FCAV/ UNESP NOÇÕES DE TERMODINÂMICA Profa. Dra. Luciana Maria Saran 1 1.TERMODINÂMICA • Compreende o estudo da energia e suas transformações. • Em grego, thérme-; calor, dy´namis, energia. • Termoquímica: área da termodinâmica que estuda as relações entre reações químicas e variações de energia envolvendo calor. 2 2. ENERGIA CINÉTICA E ENERGIA POTENCIAL • Energia Cinética: é a energia do movimento. Objetos, sejam eles bolas de tênis ou moléculas, podem possuir energia cinética, Ec. Ec = ½(mv2) • Energia Potencial, Ep : é a energia do objeto devida a sua posição em relação a outros objetos. Ep = mgh 3 3. UNIDADES DE ENERGIA • No SI: a unidade para energia é o joule, J. Em geral, as energias associadas com reações químicas são expressas em quilojaules, kJ. 1J = 1 kg m2/s2 • A unidade usada para expressar as variações de energia que acompanham reações químicas é caloria, cal. 1 cal = 4,184 J 4 3. UNIDADES DE ENERGIA • Em nutrição: a unidade de energia usada é a Caloria nutricional. 1 Cal = 1.000 cal = 1 kcal 5 4. SISTEMA E VIZINHANÇAS • Na termodinâmica a parte do universo selecionada para a análise das mudanças de energia é denominada sistema. • Vizinhança: é o restante do universo. • Sistemas fechados: podem trocar energia sem se importar com suas vizinhanças. 6 5. TRANSFERÊNCIA DE ENERGIA • A energia é transferida de duas maneiras: a) para causar o movimento de um objeto contra uma força, ou seja, para realizar trabalho; b) para causar uma mudança de temperatura. 7 6. TRABALHO • Força: é qualquer tipo de tração ou compressão exercida em um objeto. • Trabalho, w: é a energia utilizada para fazer um objeto se mover contra uma força • O trabalho, w, que realizamos ao mover objetos contra uma força se iguala ao produto da força, F, e à distância, d, pela qual o objeto é movido: w=Fxd 8 7. CALOR E ENERGIA • Calor: é a energia transferida de um objeto mais quente para um objeto mais frio. • Energia: é a capacidade de realizar trabalho ou transferir calor. 9 8. PRIMERIA LEI DA TERMODINÂMICA • Energia não pode ser criada nem destruída, ou seja, a energia é conservada. • Qualquer energia perdida pelo sistema deve ser aproveitada pela vizinhança e vice-versa. 10 9. ENERGIA INTERNA • Energia Interna: a energia interna do sistema é a soma de toda a energia cinética e potencial de todos os componentes do sistema. • Quando um sistema sofre qualquer mudança química ou física, a variação obtida em sua energia interna, E, é dada pelo calor adicionado ou liberado, q, mais o trabalho realizado pelo ou no sistema, w: E = q + w 11 9. ENERGIA INTERNA • Quando calor é adicionado ao sistema ou trabalho é realizado pela vizinhança no sistema, sua energia interna aumenta. Fonte: BROWN, T. L. et al., 2005 : 145. 12 10. RELAÇÃO ENTRE q, w e E Fonte: BROWN, T. L. et al., 2005 : 145. 13 11. PROCESSOS ENDOTÉRMICOS E EXOTÉRMICOS • Processo Endotérmico: ocorre com a absorção de calor pelo sistema, ou seja, calor flui da vizinhança para dentro do sistema. (Endo- é um prefixo que significa “para dentro”). Ex.: fusão do gelo. • Processo Exotérmico: processo no qual o sistema emite calor, ou seja, o calor flui para fora do sistema em direção à sua vizinhança. Ex.: reações de combustão. 14 12. FUNÇÕES DE ESTADO • Função de estado: depende somente dos estados inicial e final do sistema e não de como a energia interna é utilizada. Fonte: BROWN, T. L. et al., 2005 : 147. 15 13. ENTALPIA • As reações químicas podem absorver ou liberar calor. • No entanto, elas também podem provocar a realização de trabalho. • Exemplo: quando um gás é produzido, ele pode ser utilizado para empurrar um pistão, realizando, assim, trabalho. Zn(s) + 2H+(aq) Zn2+(aq) + H2(g) • O trabalho realizado pela reação acima é denominado trabalho de pressão-volume (PV). 16 13. ENTALPIA Fonte: BROWN, T. L. et al., 2005 : 148. 17 13. ENTALPIA • Entalpia: corresponde ao fluxo de calor nas reações químicas que ocorrem à pressão constante quando nenhuma forma de trabalho é realizada a não ser trabalho PV. • A entalpia, H, é igual à energia interna mais o produto da pressão, P, pelo volume, V, do sistema. H = E + PV • A entalpia é uma função de estado porque a energia interna, a pressão e o volume o são também. 18 13. ENTALPIA Fonte: BROWN, T. L. et al., 2005 : 149. 19 14. ENTALPIAS DE REAÇÃO • A variação de entalpia que acompanha uma reação é chamada entalpia de reação ou calor de reação, H. • A variação de entalpia de uma reação química é dada pela entalpia dos produtos menos a entalpia dos reagentes: H = Hprodutos – Hreagentes 20 14. ENTALPIAS DE REAÇÃO • A entalpia é uma propriedade extensiva (a ordem de grandeza do H é diretamente proporcional à quantidade): CH4(g) + 2O2(g) CO2(g) + 2H2O(l) H = - 890 kJ 2CH4(g) + 4O2(g) 2CO2(g) + 4H2O(g) H = - 1780 kJ 21 14. ENTALPIAS DE REAÇÃO • Quando invertemos uma reação, alteramos o sinal do H: CO2(g) + 2H2O(l) CH4(g) + 2O2(g) H = + 890 kJ • A variação na entalpia depende do estado: H2O(g) H2O(l) H = - 88 kJ 22 15. COMBUSTÃO COMPLETA DO ÁC. ACÉTICO C2H4O2(l) + 2O2(g) 2CO2(g) + 2H2O(l) H = - 871,1 kJ C2H4O2(l) + 2O2(g) H H = - 871,1 kJ 2CO2(g) + 2H2O(l) 23 16. DECOMPOSIÇÃO DO CARBONATO DE Zn ZnCO3(s) CO2(g) + ZnO(s) H = + 71,5 kJ CO2(g) + ZnO(s) H H = + 71,5 kJ ZnCO3(s) 24 17. CALORIMETRIA • O valor de H pode ser determinado experimentalmente pela medida do fluxo de calor que acompanha uma reação à pressão constante. • Quando o calor flui para dentro ou para fora de uma substância, a temperatura da substância varia. • Experimentalmente, podemos determinar o fluxo de calor associado a uma reação química medindose a variação de temperatura produzida. 25 17. CALORIMETRIA • A medição do fluxo de calor é denominada calorimetria. • Aparelho utilizado para medir o fluxo de calor: calorímetro. 26 18. CAPACIDADE CALORÍFICA E CALOR ESPECÍFICO • Capacidade calorífica: é a quantidade de calor necessária para aumentar a temperatura de um objeto em 1oC. • Capacidade calorífica molar: é a capacidade calorífica de 1 mol de substância. • Calor específico = capacidade calorífica específica: é a capacidade calorífica de 1 g de substância. 27 18. CAPACIDADE CALORÍFICA E CALOR ESPECÍFICO • O calor específico de uma substância pode ser determinado experimentalmente medindo-se a variação de temperatura, T, que uma massa, m, da substância sofre ao perder certa quantidade específica de calor, q. Calor específico = q m x T 28 Calorimetria Calorimetria a Pressão Constante Fonte: BROWN, T. L. et al., 2005 : 155. 29 Calorimetria Bomba Calorimétrica (calorimetria de volume constante) • Utiliza uma bomba calorimétrica. • Normalmente estuda a combustão. Fonte: BROWN, T. L. et al., 2005 : 156. 30 19. LEI DE HESS • A lei de Hess estabelece que se uma reação for executada em uma série de etapas, o H para a reação será igual à soma das variações de entalpia para as etapas individuais. • Por exemplo: CH4(g) + 2O2(g) CO2(g) + 2H2O(g) 2H2O(g) 2H2O(l) H = - 802 kJ H = - 88 kJ CH4(g) + 2O2(g) CO2(g) + 2H2O(l) H = - 890 kJ 31 20. ENTALPIAS DE FORMAÇÃO • Muitos dados experimentais são relacionados em tabelas de acordo com o tipo de processo. • Entalpia de vaporização: H para a conversão de líquidos em gases. • Entalpia de combustão: H para a combustão de uma substância. • Entalpia de formação: Hf associado ao processo de formação de um composto a partir de seus elementos constituintes. Outra denominação: calor de formação. 32 20. ENTALPIAS DE FORMAÇÃO • O estado padrão de uma substância é sua forma pura à pressão atmosférica (1 atm) e à temperatura de 298 K (25oC). • Entalpia padrão: a entalpia padrão (H0) de uma reação é definida como a variação de entalpia quando todos os reagentes e produtos estão em seus estados padrão. • Entalpia padrão de formação, H0f: é a variação de entalpia para a reação que forma 1 mol do composto a partir de seus elementos, com todas as substâncias em seus estados padrão. 33 20. ENTALPIAS DE FORMAÇÃO Fonte: BROWN, T. L. et al., 2005 : 161. 34 21. APLICAÇÃO DA LEI DE HESS Y X X Z H = + 35kJ H = + 90kJ Y Z H = +125kJ + 35 22. APLICAÇÃO DA LEI DE HESS 2H2(g) + O2(g) 2H2O(g) 3O2(g) 2O3(g) H = - 483,6kJ H = + 284,6kJ x (1,5) : (2) 3H2(g) + 1,5O2(g) 3H2O(g) O3(g) 1,5O2(g) H = - 725,4kJ + H = - 142,3kJ 3H2(g) + O3(g) 3H2O(g) H = - 867,7kJ 36 23. APLICAÇÃO DA LEI DE HESS N2(g) + O2(g) 2NO(g) 2NO(g) + O2(g) 2NO2(g) 2N2O(g) 2N2(g) + O2(g) H = + 180,6kJ H = - 113,1kJ H = - 163,2kJ N2(g) + O2(g) 2NO(g) NO2(g) NO(g) + ½ O2(g) N2O(g) N2(g) + ½ O2(g) H = + 180,6kJ H = + 56,6kJ + H = - 81,6kJ N2O(g) + NO2(g) 3NO(g) H = + 155,6kJ : (2) : (2) 37 24. APLICAÇÃO DA LEI DA HESS (Hof) 2Mg(s) + O2(g) 2MgO(g) Mg(OH)2(s) MgO(s) + H2O(l) 2H2(g) + O2(g) 2H2O(l) Ho = -1203,6kJ :(2) Ho = + 37,1kJ Ho = - 571,7kJ :(2) Mg(s) + ½ O2(g) MgO(g) MgO(s) + H2O(l) Mg(OH)2(s) H2(g) + ½ O2(g) H2O(l) Ho = - 601,8kJ Ho = - 37,1kJ + Ho = - 285,8kJ Mg(s) + O2(g) + H2(g) Mg(OH)2(s) Hof = - 924,7kJ 38 25. APLICAÇÃO DA LEI DE HESS (Hof) 4B(s) + 3O2(g) 2B2O3(g) Ho = -2509,1kJ : (2) 2H2(g) + O2(g) 2H2O(l) Ho = -571,7kJ x(1,5) B2H6(g) + 3O2(g) B2O3(l) + 3H2O(l) Ho = - 2147,5kJ 2B(s) + 1,5O2(g) B2O3(g) Ho = -1254,6kJ : (2) 3H2(g) + 1,5O2(g) 3H2O(l) Ho = -857,6kJ x(1,5) B2H3(g) + 3H2O(g) B2H6(l) + 3O2(g) Ho = +2147,5kJ 2B(s) + 3H2(g) B2H6(s) Hof = + 35,3kJ 39 26. ALIMENTOS E COMBUSTÍVEIS • Calor específico de combustão: é a energia liberada quando 1 g de uma substância sofre combustão. • A maior parte da energia necessária ao nosso corpo é proveniente de carboidratos e gorduras. • A glicose é solúvel no sangue e no corpo humano é conhecida por açúcar no sangue. • A glicose (C6H12O6) é transportada pelo sangue para as células, onde reage com O2, produzindo CO2(g), H2O(l) e energia. 40 26. ALIMENTOS E COMBUSTÍVEIS • Calor específico de combustão médio dos carboidratos: 4 kcal/g. • Calor específico de combustão médio das gorduras: 9 kcal/g. • Portanto: - 5 g de gordura 45 kcal - 9 g de carboidrato 36 kcal 41 27. ALIMENTOS E COMBUSTÍVEIS • Consideremos 100 g de batata frita: 12 g de proteína, 14 g de gordura e 74 g de carboidrato. • 12 g de proteína 12 g x 4 kcal/g = 48 kcal • 14 g de gordura 14 g x 9 kcal/g = 126 kcal + • 74 g de carboidrato 74 g x 4 kcal/g = 296 kcal Conteúdo calórico de 100 g de batata frita: 470 kcal, das quais 26,81% é correspondente à gordura. 42 28. PROCESSOS ESPONTÂNEOS • Qualquer processo que ocorra sem intervenção externa é espontâneo. • Ex.: quando dois ovos caem no chão, eles se quebram espontaneamente. A reação inversa não é espontânea. • Um processo espontâneo tem um sentido. • Um processo que é espontâneo em um sentido não é espontâneo no sentido contrário. 43 28. PROCESSOS ESPONTÂNEOS • O sentido de um processo espontâneo pode depender da temperatura: gelo se transformando em água é espontâneo a T > 0oC; água se transformando em gelo é espontâneo a T < 0oC. Fonte: BROWN, T. L. et al., 2005 : 683. 44 29. ENTROPIA • A entropia, S, é uma medida da desordem de um sistema. • As reações espontâneas seguem no sentido da diminuição de energia ou do aumento da entropia. • No gelo as moléculas são muito bem ordenadas por causa das ligações de hidrogênio. • Portanto, o gelo tem uma entropia baixa. 45 29. ENTROPIA • À medida que o gelo derrete, quebram-se as forças intermoleculares (requer energia), mas a ordem é interrompida (então a entropia aumenta). • A água é mais desorganizada do que o gelo, então o gelo derrete espontaneamente à temperatura ambiente. Fonte: BROWN, T. L. et al., 2005 : 687. 46 29. ENTROPIA • A entropia é uma função de estado. • Para um sistema: S = Sfinal – Sinicial • Se S > 0, a desordem aumenta. • Se S < 0, a ordem aumenta. 47 30. INTERPRETAÇÃO MOLECULAR DA ENTROPIA • Um gás é menos ordenado do que um líquido, que é menos ordenado do que um sólido. • Qualquer processo que aumenta o número de moléculas de gás leva a um aumento da entropia. • Ex.: quando NO(g) reage com O2(g) para formar NO2(g), o número total de moléculas de gás diminui e a entropia diminui. Fonte: BROWN, T. L. et al., 2005 : 694. 48 31. INTERPRETAÇÃO MOLECULAR DA ENTROPIA 2 mols de reagentes gasosos 3 mols de produtos gasosos Sfinal > Sinicial S > 0 49 32. INTERPRETAÇÃO MOLECULAR DA ENTROPIA Combinação de 2 gases Formação de 1 sólido Sfinal < Sinicial S < 0 50 33. INTERPRETAÇÃO MOLECULAR DA ENTROPIA • A ebulição corresponde a uma maior variação na entropia do que a fusão. • A entropia aumenta quando: - líquidos ou soluções são formados a partir de sólidos; - o número de moléculas de gás aumenta; - a temperatura aumenta. 51 34. SEGUNDA LEI DA TERMODINÂMICA • Em qualquer processo espontâneo, a entropia do universo aumenta. • Suniverso = Ssistema + Svizinhança: a variação de entropia do universo é a soma da variação de entropia do sistema e da variação de entropia da vizinhança. • A entropia não é conservada: Suniverso está aumentando. 52 34. SEGUNDA LEI DA TERMODINÂMICA • Para um processo reversível: Suniverso = 0. • Para um processo espontâneo (e irreversível): Suniverso > 0. • Para um sistema isolado: Ssistema = 0, para um processo reversível; Ssistema > 0, para um processo espontâneo. 53