33ª Edição

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Centro de Ensino Unificado de Teresina – CEUT
Faculdade de Ciências Humanas, Saúde, Exatas e Jurídicas de Teresina
Coordenação do Curso de Bacharelado em Enfermagem
Publicação Científica do Curso de Bacharelado em Enfermagem do CEUT. Ano 2010 (17). Edição 33
Caio Cézar Nogueira dos Anjos 1
Cleanto Furtado Bezerra 1
Morgano Félix Aragão 1
Selônia Patrícia Oliveira Sousa 2
Márcia Andrea Lial Sertão 3
Os micróbios que causam infecções do sistema reprodutor geralmente são muito sensíveis ao
estresse ambiental e requerem contato íntimo para transmissão, dentre eles a sífilis. Esta edição traz
como foco a sífilis congênita, uma das formas mais perturbadoras e perigosas da sífilis, transmitida
através da placenta ao feto. O prejuízo do desenvolvimento mental e outros sintomas neurológicos
estão entre as conseqüências mais graves. A partir da publicação da matéria Outubro é mês de
Campanha contra a Sífilis Congênita vejamos as características clínicas e epidemiológicas da
doença, seus aspectos clínicos e laboratorial, bem como situação epidemiológica em que se
encontra a nível mundial, nacional e local.
Outubro é mês de Campanha contra a Sífilis Congênita4
Durante todo o mês de outubro será realizada uma Campanha Nacional contra a Sífilis
Congênita. Em Barreiras, os testes serão realizados em todos os postos de saúde. Segundo a
coordenadora do Centro de Testagem e Aconselhamento - CTA, já foram notificados em Barreiras
10 casos de sífilis em adultos, um caso em gestante e uma congênita. “Esses números são apenas no
CTA. Infelizmente a Sífilis ainda não foi erradicada em Barreiras e as pessoas precisam ter a
consciência da importância de fazer os exames no pré-natal, tanto à gestante quanto o companheiro,
para que o bebe não nasça com má formação. A doença tem cura e o exame é garantido
gratuitamente pelo SUS em todos os postos de saúde”, disse Carla Suelck.
As pessoas devem ficar alerta quanto aos sintomas da sífilis. A doença apresenta três fases
de incubação, quem tem a bactéria pode não apresentar os sintomas. Portanto, é importante fazer os
exames. Na fase primária, aparece íngua na região próxima aos órgãos sexuais e que depois podem
desaparecer. Na fase secundária, surgem manchas nas palmas das mãos e planta dos pés e no corpo
como se fossem cataporas. Já na fase terciária, a sífilis atinge órgãos vitais internos como o cérebro,
vasos sanguíneos, fígado, olhos, nervos, coração, ossos, articulações e pode levar o indivíduo à
morte. É importante que a mulher grávida e seu parceiro façam os exames.
Procure o posto de saúde mais próximo de sua casa, quanto mais cedo for diagnosticado,
mais rápido será o tratamento. Dê saúde a uma nova vida, seu filho merece!
1
Acadêmicos do 3º Período de Enfermagem do CEUT
Acadêmica do 8º período de Enfermagem do CEUT e monitora do Observatório Epidemiológico
3
Professor da disciplina de epidemiologia do CEUT e orientador do Observatório Epidemiológico
4
Fonte: www.jornalnovafronteira.com.br em 08 de outubro de 2010.
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Observatório Epidemiológico | 32ª Semana Epidemiológica
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Figura 1 - O Treponema pallidum, agente etiológico da sífilis congênita
Figura 2 - Dia Nacional de Combate à Sífilis Congênita (20 de outubro). Governo Federal, Ministério da Saúde do
Brasil
Características Clínicas e Epidemiológicas

Descrição: A sífilis congênita (SC) é uma doença infecto-contagiosa sistêmica, de evolução
crônica. Sua ocorrência evidencia falhas dos serviços de saúde, particularmente da atenção ao
pré-natal, pois o diagnóstico precoce e tratamento da gestante são medidas relativamente
simples e bastante eficazes na prevenção dessa forma da doença.

Agente Etiológico: A infecção do feto pelo Treponema pallidum, transmitida por via
placentária, em qualquer momento da gestação. O T. pallidum é uma espiroqueta de alta
patogenicidade. Não é cultivável, mas a inoculação em cobaia permite seu isolamento e
confirmação laboratorial.

Reservatório: O homem é o único reservatório.

Período de Transmissibilidade: O T. pallidum, quando presente na corrente sanguínea da
gestante, atravessa a barreira placentária e penetra na corrente sanguínea do feto. A transmissão
pode ocorrer em qualquer fase da gestação, estando, entretanto, na dependência do estado da
infecção na gestante, ou seja, quanto mais recente a infecção, mais treponemas estarão
circulantes e, portanto, mais gravemente o feto será atingido.
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
Modo de Transmissão: A transmissão vertical pode ocorrer por todo o período gestacional.

Período de Incubação: Não é possível estabelecer, considerando que o concepto pode nascer já
com os sinais clínicos e laboratoriais da doença.

Susceptibilidade e imunidade: A suscetibilidade à doença é universal. A resposta imune, que
se desenvolve na criança com sífilis congênita, não impede nova implantação do agente
etiológico no local de inoculação.
Aspectos Clínicos e Laboratoriais

Manifestações Clínicas: O quadro clínico da sífilis congênita é variável, sendo classificada em
dois tipos:
- Sífilis congênita recente: Os sinais e sintomas surgem logo após o nascimento ou nos
primeiros 2 anos de vida, comumente nas 5 primeiras semanas. Os principais sinais são baixo
peso, rinite com coriza sero-sanguinolenta, obstrução nasal, prematuridade, osteocondrite,
periostite ou osteíte, choro ao manuseio.
- Sífilis congênita tardia: Os sinais e sintomas são observados a partir do 2º ano de vida. Os
principais sintomas são: tíbia em lâmina de sabre, fronte olímpica, nariz em sela, dentes
deformados (dentes de Hutchinson), mandíbula curta, arco palatino elevado, entre outros.

Diagnóstico Diferencial: O múltiplo comprometimento de órgãos e sistemas impõe o
diagnóstico diferencial com septicemia e outras infecções congênitas, tais como rubéola,
toxoplasmose, citomegalovirose, infecção generalizada pelo vírus do herpes simples e malária.
Lesões mais tardias poderão ser confundidas com sarampo, catapora, escarlatina e até escabiose.

Diagnóstico Laboratorial: Baseia-se na execução de um conjunto de exames:
- Pesquisa direta – a pesquisa do T. pallidum em material coletado de lesão cutâneo-mucosa, de
biópsia ou autópsia, assim como de placenta e de cordão umbilical, é um procedimento que
apresenta sensibilidade de 70 a 80%.
- Sorologia não treponêmica (VDRL) – indicada para o diagnóstico e seguimento terapêutico,
devido à propriedade de ser passível de titulação.
- Raio x de ossos longos – o achado de anormalidades em radiografias de ossos longos é comum
na sífilis congênita sintomática (de 70 a 90%), entre outros.

Tratamento: A penicilina é a droga de escolha para todas as apresentações da sífilis. Não há
relatos consistentes na literatura de casos de resistência treponêmica à droga. A análise clínica
do caso indicará o melhor esquema terapêutico.
Estratégia mundial de eliminação da sífilis congênita
Recentemente, tem havido vários artigos "vanguarda" sobre a sífilis materna e congênita no
Boletim Organização Mundial da Saúde para chamar a atenção sobre o problema da sífilis
congênita e defender ações voltadas à sua disposição worldwide. O Grupo de Assessoramento
Técnico-científico do Departamento de Saúde Reprodutiva e Pesquisa da OMS aprovou uma
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estratégia para a eliminação de sífilis congênita em todo o mundo, e incluiu a eliminação desta
doença no plano de trabalho do departamento 2004-2009.
Em 1995, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) lançou uma campanha regional
para reduzir a taxa da sífilis congênita nas Américas menos de 50 casos por 100 000 nascidos vivos.
A estratégia consistiu em: (1) aumentar a disponibilidade de atendimento pré-natal; (2)
sistematicamente realizar testes sorológicos sífilis durante o pré-natal e entrega, e (3) promover o
tratamento rápido das mulheres grávidas infectadas.
No mundo desenvolvido, as taxas de sífilis despencaram, levantou a questão de se continuar
com triagem para sífilis em mulheres grávidas. Esta edição levou a concluir as avaliações
econômicas em Noruega e Reino Unido, e avaliações parciais Austrália e os Estados Unidos Unido.
Modelos diferentes foram usados, mas todas as análises concluíram que a triagem é tanto
custo-efetiva e econômica, ainda que a prevalência está bem abaixo de 1% a 0,2. Sífilis
países desenvolvidos é custo-efetivo com uma prevalência muito baixo porque os custos médicos de
tratamento de um caso de sífilis congênita é alta.
Nos países em desenvolvimento, onde os custos dos programas cuidados de saúde diferem
significativamente países desenvolvidos, têm sido pouco avaliações econômicas. No entanto, na
África Subsaariana análise econômica de várias despesas médicas têm indicado que a triagem é
largamente rentável, mesmo com valores relativamente prevalência baixa, 18 isto é, 1%. Em três
estudos, o custo (2001) para evitar um caso de sífilis congênita foi de $ EUA 86-177 (EUA $ 86
para uma prevalência de 6,5% para EUA $ 177 para uma prevalência de 3,4%.
Situação epidemiológica da doença no Brasil
Em relação a situação epidemiológica da sífilis congênita no Brasil, apresenta-se dados
disponível a partir de 1998. A doença apresenta uma taxa de incidência elevada, de 1,8 p/1.000
nascidos viços em 2007, e com uma tendência de crescimento até o ano de 2006. Essa tendência
pode ser explicada, em parte, pela melhora da vigilância epidemiológica da doença, mas a carga da
doença é muito elevada, mais de 5 mil casos por ano, levando-se em conta sua vulnerabilidade a
medidas simples e altamente custo-efetivas (Gráfico 1). A decisão por uma estratégia de eliminação
da sífilis congênita, enquanto problema de saúde pública (taxa de incidência menor que 0,5 p/1.000
nascidos vivos), a partir de 2006, deve produzir impactos em médio prazo.
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Gráfico - 1 Sífilis congênita. Taxa de incidência em menores de 1 ano (p/1.000 nascidos vivos). Brasil, 1998-2007.
Refletindo a dificuldade de acesso à atenção pré-natal e a qualidade da mesma, a taxa de
incidência da sífilis congênita é três vezes maior no nordeste que no sul, apesar da provável
deficiência no registro daquela Região (Tabela 1).
Tabela 1 – Sífilis congênita. Números de casos e taxa de incidência (p/1.000 nascidos vivos) por Região. Brasil, 2006
A taxa de mortalidade, em menores de um ano, por sífilis congênita manteve-se estável na
década de 1990, com um coeficiente de 4 óbitos por 10.000 nascidos vivos. A partir de 1999,
apresentou uma tendência de redução, chegando em 2005, a 2,5 p/ 100.000 nascidos vivos, podendo
estar relacionada com a melhoria no acesso e na qualidade da atenção.
Tendência da sífilis congênita no Piauí
No período de 1998 a junho de 2008, foram notificados 295 casos de sífilis congênita no
Piauí. As taxas de incidência, em 2005 e 2006, foram 0,7 e 0,5 casos por mil nascidos vivos,
respectivamente. No período de 1996 a 2007, foram registrados 32 óbitos por sífilis congênita no
estado, apresentando, no ano de 2007, coeficiente de mortalidade de 1,8 por 100 mil nascidos vivos
(Tabela 2).
Tabela 2 - Numero absoluto de casos notificados de sífilis congênita em menores de um ano de idade*. Brasil, Região
Nordeste e Piauí, 1998 a 2008
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Gráfico - 2 Taxa de incidência (por mil nascidos vivos) de casos notificados e investigados de sífilis congênita em
menores de um ano de idade*. Brasil, Região Nordeste e Piauí, 1998 a 2007
Observa-se tendência de crescimento da taxa de incidência de casos de sífilis congênita em
menores de um ano, no Piauí, ate 2004 (1,2 por mil nascidos vivos), seguido por decréscimo
(Gráfico 2).
Referências
BRASIL, Ministério da Saúde. Guia de Vigilância Epidemiológica. 7 ed. – Brasília: Ministério
da Saúde, 2009.
_______, Ministério da Saúde. SAÚDE BRASIL 2008: 20 Anos de Sistema Único de Saúde
(SUS) Brasil. Brasília: Ministério da Saúde, 2009.
_______, Ministério da Saúde. sífilis congênita – glossário. Disponível em: www.saude.gov.br.
Acessado em 08 out.2010.
________, Ministério da Saúde. Sistema Nacional de Vigilância em Saúde: relatório de
situação: Piauí. 2. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2009.
OMS, Organización Mundial de la Salud. Eliminación mundial de la sífilis congénita:
fundamentos y estrategia para la acción. Suiza: Organización Mundial de la Salud, 2008.
TORTORA, G. J; FUNKE, B. R; CASE, C. L. Microbiologia. 8 ed. Porto Alegre: Artumed, 2005.
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