FUNDAÇÃO ARMANDO ALVARES PENTEADO – FAAP FACULDADE DE ECONOMIA CURSO DE CIENCIAS ECONÔMICAS Influência da Abertura da economia Chinesa no Brasil HASSAN NABIL BAHJAT NASSER Professor Orientador: Roberto Antonio Iannone São Paulo 2007 2 FUNDAÇÃO ARMANDO ALVARES PENTEADO – FAAP FACULDADE DE ECONOMIA Influência da economia chinesa no Brasil HASSAN NABIL BAHJAT NASSER Monografia de Conclusão de Curso apresentada à Faculdade de Economia para a obtenção do título de graduação em Ciências Econômicas, sob a orientação do Prof. Roberto Antonio Iannone. São Paulo 2007 3 O objetivo desta monografia é o de apresentar elementos cruciais que caracterizam a economia chinesa, sua integração e influência na economia mundial. Para tal, se faz necessário apresentar a principais características da China e do Brasil, dentre elas, evolução histórica, política, comércio, língua, moeda, economia e, particularmente as implicações da inclusão chinesa na economia global. Tais parâmetros são indispensáveis no bom aproveitamento do potencial que as relações Brasil-China oferecem. Com um crescimento anual de aproximadamente 9%, a China vem se afirmando num futuro próximo como a maior economia do mundo, objetivando ultrapassar os EUA entre 2020 e 2040. Descreve como todo esse processo de abertura e reformas políticas, sociais e principalmente econômicas promoveram esse alucinante desenvolvimento, transformando a China na potência que ela é hoje, enfatizando como se deu a relação Brasil-China, os benefícios e conseqüências que tal relação pode vir a oferecer é de suma importância, pois contribuirá para um melhor entendimento da atual situação da economia. Explica, ainda, porque, embora a China ser o quarto principal destino das exportações brasileiras e o terceiro maior parceiro comercial do Brasil (2004), a participação das exportações brasileiras nas importações da China seja tão pequena, apenas 1,1% (a China esta na 4° posição entre os mercados compradores de produtos brasileiros). 4 INTRODUÇÃO.................................................................................................................6 1. REPÚBLICA POPULAR DA CHINA ................................................................. 8 1.1. Evolução Histórica..................................................................................................... 8 1.2. Evolução Política...................................................................................................... 12 1.3. Língua ....................................................................................................................... 14 1.4. Moeda........................................................................................................................ 15 1.5. Economia .................................................................................................................. 16 1.6. A China na Economia Mundial .............................................................................. 20 1.6.1. 1.6.2. 1.6.3. 1.7. 2. A autonomia da política chinesa.........................................................................................21 A dinâmica interna do desenvolvimento econômico chinês ...............................................22 A China e seu impacto na Ásia...........................................................................................24 BRIC ......................................................................................................................... 24 BRASIL.............................................................................................................. 26 2.1. Evolução Histórica................................................................................................... 27 2.2. Evolução Política...................................................................................................... 28 2.3. Língua ....................................................................................................................... 33 2.4. Moeda........................................................................................................................ 33 2.5. Economia .................................................................................................................. 34 2.5.1. 2.5.2. 2.5.3. 2.5.4. 2.5.5. Importação..........................................................................................................................41 Economia Regional.............................................................................................................43 Turismo...............................................................................................................................45 Economia diversificada ......................................................................................................46 Produto Interno Bruto .........................................................................................................46 Evolução do PIB brasileiro nos últimos anos ..................................................................... 48 2.5.6. 2.5.7. 2.5.8. 3. O setor industrial ................................................................................................................48 Complexo eletrônico...........................................................................................................49 Problemas Sociais...............................................................................................................50 Relações Brasil-China........................................................................................ 51 3.1. Como se deu o crescimento chinês.......................................................................... 51 3.2. A abertura econômica chinesa................................................................................ 53 3.3. A entrada da China na OMC e seu efeito para o Brasil....................................... 54 3.4. Alterações no status da economia chinesa ............................................................. 55 3.5. Interesse brasileiro................................................................................................... 56 3.6. Relações Brasil-China: expectativa e potencial..................................................... 57 3.7. Os números do relacionamento chinês e brasileiro............................................... 59 3.8. Defesa Comercial ..................................................................................................... 61 3.8.1. 3.8.2. 3.8.3. 3.9. Duping ................................................................................................................................61 Subsídios.............................................................................................................................62 Salvaguardas.......................................................................................................................62 Sugestões para o Brasil............................................................................................ 64 5 3.10. Investimentos da China no Brasil e o novo modelo de Parcerias PúblicoPrivadas ................................................................................................................................. 66 3.11. China-América Latina: uma associação de sucesso.............................................. 67 CONCLUSÃO ........................................................................................................................................71 Bibliografia .............................................................................................................................................73 Webgrafia ...............................................................................................................................................74 6 INTRODUÇÃO Atualmente a República Popular da China deixou de ser conhecida apenas como um país distante e exótico. O processo de abertura e reformas que a China implantou resultou em novas perspectivas, não só para o próprio país como para outros, dentre eles, o Brasil. Assim, a necessidade de se conhecer melhor os dois países e, particularmente as implicações da inclusão chinesa na economia global, como a economia propriamente dita e o comércio tornam-se parâmetros indispensáveis no bom aproveitamento do potencial que as relações Brasil-China oferecem. Não se pode negar que a economia chinesa e a brasileira, ao mesmo tempo em que são concorrentes em vários setores, possuem complementaridades a serem exploradas, além de promoverem o desenvolvimento coordenado da economia de ambos. A possibilidade de um relacionamento mais estreito entre os dois países foi reforçada com a visita do presidente Lula à China em 2004 e com a declaração do Presidente Hu Juntao em estreitar este vínculo, formando, portanto, uma nova fase nas relações bilaterais, depois de anos de afastamento pela distância, pelas diferenças culturais e pelo idioma. Vale registrar que em novembro de 2004, o governo brasileiro (por meio do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comercio Exterior) e o governo Chinês (Comissão de Desenvolvimento Nacional e da Reforma da Republica Popular da China) assinaram um memorando de Entendimento para promover a cooperação em setores industriais e, assim, estimular os investimentos e o comércio. Os setores tidos como estratégicos e que recebem atenção prioritária na cooperação são: indústria minério-metalúrgico, álcool combustível, cadeia de processamento de produtos agrícolas, construção civil, industria da informação, biológica e aeronáutica espacial. O dialogo entre as partes já avançou no setor minério-metalúrgico e no de álcool combustível – neste campo, com vista a fazer proveito da tecnologia brasileira na produção e utilização de etanol (FURLAN E FELSBERG, 2005). É evidente que a economia chinesa oferece grandes oportunidades de desenvolvimento para o Brasil (LULA, 2005). 7 Não se pode esquecer que o reconhecimento da Republica Popular da China pelo Brasil e a afirmação de relações diplomáticas se deu apenas há trinta anos. Fica claro que a China está alterando o mapa econômico do mundo inteiro. Seu papel no comércio internacional é ainda mais impressionante. A economia chinesa está diretamente associada ao comércio mundial, mais até do que grandes países como a Índia e os EUA. De fato, alguns países latino-americanos, como Brasil, Chile e Argentina, estão efetivamente sendo beneficiados pela crescente demanda chinesa por produtos agrícolas e matérias-primas industriais. Os reflexos do espirro chinês podem ser sentidos com maior força no Estado de Santa Catarina. A China é o segundo maior parceiro comercial do Estado. No ano passado foram cerca de US$ 459 milhões em produtos comprados, como rádios a pilha, microondas e parafusos. E exportou US$ 92 milhões em insumos e produtos intermediários (CAMILLE CARDOSO, 2007). Descrever como todo esse processo de abertura e reformas políticas, sociais e principalmente econômicas promoveram esse alucinante desenvolvimento, transformando a China na potência que ela é hoje, enfatizando como se deu a relação Brasil-China, os benefícios e conseqüências que tal relação pode vir a oferecer é de suma importância, pois contribuirá para um melhor entendimento da atual situação da economia. 8 1. REPÚBLICA POPULAR DA CHINA Para entender como a República Popular da China deixou de ser conhecida como um país distante e exótico e se tornou o terceiro maior país do mundo em área, o mais populoso do planeta, ocupando uma parte significativa da Ásia Oriental e com um crescimento econômico consistente, é necessário apresentar um breve relato dos principais fatos ocorridos na China desde 1910. 1.1. Evolução Histórica No ano de 1911 um grupo de descendentes oficiais do exército ataca a Dinastia Machu (Qing), que cai, nascendo assim a República Popular da China. 1 De 1920 a 1925 o novo governo nacionalista aceita a ajuda da União Soviética, sob a condição de que trabalhariam com o novo partido comunista chinês, recém formado. Começa então um planejamento de unificação da China. 2 De 1928 a 1930 somem os comunistas e estabelece-se um novo governo na Província Jiangxi. Mao Zedong torna-se líder e começa uma reforma radical no campo de desapropriação dos senhores de terra, garantindo o suporte popular. 3 Em 1931 o Japão invade o nordeste do país, onde estabelecem um governo novo. Curiosamente os chineses não resistem ao Japão. Na verdade lançam varias campanhas militares contra os comunistas e quase os destroem. Todavia, 90.000 pessoas quebraram o cerco e realizaram a “Longa Marcha”, uma marcha de 6.000 milhas até a 1 Disponível em www.ead.fea.usp.br/.../Comercio%20exterior/COMEX06China_e_Brasil_no_comercio_exterior.PDF. Acesso em 13/03/2007. 2 Idem. 3 Idem. 9 base de Yenan. Consequentemente Mao se firma como líder inquestionável dos chineses comunistas. 4 Então, em julho de 1937, o Japão arma uma nova expedição de invasão da China. Num período de cinco meses os japoneses invadem Nanjing e massacram 200.00 pessoas, levando ao recuo do governo. 5 Em 1941 os EUA entram na guerra e se deparam com o líder nacionalista Chiang Kai-Shek poupando sua melhor tropa para combaterem contra os comunistas. 6 Ao fim da Segunda Grande Guerra em 1945, os EUA passa a tolerar as tropas nacionalistas objetivando a redenção das tropas japonesas. Mas logo uma guerra civil entre nacionalistas e comunistas começa, e os esforços para uma intervenção tornam-se inúteis. Por fim os comunistas expandem seu apoio no norte com uma reforma de terra radical e vencem os nacionalistas na crucial batalha de Huai-hai. 7 Em 1949, Chiang rende-se em janeiro e foge para Taiwan, seguido por dois milhões de nacionalistas. Os comunistas se estabelecem em Beijing e formam a República Popular da China em 1° de outubro. Criam estruturas políticas que alcançam todos os vilarejos do país e ganham ajuda e defesa da União Soviética. 8 De 1954 a 1956 a União Soviética colaborou com o desenvolvimento de uma infraestrutura da indústria nas cidades. Objetivando diminuir as propriedades e pequenas cooperativas de fazendas, famílias são empurradas para uma nova fase: a da coletivização. Em meados de 1955 todo o país possuía 600 milhões de camponeses que viviam coletivamente. Nesta mesma época toda produção agrícola chinesa se manteve sob o poder do governo. 9 Em 1958 a inflação aumenta drasticamente e a corrupção aumenta, assim como a população, que alcança 1.2 bilhões de pessoas. 10 4 Informação disponível em www.ead.fea.usp.br/.../Comercio%20exterior/COMEX06China_e_Brasil_no_comercio_exterior.PDF. Acesso em 13/03/2007. 5 Idem. 6 Idem. 7 Idem. 8 Idem. 9 Idem. 10 Idem. 10 De 1958 a 1960 Mao Zedong promove uma campanha chamada “O Salto para Frente”, que levou a China a equiparar sua indústria com o Ocidente num período de 15 anos. Camponeses dividiam-se em grandes comunidades, e na tentativa de agradar seu governo, super valorizaram os resultados de suas colheitas, levando a pior manada de famintos. 11 A China torna-se politicamente isolada, e em 1961 suas tropas enfrentam uma revolta no Tibet. Com isso o governo muda o foco da indústria pesada para produção de consumo. Moderação nos controles propicia aos camponeses ganho de dinheiro, cultivando e negociando paralelamente até 1963. 12 Em 1969, a fronteira entre a China e a ex-União Soviética se abala. Seus governos propiciam uma abertura para os Estados Unidos, onde recebem a visita do Presidente Americano Richard Nixon, em fevereiro de 1972. Dá-se então o início do processo de normalização das relações com a China e a instalação da Estratégia Triangular, entre China, Estados Unidos e União Soviética. 13 Em setembro de 1976 Mao Zedong morre e em 1978 Deng Xiaoping torna-se líder supremo da China, e com a intenção de modernizar o país, visita o EUA e negocia relações diplomáticas. 14 Em 1978 a China começou um procedimento de modernização de sua economia com a intenção de construir um sistema de mercado socialista. Os meios que conduziram tal reforma foram as chamadas “quatro modernizações”, ou seja, agricultura (inseriu-se tecnologia, mecanização e uma nova maneira de pagamento), indústria (priorizaram abertura ao exterior, modernização tecnológica e prêmios em dinheiro aos trabalhadores), cultura (na educação empregou-se medidas de reforço) e defesa. 15 Tal processo implicou a prática de políticas de abertura e reformas pró-mercado buscando uma maior penetração no mercado internacional. A criação de Zonas Econômicas Especiais (ZEEs) almejava a captação de tecnologia e capital estrangeiros, além da formação de empresas transnacionais, em especial com os EUA e Japão, 11 Informação disponível em www.ead.fea.usp.br/.../Comercio%20exterior/COMEX06China_e_Brasil_no_comercio_exterior.PDF. Acesso em 13/03/2007. 12 Idem. 13 Idem. 14 Idem. 11 focando as exportações. Para tal, aproveitou-se a fundamental vantagem chinesa, que é o baixo custo de mão-de-obra. 16 Na concretização desse processo, a China determinou uma política de alianças com seus vizinhos asiáticos, assim como a cooperação econômica estratégica com países/blocos e regiões. Assim a Ásia tornou-se o mais dependente da economia chinesa. Não se pode deixar de ressaltar as economias menores e mais diversificadas da Associação das Nações do Sudeste da Ásia (ASEAN), cuja participação da China no aumento das exportações está em torno de 20 a 30%. 17 Depois das instalações das ZEEs, em 1979, indústrias com pouca tecnologia de Taiwan e de Hong Kong, voltaram para a China continental. 18 A criação das ZEEs e as novas reformas na agricultura no interior foram o combustível do crescimento econômico em 1980. No período de 1988 a 1989, a inflação desenfreada, o crime e a corrupção foram o combustível que levaram a práticas repulsivas contra tais reformas. 19 Em 1990 os lideres chineses lançam o maior e melhor período de crescimento econômico, apesar de manterem um rígido controle sobre a política. 20 Em 1994 Jiang Zemin torna-se substituto de Deng e empresas estrangeiras buscam contratos com os chineses, enquanto as fábricas estatais chinesas trabalham no prejuízo, sugando capital dos bancos e do governo. 21 Após 1979, a China entrou num processo de rápido desenvolvimento econômico. Além de mudanças na renda per capita, na taxa de inflação, o consumo de alimentos também sofreu mudanças. Subiu 37,1% nas cidades e 45,6% nos campos, com uma pequena diminuição de 0,6% no seu ritmo de expansão anual. 22 15 Disponível em www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=1314. Acesso em 13/03/2007. Idem. 17 Idem. 18 Idem. 19 Disponível em www.ead.fea.usp.br/.../Comercio%20exterior/COMEX06China_e_Brasil_no_comercio_exterior.PDF. Acesso em 13/03/2007. 20 Idem. 21 Idem. 22 Disponível em: http://portuguese.cri.cn.chinaabc/chapter3/chapter3080.htm. Acesso em 1 3/03/2007. 16 12 Em 2001 a China entra na Organização Mundial ao Comércio (OMC) e em 2002 o governo é substituído pôr Hua Jintao. 23 Beijing é selecionada para sediar os Jogos Olímpicos de 2008 e se esforça para manter estável o crescimento econômico. 1.2. Evolução Política Outra questão de fundamental importância é quanto à política adotada pelo país, que é dominada pelo Partido Comunista, ou seja, a ditadura. Mas o sucesso chinês levanta uma importante questão: qual seria o sistema político - ditadura ou democracia –mais indicado para gerenciar economias complexas, garantir o desenvolvimento e gerar riquezas. A ditadura chinesa levou o gigantesco asiático a crescer a uma média anual de mais de 9% nos últimos 25 anos. Curiosamente na mesma época, o Gabão, uma as mais antigas ditaduras da África, ficou em 2% anuais. Já as sucessivas eleições presidenciais no Brasil não são capazes de fazer o país progredir. 24 Independente da maioria dos ditadores serem formados por gestores econômicos sem nenhuma aptidão, existe um excelente grupo que se sobressai e supera a maioria dos presidentes ou primeiros-ministros eleitos. A elite do Partido Comunista da China não deixa dúvida, quando comparada com os vizinhos indianos. Apesar dos sucessos nos esforços da Índia, os resultados nada se comparam aos alcançados pela China. A justificativa para essa diferença está na taxa de investimento anual, que na economia chinesa está em torno de 36% do PIB, enquanto que na Índia está em 26%. Parece estranho, mas a ditadura do Partido 23 Informação disponível em www.ead.fea.usp.br/.../Comercio%20exterior/COMEX06China_e_Brasil_no_comercio_exterior.PDF. Acesso em 13/03/2007. 24 Disponível em http://portalexame.abril.com.br/revista/exame/edocoes/0884/economia/m0119843.html. Acesso em 16/03/2007. 13 Comunista oferece inquestionavelmente mais segurança aos investidores capitalistas. Ideologia, mas não impede os investimentos, pelo menos, no caso chinês. 25 Outro visível paradoxo está associado à qualificação da mão-de-obra. Na China, país onde a população não vota, há boas escolas, com excelente ensino. Já na democrática Índia, onde todos solicitam mudanças através das eleições, o ensino básico é de baixíssima qualidade há muito tempo. O governo indiano, assim como o brasileiro ainda concentra os gastos em educação apenas nas universidades, e, devido a isso, o nível de alfabetização do país é de apenas 65%, enquanto que na China é de 90%. 26 Umas das justificativas usadas para afirmar a vantagem das ditaduras é a visível facilidade que possuem para estabelecer reformas estruturais. Assim é provável que as ditaduras tenham uma vida mais fácil em questão de rapidez, desde que o ditador escolha as decisões certas quanto às reformas a serem implantadas. Em questões de solidez, estudiosos acreditam que às democracias são mais apropriadas. O sucesso econômico de algumas ditaduras apresenta também os frutos de seu próprio fracasso. Assim aconteceu na Corea e no Chile – regimes autoritários que promoveram milagres econômicos e deram lugar a democracia. Conforme uma sociedade vai ficando mais rica, novos grupos aparecem com suas próprias demandas de poder, dificultando a manutenção de um regime de força. Isso levou muitos a apostarem na curta vida do regime político chinês. 27 A maior força da democracia consiste no que ele pode impedir. Na China, entre 1958 e 1961, durante o Grande Salto Adiante, processo de industrialização de Mao Zedong, 30 milhões de chineses morreram de fome, acontecimento nunca visto num sistema democrático. Há 17 anos atrás, estudantes em busca de reformas foram massacrados pôr tanques na Praça da Paz Celestial, em Pequim, algo inaceitável em qualquer país de eleições livres. 25 Disponível em http://portalexame.abril.com.br/revista/exame/edocoes/0884/economia/m0119843.html. Acesso em 16/03/2007. 26 Idem. 27 Idem. 14 1.3. Língua O Ni Hao é a língua oficial da China e enquanto língua materna é a mais falada no mundo. O chinês usa milhares de caracteres diferentes e não um alfabeto. A pronuncia de cada caráter deve ser entoada perfeitamente para não perder o sentido, e apesar disso, muitos estrangeiros em todo o mundo buscam aprendê-la. Aprender chinês, segundo os números, é a nova moda. Há vinte anos poucos estrangeiros demonstravam interesse, mas com a política de abertura da China ao mundo e sua entrada na OMC, em 2001, tudo mudou. Até 2010, data em que a China pretende alcançar 3,2 trilhões de dólares de PIB, acredita-se que esse interesse em aprender a língua chinesa ultrapasse cem milhões de estrangeiros. Para tal será necessário mais de quatro milhões de professores especializados, o que, automaticamente, alavancaria a carreira de professor. Segundo Zhang Guoqing, vice-diretor do Gabinete Nacional de Ensino do Chinês como Língua Estrangeira: “O ensino da língua chinesa não é só uma preocupação da China, mas também de outros países que acham necessário o domínio do chinês para fazer comércio com a China.” 28 Um dos principais motivos no interesse do domínio da língua é o de conquistar a China e tê-la como parceira estratégica. Mas negociar com a China não é uma questão linear, como explica Guoqing: “Se os negócios de muitos estrangeiros na China não correm bem não é só por causa dos produtos, [mas também] por não compreenderem a forma de pensar dos chineses”29. Portanto falar chinês, e consequentemente pensar chinês, é uma ferramenta que o mundo quer e precisa saber manejar. 28 29 Disponível em http://www.revistamacau.com/rm.asp?id=005101. Acesso em 16/03/2007. Idem. 15 1.4. Moeda Emitido e administrado e pelo Banco do Povo da China, o renminbi é a moeda legítima da China. O câmbio também é definido pelo Banco do Povo da China e publicado pela Administração Estatal de Divisas Estrangeiras, que também é a responsável pelas divisas estrangeiras. Em 1994, a China fez a reforma do sistema de divisas, incluindo a união de taxa de câmbio, a adoção do sistema de liquidação e o estabelecimento de um mercado unificado de divisas estrangeiras. Até o fim de 2003, sua reserva de divisas atingiu a casa dos US$ 403,3 bilhões. 30 Graças ao extraordinário desenvolvimento econômico da China, o renmibiu entrou num processo de valorização consistente. Atualmente a exportação chinesa apoia-se principalmente na vantagem de seus produtos de baixo custo e baixo nível de valor agregado na competição internacional. Esse processo gera, além de uma influência positiva, a médio e longo prazo mais oportunidades de desenvolvimento, pois além de apresentar um imenso efeito no incremento de riquezas nacionais, também aumenta o status e influência da economia na economia mundial. 31 Primeiro promoverá o aceleramento da elevação do setor industrial do país. Durante o funcionamento do mercado, numa época moderna, a mudança das taxas cambiais não só se ajusta ao equilíbrio do balanço internacional, mas provoca a elevação relativa dos preços dos vários recursos do país, o que leva ao favorecimento da aceleração do reajuste e a otimização da estrutura de mercadorias do país, produzindo assim, um efeito positivo no reajuste industrial. 32 30 Disponível em http://portuguese.cri.cn/chinaabc/chapter3/chapter30704.htm. Acesso em 16/03/2007. Disponível em http://portuguese.cri.cn/199/2006/12/14/[email protected]. Acesso em 16/03/2007. 32 Idem. 31 16 Segundo, motivará a inovação tecnológica, que dependem do reajuste do mecanismo de mercado e este reside nas funções da alavanca efetiva de preços. Na produção do país, é enorme o consumo de recursos. O nível de consumo energético, do emprego e dos recursos laborais é elevado. Um motivo relevante deste é o preço relativamente baixo dos fatores essenciais de produção. Como resultado do processo de valorização de sua moeda, os preços dos recursos de produção aumentarão, de forma relativa, o que por conseqüência, as demandas efetivas do mercado para as inovações tecnológicas serão potencializadas. 33 E por último, acaba beneficiando o incremento do bem-estar nacional. A valorização do renminbi levará, por um lado, à queda relativa dos produtos importados, abaixando relativamente os custos das viagens turísticas por estrangeiros, o que recai sobre a elevação do bem-estar de consumos nacionais. Por outro lado, aumentará indiscutivelmente o preço dos bens financeiros do país no mercado. Dele resulta a mudança na estrutura do mercado financeiro. Assim as demandas de consumo no interior do país são estimuladas e os habitantes nacionais beneficiados. 34 1.5. Economia Para começar, é necessário considerar os fatos. Devido ao seu crescimento econômico de mais de 9% ao ano desde 1979, a China está mudando o mapa econômico mundial. Nos 30 anos seguintes a fundação da nova China em 1949, o governo chinês aplicava o sistema de economia planificada. Esse sistema permitiu o sólido desenvolvimento econômico do país ao mesmo tempo em que limitou seu próprio dinamismo e ritmo de progresso. 35 Logo após os anos 70 a China passou a realizar reformas em seu sistema. E em 1992 determinou a direção da reforma, estabelecendo o sistema econômico de mercado socialista, ou seja, uma economia de mercado onde a iniciativa do Estado está acima da 33 Disponível em http://portuguese.cri.cn/199/2006/12/14/[email protected]. Acesso em 16/03/2007. Idem. 35 Disponível em http://portuguese.cri.cn/chinaabc/chapter3/chapter30101.htm. Acesso em 16/03/2007. 34 17 iniciativa privada. Este sistema, chamado erroneamente de “capitalismo”, é um dos principais motivos do acelerado crescimento econômico chinês. 36 Diante de tais reformas, acredita-se que até 2020 a China terá estabelecido um sistema econômico de mercado socialista maduro. A economia chinesa já é a 4º mais poderosa do planeta com mais de 2,2 trilhões de dólares representando quase 1/2 da economia japonesa e com a maior taxa de crescimento anual entre os países com mais de 100 milhões de habitantes. 37 A China se destaca como um país de maior população de todo mundo com 1 bilhão e 313 milhões de habitantes (até julho de 2006). 38 Devido ao seu volume, participa com 13% da economia mundial e 21% da população mundial. Atualmente é a maior produtora de alimentos e manufaturas, perdendo apenas no valor mundial para os EUA na mineração e em serviços. 39 Sua economia é equivalente a de países de 1º mundo, como os EUA, o Japão e o Reino Unido, mas sua qualidade de vida, pelo método do PIB per capita, é comparada a pequenos e pobres países africanos. As grandes metrópoles chinesas podem ser comparadas a cidades como Tóquio e Nova Iorque, enquanto que a população rural vive em condições de extrema miséria. 40 Por investir pesado em tecnologia, já possui um dos maiores e mais poderosos parques industriais do planeta, com uma produção bastante diversificada. Na agricultura é o maior produtor de arroz, hortifrutigranjeiros, trigo e o segundo em milho. 41. Na indústria o país ultrapassou seus maiores concorrentes, tornando-se a maior potência industrial do mundo contemporâneo. 42 36 Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/República_Popular_da_China. Acesso em 13/03/2007. Idem. 38 Idem. 39 Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Economia_da_ República_Popular_da_China. Acesso em 13/03/2007. 40 Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/República_Popular_da_China. Acesso em 13/03/2007. 41 Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Economia_da_ República_Popular_da_China. Acesso em 13/03/2007. 42 Idem. 37 18 Na mineração também é o maior produtor de carvão, com mais de 1,7 bilhões de toneladas, o que gerou também o aumento da produção de petróleo e ferro. 43 A China tornou-se atualmente o sétimo exportador (3,9%) e o oitavo importador mundial (3,4%). Com mais de um bilhão de habitantes, passou a ser considerado como um grande mercado consumidor. 44 Na verdade, o motor do crescimento da China é sua constante reestruturação econômica, sendo a indústria o setor mais dinâmico, independente de ser apoiado por investimentos externos ou por empresas de propriedade privada nacional. E esse rápido crescimento poderia ainda ser interpretado como um resultado natural de sua alta taxa de poupança, investimentos e financiamentos, mas, na verdade, tal fato está permitindo que se desvie 20% de seu PIB anual para investimentos em empresas estatais, que estão absorvendo o grosso do crédito disponível, que os bancos dão sem se preocuparem com o risco, devido ao rápido crescimento monetário que leva a um aumento anual de 15% em depósitos bancários. 45 Atualmente a economia chinesa está mais integrada com o comércio mundial, do que a de outros países grandes, como o Brasil, os EUA e a Índia. Enquanto as exportações e importações representam menos de um quarto do PIB nesses países, na China elas se aproximam da metade do PIB. É claro que alguns países latinoamericanos, mais especificamente o Brasil, a Argentina e o Chile, estão sendo beneficiados pela crescente demanda chinesa pôr mercadorias agrícolas e matériasprimas industriais importadas. 46 43 Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Economia_da_ República_Popular_da_China. Acesso em 13/03/2007. 44 Idem. 45 Disponível em http://www.iadb.org/idbamerica/index.cfm?thisid=2563. Acesso em 16/03/2007. 46 Idem. 19 Em 2003, determinou novas metas e tarefas para aperfeiçoar seu sistema econômico. As principais tarefas foram: o aperfeiçoamento de seu sistema com prioridade pública como principal e o desenvolvimento conjunto da economia de propriedades diversificadas; estabelecimento de um sistema favorável à mudança gradual da estrutura econômica de zona rural e urbana; formação de um organismo para impulsionar o desenvolvimento coordenado da economia regional; construção de um sistema de mercado aberto, competitivo e ordenado; melhora do sistema de macrocontrole, de administração governamental e de legislação econômica; aperfeiçoamento do sistema de emprego, rendimento e segurança e formação de um sistema que impulsiona o desenvolvimento sócio-econômico sustentável. 47 Ainda em 2003, seu PIB alcançava US$ 1,4 trilhões, ficando no sexto lugar no mundo. No final do mesmo ano o PIB per capita ultrapassou a casa de 1000 dólares, e sua reserva de divisas ultrapassou US$ 400 bilhões, alcançando o segundo lugar no mundo, atrás apenas do Japão. 48 Seu papel no comércio internacional é ainda mais impressionante. A economia chinesa esta diretamente associada ao comércio mundial, mais até do que grandes países como a Índia e os EUA. De fato, alguns países latino-americanos, como Brasil, Chile e Argentina, estão efetivamente sendo beneficiados pela crescente demanda chinesa por produtos agrícolas e matérias-primas industriais. 49 O interesse em ampliar esse papel levou a China a fazer parte do tratado internacional APEC (Asia Pacific Economic Cooperation), um bloco econômico que tem o interesse em tornar o Pacífico numa área de livre comércio, incluindo economias asiáticas, americanas e da Oceania. 50 47 Disponível em http://portuguese.cri.cn/chinaabc/chapter3/chapter30101.htm. Acesso em 16/03/2007. Disponível em http://portuguese.cri.cn/chinaabc/chapter3/chapter30101.htm. Acesso em 13/03/2007. 49 Informação disponível em http://www.iadb.org/idbamerica/index.cfm?thisid=2563. Acesso em 16/03/2007. 50 Informação disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Economia_da_ República_Popular_da_China. Acesso em 13/03/2007. 48 20 A forte presença dos chineses na economia mundial é inegável, e ao lado dos Estados Unidos tornou-se uma das locomotivas do mundo. Mas como tudo indica, e diante do fato de estar se afirmando como a maior economia do mundo num futuro próximo, a China vai ultrapassar os EUA entre 2020 e 2040. Apesar de tudo, a China ainda se equipara a um país em desenvolvimento. Atualmente com uma renda per capita de menos de US$ 1.000, ela é mais pobre que a maioria dos países latino-americanos, além de um nível de desigualdade no processo de distribuição de renda também semelhante a esses países. Assim, o país apresenta diferenças regionais gritantes, com distribuição desigual do PIB. A economia moderna das cidades contrasta com o pouco acesso a luz elétrica e água potável na área rural. 51 Já em outras áreas, a China se mostra como um país desenvolvido, ou industrializado. O setor manufatureiro forma mais de um terço de sua economia. Os investimentos e a poupança representam aproximadamente 40% do PIB. 52 E também apresenta problemas como a crescente falta de mão-de-obra qualificada; a grande dependência de recursos energéticos externos e a instabilidade política, fruto do enfraquecimento do controle central do partido comunista. 53 1.6. A China na Economia Mundial O elevado crescimento do comércio regional asiático entrou em crise em 1995. Com a desvalorização do yuan em relação ao dólar e a retração dos IDE japoneses vinculados às exportações asiáticas para terceiros mercados, teve grande choque na dinâmica regional. 54 51 Informação disponível em http://www.iadb.org/idbamerica/index.cfm?thisid=2563. Acesso em 16/03/2007. 52 Idem. 53 Informação disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Economia_da_ República_Popular_da_China. Acesso em 13/03/2007. 54 Disponível em www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-31572006000300004&script=sci_arttext. Acesso em 13/03/07. 21 Como possuíam regimes cambiais vinculados ao dólar, a valorização dessa moeda em relação ao yen levou a uma real valorização das moedas asiáticas, menos para o yuan/renminbi, que passara por um processo de desvalorização em 1994. 55 Com o câmbio em baixa ao comparado aos seus competidores e com o sucesso das redes de comércio estabelecidas nas ZEEs, a China desviou produtores da ASEAN do mercado americano. Como resultado, a participação dos EUA nas exportações chinesas aumentou abruptamente nos anos 90. 56 Em 1997, depois de uma recessão e colapso cambial (desvalorização de aproximadamente 50% em relação ao dólar), as economias da ASEAN e da Coréia retomaram seu curso a partir de uma política fiscal expansiva, além de recuperarem suas exportações. O que levou a tal crescimento foi o boom da nova economia nos EUA e seu impacto na Tecnologia de Informação (TI), assim a taxa nominal de câmbio com o dólar manteve-se inalterada, permitindo a China centrar seus investimentos públicos. 57 Portanto, a China como produtora mundial de produtos da TI e de bens de consumo industrial tornou-se primeiro pólo e segundo pólo como grande mercado interno em expansão. Diante do fato de manterem esse formidável crescimento econômico e de estabilidade de sua moeda, a China se tornou um exportador líquido para os EUA e para o Japão e importador para a Ásia. 1.6.1. A autonomia da política chinesa Desde 1994 a taxa nominal de câmbio da moeda chinesa se manteve fixa, e desde 96 determinou-se total conversão do renminbi para as transações correntes. 58 55 Disponível em www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-31572006000300004&script=sci_arttext. Acesso em 13/03/07. 56 Idem. 57 Idem. 58 Idem. 22 Ultimamente o saldo comercial da China com os EUA ultrapassou o saldo japonês, o que caracterizou o déficit comercial bilateral americano. Tal sustentação de taxa se deu com uma política de formação de reservas do banco central chinês, apesar de ter apresentado custos fiscais significativos para o país. Para compensar as desvalorizações dos concorrentes asiáticos, as exportações chinesas fora das zonas especiais de processamento de exportações foram instigadas por meio de devoluções fiscais que aumentaram expressivamente. 59 Mesmo diante da pressão de uma potência como os EUA, para valorizar sua moeda a China resiste em alterar seu regime cambial. Tendo em vista a grande participação de depósitos em moedas estrangeiras no sistema bancário chinês, eles temem que a liberação financeira provoque pressões especulativas, introduzindo uma restrição à autonomia da política monetária chinesa. 1.6.2. A dinâmica interna do desenvolvimento econômico chinês Desde sua formação moderna em 1949, seu ciclo econômico foi regido por investimentos em capital fixo das empresas estatais, mas nos anos 90 o boom das exportações e dos investimentos privados inseriram novos determinantes ao método de investimento chinês com queda na participação das empresas estatais no investimento global. “De acordo com Chunlin (2002), as pequenas empresas industriais caíram de 72 mil exisitentes em 1995 para 34 mil em 2000, em decorrência de privatização ou liquidação. O numero de pequenas empresa estatais em todos os setores permanece, entretanto, muito alto”60. Considerando o tamanho de sua população e seu nível de renda, a principal advertência ao crescimento conduzido pelos investimentos públicos foi o ritmo de expansão da produção de bens de consumo, principalmente formado pelos alimentos. 59 Disponível em www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-31572006000300004&script=sci_arttext. Acesso em 13/03/07. 60 Disponível em www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-31572006000300004&script=sci_arttext. Acesso em 13/03/07. 23 Nos anos 80, com a abertura da economia, a ampliação da capacidade de importar se transformou na principal restrição para o processo de industrialização chinesa. Como as exportações chinesas no começo do processo de abertura eram fortes apenas em produtos primários (carvão, petróleo e grãos), era de extrema importância o aumento da produção e da produtividade na agricultura, tanto para o consumo interno quanto para exportações. 61 Com o processo de industrialização acelerado, o consumo de minério de ferro, aço, carvão e alumínio da China excedeu drasticamente sua capacidade de produção desempenhando muita pressão nos mercados mundiais. 62 No entanto, por causa do alto teor das importações peculiar as ações de processamento, a máquina de crescimento chinês não se desviou para as empresas estrangeiras, mas continuou aplicada nos investimentos públicos, nas exportações das empresas estatais e na ampliação de consumo. 63 Nos anos 90 o ciclo de expansão dos investimentos estatais da China foi seguido por uma destemida estratégia industrial, diversificando concomitantemente as exportações por meio de política tecnológica, de investimentos e modernização da infraestrutura de maneira a unir populações e territórios do interior. 64 O boom dos investimentos direcionados ao mercado interno, além do desenvolvimento de zonas voltadas ao progresso tecnológico e as estratégias das grandes empresas transnacionais no mercado chinês proporcionou uma onda de investimentos externos voltado ao mercado interno. Apesar de ainda permanece em níveis muito modestos em termos internacionais e do tamanho de sua população, a ascensão da renda média chinesa gera grandes transformações no tamanho absoluto do mercado consumidor. 61 Disponível em www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-31572006000300004&script=sci_arttext. Acesso em 13/03/07. 62 Idem. 63 Idem. 64 Idem. 24 1.6.3. A China e seu impacto na Ásia Num período entre 2000 e 2003 as importações americanas oriundas da China aumentaram em 50%, apesar de apresentarem um relevante declínio das importações originadas no Japão e os demais países do Leste Asiático. Ao mesmo tempo, a China elevou vastamente sua demanda sobre as exportações asiáticas. Assim, o aumento das exportações chinesas se deu num contexto de intensa expansão conjunta dos países asiáticos, cuja participação nas exportações mundiais de manufatura expandiu-se na ultima época. 65 No ano de 2002 o comércio bilateral entre a China e o Japão, obteve a espantosa cifra de US$ 102 bilhões e desde 1990 a percentagem de crescimento desta corrente de comércio ultrapassa a que a China apresentou com o resto do mundo. Isso impulsionou a recuperação japonesa. 66 Atualmente a China constitui o maior mercado de componentes para a indústria japonesa, e parcela significativa dos investimentos nipônicos na China direcionam-se à instalação dessa trama de comércio e produção, conduzida por suas importantes corporações. Em 1992, com o retorno das relações diplomáticas com a Coréia, as exportações coreanas para a China aumentaram consideravelmente, tornando a China, em 2003, o principal mercado de exportações coreanas, superando os EUA como mercado final. 67 1.7. BRIC Devido ao seu extraordinário crescimento econômico a China tornou-se membro da BRIC. BRIC é um acrônimo adotado pelo grupo Goldman Sachs para indicar os quatro principais países emergentes do mundo: Brasil, Rússia, Índia e China. Utilizando as 65 Disponível em www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-31572006000300004&script=sci_arttext. Acesso em 13/03/07. 66 Idem. 67 Idem. 25 últimas projeções demográficas, modelos demográficos e crescimento de produtividade, o grupo mapeou as economias dos países acima até 2050. Acredita-se que juntos poderão se tornar a maior força na economia mundial, tornando-se maiores do que os países dos G6 (Japão, Inglaterra, EUA, Itália, França e Alemanha) em se tratando de dólar americano. 68 Apesar de não serem ainda as maiores economias mundiais, os BRICs já possuem grande influência no mundo capitalista, o que pode ser visto claramente na reunião da OMC em 2005 onde países em desenvolvimento liderados pela Índia e Brasil uniram-se a países subdesenvolvidos para impor a retirada de subsídios governamentais e a redução na tarifas de importação e comércio na União Européia e no Estados Unidos. 69 Acredita-se ainda que em 2050 a China torna-se a maior economia mundial, tendo como base seu acelerado crescimento econômico. Nada se sabe sobre o futuro dos BRICs, pois todos os países são passivos de conflitos internos, governos corruptos e revoluções populares, mas se nada acontecer, os BRICs terão juntos um poder inigualável comandados pelo dragão chinês. Descrever como todo esse processo de abertura e reformas políticas, sociais e principalmente econômicas promoveu esse alucinante desenvolvimento, transformando a China na potência que ela é hoje foi de suma importância para entender como se dará a relação Brasil-China, quais os benefícios e conseqüências de tal relação, além de contribuir para um melhor entendimento da atual situação da economia, mas antes disso, o próximo capítulo apresentará as principais características do Brasil. 68 69 Informações disponíveis em http://pt.wikipedia.org.wiki/BRIC. Acesso 16/03/2007. Idem. 26 2. BRASIL O Brasil é uma república federativa situada na América do Sul com a quinta maior população e também a quinta maior área do mundo. A economia brasileira é considerada, atualmente, a maior da América Latina, e esta entre as 10 maiores economias mundiais em critérios de Paridade do Poder de Compra (PPC). È diversificada e composta por vários tipos de atividade econômica e industrial. 70 Apesar de ser o quinto país mais populoso do mundo, apresenta uma das mais baixas densidades populacionais. A maior parte da população se concentra ao longo do litoral, apresentando enormes vazios demográficos em seu interior. 71 Com aproximadamente 190 milhões de habitantes e taxa de urbanização por volta de 80%, sendo que 250 mil habitantes concentram-se nas 100 maiores cidades, que são em sua maioria, capitais estaduais e cidades do interior da Região Sudeste, principalmente dos estados de Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. 72 Nos últimos anos construiu uma economia sólida, com inflação controlada, as exportações em alta, valorização da moeda (Real) frente ao dólar desde 2004, renovação do risco país e recorde de pontos da Bovespa. Em 2007, o PIB brasileiro apresentou um crescimento superior ao que se pensava, mostrando uma economia pronta para estrelar junto às outras economias BRICs. 73 Este capítulo descreve como se deu tal desenvolvimento, desde o período colonial até os dias atuais. 70 Disponível em http://www.thereefclub.com.br/pt/Economia-Local. Acesso em 10/09/2007. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil. Acesso em 10/09/2007. 72 Idem. 73 Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Economia_do_Brasil. Acesso em 10/09/2007. 71 27 2.1. Evolução Histórica Ao longo da História do Brasil a economia brasileira passou por diversos ciclos. Em cada, um setor foi beneficiado em favor de outros, o que levou a sucessivas mudanças sociais, populacionais, políticas e culturais. 74 O primeiro ciclo econômico brasileiro foi a extração do pau-brasil, madeira avermelhada utilizada na tinturaria de tecidos. Os portugueses fizeram feitorias e sesmarias e contratavam o trabalho de índios para o corte e carregamento da madeira por meio de um sistema de trocas conhecido como escambo. 75 O segundo ciclo foi o plantio de cana-de-açúcar, usada na Europa para a manufatura de açúcar. Seu plantio escolheu o latifúndio como estrutura fundiária e a monocultura como técnica agrícola. A agricultura da cana inseriu o modo de produção escravista, fundamentado na importação e escravização de africanos, resultando no tráfico negreiro. 76 No fim do século XVII descobriu-se ouro nos ribeiros das terras pertencentes à capitania de São Paulo e mais tarde ficaram conhecidas como Minas Gerais. Descobriram-se, no final da década de 1720, diamante e outras gemas preciosas. E no século XVIII encontraram metais preciosos em Goiás e no Mato Grosso. 77 O café foi o produto que estimulou a economia brasileira desde o início do século XIX até a década de 1930, e tornou-se o principal produto de exportação do país durante quase 100 anos. A riqueza trazida pelo café deu fama internacional e prestígio ao Brasil, atraindo muitos imigrantes. O país desenvolveu uma base industrial e começou a se expandir para o interior do país. 78 “O Brasil nasceu e cresceu econômica e socialmente com o açúcar, entre os dias venturosos do pau-de-tinta e antes de as minas e o café o terem ultrapassado. Efetivamente, o açúcar foi base na formação da sociedade e na forma de família. A casa de engenho foi modelo da fazenda de cacau, da 74 Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Economia_do_Brasil. Acesso em 10/09/2007. Idem. 76 Idem. 77 Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Historia_do_brasil#Economia_colonial. Acesso em 10/09/2007. 78 Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Economia_do_Brasil. Acesso em 10/09/2007. 75 28 fazenda de café, da estância. Foi base de um complexo sociocultural de vida”.79 A seiva da seringueira - árvore nativa da Amazônia - servia para a fabricação de borracha, foi descoberta em meados do século XIX e iniciou-se o ciclo da borracha no Amazonas. A partir de 1970, um novo produto que estimulou a economia de exportação foi a soja, inserida a partir de sementes trazidas da Ásia e dos Estados Unidos. O modelo escolhido para o plantio de soja foi a monocultura extensiva e mecanizada, gerando desemprego no campo e elevando os lucros do novo setor de "agro-negócio". O desenvolvimento da cultura da soja se deu às custas da "expansão da fronteira agrícola" na direção da Amazônia, levando a desmatamentos em larga escala. 80 Nas feitorias, os mercadores portugueses vendiam armas de fogo, tecidos, utensílios de ferro, aguardente e tabaco, em troca de escravos, pimenta, marfim e outros produtos. 81 2.2. Evolução Política A partir da Constituição de 1988, o Brasil tornou-se uma República Federativa Presidencialista. Os presidentes da República Velha, período que sucedeu a era Pré-Colonial foram: Governo temporário marechal Manuel Deodoro da Fonseca, em 1889 e eleito em 1891; Prudente José de Morais e Barros, em 1894; Manuel Ferraz de Campos Sales, em 1898; Francisco de Paula Rodrigues Alves, 1902; Afonso Augusto Moreira Pena, em 1906; Nilo Procópio Peçanha (vice de Afonso Pena assumiu em seu lugar); marechal Hermes da Fonseca, 1910; Venceslau Brás Pereira Gomes, 1914; Francisco de Paula Rodrigues Alves (morreu antes de assumir), 1918; Delfim Moreira da Costa Ribeiro, em 1918; Epitácio da Silva Pessoa, 1919; Artur da Silva Bernardes, em 1922; Washington 79 Gilberto Freire apud http://pt.wikipedia.org/wiki/Historia_do_brasil#Economia_colonial. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Economia_do_Brasil. Acesso em 10/09/2007. 81 Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Historia_do_brasil#Economia_colonial. Acesso em 10/09/2007. 80 29 Luís Pereira de Sousa,1926 e a Junta governativa: General Augusto Tasso Fragoso, General João de Deus Mena Barreto e o Almirante Isaías de Noronha, em 1930. 82 Em 1930, Getúlio Vargas comanda uma revolução que acaba com a República Velha e o coloca no poder. Em 1931, derruba a Constituição brasileira, em 1934 sob forte pressão, promulga uma Constituição Democrática, e em 1937 alegando uma conspiração comunista para a tomada do poder, conhecida como Plano Cohen, Vargas aprova uma nova Constituição, fechando o Congresso Nacional, limitando a liberdade individual, estabelecendo uma ditadura de inspirações fascistas, mas também fortemente nacionalista e voltada à aceleração da industrialização, que durou até 1945. 83 O período conhecido como República Nova começou com a renúncia forçada de Vargas, em outubro de 1945. O General Eurico Gaspar Dutra foi o presidente eleito, assumindo no ano seguinte. Em 1946 foi promulgada nova Constituição, mais democrática que a anterior, restabelecendo direitos individuais. 84 Em 1950, Getúlio Vargas volta a presidência, mas desta vez eleito pelo voto direto. Em 1954 comete suicídio dentro do Palácio do Catete, levando seu vice, João Fernandes Campos Café Filho a assumir o cargo. 85 O desenvolvimentismo foi a corrente econômica que predominou em 1950, do segundo governo de Getúlio Vargas até o Regime Militar. Com isso, grande parte de sua infra-estrutura se desenvolveu rapidamente e alcançou altas taxas de crescimento econômico. Mas, frequentemente o governo manteve suas contas em desequilíbrio, aumentando a dívida externa, resultando em uma grande onda inflacionária. 86 Em 1955, Juscelino Kubitschek se elege presidente e toma posse em janeiro de 1956. Seu governo também se fundamentou no desenvolvimentismo, doutrina que voltada aos avanços técnico-industriais. Em 1960, Kubitschek inaugurou Brasília, a nova capital do Brasil. 87 82 Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Historia_do_brasil#Economia_colonial. Acesso em 10/09/2007 83 Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil. Acesso em 10/09/2007. 84 Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Historia_do_brasil#Economia_colonial. Acesso em 10/09/2007. 85 Idem. 86 Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Economia_do_Brasil. Acesso em 10/09/2007. 87 Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Historia_do_brasil#Economia_colonial. Acesso em 10/09/2007. 30 Em 1961 assume a presidência da república Jânio Quadros, que renunciou em 25 de agosto do mesmo ano. Seu vice, João Goulart, assumiu. 88 O governo de Goulart foi marcado por inflação alta, estagnação econômica e uma forte oposição das forças armadas. Em 31 de março de 1964 as Forças Armadas efetuaram um golpe, destituindo João Goulart. Os líderes do golpe escolheram como presidente o General Humberto de Alencar Castelo Branco, seguido pelo General Arthur da Costa e Silva (1967-1969), o General Emílio Garrastazu Médici (1968-1974), o General Ernesto Geisel (1974-1979) e o General João Baptista de Oliveira Figueiredo (1979-1984). As principais medidas resultantes desses governos foram o corte de alguns direitos constitucionais dos elementos e instituições ligados à suposta tentativa de golpe pelos comunistas e uma forte censura à imprensa. 89 Em 1985, Tancredo Neves ganha uma eleição indireta no Colégio Eleitoral. É o fim da ditadura militar e o início Nova República. Ele não toma posse, vindo a falecer vítima de infecção hospitalar. Seu vice, José Sarney, assume a presidência da república e, em 1988, promulga a Constituição que estabelece um Estado Democrático de Direito e uma República Presidencialista. 90 Em 1° de março de 1986, Sarney e sua equipe econômica lançam o "Plano Cruzado", na tentativa de conter a inflação, sendo o congelamento de preços e a criação de uma nova moeda, o cruzado (Cz$), algumas das medidas anunciadas. 91 Em 21 de novembro de 1986, decreta o "Plano Cruzado 2", com a liberação dos preços. Tal medida resultou em um descontentamento do povo para com o governo. A conseqüência foi o aumento da inflação, agravando ainda mais a situação, onde, em 20 de janeiro de 1987 o governo decreta moratória, deixando de pagar a dívida externa. 92 Em abril de 1987, o governo lança o "Plano Bresser", com novo congelamento de preços. Em junho de 1987 acaba com a moratória, mas a inflação voltou a subir. Em 88 Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Historia_do_brasil#Economia_colonial. Acesso em 10/09/2007. 89 Idem. 90 Idem. 91 Idem. 92 Idem. 31 15 de janeiro de 1989 outro plano é lançado, o "Plano Verão", com a implantação de uma nova moeda, o cruzado novo (Ncz$). 93 Em 1989 Fernando Collor é eleito presidente, e após dois anos, o próprio irmão do presidente, Pedro Collor de Mello, faz denúncias públicas de corrupção. Sem nenhuma resistência do Executivo, o Congresso Nacional começou uma CPI cujas conclusões levam ao pedido de afastamento do presidente (impeachment) e seus direitos políticos suspensos por dez anos. 94 Sucedido pelo vice-presidente Itamar Franco, que implantou o Plano Real, um plano econômico inédito no mundo realizado pela equipe do então ministro da fazenda, Fernando Henrique Cardoso (FHC). Verificando que a hiperinflação brasileira era um fenômeno de separação da unidade monetária de troca da unidade monetária de contas, a medida agrupou todos os índices de reajuste de preços aplicados em um único índice, a Unidade Real de Valor (URV), que mais tarde se transformou em moeda corrente, o real. 95 Com o sucesso do Plano Real, FHC, concorre, é eleito presidente em 1994 e reeleito em 1998. 96 O sucesso do novo plano fundamentou-se na sequência de fases que antecederam sua implementação como a adoção de medidas voltadas à busca do equilíbrio das contas públicas; a determinação de uma unidade de conta (URV) para estabilizar os preços da economia e a conversão dessa unidade na nova moeda estável da economia, o real. Assim a implantação do Plano Real eliminou a indexação retroativa, sem precisar congelar preços e salários para conter a inflação. 97 A inflação é um dos piores problemas da economia brasileira. Em 1979 estava em 45% ao ano, subindo para 100% entre 1980 e 1982, para 200% entre 1983 e 1984 e chegando a 400% no começo de 1986. Em 1995 a taxa da inflação média acumulada era de 20% a.a., caindo para 0,8% em 1998 Esse processo levou a uma queda drástica da inflação. 98 93 Idem. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil. Acesso em 10/09/2007. 95 Idem. 96 Disponível em http://www.bndes.gov.br/conhecimento/livro/eco90_01.pdf. Acesso em 10/09/2007. 97 Idem. 98 CARDOSO, Eliana A. Economia brasileira atual ao alcance de todos. São Paulo, 1988, p. 62. 94 32 Índice da inflação de 1930 a 2005 Fonte: IBGE Com a implantação de reformas monetárias, passando pelo cruzeiro, cruzeiro novo e cruzado, a taxa de inflação foi se tornando mais acentuada. Durante os dois Governos FHC (1994-1998), manteve-se o sistema liberal de comércio. Em 1991 e 1992, aconteceu uma recessão no Brasil que restringiu o aumento acelerado das importações, limitando o desgaste do saldo comercial. Anos depois, este foi corroído pelas exportações e pelas elevadas importações. A partir de 1995, o saldo ficou negativo. 99 “O controle da inflação, com âncora cambial e saldo negativo das contas externas, só se sustenta se houver captação de recursos no mercado internacional. O País precisou criar mecanismos para atrair recursos externos, o que levou a taxas de juros extremamente elevadas”.100 “O resultado da política de saldos negativos das contas externas, ao lado de um controle extremo da política monetária, resultou numa estagnação crescente da economia”.101 Ele também protagonizou a privatização de grandes e importantes empresas estatais como a Telebrás e a Companhia Vale do Rio Doce, alegando "baixa capacidade . 99 Disponível em http://www.telebrasil.org.br/impressao/artigos.asp?m=126 Acesso em 10/09/2007. 100 Erico Lins Leite apud http://www.telebrasil.org.br/impressao/artigos.asp?m=126. 101 Idem. 33 de investimento do Estado" e a "necessidade de maior eficiência de gestão em determinadas áreas". 102 Em 2002, o ex-metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva, foi eleito presidente da República. A ortodoxia econômica, isto é, o neoliberalismo, continua em vigor, embora de forma muito mais amena e muito menos prejudicial aos setores humildes da população. Em 2006, Lula é reeleito presidente. Hoje é visto pelo mundo como um país com muito potencial assim como a Índia, Rússia e China. A política externa praticada pelo Brasil dá prioridade à aliança entre países subdesenvolvidos para negociar com os países ricos. 2.3. Língua Durante os primeiros anos de colonização, a língua indígena (Tupi) era falada inclusive pelos colonos portugueses, más a partir do século XVIII, o português tornouse a língua oficial falada e escrita por toda a população. 103 Atualmente, o Brasil é o único país de língua portuguesa das Américas, usada nas instituições de ensino, nos meios de comunicação e nos negócios. 2.4. Moeda Diante de tantas mudanças econômicas e políticas o país teve diversas moedas, a atual denomina-se real. O sistema financeiro brasileiro é de responsabilidade do Conselho Monetário Nacional, que é controlado pelo governo federal. O mais importante agente é o Banco Central do Brasil, que fixa a taxa de juros e pode interferir no câmbio por ações de open market. A principal bolsa de valores do Brasil é a Bovespa que movimenta títulos e outros papéis das empresas brasileiras de capital aberto. 104 102 Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil. Acesso em 10/09/2007. Idem. 104 Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Economia_do_Brasil. Acesso em 10/09/2007. 103 34 2.5. Economia O país opera com um mercado livre e uma economia exportadora, com indústria e agricultura mista, onde setor de serviços prevalece. Medido por Paridade de Poder de Compra, seu Produto Interno Bruto ultrapassa 1.6 trilhão de dólares, tornando-o a oitava maior economia do mundo e a maior da América Latina em 2006. Neste mesmo ano, o PIB subiu para, aproximadamente, US$ 1,880 trilhão, levando o Brasil a ocupar a posição de 7ª maior economia mundial. 105 Objetivando o desenvolvimento de uma indústria interna de porte no país (na Era Vargas), foi necessário trocar as exportações e impulsionar o comércio externo, a fim de obter divisas para importar o que a indústria nascente passou a requerer, assim foram criados mecanismos tributários e outros incentivos, com o objetivo de promover as exportações. 106 Este modelo funcionou até 1970, quando recursos do Tesouro esgotaram. Então, equalizaram-se os juros e o país foi à procura de investimento externo. 107 De 1969 a 1973, o país viveu o chamado Milagre Econômico, quando um crescimento acelerado da indústria criou empregos não-qualificados e aumentou a concentração de renda. Em paralelo, na política, o regime militar endureceu e a repressão à oposição viveu o seu auge. A industrialização manteve-se no eixo Rio de Janeiro - São Paulo, seduzindo para esta região uma imigração em massa das regiões mais pobres do país, principalmente o Nordeste. 108 Apresentava crescimento anual de 7%, mas os últimos vinte e cinco anos ficaram conhecidos por “stop and go” da atividade econômica, associado a baixos níveis de crescimento, 2% a.a. e diminuição das taxas de investimento. Nos anos 80 o extenso 105 Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Historia_do_brasil#Economia_colonial. Acesso em 10/09/2007. 106 Disponível em http://www.telebrasil.org.br/impressao/artigos.asp?m=126 Acesso em 10/09/2007. 107 Idem. 108 Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Economia_do_Brasil. Acesso em 10/09/2007. 35 período de estagflação também coincidiu com o esgotamento do modelo de substituição de importações. 109 A década de 1980 foi apontada pela paralização do nível de atividade, por intensos desequilíbrios macroeconômicos e, em especial, pela hiperinflação virtual. De 1980 a 1993, a taxa de crescimento média da economia brasileira foi muito baixa, de apenas 2,1% a.a., levando a uma estagnação do PIB per capita. O crescimento do produto foi também muito desigual, alternando anos de grande expansão com outros de expressivo declínio. A indústria, principal locomotiva do crescimento econômico desde o governo JK, foi atingida e sua participação no PIB baixou de 33,7% em 1980 para 29,1% em 1993. O resultado foi o não pagamento de dívidas com credores internacionais. Não foi por acaso que os anos 80, na economia brasileira, ganharam o apelido de "década perdida". 110 Taxa de inflação – IGP-DI Fonte: Fundação Getúlio Vargas. Nesse mesmo período, a taxa de inflação, medida pelo IGP-DI, alcançou o patamar médio de 438% a.a. Ao mesmo tempo em que se tentava dominar a inflação, 109 Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-31572005000400010&script=sci_arttext. Acesso em 10/09/2007. 110 Disponível em http://www.bndes.gov.br/conhecimento/livro/eco90_01.pdf. Acesso em 10/09/2007. 36 iam sendo criadas medidas para torná-la tolerável, o que acabava promovendo a sua aceleração. 111 Ainda, na segunda metade da década de 80, houve significativa diminuição das taxas de investimento no país, que era de 23,6% do PIB. Em 1990, o indicador baixou para 15,5% do PIB e continuou a cair até alcançar, em 1992, o vale de 14% do PIB. Tal situação refletiu tanto a menor poupança agregada como também o aumento do preço relativo dos bens de investimento, implicando na própria instabilidade econômica e das políticas públicas escolhidas para combatê-la. 112 O saldo da balança comercial passou do déficit de US$ 2,9 bilhões para o superávit de US$ 13,1 bilhões em 1984. 113 E ainda nos anos 80, as contas do setor público também passaram por um grave processo de deterioração, como decorrência da queda das receitas em função do baixo crescimento econômico e de uma política expansionista de incentivos e subsídios fiscais. 114 Não se pode esquecer que a Constituição de 1988 piorou o problema do desequilíbrio das contas públicas, ao transferir parte das receitas fiscais da esfera federal para estados e municípios, sem redistribuir os gastos. Assim, em 1989 o déficit fiscal, no conceito operacional, atingiu 7% do PIB. 115 Da Crise do Petróleo até o início dos anos 1990, o Brasil viveu um longo momento de instabilidade monetária e de recessão, com altas taxas de inflação, associados ao arrocho salarial, crescimento da dívida externa e crescimento pífio. 116 Em seguida, os anos 90 vieram representar a década em que se abdicaram os modelos nacionais desenvolvimentista, baseados na substituição de importações, para a abertura comercial e financeira, a privatização e a desregulamentação dos mercados, que aumentou a vulnerabilidade externa e inviabilizou o crescimento. 117 111 Disponível em http://www.bndes.gov.br/conhecimento/livro/eco90_01.pdf. Acesso em 10/09/2007. Idem. 113 Idem. 114 Idem. 115 Idem. 116 Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Economia_do_Brasil. Acesso em 10/09/2007. 117 Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-31572005000400010&script=sci_arttext. Acesso em 10/09/2007. 112 37 O liberalismo econômico inaugurado por Collor de Mello em março de 1990 levou a abertura do comércio brasileiro. As importações, que eram fechadas por elevadas tarifas para resguardar nossa indústria local, foram abertas. Durante a primeira metade da década de 1990, apresentava inflação alta e crescente, déficit fiscal e desvalorização da taxa de câmbio. 118 O papel do Estado na economia mudou drasticamente, passando de um Estado empresário para um Estado regulador e fiscal da economia. A preferência não era mais o acumulo de capital, mas a busca da eficiência, com o mercado suprindo o Estado na definição da alocação de recursos. Assim, o novo modelo de desenvolvimento apresenta uma economia mais aberta, com maior coerência com o resto do mundo, não apenas no que se refere aos fluxos comerciais, como também ao investimento direto estrangeiro. 119 “De um Estado, protetor e desenvolvimentista – de herança ibérica – ocorreu uma ruptura para um estado liberal, através do comércio exterior. Deu-se o desmonte da proteção das tarifas aduaneiras e não se incentivam mais as exportações. No início da década de 90, ocorreu uma mudança radical do papel do Estado para com a Sociedade brasileira”.120 Em 1993 as importações totalizaram US$ 25,5 bilhões, em 1995 US$ 49,9 e em 1997 já estavam em US$ 61,4 bilhões. 121 Depois de um longo período de taxas de inflação altíssimas e crescentes, em 1994 o Brasil conseguiu consolidar os preços e fazer a economia crescer, ainda que a taxas moderadas. Ao longo dos anos 90, o Brasil também enfrentou intensas mudanças estruturais que abriram caminho para um novo tipo de inserção internacional do país. 122 Neste período, a inflação começou a se estabilizar, um êxito alcançado à custa de penoso endividamento crescente e de curto prazo. Os recursos obtidos voltaram-se para a cobertura das contas de transações correntes (somatório do saldo comercial e do saldo de serviços). 118 Disponível em http://www.bndes.gov.br/conhecimento/livro/eco90_01.pdf. Acesso em 10/09/2007 Idem. 120 Erico Lins Leite apud http://www.telebrasil.org.br/impressao/artigos.asp?m=126. 121 Disponível em http://www.bndes.gov.br/conhecimento/livro/eco90_01.pdf. Acesso em 10/09/2007. 122 Idem. 119 38 Já em 1995 apresentava inflação baixa e declinante, contas públicas com elevado desequilíbrio, taxa de câmbio expressivamente almejada e rápida deterioração do resultado da conta corrente. 123 A origem desse contraste apresenta três elementos. Primeiro, a própria redução da inflação, que se havia alterado com a quase total indexação dos tributos e a inferior proteção dos gastos contra o efeito corrosivo da elevação de preços na grande aliada do governo no ajuste ex-post das contas públicas. Em segundo, o significativo aumento do gasto público ocorrido nesse período. E, por último, a combinação dos efeitos ultrapassados da abertura comercial, iniciada no começo dos anos 90, com a política cambial praticada nos primeiros meses do Plano Real. 124 No final de 1997, aconteceu um movimento de desvalorização real e gradual da taxa de câmbio, pois a variação do IPA caiu de 8% para menos de 2% em 1998. A saída para alcançar a estabilidade da política cambial foi a instabilidade das taxas de juros. 125 De 1995 a 1998 os que se viu foi uma política fiscal claramente expansionista, revelada em sucessivas pioras até 1997 e apenas equilibrada em 1998. Paralelamente, o governo realizou uma política monetária contracionista que serviu para tentar consolidar os preços e conter a forte expansão do consumo após a queda da inflação. Mas, com o tempo, essa política ficou sob o comando da necessidade de remunerar corretamente as capitais a que o país solicitou para financiar seu déficit em conta corrente e rolar as amortizações da dívida externa. Assim, os juros continuaram elevados para compensar o dano do risco-país e, desde 1997, o desejo de desvalorização real gradual da taxa de câmbio. 126 As exportações também cresceram até 1997, mas em um ritmo consideravelmente inferior, totalizando em 1993 US$ 38,6 bilhões, US$ 46,5 em 1995 e US$ 53 bilhões em 1997. Mas, em 1998, principalmente por causa da crise financeira asiática, da queda das cotações do commodities no mercado internacional e da falta de aquecimento da economia mundial, as exportações brasileiras caíram para US$ 51,1 bilhões. 127 123 Disponível em http://www.bndes.gov.br/conhecimento/livro/eco90_01.pdf. Acesso em 10/09/2007. Idem. 125 Idem. 126 Idem. 127 Idem. 124 39 No que se refere a abertura comercial e apreciação cambial, foi bastante significativo o impacto da queda das taxas de importação que começou em 1991 e da apreciação nominal da tarifa de câmbio sobre a procura por importações (a cotação caiu de R$/US$ 1 no começo do Plano Real para R$/US$ 0,84. Assim essa combinação resultou em uma considerável reversão dos resultados da balança comercial, que se manteve em déficit de 1995 a 1998. 128 Com isso o crescimento da economia, que foi de 5,4% a.a. caiu para 3,6% no período de 1995 a 1997 e para quase zero em 1998. 129 O país enfrentou, além do déficit fiscal, outro problema, o déficit em conta corrente. Em 1994 representava 0,3% do PIB, mas em 1998, já era 4,5%. O aumento do déficit dessa conta se deve pelo comportamento das rubricas de pagamento de juros e remessa de lucro ao exterior, que são conseqüência do aumento das taxas de juros externas pagas pelo Brasil, do aumento da dívida externa e os investimentos estrangeiros diretos no país. 130 O aumento da dívida do setor público foi o principal resultado desse desequilíbrio fiscal. Em 1981 a dívida líquida total era de 23,7 do PIB. Em 1994 subiu para 53,4%. Nesse mesmo ano a dívida interna líquida representava 17,6% do PIB, alcançando os 31,7% em 1998. Já a dívida externa pública líquida baixou nos primeiros anos do Plano Real, ficando em 3,9% em 1996. Mas com a perda de reservas, houve reversão, atingindo 6,6% em 1998. 131 Outra questão em evidência foi a do emprego, justamente pelo aumento dos índices de desemprego e seus efeitos drásticos sobre o bem-estar social. Segundo o IBGE, o índice de desemprego passou de 4,6% a.a. para 7,6% em 1998. 132 Esse nível de desemprego é afetado pelo processo tecnológico, pela situação conjuntural da demanda, pelo custo da mão-de-obra (imposto pela legislação trabalhista) e pela falta de mão-de-obra qualificada e especializada, que se dá devido às péssimas condições da educação. 133 128 Disponível em http://www.bndes.gov.br/conhecimento/livro/eco90_01.pdf. Acesso em 10/09/2007. Idem. 130 Idem. 131 Idem. 132 Idem. 133 Idem. 129 40 Taxa de desemprego (%) Fonte: IBGE Um estudo feito pelo Banco Mundial revelou que o sistema de ensino brasileiro teve a pior classificação a respeito das condições dos principais países emergentes para se inserirem na chamada "sociedade do conhecimento", estágio mais avançado do capitalismo. 134 No dia 26 de outubro de 2006, a Unesco publicou o relatório anual "Educação pata Todos" onde o país ocupa a 72º posição, em um ranking de 125 países. 135 O ensino médio completo brasileiro abrange apenas 22% da população, contra 55% na Argentina e 82% na Coréia do Sul. 136 “Há ausência de um planejamento governamental, para longo prazo. Faltam políticas para o comércio exterior – um item essencial para gerar divisas para um país crescer – e uma política industrial geradora de empregos”.137 Em 1999, mesmo com a desvalorização do real e a adoção do sistema de câmbio flutuante a partir de janeiro deste mesmo ano, as exportações não registraram o desempenho esperado. Isso mostrou que uma taxa de câmbio ajustada, embora necessária, não é condição satisfatória para decidir de maneira sustentável a restrição externa ao crescimento da economia brasileira. 134 Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil. Acesso em 10/09/2007. Idem. 136 Idem. 137 Erico Lins Leite apud http://www.telebrasil.org.br/impressao/artigos.asp?m=126. 135 41 De 1998 a 2000, o déficit em conta-corrente foi quase todo financiado com o ingresso recorde de investimentos diretos estrangeiros (IDE) médios anuais de US$ 30 bilhões. 138 O Brasil ainda exporta produtos primários, alvo de fortes oscilações de preço no mercado internacional. Em 2003, o saldo de US$ 22 bilhões foi resultado de um baixo crescimento industrial, com poucas importações, vinculado a um alto desempenho agrícola. 139 Em 2004 o Brasil começou a voltar-se para as exportações, alcançando em 2006 exportações de US$ 137.5 bilhões, importações de US$ 91.4 bilhões e um saldo comercial de quase US$ 46 bilhões. 140 No final de 2004 o PIB cresceu 5,7%, a indústria 8% e as exportações superaram todas as expectativas. Más em 2005 a economia desacelerou, com um crescimento de 2,9%, apresentando uma pequena melhora em 2006, com um crescimento de 3,7% e taxa de investimento em torno dos 16% do PIB, muito inferior ao índice de seus pares emergentes. Em 2006 o PIB atingiu R$ 2,322 trilhões (US$ 1,067 trilhão). 141 Em 2007 as taxas de juros estão em torno 13%, as taxas de inflação apresentamse em baixos níveis, a registrada em 2006 foi de 3.1% e as taxas de desemprego de 9.6%. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do país foi divulgado em 0.792, considerado médio, mas bem próximo do nível elevado. Hoje está entre os 20 maiores exportadores do mundo, com US$ 142 bilhões (04/2007) vendidos entre produtos e serviços a outros países, mas sua renda per capita é de US$ 3 mil por ano, 11 vezes mais baixa que a de um cidadão norte-americano. A situação piora ao se considerar que metade da população economicamente ativa não tem emprego formal. 142 2.5.1. 138 Importação Disponível em http://www.bndes.gov.br/conhecimento/revista/rev2001.pdf. Acesso em 10/09/2007. Disponível em http://www.telebrasil.org.br/impressao/artigos.asp?m=126 Acesso em 10/09/2007. 140 Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Economia_do_Brasil. Acesso em 10/09/2007. 141 Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil. Acesso em 10/09/2007. 142 Idem. 139 42 O balanço de pagamento determina limitações ao crescimento da economia mediante imposição de restrição sobre a taxa de crescimento dos gastos autônomos. Essa restrição se manifesta pela maior ou menor capacidade de importar bens (consumo ou capital). Diante de um desequilíbrio no balanço de pagamento, a demanda terá que se adequar para reduzir as importações e restabelecer o equilíbrio. 143 O alívio da restrição, como conseqüente elevação da capacidade para importar pode ser atingido pelo financiamento externo viabilizado pela entrada de capitais; pelo aumento das exportações e pela queda do coeficiente de importações. 144 A existência de produção doméstica de meios de produção é fundamental para diminuir as restrições externas ao crescimento, além da uma taxa de câmbio ajustada e de medidas de apoio à expansão das vendas externas, é indispensável um aumento da sofisticação” da pauta de exportações brasileiras, o que implicará aumento do conteúdo tecnológico de seus produtos. 145 Nesse sentido, o pior problema que o país enfrenta no momento é o de adaptar as importações à capacidade para importar, a qual tem permanecido praticamente estacionária nos últimos anos. 146 143 Disponível em http://www.bndes.gov.br/conhecimento/revista/rev2001.pdf. Acesso em 10/09/2007. Idem. 145 Idem. 146 Disponível em http://www.bndes.gov.br/conhecimento/livro_ideias/livro-01.pdf. Acesso em 10/09/2007. 144 43 Importações e Saldo Comercial 1998/2002 Fonte: Banco de informações organizado por Fernando Puga (Área de Planejamento do BNDS). Balança Comercial de 1994-1998 Fonte: Ministério da Industria, Comércio e Turismo. 2.5.2. Economia Regional A economia também se difere por região, decorrente da localização, do clima, da cultura, da política, etc. 44 Na região centro-oeste baseia-se principalmente na agroindústria; no Nordeste baseia-se, em indústrias, petróleo e agronegócio, além do turismo; no Norte baseia-se principalmente em extrativismo vegetal e mineral. Merece destaque também a Zona Franca de Manaus, pólo industrial; no Sudeste possui parque industrial variado e sofisticado. As regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte destacam-se como os principais centros econômicos do Brasil e no Sul a maior parte das riquezas está no setor de serviços, mas possui também indústria e agropecuária bem desenvolvidas. Destacam-se as regiões metropolitanas de Curitiba e Porto Alegre. 147 A cidade de Pernambuco possui a segunda maior economia nordestina, perdendo apenas para a Bahia, e se baseia na agricultura, pecuária, criações e indústria. 148 O açúcar é responsável por 40% da economia do estado. Graças aos incentivos de impostos e investimentos do governo federal em 1960, foi possível diversificar o ajuste urbano e industrial, além do desenvolvimento das indústrias químicas e petroquímicas, dos setores farmacêuticos, transporte e energia. 149 A fonte de vida e de riquezas das águas do Rio São Francisco favoreceu o múltiplo uso de seu potencial hídrico, para abastecimento humano, irrigação da agricultura, geração de energia, navegação, lazer, piscicultura e turismo e até mesmo da exportação. 150 Diante das circunstâncias encontradas, fica claro que a região nordestina não possui o grau de integração necessária para formar um sistema econômico. Seu produto bruto per capita, em 1955, foi de aproximadamente US$ 110. Com esse nível de renda uma economia dificilmente pode atingir o grau de integração necessário para formar um mercado mais ou menos unificado e para que os fatores de produção possam desfrutar de um grau razoável de mobilidade, resultando em atividades principalmente de subsistência.151 E na região Sul do país existe um sistema econômico relativamente integrado, com uma renda média por habitante em torno de US$ 340. Uma parte da população que 147 Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Economia_do_Brasil. Acesso em 10/09/2007. Disponível em http://www.thereefclub.com.br/pt/Economia-Local. Acesso em 10/09/2007. 149 Idem. 150 Idem. 151 Disponível em http://www.bndes.gov.br/conhecimento/livro_ideias/livro-01.pdf. Acesso em 10/09/2007. 148 45 vive nos campos, dispersa ou em pequenas comunidades rurais, dedica-se principalmente a atividades de subsistência. Seu nível de produtividade é tão baixo que não lhe permite criar senão um minguado excedente de produção para vincular-se ao mercado. Contudo, o nível médio de produtividade desse sistema já é suficientemente elevado para que nele exista uma relativa integração. 152 Esse sistema econômico em processo relativamente avançado de integração, que se encontra no Sul do país, deriva seu dinamismo de dois núcleos de atividade: o primeiro é o setor ligado ao comércio internacional e o segundo é o setor industrial. 153 A produtividade média e o tamanho do mercado do sistema econômico do Sul do Brasil já chegaram a um nível consideravelmente alto, capazes de autogerar condições de impulsionar seu crescimento. Isto não significa que essa economia possa abrir mão dos meios externos de pagamento para crescer. A estrutura de seu sistema produtivo ainda é suficientemente elementar para que grande parte das inversões demande uma contrapartida de divisas. Mas o fato de que a busca externa deixe de crescer já não significa que essa economia tenha que entrar num momento de estagnação. 154 As disparidades e desigualdades regionais ainda são um problema no Brasil. Excluindo a região Nordeste, todos os outros estados brasileiros apresentaram um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) superior a 0.8, em 2000. Tais desigualdades se dividem em: sul rico e norte pobre. A região Sul é sinônimo de qualidade de vida, com padrões semelhantes aos europeus, enquanto o nordeste apresenta qualidade de vida muito inferior, similar à países como Índia e África do Sul. 155 2.5.3. Turismo Em 2005 atraiu aproximadamente 5 milhões de turistas estrangeiros, que deixaram US$ 4 bilhões no país, tornando o turismo uma importante atividade econômica para o Brasil, gerando de 678 mil novos empregos diretos. 156 152 Disponível em http://www.bndes.gov.br/conhecimento/livro_ideias/livro-01.pdf. Acesso em 10/09/2007. 153 Idem. 154 Idem. 155 Idem. 156 Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil. Acesso em 10/09/2007. 46 2.5.4. Economia diversificada O país é responsável por três quintos da produção industrial da economia sulamericana e integra diversos blocos econômicos como: o Mercosul, o G-22 e o Grupo de Cairns. Seu excelente desenvolvimento científico e tecnológico aliado a um parque industrial diversificado e dinâmico, atrai empreendimentos externos. Os investimentos diretos foram de US$ 20 bilhões/ano, contra US$ 2 bilhões/ano da década passada. 157 Comercializa com diversos países, sendo que 74% dos bens exportados são manufaturas ou semi-manufaturas. Os maiores parceiros são: União Européia (com 26% do saldo); EUA (24%); Mercosul e América Latina (21%) e Ásia (12%), sendo o agronegócio o setor mais dinâmico dessa troca. 158 É dono um avançado centro tecnológico e pioneiro na pesquisa de petróleo em águas profundas, de onde extrai 73% de suas reservas, além de ser a primeira economia capitalista a abrigar as dez maiores montadoras de automóvel em seu território. 159 2.5.5. Produto Interno Bruto O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro é medido por Paridade de Poder de Compra (PPC) e alcançou 1.616 trilhões de dólares em 2006. O Banco Mundial relacionou que a renda nacional bruta do país era a segunda maior da América Latina e renda per capita em termos nominais de mercado era a oitava maior, sendo US$ 644.133 bilhões e US$ 3.460 respectivamente, com isso, o Brasil é denominado como um país de classe média. 160 Nos anos 20, o país estimulou seu endividamento externo, procurando uma solução para financiar sua política de valorização do café. Tal crise começou por volta de 1928, em decorrência da drástica redução de entrada de capitais. De 1968 a 1974 o PIB cresceu 10% a.a., mas entre 1981 a 1983, caiu. 157 161 Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil. Acesso em 10/09/2007. Idem. 159 Idem. 160 Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Economia_do_Brasil. Acesso em 10/09/2007. 161 CARDOSO, Eliana A. Economia brasileira atual ao alcance de todos. São Paulo, 1988, p. 12. 158 47 Mas com o crescimento das exportações em 1984, houve recuperação salarial, elevação dos gastos de consumo no ano seguinte, reativação da economia e crescimento do PIB. 162 No período de 1990 a 2002, conhecida por década perdida, a média do crescimento anual do PIB foi apenas de 1,5%, mas seria preciso crescer a um ritmo de 5%. 163 De acordo com os critérios de Produto Interno Bruto diretamente convertido a dólares, o Brasil é a 10° maior economia mundial, está entre as 10 maiores economias mundiais em critérios de "purchasing power parity” e está na 63° posição no ranking do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano). 164 A partir de 2004 o Brasil começou a acompanhar a economia mundial. Ao final deste mesmo ano o PIB cresceu 5,7%. Crescimento real do PIB setorial brasileiro Ano 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 Agropecuária 5,45 4,08 3,11 -0,83 1,27 8,33 2,15 5,76 5,54 4,49 5,29 Indústria 6,73 1,91 3,28 4,65 -1,03 -2,22 4,81 -0,50 2,57 0,07 6,18 Serviços 4,73 1,30 2,26 2,55 0,91 2,01 3,80 1,75 1,61 0,61 3,32 Fonte: Banco Central do Brasil 162 CARDOSO, Eliana A. Economia brasileira atual ao alcance de todos. São Paulo, 1988, p. 15. Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-31572005000400010&script=sci_arttext. Acesso em 10/09/2007. 164 Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Economia_do_Brasil. Acesso em 10/09/2007. 163 48 Evolução do PIB brasileiro nos últimos anos Ano Em milhões de Per capita, em Em milhões de dólares reais correntes Taxa de variação real no reais correntes estadunidenses correntes 2001 1.198.736,19 6.896,35 509.796,80 1,31 2002 1.346.027,55 7.630,93 459.379,39 1,93 2003 1.556.182,11 8.694,47 506.784,16 0,54 2004 1.766.621,03 9.728,84 603.993,65 4,94 2005 1.937.598,29 10.519,88 795.924,37 2,30 ano Fonte: Banco Central do Brasil 2.5.6. O setor industrial Caminhando ao lado do setor externo, o setor industrial é o foco dinâmico do desenvolvimento da economia brasileira. O valor relativo desse setor, como fonte de emprego, ainda é relativamente pequeno. O total da mão-de-obra ocupada nas indústrias ainda não alcança os três milhões, enquanto o total da população ativa do país aproxima-se dos 20 milhões. 165 E ao se observar o setor industrial, não do ponto de vista de ocupação, mas da formação de renda, o cenário muda. Aproximadamente, a quarta parte da renda total do país é fruto das atividades industriais. 166 165 Disponível em http://www.bndes.gov.br/conhecimento/livro_ideias/livro-01.pdf. Acesso em 10/09/2007. 166 Idem. 49 Sua importância ainda é muito maior do que se depreende do nível relativo de sua produtividade. Sem o setor industrial, os impulsos de crescimento, dados à economia pelo setor externo, teriam um efeito muito mais reduzido. Ao contrário da expansão originada no setor externo resultante de uma elevação de preços, que se revela quase exclusivamente em maiores lucros agrícolas e comerciais, a expansão industrial faz aumentar simultaneamente a massa de lucros e a de salários (que leva a expansão de procura de alimentos e novo estímulo à produção agrícola). Consequentemente haverá novo impulso de crescimento ocasionado pelas rendas acrescidas dos agricultores, e assim por diante. 167 Portanto, o crescimento industrial cria seu próprio impulso de crescimento, o qual se difunde aos outros setores da atividade econômica. Esse autodinamismo é característico da indústria, sendo assim, o setor industrial trabalha como força propulsora do crescimento das economias avançadas que são sistemas autônomos. 2.5.7. Complexo eletrônico Uma outra dificuldade que a economia brasileira enfrenta é o complexo eletrônico. Nos últimos anos houve um expressivo desenvolvimento dos produtores de bens finais, mas não houve a implantação simultânea de uma sólida indústria de peças. A forte importação de componentes para o complexo eletrônico, que, exceto poucas exceções, compreende indústrias que produzem principalmente para o mercado interno, tem causado um desequilíbrio considerável na balança comercial. 168 Diante da necessidade de se resolver o problema da restrição externa ao crescimento da economia brasileira e a complexa tecnologia envolvida na fabricação de componentes eletrônicos, a política industrial necessita favorecer a vinda dos grandes fabricantes internacionais para produzirem internamente o que é atualmente importado. 167 Disponível em http://www.bndes.gov.br/conhecimento/livro_ideias/livro-01.pdf. Acesso em 10/09/2007 168 Disponível em http://www.bndes.gov.br/conhecimento/revista/rev2001.pdf. Acesso em 10/09/2007. 50 Fica claro que esse tipo de política industrial favorecerá não apenas a substituição de importações, mas também as exportações. Isso porque, dadas as altas escalas de produção envolvidas na produção de componentes eletrônicos, o mercado interno não será suficiente para absorver o montante produzido. 169 2.5.8. Problemas Sociais Significativas violações de direitos humanos ocorrerem no Brasil. A polícia é freqüentemente abusiva e corrupta; péssimas as condições das prisões; violência rural; conflitos de terra, entre outros. Estimativas mostram que entre 25.000 e 40.000 pessoas ainda estão submetidas à situação de trabalho escravo no Brasil. A Organização Internacional do Trabalho relatou em 2006 que a impunidade é um dos maiores empecilhos para erradicar essa prática do país. E em relação ao trabalho infantil 151 mil novos casos foram relatados em 2006. 170 Segundo dados da Fundação Getúlio Vargas, em junho de 2006 a taxa de miséria baseada em renda de trabalho era de 18,57% da população. A taxa de miséria está diretamente associada a desigualdade econômica do país. 171 A região em que há maior concentração da pobreza é o Nordeste, porém, a pobreza está presente em todo o país, sobretudo nas favelas. O último capítulo apresentará uma breve comparação entre os dois países, descrevendo como se deu a relação política, comercial e econômica entre eles e como o crescimento da economia chinesa afeta a economia brasileira. 169 Disponível em http://www.bndes.gov.br/conhecimento/revista/rev2001.pdf. Acesso em 10/09/2007. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil. Acesso em 10/09/2007. 171 Idem. 170 51 3. RELAÇÕES BRASIL-CHINA O cenário internacional vem passando, nos últimos anos, por importantes transformações sociais e econômicas. Com a crescente integração econômica entre as nações, alguns países em desenvolvimento, ao se abrirem para o exterior, tiveram elevadas taxas de crescimento, outros amarguraram crises sociais, políticas e econômicas. Nesse contexto, não se pode deixar de falar da República Popular da China, um país agrário e marcado por anos de planificação econômica, passou por várias reformas, conquistou o mercado externo, investimento estrangeiro sustentável e com um crescimento médio acima de 9% ao ano. A inclusão competitiva de um país em desenvolvimento na economia mundial depende e muito da disponibilidade de volumosos recursos para investimento em infraestrutura, pesquisa e qualificação de mão-de-obra. Desde o começo dos anos 90, as taxas anuais de investimento brasileiras têm se mantido em torno de 20% do PIB, patamar precário para a manutenção de elevadas taxas de crescimento a longo prazo. Já a China apresentou taxas por volta de 40% do PIB no mesmo período. 172 Assim, para o Brasil elevar seu volume de inversão nos setores produtivos ou de infra-estrutura, e considerando-se as diferentes situações e peculiaridades existentes entre os dois países, a experiência chinesa merece atenção. 3.1. Como se deu o crescimento chinês Os chineses construíram uma das economias mais prosperas do mundo, ao longo dos anos, em parte ancorada na fabricação de bugigangas e falsificações de marcas famosas do Ocidente. 172 FURLAN, Fernando de Magalhães e FELSBERG, Thomas Benes. Brasil-China: comércio, direito e economia. São Paulo, 2005, p. 123/124. 52 Mas a China sem imaginação e preocupada apenas em ganhar dinheiro com a reprodução do sucesso alheio esta ficando para trás. Uma nova geração vem ganhando projeção internacional, com uma criatividade vigorosa e um extraordinário senso de inovação, dentre eles, designers, arquitetos, estilistas, publicitários, artistas, e outros. 173 Em parte, a recuperação de tal criatividade se deu graças a reformulação da estratégia de crescimento empregada pelo Estado. O governo reconheceu que não há futuro para o país se continuar produzindo cópias dos produtos mais famosos do mundo. Assim, resolveu transformar o país num grande laboratório. O investimento em pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias foi multiplicado, entre 1995 e 2004, chegando a US$ 136 bilhões em 2006, de acordo com a Organização para a Cooperação do Desenvolvimento Econômico – OCDE. Este valor corresponde a quase metade dos investimentos feitos pelos EUA. Na mesma época, o Brasil investiu US$ 32 milhões. 174 Nos últimos 25 anos, apresentou um excepcional boom econômico, decorrente da aplicação de reformas. O país cresceu aproximadamente 9% a.a. e elevou a renda per capita, gerando um universo com novas oportunidades de emprego e investimentos nunca visto, apesar de 68% de sua população ainda viver e trabalhar no campo. 175 Antes de seu progresso, o desenvolvimento econômico chinês apresentava problemas como: administração desorganizada; infra-estrutura deficitária; população com baixo grau de instrução; uso de tecnologia precária na indústria e no campo; deficiência nos investimentos públicos (fora o setor militar); baixa produtividade nas empresas; elevadas índices de desperdício; elevados subsídios estatais; forte repressão à oposição; poucas reservas cambiais e ausência e/ou pouca utilização de normas jurídicas e contábeis. 176 O auge da abertura econômica chinesa foi em 1984, ao serem criadas as Zonas Econômicas Especiais (ZEEs). Localizadas em quatro áreas litorâneas no sudeste chinês, foram abertas aos investimentos estrangeiros, objetivando gerar transferência de tecnologia das empresas multinacionais para empreendedores locais, por meio de joint 173 Revista Época, 2007, p. 56. Revista Época, 2007, p. 57. 175 FURLAN, Fernando de Magalhães e FELSBERG, Thomas Benes. Brasil-China: comércio, direito e economia. São Paulo, 2005, p. 100. 176 Idem, Ibidem, p. 101. 174 53 ventures. Isso levou a maior liberalização do comércio e do mercado agrícola e a uma rápida modernização dessas áreas. 177 O desenvolvimento das ZEEs ajudou no desenvolvimento de algumas condições que impulsionaram o crescimento chinês. As principais foram: incentivos aos investimentos estrangeiros diretos (IEDs); formação de empresas privadas nacionais; forte controle estatal sobre o câmbio, o que o manteve sempre desvalorizado; grande oferta de mão-de-obra sem qualificação vinda do campo e fartos subsídios ao emprego de mão-de-obra qualificada no setor industrial, com baixos salários, objetivando gerar acúmulo de capital por meio de exportação de produtos mais baratos; controle governamental na indústria de eletricidade e petroquímica, nos setores de petróleo, gás natural e gás de carvão e metalurgia, na busca de um crescimento sustentado a longo prazo; elevadas taxas de poupança interna e crescente retorno do uso de mecanismos jurídicos e contábeis para regulamentar as atividades empresariais no país; fartos crédito bancário, além de baratos e logística eficiente. 178 Assim, ao longo dos anos a China tornou-se o único país em desenvolvimento, com inflação controlada, economia crescente e atraindo capitais internacionais sem precedentes. 3.2. A abertura econômica chinesa Após os anos 70, a China implantou uma série de reformas, objetivando criar um ambiente adepto à atração de IED. Enquanto o país se abria ao comércio internacional, culminando com a com a sua inclusão à OMC, passava também por reformas em sua legislação sobre propriedade privada e intelectual, setores financeiros e de serviços, etc. O resultado foi um aumento de seu fluxo de IED de US$ 916 milhões em 1983 para 60,6 bilhões em 2004. Com isso, vieram novas tecnologias, empregando milhões de 177 FURLAN, Fernando de Magalhães e FELSBERG, Thomas Benes. Brasil-China: comércio, direito e economia. São Paulo, 2005, p. 102. 178 Idem, Ibidem, p. 102. 54 pessoas e aumentando o comércio e a variedade de bens e serviços à disposição da população. 179 É importante ressaltar que, embora em termos absolutos a China tenha sido o maior destino de IED em 2004 no mundo, em termos per capita receberam menos investimentos que alguns países em desenvolvimento. Só para exemplificar, no mesmo ano a China recebeu US$ 60,6 bilhões em IED e US$ 47 per capita, enquanto que o Brasil, apesar de ter sido o destino de apenas US$ 18,2 bilhões em IED, recebeu US$ per capita. 180 3.3. A entrada da China na OMC e seu efeito para o Brasil No ano de 1947 a China, assim como o Brasil, foi um dos 23 países que criaram o Gatt, mas em 1949, em decorrência da guerra civil, foi criado a atual República Popular da China, onde o governo comunista desistiu do acordo, só vindo a solicitar seu reingresso em 1986. 181 A criação da OMC veio para substituir o Gatt, que não atendia mais as necessidades da época, em 1994, tornando-se uma instituição multilateral incumbida de promover e conduzir a liberação do comércio mundial, agindo na sua esfera do mesmo modo que o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial (Bird) atuam na área financeira internacional. 182 Seu principal interesse é eliminar as barreiras tarifárias e não tarifárias, atingindo, consequentemente outros setores além do econômico, como educação, política, cultura, meios ambientes, entre outros. 183 179 FURLAN, Fernando de Magalhães e FELSBERG, Thomas Benes. Brasil-China: comércio, direito e economia. São Paulo, 2005, p. 125. 180 Idem, Ibidem, p. 126. 181 Idem, Ibidem, p. 103. 182 Idem, Ibidem, P. 99/103. 183 Idem, Ibidem, p. 100. 55 O ingresso da China, como o 143º membro da OMC, se deu em 2001, na 4º Conferência Ministerial, sendo o reconhecimento do país como uma economia em transição e não de mercado até 2016, uma das condições impostas. 184 Outro fator que impulsionou tal crescimento foi o incremento nas relações multilaterais resultando em uma maior variedade no setor de serviços, mais investimentos estrangeiros, mais ofertas de empregos, melhoria dos salários internos, aumento no recebimento de tributos pelo governo e mais transferências de tecnologia para as cadeias produtivas, gerando um círculo vicioso de ganhos para o país e consequentemente para o mundo. 185 Nos anos 80 e 90 as exportações chinesas concentravam-se apenas em vestiários, calçados e produtos de baixo valor agregado, mas nos últimos anos diversificou sua base exportadora e sofisticaram seu market share em móveis, eletrônicos, maquinários e outros. 186 Após sua adesão, vários países aumentaram o fluxo comercial com a China, assim como o Brasil. Os reflexos sobre a indústria de eletroeletrônicos, brinquedos e de calçados foram celebrados por empresários brasileiros do meio, pois apesar da competitividade dos produtos made in China, estes tiveram que se adequar às regras determinadas no protocolo de admissão na OMC. 187 3.4. Alterações no status da economia chinesa Em maio de 2004, em uma visita feita à China, o presidente Hu Jintao solicitado ao presidente Lula que o Brasil desse a seu país o mesmo tratamento de economia de mercado dado à Rússia. 188 184 FURLAN, Fernando de Magalhães e FELSBERG, Thomas Benes. Brasil-China: comércio, direito e economia. São Paulo, 2005, p. 103. 185 Idem, Ibidem, p. 105. 186 Idem, Ibidem, p. 105/106. 187 Idem, ibidem, p. 108. 188 Idem, Ibidem, p. 116. 56 A Nova Zelândia foi o primeiro país a reconhecer a economia chinesa como de mercado, em abril de 2004. 189 Até a visita do presidente chinês ao Brasil, em novembro de 2004, dezessete países a reconheceram como uma economia de mercado. 190 Uma importante decisão do governo brasileiro foi a de se antecipar aos players globais, resultando num enorme impacto no mundo inteiro. Tal ato levou a Argentina, depois o Chile e o Peru a tomarem a mesma decisão. 191 Assim a lista dos países que estão mudando o tratamento com a China, vem aumentando. 3.5. Interesse brasileiro Nos últimos tempos o cenário internacional exibiu uma fase de agitação, face ao aumento das taxas de juros internacionais do alto do preço do petróleo. Diante disso, o quadro interno preocupa. No campo social há um percentual de desemprego recorde; uma queda da demanda interna e um volume muito baixo de reservas, apesar de os números apontarem uma inflação controlada, uma balança comercial altamente positiva, com um setor produtivo exportador vigorante, demandador de mão-de-obra. 192 Tais dificuldades levaram o governo brasileiro a buscar, não só parceria, mas respostas no crescente desenvolvimento da economia chinesa. Mas para tal é necessário entender as semelhanças e diferenças das duas economias. Em 2001 a China entrou na OMC, hoje tem um PIB de US$ 1,4 trilhão, é a 6ª economia do mundo neste conceito e a 2ª pelo PPC, ou ainda, pela paridade do poder aquisitivo da população. Suas reservas são de mais de US$ 400 bilhões e investimentos diretos estrangeiros que ultrapassam US$ 50 bilhões em 2003, o que faz a China ser 189 FURLAN, Fernando de Magalhães e FELSBERG, Thomas Benes. Brasil-China: comércio, direito e economia. São Paulo, 2005, p. 116. 190 Idem, Ibidem, p. 116/117. 191 Idem, Ibidem, p. 117. 192 Disponível em http://www.desempregozero.org.br/artigos/index.php. Acesso em 16/03/2007. 57 conhecida como “buraco negro” dos investimentos mundiais. A taxa de crescimento é superior a 9% a.a. 193 Esse impressionante crescimento econômico levou ao aumento da renda da população e a demanda por bens e serviços, resultando na ampliação das oportunidades de negócio com o país. Já o Brasil possui um PIB de US$ 500 bilhões e é a 15ª economia do mundo. Suas reservas estão em torno de US$ 20 bilhões. Os investimentos diretos estão em torno de US$ 10 bilhões em 2003, com uma taxa de crescimento zero e perspectivas governamentais em torno de 3.5% para 2004, mas que se impulsionadas apenas pelas exportações não ultrapassará 2%. 194 O conceito de parceria estratégica demonstra a profundidade do relacionamento bilateral e a diversidade de assuntos em que o Brasil e a China mostram convergência de interesses e pontos de vista semelhantes. Vale a pena lembrar que as relações diplomáticas entre os dois países se deram há apenas 30 anos, sendo que nesse período a China se tornou o quarto principal destino das exportações brasileiras e o terceiro maior parceiro comercial do Brasil. Ao se comparar os dois países é possível encontrar contrastes históricos, culturais, econômicos, políticos e sociais, mas tais contrastes possibilitam uma saudável complementaridade capaz de melhorar as oportunidades originadas de coincidências, como as bases físicas de dimensões continentais, as imensas populações, os amplos espaços internos a serem ocupados e desenvolvidos, os atrativos dos dois maiores mercados emergentes, a grande capacidade produtiva e os recursos naturais. 3.6. Relações Brasil-China: expectativa e potencial A economia brasileira e chinesa, ao mesmo tempo em que são concorrentes em vários setores, possuem complementaridades a serem exploradas. Um exemplo de 193 FURLAN, Fernando de Magalhães e FELSBERG, Thomas Benes. Brasil-China: comércio, direito e economia. São Paulo, 2005, p. 117. 194 Disponível em http://www.desempregozero.org.br/artigos/index.php. Acesso em 16/03/2007. 58 sucesso foi o acordo entre a Vale do Rio Doce e a BaoStel, uma das maiores siderúrgicas chinesas e a maior importadora individual de minério brasileiro. 195 O projeto de cooperação espacial entre o Brasil e a China, do qual resultou o lançamento de dois satélites sino-brasileiros de rastreamento de recursos terrestres, é um outro exemplo bem sucedido de cooperação entre os dois países. 196 Existem, ainda, outros projetos sendo implementados. Entre eles o de exploração de ferro, produção de aparelhos de ar condicionado e processamento de madeiras. Os fluxos de investimentos entre ambos também vem se intensificando. O avanço econômico chinês vem oferecendo novas perspectivas para o aumento do consumo doméstico. Pesquisas mostram que entre produtos brasileiros com potencial no mercado da China estão automóveis, produtos de informática e serviços de telecomunicações. Há uma tendência consumista na China que favorece os lançamentos em sede de bens de consumo. 197 Há ainda expectativas positivas para o Brasil em relação a parcerias para desenvolvimento de software voltados a o sistema bancário chinês, que possui sérias deficiências. Há também considerável potencial para máquinas e equipamentos brasileiros voltados a agricultura e agropecuária, já que a China ainda vive um certo atraso tecnológico no campo e o Brasil é bastante competitivo no setor. 198 Em novembro de 2004 os governos brasileiro e chinês assinaram um Memorando de Entendimento para impulsionar a cooperação em setores industriais e, assim, promover os investimentos e comércios. 199 Os chineses podem desempenhar um papel significativo na política industrial brasileira, cujas prioridades estão nos setores de bens de capital, medicamentos, software e semicondutores. 195 FURLAN, Fernando de Magalhães e FELSBERG, Thomas Benes. Brasil-China: comércio, direito e economia. São Paulo, 2005, p. 15/16. 196 Idem, Ibidem, p. 16. 197 Idem, Ibidem, p. 16. 198 Idem, Ibidem, p. 15. 199 Idem, Ibidem, p. 17. 59 O Brasil e a China trabalham conjuntamente nas negociações comerciais em curso na OMC. A China faz parte do G-20, grupo de países em desenvolvimento em prol da defesa de seus interesses junto à OMC, particularmente referente à abertura do comércio agrícola. 200 É importante ressaltar que intensificação das relações entre o Brasil e a China também apresenta dificuldades, entre elas a distância física, o desconhecimento mútuo e a barreira idiomática. 3.7. Os números do relacionamento chinês e brasileiro Em 2003 as exportações chinesas apresentaram um crescimento de 35% e as importações cresceram 40% em relação a 2002, alcançando 5,3% das importações mundiais, passando a China da sexta para a terceira posição entre os principais importadores mundiais. 201 O bom desenvolvimento da economia chinesa é visto nos investimentos estrangeiros diretos, que chegou a US$ 60,6 bilhões em 2004. Já o Brasil alcançou US$ 18,2 bilhões. 202 O comércio de serviços chinês (importações e exportações) ultrapassou os US$ 100 bilhões em 2003, segundo a OMC. Tal valor levou a China a ficar, pela primeira vez, entre os dez primeiros lugares no comércio de serviços. 203 A partir de 2001, houve uma tendência de crescimento acentuado de exportações brasileiras para a China e do fluxo de comércio entre ambos, ao passar de US$1,08 bilhão para US$ 4,53 bilhões em 2003 expandir para 106,8%, respectivamente. 204 200 FURLAN, Fernando de Magalhães e FELSBERG, Thomas Benes. Brasil-China: comércio, direito e economia. São Paulo, 2005, p. 18. 201 Idem, Ibidem, p. 8. 202 Idem, Ibidem, p. 8. 203 Idem, Ibidem, p 9. 204 Idem, Ibidem, p.9. 60 Apesar de a China ser o quarto principal destino das vendas externas do Brasil em 2004, a participação das exportações brasileiras nas importações da China ainda é muito baixa, 1,1%. 205 Neste mesmo ano as exportações brasileiras para a China foram totalizaram US$ 5,44 bilhões, representando um crescimento de 20% em relação a 2003, quando totalizava US$ 4,53 bilhões. 206 Vale lembrar que a pauta de vendas chinesas para o Brasil se caracteriza pela elevação da participação de produtos com maior valor agregado e conteúdo tecnológico. As importações brasileiras da China, em 2004 cresceram 72,7% em relação a 2003, passando de US$ 2,15 bilhões para US$ 3,71 bilhões. O saldo comercial apresentou-se superavitário para o Brasil em US$ 1,73 bilhão. 207 Segundo FMI, em 2002 a renda per capita chinesa na área rural foi de US$ 299,00 e US$ 935,00 na urbana. Mas espera-se que no seguinte ultrapassasse os US$ 1,000. 00. Esse aumento do poder aquisitivo leva ao aumento do consumo, a melhora a qualidade de vida, e abre as portas para novos negócios com o Brasil. 208 O 16º Congresso do Partido Comunista da China divulgou que o país pretende alcançar em 2010 um intercâmbio comercial de US$ um trilhão e duplicar este saldo até 2020. Além disso, a meta é de alcançar um PIB per capita de US$ 3.000, no mesmo ano. 209 Como dito anteriormente, o Brasil se tornou, nos últimos anos, o maior parceiro comercial da China na América Latina, e a China o maior parceiro comercial do Brasil na Ásia. Em 1794 o valor total do comércio foi de US$ 17,42 milhões, aumentando para US$ 216 milhões em 1979, e o comércio bilateral chegou a US$ 3,698 no ano de 2000. 205 FURLAN, Fernando de Magalhães e FELSBERG, Thomas Benes. Brasil-China: comércio, direito e economia. São Paulo, 2005, p. 10. 206 Idem, Ibidem, p. 10. 207 Idem, Ibidem, p. 11. 208 Idem, Ibidem, p. 108. 209 Disponível em http://portuguese.cri.cn/chinaabc/chapter3/chapter30101.htm. Acesso em 13/03/2007. 61 Em 2003 a China tornou-se o terceiro maior comprador mundial do Brasil (comprou US$ 4,532 bilhões). 210 Em 2004 o intercâmbio comercial entre Brasil-China alcançou a marca histórica de US$ 9,148 bilhões, com superávit de US$ 1,729 bilhões para balança brasileira. A partir de 2000, é o Brasil intensificou suas relações comercias com a China. 211 Mesmo com diversos nichos de mercado, as exportações chinesas para o Brasil com maior destaque, ainda são os componentes eletrônicos. 3.8. Defesa Comercial Objetivando eliminar qualquer desvantagem que venha a surgir no mundo comercial, envolvendo dois ou mais participantes (países ou empresas), existem algumas medidas de defesa comercial que podem ser empregadas e estão previstas nos art. VI e XIX do Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (Gatt). São restrições de ordem legal, definidas na OMC e utilizadas por autoridades nacionais contra importações fora dos padrões adotados naquele organismo. As mais importantes são antidupimg, de salvaguarda e compensatórias (medidas anti-subsídios). 212 3.8.1. Duping Segundo o art. 2, parte I do Acordo Antidupimg: “Considera-se haver prática de dumping, isto é, oferta de um produto no comércio de outro país apreço inferior a seu valor normal, no caso de o preço de exportação do produto ser inferior àquele praticado, no curso normal das atividades comerciais, para o mesmo produto quando destinado ao consumo no país exportador”. 213 Ou seja, o dumping acontece quando o preço de exportação é menor do que o valor normal (por normal entende-se o custo da produção, despesas gerais, administrativas, de venda e margem de lucro). 210 FURLAN, Fernando de Magalhães e FELSBERG, Thomas Benes. Brasil-China: comércio, direito e economia. São Paulo, 2005, p. 107. 211 Idem, Ibidem, p. 107. 212 Idem, Ibidem, p. 95/98 213 Idem, Ibidem, p. 96. 62 Essa prática é bastante cruel com economias menos desenvolvidas, já que é uma prática agressiva de mercado, precisando de um grande potencial econômico-financeiro do aplicador, para aguentar prejuízos, eliminar a concorrência e por fim, dominar e recuperar o mercado com folga nas perdas passadas. 214 3.8.2. Subsídios Esse acordo determina regras sobre a concessão de subsídios que são promovidos por governos ou órgãos públicos e não por empresas. Há subsídios quando no país exportador acontecer qualquer tipo de sustentação de renda ou de preços que favoreça o aumento de exportações ou a redução de importações de qualquer produto ou quando o governo dá uma contribuição financeira para o produtor ou exportador. 215 3.8.3. Salvaguardas Segundo Fabio Martins Faria, salvaguarda significa: “Medidas de caráter não seletivo e temporário, na forma de elevações tarifárias ou limitações quantitativas, que têm como o objetivo proteger uma indústria doméstica de prejuízo grave causado ou que possam ser causados por importações crescentes, tendo por objetivo facilitar o ajuste competitivo dessa indústria, que não se encontra em condições de concorrer com as importações”. 216 Outro fator relevante da relação Brasil-China são os dados relativos à defesa comercial. A China demonstra claramente seu descontentamento quanto à aplicação de antidumping e salvaguardas contra produtos chineses por parte de países latinoamericanos, principalmente o Brasil, e reivindica o reconhecimento do status de sua economia como operante sob as regras de mercado, apesar de ter concordado em ser tratada como uma “economia em transição” ao assinar o Protocolo de Acessão e se tornar membro da OMC em 2001. 217 Governos ocidentais acusam a china de praticar “dumping social” para subsidiar indiretamente seus produtos através do uso de mão-de-obra muito barata, exploração de trabalho escravo e uso de mão-de-obra infantil. 218 214 FURLAN, Fernando de Magalhães e FELSBERG, Thomas Benes. Brasil-China: comércio, direito e economia. São Paulo, 2005, p. 97. 215 Idem, Ibidem, p. 97. 216 Idem Ibidem, p. 99. 217 Idem, Ibidem, p. 11/12. 218 Idem, Ibidem, p. 106. 63 A mão-de-obra brasileira usada na indústria automobilística é de aproximadamente US$ 8.00/hora enquanto que na China é de US$ 1.00. Alguns benefícios indiretos, como subsídios estatais para as exportações devem ser ressaltados, tais como: o aluguel pago pelo governo; o custeio educacional de cada trabalhador e de seus filhos e a gratuidade do sistema de transporte e da saúde. Assim o produto chinês final que será exportado acaba sendo barateado. 219 Segundo o Decom, no período de 1988 a 2003 abriu-se 212 investigações e revisões contra vários países, sendo 92% relacionados a casos de dumping, 6% a subsídios e 2% a salvaguardas. Em meados de 1988, abriu-se o primeiro inquérito brasileiro antidumping, tendo a China, a Índia, a URSS e a Tchecoslováquia, iniciando uma série de investigações sobre exportações ao Brasil. 220 A China já aplicava medidas de defesa comercial contra outros países, mas o Brasil está fora da lista. Durante a política de valorização cambial brasileira, de 1994 ao fim de 1998, quando aconteceu um surto nas importações, foram aplicadas 11 medidas antidumping. Em 1999, quando adotou-se o câmbio flutuante, aplicou-se 12 medidas. Entre os produtos mais importados pelo Brasil da China, nos últimos tempos, só o alho sofreu medida antidumping. 221 Até o momento, não há registro investigação brasileira de subsídios contra a China e existem quatro investigações de salvaguardas (brinquedo, duas revisões de brinquedo e coco). 222 Segundo os fabricantes brasileiros, a competição no ramo dos brinquedos ficou mais justa após o ingresso da China na OMC, pois eles tiveram que se adaptar aos padrões internacionais de qualidade, ética comercial e de postura de preços. 219 FURLAN, Fernando de Magalhães e FELSBERG, Thomas Benes. Brasil-China: comércio, direito e economia. São Paulo, 2005, p. 106. 220 Idem, Ibidem, p. 111. 221 Idem, Ibidem, p. 114. 222 Idem, Ibidem, p. 114. 64 3.9. Sugestões para o Brasil O IED foi o principal condutor do grande crescimento econômico chinês nos últimos 25 anos. Juntamente com os grandes investimentos do governo em infraestrutura, tais investimentos permitiram o aumento da formação bruta de capital fixo e da produtividade, assim como a introdução de novas técnicas, empregos e salários mais altos, gerando um círculo vicioso na economia. 223 As sugestões para o Brasil estão contidas na área de atuação do Estado. A proposta divide-se em dois grupos: um de caráter objetivo, que busca exclusivamente o investidor estrangeiro e o de caráter potencializador, capazes de multiplicar os benefícios do IED e garantir sua atenção na direção das políticas de governo. As primeiras vão do marco regulatório, que confere segurança ao investidor, à infraestrutura básica do país e ao marketing relacionado com a imagem do país. O segundo é formado por regras que incentivam alguns investimentos e impõem condições e/ou obrigações a outros. 224 A melhor solução para se ter um ambiente propício à entrada do IED no Brasil parece ser o debate contínuo entre o governo e o setor privado externo e interno. Existe atualmente no país uma série de mecanismos que têm avançado nessa direção, dentre eles estão os que geram rápidas soluções e estratégicas que visam elevar a competitividade do setor produtivo nacional, como o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), por exemplo. 225 Tais medidas devem ser aplicadas para aumentar a competitividade da indústria nacional; na busca de ação lógica e estável das instituições governamentais envolvidas; na prospecção de mercados e na diminuição do Custo Brasil (infra-estrutura, logística, burocracia, carga tributaria e financiamento). 226 Outra questão atrativa de IED é a imagem que o país possui no mercado mundial e o seu nível de exposição na mídia internacional. A presença chinesa nos meios de 223 FURLAN, Fernando de Magalhães e FELSBERG, Thomas Benes. Brasil-China: comércio, direito e economia. São Paulo, 2005, p. 129. 224 Idem, Ibidem, p. 135. 225 Idem, ibidem, p. 136/138. 226 FURLAN, Fernando de Magalhães e FELSBERG, Thomas Benes. Brasil-China: comércio, direito e economia. São Paulo, 2005p. 197. 65 comunicação já era explorada desde a quarta geração de governantes para arrecadar investimentos. A promoção cultural, a exposição econômica e a promessa de crescimento ininterrupto desenvolvimento. causam um círculo eficaz entre investimentos e 227 A curto prazo fica difícil de o Brasil reproduzir o feito da China nos meios de comunicação, mas algumas medidas poderiam ajudá-lo a se promover e aumentar sua presença na mídia internacional, como: - elaborar e divulgar relatórios com resultados positivos de filiais de empresas estrangeiras no país; - promover a associação entre esportistas e artistas brasileiros e estrangeiros, reconhecidos internacionalmente com empresas nacionais que possuam produtos de qualidade e competitividade; - incentivar a exibição da marca brasileira nas empresas brasileiras lideres de mercado; - apresentar os números mais recentes da economia brasileira nos maiores mercados investidores e - organizar encontros onde a cúpula do governo brasileiro apresentaria as variáveis que poderiam interessar os investidores dos setores mais carentes de IED. 228 O governo brasileiro tem promovido encontros para divulgar a imagem do país. Os encontros que aconteceram em Davos (2003), Nova York (2004), Genebra (2004) e Davos (01/2005) significam imenso avanço e empenho para a abertura de diálogo com investidores internacionais. a Agência de Promoção das Exportações – Apex-Brasil tem visado a promoção da marca Brasil, focando a organização de Missões Comerciais e Feiras, em programas de melhoria de design e outros. 229 Mas o mais importante do que atrair IED é saber como regulamentar e coordenar sua implementação de maneira a alcançar os resultados desejados. Na versão preliminar do Investment Policy Review, da Unctad, são sugeridas opções que aumentam qualitativa e quantitamente o IED no Brasil, dentre elas: 227 FURLAN, Fernando de Magalhães e FELSBERG, Thomas Benes. Brasil-China: comércio, direito e economia. São Paulo, 2005, p.138. 228 Idem, Ibidem, p. 139. 229 Idem, ibidem, p. 140. 66 - ampliar os níveis de IED direcionado às exportações; - promover mais IED em regiões pouco desenvolvidas; - organizar instituições capazes de fortalecer o desempenho do IED. 230 3.10. Investimentos da China no Brasil e o novo modelo de Parcerias Público-Privadas O Brasil tornou-se um dos principais destinos dos investimentos chineses na América Latina. O governa chinês vem incentivando a realização de investimentos no Brasil, tendo sido lançados projetos conjuntos nos setores ferroviários, siderúrgico e de energia elétrica. Espera-se que nos próximos anos, o país receba entre US$7,5 e 8,5 bilhões de investimentos chineses nos setores de transporte ferroviário e de minério. 231 Tem se divulgado que a China tem interesse em assegurar ao seu mercado interno, o abastecimento, a preços competitivos, dos principais produtos que importa para o Brasil (minério de ferro e soja) e que para alcançar seu objetivo, pretende investir na recuperação e expansão da malha ferroviária brasileira e em outros projetos de infraestrutura. 232 Assim, as parcerias público-privadas (PPP’s, que são uma modalidade de contratação em que o ente público atribui serviços ou empreendimentos públicos ao setor privado, mediante compartilhamento de risco e financiamento obtido pelo próprio setor privado) possuem um papel especial, pois o novo marco regulatório sobre contratação pública forma um mecanismo atrativo para investimentos em projetos de infra-estrutura no Brasil. As instituições chinesas interessadas em investir no país poderão unir-se as empresas nacionais, por meios de consórcios ou outros sistemas societários, unindo esforços para alocar recursos em projetos de infra-estrutura da administração pública. 233 230 FURLAN, Fernando de Magalhães e FELSBERG, Thomas Benes. Brasil-China: comércio, direito e economia. São Paulo, 2005, p. 143. 231 Idem, Ibidem, p. 285. 232 Idem, Ibidem, p. 285. 233 Idem, Ibidem, p. 285/287. 67 Além das negociações no setor privado, os dois países já assinaram memorando de entendimento sobre cooperação em matéria de comércio e investimentos, para incentivar e incrementar a parceria estratégica entre ambos, além de estimular investimentos nas áreas de infra-estrutura, gás natural, proteção ambiental, meios de transporte, biotecnologia e mineração. Também foi celebrado o memorando de cooperação industrial com troca de informações r cooperação nos setores de etanol, metalurgia, satélites e construção civil, e o acordo para formação de um grupo de trabalho que garantirá a cooperação no setor de metalurgia, em comércio e investimento. 234 3.11. China-América Latina: uma associação de sucesso A associação de organizações chinesas com empresas brasileiras, por consórcio, sociedade de propósito específico ou outros arranjos societários, tornou-se uma opção para os investidores chineses empregarem seus recursos em projetos de infra-estrutura amparados pela nova formula de contratação com a Administração Pública. Inacreditavelmente, em 1991 as reservas chinesas eram bem próximas as do Brasil de hoje, aproximadamente US$ 20 bilhões. 235 A economia chinesa prática políticas monetárias e fiscais fortemente expansionistas, além de juros baixos e gastos governamentais sem impostos sobre o consumo. Hoje no comércio sino-brasileiro, apesar do aumento do volume do último ano, a concentração ainda é exagerada, com uma pauta brasileira de 60% das exportações para a China de: minério de ferro, óleo de soja, soja e laminados de ferro e aço. 236 Apesar de tudo, a China ainda se equipara a um país em desenvolvimento. Atualmente com uma renda per capita de menos de US$ 1.000, ela é mais pobre que a 234 FURLAN, Fernando de Magalhães e FELSBERG, Thomas Benes. Brasil-China: comércio, direito e economia. São Paulo, 2005, p. 287. 235 Disponível em http://www.desempregozero.org.br/artigos/index.php. Acesso em 16/03/2007. 236 Idem. 68 maioria dos países latino-americanos, além de um nível de desigualdade no processo de distribuição de renda também semelhante esses países. 237 Já em outras áreas, a China se mostra como um país desenvolvido, ou industrializado. O setor manufatureiro forma mais de um terço de sua economia. Os investimentos e a poupança representam aproximadamente 40% do PIB. 238 O povo brasileiro possui um forte hábito de consumo, tornaram-se fãs das lojinhas de produtos populares a preços acessíveis. Este setor é composto por mais de 20 mil lojas em todo o país, e cresce rapidamente. Segundo o importador Eduardo Todres, organizador da feira de R$ 1,99 Brasil, o Estado de Santa Catarina é o terceiro em quantidade de preço único. Todres afirma ainda que há produtos que só os chineses fabricam, como a linha de resinas, relógios, decoração de Natal e boa parte de brinquedos. E em alguns casos, seu peço baixo, que custam em média metade dos nacionais, refletem a baixa qualidade dos produtos. Os consumidores são conscientes disso, mas não se importam, encaram esses produtos como uma boa relação de custo benefício. 239 Grandes varejistas preferem marcas chinesas para atingir consumidor de baixo poder aquisitivo. Segundo o consultor Eugênio Foganholo a China passará por um processo transformação semelhante ao que aconteceu com o Japão em 1960, que começou vendendo radinhos de pilhas e hoje exportam tecnologia de ponta. Não será mais possível associar a expressão “made in China” a mercadorias de baixa qualidade. 240 237 Disponível em http://www.iadb.org/idbamerica/index.cfm?thisid=2563. Acesso em 16/03/2007. Idem. 239 Disponível em http://www.na.com.br/2007/mar/10/0ecc.jsp. Acesso em 16/03/2007. 240 Disponível em http://www.na.com.br/2007/mar/10/0ecc.jsp. Acesso em 16/03/2007. 238 69 O crescimento chinês no mercado moveleiro preocupa os empresários do pólo de São Bento do Sul, maior exportador do Brasil, mas tal situação ainda pode ser revertida, apesar de o setor lamentar a falta de interesse do governo federal, por conta do atraso no repasse dos créditos de incentivo à exportação, gerados pelos impostos PIS/Cofins e IPI. Tal preocupação se dá pelo fato de a China ser o maior produtor mundial de móveis. Os móveis chineses são muito baratos devidos aos baixos salários pagos no país e por recebimento de incentivos governamentais. Isto leva as empresas de móveis catarinenses a perderem mercado no mundo todo. 241 Sabe-se que o móvel brasileiro tem mais qualidade e por isso a China abocanhou a fatia do mercado de móvel montado. Muitos dos setores do cenário do Sul do Estado tornaram-se alvo fácil dos produtos chineses. O setor cerâmico de piso e revestimentos foi o mais atingido, já que os chineses competem com as mesmas linhas de produção. 242 Nos últimos anos a América Latina vem se tornando um privilegiado provedor de matérias primas para a China, desde a soja produzida por Brasil e Argentina, o cobre e a celulose chilenos, até o petróleo venezuelano. Consequentemente o comércio da China com a região brasileira cresceu 600% num período que vai de 1993 a 2003, duplicando-se entre 2000 e 2003. Porém, quando as estatísticas vierem a tona, provavelmente será possível constatar que houve um crescimento exponencialmente deste intercâmbio comercial em 2004, já que ele alcançou quase US$ 30 bilhões com a totalidade da América Latina em 2003. 243 Em uma de suas últimas publicações o jornal Financial Times relatou que o comércio bilateral Brasil-China conseguiu a maior taxa de crescimento em uma década, ou seja, 5,5%. 244 241 Disponível em http://www.na.com.br/2007/mar/10/0ecc.jsp. Acesso em 16/03/2007 242 Idem. 243 Disponível em http://www.resevaer.com.br/biblioteca/e-books/reflexao3/pg20.html. Acesso em 16/03/2007. 244 Disponível em http://www.resevaer.com.br/biblioteca/e-books/reflexao3/pg20.html. Acesso em 16/03/2007 70 Tais índices mostram claramente que a parceria estratégica entre china e países latinos americanos tem promovido grandes benefícios para o bem sucedido país asiático e, consequentemente, para economia da América Latina. Segundo dados fornecidos pelo Deutsche Bank, entre 1991 e 2006, a economia chinesa cresceu seis vezes e meia, crescimento este estimulado por uma política econômica voltada ao mercado externo. Atualmente a China é o segundo maior parceiro comercial de Santa Catarina. No ano passado foram US$ 459 milhões de produtos comprados, entre eles rádios a pilha parafusos e micro ondas. E exportou US$ 92 milhões em insumos e produtos intermediários. 245 Esta aproximação com o mercado chinês gera não só oportunidades às empresas catarinenses que vendem insumos e bens de baixo valor agregado, como problemas também. A concorrência com os produtos chineses pode levar algumas empresas a perderem espaço nos mercados do Mercosul e nacional. 246 Diante disso, a parceria se mostra mais vantajosa do que a concorrência e o investimento maciço em setores, fato que se confirma com o relato do economista Otto Nogami, da USP: “O Brasil tem problemas estruturais, como altas taxas de juros e de valorização cambial, que encarecem os custos de produção da indústria. Investimentos maciços nesse setor só mostrariam resultados em dez anos”. 247 245 Disponível em http://www.na.com.br/2007/mar/10/0ecc.jsp. Acesso em 16/03/2007. 246 Idem. 247 Idem. 247 Idem. 71 CONCLUSÃO O comércio Brasil-China se ampara no princípio das vantagens comparativas, onde os países comercializam produtos variados, favorecendo-se dos diferenciais referente aos custos de produção. Isto quer dizer que há grandes possibilidades de ganhos, para ambos, na expansão do fluxo de comércio bilateral. Como a China apresenta um ritmo ascendente de crescimento, novas chances aparecerão para o Brasil, na exportação e na importação. Sua busca para ser reconhecida como economia de mercado é incessante, e isso ganha reforço com o comércio bilateral com outros países, que, indiretamente, vai forçar todos a reconhecê-la. Sempre em busca de melhorias, um estudo mostrou que a China vem se esforçando para melhorar a educação do operário na produção de bens com maior valor agregado e no aumento do setor de serviços, por meio de incremento no valor da mãode-obra, para aproximar-se do valor pago em outros países, além de banir a exploração de trabalho infantil. A educação fornece a aprendizagem das novas tecnologias. Trabalho disciplinado, barato e de boa qualidade tem atraído milhares de empresas estrangeiras para a China. Assim, a China está trilhando um caminho que resultará em mais crescimento e o impacto sobre o Brasil e sobre a economia mundial, a logo prazo, tende a ser positivo, independente dos movimentos do grande dragão chinês gerar novas instabilidades mundiais. E já que o IED é um dos maiores provedores do crescimento da economia chinesa, muitas das condições e estratégias que permitiram a entrada de IED na China podem ser reproduzidas pelo Brasil. A integração comercial entre ambos avançou substancialmente nos últimos anos, apesar das diferenças das dotações de fatores e das taxas de desenvolvimento da 72 indústria dos dois países. Assim, ficou evidente a complementaridade entre as duas economias e a intenção de avançar a parceria comercial. Se a China continuar Acredita-se que, em 2050, os BRICs terão se tornado nas maiores potências econômicas mundiais, onde o Brasil desempenharia o papel de país exportador agropecuário, tendo como os principais produtos a soja e o boi e a China, maior economia do mundo, terá imensa concentração de indústria devido à sua população e tecnologia. A meu ver, a característica mais marcante, extraída da pesquisa, foi a de apesar de alguns momentos a relação Brasil-China remeter competitividade comercial, devido a seus imensos mercados consumidores, a gigantesca fonte de matéria prima e mão-deobra de custo baixo, a real relação é de parceria e complementaridade. Talvez todos os problemas apresentados seja decorrentes não só de um processo de mudança (político, social e econômico) ainda em transição, mas pela falta de reconhecimento de mercado por países economicamente fortes como os EUA; por ser o pais mais populoso do planeta, apesar de ter instalado um sistema de punição financeira, ainda apresenta uma alta taxa de natalidade; maioria de sua população concentra-se no campo, em condições de miséria, entre outros, que serão apresentados e discutidos no desenvolvimento do trabalho. 73 BIBLIOGRAFIA CARDOSO, Eliana A. Economia brasileira atual ao alcance de todos. 7° ed. São Paulo: Editora Brasiliense, 1988. FURLAN, Fernando de Magalhães e FELSBERG, Thomas Benes. Brasil-China: comércio, direito e economia. São Paulo: Lex Editora, 2005. ROSSETTI, José Paschoal. Economia brasileira ‘93: retrospecto, situação atual e prognósticos. 2º ed. São Paulo: Atlas, 1983. SALOMÃO, Alexa. 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