente, por não ser o Bário, radioativo. 1.1 Ocorrência Nenhum dos metais alcalino-terrosos é encontrado livre na natureza, porque todos eles são fortemente eletropositivos; no entanto, são bastantes comuns em muitos minerais. O Berílio é relativamente escasso. A sua principal fonte é o minério Berílio, Be 2Al2(Si3)6, mas também é encontrado em pequenas quantidades em vários outros minerais e rochas. O Magnésio é o sexto metal mais abundante na crosta terrestre. Ele ocorre em muitos minerais, na água do mar, em fontes naturais e em depósitos formados pela evaporação de lagos. Alguns minerais importantes: Espinélio, Mg(AlO2)2, o talco e pedra-sabão, H2Mg3(SiO3)4, o amianto, CaMg3(SiO3)4, e a olivina, (MgFe)2SiO4, magnesita, MgCO3, dolamita, MgCO3.CaCO3, kieserita, MgSO4.H2O e carnalita MgCl2.KCl.6H2O. O Cálcio é o terceiro metal mais abundante de todos, ocorre nos minerais gipsita, CaSO4.2H2O, anidrita, CaSO4, fluorina, CaF2, apatita, CaF2.3Ca3(PO4)2, na dolamita, no giz, calcário e mármores, que são as diversas formando CaCO3. Os sais de cálcio ocorrem na maioria das águas minerais e são componentes essenciais tanto dos tecidos das plantas como dos animais, bem como de cochas e ossos. O Estrôncio ocorre na estroncianita SrCO3 e no mineral celestita, SrSO4. O Bário ocorre na chamada barita, BaSO4 e na witherita, BaCO3. O Rádio ocorre, em quantidades muito pequenas em alguns minerais de Urânio. 1.2 Preparação Os metais alcalinos terrosos podem ser preparados de modo semelhante dos metais alcalinos, embora os íons m²+ sejam mais facilmente reduzidos que os íons M+. Os metais alcalino terrosos são, comumente, obtidos pela eletrólise dos seus alogenetos anidridos fundidos, na presença de algum alogeneto de metal alcalino-terrosos que provoque uma redução do ponto de fusão e melhore a condutividade do eletrólito. MgCO3(s) MgO(s) + CO(g) + Cl2 (g) Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial MgO(s) + CO2(g) MgCl 2 (s) + CO2 (g) Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I MgCl 2(l) corrente elétrica NaCl MgO(s) C(s) Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Mg(s) Cl 2(g) 2000O C Mg(s) CO (g) O cálcio, o estrôncio, e o bário também podem ser preparados em laboratório pela eletrólise de soluções aquosas de seus sais, usando um cátodo de mercúrio. 3 BaO (s) + 2 Al (s) 3 Ba (g) + Al2O3 (s) 1.3 Propriedades Gerais Os átomos desses elementos são grandes, porém menores do que os correspondentes dos átomos dos elementos do grupo I – A, pois a carga adicional existente no núcleo atrai mais elétrons. Analogamente, seus íons são grandes, mas também menores que os correspondentes do grupo I – A, pois a remoção de dois elétrons externos aumenta mais a carga nuclear efetiva. Estes elementos são mais densos, mais duros, maior força coesiva e pontos de fusão mais elevado que os elementos do Grupo I - A. Abundância Raio na crosta Atômico terrestre (A ) (ppru) Raio Iônico Densidade (g/cm3) (A) P.E. ( C) Energia de Ionização 1 2 (Kg/mol) Be 6 0,89 0,31 1,8 1277 899 – 1757 Mg 20.000 1,36 0,65 1,7 650 737 – 1450 Ca 36.300 1,74 0,99 1,6 838 590 – 1145 Sr 300 1,91 1,13 2,6 768 549 – 1064 Ba 250 1,98 1,35 3,5 714 503 – 965 Ra 1,30x10-6 ------ 1,50 5,0 700 509 – 979 1.4 Comportamento Anômalo do Berílio O Berílio difere do restante do grupo, em parte por ser extremamente pequeno, e em parte por causa da eletronegatividade relativamente alta (1,5), formando preferentemente duas ligações covalentes. Os sais de Berílio são ácidos quando dissolvidos em água pura. Os outros sais do Grupo II – A não integram tão fortemente com a água e não sofrem hidrólise em grau apreciável. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional O sais de Berílio nunca apresentam mais de quatro moléculas de água de cristalização, pois só existem disponíveis quatro orbitais no segundo nível eletrônico, já que o magnésio pode apresentar número de coordenação seis, com a participação de alguns orbitais 3d, ao lado dos orbitais 3s e 3p. 1.5 Compostos dos metais Alcalinos-Terrosos Óxidos – Todos os metais alcalino-terrossos, podem reagir com o oxigênio formando óxidos metálicos sólidos, MO. A reação é fortemente exotérmica: 2M (s) + O2 (g) 2 MO (s) O método mais comum de preparação destes óxidos é a composição térmica dos carbonatos correspondentes. MCO3 (s) NO (s) + CO2 (g) Todos os óxidos dos metais alcalino-terrosos, com exceção do BeO, são cristais iônicos com estrutura cristalina do Na+ Cl- Carbonatos Os carbonatos dos metais alcalino-terrosos são sais de ácido fraco (H2CO3) e bases fortes (M(OH)2). À medida que aumenta a basicidade dos hidróxidos, aumenta, também, a estabilidade dos carbonatos MCO3 em relação a hidrólise, desde Be(OH) 2 até Ba(OH) 2. Os carbonatos CaCO3, SrCO3 e BaCO3 são formados simplesmente pela mistura de uma solução aquosa que contenha os respectivos íons metálicos, M2+, com uma solução aquosa que contenha íons CO32-. Os carbonatos, que são praticamente insolúveis, precipitam da solução sob forma de pó cristalino branco: M2+ (aq) + CO32- (aq) Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial MCO3 (s) Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Sulfato Os sulfatos dos metais alcalino-terrosos, MSO4, são sólidos branco, cristalinos, extremamente estáveis ao calor. Eles podem ser preparados pela ação do H2SO4 sobre os óxidos, hidróxidos e carbonatos metálicos: MO + H2SO4 M(OH) 2 + H2SO4 MCO3 + H2SO4 MSO4 + H2O MSO4 + 2H2O MSO4 + H2O + CO2 A solubilidade do Be até Ba e os sulfatos de Be2+, Mg2+ e Ca2+ se cristalizam em meio aquoso sob a forma de hidratos (BeSO4 . 4 H2O, MgSO4 . 7 H2O, Cu SO4 . 2H2O). Halogenetos Todos os metais alcalino-terrosos, se combinam diretamente exotérmicamente com os halogênios, para formar halogenetos metálicos, MX2: M (s) + X2 (g) MX2 (s) O caráter da ligação metal-halogênio nos halogenetos de metais alcalino-terrosos varia muito, dependendo do íon metálico e do halogênio. Para cada íon metálico, o caráter iônico da ligação decrescente gradualmente do F- ao I-. Para cada íon halogeneto, o caráter iônico da ligação aumenta de Be2+ até o Ba2+, a medida que o quociente carga/raio decresce. Os halogenetos de Be 2+ têm forte caráter covalente com exceção do BeF2, que é essencialmente iônico, por causa do íon F-, muito pequeno, por isso, não é apreciavelmente polarizável. Os halogenetos dos outros metais alcalino-terrosos são essencialmente iônicos e dissolvem em água, produzindo soluções neutras dos íons M2+ e X- hidratados. O BeCl2 que é covalente, quando entra em contato com a água, ele se hidrata formando uma solução de caráter ácido: BeCl2 (s) + H2O (l) Be (OH)2 (s) + 2HCl (aq) Os halogenetos de berílio, BeBr2 e BeI2, covalentes são solúveis em muitos solventes orgânicos, como álcool metílico, CH3OH. Dos outros halogenetos de metais alcalinos-terrosos, somente o MgBr2 e o MgI2 são solúveis em solventes dessa natureza. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Hidretos Os hidretos dos metais do Grupo II – A, MH2, são sólidos brancos, de caráter consideravelmete iônico. Como os metais alcalinos, os metais alcalino-terrosos mais eletropositivos, o Ca, o Sr e o Ba, reagem prontamente com gás hidrogênio a temperaturas elevadas para formar os hidretos essencialmente iônicos: M2+ (H-)2 M + H2 Os hidretos BeH2 e Mg H2 só podem ser preparados por vias indiretas: MH2 (s) + 2 H2O (l) M(OH)2 (s) + 2 H2 (g) Nitretos Os metais alcalino-terrosos, com exceção do Be, formam nitretos iônicos, M3N2, contendo íon metálico no seu estado de oxidação normal, +2, e o íon nitreto trinegativo, N3-. Esses nitretos iônicos são cristais transparentes, incolores, com pontos de ebulição elevados. Eles podem ser formados pela união direta do metal com o gás nitrogênio a temperaturas elevadas: 3M (s) + N2(g) M3N2 (s) Os nitretos de metais alcalino-terrosos reagem com a água para formar hidróxido de metal e amônia: M3N2 (s) + 6H2O 3M(OH)2 + 2NH3 Sulfetos Os sulfetos dos metais alcalino-terrosos podem ser preparados seja por união direta dos elementos, seja pela redução do sulfato metálico com carbono à temperatura elevada: M+S MSO4 + 2C MS MS + CO2 OBS: Com exceção de BeS, todos os sulfetos se hidrolisam em água, formando M(OH) 2 e H2S: MS + 2 H2O M(OH)2 + H2S A reação é muito lenta com água, mais é rápida com soluções aquosas ácidas: MS + 2H+ Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial M2+ + H2S Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 1.6 Solubilidade dos Sais A solubilidade dos sais de metais alcalino-terrosos diminue com o aumento da massa atômica, tendência esta inversa no caso dos fluoretos e hidróxidos. Para que uma substância se dissolva, a energia de hidratação deve ser maior que a energia reticular. Do Be ao Ba, os íons metálicos aumentam de tamanho, e tanto a energia reticular como a energia de hidratação diminuem. Uma diminuição de energia reticular fornece um aumento de solubilidade, ao passo que uma diminuição da energia de hidratação favorece uma diminuição da solubilidade. Se a energia de hidratação diminue mais rapidamente do que a energia reticular, os compostos se tornarão menos solúveis. Isto ocorre com a maioria dos compostos do Grupo II – A, mas fluoretos e hidróxidos apresentam aumento de solubilidade do Be ao Ba, porque a energia reticular decresce mais rapidamente do que a energia de hidratação. 1.7 Dureza da Água A água que contém sais de cálcio e de magnésio dissolvidos é chamada “Água Dura”.Uma água contém íons HCO3- juntamente com íons Ca2+ e Mg2+ é chamada temporariamente dura, porque, quando se ferve a água, os íons metálicos precipitarão sob a forma de carbonatos básicos ou carbonatos normais. Uma água é dita permanentemente se além dos íons Ca 2+ e Mg2+, contiver íons como SO42-, que não formam sais insolúveis com os íons metálicos quando a solução é aquecida. O método mais comum para se remover a dureza da água, tanto temporária quanto a permanente, é fazer passar a água através de um trocador de íons. O trocador de íons é uma substância insolúvel, natural (um mineral) ou sintética (uma resina) que tem a capacidade de se ligar com cátions prejudiciais, nesse caso o Ca 2+, o Mg2+ e o Fe2+, substituindo-os por cátions não prejudiciais, como o Na+: (Resina . nH) (s) + Ca2+ (aq) (Resina (n-2)H . Ca + 2H+(ag)) Os melhores trocadores de íons são aqueles que removem todos os cátions metálicos presentes na água substituindo-os por íons H+, ao mesmo tempo que também substitui todos os ânions presentes na água por íons OH-. Os íons H+ e OH- assim produzidos combinam-se para formar H2O, e assim se obtém uma água que é livre de todos os sais dissolvidos. A água que assim resulta é chamada água de desionizada. 1.8 Usos dos Metais Alcalino-Terrosos O berílio é usado na manufatura de ligas leves (Cu – Be, Ni – Be) que são resistentes à corrosão por água salgada. O berílio por ser um dos metais mais transparentes aos raios X, é empregado na fabricação de janelas de tubos de raios X. O óxido de berílio, BeO, é empregado na manufatura de cadinhos refratários e no revestimento de lâmpadas fluorescentes. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional I O magnésio em pó ou fita é usado na fabricação de flash e bulbos para fotografia, e sínteses industriais de muitos compostos orgânicos, e na preparação de ligas leves com grande resistência à tensão. O óxido de magnésio, MgO, por causa de seu ponto de fusão extremamente elevado e baixa reatividade é usado no revestimento de fornos metalúrgicos. Uma mistura de Mg(OH) 2 e CaCO3 é usada como revestimento isolante em tubulações de vapor d’água, água quente e em caldeira. O MgSO4 . 7 H2O (sol de epson) é um purgativo e Mg(OH)2, em água, comumente chamado de leite de magnésia, é usado no tratamento da acidez interna e também serve como constituinte de muitas pastas dentifrícias. O cálcio metálico é usado para remover oxigênio de óxidos metálicos na manufatura de muitos metais importantes, especialmente, aços. O CaCO3, serve como fonte de CaO, que é utilizada na fabricação do NaCO3 (pó alvejante). O estrôncio e seus compostos são muito escassos, e não apresentam nenhuma propriedade específica que defira dos outros elementos do grupo, encontrados em abundância. O metal bário encontra muito pouco emprego na forma metálica, no entanto o BaO, é utilizado como agente secante, que se combina com água formando o Ba(OH)2 e com dióxido de carbono formando o Ba CO3. O sulfato de Bário, Ba SO4, é usado como material na fabricação de tintas, papel, etc.. Quando introduzimos na chama, os sais de cálcio, de estrôncio e de bário produzem radiações coloridas, brilhantes e bonitas: os sais de cálcio são radiações vermelhas, os de estrôncio carmesin e os de bário verde. Por esta razão, os sais voláteis destes elementos são usados, em certas quantidades, na fabricação de sinais pirotécnicos e em fogos de artifício. Sumário de algumas reações importantes dos metais do Grupo II – A M + X2 M X2 (X=halogênio) 2M + O2 2MO Todos os Metais do Grupo II-A com todos os halogênios Todos os Metais do Grupo II-A M + O2 MO2 Todos os Metais do Grupo II-A exceto Be M + 2 H2O M++ + 2OH- + H2 O Be e MG muito lentamente, porém rapidamente com vapor d’água. O Ca, Sr e Ba rapidamente com água fria M + 2H+ M++ + H2 (M + 2H+ + SO4= M+S 3M + N2 2M + CO2 3M + 2NH3 M SO4 (s) + H2) O Be lentamente, outros rapidamente MS Todos os metais do Grupo II-A M3 N2 Todos os metais do Grupo II-A, exceto o Be, a temperaturas elevadas Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial MO + C M3 N2 + 3H2 Todos os Metais do Grupo a temperaturas elevadas Todos os Metais do Grupo II-A a temperaturas elevadas Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Elementos do Bloco “p” II.1 – Elementos do Grupo XIII 1.1 Propriedades Gerais Os elementos do Grupo III-A são: Boro, B, Alumínio, Al, Gálio, Ga, Indio, In, e Tálio, TI. Boro é um semi-metal e os demais são metais razoavelmente ativos. O caráter eletropositivo desses elementos aumenta diretamente com o aumento da massa atômica. Essa tendência é responsável por variações de propriedades tão marcantes entre os elementos mais leves e os mais pesados, que não se pode considerá-los como família. Em vez disso, cada elemento do grupo deve ser considerado individualmente, porque tem o seu conjunto próprio de propriedades. Todos os átomos dos elementos deste grupo, apresentam um único elétron p, além dos elétrons s, na sua camada de valência. Embora compostos +1 sejam encontrados em todos eles, em condições normais o estado +3 é observado, exceto para o Tálio, que comumente apresenta o estado +1. Esta univalência pode ser explicada da seguinte maneira: os elétrons s da segunda camada, mais externa permanecem pareados e não participam da ligação, pois a energia necessária para emparelhá-los seria muito grande. Isso ocorre particularmente entre os elementos pesados do bloco p, e é chamado efeito por parte inerte. 1.2 Ocorrência O Boro é relativamente escasso na natureza, enquanto que o Alumínio, é o metal mais abundante na crosta da terra e o terceiro mais abundante de todos os elementos. Nenhum dos elementos deste grupo, ocorre em estado livre na natureza. O Boro ocorre principalmente no bórax, Na2B4O7 . 10H2O. O principal minério do Alumínio é o óxido hidratado chamado bauxita Al 2O3 . (X H2O). Ele também ocorre na natureza sob a forma de um fluoreto complexo, NaAlF6, chamado criolita. Os elementos Gálio, Indio e Tálio estão presentes em pequenas quantidades nos minérios de Boro e Alumínio e em minérios de Zinco e Ferro. Comercialmente, o Ga, o In e o TI são obtidos como subprodutos da extração de zinco da blenda de Zinco, ZnS, e da extração de Ferro de pirita, FeS2. 1.3 Preparação a) Boro O Boro é preparado comercialmente pela redução do seu óxido, B2 O3, com um redutor forte como Magnésio metálico, Mg, ou outros metais muito eletropositivos, como o Al, o Ca, o Na e o K. O Boro assim obtido é impuro, ele é amorfo e contaminado pelo boreto do metal redutor. B2 O3 (s) + 3Mg (s) 2B(s) + 3MgO(s) Contaminação: B2Mg3 KBF4 + 3Na Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial KF + 3NaF + B Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional I O Boro cristalino puro é obtido a partir da redução do BCl3 com gás H2 a temperatura elevada. 2 BCl3 (g) + 3 H2 (g) 2B (s) + 6HCl (l) b) Alumínio O Alumínio é obtido a parti da eletrólise, a 1000º C, de uma mistura de óxido de Alumínio, Al2O3, contendo criolita, Na3AlF6 e pequena quantidade de Ca F2 e NaCl. Esses compostos iônicos são adicionados para abaixar o ponto de fusão do Al2O3 e aumentar a condutividade elétrica da massa fundida. Os eletrodos usados são de grafita. Na temperatura em que se processa a eletrólise, o gás oxigênio que é liberado no ânodo reage com o grafite formando o gás monóxido de carbono. Esta reação de combustão é fortemente exotérmica e fornece a energia necessária para manter a temperatura elevada. O Alumínio fundido é recolhido no cátodo. 4 Al3+ (l) + 12 e6 O2- (l) 4 Al3+ (l) + 6 O2- (l) 4 Al (l) cátodo 3 O2 (g) + 12 e- ânodo 4 Al (l) 3 O2 (g) 2 Al2O3 (l) 1.4 Propriedades Físicas a) Boro O Boro possui propriedades metálicas, mas não é propriamente um metal. O boro puro é uma substância cristalina, quebradiça, preta, extremamente dura (quase tão dura quanto o diamante) e de ponto de fusão extremamente elevado (P.F. ~ 2000º C). É opaco e tem boa capacidade de reflexão. É bom condutor de corrente elétrica, sendo um semicondutor. (Semicondutor é a substância em que a condutividade elétrica aumenta com o aumento da temperatura, ao contrário dos metais, que são condutores, em que a condutividade decresce quando a temperatura se eleva). b) Alumínio O Alumínio tem as propriedades físicas características dos metais. A sua superfície limpa é branco prateada. É um bom condutor de calor e excelente condutor metálico da corrente elétrica. Sua densidade é 2,712 g/cm3. É mecanicamente resistente, bem como leve, dúctil e maleável. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional c) Gálio, Indio e Tálio Os três membros mais pesados do grupo têm propriedades metálicas típicas. São bons condutores de eletricidade. O Gálio é um líquido em dias quentes (P.F. 29,8ºC e P.E. 2240º), logo ele é um líquido no intervalo de temperatura cerca de 2000ºC. O Gálio e o Indio são branco acinzentado. No estado sólido, são bastante moles sendo o Tálio o mais mole dos três. Algumas propriedades dos elementos do Grupo 3 B Elem. Confg. Massa Raio Raio elétron Atômica Atômico Iônico M3+, A mais Ponto Ponto 20ºC em de de g/cm3 Fusão Ebulição ºC ºC Densidade externa Eletronegatividade B 2s22p1 10,81 0,79 (0,20) 2,34 ~2000 ---- 2,0 Al 3s23p1 26,98 1,43 0,50 2,70 660 2450 1,5 Ga 4s24p1 69,72 1,35 0,62 5,91 30 2240 1,6 In 5s25p1 114,82 1,62 0,81 7,31 156 2000 1,7 TI 5s26p1 204,37 1,70 0,95 11,85 303 1460 1,8 1.5 Compostos Importantes a) Óxidos O trióxido de dibore, também chamado sesquióxido de boro, B2O3, é uma substância dura, vítrea, que pode ser obtida pela desidratação lenta do ácido bérico fundido, a 230ºC. Possui ponto de fusão baixo, 577ºC. H3BO3 (l) B2O3 (s) + 6 H2O (l) Por aquecimento com óxidos metálicos, formam-se metaboratos, que freqüentemente apresentam colorações características. Nisto se baseia o teste da pérola de bórax. CoO + B2O3 Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Co(Bo2) 2 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional O óxido de alumínio, Al2O3, é, em contraste com o B2O3, uma substância de ponto de fusão extremamente alto (P.F. 2045ºC), onde a ligação oxigênio-alumínio é iônica. Existe na natureza sob a forma do mineral Coríndon. Coríndon é, depois do diamante, a mais dura de todas as substâncias que ocorrem na natureza. O Al2O3 com 8% de Cr2O3 forma um sólido vermelho, chamado rubi, que é muito usado em aparelhos de Raio Laser. O Al2O3 é obtido pela desidratação lenta do Al(OH)3. Tanto o B2O3 como Al2O3 são insolúveis em água e em soluções aquosas. 2 Al(OH)3 Al2O3 (s) + H2O b) Boratos Os boratos simples têm uma estrutura baseada numa unidade trigonal plana BO3, formando cadeias, anéis e estruturas bi-dimencionais laminares. Boratos mais complexos contém unidades BO3 ao lado de unidades tetraédrica BO4, não sendo planos. As estruturas destes boratos complexos rompem-se mediante dissolução em água. O metaborato mais comum é o bórax, Na2B4O7 . 10 H2O, um importante padrão primário para a titulação com ácidos: Na2B4O7 . 10 H2O + 2HCl 2NaCl + 4 H3BO3 + 5 H2O c) Hidróxidos Os compostos de boro (III) contendo grupos OH têm caráter ácido. O ácido bórico, H3BO3, que é uma das formas que o boro ocorre na natureza, é um sólido branco, escamoso. Tem ponto de fusão (P.F. 189ºC) e é volátil. É solúvel em água, onde se comporta como um ácido fraco. H3BO3 (aq) + H2O(l) [B(OH)4]- (aq) + H+ (aq) O hidróxido de Alumínio, Al(OH) 3, é uma substância branca gelatinosa, de fórmula Al(OH) 3 . n H2O, que se dissolve tanto em ácidos como em base, sendo pois, anfétero: Al(OH) 3 (s) + 3 H+ (aq) Al3+ (aq) + 3 H2O (leia 0) Al(OH) 3 (s) + OH- (aq) [Al(OH)4]- (aq) Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional d) Hidreto O Boro forma com o hidrogênio, diversos compostos binários chamados hidretos de boro ou boranos, que contém de 2 à 10 átomos de B em cada molécula. Todos esses compostos são covalentes. O mais simples, o diborano, B2H6, é um líquido (P.E. = 92,6ºC) espontaneamente inflamável ao ar e hidrolisado rapidamente pela água a H2 e B(OH)3. A molécula de B2H6 e outros hidretos de boro são, às vezes, chamados compostos “deficiente de elétrons”, para indicar que eles não contém elétrons suficientes para satisfazer as suas ligações. e) Haletos f) Todos os elementos desse grupo formam trihaletos. O Boro forma três haletos, BF 3, BCl3 e BBr3, que são covalentes e gasosos, com estrutura trigonal plana e comportamse como ácido de Lewis. II.2 – Elementos do Grupo XIV – Grupo do Carbono 2.1 Características Os elementos do Grupo IV – A são carbono, silício, germânio, estanho e chumbo. Mostram, como o Grupo III-A, uma pronunciada variação de comportamento, que passa de ácido para mais básico, à medida que se desce no grupo. Também, como no Grupo III-A, o elemento mais leve, o carbono, forma um sólido de estrutura complexa que não exibe propriedades metálicas. Os fatores responsáveis pelo caráter não-metálico aparentemente estendem-se ao segundo e terceiro elementos do Grupo, silício e germânio, pois estes também não podem ser considerados metais, mas apenas semi-metais. O carbono é um não metal e o estanho e chumbo são metais: Os dois primeiros elementos, carbono e silício, são importantes, pois seus compostos são responsáveis respectivamente por todos os organismos vivos e praticamente por todos os minerais da terra. 2.2 Propriedades Gerais Os raios covalentes aumentam de cima para baixo no Grupo, mas a diferença de tamanho entre Si e Ge é menor do que seria de esperar, pois o preenchimento do nível 3d aumenta a carga nuclear e acarreta proteção apenas fraca por parte dos elétrons d (a capacidade de proteção decresce na seguinte ordem : elétrons s > elétrons p > elétrons d). Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional De maneira análoga, a pequena diferença de tamanho entre Sn e Pb se deve ao preenchimento do nível 4f. Abundân Raio cia na Covalent crosta e terrestre Energia de Ionização PF Eletroneg atividade (Kj.mol-1) 1 2 3 4 C 320 0,77 1086 2354 4622 6223 3930 2,5 Si 277.200 0,17 786 1573 3232 4351 1420 1,8 Ge 7 1,22 760 1534 3300 4409 949 1,8 Sn 40 1,40 707 1409 2943 3821 232 1,8 Pb 16 1,46 715 1447 3087 4081 327 1,8 As energias de ionização decrescem do C para o Si, mas variam de modo irregular no restante do Grupo, por causa do preenchimento dos níveis d e f. A quantidade extremamente grande para formar o íon M4+ sugere que os compostos iônicos simples são muito raros para estes elementos. Os únicos elementos que dariam diferença suficiente de eletronegatividade para originar caráter iônico da ligação são Flúor e Oxigênio, e os compostos SnF4, SnO2, PbF4 e PbO2 são rezoavelmente iônicos. A maior parte dos compostos são tetravalentes e covalentes. Isto torna necessária a promoção de elétrons do estado fundamental para o estado excitado, levando a uma estrutura tetraédrica. A energia necessária para desemparelhar e promover o elétron é mais do que compensada pela energia liberada pela formação de duas ligações covalentes adicionais. Configuração eletrônica do átomo de carbono estado fundamental. Átomo de carbono estado excitado Os elementos deste Grupo são relativamente pouco reativos, mas a reatividade e dentro do grupo, aumenta de cima para baixo. São comumente atacados por ácidos, alcalis e pelos halogênios: grafita por Flúor, Si por HF, Ge por H2SO4 e HNO3, e Sn e Pb por diversos ácidos. A ocorrência de compostos iônicos contendo os íons M+4 de todos esses elementos pode ser considerado pouco provável porque a energia de ionização necessária para a reação M(g) M(g)+4 +4e, é extremamente elevada. Os três primeiros elementos do Grupo – o C, o Si e o Ge – formam essencialmente compostos covalentes. Os dois membros mais pesados do grupo, o Sn e o Pb, formam tanto compostos covalentes, com números de coordenação 4 e 6, como compostos iônicos contendo íons Sn2+ e Pb2+. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional A tendência que têm os elementos S2 a participar de uma ligação covalente (sendo promovidos a orbitais vazios mais elevados disponíveis) decresce à medida que se desce no grupo desde C até Pb. Por essa razão, o par de elétrons 6s2 do Pb é, freqüentemente, designado como “par inerte”. O efeito do par inerte se mostra mais acentuado nos membros mais pesados do grupo. Há um decréscimo na estabilidade do estado de oxidação + IV e um aumento na estabilidade do estado de oxidação + II, que se acentua dentro do grupo de cima para baixo. 2.3 Ocorrência Com exceção do germânio, estes elementos são bastante difundidos e conhecidos. Isto porque o carbono e o silício são mais abundantes na crosta terrestre, e o estanho e chumbo, embora relativamente raros, ocorrem mais ou menos concentrados em minérios o que facilita sua obtenção. Carbono – O carbono ocorre em jazidas de carvão e no petróleo, ocorre também em rochas do grupo dos carbonetos, como a calcita, CaCO3, e a magnesita, MgCO3. Silício – O silício é muito abundante na forma de sílica, 5i02, e em grande número de minerais do grupo do silicato. Germânio – Ocorre em traços em alguns minérios de prata e zinco, e em alguns tipos de carvão. Estanho – É extraído do minério cassiterita SnO2. Chumbo – O chumbo é encontrado como galena, PbS. 2.4 Preparação Carbono – O carbono ocorre naturalmente nas modificações alotrópicas, diamante e grafita, e, com muito maior abundância, em formas impuras, como carvão. Silício, Germânio, Estanho – Os métodos para se obter cada um destes elementos no estado puro são essencialmente os mesmos. Inicialmente são obtidos como dióxido, SiO2, GeO2 e SnO2, que depois é reduzido pelo carbono, a altas temperaturas. Vamos exemplificar com o Silício: SiO2(s) + 2C(s) Si(s) + 2CO(g) Este Silício bastante impuro é, então, transformado em tetracloreto, por reação direta com cloro: Si(s) + 2Cl2(g) SiCl4(s) Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional O tetracloreto de silício é volátil e pode ser purificado por destilação. O silício purificado é depois recuperado, reduzindo-se o cloro com hidrogênio. SiCl4+2H2 Si + 4HCl O silício ë ainda submetido à purificação adicional, pelo processo de fusão em zonas. Chumbo – O PbS pode ser aquecido ao ar, para conversão em PbO, que é então reduzido por CO num altoforno. Outro método é oxidar parcialmente o PbS ao ar, sofrendo a mistura resultante uma autoredução em ausência doar, por aquecimento. 3PbS 2.5 aquecimento no ar Pb 2 PbO aquecimento em ausênciade ar 3Pb SO2 Propriedades Físicas Alotropia do Carbono O carbono existe em três formas cristalinas, o diamante, a grafita e o Buckmister fullereno ou Buckyball. O pó preto formado na decomposição térmica de compostos de carbono era tido anteriormente como carbono amorfo, mas é encarado hoje como grafita finamente dividida. No diamante, que é incolor, cada átomo de carbono utiliza orbitais híbridos tetraédricos para formar quatro ligações. Assim cada átomo de carbono está ligado tetraedricamente a outros quatro átomos de carbono, originando-se um polímero tridimensional. A molécula formada é muito dura (a substância natural mais dura que se conhece) devido ao fato de as posições dos átomos de carbono estarem rigidamente definidas; consequentemente não conduz eletricidade, porque o compartilhamento de elétrons com quatro outros átomos preenche todos os orbitais, sendo impossível a outro elétron mover-se para um dado átomo de carbono. O diamante também é caracterizado pelo elevado índice de refração, fazendo com que a maior parte da luz que incide sobre ele seja refletida pelas superfícies internas. Grafite maciça é um sólido mole, cinzento, de alto ponto de fusão, tendo um fraco brilho metálico e boa condutividade elétrica. O pequeno grau de dureza é atribuído às fracas ligações entre as camadas, permitindo que camadas adjacentes deslizem umas sobre as outras. O alto ponto de fusão é uma indicação das fortes ligações covalentes dentro das camadas que tornam difícil a desorganização necessária à fusão. A condutividade e o brilho metálico provêm da liberdade dos elétrons (um por carbono) que podem mover-se de um átomo para outro. Devido a seu alto ponto de fusão e sua condutividade elétrica, a grafita encontra grande uso como material de eletrodos, como por exemplo na preparação eletrolítica do alumínio. Além da grafita maciça, existem várias formas porosas de carbono, aparentemente grafíticas em sua natureza, que incluem o coque (obtido por aquecimento de carvão de pedra em ausência de ar), carvão vegetal (obtido a partir de madeira, nas mesmas condições), e negro de fumo (fuligem), estas formas de carbono apresentam extraordinarias propriedades de absorção. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional A terceira forma alotropica é o C60 – Buckmister fullerene ou Buckball. Os estudo até agora mostram que ele é estável e resistente a corrosão. É também absorvedora de elétrons que libera as cargas recebidas sem oferecer resistência, bateria superpoderosa. É a partícula mais elastica (intactas em túnel de alta velocidade 24.000 Km/h) Silício – O silício cristalino é opaco e tem alto poder de reflexão; é uma substância semicondutora de eletricidade. É um cristal covalente, com a estrutura do tipo diamante, com cada átomo de Si ligado covalentemente a quatro outros átomos de silício com arranjo tetraédrico. Os cristais de silício muito puro são utilizados para a fabricação de transistores, retificadores e baterias solares. Germânio – O germânio, Ge, é uma substância dura, quebradiça, de cor branco-prateada; tem ponto de fusão relativamente elevado (937°C) e P.E. (2700°C). O germânio cristalino tem um retículo covalente do tipo diamante com ligações Ge-Ge relativamente fortes. Do mesmo modo que o silício, o germânio é um semi-condutor de eletricidade, propriedade essa que responde pela maior parte das aplicações do elemento em transistores e em outros componentes da eletr8nica. do estado sólido. Estanho – O estanho, Sn, do mesmo modo que o carbono existe em duas formas alotrópicas - estanho cinzento, que tem átomo de Sn arranjado tetraedricamente, como o diamante e o estanho branco, em que cada átomo Sn esta circundado por seis vizinhos em arranjo octaédrico muito distorcido. O estanho branco tem propriedades metálicas: é maleável e ductil à temperatura ambiente e tem condutividade elétrica do tipo metálico. O estanho tem um ponto de fusão baixo para um metal (232°C); mas o seu ponto de ebulição é muito elevado (2270°C); a este respeito, o estanho se parece com o gálio (relacionamento diagonal). Chumbo – O chumbo, Pb, quando puro é um metal mole, branco, de ponto de fusão baixo; tem condutividade elétrica (menos que um décimo da do cobre), sua estrutura metálica cristalina é cúbico de fase centrada. 2.6 Compostos Hidretos Todos os elementos do Grupo II-A formam hidretos covalentes, mas o número de compostos formados, e a facilidade com que se formam, varia consideravelmente. O carbono forma um número enorme de compostos de cadeia aberta ou cíclica, incluindo-se os alcanos (parafinas), CnH2n+2; e os compostos aromáticos. Estes compostos constituem a base da química orgânica. O silício forma um número limitado de hidretos saturados, SinH2n+n, chamados silanos, que formam cadeias normais ou ramificadas. Contrariamente aos alcanos, os silanos são fortes agentes redutores, queimam no ar explodem em atmosfera de Cl2 e são facilmente hidrolisáveis por soluções alcalinas: 12H6 + H2O ~°s de 2 SiO2 . n H20 + 7 H2 álcool Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional A diferença de comportamento entre alcanos e sílanos se deve provavelmente â diferença de eletronegatividade entre C e Si, que resulta numa distribuição desigual dos elétrons da ligação (polarização) tendo-se uma carga S~ no carbono e uma carga S+ no Si. z- z+ z+ z- C-H Si-H Os hidretos de germânio ou germânos são semelhantes aos silanos, mas menos inflamáveis e menos suscetíveis a hidrólise. O estanho SnH4 é menos estável e mais difícil de preparar. O plumbano PbH4 é ainda menos estável e de preparação bem mais difícil, mas foi possível obtê-lo por redução catódica, tendo sido detectado com auxílio de espectrômetro de massa. Haletos Conhecem-se todos os terahaletos, exceto o PbI4 são todos voláteis e covalentes. As exceções são o SnF4 e PbF4 que são iônicos e apresentam alto P.F. (SnF4 sublima a 705°C, o PbF4 funde a 600°C). O CF4 é um composto inerte e muti estável, sendo os fluorcarbonetos em geral úteis como lubrificantes solventes e isolantes. Clorofluorcarbonetos mistos, tais como CFCl3, CF2Cl2 e CF3Cl são conhecidos como “Freon”, são compostos inertes e não-tóxicos, encontrando largo emprego como líquido refrigerantes e como propelentes em aerossois. Os haletos de silício são rapidamente hidrolizados por solução aquosa, formando-se ácido silícico: SiCl4 + 4H2O Si(OH)4 + 4 HCl O GeCl4 e o GeBr4 são hidrolizados menos rapidamente, o SnCl4 e o PbCl4 sofrem hidrólise em soluções diluídas; mas a hidrólise é freqüentemente incompleta , podendo ser reprimida pela adição de ácido halogendrico apropriado. HCl Sn(OH)4 HCl SnCl4 H2O SnCl6 2 H2O O carbono forma uma série de compostos halogenados com longas cadeias carbônicas, o mais conhecido sendo talvez o “Teflon”, ou politetrafluoretileno. C2F4 pressão CF2.CF2.CF2.CF2 O teflon é um produto extremamente útil, pois resiste ao ataque por agentes químicos e é um bom isolante elétrico. É empregado também como revestimento em utensílios de cozinha. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional O silício forma polímeros do tipo (SiF2)n e (SiCl2)n, por passagem do tetrahaleto sobre silício aquecido. O garmânio forma dímero Ge2Cl2, mas não se conhecem haletos com cadeias de átomos de estanho e chumbo. Compostos Oxigenados a) Óxidos Os óxidos de carbono diferem dos óxidos dos demais elementos do grupo, porque eles contêm ligações múltiplas p-p entre C e O. Conhecem-se cinco óxidos de carbono: CO, CO2, C3O2, C5O2 e C12O9, mas só os dois primeiros são importantes. - Monóxido de carbono, CO - é um gás incolor (PE = - 190°C), pouco solúvel em água. É extremamente venenoso se for inalado, porque se combina com o ferro que existe na hemoglobina, inibindo a capacidade de transporte o oxigênio. - Dióxido de carbono, CO2 – é obtido pela ação de ácidos diluidos sobre carbonatos, por combustão de carbono em excesso de oxigênio e em escala industrial pelo aquecimento de calcário, CaCO3. O CO2 sólido sublima a uma temperatura de -78°C a pressão atmosférica. É muito empregado como refrigerante, com o nome de “gelo seco” . O dióxido de silício, SiO2 é comumente chamado de sílica. É sólido muito duro e bastante transparente quando em estado de pureza. Existem muitas modificações cristalinas do silício, sendo o quartzo a mais comum delas. b) Silicatos Os silicatos são sais do ácido silícico hipotético, H4SiO4, e dos seus vários produtos de desidratação. Silicatos de diversas composições ocorrem extensamente na natureza, sob a forma de minerais e de rochas. O cimento é um silicato complexo de alumínio. O vidro é fundamentalmente uma solução vítrea de silicato de sódio e sílica, obtida pela fusão do sódio Na2CO3 com SiO2: SiO2 + Na2CO3 Na2SiO3 + CO2 Podem-se preparar vidros de composições diferentes, variando as proporções dos materiais iniciais, a SiO2 e o Na2CO3 ; além disso, podem-se obter vidros especiais fazendo-se uma substituição parcial do Na2CO3 por óxidos como o CaO, o PbO e o B2O3. Silicatos: Um grande porcetagem da crosta terrestre é constituida por minerais do tipo silicatos, ou argilas do grupo aluminosilicatos. Os silicatos podem ser preparados por fusão de um carbono de metal alcalino com sílica. Na2CO3 + SiO2 Na2SiO3 + CO2 Na2CO3 1500O C CO2 NaO SiO2 Na4SiO4 , (Na2SiO3)n é outros A maneira pela qual as unidades tetraédricas de (SiO4)-4 se ligam constitui um coveniente método de classificação dos muitos minerais da classe dos silicatos. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 1. Ortosilicatos: Contém tetraedros de (SiO4)-4 discretos. Ex: Willenita Zn2SiO4 Os íons Zn e Be são circundados tetraedricamente por 4 átomos de oxigênio Fenacita B2SiO4 Forsterita MgSiO4 Mg circundado octaedricamente por 6 átomos de oxigênio Zirconita ZrSiO4 N de coordenação do Zr é oito 2. Pirosilicatos: duas unidades tetraédricas se unem por um átomo de oxigênio, originando o íon (Si2O7)6-. Este é o exemplo mais smples dos íons silicatos condesados, mas é muito raro. Os dois exemplos são: Thorteveitita Heminortita . Sc(Si2O7) . Zn4(OH)2(Si2O7).H2O 3. Silicatos cíclicos: se forem compartilhados dois oxigênios por tetraedro, podem formarse c;iclicos de fórmula geral (SiO3)n2n-. (Si3O9)6- : ocorre na Wollastorita Ca3(Si3O9) Benitoita BaTi(Si3O9) (Si6O18)12- : ocorre no Berilo Be3Al2(Si6O18) 4. Silicatos em cadeia: o compartilhamento de dois oxigênios por cada tetraedro pode levar a: a) cadeias simples (piroxenos), de fórmula geral (SiO3)n2ex: espodumênio LiAl(SiO3)2 b) cadeias duplas anfibolios: de fórmula geral (Si4O11)n6n-. Os anfibolios sempre contém grupos hidroxilas, que se ligam aos íons metálicos. ex: tremolita Ca2MgSiO4O11.(OH)2 5. Silicatos lamelares: o compartilahemnto de três átomos de oxigênio por tetraedro leva a uma lâmina bidimensional infinita, de fórmula empirica (Si2O5)n2nTalco Mg3(OH)2(Si4O10) Caolim Al2(OH)4(Si2O5) 6. Silicatos tridimensionais: se todos os quatros oxigênios de um tetraedro de SiO4 forem compartilhados com outros tetraedros nenhuma susbtituição de Si por um metal, a fórmula será SiO2 (quatzo, tridimita ou cristabalita). Substituição isonorfica de Si4+ por Al3+ nas porções tetraédricas do retículo de SiO2 requer a presença adicional de outros ions metálicos no retículo, para garantir a neutralidade elétrica. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Estas substituições levam a um grupo de minerais chamados feldspatos, zeolitos e ultramares. II - Elementos do Bloco “p” II.3 - Elementos do Grupo XV-A – Grupo do Nitrogênio 3.1 Características Gerais Os elementos do Grupo V-A, chamado família do Nitrogênio são, Nitrogênio, N, Fósforo, P, Arsênio, As, Antimônio, Sb, e Bismuto, Bi. Nitrogênio e Fósforo são não-metais, Arsênio e Antimônio, semi-metais, e Bismuto um metal de condutividade elétrica bastante pequena. Todos apresentam cinco elétrons no nível mais externo, com configuração ns2 np3. A medida que o número atômico aumenta no Grupo, aumenta o Ponto de Ebulição e diminui a Eletronegatividade. Tendem a formar compostos covalentes. Somente o menor e mais eletronegativo dos elementos do Grupo, o nitrogênio, mostra alguma tendência a formar compostos iônicos, mesmo assim, só em reações com metais alcalinos e alcalinos-terrosos, contendo o íon nitreto trinegativo, N3-, Ex: Li3N, Ca3N2. 3.2 Nitrogênio a) Características Em condições ordinárias, o nitrogênio é um gás incolor, inodoro e insípido. É pouco saudável em água, com a qual não reage. Existe sob a forma de moléculas diatômicas, N2, nas quais os dois átomos N estão unidos por uma ligação covalente tripla (uma sigma e duas pi). A energia de dissociação da molécula N2 é extremamente elevada (226 Kcal/mol), indicando que a ligação nitrogênio-nitrogênio deve ser múltipla. Esta energia de dissociação muito elevada é responsável pela ausência de reatividade química do nitrogênio gasoso e pela instabilidade de muitos compostos de nitrogênio, que mesmo à temperatura ambiente, tendem a se decompor formando o elemento N2(g). b) Ocorrência O N2 está presente em 78% do volume do ar atmosférico. Sendo portanto este ar, uma fonte inesgotável de matéria prima para seus compostos. Além disso, o nitrogênio ocorre naturalmente em alguns minerais, como o NaNO3. Os solos férteis possuem grandes quantidades de nitrogênio e compostos de amônio. Os tecidos de todos os organismos vivos, animais, vegetais, contêm nitrogênio em compostos conhecidos como proteínas. c) Obtenção - Método de Laboratório: - O nitrogênio puro é preparado em laboratório por aquecimento cuidadoso do nitrito de amônio, NH4NO2. Na prática como o nitrito de amônio é muito instável para ser acumulado e guardado, a reação é conduzida fazendo-se a mistura de NH4Cl com NaNO2, e aquecendo-se brandamente. NH4Cl(s) + NaNO2(s) N2(g) + NaCl(ag) + 2H2O(l) A equação líquida para esta reação : NH4+(ag) + NO3(ag) N2(g) + 2H2O(l) Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional - O N2 também pode ser preparado por aquecimento, a seco, do (NH4)2Cr2O7 sólido: (NH4)2Cr2O7(s) N2(g) + Cr2O3 +4H2O(l) - Obtenção Industrial O nitrogênio industrial é obtido a partir da destilação fracionada do ar atmosférico liqüefeito. O ar é uma mistura complexa de diversos gases. Os componentes princípais são 0 oxigênio, 02, e o nitrogênio, N2 e uma quantidade relativamente pequena de Argônio. Estes três componentes estão sempre presentes em qualquer amostra de ar, e suas proporções relativas são 21% de O2, 78% de N2 e 1% de Ar e outros gases volume a volume. Se o ar for livre de umidade, esses elementos constituem 99,9% da amostra. O vapor d'água, o dióxido de carbono e traços de outros gases estão presentes, nas amostras de ar, em proporções que variam com as condições climáticas e com a localização geográfica. Por este processo, inicialmente o ar é liqüefeito, através de temperaturas muito baixas e pressões elevadas. Em seguida, o ar liqüefeito é evaporado. Como o nitrogênio é um pouco mais volátil, tem ponto de ebulição mais baixo, - 196°C que o do oxigênio - 183°C, haverá maior porcentagem de N2 no ar evaporado que no líquido resídual, que terá maior porcentagem de O2. Se novamente se condensa e se reevapora esse vapor, o novo vapor conterá uma percentagem ainda maior de nitrogênio. Este procedimento é repetido, até que todo N2 esteja separado de O2. Este nitrogênio comercial é usualmente acumulado para ser guardado ou transportado na forma de gás sob pressão em cilindros de aço. O nitrogênio assim obtido, contém impurezas de O2 e Ar. Quando necessário a remoção do oxigênio pode ser feita de três maneiras : pela passagem do nitrogênio comercial sobre tela ou raspas de cobre a quente. passando a mistura através de amônia contendo raspas de cobre finamente divididas. passando a mistura através de soluções de sais de cromo (II). d) Usos do Nitrogênio O uso comercial mais importante do nitrogênio é na produção da amônia, NH3, que por sua vez é usada na produção de fertilizantes para agricultura, na produção de ácido nítrico e de outros compostos de nitrogênio. Também é usado para fornecer atmosferas inertes em diversos processos químicos e metalúrgicos. e) Principais Compostos O nitrogênio apresenta em seus compostos números de oxidação variando de -3 a +5, (-3) na amônia NH3; (-2) na hidrazina N2H4; (-1) na hidroxilamina NH2OH, (O) no nitrogênio N2, (+1) no óxido nitroso N2O, (+2) no óxido nítrico NO, (+3) no ácido nitroso HNO2, (+4) no dióxido de nitrogênio NO2 e (+5) no ácido nitroso HNO2, (+4) no dióxido de nitrogênio NOZ e (+5) no ácido nítrico. Os números de oxidação negativos surgem em função das eletronegatividades de H=2,1 e N=3,0. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional a – Hidretos de Nitrogênio Amônia, NH3 À temperatura ambiente e pressão ordinária, a amônia é um gás incolor, com cheiro pungente, característico. O gás pode ser liqüefeito por resfriamento a -33,4°C e pressão de 1 atm, ou por compressão a 10 atm à temperatura ambiente. A molécula NH3 ë piramidal e polar. O amoníaco gasoso é extremamente solúvel em água, em função das reações de hidratação e ionização. - Obtencão do NH3 a) Em Laboratórío - O gás NH3 puro ë obtido em laboratório pelo aquecimento do NH4Cl, com uma solução de KOH. NH4Cl(s) + KOH(aq) NH3(g) + H2O(l) + KCl(aq) b) Comercial - Processo Haber - Nas condições normais o N2(g) reage com o H2(g) formando NH3(g). N2(g) 3H2(g) 2NH3(g) T 25O C P 1 atm Uma mistura destes gases à temperatura ambiente, produz quantidade razoáveis de NH3(g). No entanto, a velocidade com que o equilíbrio é atingido é tão pequena que praticamente nenhuma reação se processa. Aumentando-se a temperatura, a velocidade da reação aumenta, mas decresce a concentração de NH3 presente na mistura em equilíbrio, pois o aumento da temperatura faz aumentar o termo T S desfavorável em comparação com o termo H favorável e assim, G se aproxima de zero. Na prática, a síntese do NH3 a partir do N2 e H2 é conduzida a 450-600°C, na presença de um catalisador e a uma pressão alta, em terno de 200-600 atm. b – Óxidos de Nitrogênio - Óxido Nitroso. N2O É um gás incolor e inodoro. É obtido pela decomposição térmica do nitrato de amônio fundido. NH 4NO 3(l) 250O C N2O(g) 2H 2O(l) O óxido nitroso tem uma estrutura linear NNO. É pouco reativo, inerte frente aos halogêneos, metais alcalinos e ozônio na temperatura ambiente. Pelo aquecimento, decompõem-se em N2 e O2. É usado como anestésico. c – Haletos O nitrogênio, no estado de oxidação +3, forma uma série de trihaletos, o NF3, NCl3 e o NI3, cujas moléculas são piramidais. Á temperatura ambiente, só 0 NF3 é estável à decomposição em nitrogênio e flúor. Isto ocorre em função da eletronegatividade. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional d – Nitratos - Ácido Nítrico. HNO3 O HNO3 é preparado em laboratório pelo aquecimento de um nitrato de metal alcalino com ácido sulfúrico. NaNO3(s) + H2SO4(l) HNO3(g) + NaHSO4(s) O ácido nítrico HNO3, puro, é um líquido incolor, com ponto de ebulição de 83°C. Congela a -41,59°C, formando um sólido cristalino incolor. É um dos ácidos mais fortes que se conhece. Oxida quase todos os metais, menor Au e Pt. O Ouro e a Platina, não são oxidados, mesmo pelo HNO3 concentrado, mas são oxidados pela ÁGUA RÉGIA, que é uma mistura de três partes em volume do HCl concentrado e uma parte em volume do HNO3 concentrado. 3.3 Fósforo a) Ocorrência O Fósforo é o único elemento do grupo 5A que nunca foi encontrado em estado livre na natureza. Ele ocorre principalmente sob a forma de Fosfatos, o fosfato de cálcio simples Ca3(PO4)2 , e o fosfato misto (fosfato contendo um pouco de flúor), (CaF3. 3Ca3(PO4)2 , denominado Apatita. O fósforo ocorre em todos os solos férteis. O fósforo é um elemento essencial a toda matéria viva; o fosfato de cálcio, é o constituinte principal dos ossos (cerca de 60% ). b) Obtenção O fósforo é comumente preparado por redução de Ca3(PO4)2 ou CaF2.3Ca3(PO4)2 com sílica (SiO2) e colocado em um forno elétrico à temperatura de 1450°C. 2 Ca3(PO4)2(s) + 6SiO2(s) 6CaSiO3(s) + P4O10(g) O P4O10 gasoso é, logo após a sua formação, reduzido pelo coque aquecido. PaO10(g) + 10C(s) P4(g) + 10CO(g) De tempos em tempos , o CaSiO3 e o excesso de SiO2 são removidos, sob a forma de escória, do fundo do forno elétrico. O vapor de fósforo é condensado ao estado líquido, sob água, para impedir que ele seja oxidado pelo ar. Por solidificação do líquido â temperatura ambiente, obtém-se o fósforo branco, que pode ser purificado por destilação fracionada em vácuo ou em atmosfera inerte de nitrogênio. c) Propriedades do Fósforo elementar No estado sólido, o fósforo existe em várias modificações cristalinas. - FÓSFORO BRANCO OU AMARELO A condensação do vapor de fósforo em condições ordinárias produz o fósforo ,branco. E também chamado de fósforo amarelo, devido a tonalidade amarela que ele adquire quando exposto à luz. O fósforo branco é um sólido mole de aspecto céreo, com estrutura cristalina tetraédrico de moléculas P4 . Funde à 44°C e ferve à 280°C. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional É insolúvel em água, mas é solúvel em vários solventes orgânicos, como benzeno por exemplo. Entra em combustão espontaneamente ao ar, por isto deve ser guardada sob, água, para protegê-lo do O2. E a forma mais reativa de todas as formas sólidas do fósforo. É muito tóxico, a ingestão de apenas 0,lg pode ser fatal e causa queimaduras sérias, quando em contato com a pele. - FÓSFORO VERMELHO É a forma na qual o elemento é encontrado no laboratório. Quando o fósforo branco é exposto à luz, ele se transforma lentamente em uma forma mais estável chamada fósforo vermelho. Fósforo (branco) Fósforo (vermelho) H= - 4,4 Kcal/mol de átomos de P O fósforo vermelho é um cristal covalente que consiste de infinitas cadeias de átomos de fósforo. É muito menos reativo que o fósforo branco, por exemplo, ele precisa ser aquecido a cerca de 260°C para começar a queimar ao ar. Tem ponto de fusão bem mais alto, 590°C a 43 atm e é insolúvel nos solventes comuns. A baixa volatilidade do fósforo vermelho torna-o muito menos tóxico que o seu alótropo branco. - FÓSFORO NEGRO É a forma mais estável do fósforo. É obtido pelo aquecimento do fósforo branco com o cobre metálico como catalisador. Consiste em camadas de átomos P, cada um deles ligados a três vizinhos mais próximos. Note que nos fósforo branco as moléculas P4 pequenas estão unidas apenas por forças de Van der Walls, enquanto que nos fósforos vermelho e negro, as ligações P-P se entendem por todo o cristal covalente. Esta diferença na estrutura explica porque o fósforo branco é mais volátil, mais solúvel em todos os solventes e mais reativo que as demais formas. d) Usos do Fósforo A maior parte do fósforo preparado comercialmente é utilizada na síntese dos fosfatos, principalmente dos sais de sódio e de amônio que são usados como fertilizantes. Os fosfatos de amônio são muito úteis, pois fornecem o nitrogênio e o fósforo ao solo. Antes de serem conhecidos suas propriedades nocivas, o fósforo branco era usado na fabricação do fósforo popular. Atualmente, há dois tipos diferentes de fósforo, e nenhum deles contém fósforo branco. As cabeças dos fósforos tipo “risque em qualquer lugar” contêm uma mistura de sulfeto de fósforo, P4S3, clorato de potássio, KClO3, e vidro em pó. Quando este fósforo é riscado contra uma superfície rugosa, a mistura entra em ignição. Os fósforos de segurança contêm enxofre e clorato de potássio; a superfície especial na qual eles são riscados contém fósforo vermelho e vidro em pó. O atrito inicia uma reação entre o fósforo vermelho e o KClO3. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional e) Principais Compostos a) Hidretos de Fósforo A fósfina, PH3, não tem importância comercial. A sua molécula tem estrutura piramidal. É um gás incolor, extremamente venenoso e pouco solúvel em água. É obtida em laboratório, fervendo-se fósforo branco com uma solução de uma base forte, como o KOH. P4(s) + 3K+(aq) + 3OH-(aq) + 3H2PO-2(aq) b) Haletos de Fósforo O flúor, cloro e bromo se combinam diretamente com o fósforo, formando compostos do tipo PX3 e PX5. O iodo forma PI3 e P2I4. Os tri-halogenetos de fósforo, PX3, são moléculas piramidais semelhantes à fosfina. Na presença de água se hidrolisam produzindo ácido fosfaroso. PCl3 + 3H2O H3PO3 + 3HCl Os pentahaletos PF5, PCI5 e PBr5 são compostos estáveis; o PIS não é conhecido. No estado de vapor, são covalentes com estrutura bipirâmide trigonal. c) Ôxido de Fósforo Os óxidos de fósforo mais comuns são o P4O6 e o P4O10. O trióxido de fósforo é um dímero e deve ser representado por P4O6, e não por P2O3. Sua estrutura baseia-se num arranjo de quatro átomos P nos vértices de um tetraédro, com seis átomos de oxigênio localizados ao longo das arestas do mesmo. Pode se obtido por combustão do fósforo branco com quantidade limitada de ar. E um sólido cristalino, que funde a 24°C e ferve a 175°C. É muito venenoso. O pentóxido de fósforo é um dímero, e deve ser escrito P4O10 e não P205. Sua estrutura é semelhante à do P4O6, exceto que cada átomo de P tem um átomo de oxigênio ligado em um lugar do par solitário da posição apicial. É formado pela queima do fósforo branco ou vermelho em excesso de ar ou oxigênio. P4 + 5O2 P4O10 3.4 ARSÊNIO , ANTIMÔNIO E BISMUTO a) Ocorrência O Arsênio existe como uma modificação metálica (arsênio cinzento) e como uma modificação não metálica (arsênio amarelo). O arsênio cinzento é a forma estável à temperatura ambiente, é menos reativa, com estrutura em camadas. O arsênio amarelo é a forma mais reativa, possui estrutura tetraédrica, constituído de moléculas As4, semelhantes ao fósforo branco, é volátil e solúvel em solventes apolares. O Antimônio não é muito abundante (0,0001%, cerca de um quinto da abundância do arsênio), mas ocorre em forma concentrada como estibinita, Sb2S3. Existe em várias formas alotrópicas, sendo a mais estável à temperatura ambiente, a do antimônio cinzento. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Outra forma, o antimônio amarelo, que é provavelmente o análogo do arsênio amarelo, é constituído de moléculas Sb4, com estrutura tetraédrica e é estável abaixo de -90°C. O Bismuto só existe em uma forma, metálica, e com estrutura em camadas. Seus minerais mais comuns, bimutina (Bi2S3) e bismutocre (Bi2O3) são muito raros. b) Obtenção O arsênio cinzento, pode ser obtido pela redução do óxido de arsênio III ou arsenioso, As4O6, com carbono ou pela decomposição térmica de piritas naturais que contém arsênio (FeAsS) a As e FeS. O arsênio amarelo, pode ser obtido pelo resfriamento rápido de vapores do arsênio. O antimônio pode ser preparado pelo aquecimento de estibinita com limalha de ferro : Sb2S3(s) + 3Fe(s) 3FeS(s) + 2Sb O Bismuto é obtido em geral, como um subproduto da fabricação de chumbo e da purificação eletrolítica do cobre. c) Principais Compostos Os principais estados de oxidação destes compostos é +3 e +5. Hidretos O Arsênio forma o composto venenoso arsina, AsH3 que representa o estado de oxidação 3. O antimônio forma a estibina, SbH3, com estado de oxidação -3, que também é venenoso e facilmente oxidado ao metal. O Bismuto forma a bismutina BiH3, mas o SbH3 e BiH3 só podem ser obtidos em pequenas quantidades. Haletos Existem todos os haletos de arsênio, antimônio e bismuto no estado de oxidação +3. As moléculas desses compostos em estado de vapor, YX3, têm estruturas piramidais, semelhantes às do NX3 e PX3. São hidrolisados rapidamente pela água e são muito voláteis. H3AsO3 + 3HCl SbCl3 + 3H2O SbOCl + 2 HCl BiOCl + 2HCl AsCl3 + H2O BiCl3 + H2O O arsênio e o antimônio formam também pentahaletos, sendo conhecidos, o AsF5, o SbF5 e o SbCl5. Estas moléculas possuem estrutura de bipirâmide trigonal, na fase gasosa. O SbCl5 mantém esta estrutura molecular mesmo no estado sólido. Óxidos O arsênio, o antimônio e o bismuto formam duas séries de óxidos, que correspondem aos estados de oxidação +3 e +5, os óxidos do estado de oxidação +3 têm fórmula empírica Y2O3. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional O composto de arsênio tem a fórmula As4O6 tanto no estado sólido (cristal molecular) como no estado de vapor. A molécula de As4O6 é análoga à do P4O6. O Óxido de antimônio, Sb2O3, existe, em uma fórmula cristalina, como moléculas Sb4O6. É um óxido anfótero. O óxido de Bismuto (III) é um sólido cuja estrutura é melhor descrita como uma rede iônica : é geralmente escrito como Bi2O3. Os óxidos de arsênio (V) e antimônio (V) são compostos bem conhecidos, de fórmula As2O5 e Sb2O5, mas não existe evidência do óxido de bismuto (V) puro. Os compostos de arsênio figuram entre os mais importantes venenos sistêmicos. Devido à sua quase total insipidez, foram os grandes favoritos na Idade Média para propósitos homicidas. Atualmente, perderam a preferência popular, graças aos sensíveis testes químicos que provam a presença mesmo de traços de arsênio. A água de cal Ca(OH)2 e os sais de Epsom (MgSO4.7H2O) são antídotos convenientes ao envenenamento por arsênio, pois precipitam os oxiânions de arsênio. II.4 – Elementos do Grupo XVI – Grupo do Oxigênio 4.1 Características Gerais Os elementos do grupo VI-A, Oxigênio, O, Enxofre, S, Selênio, Se, Telúrio, Te, e Polônio, Po, são conhecidos coletivamente como calcogênios ou “formadores de minérios” pois muitos minérios de metais são óxidos ou sulfetos do ponto de vista químico. O caráter não-metálico é mais forte no Oxigênio e enxofre, mais fraco com o selênio e telúrio, ao passo que o polônio, radioativo e curta vida média, é metálico. O aumento do caráter metálico de cima para baixo no grupo reflete-se na estrutura dos elementos, na tendência crescente de formar íons M2+ acompanhada do aumento de instabilidade dos íons M2-. 4.2 Propriedades A temperatura ambiente, oxigênio é um gás incolor, o enxofre é um sólido amarelo e o selênio, telúrio e polônio são sólidos acinzentados. Todos os elementos do grupo apresentam configuração eletrônica s2p4, e tendem a uma configuração de gás nobre adquirindo dois elétrons e formando íons M2- ou partilhando elétrons formando ligações covalentes. A eletronegatividade do oxigênio é muito grande, inferior apenas a do flúor, e em conseqüência a maior parte dos óxidos metálicos são compostos iônicos contendo o íon O2-, correspondendo a um número de oxidação (II). Mesmo os elementos mais eletropositivos, S, Se, Te formam compostos com mais de 50% de caráter iônico, embora os íons, S2-, Se2- e Te2- ocorram em menor probabilidade. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional TABELA Elemento Raio Covalente A Eletronegatividade de Abundância terrestre (ppm) Pauling O 0,74 3,5 466.00 S 1,04 2,5 520 Se 1,14 2,4 0,09 Te 1,37 2,1 0,002 Po ----- ------ ------- O oxigênio é no máximo bivalente, porque a segunda camada se limita a oito elétrons, sendo elevada demais a energia necessária para remover um elétron a um nível mais externo. Contudo, os elementos S, Se, Te, e Po possuem orbitais “d” vazios, que podem ser aproveitados na ligação e podem formar quatro ou seis ligações por desemparelhamento de elétrons. Os compostos de S, Se, e Te com oxigênio são tipicamente tetravalentes, mas com o flúor o número de oxidação chega a ( + VI). Os estados de oxidação mais elevados tornam-se menos estáveis ao descermos no grupo e no número de oxidação (+VI) mostrando tanto propriedades oxidantes como redutoras. Por serem covalentes estes compostos são voláteis. 4. 3 Ocorrência O oxigênio, o mais abundante dos elementos, existe na forma livre, constituindo 20,9% da atmosfera (em volume). Como constituinte de minerais perfaz 46,6% da crosta terrestre, e como componente da água 89% dos oceanos. O enxofre ocorre como sulfetos (galena, PbS, pirita, calcopirita, CuFeS2, cinábrio, HgS, e argentita, Ag2S), sulfatos (principalmente gipsita CaSO4.2 H2O) e como elemento reativo, constitui 0,05% da crosta terrestre. Selênio e telúrio ocorrem nos sulfetos naturais. O polônio fio descoberto por Marie Curie em minérios de tório e urânio, onde ele ocorre como produto de decaimento radioativo, todos os isótopos são altamente radioativos, sendo que o mais estável apresenta meia-vida de 138 dias, por essa razão a química do polônio é pouco conhecida. 4.4 Preparação O oxigênio é obtido por destilação fracionado do ar líquido. É às vezes preparado em laboratório por decomposição térmica de KClO4. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional calor KClO4 Kcl +O2 Mn O2 Por decomposição catalítica de hipocloritos, CO2+ 2HOCl 2HCl + O2 Ou por eletrólise da água contendo traços de H2S O4 ou solução de Ba(OH)2. Grande quantidade de enxofre são obtidos em refinaria de petróleo e gás natural. 2H2S + 3 O2 2S O2 + H2O SO2 + 2 H2O 2 H2O + 3S Enxofre elementar é obtido como subproduto da produção de gás de coque, e SO2 é obtido como subproduto da extração de metais a partir de sulfetos minerais. Selênio e telúrio são obtidos em forma concentrada a partir dos resíduos anódicos da refinação eletrolítica do cobre, e a partir do pó acumulado nos condutos durante a ustulação do FeS2. O polônio é obtido artificialmente a partir do bismuto por irradiação com neutrons num reator nuclear. 209 1 210 Bi + n 83 0 210 Bi 83 0 Po + 84 e -1 4.5 Diferenças entre o Oxigênio e os demais elementos O oxigênio difere dos demais elementos do grupo por ser o mais eletronegativo e portanto muito mais iônico em seus compostos. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Em compostos oxigenados é muito importante a ligação por pontes de hidrogênio, mais só recentemente observou-se a existência de pontes de hidrogênio envolvendo átomos de enxofre. A limitação de número de coordenação de quatro, se deve a existência máxima de 8 elétrons no segundo nível eletrônico, os outros elementos podem apresentar número de coordenação seis, aproveitando orbitais “d”. 4.6 Propriedades Gerais dos Óxidos De acordo com a sua estrutura geométrica, os óxidos podem ser classificados em: Óxidos normais – Apresentam MxOy, onde o oxigênio é divalente com número de oxidação (-II). Estes óxidos contém somente ligações M-O, exemplo, H2O, MgO, Al2O3. a) Peróxidos – Estes óxidos envolvem além de ligações M-O, ligações O-O, contém mais oxigênio do que seria de esperar, considerando o número de oxidação de M, por exemplo, H2O2, BaO2. Os Superóxidos contém mais oxigênio que o esperado, o íon superóxido O-2 contêm um elétron desemparelhado, o que o torna paramagnético e colorido, por exemplo KO2. b) Subóxidos – Este óxidos envolvem ligações M-M, além das ligações M-O e apresentam menos oxigênio do que o previsto para o número de oxidação de M, por exemplo, C3O2 (O=C=C=C=O), subóxido de carbono. Independente da sua estrutura os óxidos podem ainda ser classificados de acordo com suas propriedades ácidas ou básicas. Os óxidos são classificados em vias de regra como ácidos, básicos, anfóteros ou neutros. Assim, os óxidos metálicos são geralmente básicos, e os óxidos não-metálicos são usualmente ácidos. 4.7 Oxiácidos do Enxofre Os oxiácidos do enxofre são mais numerosos e mais importantes que os de selênio e telúrio. Muitos não são conhecidos como ácidos livres, mas são conhecidos como ânios de sais. O enxofre com o número de oxidação (+IV), tem ácido com terminação oso e sal ito, com número de oxidação (+VI), tem ácido com terminação ico e sal ato. Para enfatizar as semelhanças estruturais, os oxiácidos do enxofre são classificados em cinco grupos: (1) Ácido sulfoxílico: H2SO2. (2) Série do ácido sulfuroso: H3SO3 – ácido sulfuroso. H2S2O2 – ácido tiossulfuroso. H2S2O2 – ácido di ou pirossulfuroso. H2S2O2 – ácido ditinoso. (3) Série do ácido sulfúrico: H2SO4 – ácido sulfúrico. H2S2O3 – ácido tiossulfúrico. H2S2O7 – ácido di ou pirossulfúrico. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I (4) Série dos ácidos tiônicos: Ensino Médio Integrado à Educação Profissional H2S2O6 – ácido ditiônico. H2SnO6 – (n = 1 a 12) ácido politiônico. (5) Série dos peroxoácidos: H2SO5 – ácidos peroxomonossulfúrico. H2S2O8 – ácido peroxodissulfúrico. 4.8 Oxiácidos de Selênio e Telúrio O selênio forma dois oxiácidos: o ácido selenoso H2SeO8 e o ácido selênico H2SeO4. O ácido selenoso forma-se por dissolução de SeO2 em água. O ácido sólido pode ser isolado, conhecendo-se também duas séries de sais ( os elementos normais e ácidos), contendo íons SeO82- e HSeO8- respectivamente. Os pirosselenatos, contendo o íon Se2O72-, podem ser obtidos aquecendose os selenatos, contudo não se conhece o ácido livre. O ácido selênico é um ácido forte, como o ácido sulfúrico, e os selenatos são isomorfos com os sulfatos, sendo agentes oxidantes fortes. O Te O2 é quase insolúvel em água, de modo que o ácido teluroso não foi identificado. O Te O2 reage com solução alcalina e forma teluritos, teluritos ácidos e vários politeluritos. O ácido telúrico H6TeO6 é bastante diferente dos ácidos sulfúrico e selênico, e existe no estado sólido na forma de moléculas octaédricas, Te(OH). Pode ser preparado por ação de agentes oxidantes fortes, como KMnO4, sobre Te ou TeO2. 4.9 Oxihaletos Somente S e Se formam oxihaletos. Estes são chamados de haletos de Tionila e Selenila, conhecendo-se, os seguintes: SOF2 SOCl2 SOBr2 SeOF2 SeOCl2 SeOBr2 O cloreto de tionila é usualmente preparado pela reação: PCl5 + SO2 SOCl2 + POCl3 O SOCl2 é usado na química orgânica para converter ácidos carboxílicos em haletos de acila. SOCl2 + R – COOH R – COCl + SO2 Estes oxihaletos apresentam estrutura tetraédrica, com um dos vértices ocupados por um par de elétrons isolados. Além destes compostos, existem haletos de sulfirila: SOF2 SO2Cl2 SO2FBr SeO2F2 Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial SO2FCl Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Os haletos de sulfurila possuem uma estrutura tetraédrica distorcida. Estes haletos podem ser considerados como derivados do H2SO4, com dois grupos de OH substituídos por dois halogênios. 4.10 Hidretos Todos os elementos do grupo formam hidretos voláteis, divalentes, H2O, H2S, H2Se, H2Te, H2Po. Estes hidretos podem ser obtidos diretamente a partir de seus elementos, mas normalmente o sulfeto, seleno e telureto de hidrogênio são obtidos pela ação de ácidos sobre sulfetos, selenetos e teluretos metálicos. Ex.: FeS + H2SO4 H2S + Fe SO4 A estabilidade destes hidretos diminui do H2O para H2Te que é observado pelos seus calores de formação. A volatilidade decresce à medida que os átomos se tornam mais pesados. A água apresenta volatilidade anormalmente baixa porque as moléculas estão associadas umas as outras por pontes de hidrogênio. Calor de Formação, (Kj.mol.l) Ponto de Ebulição, ºC H2O -242 100 H2S -20 -60 H2Se 81 -42 H2Te 154 -2,3 Todos os hidretos são ácidos muito fracos e a acidez aumenta de H2O para o H2To. Quanto mais ácido for o átomo de hidrogênio do hidreto, mais estáveis serão os “sais”, isto é, óxidos, sulfetos, selenetos, teluretos. 4.11 Usos O oxigênio reage com praticamente todos os elementos, com exceção dos gases nobres, e as reações são fortemente exotérmicas. O oxigênio é essencial para a respiração, e portanto a manutenção da vida. O maior consumo de oxigênio se observa na indústria siderúrgica, onde o oxigênio puro é usado para converter ferro-gusa em aço. É ainda usado na oxidação de NH3, para a fabricação de ácido nítrico, na fabricação de óxido de etileno e nas soldas e maçaricos a acetileno e oxigênio. O enxofre reage com olefinas, formando ligações cruzadas, o que é importante na vulcanização de borrachas. O enxofre é consumido em grandes quantidades na fabricação de ácido sulfúrico. Sulfitos, bissulfitos e SO2 são importantes como agentes de branqueamento. O enxofre encontra ainda emprego na fabricação de fungicidas e na pólvora. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 4.12 Alotropia do Oxigênio O oxigênio tem duas formas alotrópicas, o dióxigênio O2 e o trioxigênio ou ozônio O3. O O2 gasoso é incolor, insípido e inodoro. Se for resfriado passa a um sólido azul. O oxigênio é paramagnético. É pouco solúvel em água. Possui d = 1, 429 g/l a 0ºC e 1 atm maior que a do ar d = 1,30 g/l nas mesmas condições. O gás ozônio em altas concentrações de cor azul bem perceptível. A sua densidade é 22,2 g/l a 0ºC e 1 atm de pressão. P.E. = - 112ºC a 1 atm. O ozônio líquido também é azul. Tem im odor irritante, especialmente em concentrações elevadas. A ação de uma descarga elétrica silenciosa sobre o O2 produz O3 , até concentrações de 10% é diamagnético. 3 O2 Δ H = 68,0 Kcal/mol 2 O3 Quando 3 moles de O2 são convertidos em 2 moles de O3 , 68,0 Kcal de energia são convertidas em energia química, estocada no ozônio. O ozônio é instável em temperaturas elevadas, ele se decompõe lentamente a temperaturas baixas e quase instantemente a temperaturas elevadas. MnO2 2 O3 ∆H = - 68,0 Kcal/mol 3 O2 Pt ou Ag O ozônio é produzido na atmosfera superior pela absorção de um fóton, hv, de luz ultravioleta pela molécula de O2. O2 (g) + hv 2 O(g) O(g) + O2(g) O3(g) Pequena quantidade de ozônio é produzida por sistemas de iluminação e por alguns dispositivos como arco, centelha ou luz ultravioleta. O ozônio na atmosfera superior é importante na proteção da intensa radiação ultravioleta proveniente do sol. A chamada zona de proteção é uma camada de cerca de 30 Km de espessura que contém ozônio suficiente para absorver a radiação ultravioleta de comprimento de ondas inferiores a 310nm. a absorção causa a dissociação do O3 para o O2. O3 (g) + hv 2 O2(g) O2(g) + O(g) O2(g) Como os tecidos vivos são muito sensíveis às radiações ultravioletas absorvidas pela camada de ozônio, a vida na terra deve muito da sua existência a essa proteção. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Recentemente esta proteção foi colocada em jogo por dois motivos diferentes: aviões supersônicos e hidrocarbonetos clorofluorados. Os produtos exauridos dos jatos dos aviões supersônicos sem dúvida reduzem a quantidade de ozônio, diminuindo sua concentração protetora. De modo semelhante os hidrocarbonetos clorofluorados, ao se fotodecompor, liberam átomos de cloro, que reagem facilmente com o ozônio. Hidrocarbonetos clorofluorados são usados em refrigerantes, propelentes e alguns aerossóis. Por causa de sua capacidade oxidante poderosa, pode ser utilizado como agente branqueador do amido, de óleos e ceras, e como um desinfetante para purificar e esterilizar a água. Exceto em concentrações muito baixas, o ozônio ataca as mucosas do corpo sendo nocivo se inalado. – Elementos do Bloco “p” II. 5 – Elementos do Grupo XVII – Halogênios 5.1 Características Gerais Os elementos do grupo dos halogênios, Flúor (F), Cloro (Cl), Bromo (Br), Iodo (I), I e Astato (At), mostram muitas semelhanças nas suas características físicas e químicas. Todos possuem sete elétrons no nível mais externo, e, ou adquirem um elétron por formação de uma ligação iônica ou formam uma ligação covalente, completando assim seu octeto eletrônico. O flúor é sempre univalente. Como é o mais eletronegatio dos elementos, seu número de oxidação é sempre (-1). Com os outros elementos do grupo são possíveis os números de oxidação (+1), (+3), (+5), (+7). Estes números de oxidação mais altos surgem por desemparelhamento sucessivo de elétrons, isto é, promoção de elétrons de orbitais s e p cheios de orbitais d vazios. O mais pesado dentre os halogênios, o Astato, ocorre na natureza apenas em quantidades mínimas, que mal se pode detectar, sob a forma de um produto de desintegração de algumas séries radioativas. Consequentemente, o At não será discutido. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Algumas propriedades físicas dos halogênios, estão representadas no quadro a seguir: Raio Raio Ponto de Ponto de Energia de 1a Energia Atômico Iônico Fusão (ºC) Ebulição Ligação de ionização (∆) (∆) (ºC) (Kj/mol) (Kj/mol) F 0,64 1,36 -220 -188 159 1681 Cl 0,99 1,81 -101 -35 243 1255 Br 1,14 1,95 -7 58 193 1142 I 1,33 2,16 114 183 151 1191 Elemento Os pontos de fusão e ebulição dos halogênios aumentam com o aumento do número atômico. À temperatura ambiente e pressão de 1 atm, o flúor é um gás de cor amarelo pálido, o cloro é um gás de cor verde-amarela, o bromo é um líquido de cor castanho-avermelhado e o iodo é um sólido de cor púrpura-escura, quase negro. Todos eles formam moléculas X2, seria de esperar uma diminuição com o aumento do tamanho do átomo, o que se observa na seqüência Cl2, Br2, I2. O F2 possui uma energia de ligação anormalidade baixa, por causa da repulsão entre os elétrons não ligantes, fato que é em grande parte responsável pela grande reatividade do flúor. No Cl2, Br2, I2 existe a possibilidade de ligações múltiplas, envolvendo orbitais d. As energias de ionozação dos halogênios são muito altas, o que indica que é reduzida a tendência de perder elétrons. O flúor apresenta o valor mais alto, pois os elétrons estão firmemente presos a um átomo pequeno. A energia de ionização do iodo é menor, por causa do tamanho maior do átomo. O flúor é mais reativo de todos os elementos da Tabela Periódica. Reage com todos os outros elementos, exceto de gases nobres He, Ne e Ar. A reatividade dos halogênios diminui com o aumento do número atômico. 5.2 Ocorrência Flúor – O Flúor sempre ocorre na natureza combinado com outros elementos e em minerais com fluorita, CaF2, a fluorapatita, CaF2 . 3 Ca(PO4) 2 e a criolita, Na3AlF6. O flúor é o halogênio mais abundante, depois do cloro. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional I Cloro – O Cloro é o mais abundante dos halogênios, também ocorre na natureza em estado combinado. Ocorre no NaCl, Kcl, CaCl2, MgCl2, etc., na água do mar, nos lagos salgados e em depósitos provenientes da evaporação pré-histórica de lagos salgados. A água do mar contém cerca de 2,5% em peso de cloreto de sódio, juntamente com outros sais dissolvidos, menos abundante. Avasta concentração de cloreto de sódio que existe no grande lago salgado, em Utah, e no Mar Morto resultou da evaporação da água dessas grandes massas de água em saída natural. Bromo – é muito menos abundante que o Cl2 e F2. Ocorre sob a forma de brometos solúveis, NaBr, Kbr, MbBr2, em pequenas quantidades na água do mar e em salmouras. Iodo – O Iodo ainda é menos abundante na natureza que o bromo. As principais fontes de iodo são os depósitos chilenos de nitrato de sódio (NaO3), que contém, como impurezas, pequenas quantidades dos compostos de iodato de sódio, NaIO3, o periodato de sódio (NaIO4). Os iodetos de sódio e potássio, ocorrem em quantidades mínimas na água do mar e em concentrações relativamente elevadas, em salmouras associadas a alguns poços de petróleo. Astato – O Astato não ocorre na natureza e seu isótopo de vida mais longa tem a meia-vida de 8 horas. 5.3 Método de Preparação Flúor, F2 – a principal fonte de obtenção do flúor é o mineral fluorita, CaF 2. Ele é tratado como ácido sulfúrico concentrado e submentido à destilação, obtendo-se HF em solução aquosa e anidro. O flúor é a seguir obtido por eletrólise de uma mistura de KHF 2 e HF, usando ânodo de carbono, com o qual se produz F2, e um cátodo de prata ou de aço inoxidável, com o qual há formação de H2. Os pontos devem ser mantidos separados porque reagem explosivamente. o processo líquido é então, a eletrólise do fluoreto de hidrogênio ionizado em estado líquido mais anidro. 2HF(l) H2(g) + F2 (g) Usa-se esta mistura por ser o HF um mau condutor de corrente elétrica. O meio deve ser rigorosamente anidro, pois o flúor oxida a água a oxigênio. Cloro, Cl2 – a maior parte do cloro comercial é preparado industrialmente pela eletrólise de cloreto de sódio fundido, NaCl, fornecendo o sódio como subproduto, ou pela eletrólise de solução aquosa de NaCl. Neste último caso é usado cátodo de ferroe ânodo de carvão, com o hidrogênio sendo produzido no cátodo. energia 2NaCl(aq) + 2H2O Cl2(g) + 2NaOH(ag) + H2 (g) elétrica No laboratório, o gás cloro é facilmente produzido pela reação de dióxido de manganês com ácido clorídrico. MnO2 (s) + 4H(aq)+ + 2Cl(aq)- Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Cl2(g) + Mn2+(aq) + 2H2O Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Bromo, Br2 – O Bromo é obtido industrialmente pela oxidação em meio ácido do Br – da água do mar, usando cloro como agente oxidante: Cl2 (g) + 2 Br - 2Cl- + Br2 (g) O bromo é arrastado por uma corrente de ar e em seguida condensado ao estado líquido. No laboratório, o bromo pode ser preparado pela oxidação de Br ácido, ou outro gente oxidante. MnO2(s) + 4HBr(aq) – por MnO2 em meio Br2(g) + MnBr2(aq) + 2H2O(l) O bromo deve ser manuseado com cuidado considerável, ele produz queimaduras dolorosas na pele, que dificilmente cicatrizam. Iodo, I2 – O Iodo é preparado na indústria pela oxidação de I- com gás Cl2, ou pela redução do IO3 a I-. IO3- + 3SO2(g) + 3H2O I- + 3HSO4- + 3H+ seguido de uma oxidação pelo próprio iodato: IO3- + 5 I- + 6H+ 3I2(s) + 3H2O No laboratório, o iodo pode ser preparado de modo semelhante ao bromo. MnO2(s) + 4HI(aq) I2(g) + MnI2(aq) + 2H2O(l) 5.4 Propriedades Gerais e Usos Flúor – O poder extremamente oxidante do flúor faz com que ele reaja, geralmente de forma vigorosa, com a maioria das substâncias. Ele pode ser armazenado em recipientes de aço, cobre ou certas ligas, porque ele forma, rapidamente, uma camada de fluoreto na superfície do metal, que é resistente e impede que a reação tenha prosseguimento. Também pode ser estocado em vidros, desde que HF não esteja presente como impureza. O flúor reage violentamente com o hidrogênio, formando fluoreto de hidrogênio: H2(g) + F2(g) 2FH(g) ∆Gº = -541 Kj Embora o HF seja um ácido fraco, ele tem propriedades que o tornam difícil de manusear. tanto ele como sua solução aquosa, atacam o vidro. Representando o vidro por seu principal componente, dióxido de silício, a reação pode ser escrita: Si2(s) + 6HF SiF62- + 2H+ + 2H2O Muitos fluorocomplexos, como o íon hexafluorosilicato são muito estáveis. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional O HF tem outra propriedade que o torna extremamente perigoso. Causa queimaduras químicas que são muito dolorosas e geralmente levam vários meses para cicatrizar. As soluções de HF devem ser guardadas em recipientes de polietileo ou de parafina. Experiências com HF devem ser executadas na capela e manuseadas com muito cuidado. Como a ligação F-F é fraca e como o flúor atômico é um agente oxidante forte, o flúor pode ser utilizado como combustível de foguetes. É usado na fabricação do SF6 , usado para isolamento de alta tensão e em aerossóis na forma de cloroflúorcarbonos (CFC). Cloro – O cloro livre é um gás amarelo-esverdeado, de cheiro forte e irritante. O cloro é um germicida poderoso. Por sua capacidade para oxidar bactérias, é usado sob forma de coloração no tratamento de água potável e de piscina. É ainda utilizado como alvejante industrial e na obtenção de compostos orgânicos. Bromo – No estado livre é um líquido castanho-avermenlhado, volátil, de cheiro forte e desagradável, irritante aos olhos e garganta. A maior parte do bromo fabricado industrialmente é utilizado na fabricação de 1,2-dibromoetano, adicionado à gasolina para remover resíduos de chumbo. É usado na fabricação de AgBr, empregados na fotografia e na produção de derivados orgânicos, como os brometos de metila, etila, butila e certos corantes. Iodo – É um sólido cinza escuro, com um brilho semimetálico. O cheiro de seu vapor pode ser facilmente percebido à temperatura ambiente. Seu vapor é violeta escuro, cor que é reforçado nas soluções em solventes não-polares como CCl4 e CS2. Em solventes polares, como a água e o etanol, a cor das soluções é castanha. O iodo forma um complexo azul escuro com o amido. As soluções de iodo em etanol (tintura de iodo) foram largamente empregadas como desinfetante e antisséptico. O I2 oxida e destrói muitos microorganismos. O iodeto de prata é usado em filmes fotográficos, e o iodeto de potássio em reações aminas, para fins farmacêuticos e na fabricação de iodofórmico CHI3 e iodeto de metila CH3I. 5.5 Principais compostos a) Haletos Todos os halogênios reagem com hidrogênio formando haletos HX. A reação do hidrogênio com o flúor é muito violenta, mais com o iodo é lenta à temperatura ambiente, o que ilustra o decréscimo de reatividade com o aumento do número atômico. H2(g) + X2(g) 2Hx(g) O mecanismo desta reação já foi discutido no capítulo I – Hidrogênio b) Óxidos A maior parte dos óxidos dos halogênios são instáveis, e tendem a explodir quando submetidos a choque, ou mesmo por exposição à luz. Os de iodo são os mais estáveis como o flúor é mais eletronegativo que o oxigênio, os compostos binários são fluoretos de oxigênio e não óxidos de flúor. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Os fluoretos de oxigênio foram estudados como oxidantes potenciais de combustíveis para foguetes, o OF2 é um gás amarelo pálido obtido pela passagem rápida do F2 gasoso através de uma solução a 2% de NaOH. O O2F2 é um sólido amarelo-alaranjado obtido pela ação de descarga elétrica sobre uma mistura de F2 e O2 . É um agente oxidante e fluorante de extrema importância. 2F2 + 2NaOH 2NaF + H2O + OF2 Os óxidos de cloro são reativos, instáveis e tendem a explodir. O ClO2 é poderoso oxidante e utilizado, diluído por ar, em aplicação industriais, no alvejamento de polpa de madeira, por exemplo. É um gás amarelo que pode ser condensado a um líquido vermelho de P.E. a 11ºC. Usados em grandes quantidades na purificação da água. O Cl2O é um gás e Br2O um líquido. São preparados aquecendo óxidos de mercúrio (II) recém preparados com os halogênios gasosos. 2Cl2 + 2HgO HgCl2.HgO + Cl2O são coloridos e explodem na presença de agentes redutores, ou por aquecimento. O petóxido de iodo é obtido pelo aquecimento do ácido iódico: 240º 2HIO3 I2O5 + H2O H2O, rápida É um agente oxidante. Uma das suas aplicações e a determinação de CO, mediante a titulação do iodo liberado: 5Co + I2O5 I2 + 5CO2 c) Reações com o H2O O gás cloro é bastante solúvel em água, à temperatura ambiente, 1 volume de gás a i atm se dissolve em cerca de 2 ½ volume de água. A solução que resulta, chamada água de cloro, tem a cor, o odor e as propriedades químicas do cloro. Quando o gás cloro, Cl 2, é dissolvido em água, a temperaturas ordinárias e em ausência de luz forte, estabelece-se o seguinte equilíbrio: Cl2 + H2O HOCl + HCl A 25ºC e pressão de 1 atm de gás cloro, a solução saturada em equilíbrio contém cerca de 50% do seu cloro na forma de Cl2 e os restantes 50% divididos entre o HCl e o HOCl. Assim, a água de cloro contém moléculas Cl2 livres, pelo que tem odor e cor de cloro. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Estudo Dirigido: 1.) Comente energia de ionização e afinidade eletrônica. 2.) Comentar a ocorrência e usos do neônio 03) Que propriedades químicas importantes do hidrogênio foram evidenciadas no laboratório? Equacionar quando necessário! 04) Quais os principais métodos de preparação de hidrogênio, em laboratório? Equacionar. 05) Discutir as propriedades vistas no laboratório para os metais do bloco s. 06) Com ajuda de que reações realizar as seguintes transformações: a) Na NaOH Na2CO3 NaHCO3 NaNO3 b) Al AlCl3 Al(OH)3 Al2(SO4)3 Al(OH)3 NaAlO2 Al(OH)3 07) No laboratório tem-se: sódio, ácido sulfúrico, água, óxido cúprico e zinco. É necessário se obter: hidróxido de sódio, sulfato de cobre, cobre metálico, sulfato de zinco. Escrever as equações. (Obs: não repetir os reagentes). 08) Em três recipientes de vidro sem etiqueta estão guardadas soluções de ácido sulfúrico, ácido clorídrico e ácido nítrico. Identificar cada uma. Escrever as equações das reações. 09)Que propriedades químicas o hidróxido de alumínio apresenta? 10). Na bancada você encontra soluções de NaCl, de MgCl2 e ZnCl2. Determiná-las. 11). Mostrar como se pode fazer a identificação de boro no laboratório. 12). Que acontece ao passar dióxido de carbono através de solução de hidróxido de cálcio? 13). Discutir a reatividade estanho. 14). Escrever a equação da reação de preparação do N2. 15). Como você pode identificar no laboratório, a formação de N2? 16). Escrever a equação da reação de preparação de NH3 e descrever as propriedades. 17). Explicar o porquê do pH das soluções de NH4Cl e NH4CH3COO. 18). Que acontece quando se aquece cristais de cloreto de amônio? Equacionar. 19). Mostrar equações de reação do ácido nítrico funcionando como um agente oxidante. 20). Mostrar como se pode preparar O2 em laboratório a partir do peróxido de hidrogênio. 21). Mostrar através de uma equação química o poder oxidante do peróxido de hidrogênio. 22). Quais os principais métodos de preparação de óxidos? Dar exemplos Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 23) a) Por que os elementos do grupo IA: são univalentes, principalmente iônicos, apresentam as mais baixas energias de ionização e são muito moles? b) Quais as fontes comuns destes Metais Alcalinos e como os elementos podem ser obtidos a partir delas? c) Enumere diferenças entre o comportamento químico do lítio e dos demais metais alcalinos, apresentando razões para justificar estas diferenças. d) Quais as propriedades químicas dos elementos? e) Em que lugar da tabela periódica são encontrados os metais com maior ponto de fusão? f) O raio atômico, energia de ionização, afinidade eletrônica, eletronegatividade, caráter metálico e poder oxidante e redutor são propriedades periódicas, defina e explique cada uma de elas indicando as tendências na tabela periódica. g) Por que os elementos do grupo IIA: são menores, apresentam maior energia de ionização e são mais duros que os elementos correspondestes do grupo IA? h) Quais as fontes comuns destes Metais e como os elementos podem ser obtidos a partir delas? i) Descreva e explique o comportamento anômalo do berílio em relação aos demais metais alcalinos terrosos. j) Quais as propriedades químicas dos elementos? k) O primeiro estado excitado é a configuração mais próxima do estado fundamental e ao mesmo tempo mais alta que este. Escreva a configuração eletrônica correspondente ao estado excitado do Berílio e posteriormente escreva a formação do BeF2 gasoso. l) O raio atômico, energia de ionização, afinidade eletrônica, eletronegatividade, caráter metálico e poder oxidante e redutor são propriedades periódicas, defina e explique cada uma de elas indicando as tendências na tabela periódica. m) Por que os elementos do grupo IIIA formam ligações essencialmente covalentes? n) Quais as fontes comuns destes elementos e como os elementos podem ser obtidos a partir delas? Quais as aplicações deles? o) Por que o Al é usado como material estrutural de baixo peso? p) Quais as propriedades químicas dos elementos? q) Quais as estruturas cristalinas nas quais apresenta-se o boro, segundo essas estruturas como se explica a dureza deste material? Qual o ponto de fusão deste metal? r) Descreva o processo de fabricação do alumínio. s) Quais as aplicações deste metal no setor elétrico e porque? t) Em relação ao Al2O3 fale das propriedades e aplicações do mesmo. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 24) Grupo VA a) Descreva a configuração eletrônica e estados de oxidação destes elementos. b) Quais as fontes comuns destes elementos e como os elementos podem ser obtidos a partir delas? Quais as aplicações deles? c) Enumere as diferenças entre o comportamento químico do nitrogênio e os demais elementos do grupo, apresentando razões para justificar estas diferenças. d) O primeiro estado excitado é a configuração mais próxima do estado fundamental e ao mesmo tempo mais alta que este, escreva a configuração eletrônica correspondente ao estado excitado do nitrogênio e posteriormente escreva a formação do íon amônio [NH4 ]+?. e) Descreva a estrutura do fósforo branco P4, você já viu algum filme no qual ele foi usado, fale do filme? f) Quais são as outras formas alotrópicas do fósforo? g) Quais os principais componentes dos fertilizantes obtido a partir do nitrogênio? h) O raio atômico, energia de ionização, afinidade eletrônica, eletronegatividade, caráter metálico e poder oxidante e redutor são propriedades periódicas, defina e explique cada uma de elas indicando as tendências na tabela periódica. 25) Grupo VIA – Grupo do Oxigênio a) Descreva a configuração eletrônica, estados de oxidação caráter metálico e não metálico destes elementos. b) Quais as fontes comuns destes elementos e como os elementos podem ser obtidos a partir delas? Quais os usos e a reatividade dos elementos? c) Enumere as diferenças entre o comportamento químico do oxigênio e os demais elementos do grupo. d) Descreva o processo de obtenção, propriedades e estrutura do H2SO4. e) Quais as principais propriedades dos óxidos? f) Qual a forma mais estável do enxofre? g) Quais as principais aplicações do O3, porque? h) Quais as estruturas em que se apresentam o Se e Te? i) O raio atômico, energia de ionização, afinidade eletrônica, eletronegatividade, caráter metálico e poder oxidante e redutor são propriedades periódicas, defina e explique cada uma de elas indicando as tendências na tabela periódica. 26) Grupo VIIA - Os Halogêneos a) Por que o Flúor apresenta raio atômico menor que o Oxigênio e Cloro? b) Descreva a obtenção do flúor. O F encontra emprego amplo em reações, porque? c) Quais as fontes comuns de Cloro, Bromo e iodo na forma de sais? Onde ocorrem e como os elementos podem ser obtidos a partir delas? d) Apresente equações que mostrem como podem ser preparados os ácidos halogenídricos. HF, HCl, HBr e HI em solução aquosa. e) Enumere diferenças entre o comportamento químico do flúor e dos demais halogênios, apresentando razões para justificar estas diferenças. Mostre a reação do HF com o vidro. f) Qual a formula estrutural do mero que da origem ao politetraflouretileno, qual a semelhança com o polímero polietileno? Porque o Teflon é inerte ao ataque químico? g) O raio atômico, energia de ionização, afinidade eletrônica, eletronegatividade, caráter metálico e poder oxidante e redutor são propriedades periódicas, defina e explique cada uma de elas indicando as tendências na tabela periódica. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] I Ensino Médio Integrado à Educação Profissional . Bibliografia 1. BROWN,Theodore. L. LEMAY, H. Eugene Jr. BURSTEN, Bruce E. Química a Ciência Central. São Paulo. Editora: Pearson / Prentice Hall, 2008. 2. CANTO, Eduardo L. do. Minerais, minérios, metais: De onde vêm? Para onde vão? São Paulo: Moderna, 1996. 3. ATKINS. SHRIVER, Química Inorgânica. São Paulo. Bookman. 2006. 4. LEE, J. D. Química Inorgânica não tão concisa. São Paulo: Edgard Blücher, 2003. 6. MASTERTON, W. L. & SLOWINSKI, E. J. & STANITSKI. Princípios de Química. Rio de Janeiro. Livros Técnicos e Científicos Editoras, 1990. 7. SHREVE, R.N; BRINK JR., J. Indústria de Processos Químicos. 4.ed. Rio de janeiro:Guanabara Koogan, 2008. 8. RUSSEL, F. & JONHSON, R. Química Geral. São Paulo. McGraw-Hill, 1994. 9. ATKINS,P. JONES L. Princípios de Química: Questionando a Vida Moderna e o Meio Ambiente. São Paulo. Bookman, 2007. <http://www.quimicalizando.com/quimica-geral/quimicainorganica/acido-sulfurico>. Acesso em: 30 janeiro 2012. http://www.uff.br/RVQ/index.php/rvq/article/viewFile/148/167 Acesso em: 31 janeiro 2012. Técnico em Química – Química Inorgânica Industrial Hino Nacional Hino do Estado do Ceará Ouviram do Ipiranga as margens plácidas De um povo heróico o brado retumbante, E o sol da liberdade, em raios fúlgidos, Brilhou no céu da pátria nesse instante. Poesia de Thomaz Lopes Música de Alberto Nepomuceno Terra do sol, do amor, terra da luz! Soa o clarim que tua glória conta! Terra, o teu nome a fama aos céus remonta Em clarão que seduz! Nome que brilha esplêndido luzeiro Nos fulvos braços de ouro do cruzeiro! Se o penhor dessa igualdade Conseguimos conquistar com braço forte, Em teu seio, ó liberdade, Desafia o nosso peito a própria morte! Ó Pátria amada, Idolatrada, Salve! Salve! Brasil, um sonho intenso, um raio vívido De amor e de esperança à terra desce, Se em teu formoso céu, risonho e límpido, A imagem do Cruzeiro resplandece. Gigante pela própria natureza, És belo, és forte, impávido colosso, E o teu futuro espelha essa grandeza. Terra adorada, Entre outras mil, És tu, Brasil, Ó Pátria amada! Dos filhos deste solo és mãe gentil, Pátria amada,Brasil! Deitado eternamente em berço esplêndido, Ao som do mar e à luz do céu profundo, Fulguras, ó Brasil, florão da América, Iluminado ao sol do Novo Mundo! Do que a terra, mais garrida, Teus risonhos, lindos campos têm mais flores; "Nossos bosques têm mais vida", "Nossa vida" no teu seio "mais amores." Ó Pátria amada, Idolatrada, Salve! Salve! Brasil, de amor eterno seja símbolo O lábaro que ostentas estrelado, E diga o verde-louro dessa flâmula - "Paz no futuro e glória no passado." Mas, se ergues da justiça a clava forte, Verás que um filho teu não foge à luta, Nem teme, quem te adora, a própria morte. Terra adorada, Entre outras mil, És tu, Brasil, Ó Pátria amada! Dos filhos deste solo és mãe gentil, Pátria amada, Brasil! Mudem-se em flor as pedras dos caminhos! Chuvas de prata rolem das estrelas... E despertando, deslumbrada, ao vê-las Ressoa a voz dos ninhos... Há de florar nas rosas e nos cravos Rubros o sangue ardente dos escravos. Seja teu verbo a voz do coração, Verbo de paz e amor do Sul ao Norte! Ruja teu peito em luta contra a morte, Acordando a amplidão. Peito que deu alívio a quem sofria E foi o sol iluminando o dia! Tua jangada afoita enfune o pano! Vento feliz conduza a vela ousada! Que importa que no seu barco seja um nada Na vastidão do oceano, Se à proa vão heróis e marinheiros E vão no peito corações guerreiros? Se, nós te amamos, em aventuras e mágoas! Porque esse chão que embebe a água dos rios Há de florar em meses, nos estios E bosques, pelas águas! Selvas e rios, serras e florestas Brotem no solo em rumorosas festas! Abra-se ao vento o teu pendão natal Sobre as revoltas águas dos teus mares! E desfraldado diga aos céus e aos mares A vitória imortal! Que foi de sangue, em guerras leais e francas, E foi na paz da cor das hóstias brancas!