1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO UNIVERSIDADE ABERTA DO SUS CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO LINHAS DE CUIDADOS EM ENFERMAGEM DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS _______________________________________________________ KELY MARTINS DE FREITAS LAMEIRA DOENÇA RENAL CRÔNICA: IMPORTÂNCIA DO DIAGNÓSTICO PRECOCE E O CUIDAR DA ENFERMAGEM FLORIANÓPOLIS (SC) 2014 2 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA KELY MARTINS DE FREITAS LAMEIRA DOENÇA RENAL CRÔNICA: IMPORTÂNCIA DO DIAGNÓSTICO PRECOCE E O CUIDAR DA ENFERMAGEM Monografia apresentada ao Curso de Especialização em Linhas de Cuidados em Enfermagem – Doenças Crônicas Não Transmissíveis do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina como requisito parcial para obtenção do título de Especialista. Orientadora: Profª Drª Célia Regina Rodrigues Gil FLORIANÓPOLIS (SC) 2014 3 FOLHA DE APROVAÇÃO O trabalho intitulado DOENÇA RENAL CRÔNICA: IMPORTÂNCIA DO DIAGNÓSTICO PRECOCE E O CUIDAR DA ENFERMAGEM de autoria da aluna KELY MARTINS DE FREITAS LAMEIRA foi examinado e avaliado pela banca avaliadora, sendo considerado APROVADO no Curso de Especialização em Linhas de Cuidado em Enfermagem – Área Doenças Crônicas Não Transmissíveis. _________________________________________ Prof.ª Dr.ª Célia Regina Rodrigues Gil Orientadora da Monografia _________________________________________ Prof.ª Dr.ª Vânia Marli Schubert Backes Coordenadora do Curso ________________________________________ Prof.ª Dr.ª Flávia Regina Souza Ramos Coordenadora de Monografia FLORIANÓPOLIS (SC) 2014 4 AGRADECIMENTOS Aos meus pais, José Antonio de Freitas e Pérola Preciosa Martins de Freitas, as pessoas mais importantes de minha vida, gerando força, segurança, confiança e vontade de vencer rumo a um futuro melhor. Em especial ao meu esposo Christian e aos meus filhos Thiago e Pérola pelo apoio, compreensão e companheirismo em todos os momentos. A Deus, por nossas vidas, famílias, força e esperança que nos impulsionou até o final desta jornada. Também por ter nos ajudado a crescer, a enfrentar as dificuldades que por muitas vezes nos assustaram, e finalmente por conquistar essa imensa vitória. A minha orientadora professora Dra. Célia Regina Rodrigues Gil, por sua paciência e apoio na realização desta pesquisa. A Fundação Hospital de Clínicas Gaspar Viana fonte da informação que subsidiou todo o conteúdo desta pesquisa. Aos profissionais envolvidos diretamente em minha pesquisa que compartilharam comigo a realidade e alegrias existentes na vida profissional, fazendo-me saber a importância de acreditar em um futuro melhor. 5 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 07 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 09 3 MÉTODO 12 4 RESULTADO E ANÁLISE 13 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 17 REFERÊNCIAS 18 ANEXO 21 Anexo 1 - FICHA DE REGISTRO DOS PARÂMETROS CLÍNICOS DA 22 FASE DE RASTREAMENTO DA RDC 6 Lista de Tabelas Tabela 01 – Distribuição das pessoas que responderam ao questionário ................... 14 segundo idade e sexo. Belém-PA, 2014. Tabela 02 – Distribuição das pessoas que responderam ao questionário ................... 15 segundo sexo e nível Salarial. Belém-PA, 2014. Tabela 03 – Distribuição das pessoas que responderam ao questionário ................... 15 segundo história clínica e sexo. Belém-PA, 2014. Tabela 04 – Distribuição das pessoas que responderam ao questionário ................... 16 segundo prática de exercícios físicos e sexo. Belém-PA, 2014. Tabela 05 – Distribuição das pessoas que responderam ao questionário .................... 17 segundo pontuação RDC e sexo. Belém-PA, 2014. 7 RESUMO A Insuficiência Renal Crônica (IRC) é uma doença que não apresenta perspectiva de melhora, portanto devem-se trabalhar as doenças de base que acometem o rim (hipertensão, diabetes, entre outras). A população possui grande dificuldade em aderir às terapêuticas e a enfermagem desempenha papel primordial neste processo, pois identifica as necessidades do paciente, estimulando-o a realizar seu tratamento e compreender a condição crônica que esta passando e suas implicações. A detecção e o tratamento precoce impedem o agravamento da insuficiência renal. O objetivo do estudo foi identificar o risco da doença renal entre a população alvo, através da aplicação de questionário e posterior avaliação de Doença Renal Crônica . Os resultados demonstraram que homens e mulheres com idade igual ou superior a 70 anos e mulheres com idade entre 60-69 anos, possuem risco de doença renal; já 43,34% dos entrevistados possuem as doenças de base que acometem os rins. O estudo demonstra a importância do cuidado nas doenças crônicas na Atenção Básica como forma de minimizar as possibilidades de agravamento das doenças e da necessidade de terapêuticas mais agressivas ao paciente. Palavras-chave: Doença Renal Crônica; Diálise; Atenção à Saúde. 8 1 INTRODUÇÃO Dentre as várias patologias que acometem os rins, ocorrem as que exigem como tratamento a diálise (peritoneal e hemodiálise) como meio de preservação da vida do doente. Daí evidenciar a importância destes tratamentos que precisam ser compreendidos e aceitos pelo paciente renal. A nefrologia emergiu como especialidade médica nos anos 60, com foco inicial na Terapia Renal Substitutiva (TRS) – diálise e transplante renal – como forma estabelecida de tratamento para os pacientes que evoluíam para doença renal crônica. Foi quando proliferaram os vários programas de TRS, tanto na rede de saúde pública como na rede privada. Contudo, nesse período, muito pouca atenção foi dada às medidas preventivas de perda da taxa de filtração glomerular (TFG). A partir da década passada, ficou evidente que a progressão da Doença Renal Crônica (DRC) em pacientes com diferentes patologias renais, e sob os cuidados dos nefrologistas, poderia ser retardada ou até interrompida com medidas tais como controle rigoroso da pressão arterial e o emprego de medicamentos que bloqueiam o eixo reninaangiotensina-aldosterona – ERAA (KDOQI, 2002). Em janeiro de 2000, a Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) realizou um levantamento de dados epidemiológicos selecionados em unidades de diálise do país. A taxa de incidência anual estimada de pacientes novos em diálise em 1999 foi de 101 pmp (n=16.504), variando de 52 pacientes/pmp na região norte e 119 pacientes/pmp na região sudeste (n=8.316). Dados do Ministério da Saúde demonstraram que no Brasil, até 1998, havia 32.000 pacientes renais crônicos em terapêutica hemodialítica (HD), 3.000 pacientes realizando diálise peritoneal ambulatorial contínua (CAPD) e 1.000 pacientes sendo tratados por diálise peritoneal intermitente (DPI), sem, contundo, contar que dois terços destes pacientes não chegam ao diagnóstico e ao tratamento (LESSA, 1998). Censo publicado pela Sociedade Brasileira de Nefrologia, em janeiro de 2006, estimava que houvesse 70.872 pacientes em tratamento dialítico no país. Paralelamente a estas observações, foram publicados estudos populacionais e em grupos de risco para DRC, quando se demonstrou que a prevalência da doença era muito maior do que conhecido anteriormente (KDOQI, 2002). Estas observações despertaram a atenção das comunidades nefrológicas internacionais e brasileira que, de diferentes maneiras, 9 iniciaram ações para lidar com o problema da DRC, considerada a grande epidemia deste milênio. O cuidar da enfermagem está intimamente ligado a esta situação, pois mantém um contato direto com o paciente e este cuidar inclui a orientação que pode melhorar o bem estar de muitos pacientes quando diagnosticados precocemente. A necessidade de conhecer o paciente que não procura o tratamento por não estar diagnosticado, ou não busca a melhoria de sua saúde ficando alheio da importância do mesmo podendo até evoluir à morte é que introduz e justifica este trabalho, configurando o problema que motiva s realização do estudo. Diante do contexto definem-se os objetivos da pesquisa: identificar pacientes em potencial através da campanha em alusão ao Dia do Rim, realizada em uma praça pública no município de Belém, Estado do Pará. 10 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Segundo os protocolos da Kidney Disease Outcome Quality Initiative – KDOQI (2002), a Insuficiência Renal Crônica (IRC) significa que os rins foram prejudicados por algum distúrbio (diabetes, por exemplo). Rins com insuficiência não conseguem manter a pessoa saudável, o paciente pode desenvolver complicações como a pressão sanguínea alta, anemia, ossos fracos, nutrição prejudicada e afecções nervosas. Além disso, a insuficiência renal aumenta o risco de o paciente desenvolver doenças cardíacas e dos vasos sanguíneos. Para Barbosa e colaboradores (2006), a IRC é caracterizada pela perda progressiva e irreversível da função renal, e consequente perda de suas funções: regulatórias, excretoras e endócrinas, o que ocasiona comprometimento dos outros órgãos do organismo. A detecção e o tratamento precoce muitas vezes impedem o agravamento da insuficiência renal. Se a insuficiência renal piorar pode levar à falência renal que exige diálise ou transplante de rim para o paciente manter-se vivo. A KDOQI (2002) publicou diretriz sobre IRC que compreende a avaliação, classificação e estratificação de risco. Uma nova estrutura conceitual para o diagnóstico de IRC foi proposta e aceita mundialmente. A definição é baseada em três componentes: (1) um componente anatômico ou estrutural (marcadores de dano renal); (2) um componente funcional (baseado na TFG); e (3) um componente temporal, com base nessa definição, seria portador de DRC qualquer indivíduo que, independente da causa, apresentasse TFG < 60 mL/min/1,73m2 ou a TFG > 60 mL/min/1,73m2 associada a pelo menos um marcador de dano renal parenquimatoso (por exemplo, proteinúria) presente há pelo menos 3 meses. De acordo com o Screening for Occult Renal Disease (2007), as chances de uma pessoa possuir doença renal crônica é a avaliação através do RDC, cujos parâmetros (anexo 1) estão associados ao sexo, sendo que nas mulheres o risco é maior; ser diabético ou hipertenso; ter tido AVC ou anemia, entre outros fatores, a cada resposta positiva é conferida uma pontuação. Valores iguais ou superiores a 4 (quatro) indicam que há 20% de chances da pessoa ter doença renal. A IRC tem crescimento acelerado, o que ocasiona um elevado número de mortes em todo o mundo, em torno de 17 milhões de pessoas a cada ano. No Brasil, as mortes decorrentes de doenças crônicas superam os 60%, o que gera custos econômicos e sociais (OMS, 2005). É uma doença que não apresenta perspectiva de melhora, determinando 11 relevantes problemas de saúde pública devido à alta taxa de morbidade e mortalidade (MARTINS & CESARINO, 2006). Os indivíduos acometidos da IRC realizam sessões de hemodiálise com frequência e tempo indicado, porém há uma proporção significativa que possui dificuldade em aderir às terapêuticas do tratamento. Como cumprimento do controle de peso interdialítico, obediência às restrições hídricas e dietéticas, além da adoção ao tratamento medicamentoso controlador dos sintomas causados pelas doenças associadas à IRC, como a hipertensão arterial, o diabetes, obesidade, anemia, doenças vasculares, entre outras. Segundo Barros (1999), diálise é um processo através do qual a composição de solutos de uma solução (sangue) é alterada pela exposição dessa solução a uma segunda solução, através de uma membrana semipermeável. Prevedello (2002) descreve que a diálise aguda é indicada quando existe um nível elevado e crescente de potássio sérico, sobrecarga hídrica ou edema pulmonar iminente, acidose crescente, pericardite e confusão grave. Ainda, pode ser empregada para remover determinados medicamentos ou toxinas do sangue. A decisão de iniciar a diálise deve ser feita depois de uma discussão plena entre o paciente, a família, o médico e as pessoas significativas, conforme apropriado. O enfermeiro pode ajudar o paciente e a família respondendo às suas perguntas, esclarecendo-lhes as informações e apoiando suas decisões. A assistência de enfermagem constitui-se a partir da prática do cuidar, tendo como função planejar e organizar o atendimento. A consulta de enfermagem é um importante instrumento cujo objetivo é levantar dados que permitam identificar as necessidades do paciente e de seus familiares (TAVARES, 1998). Seguidor de Edmund Husserl travavam a questão do cuidar não sob o aspecto dominante, do técnico e do mecânico, mas sim como um modo de ser consigo e com o outro que expresse desvelo, solicitude, ajuda, zelo, atenção e bom trato. Um modo de ser que vê o mundo e as coisas que nele habitam não em sua aparência, mas em sua essência, no que lhes é próprio, de modo singular e único (LAMEIRA, 2003). Destaca-se que o diagnóstico de enfermagem fornece critérios mensuráveis para a avaliação da assistência prestada; dá suporte e direção ao cuidado; facilita a pesquisa e o ensino; delimita as funções independentes de enfermagem; estimula o paciente a participar de seu tratamento e do plano terapêutico; e contribui para a expansão de um corpo de conhecimentos próprios para a enfermagem (JESUS, 1995). 12 As ações de enfermagem devem ser direcionadas para auxiliar o paciente a superar o impacto e os efeitos da doença, dar suporte à modificação do seu sistema de crenças e de valores e na reconstrução do significado da sua condição. De acordo com a Lei 8.080 de 19/09/90 em seu Capítulo I, Art. 5º, são objetivos do Sistema Único de Saúde: identificar e divulgar os fatores condicionantes e determinantes da saúde; dar assistência às pessoas por intermédio de ações de promoção, proteção e recuperação da saúde, com a realização integrada das ações assistenciais e das atividades preventivas. 13 3 MÉTODO Os aspectos metodológicos são importantes na construção e aplicação da ciência, indicando técnicas que favorecem a descoberta da realidade e sua comunicação na comunidade científica. Este estudo é de natureza descritiva e buscou identificar e descrever munícipes que participaram voluntariamente da campanha em alusão ao Dia do Rim, realizada em uma praça pública no município de Belém - PA, evento coordenado pela Fundação Hospital de Clínicas Gaspar Viana, Sociedade Brasileira de Nefrologia e apoio da associação dos Renais Crônicos do Pará. A amostra foi constituída por 240 informantes, sendo 146 mulheres e 94 homens, sendo adotado o seguinte critério de inclusão: participação voluntária com preenchimento de questionário para avaliação do RDC (SCREENING FOR OCCULT RENAL DISEASE, 2007) e aferição da pressão, Indice de Massa Corpórea (IMC) e glicemia. A coleta de dados foi desenvolvida utilizando-se de um formulário (anexo 1), cujo roteiro continha perguntas abertas e fechadas. O roteiro foi baseado nos objetivos do estudo e no seu referencial teórico, as entrevistas foram analisadas utilizando categorias que permitiram a interpretação descritiva do seu conteúdo. O registro das observações foi feito em um formulário. O material coletado através do formulário foi trabalhado de maneira estatística com cálculo de percentual, apresentado na forma de quadro e/ou tabela, e foram interpretados no conjunto com os demais materiais obtidos e a interpretação dos resultados foi feita à luz da literatura estudada. 14 4 RESULTADO E ANÁLISE Esta etapa do trabalho tem a finalidade de demonstrar os resultados da pesquisa que estão apresentados em forma de tabelas e categorias que representam os dados coletados, com respectivas análises e descrições dos mesmos. A descrição foi feita e analisada a partir dos indicadores que emergiram dos entrevistados, que constituíram a amostra da pesquisa. Desta forma é através de campanhas como esta que pode-se identificar possíveis pacientes renais; pessoas com predisposição a IRC ou com doenças que se tratadas (HAS, DM) podem retardar a evolução da DRC. A escolha foi direcionada pelo estudo bibliográfico realizado, por considerar elementos chaves e compatíveis com o problema que suscitou à realização da pesquisa, que são: orientação da população, identificar grupos vulneráveis, significado de doença, expectativas e qualidade do atendimento e prevenção de problemas específicos de saúde. Tabela 01 – Distribuição das pessoas que responderam ao questionário segundo idade e sexo. Belém-PA, 2014. Sexo Idade (anos) 0-11 12-18 19-49 50-59 60-69 ≥ 70 Feminino Masculino Nº 02 04 56 37 26 21 % 0,83 1,67 23,33 15,42 10,83 8,75 Nº 01 42 22 18 11 % 0,42 17,5 9,17 7,5 4,58 146 60,83 94 39,17 Total: 240 entrevistados Os resultados da Tabela 01 demonstram que mais de 60% dos entrevistados foram mulheres; 40,5% possuem idade entre 19-49 anos (23,3%mulheres e 17,5% homens) e 8,75% são mulheres entrevistadas com idade igual ou superior a 70 anos que, por esta condição, possuem pontuação RDC igual ou acima de 4 pontos. 15 Tabela 02 – Distribuição das pessoas que responderam ao questionário segundo sexo e nível Salarial. Belém-PA, 2014. Sexo Nível Salarial (salário mínimo) Desempregado Não informado 0-1 2-5 ≥5 Feminino Masculino Nº 05 17 60 58 06 % 2,08 7,08 25,0 24,17 2,5 Nº 01 05 30 49 09 % 0,42 2,08 12,5 20,42 3,75 146 60,83 94 39,17 Total: 240 entrevistados Na Tabela 02 observa-se que, do universo entrevistado, 25% das mulheres ganham até um salário mínimo, já os homens (20,42%) possuem renda entre 2-5 salários mínimos. Observa-se também que apenas 6,25% (2,5% mulheres e 3,7% homens) possuem renda superior a 5 (cinco) salários mínimos. Ceccarelli (1981) relata que pacientes com doença renal reduzem as responsabilidades relacionadas ao trabalho, o relacionamento familiar e social, ocasionando implicações não só para o paciente, mas também para os membros da família, uma vez que o papel de provedor do sustento pode, por necessidade, ser assumido pela esposa ou familiares. Essa troca de papéis exige um elevado grau de ajustamento. Tabela 03 – Distribuição das pessoas que responderam ao questionário segundo história clínica e sexo. Belém-PA, 2014. Sexo História Clínica Diabético Hipertenso Fumante Não possui Feminino Masculino Nº % 16 48 08 74 146 Total: 240 entrevistados 6,67 20,0 3,33 30,83 Nº 14 26 10 44 % 5,84 10,83 4,17 18,33 60,83 94 39,17 16 A tabela 03 demonstra que 30,8% dos entrevistados (20% mulheres e 10,83% homens) são hipertensos, já 12,51% do universo total entrevistado apresentam diabetes (6,7% mulheres e 5,8% homens). Observa-se ainda que a população masculina é maior quanto ao hábito de fumar (3,3% mulheres e 4,2% homens). Segundo pesquisa do Ministério da Saúde (SBH, 2012), 24,3% da população brasileira tem hipertensão arterial, sendo mais incidente nas mulheres. A mesma pesquisa revela que em Belém 17,9% da população é hipertensa em relação às patologias identificadas no estudo, com maior incidência nas mulheres (19%). Notícia divulgada no portal BrasilSus, revela que dados do Ministério da Saúde (2011) indicam que há 11milhões de portadores de diabetes, sendo que 7,5 milhões já estão diagnosticados, com incidência maior nas mulheres. Em Belém, o percentual de mulheres e homens acometidos com a patologia é semelhante (3,8%). O Instituto Nacional do Câncer (2008) ressalta que o tabagismo pode estar associado a 25% das mortes causadas por doenças coronarianas (angina e infarto do miocárdio); 85% das mortes por bronquite e enfisema; 90% de mortes por câncer do pulmão; 30% das mortes causadas por câncer rim, bexiga, entre outros e 25% por doenças vasculares. Tabela 04 – Distribuição das pessoas que responderam ao questionário segundo prática de exercícios físicos e sexo. Belém-PA, 2014. Sexo Prática de Exercícios Sim Não Feminino Masculino Nº 58 88 % 24,17 36,66 Nº 47 47 146 60,83 94 % 19,58 19,58 39,17 Total: 240 entrevistados A análise da Tabela 04 revela que a prática de exercícios físicos não é comum entre a população entrevistada, pois somente 43,7% a realizam (24,17% mulheres e 19,58% homens), observa-se também que as mulheres são maioria quanto a não prática do exercício físico (36,66%mulheres e 19,58% homens). Mello et al (2005) ressaltam que as vantagens do exercício físico regular incluem o controle do peso, PA e do perfil lipídico, melhora da sensibilidade à insulina e diminuição dos fatores trombóticos, assim como influencia positivamente nas funções cognitivas, transtorno de humor e sono, trazendo a sensação de bem-estar. 17 Tabela 05 – Distribuição das pessoas que responderam ao questionário segundo pontuação RDC e sexo. Belém-PA, 2014. Sexo Prática de Exercícios 0-3 ≥4 (RDC) Feminino Nº 78 68 146 Masculino % 32,5 28,33 60,83 Nº 69 25 % 28,75 10,42 94 39,17 Total: 240 entrevistados Na Tabela 05 observa-se que o índice de mulheres com RDC é superior a dos homens (28,33% mulheres e 10,42% homens). O RDC é uma avaliação que demonstra a possibilidade de uma pessoa ter doença renal crônica (RDC). Valores iguais ou superiores a 4 indicam que há 20% de chances de ter doença renal (SCREENING FOR OCCULT RENAL DISEASE, 2007). 18 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Observou-se nos resultados que o risco de doença renal e de doenças de base, como diabetes e a hipertensão, são maiores na população feminina, a busca pelo atendimento também é maior entre as mulheres, assim como a prática de exercícios. Neste contexto, todas as pessoas atendidas e com risco de doença renal foram encaminhadas para o ambulatório de nefrologia da FHCGV, para serem acompanhados e orientados para que se consiga retardar ou evitar a doença renal crônica. Grande parte dos entrevistados poderá perder suas funções renais gradativamente através de doenças secundárias que poderiam ser facilmente tratadas e controladas, desta forma deve-se fazer um trabalho de educação direcionado a conscientizar a população sobre como evitar nefropatias. Os resultados demonstraram que todos os entrevistados com idade igual ou superior a 70 anos ou mulheres com idade entre 60-69 anos possuem o risco de doença renal. A doença crônica é uma experiência multidimensional que produz uma variedade de percepções sobre os eventos relacionados ou gerados pela doença e o tratamento, podendo ser apontadas como problemas que criam dificuldades e causam estresse, preocupações ou representam desafios à qualidade de vida da pessoa. Por fim, o estudo evidencia a importância das ações de atenção precoce e de promoção e prevenção que podem ser realizadas pela Atenção Básica a fim de minimizar a possibilidade de agravamento das doenças e o comprometimento da qualidade de vida dos portadores destas doenças de base. 19 REFERÊNCIAS BARBOSA, D.A; GUNJI, C.K; BITTENCOURT, A.R.C; BELASCO, A.G.S; DICCINI, S; VATTIMO, F; VIANNA, L.A.C. Co-morbidade e mortalidade de pacientes em início de diálise. Acta Paul Enferm. 2006; 19(3):304-9. BARROS, E. Nefrologia: rotinas, diagnóstico e tratamento. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999. BRASIL. Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. DOU de 20 de setembro de 1990, p. 18.055. CECCARELLI, C.M. Terapia pela hemodiálise para o paciente com IRC – in: Clinicas de enfermagem da América do Norte. Rio de Janeiro: Interamericana, 1981. FRÁGUAS, G; SOARES, S.M; SILVA, P.A.B. A família no contexto de cuidado do portador de nefropatia diabética. Esc Anna Nery. Rev. Enferm, 2008 jun; 12(2): 271-7. 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Disponível em: HTTPS://www.brasilsus.com.br/noticias/9-principais/101332-brasil-tem-75-milhoes-depessoas-diagnosticas-com-diabetes.html. acesso em 01/05/14. MELLO, M.T; et al. O exercício físico e os aspectos psicobiológicos. Rev. Bras. Med. Esporte, v.11, n.3, p. 203-207, 2005. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Prevenção de doenças crônicas: um investimento vital. Brasília (DF);2005. 20 PREVEDELLO, Luciano. Paraná: Instituto do Rim, 2002. Disponível na Internet: <http://www.rim-online.com.br>. SCREENING FOR OCCULT RENAL DISEASE (Scored). Arch. Intern. Med. Vol. 167, pag. 378, 2007. Disponível em: HTTP://idmed.terra.com.br/saude-de-a-z/indice-de-doencase-condicoes/doenca-renal-cronica/teste-de-avaliacao.html. Acesso em: 02/04/14. SILVEIRA, L.M.C; Ribeiro, V.M.B. Grupo de adesão ao tratamento: espaço de “ensinagem” para profissionais de saúde e pacientes. Interface: Comunicação, Saúde, Educação 9(16):91104. SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO (SBH). Notícias. 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( ) Não ( ) Sim 7. Prática de exercícios? ( ) Não ( ) Sim Exame físico: Pressão aterial (mmHg): ....../...... Peso (Kg): ....../...... Glicemia capilar (mg/dl): ....../...... 2. Familiar diabético? ( ) Não ( ) Sim 4. Familiar hipertenso? ( ) Não ( ) Sim 6. Medicamento em uso regular (anotar): Nº dias/semana: ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6 ( ) 7 Altura (cm): ........ Idade Tem entre 50-59 anos Tem entre 60-69 anos Tem 70 anos ou mais É Mulher Teve/ tem anemia Tem diabetes Tem pressão alta Já teve infarto do miocárdio ou “derrame” (AVC) Tem insuficiência cardíaca Tem doença circulatória nos membros inferiores Tem proteína na urina RESPOSTA SIM SIM SIM SIM SIM SIM SIM SIM SIM SIM SIM IMC: ...... PONTOS 2 3 4 1 1 1 1 1 1 1 1 SOME OS PONTOS E VERIFIQUE: Pontuação 0 a 3: Possivelmente não há doença renal Pontuação ≥ 4: Chance de 20% (ou de 1 em 5) de ter RDC PONTUAÇÃO RDC OBTIDA: Urinálise Proteinúria: ( ) Não ( ) Sim ( ) {+} ( ) {++} ( ) {+++} ( ) {++++} Hematúria: ( ) Não ( ) Sim ( ) {+} ( ) {++} ( ) {+++} ( ) {++++} Teste do nitrito: ( ) Negativo ( ) Positivo Glicosúria: ( ) Negativo ( ) Positivo CONSULTA MÉDICA E ORIENTAÇÕES GERAIS: ( ) REFERENCIADO PARA: ORIENTAÇÕES GERAIS: ( )