Resumo do capitulo 34 do Goodman por: Bianca Bandeira, Camila Ferreira e Natalia Oliveira Com Wikipédia e http://www.manuaisdecardiologia.med.br/ ARRITMIAS CARDÍACAS Alteração do ritmo dos impulsos elétricos (nódulos AS e AV). Alteração da condução dos IE pelas fibras do miocárdio (feixe de His, rede de Purkinje). Classificação Extra-sístole (batimento prematuro ou contração ectópica). Fibrilação (contração rápida e irregular). “Flutter” (contração menos rápida e irregular). Taquicardia paroxística (aceleração dos batimentos). FÁRMACOS ANTIARRÍTMICOS ANTIARRÍTMICOS DA CLASSE I Funcionam pelo bloqueio (são antagonistas) seletivo dos canais de sódio, os quais são proteínas de membrana presentes em grande número em cada célula muscular cardiaca. Este bloqueio inibe a iniciação do potencial de ação que inicia a contracção da célula com cada batimento. Os farmacos deste grupo tendem a inibir os canais que foram abertos recentemente, mas inibem pouco aqueles que estão fechados há mais tempo. Logo, eles impedem batimentos muito próximos como ocorrem nas arritmias, mas não impedem os batimentos espaçados normais do coração. O batimento do coração torna-se mais lento e regular. Existem três sub-classes 1. Ia com dissociação intermédia. 2. Ib de dissociação rápida do antagonista; 3. Ic com dissociação lenta Efeitos Todas as subclasses tendem a diminuir os batimentos ectópicos (anormais) normais. O coração bate mais lentamente e regularmente. Subclasse Ia Subclasse Ib Exemplos ajmalina cibenzolina - aprindina – mexiletina – recainam – disopiramida – hidroquinidina - tocainida - lidocaína lorajmina pirmenol procainamida - quinidina – recainam Uso Menor velocidade da Menor velocidade da clínico despolarização; despolarização, Prolonga a repolarização; Prolonga levemente a Prolonga segmentos PR, QRS e despolarização; QT. Encurta a repolarização; Controle de arritmias de origem Encurta o segmento QT; ventricular; prevenção de Controle de taquicardia fibrilhação auricular por ventricular (batimentos disfunção nervosa (do nervo acelerados); vago). prevenção de arritmias pósenfarte do miócardio. Efeitos colaterais Esta subclasse tem os piores efeitos secundários. Estes consistem em interferências com o sistema parassimpático (sistema autónomo nervoso): Boca seca Obstipação Retenção Urinária Confusão mental Convulsões sem afetar demasiado os batimentos Subclasse Ic diprofenona – encainida flecainida – indecainida lorcainidapilsicainida propafenona – recainam – – – Menor velocidade da despolarização, Prolonga intensamente a despolarização; Leve alteração na repolarização; Prolonga, intensamente, segmentos PR e QRS. Supressão eficaz de batimentos ectópicos de origem ventricular. controlo de fibrilhação auricular e disturbios do sistema de condução cardiaco. QUINIDINA Ia Usada para manter o ritmo sinusal em pacientes com flutter ou fibrilação atriais e prevenir a recorrência de taquicardia ou fibrilação ventricular. A quinidina é bem absorvida; liga-se às proteínas plasmáticas, incluindo a albumina e é metabolizada no fígado. Efeitos farmacológicos A quinidina bloqueia a corrente de Na+ e múltiplas correntes cardíacas de K+. É um bloqueador dos canais de Na+ aberto. As propriedades bloqueadoras do canal de Na+ da quinidina resultam em um aumento do limiar para excitabilidade e na diminuição do automatismo. Em conseqüência de suas ações bloqueadoras do canal de K+, a quinidina prolonga os potenciais de ação na maioria das células cardíacas de forma mais proeminente nas freqüências cardíacas + lentas. Tem efeitos anti-muscarinicos (receptor muscarinico do sistema parassimpático). Induz bloqueio do receptor a-adrenérgico e inibição vagal. Assim, o uso intravenoso de quinidina se associa a hipotensão e bradicardia sinusal. Os efeitos vagolíticos tendem a inibir seus efeitos depressores diretos sobre a condução do nodo AV, de modo que o efeito do fármaco sobre o intervalo PR é variável. O efeito vagolítico pode resultar em aumento da transmissão pelo nodo AV de taquicardias atriais como o flutter atrial. Efeitos clinicamente úteis Prolonga o intervalo QRS no eletrocardiograma, prolongado o potencial de acção. Diminui a frequência cardiaca. É antagonista fraco dos receptores adrenérgicos alfa, produzindo vasodilatação. Efeitos adversos Não-cardíacos Náuseas, diarreia, vómitos. Cefaleias, zumbidos, vertigens. Algumas reações imunológicas podem ocorrer durante tratamento com quinidina. A mais comum é a trombocitopênia, que pode ser grave, mas que se resolve rapidamente com a interrupção do tratamento. Cardíacos Prolongamento do intervalo QT A quinidina pode exacerbar a insuficiência cardíaca e a doença do sistema de condução. Entretanto, na maioria dos pacientes com insuficiência cardíaca congestiva, a quinidina é bem tolerada, talvez pelas suas ações vasodilatadoras. Interações medicamentosas O metabolismo da quinidina é induzido por fármacos como o fenobarbital e a fenitoína. Em pacientes que recebem esses agentes, podem ser necessárias doses muito altas de quinidina para se obterem concentrações terapêuticas. Se o tratamento com o agente indutor for interrompido, as concentrações de quinidina podem subir para níveis muito altos e suas doses devem ser ajustadas para menos. A cimetidina e o verapamil também elevam as concentrações plasmáticas de quinidina, mas esses efeitos costumam ser modestos. Aumenta a toxicidade da digoxina e outros cardioglicosideos. LIDOCAÍNA Ib É um anestésico local útil no tratamento intravenoso imediato das arritmias ventriculares. A administração de lidocaína a todos os pacientes com suspeita de infarto do miocárdio reduziu a incidência de fibrilação ventricular. Entretanto, a sobrevida após a alta hospitalar tendeu a diminuir pela exacerbação do bloqueio cardíaco da insuficiência cardíaca congestiva. Por essa razão, nas unidades coronarianas, a lidocaína não é mais rotineiramente administrada a todos os pacientes. Taquicardia ventricular, especialmente pós enfarte do miocárdio, é a primeira escolha. Fibrilação ventricular, primeira escolha. Anestésico local em pequenas operações cirúrgicas (como as dentárias). Administração Para efeito antiarrítmico, seu uso intravenoso é o de escolha. Podendo ser utilizada por via endotraqueal em casos de emergência, quando o acesso venoso ainda não foi estabelecido. Utiliza-se também a aplicação em spray para anestesia tópica de mucosas, a exemplo de seu uso na endoscopia digestiva e técnicas de intubação com o paciente acordado. Para bloqueios anestésicos loco-regionais, infiltra-se com agulha o anestésico na pele, ou na proximidade de troncos nervosos. Também é utilizada em raquianestesia e anestesia peridural. Efeitos farmacológicos A lidocaína bloqueia os canais de Na+ abertos ou inativados. A recuperação do bloqueio é muito rápida, de modo que a lidocaína exerce efeitos maiores em tecidos despolarizados (isquêmicos) e/ou que recebem impulsos rápidos. A lidocaína não é útil nas arritmias atriais, porque os potenciais de ação atriais são tão curtos que o canal de Na+ está apenas brevemente no seu estado inativado, em comparação com os tempos diastólicos (de recuperação), que são relativamente longos. A lidocaína pode hiperpolarizar as fibras de Purkinje despolarizadas. A maior velocidade de condução pode ter efeitos antiarrítmicos nos processos em que há reentrada. A lidocaína não exerce qualquer efeito significativo sobre a duração do intervalo PR ou do complexo QRS; o intervalo QT fica inalterado ou é levemente encurtado. Sofre extenso metabolismo de primeira passagem; assim, a administração oral do fármaco não é apropriada. Efeitos clinicamente Úteis Encurta o potencial de ação e prolonga a diástole. Diminui a taxa de contracção cardiaca, eliminando especialmente os batimentos ectópicos. Impede a condução de potencial de ação nos axônios dos nervos periféricos, quando usada topicamente. Efeitos adversos Quando uma grande dose de lidocaína é administrada rapidamente por via intravenosa, podem ocorrer convulsões. Tremores, disartria e alteração dos níveis de consciência são mais comuns quando, durante o tratamento de manutenção, a concentração plasmática do fármaco sobe lentamente acima da faixa terapêutica. O nistagmo é um sinal precoce de toxicidade por lidocaína. Toxicidade sistêmica São raros os efeitos tóxicos da lidocaína. Em geral só aparecem em decorrência de sobredose ou injeção intravascular inadvertida. Dentre as manifestações, podemos citar: Hipotensão arterial Sensação de cabeça leve Tinitus (zumbido no ouvido) Parestesias - Sensação de formigamento na língua e lábios Como manifestações mais graves podemos observar: Convulsões Colapso cardiovascular FLECAINIDA Ic A recuperação do bloqueio do canal de Na+ com esse fármaco se dá com uma recuperação muito longa. Aumenta a mortalidade em pacientes que convalescia de infarto do miocárdio. É aprovada para manutenção do ritmo sinusal em pacientes com arritmias supraventriculares incluindo a fibrilação atrial; que não tenham doença cardíaca estrutural. Efeitos farmacológicos A duração do potencial de ação é encurtada nas células de Purkinje, provavelmente devido ao bloqueio dos canais de Na+ de abertura tardia, mas prolongada nas células ventriculares, provavelmente devido ao bloqueio da corrente regeneradora tardia. Ela é um bloqueador de lenta dissociação dos canais de sódio e de potássio nos miócitos condutores do coração. Não prolonga o potencial de acção. No tecido atrial, a flecainida prolonga de forma desproporcional os potenciais de ação nas freqüências rápidas, um efeito farmacológico antiarrítmico especialmente desejável que contrasta com o da quinidina, que prolonga os potenciais de ação atriais em maior extensão nas freqüências mais baixas. A flecainida prolonga a duração dos intervalos PR e QT e do complexo QRS, mesmo em freqüências cardíacas normais. Efeitos clinicamente Úteis Suprime contracções ventriculares prematuras. Diminui a frequência cardiaca. Efeitos adversos A visão borrada, relacionada com a dose, é o efeito adverso não-cardíaco mais comum. A flecainida pode exacerbar a insuficiência cardíaca congestiva em pacientes com depressão do desempenho ventricular esquerdo. Os efeitos adversos mais sérios são deflagração ou exacerbação de arritmias potencialmente letais, que incluem a aceleração da freqüência ventricular em pacientes com flutter atrial, maior freqüência de episódio de taquicardia ventricular reentrante e maior mortalidade em pacientes que convalescem de um infarto do miocárdio. Todos esses efeitos podem ser atribuídos ao bloqueio do canal de Na+. A flecainida também pode causar bloqueio cardíaco em pacientes com doença do sistema de condução. Causa arritmias em doentes com taquicardia ventricular ou após enfarte do miocárdio. A longo prazo risco de insuficiência cardiaca. ANTIARRITMICOS DA CLASSE II BETA BLOQUEADORES Uso como antiarrítmico ou para a prevenção da morte súbita pós IAM: o acebutalol, o esmolol, o metoprolol, o propranolol, o atenolol e o timolol. Ação Eletrofisiológica É exercida pela inibição competitiva da ligação das catecolaminas aos receptores beta adrenérgicos. Produz redução do automatismo no nó sinusal e nas fibras de purkinge, que estejam sofrendo estímulo adrenérgico. Não há alteração, nas doses usuais, do potencial de repouso transmembrana, da amplitude máxima do potencial diastólico, do Vmax, repolarização ou refratariedade das células atriais, purkinje ou musculares ventriculares. O propranolol reduz a freqüência sinusal em 10 a 20%. Pode ocorrer bradicardia severa na presença de doença do nó sinusal ou se a FC é muito dependente do tônus adrenérgico. O intervalo PR e a condução a nível do nó AV aumentam. Não ocorrem alterações do QRS ou do QT. Exceção se faz ao Sotolol (classe III). Indicações e uso clínico Arritmias associadas a: Tireotoxicose Feocromocitoma Anestesia com ciclo-propano ou halotano Arritmias induzidas por estimulo adrenérgico excessivo como exercícios ou emoções. Reduz a freqüência ventricular na FA/flutter, mas não altera a freqüência atrial nessas arritmias. Não é capaz de reverter a FA crônica para o ritmo sinusal, mas pode reverter o quadro agudo. É mais eficaz que o digital no controle da freqüência cardíaca no paciente sem insuficiência cardíaca. Pode ser usada nas taquicardias supra-ventriculares por reentrada: Taquicardia AV nodal Taquicardia ortodrômica da síndrome de Wolf Parkinson White Taquicardia sinusal inapropriada Reentrada sinusal Nesses casos pode reverter a arritmia e previnir novos surtos. Propranolol pode ser usado nas arritmias ventriculares associadas ao prolapso da valva mitral e na síndrome do QT longo. Reduz o risco de morte súbita pós IAM. ANTIARRÍTMICOS DA CLASSE III Drogas que atuam no bloqueio dos canais de potássio interferem fundamentalmente na repolarização (fase 3), sendo drogas que prolongam o QT. AMÍODARONA É um análogo estrutural do hormônio da tireóide (apresenta em sua composição grande quantidade de iodo) e parte das suas ações antiarrítmicas e da sua toxicidade podem ser atribuível à interação com os receptores nucleares de hormônio. É altamente lipofílica, concentra-se em muitos tecidos. É indicado p/ o tratamento oral de pacientes com taquicardia ventricular recorrente ou fibrilação resistente a outros fármacos. É eficaz para manter o ritmo sinusal em pacientes com fibrilação atrial. A forma intravenosa é indicada para a cessação imediata da taquicardia ou fibrilação ventricular e está suplantando a lidocaína como tratamento de primeira linha para a parada cardíaca fora do hospital. Relaxa a musculatura lisa e diminui a resistência coronária e vascular periférica. Além disso, provoca bradicardia sinusal e exerce ações antiadrenérgicas não-competitivas. Excretada por via biliar, visto que sua eliminação renal é praticamente desprezível. Efeitos farmacológicos Os efeitos podem ser mediados pela perturbação do ambiente lipídico dos canais iônicos. A amiodarona bloqueia os canais de Na+ inativados, sendo a velocidade de recuperação do bloqueio relativamente rápida. Diminui a corrente de Ca2+, as correntes regeneradoras tardias de efluxo e as correntes de K+ regeneradoras de influxo, exercendo também um efeito bloqueador adrenérgico não-competitivo. A amiodarona inibe potentemente o automatismo anormal e prolonga a duração do potencial de ação. Diminui a velocidade de condução pelo bloqueio do canal de Na+. Durante o tratamento a longo prazo são freqüentes os prolongamentos do complexo QRS, dos intervalos PR e QT e bradicardia sinusal. Prolonga a refratariedade em todos os tecidos cardíacos; o bloqueio do canal de Na+, a repolarização tardia devida ao bloqueio do canal de K+ e a inibição do acoplamento célula a célula podem todos contribuir para esse efeito. Efeitos eletrofisiológicos Prolonga o potencial de ação e a refratariedade de todas as fibras cardíacas, sem afetar o potencial de repouso. Quando administrado agudamente o potencial de ação nas fibras de purkinge é reduzido. Reduz a freqüência sinusal e AV e prolonga o tempo de condução AV. Ocorre aumento do intervalo QT e aparecimento de onda U. Não ocorre dispersão do QT. A freqüência sinusal se reduz em cerca de 20%. As catecolaminas podem reverter parcialmente os efeitos da amiodarona. Efeitos adversos A hipotensão decorrente da vasodilatação e a depressão do desempenho miocárdico são freqüentes com a forma intravenosa. Os efeitos adversos durante o tratamento de manutenção a longo prazo refletem o tamanho das doses diárias de manutenção, a dose cumulativa e o acúmulo tissular. O efeito adverso mais sério durante a tratamento a longo prazo é a fibrose pulmonar, que pode ser rapidamente progressiva e fatal. Parecem ser fatores de risco a presença de doença pulmonar e afecções pulmonares recentes como pneumonias. Outros efeitos adversos durante o tratamento a longo prazo incluem microdepósitos corneanos (freqüentemente assintomáticos), disfunção hepática, sintomas neuromusculares (na maioria das vezes neuropatia periférica e fraqueza muscular proximal), fotossensibilidade e hipo ou hipertireoidismo. O tratamento consiste na retirada do fármaco e em medidas de suporte, incluindo corticosteróides, para a toxicidade pulmonar potencialmente fatal; a redução da dose pode ser suficiente se o fármaco for considerado necessário e o efeito adverso não for potencialmente fatal. SOTALOL É uma droga betabloqueadora (antagonista não-seletivo do receptor beta adrenérgico) com características peculiares, associando efeitos eletrofisiológicos típicas das drogas pertencentes às classes II (potentes propriedades betabloqueadoras não-cardiosseletivas) e III (prolongamento da repolarização das fibras cardíacas). Prolonga os potenciais de ação cardíacos, inibindo a corrente regeneradora tardia e, possivelmente, outras correntes de K+. A mistura racêmica de sotalol é aprovada para uso em pacientes com taquiarritmias ventriculares e fibrilação ou flutter atriais. Nas arritmias ventriculares o sotalol é pelo menos tão eficaz quanto a maioria dos bloqueadores do canal de Na+. O sotalol prolonga a duração do potencial de ação em todo o coração e o intervalo QT no ECG. Diminui o automatismo, alentece a condução no nodo AV e prolonga a refratariedade AV bloqueando os canais de K+ e os receptores beta adrenérgicos, embora não exerça efeito algum sobre a velocidade de condução no tecido de resposta rápida. Uso clínico É droga de primeira linha, eficaz e bem tolerada na supressão de taquiarritmias ventriculares sustentadas, refratárias e que representam risco de vida, principalmente quando associadas à cardiopatia isquêmica. Possibilita a supressão de extra-sístoles atriais, de taquicardias atriais ectópicas, das taquiarritmias da síndrome de Wolff-Parkinson-White, sendo útil ainda na redução da resposta ventricular ao flutter e fibrilação atriais. O sotalol é superior aos betabloqueadores convencionais na redução do número e complexidade das extrasístoles ventriculares e quando comparado aos antiarrítmicos do grupo I, é mais eficaz na prevenção de fibrilação ou taquicardia ventriculares induzidas por estimulação elétrica programada. Quando comparado à quinidina na manutenção do ritmo sinusal após cardioversão elétrica da fibrilação atrial crônica, o sotalol não somente é mais eficaz como melhor tolerado. Tanto no flutter quanto na fibrilação atriais seu efeito na prevenção destas arritmias parece ser muito mais significativo do que na resolução das mesmas. Na síndrome de Wolff-Parkinson-White, o sotalol aumenta o período refratário efetivo do átrio e ventrículo direitos, além de deprimir a condução do NAV e feixes acessórios, tanto na direção anterográda quanto retrógrada, mostrando-se também, muito útil no controle da resposta ventricular na fibrilação atrial associada a essa arritmia. A suspensão abrupta da droga deve ser evitada diante do risco de hipertensão rebote e do agravamento de angina ou arritmias, resposta comum aos betabloqueadores. Efeitos adversos Os efeitos adversos são os que se associam com os receptores beta adrenérgicos. Adicionalmente, pode produzir proarritmia (3 a 5% dos casos) relacionadas à síndrome do QT prolongado e torsade de pointes (forma mais comum de arritmia). Em geral, os efeitos proarrítmicos do sotalol ocorrem após 7 dias do início do tratamento ou da progressão das doses. Portanto, a monitorização eletrocardiográfica do intervalo QT, dos eletrólitos séricos e da freqüência cardíaca são mandatórias. Interações Medicamentosas Drogas que prolongam o intervalo QT, como antiarrítmicos da classe IA (quinidina, procainamida, disopiramida), certos antihistamínicos (terfenadina, astemizol), fenotiazinas, eritromicina e antidepressivos tricíclicos, teoricamente aumentam o potencial proarrítmico. O uso concomitante de diuréticos necessita monitorização sérica do potássio. Os bloqueadores do cálcio e demais betabloqueadores podem interagir deprimindo a função ventricular, dos nós SA e AV. Contra-indicações Hipersensibilidade conhecida à droga, síndromes do QT longo, presença de fatores de riscos evidentes para proarritmia além das contra-indicações próprias dos betabloqueadores. ANTIARRÍTMICOS DA CLASSE IV São os bloqueadores dos canais de cálcio. O Verapamil é protótipo para este grupo. O Diltiazem possui características eletrofisiológicas similares. Ação Eletrofisiológica O Verapamil bloqueia os canais lentos de cálcio em todas as fibras cardíacas, reduzindo a fase de platô do potencial de ação, encurtando discretamente o potencial de ação nas fibras musculares e aumentando o potencial de ação nas fibras de purkinge. Não altera a fase 0, nem o potencial de repouso em células de resposta rápida . Causa supressão do nó sinusal e nó AV. Atua na redução do Vmax da fase 0, do potencial máximo diastólico, da amplitude do potencial de ação tanto no nó ,sinusal como no nó AV e aumenta o tempo de condução e o período refratário do nó AV. Aumenta o intervalo AH sem interferir os intervalos PA, HV, e o QRS. Aumenta o período refratário do nó AV tanto anterogrado quanto retrogrado. A freqüência do nó sinusal diminui, sendo apenas parcialmente reversível pela atropina. Normalmente a vasodilatação causada pela droga causa de forma reflexa uma redução pouco significativa da FC. Em associação com o beta bloqueador esse reflexo está bloqueado e a redução da FC é potencializada. O Verapamil não atua em vias acessórias. No entanto pelo efeito simpático reflexo, pode aumentar a resposta atrial da fibrilação atrial e com isso aumentar a resposta ventricular na fibrilação atrial com síndrome de Wolf Parkinson White. Indicações e uso clínico Segunda opção após a adenosina nas taquiarritmias por reentrada sinusal, AV nodal e associadas à via anômala (ortodrômica). Taxa de sucesso de até 90%. Dose usual do verapamil é 10mg EV em 1 a 2 minutos de infusão. Dose pode ser repetida em 30 minutos. A dose venosa de Diltiazem é de 0,25mg/Kg em bolus de 2 minutos, com uma segunda dose em 15 minutos se necessário. Interações medicamentosas Os antagonistas dos canais de cálcio podem aumentar o nível sérico de digoxina, com possibilidade de intoxicação digitálica. O diltiazem, mais especificamente, pode aumentar em cerca de 20% os níveis de digoxina. Além disso, verapamil e diltiazem têm ação aditiva à digoxina em alguns aspectos farmacológicos, podendo desencadear bradicardia sintomática e bloqueios de condução. A associação com beta bloqueadores provoca redução acentuada do inotropismo e do dromotropismo, como diltiazem e principalmente o verapamil deve ser evitada. Esta associação pode causar distúrbios da condução cardíaca e depressão miocárdica, podendo-se observar bloqueios atrioventriculares de graus diversos, bradicardia, hipotensão arterial sistêmica, insuficiência cardíaca e morte súbita. O potencial de complicação é maior na presença de disfunção ventricular esquerda e/ou retardo da condução atrioventricular. Efeitos Colaterais e Contra-indicações Verapamil e Diltiazem: Constipação intestinal (mais comum do verapamil), edema, cefaléia (mais freqüente do diltiazem), náuseas, tonturas, dispnéia e astenia; Ação cardiodepressora, bradicardia, BAV de todos os graus. Verapamil nunca deve ser usado associado à beta-bloqueador. Atenção aos distúrbios de condução pré existentes, a insuficiência cardíaca e uso de digitálicos. GLICOSÍDIOS CARDÍACOS Efeitos farmacológicos Efeitos inotrópicos positivos, resultando em um aumento do Ca2+ intracelular, que também é a base para as arritmias relacionadas com a intoxicação por glicosídios cardíacos. São amplamente utilizados na insuficiência cardíaca. Exercem ações vagotônicas (digoxina), que resultam em inibição das correntes de Ca2+ no nodo AV e ativação das correntes de K+ mediadas por acetilcolina no átrio. Assim, os principais efeitos eletrofisiológicos "indiretos" dos glicosídios são: 1. Hiperpolarização 2. Encurtamento dos potenciais de ação 3. Aumento da refratariedade do nodo AV: o digital cessa as arritmias reentrantes envolvendo o nodo AV e controla a resposta ventricular em pacientes com fibrilação atrial. Muitos desses pacientes têm insuficiência cardíaca, que pode ser exacerbada por outros fármacos que bloqueiam o nodo AV, como os bloqueadores de canal de Ca2+ ou antagonistas do receptor beta adrenérgico. Nas condições em que há um alto tônus simpático, acelerando a condução atrioventricular (doença pulmonar crônica e tireotoxicose), o tratamento com digitálicos pode ser apenas marginalmente eficaz em reduzir a freqüência. Em pacientes com transplantes cardíacos, nos quais houve ablação da inervação, os glicosídios cardíacos são ineficazes para o controle da freqüência. O aumento da atividade simpática e a hipóxia podem potencializar as alterações induzidas pelos digitálicos no automatismo e nas PDT pos despolarização tardia, aumentado assim o risco de toxicidade digitálica. Uma complicação adicional na tireotoxicose é a maior depuração de digoxina. Os principais efeitos eletrocardiográficos dos glicosídios cardíacos são o prolongamento do intervalo PR e a alteração inespecífica da repolarização ventricular. Efeitos adversos A toxicidade dos glicosídios cardíacos é um problema clínico comum. Arritmias, náuseas, distúrbios disfunção cognitiva e visão borrada ou amarela são as manifestações habituais. Concentrações séricas elevadas de digitálicos, hipoxia (devida a doença pulmonar crônica) e anormalidades eletrolíticas (hipopotassernia, hipomagnesemia e hipercalcemia) predispõem a arritmias induzidas por digitálicos. As arritmias que devem levantar forte suspeita de intoxicação digitálica são aquelas nas quais ocorre taquicardia relacionada com PDT associada ao comprometimento da função do nodo sinusal ou do nodo AV. Na intoxicação grave observam-se hiperpotassemia grave, devida ao envenenamento da Na+,K+-ATPase, e profunda bradiarritmia, que pode não responder ao tratamento com marca-passo. Em pacientes com níveis séricos elevados de digitálicos, o risco de precipitar fibrilação ventricular por cardioversão com CC é provavelmente maior; nos pacientes com níveis sanguíneos terapêuticos, a cardioversão com CC pode ser usada com segurança.