debate campo/cidade e sua relação com a agricultura - Unifal-MG

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DEBATE CAMPO/CIDADE E SUA RELAÇÃO COM A AGRICULTURA
URBANA
DISCUSIÓN CAMPO/ CIUDAD Y SU RELACÍON COM LA
AGRICULTURA URBANA
Igor Martins de Oliveira
[email protected]
Pós graduando em Meio Ambiente e Desenvolvimento Social, Universidade Estadual de
Montes Claros-Unimontes
Resumo:
Uma nova estruturação conceitual pode ser percebida no âmbito da relação campocidade. Torna-se cada vez mais claro o desligamento da dicotomia existente entre elas
e o fim da existência de dois pólos opostos, um desenvolvido a partir da influencia
industrial, e outro atrasado de baixa densidade demográfica puramente agrário.
Contudo, O espaço urbano e o espaço rural são cada vez mais dinâmicos e
interligados, dentro da imposição capitalista. Desta forma o rural/ urbano ou
campo/cidade são vistos agora a partir da relação de continuum que se delineia entre
o pólo urbano e o pólo rural. O campo passa então a ser uma área produtiva ligada à
questão natural, mas que sofre influência do urbano sendo impregnado de novas
funcionalidades. Na cidade, a produção agrícola denominada de Agricultura Urbana
(AU) torna-se um claro exemplo da influência e da espacialização dos hábitos rurais
no urbano, através do aproveitado do espaço urbano vago, criação de pequenos e
médios animais, cultivos de hortaliças, plantas medicinais e frutas são expoentes
máximo da AU. Diante disto, este artigo tem como objetivo discutir acerca da relação
rural/urbano, analisando a atuação da Agricultura Urbana como parte integradora
deste processo, e como alternativa na minimização das crises existentes na cidade
como a fome e o desemprego.
Palavras Chave: Relação Rural/ Urbano; espaço urbano; Agricultura Urbana.
EIXO 8 - Geografia Urbana
ISBN: 978-85-99907-05-4
I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014
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Resumen:
Una nueva estruturacion conceitual puede ser percebida en lo ámbito de La relacíon
campo-ciudad. Se queda siempre más claro lo desligamiento de La dicotomía
existente entre en las y El fim de la existencia de los poles opuesto , uno desarolló a
partir de las influencias industriales, y outro hacia atrás poco pobladas puramiente
agrárias. Todavía los espacios urbanos y los espacios rurales son cada vez más
dinâmicos y interconectados dentro de La imposicion capitalista. Así La poblacíon
rural/urbana o ubana /rural ahora se desprende de La relacíon de continuum que se
delineia entre lo urbano y rural pole. El campo se convierte em una área productiva
ligada en las cuestones naturales, pero esta influenciada
del urbano siendo
impregnado de nuevas características. Em la ciudad, la produccion agrícola llamada
de Agricultura Urbana(AU) se convierte en un claro ejemplo de la influencia y de la
espacializacion de los hábitos rurais en lo urbano,pasaron por el espacio urbano
vacante, la creacíon de pequeños animales y medianas empresas, los cultivos de
hortalizas, plantas medicinales y las frutas son máximos exponentes de la AU. Por lo
tanto, este articulo, tiene como objetivo, poner em cuenta de la relacíon rural/urbano,
analizar el desempeño de la agricultura urbana como parte integrante de este proceso,
y como alternativa para diminuir las crisis existentes en las ciudad como el hambre y el
desempleo.
Palavras Clave: Relacíon Rural/ Urbano; espacio urbano; Agricultura Urbana.
Considerações Iniciais
A partir do surgimento do meio técnico cientifico e informacional, com a irradiação
deste no espaço geográfico, tornou-se mais difícil a diferenciação entre os espaços
rural e urbano, tendo em visto da grande complexidade socioespacial que esse
processo gerou. (CANDIOTTO; CORREA, 2008, P.215).
Todavia é comumente associarmos, o rural como uma área atividades primaria e baixa
densidade populacional. Em contra partida, a cidade é predominantemente industrial
com maior fluxo de pessoas e mercadorias e alta densidade demográfica. Assim, o
aspecto dicotômico entre o campo e cidade há muito tempo se fez presente nas
discussões, contudo, “cabe a ressalva de que toda paisagem/espaço considerado
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urbano, ou seja, toda cidade, sempre se sobrepõe ao rural ou ao ‘natural’. Assim, todo
urbano já foi rural, mas nem todo rural será urbano” (CANDIOTTO; CORREA, 2008,
p.215).
Para Coutinho et all. (2013, p.64) “Pode-se pensar o rural pelo natural, campo de
produção, local de morada, questão econômica, turismo, entre outros”. Em contra
partida, a cidade apresenta-se como espaço polarizadora do desenvolvimento, dos
fluxos comerciais, alta densidade demográfica onde as relações humanas se dão
através do isolamento e competição. Nesta perspectiva Bagli (2010) analisa a
divergência entre campo/cidade destacando que:
Caracteriza-se pela forte aproximação com os aspectos naturais:
existência de vegetação, cultivo de produtos alimentícios, criação de
animais. Está ligada a tudo o que representa a natureza em seu
estado pouco transformado. Nela, as transformações não se
apresentam de forma tão intensa quanto na paisagem urbana. Como
as transformações são pouco percebidas, há a idéia de que nos
espaços rurais a harmonia prevalece, uma espécie de relação
simbólica entre homem e meio. (BAGLI, 2010, p.103).
Além da fisionomia da paisagem há estudos que abordam esta temática através da
das relações sociais, da divisão do trabalho, do uso do solo, dentre outras, como
expresso por Rosas (2010, p. 42),
Quando se busca compreender, interpretar e analisar as
características e relações dos/nos/entre os espaços rural e urbano
observa-se a existência de diversas vertentes, construídas
historicamente, e pautadas em flancos distintos ou agrupados. Dentre
outras, pode-se analisar as características do rural e do urbano na
paisagem, nas relações sociais, culturais, de vivência, de uso do solo,
econômicas, só para citar algumas, em tais espaços, e na relação
entre eles.
Fernandes (2008, p.46) estuda a relação rural/urbana retornando ao tempo histórico,
analisando o surgimento da sociedade brasileira. Para esse autor os portugueses
instalaram no Brasil uma cultura ligada aos valores rurais que ainda perduram nos
tempos atuais percebidas nas relações de poder, complementariedade, que se
configuram além das relações culturais.
Para Wanderley (2000) estuda o conceito de “rural” a partir da teoria sociológica
apontando duas características que a autora pontua como fundamentais, sendo a
primeira referente a relação homem/ natureza, na qual o homem lida e trabalha
diretamente em seu habitat. A segunda concerne às relações sociais praticadas
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campo, resultante de uma relação restrita e de complexidade que resultaram práticas
particulares de representação do espaço, do trabalho, do tempo e da família.
Corroborando com a visão de Wanderley (2000) Marques (2002) citado por Candiotto;
Correa (2008, p. 215-216) afirma que:
O espaço rural corresponde a um meio específico, de características
mais naturais do que o urbano, que é produzido a partir de uma
multiplicidade de usos nos quais a terra ou o “espaço natural”
aparecem como um fator primordial, o que tem resultado muitas
vezes na criação e na recriação de formas sociais de forte inscrição
local, ou seja, de territorialidade intensa.
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Diante da grande complexidade do espaço geográfico, e da integração desse a
relação entre o campo e a cidade não é mais vista como formas espaciais isoladas e
independentes. “O espaço urbano e o espaço rural são, contudo, cada vez mais
dinâmicos e interligados, sendo necessários avanços teórico-metodológicos para sua
interpretação, fato que conduz a um amplo debate” (CANDIOTTO; CORRÊA, 2008, p.
216).
Assim, este artigo tem como objetivo discutir acerca da relação rural/urbano,
analisando a atuação da Agricultura Urbana como parte integrada deste processo.
Para realização deste trabalho foi feito uma revisão bibliográfica utilizando livros,
artigos e documentos eletrônicos que discutem a relação rural/ urbana e a questão da
Agricultura Urbana, em seguida foi feito a identificação das áreas de agricultura
Urbana no Bairro Vila Anália, utilizando a imagem QUIK BORD Mult Expectral,
composição 1R 2G 3B, posteriormente elaboramos o mapa da Agricultura Urbana no
respectivo bairro utilizando os Softwares Auto Cad Map 2000 e ArcView 3.2.
O Rural e o Urbano na vertente do continuum.
É através da ocupação do solo e da diversificação do trabalho que os espaços são
criados. Sendo o homem (e sua força de trabalho) é o principal agente desse
processo. “mas como o modo de produção é apenas um elemento da totalidade,
determinando e sendo por ela determinado, o processo de produção espacial deve ser
analisado a partir desta totalidade” (ROSSINI, 2009, p. 09).
Assim, o espaço geográficos que hoje nos apropriamos teve sua produção
determinada a partir da formação econômica da sociedade, partindo da feudal,
industrial e pós industrial, nesta última pode-se associar ao meio técnico cientifico
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informacional proposto por Santos (2006). Outro fator primordial nesta questão referese à participação da sociedade consumidora ou consumista, haja vista que essa
“apropria do espaço para suprir suas necessidades” (ROSSINI, 2009, p. 10).
Se o processo de produção do espaço é um processo de trabalho, as
parcelas do espaço global se articulam e se integram a partir do papel
que cada uma terá no processo de trabalho geral. Estabelece-se
então uma diversidade de relações com intensidades desiguais, que
vão produzir o espaço global mediante a produção de parcelas
espaciais menores. Na formação econômica da sociedade capitalista,
a categoria determinante da análise é o capital. Desse modo teremos
uma produção espacial voltada para as exigências e necessidades do
capital, uma população que se produzirá e reproduzirá em função de
suas leis e, conseqüentemente, um processo de apropriação que lhe
será peculiar (ROSSINI, 2009, p.10)
Desta maneira, com as modificações ocorridas no espaço geográfico a partir da
influência capitalista surge uma nova concepção da relação campo/ cidade, que são
vistos a partir do processo continuum, onde o processo de urbanização é considerado
responsável pelas significativas transformações ocorridas na sociedade, atingindo o
espaço rural, e desta forma aproximando-o da realidade urbana (CANDIOTTO;
CORRÊA, 2008). “O continuum se delineia entre o pólo urbano e o pólo rural, que
apresentam distinções, as quais intensificam o processo constante de mudança que
ocorre nas relações que são estabelecidas entre eles” (ARAÚJO; SOARES, 2009, p.
203).
Ainda sobre a relação de continuum entre o rural e o urbano Wanderley (2002) apud
Candiotto; Corrêa, (2008), afirma que existem duais interpretações a questão, sendo a
“urbano – centrado” que representaria a homogeneização espacial e social, de forma
que o urbano ressaltaria, apontando desta forma o fim da realidade rural. E a relação
“continuum rural-urbano”, que para eles haveria a aproximação dos dois pólos
extremos, o campo e a cidade ou o rural e o urbano, considerando as semelhanças e
as continuidades, mas sem acabar com a realidade rural, preservando assim as
particularidades de cada um dos pólos.
Ainda sobre a análise acerca do continuum, nos recorreremos a Rua (2006) que
também nos apresenta duas vertentes ‘analíticas’, sendo a primeira referente à idéia
da “urbanização do rural” na qual o rural desaparecerá.
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A “urbanização do rural” pode ser relacionada à idéia de continuum,
em que haveria graus distintos de urbanização do território. A visão
desses autores é marcada por uma certa teleologia em que, para
alguns, o destino inexorável do rural é desaparecer, tornando-se
urbano. (RUA, 2006, p. 90).
Já a segunda vertente abordada pelo autor concerne na teoria da “urbanização no
rural” que segundo Rua (2006, p. 91) “pleiteia a manutenção de especificidades no
espaço rural, mesmo quando impactado pela força do urbano”. Percebemos desta
maneira que a ‘urbanização do rural’ abordado no trabalho de Rua, associa-se a
interpretação do ‘urbano – centralizado’ de Wanderley, e a ‘urbanização no rural’
refere-se à idéia de ‘Continuum rural urbano’.
A partir da recriação do rural, em suas bases estruturais, econômicas, culturais e
sociais irão contribuir na formação da multifuncionalidade do rural, como demonstra
Moreira (2003) citado por Rua (2006, p. 87)
Esse (novo mundo rural) passa a ser compreendido não mais como
espaço exclusivo das atividades, mas como lugar de uma
sociabilidade mais complexa que aciona novas redes sociais
regionais, estaduais, nacionais e mesmo transnacionais. Redes
sociais as mais variadas que no processo de revalorização do mundo
rural, envolvem a reconversão produtiva (diversificação da produção),
a reconversão tecnológica (tecnologias alternativas de cunho
agroecológico e natural), a democratização da organização produtiva
e agrária (reforma agrária e fortalecimento da agricultura familiar),
bem como o fortalecimento dos turismos rurais (ecológico e cultural).
Conforme
escreveu
Wanderley
(2000)
o
mundo
rural
sofrerá
profundas
transformações internas em seu processo de diversificação social, que reformulará
sua relação com o urbano, segundo a autora o rural deixará sua posição de
antagonismo e assumirá relações de complementaridade. De forma que o
desenvolvimento do rural não dependerá apenas do seu dinamismo agrícola, mas,
sobretudo de sua capacidade de atrair para novos investimentos econômicos, e outros
interesses sociais a fim de realizar uma “ressignificação” de suas funções sociais.
Complementado a visão de Wanderley (2000), Lindner; Wandscheer (2010, p. 154)
afirmam que “Com a busca dos habitantes da cidade pelo campo, este espaço passa a
assumir ‘novas funções’, entre as quais se destacam as atividades de lazer, como o
turismo em área rural, segundas residências e diversos tipos de serviços destinados
ao público urbano”. Corroborando com a visão dos autores supracitados Rodrigues
(2001) apud Candiotto; Corrêa, (2008) afirma que “o que configura este o novo rural
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são as novas praticas nele desenvolvidas, indo além das tradicionais atividades
agropecuárias e agroindustriais”.
A cidade e suas ruralidades: A Agricultura Urbana Como uma alternativa
às crises urbanas.
A influência da urbanização sobre a sociedade é marcante, a cidade sobre a óptica
capitalista “é transformada em objeto de troca e de consumo, do mesmo modo que as
‘coisas’ negociáveis” (DAMIANI, 2001, p. 119). É regida e controlada pelo mercado
assim a “cidade foi solapada pela racionalidade limitada do produtivismo” (DUARTE,
2001, p. 78). Tais afirmações levam-nos a aderir à idéia da ‘crise da cidade’ proposta
por Damiani (2001). Para ela a crise encontra-se na cidade e não da cidade embora se
revele violentamente através dos dilemas sociais urbanos. Pintaudi (2001) corrobora a
visão de Damiani afirmando que alguns dos problemas que são vivenciados
atualmente nas cidades, já foram conhecidos e vivenciados por nossos antepassados.
As referencias feitas permitem pensar que problemas identificados
atualmente nas cidades, guardadas as devidas proporções, já eram
bem conhecidos de nossas antepassados e são indicativos de que as
cidades nunca foi um paraíso. Na atualidade, os problemas
continuam com outros números, com outras conotações, entre
localidades, às vezes; mas continuamos convivendo com crianças
abandonadas, com pobres, com populações segregadas (PINTAUDI,
2001, p. 134).
De todas as características que demonstram à influência do rural nas áreas urbanas a
agricultura é a prática que melhor retrata esse processo. Tendo em vista que a essa
remonta a própria origem da humanidade. Sposito (1988) discute acerca do
surgimento das cidades apresentando dentre outros fatores que impulsionaram seu
surgimento o desenvolvimento da agricultura. Sobre esta relação Ehlers (1999) citado
por Diniz; Marcelino (2007, p. 01) salienta que:
Somente a partir da apreensão do conhecimento sobre as dinâmicas
naturais e do desenvolvimento de técnicas agrícolas, tornou-se
possível a fixação do homem em determinados espaços geográficos,
agora manejando a produção do seu alimento (EHLERS, apud DINIZ;
MARCELINO, 2007. p.01).
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Diante disso, a agricultura sempre esteve presente nas cidades Paul Bairoch (1985)
citado por Boukharaeva et all (2005) explica que a introdução da agricultura dentro das
cidades se dá no período Neolítico até as cidades modernas, contudo, esta prática foi
negligenciada/ ignorada pelo poder público, pela sociedade e pelos cientistas do
século XX. Entretanto, devido às crises na cidade tratadas por Damiani (2001) e
corroboradas por Pintaudi (2001), ocorre uma maior divulgação das políticas de
implementação e incentivo à Agricultura Urbana, que definida por Mougeot (2000,
p.07) como:
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A praticada dentro (intra-urbana) ou na periferia (periurbana) dos
centros urbanos (sejam eles pequenas localidades, cidades ou até
megalópolis), onde cultiva, produz, cria, processa e distribui uma
variedade de produtos alimentícios e não alimentícios, (re)utiliza
largamente os recursos humanos e materiais e os produtos e serviços
encontrados dentro e em torno da área urbana, e, por sua vez,
oferece recursos humanos e materiais, produtos e serviços para essa
mesma área urbana.(MOUGEOT, 2000, p. 07).
No Brasil, a Agricultura Urbana teve seu desenvolvimento ligado à mecanização da
agricultura, que acarretou fortes fluxos migratórios em direção à cidade, em especial
às periferias urbanas. Este fato teve seu cerne a partir da década de 1940;
acarretando um excedente populacional as margens da pobreza e as disparidades
socioeconômicas, vivendo na miséria, em ambientes ecologicamente degradados
(BOUKHARAEVA et all. 2005). Fato corroborado por Dayrell (2000, p. 191) ao discutir
acerca da mecanização do campo e da expansão capitalista no cerrado do norte de
Minas Gerais.
A ocupação recente dos cerrados, provocada pela expansão das
relações capitalistas no campo, visto como a última fronteira agrícola
pelas elites brasileiras vem colocando em xeque a sustentabilidade
deste bioma e provocando um processo de miserabilidade de suas
populações, acentuando os desníveis sócio-econômicos, a
concentração de terras, associados com a degradação dos seus
recursos naturais: solo, água, flora e fauna.
A Agricultura Urbana agirá dentro das cidades como alternativa na territorialização da
população rural que por motivos diversos, migraram paras cidades, (re) criando o
espaço urbano com a cultura rural. Através de hortas urbanas, criações de animais, e
cultivos de árvores frutíferas, como mangueiras, goiabeiras entre várias outras.
No que concerne o fator cultural a Agricultura Urbana será de suma importância, haja
vista que a partir desta poderá ocorre à preservação do patrimônio cultural herdado,
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que devido à agitação da vida na cidade, e dos novos hábitos dos citadinos estão cada
vez mais ameaçados. Veloso; Oliveira; Carneiro (2009, p.09) ao relacionar a
Agricultura Urbana à transmissão dos saberes da população oriunda do campo no
Norte de Minas Gerais salientam que:
Nas cidades do Norte de Minas Gerais, a forte ligação da população
com a terra e com o modo de vida rural é evidenciada pela
transmissão de saberes e da cultura regional, principalmente no
âmbito familiar, através da prática de cultivos voltados basicamente
para o consumo próprio e para a melhoria da saúde, como é o caso
do cultivo de ervas medicinais em quintais e hortas comunitárias, tais
como: erva cidreira, hortelã, arruda, erva doce, boldo, dentre outras.
Um exemplo de ruralidade: o bairro Vila Anália
O bairro Vila Anália está localizado no extremo leste da cidade de Montes claros,
neste bairro percebemos claramente os reflexos da cultura e dos hábitos rurais
impregnados na vida dos moradores. Podemos associar este fato à localização
geográfica do bairro dado ao seu isolamento, uma vez que este não apresenta
visinhos em Leste e Sul. É um bairro de ocupação recente e de população de baixa
renda.
Mapa 01: Localização do bairro Vila Anália.
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É comumente encontrarmos nos finais de tarde no bairro os moradores assentados na
porta de suas casas conversando com seus vizinhos, comentando sobre seus
problemas e sobre as últimas noticias (relações de compadrio, tão presente na cultura
rural). No entanto, o mais chama a atenção é a forma com que os moradores
produziram a paisagem em seus quintais.
A agricultura Urbana é uma prática muito presente na vida dos moradores, e é através
desta que muitos reproduzem seus hábitos e preservam seu patrimônio cultural
herdado. Através do cultivo de árvores frutíferas, e pequenos canteiros utilizando
bacias velhas, pedaços de pneus de carro, e outros materiais. Dentre os cultivos mais
presentes no bairro tem-se o cultivo de hortaliças como cebolinha verde, coentro,
salsa, alimentos que fazem parte do cardápio da culinária mineira. Os produtos
cultivados incrementam a alimentação dos moradores, bem como contribui para o
aumento da renda familiar para os casos de comercialização, sobretudo das
hortaliças.
Outra forma de demonstração da cultura rural no bairro Vila Anália se dá através do
cultivo e da utilização de plantas medicinais, como erva cidreira, capim santo, boldo,
água d’colônia entre outros, através desta prática saberes da medicina popular são
transmitido, fortalecendo desta
maneira a relação de amizade, compadrio,
fortalecimento da cultura rural através da medicina natural e popular dos moradores.
Encontramos também as práticas de maiores dimensões ocupando lotes vagos com o
cultivo de mandiocas, urucum e cultivo de milho. Essa última é uma prática sazonal
que obedece ao regime pluvial (práticas desenvolvidas entre os meses de outubro a
março).
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Mapa 02: Localização de áreas de cultivo e criação no bairro Vila Analia.
Há também a prática da criação de animais no bairro como, galinhas, vacas e cavalos,
estes sãos utilizados como força de trabalho para algumas famílias que sobrevivem
fazendo pequenos fretes e pela venda de lenha para padarias e para algumas
residências, estes animais quando não estão sendo utilizados ficam amarados na
frente da casa de seus respectivos donos, no final da tarde são levados para o
pastoreio, ou em alguns casos os donos os deixa presos se alimentando de capim que
foram previamente arrancados/colhidos.
Figura 01: Canteiro de hortaliças e plantas
medicinais em fundo de quintal.
ISBN:
978-85-99907-05-4
Autor:
OLIVEIRA, I. M. de, Maio/2011
Figura 02: Plantação diversificada em lote
vago.
Autor: OLIVEIRA, I. M. de, Maio/2011
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Figura 03: Criação de Galinhas em
galinheiro, fundo de quintal.
Autor: OLIVEIRA, I. M. de, Maio/2011
Figura 04: Criação de cavalos em lote
vago.
Autor: OLIVEIRA, I. M. de, Agosto/2010
Considerações finais
Dentro da análise da Relação rural/urbano dois fatos históricos são de suma
importância, o primeiro consiste no processo de industrialização da cidade, que
acarretou em grandes fluxos migratórios para a cidade. E o segundo concerne na
mecanização do campo através das políticas da chamada Revolução Verde, que
reorganizou o campo com novos hábitos e técnicas, que ficou comumente conhecido
como a Urbanização no rural, que acarretou em um grande impacto social, político,
econômico e cultural, que também gerou grandes fluxos migratórios do campo para a
cidade.
Nas cidades a população reproduz seus hábitos e costumes, expressos em seu
patrimônio cultural herdado através da (re) criação de espaços e paisagem culturais.
Desta maneira, fica claro o distanciamento da teoria dicotômica do rural/urbano ou
campo/cidade, uma vez que os espaços que eram vistos até então como pólos
opostos é concebido então como áreas integradas, preservando suas característica e
particularidades.
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Nesta temática a Agricultura Urbana é um claro exemplo da atuação a cultura rural
dentro da cidade, através da criação de emprego, geração de rendo, fonte de
alimentação e preservação da cultura rural, o que contribui para a minimização das
crises das cidades como o desemprego, e a fome.
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I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014
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