MAPEAMENTO DIGITAL: ESTUDO NO MUNICÍPIO DE SANTA CRUZ DE MINAS (MG) E DO BAIRRO COLÔNIA - SÃO JOÃO DEL REI– MG Willian Henrique Pacheco¹ Silvia Elena Ventorini² ([email protected], [email protected]) ¹Graduando em Geografia, bolsista PIBEX ²Professora adjunto do departamento de Geociências UFSJ RESUMO Este artigo tem como objetivo apresentar o estudo de mapeamento do município de Santa Crus de minas e do bairro Colônia, localizado em São João del –Rei. O estudo tem como fundamentação teórico-metodológica a Teoria Geral dos Sistemas. Os resultados indicam expansão urbana e degradação ambiental em áreas de preservação permanente, crescimento urbano para áreas com risco a enchentes. Visitas técnicas ao local e análise de imagens de satélites mostram que as áreas que por lei são de preservação permanente, como entorno de nascentes (raio de 50 metros) e margens de rios foram desmatadas. Constatou-se em campo que devido à destruição de nascentes e impermeabilização do solo pequenos riachos e córregos perenes (entre 1,5 a 4 metros de profundidade) tornaram-se intermitentes. Os dados coletados em campo indicaram, ainda, ocupação urbana em áreas de várzea do Rio das Mortes, impermeabilização do solo e precariedade na infraestrutura de coleta de águas pluviais, fatores que colaboraram para a enchente que sofreu a cidade no ano de 2012. Desta forma, o aprofundamento deste estudo poderá auxiliar no planejamento e gestão da área de estudo. Palavras Chave: Degradação ambiental, Mapeamento Digital, Áreas vulneráveis. Eixo12: Cartografia e Fotogrametria Introdução ISBN: 978-85-99907-05-4 I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014 1638 Os avanços das Geotecnologias tem permitido a geração de modelos dinâmicos da realidade urbana (ALMEIDA, 2009). Para Godoy e Soares Filho (2009), estes modelos auxiliam o planejamento urbano e regional por apresentar informações sobre as possíveis mudanças que podem ocorrer, ao longo de um período, em um determinado espaço. Além disso, o uso de um Sistema de Informação Geográfica (SIG) possibilita armazenar em um único banco de dados uma gama de informações e documentos como imagens de satélites, fotografias aéreas, mapas temáticos, modelos numéricos do terreno (MNT) etc. No entanto, o acesso a tais benefícios ainda é restrito à maioria dos planejadores municipais. A elaboração de uma base de dados cartográficos em meio digital exige conhecimentos técnicos e conceituais sobre Cartografia, Geografia e SIG. Além disso, necessita de pessoas aptas a operarem um SIG e computadores equipados com programas que possibilitem armazenamento, manipulação, análise, atualização e reprodução dos dados. Devido à complexidade para gerar a referida base, geralmente, as prefeituras não possuem pessoas especializadas e equipamentos para sua geração. As Instituições de Ensino Superior (IES) têm contribuído para a elaboração de base de dados cartográficos que possibilitem a gestores municipais planejarem melhor suas ações para minimizar impactos e/ou desastres socioambientais. Além disso, colaboram com a diminuição dos custos, pois disponibilizam gratuitamente bases de dados geradas em pesquisas. Neste contexto, no ano de 2011 foi iniciado o estudo1 com os objetivos de elaborar o mapeamento digital de microbacias inseridas na bacia do Rio Grande (GD2), diagnosticar áreas vulneráveis a expansão urbana, indicar impactos ambientais, mapear áreas de preservação permanente, elaborar mapeamento participativo e disponibilizar gratuitamente na web os mapas digitais e os resultados as análises da pesquisa. Desta forma, o objetivo deste trabalho é apresenta resultados parciais do mapeamento do município de Santa Cruz de Minas (MG) e do bairro Colônia, localizado em São João Del rei. Metodologia O estudo tem como fundamentação teórico-metodológica a Teoria Geral dos Sistemas (CHRISTOFOLETTI, 1979). Esta Teoria foi utilizada em pesquisa na área da 1 Atualmente, a equipe é formada por cinco graduandos dos cursos de bacharel em Geografia desenvolvem projetos de mapeamentos de áreas de estudos localizadas em São João del – Rei e Resende Costa -MG. A pesquisa é coordenada pela Profa. Dra Silvia Elena Ventorini, do Departamento de Geociências e recebe o apoio da FAPEMIG e do CNPq por meio de duas bolsas PIBIC e da Proex por meio de três bolsas PIBEX. ISBN: 978-85-99907-05-4 I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014 1639 Geografia por meio do estudo ambiental paisagístico de Chorley e Kenedy, em 1971. A partir disso, os autores difundiram a abordagem sistêmica da paisagem em estudos geográficos (ZACHARIAS, 2010), fato que contribuiu para o aprimoramento metodológico da Geografia Física. Nesta perspectiva teórica os procedimentos metodológicos deste estudo iniciaram com a pesquisa de material cartográfico da área de estudo, seguido da elaboração da base digital de dados e realização de trabalho de campo e aprofundamento teórico. O material base para elaboração da base de dados digital é composto por carta topográfica do Exército brasileiro (ano de elaboração 1994), escala 1:25.000 e equidistâncias das curvas de nível de 10 metros, mapa de solos da região do Campo das Vertentes elaborada pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), no ano de 2006 e escala 1: 250.000, mapa geológico de São João del – Rei, escala 1:100.000, fotografias aéreas do ano de 1983, resolução 10 metros, da imagem Ikonos ano 2008, resolução 1 metro e da imagem Rapideye ano de 2010, resolução 5 metros e da imagem Landsat 8, resolução 30 metros, ano 2014. Até o presente momento, foram elaborados os mapas da hidrografia e da área urbana por meio do software ArcGis® 10.1 (módulos ArcMap, ArcCatalog e ArcToolbox), análise de imagem de satélite e trabalho de campo. Resultados parciais O município de Santa Cruz de Minas é o menor em área do Brasil, possui 3,11 Km2 e sua malha urbana é unificada a malha de São João del- Rei. Sua população estimada em 2013 era de 8.298 habitantes. Sendo inicialmente um distrito do município de Tiradentes (MG), Santa Cruz de Minhas foi elevada a categoria de Vila pela Lei Estadual nº 2.764, de 30 de dezembro de 1962 e emancipada em 21 de Dezembro de 1955, pela Lei Estadual nº 12.030 de 21 de dezembro de 1995 e instalado em 01 de janeiro de 1997 (IBGE, 2010). Visitas técnicas ao município assim como a análise de imagens de satélites também indicam que o crescimento urbano foi realizado sem um planejamento adequado. Constatou-se ocupação urbana em áreas de várzea do Rio das Mortes, impermeabilização do solo e precariedade na infraestrutura de coleta de águas pluviais, fatores que colaboraram para a enchente que sofreu a cidade no ano de 2012. O estudo de Leite e Carneiro (sd) indica que atividade de mineração no município tem gerado impactos relacionados à remoção da cobertura do solo e da vegetação, assim como poluição das águas e do ar. As observações em campo vêm ao encontro da afirmação do autor. As figuras 1 e 2 ilustram a área da mineradora e parte dos impactos causados. ISBN: 978-85-99907-05-4 I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014 1640 1641 Figura 1: Área de extração da mineradora no município de Santa Cruz de Minas Figura 2: Poluentes lançados pela mineradora Os resultados sobre o Bairro Colônia indicam que sua população aumentou 42,6% no período de uma década. No ano de 2000 a população era composta por 7.002 pessoas e em 2010 era de 9.986 habitantes, ou seja, um aumento de 2.984 pessoas. No período de duas décadas o bairro teve um aumento de 101, 6% de residentes, no ano de 1991 sua população era de 4.953 pessoas (IBGE, 2010). Este crescimento ocorreu sem um mapeamento das áreas sujeitas a alagamentos, assim como sem um diagnóstico dos impactos ambientais. Visitas técnicas ao local e análise de imagens de satélites mostram que as áreas que por lei são de preservação permanente, como entorno de nascentes (raio de 50 metros) e margens de rios foram desmatadas. Constatou-se em campo que devido à destruição de nascentes e impermeabilização do solo pequenos riachos e córregos perenes (entre 1,5 a 4 metros de profundidade) tornaram-se intermitentes (figuras 3). ISBN: 978-85-99907-05-4 I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014 1642 Figura 3: Rio perene que se tornou intermitente por causa da destruição das nascentes Os dados coletados em campo indicaram, ainda, ocupação urbana em áreas de várzea do Rio das Mortes, impermeabilização do solo e precariedade na infraestrutura de coleta de águas pluviais, fatores que colaboraram para a enchente que sofreu a cidade no ano de 2012. Desta forma, o aprofundamento deste estudo poderá auxiliar no planejamento e gestão da área de estudo. Referencia Bibliográfica ALMEIDA, C. M. O diálogo entre dimensões real e virtual urbano. In. ALMEIDA, C. M; CÂMARA,G; MONTEIRO, A.M.V. (Org.) Geoinformação em urbanismo: cidade real x cidade virtual.São Paulo: Oficina de Texto, 2009 . CHRISTOFOLETTI, A. Hucitec/Edusp. 1979. Análise de sistemas em Geografia. São Paulo: GODOY, M. M. G; SOARES FILHO, B. S. Modelagem da dinâmica intra-urbana no Bairro Savassi, em Belo Horizonte. In. ALMEIDA, C. M; CÂMARA,G; MONTEIRO, A.M.V. (Org.) Geoinformação em urbanismo: cidade real x cidade virtual.São Paulo: Oficina de Texto, 2009 . ISBN: 978-85-99907-05-4 I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014