Português e Italiano: um estudo comparativo Annita Gullo (UFRJ) O objetivo desse trabalho é apresentar as pesquisas de estudo comparativo de aspectos gramaticais do italiano e do português desenvolvidas por alunos da área de Estudos Lingüísticos, opção Língua Italiana, no âmbito do Programa de Pós Graduação em Letras Neolatinas da Faculdade de Letras/UFRJ. Destacamos as seguintes pesquisas em andamento: 1 – A realização do sujeito pronominal A influência do português brasileiro como língua materna (L1) no processo de aprendizagem da língua italiana como língua estrangeira (LE) no que concerne à representação do sujeito pronominal. Como a mudança no português brasileiro (PB) em direção ao sujeito pronominal pleno está bastante avançada e o italiano é uma língua de sujeito nulo, partimos do pressuposto de que haveria influência de L1 nos estágios iniciais da aprendizagem. A pesquisa se sustenta em pressupostos teóricos da Lingüística Contrastiva e o instrumental da Sociolingüística Variacionista Para testar a influência da L1 nos estágios iniciais da aprendizagem, utilizamos os resultados de pesquisas empíricas sobre a realização do sujeito pronominal nas variedades culta e popular do português. Tais estudos utilizam a Teoria da Variação Lingüística e a Teoria de Princípios e Parâmetros. Nossos procedimentos foram os mesmos, no sentido de tornar os resultados comparáveis. O corpus utilizado para a análise, constituído pela pesquisadora, consta da fala de oito informantes em diferentes níveis de escolaridade. Parte-se da hipótese de que com o avanço na fluência, a ocorrência de sujeito nulo aumente, tendo valores semelhantes aos da língua alvo (um sistema [+sujeito nulo]. Embora haja uma predominância de sujeitos nulos, os resultados não confirmam nossa hipótese, indicando que os aprendizes apresentam influência da língua materna mesmo nos estágios mais avançados, mostrando que o grau de escolaridade não é o fator determinante para a realização do sujeito. Pode ser que seja necessário maior contato e prática para atingir índices compatíveis com os da língua-alvo 2 – Construções com verbo-suporte: português e italiano em confronto Propõe-se um estudo contrastivo entre Construções com verbo-suporte no português brasileiro e no italiano, de modo a descrever semelhanças e diferenças sintáticas, semânticas e pragmáticas. A presente pesquisa focaliza o verbo-suporte à luz da Teoria da Gramática de Construções ( Goldelberg, 1995), contribuindo assim com uma nova perspectiva na abordagem deste fenômeno e almeja uma explicitação teórico-explicativa mais refinada do próprio conceito de verbo-suporte. Os corpora compreendem textos orais e escritos. Para interpretar os dados, conjugar-se-ão enfoques teórico-metodológicos funcionalistas e cognitivistas, focalizando o fenômeno da gramaticalização. A pesqisa assenta-se em uma análise predominantemente qualitativa de ocorrências dos verbos fazer e dar, no português, e fare e dare, no italiano. 3 – Orações coordenadas e subordinadas nas línguas italiana e portuguesa: Esta é uma pesquisa ainda em fase inicial. Pretende-se realizar um estudo de análise contrastiva sobre as orações coordenadas e subordinadas nas línguas italiana e portuguesa com base nas normas gramaticais italiana e brasileira visando a identificar semelhanças e diferenças nas duas línguas. O objetivo desta pesquisa é verificar até que ponto a gramática do Português do Brasil influencia a realização das estruturas frasais em língua italiana por aprendizes brasileiros. Será utilizado como apoio teórico a Língüística Contrativa. 4 – Emprego de formas nominais: gerúndio e infinitivo Estudo comparativo de formas nominais, gerúndio e infinitivo, em italiano e português a partir de roteiros cinematográficos contemporâneos. Levantamento de perífrases e verbos plenos visando à descrição de contextos convergentes e divergentes na atualidade. Línguas em contato: a transferência de usos dessas formas nominais no processo de ensino aprendizagem de Língua Estrangeira. Como desdobramento dessa pesquisa atualmente estamos usando o corpus de fala espontânea: C – ORAL – ROM ( Integrated Reference Corpora for Spoken Romance Languages ) que servirá de base para as comprovações das hipóteses levantadas. 5 – As preposições em italiano e português Estudo comparativo do uso das preposições em italiano e português tendo como base um corpus de fala espontânea: C – ORAL – ROM ( Integrated Reference Corpora for Spoken Romance Languages ). Levantamento das preposições mais usadas visando à descrição de contextos convergentes e divergentes na atualidade. Assim como nas demais pesquisas apresentadas pretende-se verificar como as duas línguas em questão se relacionam. A transferência de usos dessas preposições no processo de ensino aprendizagem de Italiano Língua Estrangeira. Obs: As pesquisas aqui apresentadas constituem propostas de temas para discussão no âmbito do Projeto, e pelo fato de estarem em andamento encontram-se abertas a sugestões. Referências bibliográficas: BECHARA, E. Moderna gramática portuguesa. Rio de Janeiro. Editora Lucerna, 2003. BERRUTO, Gaetano. Sociolinguistica dell’italiano contemporaneo, Roma: La Nuova Italia, 2006. CANTARIN,S. Costrutti com verbo supporto, Italiano e Tedesco a confronto. Bologna:Patron, 2004. CUNHA, Celso. Nova gramática do português comtemporâneo. . ed. – Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001. 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